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A construção de barragens e os instrumentos norteadores de planejamento e gestão ambiental para a minimização dos conflitos sócio-ambientais

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Academic year: 2017

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Universidade

Católica de

Brasília

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM

PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL

Mestrado

A CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS E OS INSTRUMENTOS

NORTEADORES DE PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL

PARA A MINIMIZAÇÃO DOS CONFLITOS

SÓCIO-AMBIENTAIS

Autor: Olga Santana Sales Orientadora: Drª. Helena Corrêa Tonet

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OLGA SANTANA SALES

A CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS E OS INSTRUMENTOS

NORTEADORES DE PLANEJAMENTO E GESTÃO

AMBIENTAL PARA A MINIMIZAÇÃO DOS CONFLITOS

SÓCIO-AMBIENTAIS

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação Stricto Sensu em

Planejamento e Gestão ambiental da Universidade Católica de Brasília, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

Orientador: Drª. Helena Corrêa Tonet

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OLGA SANTANA SALES

A CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS E OS INSTRUMENTOS

NORTEADORES DE PLANEJAMENTO E GESTÃO

AMBIENTAL PARA A MINIMIZAÇÃO DOS CONFLITOS

SÓCIO-AMBIENTAIS

Dissertação aprovada em 09 de dezembro de 2008 para obtenção do título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental

Área de concentração: Planejamento e Gestão Ambiental

Banca Examinadora:

___________________________________________________________________ Profa. Drª. Helena Corrêa Tonet

Orientadora

___________________________________________________________________ Prof. Dr. Ricardo Seixas Brites

Examinador Externo

___________________________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Fernando Macedo Bessa

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AGRADECIMENTO

Agradeço em primeiro lugar ao Universo, a espiritualidade amiga e ao meu anjo guardião que nunca me desampararam. Com certeza houve momentos extremamente difíceis, de solidão, de desânimo, de falta de criatividade, mas houve momentos de êxtase, de muita imaginação, de alegria, de faz e refaz e de extrema felicidade. Mas é essa mistura de sensações que faz a beleza de tudo na vida. A certeza de que não existe algo sempre linear é que nos torna perseguidores de nossos ideais, de mundo melhor, mais justo, mais fraterno.

Este trabalho não foi construção unicamente minha, contei com a ajuda de inúmeras pessoas, muitas delas sequer conheci pessoalmente.

Por isso tenho que agradecer aos meus amigos de trabalho pela compreensão e ajuda.

Aos amigos do mestrado Beatrice e Obolari residentes em Palmas/TO que me ajudaram muito naquela cidade.

À minha querida irmã Adriana, também residente em Palmas que me ajudou muito abrindo os caminhos para os contatos que precisavam ser feitos me ajudando nas pesquisas.

Agradeço àqueles que foram os atores principais desta pesquisa e que me cederam um pouco do seu tempo: a Comunidade de Vila Canela, aos representantes do MAB, da Investco, do IBAMA, da ANEEL, ao Ministério Público/TO, à Fundação Cultural de Palmas, à SEDUH/Palmas, ao Posto de Saúde da 508 Norte/Palmas, à Celtins.

Aos amigos do mestrado, Jussara, Juliane, Cristina, Mariana, Stella, Rosangela, Bruno e Rafael (Costinha), meu obrigada muito especial, carregado de carinho e saudade. Também obrigada aos demais amigos do mestrado da turma de 2006.

Agradeço imensamente a minha orientadora professora Helena que teve para comigo um gesto de carinho e caridade. Que a divindade maior lhe cubra sempre de luz, paz e harmonia.

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importância desse momento em minha vida e possam também ter a oportunidade de passar por ele. E eu estarei ao lado deles amparando, ajudando e dando muito amor.

Agradeço ao meu amado marido Paulo com quem escolhi completar a minha caminhada nesta vida.

E muito em especial agradeço à minha mãezinha Dona Liu, mulher guerreira, fervorosa que sem a sua ajuda não poderia chegar até onde cheguei nessa longa caminhada acadêmica. Que me trouxe ao mundo para que eu pudesse cumprir a minha missão.

Agradeço a todos que passaram em minha vida e de alguma forma deixaram um pouco de si, que me fizeram crescer como ser humano e como espírito ainda em evolução.

(6)

“A Terra produzirá bastante para alimentar todos os seus habitantes, quando os homens souberem administrar os bens que ela dá, segundo as leis de justiça, de caridade e de amor ao próximo; quando a fraternidade reinar entre os diversos povos, como entre as províncias de um mesmo império, o supérfluo momentâneo de um suprirá a insuficiência momentânea do outro, e cada um terá o necessário”.

(7)

RESUMO

A construção de hidrelétricas inevitavelmente apresenta conflitos. Na verdade conduzem a transformações e o planejador ambiental precisa ter olhos para enxergar essas mudanças e encontrar caminhos que resultem na minimização dos impactos, visualizando-as como oportunidades de melhorias. A presente dissertação buscou demonstrar que tradicionalmente, a geração de energia tem apresentado como conseqüência o deslocamento compulsório de populações e assim procurou verificar se o poder público local como promotor de políticas públicas, cumpriu com suas atribuições descritas em documentos legais na mitigação dos problemas sócio-econômicos gerados no processo de construção de usinas hidrelétricas, especificamente o poder local do município de Palmas/TO com a construção da Usina hidrelétrica de Lajeado. A metodologia adotada incluiu entrevistas com a comunidade atingida, com o MAB, com o empreendedor e órgãos ligados ao governo como a ANEEL e o IBAMA e empregou a análise de conteúdo, para sistematizar os dados obtidos. O tema energia tem relação direta com a questão da sustentabilidade e preservação ambiental. Portanto, a utilização de tecnologia mais eficiente no uso da energia e a inserção de programas de educação ambiental para o uso racional e seguro dela devem constar em um planejamento ambiental. Esse tema justifica-se por apresentar a preocupação que o processo de licenciamento ambiental deve ter referente à construção de hidrelétricas, uma vez que populações tradicionais são retiradas de suas regiões de origem, sendo que o deslocamento dessas populações trazem diversas conseqüências, entre elas um maior empobrecimento, bem como alterações em seus modos de vidas. A presente pesquisa também apresenta instrumentos como a Constituição Federal, a Agenda 21, a Agenda Habitat II e o Estatuto das Cidades, para nortear o processo de construção e licenciamento de empreendimentos hidrelétricos, objetivando a minimização dos conflitos sócio-ambientais desses empreendimentos.

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ABSTRACT

The construction of hydroeletric power plants inevitably displays conflicts Actually, they bring changes and the environmental planner must have the hability to foresee these changes and find ways to minimize impacts, viewing them as improvement opportunities. This dissertation sought to demonstrate that traditionally, power generation has resulted in the compulsory migration of the population, and therefore sought to verify if the public authorities, as public policies sponsors, have fulfilled its mission, described in official documents, the mitigation of social and economic issues generated by the construction of hydroelectric power plants, specifically the local authorities of the municipality of Palmas, TO, related to the construction of the hydroelectric power plant of Lageado. The adopted methodology included interviews with the affected community, the IBAMA (Enviromental Brazilian Institute), with the entrepreneur and with government agencies like ANEEL (National Agency for Electric Energy), and lately made use of content analisys to systematise the data obtained. The energy issue has direct relationship with sustainability and environmental protection. Therefore, the use of more efficient energy-using technologies and insertion of for environmental educational programs aimed for the rational and secure use of electric energy must be part of the environmental planning. This theme is justified by the general concern about relating the process of environmental licensing to the construction of hydrelectric power plants, since traditional populations are removed from their original regions, and the displacement of these populations brings several consequences, including a great impoverishment and changes in their ways of life. The present research also referes to instruments such as the Federal Constitution, Agenda 21, the Habitat II Agenda and the Cities Status to guide the process of building and licensing hydroelectric power plants in order to minimise the social and environmental conflicts of these enterprises.

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LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1 - Interação entre as categorias “atuação do governo”, “qualidade ambiental” e “modo de vida”... 148

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LISTA DE FIGURAS

Figura. 1 - Bacias Hidrográficas no Brasil... 24

Figura. 2 - Sub-bacia - SB 22 - Usina Hidrelétrica de Lajeado... 25

Figura. 3 Fotos aéreas do antigo Povoado Canela... 107

Figura. 4 Vista do quintal de uma residência do antigo povoado Canela... 107

Figura. 5 Loteamento Canela... 108

Figura. 6 Barracão do Canela... 109

Figura. 7 Praia da Graciosa... 110

Figura. 8 ARNE 64 – PALMAS local do reassentamento da antiga Vila Canela... 113

Figura. 9 Distância entre a Nova Vila Canela e o rio Tocantins... 114

Figura.10 Modelo das casas no reassentamento ARNE 64 (Q 508 Norte) Palmas/TO ... 114

Figura. 11 Modelo das casas ARNE 64 (Q 508 Norte) em 2007... 115

(11)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico.1 Categoria Atuação do Governo... 123

Gráfico.2 Categoria Energia Elétrica... 124

Gráfico.3 Categoria Processo de Licenciamento... 124

Gráfico.4 Categoria Modo de vida... 125

Gráfico.5 Categoria Participação Coletiva... 125

Gráfico.6 Categoria Qualidade Ambiental ... 126

Gráfico.7 Categoria Movimentos Sociais... 126

Gráfico.8 Freqüência de aparecimento das categorias nas entrevistas... 127

Gráfico.9 Categoria Atuação do Governo – Análise documental ... 128

Gráfico.10 Categoria Energia Elétrica – Análise documental ... 128

Gráfico.11 Categoria Processo de Licenciamento – Análise documental ... 129

Gráfico.12 Categoria Modo de Vida – Análise documental ... 129

Gráfico.13 Categoria Participação Coletiva – Análise documental ... 130

Gráfico.14 Categoria Qualidade Ambiental – Análise documental... 130

Gráfico.15 Categoria Movimentos Sociais - Análise documental... 131

Gráfico.16 Categoria Expectativa Quanto à UHE – Análise documental 131 Gráfico.17 Freqüência de Aparecimento das categorias nos documentos não-técnicos – Análise documental... 132

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LISTA DE QUADROS

Quadro.1 Ordem das entrevistas... 29

Quadro. 2 Quadro de juízes... 32

Quadro. 3 Aplicação de percentual do Programa de Eficiência Energética... 67

Quadro. 4 Tempo de residência... 112

Quadro. 5 Faixa etária da população local... 112

Quadro. 6 Matriz Elétrica Brasileira. Dados 2008... 117

Quadro. 7 Crescimento por região e por classe consumidora. Ano 2007... 118

Quadro. 8 Programas de PEE – Celtins... 161

Quadro. 9 Programas de P&D – CELTINS... 162

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LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS

AAI – Avaliação Ambiental Integrada

ANA – Agencia Nacional de Águas

ANEEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica

ANAP – Agencia Nacional de Petróleo

BEN – Balanço Energético Nacional

BNDES – Banco

CCSA – Corumbá Concessões

CEB – Companhia Energética de Brasília

CELTINS – Companhia de Energia Elétrica do Tocantins

CEMIG - Companhia Energética de Minas Gerais

CESTE – Consórcio Estreito Energia

CF – Constituição Federal

CNPT – Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentado das Populações Tradicionais

COPPE – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia

CPEE – Companhia Paulista de Energia Elétrica

CRAB - Comissão Regional de Atingidos pelas Barragens do Rio Uruguai

CTEnerg – Fundo Setorial de Energia

ECO-92 – Conferencia das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento

EDP – Eletricidade de Portugal S.A

EEVP – Empresa de Eletricidade Vale Paranapanema S.A

EIA – Estudo de Impacto Ambiental

ELETROBRÁS - Centrais Elétricas Brasileiras S.A

EPE – Empresa de Pesquisa Energética

GO – Goiás

INVESTCO – Consórcio Formado para Construir e Operar a UHE Lajeado – Grupo Rede, CEB, EDP e CMS Energy.

(14)

MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens

MASTRO – Movimento dos Agricultores sem Terras do Oeste Paranaense

MCT – Ministério de Ciência e Tecnologia

MEC – Ministério da Educação e Cultura

MMA – Ministério do Meio Ambiente

MME – Ministério de Minas e Energia

MP – Ministério Público.

ONG – Organização Não-Governamental

ONU - Organizações das Nações Unidas

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento

PBA – Programa Básico Ambiental

PCH’s – Pequenas Centrais Hidrelétricas

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

PEE – Programas de Eficiência Energética

PIR - Planejamento Integrado de Recursos

PND – Programa Nacional de Desestatização

PNPCT - Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais

PROCEL – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica

PROINFA- Programa de Incentivo às Fontes alternativas de Energia Elétrica

RIMA – Relatório de Impacto Ambiental

ROL – Receita Operacional Líquida

SEDUH – Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação

SIN - Sistema Interligado Nacional

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

TCU - Tribunal de Contas da União

TO – Tocantins

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRGS- Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UHE – Usina Hidrelétrica

ÚNICA – União da Industria de Cana-de-açúcar

USP – Universidade de São Paulo

(15)

LISTA DE SÍMBOLOS

SDO – Substância Destruidora da Camada de Ozônio

CFC - Gases Clorofluorcarbonos

CH4 - Gás Metano

KW – Quilowatt

MWH – Megawatt

(16)

SUMÁRIO

Capítulo I

1 Introdução... 18

1.1 Organização do estudo... 19

1.2 Justificativa da pesquisa... 20

1.3 Delimitação da pesquisa... 23

1.4 Formulação da situação problema... 25

1.5 Objetivos... 25

1.6 Método de estudo... 26

Capítulo II 2 Revisão da literatura... 36

2.1 Panorama energético brasileiro... 37

2.2 As questões energéticas e os instrumentos norteadores do planejamento e a gestão ambiental. ... 42

2.2.1 Constituição Federal... 45

2.2.2 Agenda 21... 46

2.2.3 Agenda Habitat II... 55

2.2.4 Estatuto das Cidades... 64

2.3 A demanda de energia e os programas de eficiência energética... 66

2.4 A importância dos movimentos sociais na garantia dos direitos da sociedade 76 2.5 A relevância das populações tradicionais no PAC... 84

2.6 Os verdadeiros “Narradores de Javé” ... 99

2.6.1 Breve histórico sobre a comunidade pesquisada – Vila Canela... 106

Capítulo III 3 O estudo realizado... 117

3.1 Coleta dos dados... 119

3.2 Apresentação dos Dados... 121

Capítulo IV 4 Análise e discussão dos resultados... 138

(17)

6 Referências... 168

7 Apêndice... 177

(18)

CAPÍTULO I

1 INTRODUÇÃO

A primeira usina hidrelétrica construída no Brasil foi a de Ribeirão do Inferno, em Diamantina (MG) no ano de 1883. Em 1887 houve movimentos favoráveis à substituição da iluminação a gás pela elétrica, o que reduzia o número de incêndios causados pelos lampiões. A substituição dos antigos bondes, puxados a cavalos por motores elétricos, também colaborou para a mudança favorável ao aproveitamento da energia elétrica em todo país, além do enorme potencial hídrico que o Brasil dispunha. A partir de 1900 a energia hidrelétrica ganha impulso e supera a construção das usinas termoelétricas.

O Brasil possui atualmente 1.766 empreendimentos de geração de energia em operação gerando 102.223.780 Kw de potência. Está previsto para os próximos anos um acréscimo de 40.715.407 Kw na capacidade de geração do Brasil resultado da futura entrada no sistema de 131 empreendimentos ainda em construção e de 474 outorgados. (Dados ANEEL atualizados em 05 nov. 2008)

De acordo com o Banco de Informação da Geração, considerando somente a geração hidrelétrica, o Brasil possui 159 UHE’s em operação que representa 73,42% do total de todos os empreendimentos em operação em suas diferentes formas de geração. Em construção são 21 UHE’s que representam 58,24%. E apenas outorgadas entre 1998 e 2008 que não iniciaram suas construções são 18 UHE’s, representando 47,64%. Os dados apresentados demonstram o potencial hídrico que o Brasil possui. (Dados ANEEL atualizados em 05 nov. 2008)

Tradicionalmente, a geração de energia tem apresentado como conseqüência o desalojamento de populações. De acordo com Bermann (2008), já são cerca de 200 mil famílias desalojadas para a construção de barragens, em torno de 150 usinas hidrelétricas em um período compreendido entre 1950 e 2005.

(19)

mudam. E essa “mudança” pode trazer diversas conseqüências, permeadas por expectativas que nem sempre são confirmadas de forma positiva.

Em se tratando de empreendimentos do setor elétrico as expectativas são inúmeras. É o progresso chegando. Mas exatamente para quem? Para a comunidade diretamente atingida pela construção das barragens ou para outros que estão a quilômetros de distância e que não sabem o que acontece “no caminho da geração de energia”? Caminho este que, começa em sua fonte geradora sejam as hidrelétricas, termelétricas ou outras fontes, sendo em seguida transportada por meio de redes de transmissão e distribuição até as residências, comércios ou indústrias.

Sendo assim, a presente pesquisa tem o desafio de retratar esse fato, o impacto socioeconômico da construção de usinas hidrelétricas, mais precisamente a Usina de Lajeado – Luis Eduardo Magalhães, localizada no médio rio Tocantins. E apresentar sugestões de instrumentos que podem ser utilizados no planejamento e na gestão dos recursos naturais.

A pesquisa assim se apresenta.

1.1 Organização da pesquisa

O presente documento contém 5 (cinco) capítulos, nos quais se abordou os seguintes assuntos:

Capítulo I – Parte introdutória com apresentação da justificativa, formulação da situação problema, objetivos e o método de estudo utilizado para alcançar os objetivos pretendidos.

(20)

e; discorre sobre as populações tradicionais atingidas com a construção de barragens e os conflitos de competência no processo de licenciamento e as conseqüências para as populações atingidas.

Capítulo III – Descreve o método de coleta e apresentação dos dados.

Capítulo IV - Apresenta a análise e discussão dos resultados obtidos com a pesquisa.

Capítulo V – Apresenta a conclusão da pesquisa, faz recomendações e propõe uma agenda de novas pesquisas.

1.2 Justificativa

A presente pesquisa aborda a preocupação que o processo de licenciamento ambiental deve ter em relação ao deslocamento de populações tradicionais decorrente da construção de barragens, haja vista que esse deslocamento traz diversas conseqüências a essas populações, entre elas um maior empobrecimento, alteração em seu modo de vida e em sua forma de se relacionar com a natureza, bem como um inevitável rompimento cultural.

A questão de deslocamentos populacionais decorrentes da construção de usinas hidrelétricas foi muito bem retratada na novela “Fogo sobre Terra” de Janete Clair (1975), que, atraiu a atenção da censura da época, pois contava a história da cidadezinha de Divinéia ameaçada por uma hidrelétrica, sendo vista como uma crítica às obras faraônicas dos anos 70. Uma das cenas mais marcantes é o da atriz Neusa Amaral, que fez o papel da índia Nara, recusando-se a abandonar sua casa e morrendo afogada pelas águas da represa. Naquela época era construída a Usina Hidrelétrica de Itaipu.

(21)

garantir sua existência no futuro, que se encontra ameaçada pela Modernidade: a construção de uma represa que fará o povoado desaparecer em suas águas.

A alternativa governamental é que eles, moradores de Javé, apresentassem algum monumento ou patrimônio histórico que justificasse o tombamento, entretanto o povo não dispunha sequer de uma história escrita, retratando outro grande problema social, o analfabetismo. E ainda a cultura letrada se sobrepõe à cultura popular.

É necessário se ter em conta que, em muitas vezes, faz-se referência à hidroeletricidade como sendo uma fonte “limpa” e de pouco impacto ambiental. Na verdade, embora a construção de reservatórios, grandes ou pequenos, tenha trago enormes benefícios para o país, ajudando a regularizar cheias, promover irrigação e navegabilidade de rios, elas também trazem impactos irreversíveis ao meio ambiente e, muito em especial, impacto na cultura local, esses impactos ocorridos no espaço das bacias hidrográficas estão se tornando foco de conflitos com uma larga perspectiva de crescimento, exigindo cada vez mais atenção nos programas de políticas públicas de desenvolvimento regional.

Não é difícil comprovar historicamente que os movimentos expansionistas do mercado provocam tensões sociais que afetam profundamente a vida das comunidades, gerando nessas, contra-movimentos de auto-proteção. O exemplo disso foi a luta das populações atingidas por barragens, que, no início, era somente pela garantia de indenizações justas e reassentamentos, logo evoluindo para o próprio questionamento da construção de barragens.

Na década de 70, foi intensificado no Brasil o modelo de geração de energia a partir da construção de grandes barragens. Usinas hidrelétricas são construídas em todo o país. Grandes projetos foram levados adiante com objetivo principal de gerar energia para as indústrias e para a crescente economia nacional, que passava pelo chamado “milagre brasileiro”, durante a ditadura militar. Essas grandes obras resultaram em grandes desapropriações de terras.

(22)

O presente tema tem o propósito de verificar se o poder público local, como promotor de políticas públicas, cumpriu com suas atribuições descritas em documentos legais na mitigação dos problemas sócio-econômicos gerados no processo de construção de usinas hidrelétricas. É certo que a gestão de recursos hídricos, no conceito fundamental, deve proporcionar o uso múltiplo das águas para atender aos interesses da sociedade e assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos.

Assim, dialogar sobre os impactos na cultura local provenientes da construção de hidrelétricas e avaliar a necessidade da existência das mesmas é de fundamental importância. Bem como a preocupação em promover e contribuir para o uso sustentável e a disseminação de boas práticas de uso da energia e conservação da água para o seu uso múltiplo.

Definir conceitos talvez seja um passo importante no que se refere à questão da sustentabilidade e da solidariedade. Bursztyn (2001) levanta a questão mais importante, quando cita:

Ora, ainda não resolvemos a igualdade e a solidariedade em relação ao outro no interior de nossa própria geração, e temos de encarar o desafio de construir pontos de solidariedade com um outro que não nasceu ainda – e que não temos segurança se nascerá. (BURSZTYN, 2001, p. 65)

Transportando ao campo dos conflitos socioambientais, tem-se o exemplo do rompimento das culturas tradicionais, dos povos e comunidades das florestas que perdem o direito de deixar às futuras gerações seus saberes tradicionais. Onde ficam as questões de solidariedade nas políticas públicas?

A relevância desta dissertação de mestrado na área de planejamento e gestão ambiental é compreender a gestão ambiental como uma forma de intercâmbio entre o planejamento, as políticas ambientais e políticas públicas, envolvendo os eixos técnicos, sociais e políticos.

(23)

ainda dentre outras iniciativas, o resgate e valorização do conhecimento tradicional, para que, em interação com o conhecimento científico, haja uma contribuição com processo de gestão dos recursos naturais.

Portanto, essa pesquisa se justifica também pela contribuição que ela poderá trazer no campo da observação e aplicação dos 4 (quatro) instrumentos escolhidos e aqui apresentados: a Constituição Federal, a Agenda 21, a Agenda Habitat II e o Estatuto das Cidades, por todos os níveis de governo. Seriam instrumentos aplicáveis ao planejamento e à gestão ambiental das formas de utilização de energia elétrica, seja para iluminação, aquecimentos, produção.

Estes instrumentos considerados permeiam toda a pesquisa apresentada nesta dissertação, pois visam disciplinar as ações, convergir esforços em áreas chaves, reduzindo a dispersão, o desperdício e as ações contraproducentes de maneira a construir uma sociedade mais sustentável.

Há a abordagem de temas centrados no ser humano e sua relação com o desenvolvimento econômico e com o meio ambiente e enfatiza-se a importância dos municípios como agentes de mudança e promotores de políticas urbanas.

1.3 Delimitação do estudo

A área de pesquisa geográfica situa-se no Estado do Tocantins criado em 1º de junho de 1988, especificamente no município de Palmas fundada em 26 de julho de 1989 como sede da capital do Estado. (SILVA, 2003)

Nessa pesquisa utilizou-se quatro documentos legais, a Constituição Federal, a Agenda 21, a Agenda Habitat II e o Estatuto das Cidades que são considerados como instrumentos norteadores do planejamento e da gestão ambiental na construção de usinas hidrelétricas.

Silva (2003) considera que o Estado foi criado em decorrência de anseios políticos, e assim se expressa:

(24)

das forças políticas e econômicas da região, quanto de interesses exteriores aos seus limites físicos. (SILVA, 2003 p. 37)

O Estado do Tocantins está inserido na Bacia do rio Tocantins-Araguaia – Bacia 2 que abrange diversos empreendimentos, dentre eles vários aproveitamentos hidroelétricos alguns já em operação a exemplo das usinas Cana Brava, Isamu Ikeda, Peixe Angical, São Domingos, Serra da Mesa, Tucuruí I e II e Lajeado, outros em diferentes estágios de planejamento, que configuram um significativo aporte de energia para a expansão da oferta do setor elétrico brasileiro nos próximos anos.

Fonte: http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=104&idPerfil=2 Acesso em: 03.11.2008

Figura.1 Bacias Hidrográficas no Brasil

(25)

.

Fonte:http://www.aneel.gov.br/area.cfm?id_area=106

Figura. 2. Sub-bacia - SB 22 - Usina Hidrelétrica de Lajeado

A construção da Usina Hidrelétrica Luis Eduardo Magalhães (Lajeado) resultou na inundação de alguns povoados. Em Palmas foi inundado o povoado de Vila Canela composta por 91 famílias, no total de 370 pessoas, referência desta pesquisa.

1.4 Formulação da situação problema

A presente pesquisa buscou resposta para a seguinte indagação:

O que foi feito pelo poder público local para orientar o processo de reassentamento das comunidades atingidas pela construção da usina hidrelétrica de Lajeado/TO?

1.5 Objetivos

(26)

Verificar se o poder público local, como promotor de políticas públicas cumpriu com suas atribuições descritas em documentos legais na mitigação dos problemas sócio-econômicos gerados no processo de construção de usinas hidrelétricas.

1.5.2 Objetivos específicos

• Verificar a existência de relação de interação entre as concessionárias de

energia da localidade de Palmas/TO, empresa geradora e empresa distribuidora de energia direcionadas à sociedade local.

• Descrever as ações sociais realizadas e voltadas ao desenvolvimento de

programas de eficiência energética e uso racional de energia em Palmas/TO.

1.6 Método de estudo

O presente estudo foi realizado mediante pesquisa qualitativa. O método de estudo utilizado para esta pesquisa se dividiu em 4 (quatro) fases, são elas:

1.6.1Revisão de literatura - A revisão de literatura buscou apresentar o que o meio

acadêmico traz de conhecimento sobre o tema de pesquisa “impactos socioeconômicos com a construção de hidrelétricas”, ou seja, é a situação atual do problema alvo da pesquisa.

O tema de pesquisa envolve 3 (três) atores principais: o Governo/Empreendedor, os movimentos sociais e as comunidades atingidas.

A revisão de literatura subsidiou na formulação do roteiro e realização das entrevistas, temas abordados e definição do perfil dos prováveis integrantes do conjunto de entrevistados.

(27)

elementos : bibliografia, citações já utilizando as normas da ABNT, um resumo, um esboço dos principais pontos apresentados pelo autor e comentários ou criticas feitas pelo pesquisador quando necessário.

Os fichamentos foram feitos em meio eletrônico, o que permitiu consultas constantes no processo de análise e interpretação do material escrito utilizado para a pesquisa.

Cada ficha apresentou a seguinte formatação:

• Referência;

• Resumo do que foi lido, principais idéias do autor;

• Críticas sobre o que leu e/ou associação com outras leituras • Trechos em destaques a transcrever, com citação da página.

• Quadro com afirmativas encontradas no texto e questões que poderiam ser

investigadas ou aprofundadas com base em tais afirmativas. Essas questões tinham por objetivo fundamentar a construção de um futuro roteiro de orientação para as entrevistas que seriam realizadas.

Essa metodologia contribuiu para a construção do Capítulo II desta pesquisa. Assim foi traçado os seguimentos ou assuntos que comporiam este capítulo.

Para possibilitar melhor compreensão da literatura revisada, foram criados os quadros 6 e 7, visando possibilitar visualização mais clara dos dados do setor energético quanto à quantidade de fontes geradoras construídas e percentuais de consumo por região.

1.6.2. Coleta de dados - Nessa etapa, buscou-se levantar dados que

respondessem os objetivos da pesquisa.

Nessa fase da pesquisa, foram realizadas algumas viagens ao Estado do Tocantins, mais precisamente à capital, Palmas.

Foi previsto o seguinte roteiro de organização:

• Escolha dos entrevistados;

• Prévia definição do tipo de entrevista a ser realizada: com roteiro

(28)

• Contato por telefone ou e-mail para agendamento das entrevistas.

• Seleção do material a ser utilizado nas entrevistas: maquina fotográfica,

gravador, filmadora, bloco de anotações.

• Cronograma de entrevista, com definição de dia e horário para cada

entrevistado. Este cronograma foi definido pelo entrevistado.

A primeira entrevista foi realizada com membros da comunidade atingida de Vila Canela, em 16.06.08, às 8h e 30, na Escola municipal Daniel Marques. Foi feita sem um roteiro prévio e estruturado como as demais entrevistas. Essa escolha adveio da necessidade de conhecer como aconteceu todo o processo de reassentamento da comunidade. Um conhecimento que poderia orientar o prosseguimento da pesquisa e indicar a necessidade de procurar outras pessoas, órgãos ou ampliar as perguntas previstas para serem formuladas.

Foi escolhida somente a ex- presidente da associação da antiga Vila Canela, indicada na ocasião da primeira viagem a Palmas, como a mais indicada para falar sobre o assunto, haja vista que acompanhou todo o processo de transferência, em decorrência da liderança que exercia na comunidade. Era a pessoa que organizava os festejos religiosos na comunidade e quem fundou a Escola Daniel Marques, na antiga Vila Canela.

Essa entrevista gerou a necessidade de procurar o Centro de Saúde 508 Norte, localizado na mesma quadra onde moram os reassentados – Quadra 508 Norte antiga ARNE 64, Palmas.

A segunda entrevista foi realizada, então, no Posto de Saúde com a enfermeira chefe e a técnica de enfermagem.

A terceira entrevista ocorreu no dia.16.06.08, às 13h, tendo como entrevistado um representante do MAB.

A quarta entrevista foi realizada por telefone com um funcionário da SEDUH de Palmas, no dia 19.06.08, o qual sugeriu diversas fontes de pesquisa, trabalhos realizados pela UFT – Universidade Federal do Tocantins.

A quinta entrevista foi realizada com um representante da empresa Investco, no dia 19.06.08, às 18 h. Todas essas entrevistas foram em Palmas/TO.

(29)

Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética e do IBAMA – COHID – Coordenação de Energia Hidrelétrica e Transposições.

ORDEM DAS ENTREVISTAS

1ª Entrevista – Comunidade Atingida de Vila Canela

2ª Entrevista – Posto de Saúde da ARNE 64 – Quadra 508 Norte – Palmas/TO

3ª Entrevista – MAB 4ª Entrevista - SEDUH 5ª Entrevista - Investco

6ª Entrevista - IBAMA 7ª Entrevista - ANEEL

Quadro 1. Ordem das entrevistas

Realizadas todas as entrevistas, passou-se ao processo de degravação dos depoimentos obtidos, tomando-se o cuidado de transcrever na íntegra a fala dos entrevistados, visto que a linguagem expressa um contexto social e que, elementos verbais como o suspiro, o silencio, risos, entonações de voz, podem dizer algo muitas vezes mais expressivo que as próprias palavras. O entrevistador lida com uma fala relativamente espontânea, com um discurso falado.

1.6.3. Tratamento e apresentação dos dados - Foi realizado por meio de recursos

computacionais com a geração de gráficos para a apresentação dos dados coletados nas entrevistas.

Quanto ao procedimento de apresentação das respostas obtidas, foram seguidos procedimentos metodológicos de análise de conteúdo. A análise de conteúdo é segundo Bardin (2008) “um conjunto de técnicas de análise das comunicações”. (BARDIN, 2008 p. 17)

Historicamente Franco (2003), relata que a preocupação com o significado das mensagens surge bem antes do século XX, pois já nesta época a produção dos textos pelos homens já eram analisados de diversas formas.

(30)

essa análise tinha por objetivo descobrir se esses hinos poderiam ter efeitos funestos nos Luteranos.

Outro exemplo citado por Franco (2003) foi o trabalho desenvolvido pelo francês Bourdon entre os anos de 1888-1872, que tentou apreender a “expressão das emoções e das tendências da linguagem. Para alcançar seu objetivo trabalhou sobre uma parte da Bíblia, o Livro do Êxodo.

Estes exemplos abrem o campo da sistematização da Análise de conteúdo das mensagens, de seus enunciados, de seus locutores e de seus interlocutores.

A análise de conteúdo veio a se desenvolver nos Estados Unidos, cujo material analisado eram, essencialmente, matérias jornalísticas. Surge, então, a análise de conteúdo como uma expectativa de “sondagem de opiniões colhidas, de acordo com os teóricos da época”.

Utilizadas também na 1a Guerra Mundial, se restringiu somente em Análises predominantemente descritivas.

De acordo com Bardin (2008), por volta da década de 70, assistiu-se a um período de fertilidade no campo das ciências sociais e humanas. Era preciso estar à escuta de tudo que acontecia na sociedade, a liberdade de expressão, a efervescência do pensamento e a explosão da comunicação, mudaram a sociedade da época.

O método de analisar essa transformação não existia ainda, mas o interesse por sua compreensão já era reconhecida. Foi quando Laurece Bardin (2008), resolve sair a campo em busca de conhecimento e escrever sobre o "Análise de Conteúdo”, pois até então não existia a “receita” de como fazer esse tipo de análise.

A análise de conteúdo pode ser aplicada a tudo que é lido ou dito. Portanto, para aplicar a metodologia da análise de conteúdo recomendada por Franco (2003) e Bardin (2008), foram seguidos os seguintes passos :

1.6.3.1- Pré-análise do produto das entrevistas.

(31)

Eram ouvidos e lidos simultaneamente os textos e gravações, caso se verificasse algo novo eram feitas observações nas margens dos textos. Em seguida, realizou-se uma leitura completa marcando itens significativos (palavras, frases). Esse processo ocorreu para todas as entrevistas. Em seguida, passou-se a análise de conteúdo.

1.6.3.2 - Análise de conteúdo

A análise de conteúdo, gerada com as entrevistas, foi realizada em três períodos: marcação do texto, construção de categorias e análise e quantificação das respostas obtidas. A marcação utilizada nos textos de cada entrevista possibilitou subdividir as categorias genéricas em categorias menores, categorias de significação. Categorizar segundo Bardin (2008) “é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação”.(BARDIN, 2008, p. 145).

Foram construídas categorias de significação, mais de 15 categorias, construídas de maneira a abranger os significados e sentidos relacionados com cada item explorado nas entrevistas. As categorias foram demonstradas em uma tabela na qual para cada entrevistado aparecia uma categoria. Em seguida, verificou-se a possibilidade de reagrupar essas categorias em categorias menores, pois havia mensagens que se repetiam mesmo de formas diferentes, porém com mesmo grau de significância.

As categorias foram reduzidas para um número de 7 (sete) categorias. O próximo passo foi conceituar essas categorias escolhidas. Os conceitos apresentados não estão necessariamente atrelados aos conceitos dos dicionários ou livros, e sim ao contexto da pesquisa.

As categorias selecionadas foram:

• Atuação do governo; • Energia Elétrica;

(32)

• Participação coletiva; • Qualidade Ambiental; • Movimentos sociais.

Para validar as categorias, foi escolhido um grupo de juízes da área acadêmica de planejamento e gestão ambiental, no total de 5 (cinco) pessoas. Foi elaborado um formulário de “validação de categorias de análise” para dar suporte a análise do grupo de juízes, em um processo no qual o pesquisador arbitra o grau de compreensão esperada, geralmente entre 80% e 75%. Ou seja, o conceito precisará ter sido plenamente compreendido por pelo menos 80% ou 75% dos juízes.

Usando a escala de 4 a 0 cada integrante do corpo de juízes deveria indicar com um x o seu grau de concordância com o conceito descrito.

4 3 2 1 0

Concordo

totalmente Concordo muito Concordo Concordo pouco Discordo

Quadro 2. Quadro validação de categorias.

Recebido todos os formulários respondidos, os resultados foram tabulados utilizando planilhas Excel. As categorias foram aprovadas com um percentual entre 80% e 100%, atendendo, então, ao parâmetro determinado pelo pesquisador.

Validada as categorias o próximo passo foi posicionar categorias – conceitos – textos. (Apêndice B) de forma a se poder aferir o número de vezes que cada categoria aparecia na entrevista, e em quantas entrevistas cada categoria aparecia. A outra forma de coleta e apresentação de dados foi feita por meio da análise documental, que apresenta analogia com as técnicas utilizadas na análise de conteúdo. Bardin (2008) define a análise documental “como uma operação ou um conjunto de operações visando representar o conteúdo de um documento sob uma forma diferente da original”. (BARDIN, 2008, p. 47)

(33)

1.6.3.3 - Pré-análise documental

Nesta fase foi feita uma pré-seleção dos tipos de documentos que seriam analisados e que poderiam reforçar as categorias da análise de conteúdo, ou até serem criadas outras mais.

Os documentos a serem analisados foram divididos em 02 (dois) grupos

a) Documentos não técnicos:

• Registro do Povoado Canela – Distrito de Palmas – Tocantins;

• Modelo de Desenvolvimento Centralizado- Uso dos Recursos Naturais em

Benefício da minoria: O caso da Vila do Canela – Tocantins;

• Rio Tocantins: Reflexões sobre a memória de um Patrimônio Cultural; • Boletim Informativo da Usina de Estreito;

• Folders distribuídos na Cidade de Estreito – Maranhão, sobre a Usina de

Estreito;

• Documentos publicados sobre o IV Fórum Instituto Acende Brasil – “O

Homem e a Usina” .

b) Documentos técnicos:

• RIMA - Relatório de impacto ambiental da Usina de Lajeado;

• PBA – Projeto Básico Ambiental n0. 22 – Realocação e Remanejamento da

População Urbana de abril/1998;

• Relatório de Meio Ambiente de junho/1999;

• Avaliação e monitoramento dos remanejamentos populacionais de julho/2001;

• Avaliação e monitoramento dos remanejamentos populacionais de

dezembro/2001.

(34)

A análise documental dos documentos não-técnicos foi realizada também em três períodos: marcação do texto, construção de categorias e análise e quantificação das respostas obtidas conforme descrição abaixo:

As categorias selecionadas nos documentos não-técnicos foram:

• Atuação do governo; • Energia Elétrica;

• Processo de licenciamento; • Modo de vida;

• Participação coletiva; • Qualidade Ambiental; • Movimentos sociais;

• Expectativa quanto a UHE

Uma nova categoria surgiu na análise dos documentos não-técnicos –

Expectativa quanto a UHE.

Quanto à análise dos documentos técnicos, esta seguiu outra forma de análise também recomendada por Bardin (2008), os resumos ou abstracts, que se apresentam como forma condensada da informação primária.

Essas duas formas de análise: a de conteúdo e a documental utilizadas nesta pesquisa e apresentadas por Bardin (2008), possuem diferenças entre si, são elas:

• A análise de conteúdo trabalha a palavra, levando em consideração as

significações, a mensagem.

• E a análise documental trabalha documentos consistindo em uma

representação sintetizada da informação.

1.6.3.5 -Apresentação dos dados obtidos.

A apresentação dos dados obtidos com as entrevistas e com as análises documentais está disposta no capítulo III.

(35)

A análise dos dados foi realizada utilizando-se o método indicado por Franco (2003) e Bardin (2008): a análise de conteúdo e a análise documental. Elas são

(36)

CAPÍTULO II

2 - REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo estão inseridas informações sobre o setor energético em que especialistas da área apresentam as dificuldades encontradas no planejamento energético do país. São apresentadas as questões que envolvem os movimentos sociais e a ponte que estes tentam construir entre o empreendedor e as comunidades atingidas. É demonstrado como o comportamento dos programas governamentais de crescimento econômico implementados pelos governantes do país interferem nos processos de licenciamento ambiental e, por conseguinte, na vida das pessoas, com destaque às populações tradicionais.

São considerados quatro documentos legais tidos como instrumentos capazes de pautar o planejamento e a gestão ambiental no processo de construção de barragens de forma a minimizar os conflitos e impactos sócio-ambientais.

O estudo teve início com a pesquisa exploratória bibliográfica em busca de mais familiaridade com o tema de estudo, com os aspectos documentais, teóricos, legislação e acordos internacionais com relação à atuação do governo nas questões sócio-econômicas dos empreendimentos hidrelétricos, A revisão de literatura teve como objetivo situar o trabalho de pesquisa, determinando o “estado da arte”.

A produção do conhecimento não é um empreendimento isolado. É uma construção coletiva que conta com a comunidade científica. É também um processo contínuo de busca de novos conhecimentos.

Cada nova pesquisa se apresenta como complementação ou como contestação de contribuições anteriores ao tema pesquisado.

(37)

A. Eixo governamental ou do empreendedor.

• Apresenta um panorama do setor energético brasileiro, os dados

apresentados foram frutos de reportagens, artigos de pesquisadores do setor elétrico. Em seguida foram escolhidos 4 (quatro) instrumentos que podem nortear o planejamento e gestão ambiental neste setor, melhorando o campo da eficiência energética;

B. Eixo dos movimentos sociais.

• Descreve a história e a consolidação destes movimentos na sociedade no

transcorrer do tempo e sua contribuição na conquista dos direitos dos cidadãos.

C. Eixo das comunidades atingidas.

• Expõe o processo de desenraizamento sofrido pelas comunidades atingidas

com a construção de barragens, por causa das políticas econômicas implementadas pelos Governos brasileiros.

Assim a revisão de literatura procura apresentar as dificuldades e entraves encontrados pelos atores envolvidos nesta trama: governo, empreendedores, movimentos sociais e comunidades atingidas.

2.1 - Panorama Energético Brasileiro

As privatizações tiveram início com o setor siderúrgico seguido dos setores petroquímicos e serviços públicos os quais passaram para a iniciativa privada.

Em 1990 foi instituído o Programa Nacional de Desestatização – PND, cujos objetivos eram:

(38)

II - contribuir para a redução da dívida pública, concorrendo para o saneamento das finanças do setor público;

III - permitir a retomada de investimentos nas empresas e atividades que vierem a ser transferidas à iniciativa privada;

IV - contribuir para modernização do parque industrial do País, ampliando sua competitividade e reforçando a capacidade empresarial nos diversos setores da economia;

V - permitir que a administração pública concentre seus esforços nas atividades em que a presença do Estado seja fundamental para a consecução das prioridades nacionais;

VI - contribuir para o fortalecimento do mercado de capitais, através do acréscimo da oferta de valores mobiliários e da democratização da propriedade do capital das empresas que integrarem o Programa.

A princípio, o processo de privatização foi conduzido pelo Ministério de Minas e Energia – MME e transferido posteriormente ao BNDES.

Em relação aos serviços públicos, o Estado transferiu ao setor privado a responsabilidade do desenvolvimento econômico e social e assumiu o papel de regulador e fiscalizador destas atividades.

Considerando nesta pesquisa somente o setor elétrico, a ANEEL, órgão regulador desse setor só foi instituído em outubro/1997, enquanto que o primeiro leilão de venda de ativos ocorreu anos antes em julho/1995 havia aqui uma pressa de privatização do setor.

Segundo Bermann (2001) o processo de privatização se justificava sempre pela necessidade de se transferir dívida e obter receitas, e por esse motivo não pode esperar a instituição de um marco regulatório, no caso a criação da ANEEL. O que de certa forma representava uma desvalorização do patrimônio público, justamente por não apresentar regras claras para o processo de privatização.

O que se observou no processo de privatização, é que houve uma significativa redução de mão de obra nos setores privatizados. Para Bermann (2001) o processo de privatização objetivava acelerar a produção, sem repassar a sociedade os benefícios deste processo, na forma de preços e tarifas menores.

O processo de privatização contribuiu para aumentar as desigualdades e ampliar a exclusão, como bem afirma Bermann:

(39)

grupos empresariais e garantir o propalado “sucesso” das privatizações”. (BERMANN, 2001, p. 47)

Em 2001 o Brasil passou por uma crise energética que levou o país ao racionamento de energia elétrica. Agora em 2007/2008 o possível risco de “apagão” não foi afastado.

Em entrevista ocorrida no dia 06 de fevereiro de 2008, na rádio Câmara, com o Diretor do Curso de pós-graduação da COPPE/RJ e ex-presidente da Eletrobrás, Luis Pinguelli Rosa, falou-se sobre a situação energética do país.

A entrevistadora, Marise Logulo, perguntou por que é tão contraditória a posição dentro do próprio Governo em relação ao risco de haver ou não racionamento de energia, visto que o Presidente da República, Lula, diz que o Brasil está preparado para crescer 5% sem precisar racionar energia, enquanto o MME e ANEEL dizem haver risco de racionamento.

Segundo Pinguelli é uma posição normal do Governo que evita o alarmismo, e citou o exemplo da febre amarela, na qual mortes por causa dessa doença já estão comprovadas e o Governo busca manter uma certa tranqüilidade de controle da situação.

Mas o fato é que, de acordo com Pinguelli, a crise não é eminente. Em 2001 os reservatórios estavam em um nível mais baixo. Hoje a média é um pouco maior: em torno de 40%. Entretanto, no período de um a dois anos o setor terá dificuldade de acompanhar a demanda de energia.

E faz uma comparação da situação atual em 2008 com a de 2001:

• Em 2001 havia sobras de energia, mas faltavam linhas de transmissão e

distribuição de energia, hoje existem mais;

• Em 2001 havia gás e faltavam termoelétricas, hoje existem termoelétricas e

está faltando gás;

• A existência de grandes consumidores livres, falta regulação e transparência

nos contratos, hoje isso se torna um problema;

(40)

Logulo (2008) pergunta onde houve erro no planejamento para que novamente o Brasil passe por uma situação de racionamento. Pinguelli responde dizendo que um dos erros é os próprios consumidores livres, pois falta maior regulação e transparência; outro foram os contratos de termoelétricas vindas de governos passados que não foram finalizados e apresentaram problemas; A Eletrobrás fica à mercê de empresas privadas, visto que o setor hoje em grande parte deixou de ser estatal.

Quais as medidas para reverter um provável apagão? Pinguelli diz que a situação não é confortável nos próximos dois anos, entretanto é necessário implantar o programa de eficiência energética, estimular medidas de racionalidade. Não aquela adotada em 2001 em que o consumidor era penalizado caso não conseguisse reduzir seu consumo. O que se precisar fazer é ter uma política para que todos os equipamentos eletroeletrônicos sejam fabricados para ter maior eficiência e, além disso, desenvolver políticas que visem à diferenciação de impostos, bem como propagandas que incentivem o uso racional da energia, a exemplo do PROCEL.

A entrevista ratifica o que diversos especialistas tanto da área ambiental quanto da área energética comentam sobre a situação energética do país: que é preciso se investir em eficiência energética e educação da sociedade. Maiores incentivos, regulação e transparência nos recursos destinados pelas empresas de energia aos Programas de Eficiência Energética - PEE, Pesquisa & Desenvolvimentos - P&D além dos recursos destinados ao Fundo Setorial de Energia – CTEnerg e MME.

A organização não-governamental - ONGs, WWF (2006) fez um estudo de cenário para o setor energético com projeções para 2020 e 2030, tomando como base os anos de 2004 e 2005, no qual apontam caminhos positivos para o setor elétrico brasileiro, tanto pelo lado da oferta quanto pelo lado da demanda de energia.

(41)

Os dados apresentados pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE, em janeiro de 2008, referentes ao ano de 2007, comprovam o que Vianna (2001) afirma: o aumento na demanda de energia está relacionado ao crescimento econômico.

A reportagem intitulada por “Consumo de energia cresce mais nas regiões Nordeste e Centro –Oeste em 2007, diz EPE”, apresentada no Canal Energia por Alexandre Canazio, afirma que as regiões tiveram expansão superior a 6% no ano de 2007. O setor comercial puxou o crescimento em todo país, com exceção da região Nordeste, onde a classe residencial liderou.

O crescimento na demanda foi de 5,4%, e alcançou 376,9 TWh. A motivação desse incremento na demanda deve-se basicamente a dois fatores:

• O país ganhou 1,9 milhões de novos consumidores em 2007, valor bem

acima de anos anteriores. O Programa Luz para Todos foi responsável por 500 mil ligações novas;

• A tradição atesta que o crescimento do consumo de energia é sempre mais

elevado que o crescimento econômico, entretanto as projeções têm demonstrado que isso vem mudando. A demanda teve uma expansão similar à perspectiva de crescimento da economia de 5,4%.

Segundo a EPE isso se deve ao atendimento do consumo nacional, pelo incremento das importações comerciais. Portanto, em 2008 a demanda de energia não significara pressão acima sobre as previsões realizadas.

O Programa Luz para Todos criado em 2003 foi instituído pelo Decreto n°. 4.873, é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia - MME e executado com a participação das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – ELETROBRÁS.

O programa já totalizou a geração de 215 mil empregos diretos e indiretos, beneficiando a população do campo, mas também empresas de material elétrico e eletrodomésticos. O objetivo do programa é atender cerca de 2,5 milhões de famílias residentes em áreas rurais, beneficiando em torno de 12 milhões de pessoas ainda em 2008. (ELETROBRÁS, 2008)

(42)

ministérios, entre eles Ministério de Desenvolvimento Agrário, Ministério de Desenvolvimento Social e Combate á Fome.

Segundo Reis et.al. (2005):

Universalizar os serviços de eletricidade não tem sido uma tarefa muito fácil no Brasil. Dados atuais mostram que, em pleno século XXI, cerca de 12% da população, a maior parte localizada nas áreas rurais, ainda não têm eletricidade em casa e está privada de serviços essenciais ao bem-estar social. Em nível mundial, estima-se que atualmente dois bilhões de pessoas (30% da população) não tenham acesso à eletricidade. (REIS et.al., 2005, p . 24)

Nesse contexto energético, muitos atores contracenam; agências reguladoras como a ANEEL, ANA, ANP, o setor privado com seus empreendedores, a população atingida diretamente e indiretamente com a construção do empreendimento, os movimentos sociais e o próprio governo em seu papel político. Todos com posições nem sempre convergentes e que geralmente resultam em conflitos de interesses.

O Brasil precisa crescer para quê? E para quem?

2.2- As questões energéticas e os instrumentos norteadores do planejamento e da gestão ambiental.

O propósito deste item é apresentar quais questões envolvem a geração de energia elétrica, precisamente a energia hidráulica, e quais os instrumentos que poderiam ser utilizados para nortear o processo de construção e licenciamento de empreendimentos hidrelétricos. Além disso expõe como cada um dos instrumentos apresentados poderão interferir posteriormente nas questões energéticas.

(43)

Com o objetivo de verificar se o poder público local, como promotor de políticas públicas cumpriu com suas atribuições descritas em documentos legais na mitigação dos problemas sócio-econômicos gerados no processo de construção de usinas hidrelétricas, buscou-se levantar as questões ambientais que envolvem a geração de energia e meio ambiente e por que geralmente dão origem a conflitos. De acordo com Bermann (2001) e Leite (2007) as principais questões ambientais que envolvem o setor de energia elétrica são:

• Problemas físico-químico-biológicos decorrentes da implantação e operação

de hidrelétricas, que se traduzem, por exemplo, pela alteração do regime hidrológico; assoreamento; emissões de gases de efeito estufa;

• Danos à flora e à fauna;

• Deslocamento das populações ribeirinhas devido à construção de barragens

que resulta em perda de suas condições de produção e reprodução social;

• A necessidade de expansão do potencial hidroelétrico do Brasil, que hoje está

em torno de 24%. Segundo Tomasquim (2007), esse percentual serve como argumento para a construção de novos projetos de usinas hidrelétricas no Brasil;

• Programas de conservação de energia diante do quadro de privatizações.

Essas questões levam na maioria dos casos à condenação de construção de hidrelétricas. A seguir apresentam-se os instrumentos considerados norteadores do planejamento e da gestão ambiental.

- A Constituição Federal – por ser ela a lei maior do país, nela estão garantidos e assegurados os direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça. O dever de todos defenderem o meio ambiente para as gerações atuais e as futuras.

(44)

- A Agenda Habita II – por ser um compromisso internacional também assumido pelo Governo Brasileiro. É uma convocação mundial para ação em todos os níveis federal, estadual, municipal e que preceitua um olhar positivo sobre os assentamentos humanos sustentáveis, de forma que todos tenham direito a um lar, a um meio ambiente sadio e seguro, a serviços básicos atendidos e à empregabilidade.

- O Estatuto da Cidade - estabelece diretrizes gerais da política urbana, com o objetivo de ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana. E assim termina por alinhavar com todos os outros instrumentos essa grande colcha de retalhos que é a sociedade e sua relação com o meio ambiente.

2.2.1 – Constituição Federal

Foram abstraídos da constituição os artigos que mais se relacionam com a questão ambiental direcionada ao setor energético.

Bernardo (2001) apresenta a Constituição como o principal exemplo de legitimação da sociedade civil diante do Estado. Pois a mesma apresenta diversos dispositivos de intervenção da população no espaço público (livre associação, acesso à informação, ao habeas data, à ação popular). A constituição ainda traz um capítulo dedicado à questão ambiental. A concepção de responsabilidade compartilhada entre sociedade e poder publico na área ambiental foi conquista marcada pela idéia de intervenção da sociedade na decisão pública. E isso foi fortemente consolidado a partir da década de1980, com o fim da ditadura.

(45)

todos. E para se manter o equilíbrio do qual nos fala o referido artigo é preciso ter-se em conta outros artigos da constituição.

Considerando a questão energética, a construção de barragens é uma prerrogativa do Governo Federal, pois os potenciais de energia hidráulica são bens da União e conforme dispõe o artigo 21, compete à União:

“XII – b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos”. (BRASIL, 2002, p. 29)

O artigo 23 expressa a competência dos entes federativos: União, Estado, Distrito Federal e Municípios, é expresso o verdadeiro sentido de existência de uma Constituição Federal para um país, que se fossem cumpridos não haveria necessidade de outras leis, pois os verbos expressam o cuidado, a proteção, o zelo, a preservação, o incentivo que devem existir em relação ao povo e o meio ambiente.

De acordo com a reportagem publicada no jornal eletrônico Ambientebrasil, em 09 de fevereiro de 2007, por Rodrigues (2007), a regulamentação deste artigo faz parte de uma das medidas incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, pois o artigo apresenta o papel disciplinador de formas de cooperação entre os entes da federação em ações de proteção do meio ambiente. Em se tratando da questão do licenciamento ambiental, a ausência de clareza do texto tem apresentado conflitos de competência quanto ao órgão licenciador.

Os artigos 24 e 216, respectivamente, definem a competência pela proteção ao patrimônio histórico, cultural, paisagístico, estes competem somente à União, Estado e Distrito Federal, e o patrimônio cultural brasileiro se constítui pelos modos de vida, de criação, pelas formas de expressão, os conjuntos urbanos e sítios de valores históricos, paisagísticos, arqueológicos, paleontológicos, ecológicos e científicos.

(46)

a desterritorialização forçada de populações tradicionais o que resultada em certa perda de continuidade das tradições, de saberes que deixam de ser transmitidos, repassados as gerações futuras. Há, invariavelmente, uma perda de identidade dessas populações tradicionais, sejam elas, quilombolas, ribeirinhos, indígenas e outros.

Portanto, para que o artigo 5º e, conseqüentemente, o 225 da Constituição Federal sejam de fato observados é preciso que todos os atores envolvidos no processo de construção de empreendimentos do setor de energia ou de infra-estrutura conheçam seus direitos, mas também seus deveres.

2.2.2 - Agenda 21

A Resolução n°. 44/228 da Assembléia Geral da ONU, de 22.12.89 estabeleceu uma abordagem equilibrada e integrada das questões relativas ao meio ambiente e desenvolvimento, e em 1992 foi promovida a Conferência das Nações Unidas sobre Meio ambiente e Desenvolvimento – ECO-92. Esse encontro entre vários Chefes de Estados resultou na construção da Agenda 21, uma agenda de trabalho para o próximo século.

A Agenda 21 levou os Chefes de Estados a identificarem os problemas prioritários, os recursos e os caminhos para enfrentá-los, bem como quais seriam as metas para o próximo século. A Agenda visa ainda, disciplinar as ações, convergir esforços em áreas chaves, reduzindo a dispersão, o desperdício e as ações contraproducentes.

(47)

revolução cultural. A Agenda 21 é um roteiro para se construir uma sociedade mais sustentável.

As áreas de programas previstos na Agenda 21 estão dispostas em 40 capítulos que se constituem em bases para a ação, objetivos, atividades e meios de implementação.

O intuito aqui presente é destacar, dentro da Agenda 21, os programas que se relacionam diretamente com o tema setor energético, embora de forma geral todos os caminhos convirjam para este setor. Destacam-se os seguintes tópicos:

a) Mudanças dos padrões de consumo:

Por ser um tema muito amplo a Agenda 21 se limita a tratar dos temas sobre energia, transporte e resíduos. Estes setores levam a padrões de consumo e produção que, além de agravar a pobreza, contribuem para os desequilíbrios sociais e ambientais.

Por isso, a Agenda 21 deseja dá maior atenção a respeito da demanda de recursos naturais gerados pelo consumo insustentáveis. Para tanto é preciso pensar em tecnologias que reduzam as pressões ambientais e atendam às necessidades básicas da humanidade, refletindo sobre qual é o papel que o consumo desempenha em uma sociedade e nas formas de promover padrões de consumo mais sustentáveis.

E preciso também desenvolver novos conceitos de crescimento econômico sustentável e prosperidade que permitam uma qualidade de vida à população, com mudança no estilo de vida das pessoas.

(48)

b) Promoção do desenvolvimento sustentável dos assentamentos humanos.

Cabe ao Governo estimular um público produtor e consumidor mais participativo e informado das escolhas que faz, conhecedor dos custos ambientais do consumo de energia, de matérias-primas, dos recursos naturais, da geração de resíduos, assim como auxiliar os indivíduos e famílias a fazerem opções ambientalmente eficientes.

Os países devem sempre que se fizer necessário “(e) buscar soluções conjuntas para problemas ambientais que afetem diversas localidades” (p.83). Exemplo da aplicabilidade deste princípio previsto na Agenda 21 são as construções de hidrelétricas que podem alterar o curso de um rio que corta outros Estados e países.

Segundo a Agenda 21, a maior parte da energia comercial e não comercial produzida nos assentamentos é para utilização deles, sendo que uma parte considerável é destinada ao uso doméstico. Portanto, os países em desenvolvimento se encontram diante de um impasse: é preciso mais energia para o país crescer e se desenvolver. Mas, por outro lado, é preciso reduzir os custos da produção de energia como a poluição resultante da sua geração.

Quanto ao transporte, este de acordo com a Agenda 21 responde por cerca de 30% do consumo comercial de energia e por cerca de 60% do consumo total mundial de petróleo líquido. Portanto, a Agenda 21 propõe bases de ação e atividades para a promoção de sistemas sustentáveis de energia e transporte nos assentamentos humanos, com o objetivo de ampliar o fornecimento de uma tecnologia mais eficiente com relação ao uso de energia, com fontes alternativas/renováveis de energia com vistas à redução dos efeitos negativos da produção desta sobre a saúde humana nos assentamentos humanos.

Para a consecução deste objetivo, torna-se necessário desenvolver as seguintes atividades:

Imagem

Figura 4 - Vista do quintal de uma residência do antigo povoado Canela
Figura 6 Barracão do Canela
Figura 7. Praia da Graciosa
Figura 8 - ARNE 64 – PALMAS  local do reassentamento da antiga Vila Canela
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