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A percepção dos professores de educação física da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal diante dos efeitos da radiação ultravioleta solar no ambiente de trabalho

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A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO

FÍSICA DA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO

DISTRITO FEDERAL EM SEU AMBIENTE DE TRABALHO

SOBRE OS EFEITOS DA RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA

SOLAR

A PERCEPÇÃO DOS EFEITOS ULTRAVIOLETA SOLAR

PELOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO

FEDERAL

Autora: Renata Fortes Fernandes

Orientadora: Profª. Maria Albertina P. M. Costa

Ph.D.

Brasília - DF

2012

Pró-Reitoria de Pós-graduação

e Pesquisa

Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental

A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO

FÍSICA DA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO

DO DISTRITO FEDERAL DIANTE DOS EFEITOS DA

RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA SOLAR NO AMBIENTE DE

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A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL DIANTE DOS EFEITOS

DA RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA SOLAR NO AMBIENTE DE TRABALHO

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-graduação Stricto Sensu em

Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

Orientadora: Profª. Maria Albertina P.

Maranhense Costa – Ph.D.

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Dissertação de autoria de Renata Fortes Fernandes, intitulada A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL DIANTE DOS EFEITOS DA RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA SOLAR NO AMBIENTE DE TRABALHO, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília em 29/06/2012, defendida e aprovada pela banca examinadora:

___________________________________________________________________

Profª. Maria Albertina Pires Maranhense Costa – Ph.D.

Orientadora

Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Gestão Ambiental - UCB

___________________________________________________________________

Prof. Perseu Fernando dos Santos – Ph.D.

Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Gestão Ambiental - UCB Examinador Interno

___________________________________________________________________ Prof. Dr. Moacir Bueno Arruda

Examinador Externo

MMA / Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)

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A Deus por esta importante conquista, por ter conduzido os meus passos em toda a minha vida e jamais ter me desamparado;

aos meus pais pela paciência e apoio nos momentos de dificuldades;

aos meus filhos Víctor e Juliana, pela compreensão das minhas tantas ausências;

ao Professor Marco Antonio Veronese pelas preciosas contribuições intelectuais e por incansavelmente me incentivar a seguir em frente;

à minha querida orientadora Profª Albertina Pires pela imensa dedicação e incentivo que me conduziu durante este estudo;

aos Professores Moacir Bueno e Perseu Santos pelo incentivo e atenção nos momentos mais difíceis;

a todos os professores do curso de Mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental pelo saber compartilhado;

aos meus colegas Daniel, Ronaldo, Michele e Lorena pelos doces momentos de descontração e árduo trabalho;

aos professores de Educação Física da Secretaria de Estado de Educação do DF que voluntariamente colaboraram com a pesquisa;

à Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal pelo apoio financeiro; e

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FERNANDES, Renata Fortes. A percepção dos professores de educação física

da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal diante dos efeitos da radiação ultravioleta solar no ambiente de trabalho. 2012. 88 folhas,

Pós-graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental. UCB, Brasília, 2012.

Na década de 80, foi constatada a diminuição da concentração da camada de ozônio e como consequência o aumento da incidência da radiação ultravioleta solar no mundo. Desde então, as implicações são cada vez mais sentidas e as estatísticas apontam o câncer de pele como o mais comum da população brasileira. O profissional de Educação Física sofre com a falta de infraestrutura para o desenvolvimento de suas atividades, uma vez que o ambiente de trabalho é exposto ao sol e à poeira. O objetivo deste trabalho foi verificar, por meio de pesquisa de campo, a percepção dos professores de educação física que desenvolvem suas atividades laborais nos Centros de Ensino Fundamental da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, diante dos efeitos da exposição solar em seu ambiente de trabalho. Para isto, torna-se imprescindível percorrer os específicos: identificar os riscos que os profissionais de Educação Física estão submetidos em seu ambiente de trabalho; identificar o número de Centros de Ensino Fundamental da rede pública do Distrito Federal e as suas infraestruturas para a prática de educação física; mapear os Centros de Ensino Fundamental da rede pública do Distrito Federal, utilizando as ferramentas de Sistema de Informação Geográfica (SIG) e identificar as políticas públicas que garantam o exercício da profissão do docente de educação física de forma saudável. Os métodos adotados para este estudo foram as pesquisas de campo e bibliográfica. Aquela contou com a participação de 60 professores de educação física da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal. O instrumento de pesquisa foi o questionário, contendo 41 questões fechadas seguido de seu processamento. Os resultados indicaram que os professores percebem que correm riscos ao se exporem à radiação ultravioleta em seu ambiente de trabalho devido à falta de infraestrutura adequada para o exercício de sua profissão.

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ABSTRACT

FERNANDES, Renata Fortes. The perception of physical education teachers of

the State Secretariat for Education of the Federal District on the effects of solar ultraviolet radiation in the workplace. 2012. 88 sheets. Pos-graduation Stricto Sensu in Planning and Environmental Management. UCB. Brasilia, 2012.

In the 80s, was found to decrease in the concentration of the ozone layer and consequently the increased incidence of solar ultraviolet radiation in the world. Since then, the implications are increasingly felt and the statistics indicate skin cancer as the most common of the population. The Physical Education professional suffers from a lack of infrastructure for the development of their activities, since the work environment is exposed to sun and dust. The objective of this study was to verify through field research the perception of physical education teachers who develop their work activities at the Centers for Basic Education of the State Secretariat for Education of the Federal District on the effects of sun exposure on your desktop. For this, it is essential to go through the specific: identify the risks that physical education professionals are subjected in their work environment, identify the number of centers of public elementary school in the Federal District and its infrastructure for the practice of education physics; map the centers of public elementary school in the Federal District, using the tools of Geographic Information System (GIS) and to identify public policies that guarantee the exercise of the profession of teaching physical education in a healthy way. The methods adopted for this study were field research and literature. That included the participation of 60 physical education teachers of the State Secretariat of Education of the Federal District. The survey instrument was a questionnaire containing 41 closed questions followed by their processing. The results indicated that teachers perceive that risks when they are exposed to ultraviolet radiation in the workplace due to lack of adequate infrastructure for the exercise of their profession.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Espectro Eletromagnético da Radiação Solar ... 31

Figura 2. Espectro de ação eritêmica ... 32

Figura 3. Índice Ultravioleta (IUV) ... 34

Figura 4. Relação dos Centros de Ensino com quadras de esportes ... 55

Figura 5. Relação das escolas que não tem quadra de esportes ... 55

Figura 6. Quadra do CEF 03 do Gama ... 56

Figura 7. Quadra coberta do CEF 01 de Brazlândia ... 56

Figura 8. Cobertura da quadra de esportes do CEF 01 de Brazlândia ... 57

Figura 9. Quadras cobertas ... 58

Figura 10. Gênero dos pesquisados ... 59

Figura 11. Idade dos professores pesquisados ... 59

Figura 12. Tempo de serviço dos professores ... 60

Figura 13. Área de proteção ao sol. ... 61

Figura 14. Área de informações sobre a camada de ozônio. ... 62

Figura 15. Área de ambiente de trabalho ... 63

Figura 16. Área de percepção de doenças na pele e outros sintomas. ... 64

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

1.1 HIPÓTESE ... 11

1.2 OBJETIVOS ... 12

1.2.1 Geral ... 12

1.2.2 Específicos ... 12

1.3 JUSTIFICATIVA ... 12

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 14

2.1 EVOLUÇÃO DO ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA ... 14

2.2 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA ALÉM DA TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTOS TÉCNICOS: O ENFRENTAMENTO DE PROBLEMAS CORRENTES ... 18

2.3 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA ... 21

2.3.1 Qualidade de Vida no Trabalho ... 21

2.3.2 Conceitos de Qualidade de Vida no Trabalho... 22

2.4 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA ... 23

2.5 PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE E SUA NORMATIZAÇÃO ... 25

2.6 PROTEÇÃO JURÍDICA À SAÚDE DO TRABALHADOR ... 27

2.7 OS DANOS CAUSADOS PELA EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO ULTRA VIOLETA . ... 30

2.7.1 Radiação Ultravioleta (RUV) ... 30

2.8 RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA E CÂNCER DE PELE ... 35

2.8.1 Filtros de Proteção Solar, Protetor Solar, Bloqueador Solar e Bronzeadores ... 38

2.9 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ... 41

3 MATERIAL E MÉTODO ... 53

3.1 DADOS COLETADOS ... 53

3.2 DADOS PROCESSADOS ... 54

(10)

4.2 DISCUSSÃO ... 65

CONCLUSÃO ... 69

REFERÊNCIAS ... 71

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ... 78

ANEXO A - MAPA DOS CENTROS DE ENSINO FUNDAMENTAL VISITADOS E NÃO VISITADOS ... 80

ANEXO B - LEGENDA DO MAPA DO ANEXO A DOS CENTROS DE ENSINO FUNDAMENTAL VISITADOS ... 81

ANEXO C - LEGENDA DO MAPA DO ANEXO A DOS CENTROS DE ENSINO FUNDAMENTAL NÃO VISITADOS ... 82

ANEXO D - TABELA DE INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS POR TIPOLOGIA ... 83

ANEXO E - MAPA DOS CENTROS DE ENSINO FUNDAMENTAL QUE POSSUEM E NÃO POSSUEM QUADRA DE ESPORTES ... 84

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1 INTRODUÇÃO

As observações sobre o cotidiano de trabalho dos professores de educação física, nas escolas públicas do ensino fundamental da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, indicam a necessidade de compreender os problemas, as tensões e as contradições que estes professores vivenciam.

A motivação deste estudo foi devido às condições do ambiente de trabalho dos professores de educação física, em virtude da inquietude advinda da dinâmica de sua saúde no decorrer do exercício profissional. Quando se trata do ambiente de trabalho dos professores de educação física, é previsível que problemas aconteçam, sendo possível que danos provenientes da própria condição e meio peculiar dos mesmos possam tornar-se obstáculos para sua atuação diária no trabalho.

Os profissionais dificilmente dispõem de lugares onde encontram sombras para proteção ao sol, ainda que escassas. Algumas escolas da rede pública do Distrito Federal não possuem locais apropriados para aulas de educação física.

Seus espaços às vezes podem ser caracterizados por quadras simples, sem coberturas, ou mesmo escolas sem quadras, expondo os professores e alunos a condições inadequadas para a prática das aulas.

A disponibilidade de espaços específicos como quadras esportivas, mesmo descobertas, para a totalidade dos professores em todos os momentos do trabalho é privilégio de poucos. As escolas que não possuem quadras sofrem com a poeira da terra e, naquelas que têm, pode haver precariedade na conservação; em decorrência, podem surgir buracos, potencialmente um dos fatores de risco para ocorrência de lesão durante a aula.

O profissional de Educação Física trabalha com o ser humano em movimento: os alunos, bem como os professores, podem estar, na maioria das vezes, em constante deslocamento, aumentando a possibilidade de risco de acidentes.

Na área da educação física, no Brasil, existem poucos estudos que contribuem para a análise do cotidiano dos professores de educação física e sua rotina.

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geral, garis, policiais militares, policiais de trânsito, salva vidas, trabalhadores da construção civil e agricultores. Não há estudos comparativos.

Ao pesquisar o cotidiano escolar, compreende-se como fonte de informações para o trabalho individual e coletivo da escola, assim como para as instâncias superiores, que deverão tomar as medidas necessárias dentro de sua competência.

Por causa das atividades que realizam, os professores estão sujeitos a inúmeros problemas originados pela exposição ao sol. Como efeito imediato, encontram-se as queimaduras e como alterações tardias, as rugas, sardas, manchas brancas, textura rugosa da pele, capilares dilatados, massas escamosas e os tumores (LIMA et al., 2010).

Segundo Santos, Godoi e Espíndula (2010), trabalhadores com atividades ao ar livre e o desconhecimento de que a exposição excessiva ao sol pode causar câncer de pele, constituem um grupo de risco de destaque na saúde do trabalhador. Convém levantar dados referentes ao câncer de pele e outras doenças nos professores de educação física que estão sob exposição solar devido à sua carga horária para o exercício de suas atividades laborais serem cumpridas sem infraestrutura adequada.

Conforme esclarece Lima et al. (2010), o método de foto proteção química com o uso do protetor solar é uma estratégia eficaz para reduzir os agravos à saúde, provocados pela radiação ultravioleta solar, as quais estão expostos esses trabalhadores. Além deste, a associação com os métodos de barreira física, como uso de blusas de manga comprida, bonés, óculos e o cuidado com relação ao horário de exposição ao sol, mostram-se mais eficazes para diminuir a ocorrência de agravos à pele.

A proteção contra raios solares tem um papel fundamental na prevenção do câncer de pele, pois, se prevenido já na infância e feito o uso correto dos equipamentos tais como chapéus e bloqueadores, o câncer pode ser evitado (LIMA et al., 2010).

1.1 HIPÓTESE

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Geral

Verificar por meio de pesquisa de campo a percepção dos professores de educação física que desenvolvem suas atividades laborais nos Centros de Ensino Fundamental (CEF) da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (DF) diante dos efeitos da exposição à radiação ultravioleta solar em seu ambiente de trabalho.

1.2.2 Específicos

 Identificar os riscos que os profissionais de educação física estão submetidos em seu ambiente de trabalho;

 identificar o número de Centros de Ensino Fundamental da rede

pública do Distrito Federal e as suas infraestruturas para a prática de educação física;

 elaborar mapa dos Centros de Ensino Fundamental da rede pública do

Distrito Federal, utilizando as ferramentas de Sistema de Informação Geográfica (SIG); e

 identificar as políticas públicas que garantam o exercício da profissão do professor de educação física de forma saudável.

1.3 JUSTIFICATIVA

Em pleno século XXI, é notória a violência contra o meio ambiente, que marca as sociedades contemporâneas, como são inquietantes seus problemas com consequências, na maioria das vezes, irreversíveis, trazendo reflexos das ações do homem, numa busca constante de superação, controle e domínio.

Na década de 80, foi evidenciada a diminuição da concentração da camada de ozônio e consequentemente o aumento da radiação ultravioleta solar no planeta Terra. Desde então, as consequências são cada vez mais sentidas e as estatísticas colocam o câncer de pele como o mais comum do Brasil (INSTITUTO NACIONAL

(14)

Enquanto campanhas alertam para que as pessoas, mesmo que eventualmente, não se exponham ao sol durante os horários mais críticos que são das 10h às 16h sem proteção, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal não adota esta prática para seus docentes e discentes. Observa-se por meio das grades curriculares que o horário mais crítico é o cumprido pelos professores em atividades ao ar livre. Sempre expostos e sem informações direcionadas, desconhecem os números alarmantes dos perigos e se arriscam durante toda a vida laboral a terminarem com tristes diagnósticos concebidos dia a dia que poderia ser evitado.

Para que os professores de educação física não sofram os efeitos nocivos da radiação ultravioleta solar, muito tem que ser feito, como as coberturas das quadras esportivas das escolas que parecem um sonho utópico, mesmo quando Brasília é escolhida para sediar a Copa do Mundo de 2014. Dados do senso de 2001 apontam que apenas 5% das escolas públicas do DF tinham quadras cobertas, sendo esta realidade não muito diferente da situação atual.

As questões centrais deste trabalho são a exposição excessiva deste profissional à radiação ultravioleta solar, os danos e as consequências causados.

O tema sugerido é de fundamental relevância, pois as situações que os professores de educação física estão expostos ao exercerem sua profissão podem causar danos à própria saúde.

Considerando a importância desta pesquisa, buscam-se dados que fundamentem e concretizem com ações que possam, se não resolver o problema, ao menos amenizar as situações desagradáveis impostas a estes profissionais.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 EVOLUÇÃO DO ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Para compreensão da atual realidade das Instituições de Ensino Superior –

IES - em educação física brasileira e, consequentemente, do tipo de profissional que elas estão formando, cabe uma breve retrospectiva histórica sobre sua instituição e desenvolvimento na perspectiva nacional.

As primeiras instituições destinadas à formação de professores de educação física apresentavam-se fortemente vinculadas aos princípios regidos pelas forças armadas. Em 1909, o Brasil recebeu uma missão militar francesa, contratada para ministrar instrução militar à Força Policial do Estado de São Paulo. Esta iniciativa resultou na formação dos primeiros mestres de ginástica e mestres de esgrima. Posteriormente, em 1929, o Curso Provisório de Educação Física foi instalado no Centro Militar de Educação Física, constituindo-se na primeira iniciativa de integração entre o meio civil e militar (HUNGER et al., 2006).

Este curso transformou-se mais tarde na Escola de Educação Física do Exército (no Rio de Janeiro), de acordo com o Decreto 23.252 de 1933, que permitia a matrícula de civis na escola, para fins não-militares. Destaca-se também a fundação da Escola de Preparação de Monitores, mantida pela Liga dos Esportes da Marinha (1927), e, em 1936, a regulamentação da Escola de Educação Física da Força Pública de São Paulo (HUNGER et al., 2006)

Em 1939, o Decreto-Lei 1.212 criou a Escola Nacional de Educação Física e Desportos (ENEFD) na antiga Universidade do Brasil, hoje, Universidade Federal do Rio de Janeiro, e instituiu o primeiro currículo mínimo para a formação de profissionais na área. Desde então diversas foram às modificações curriculares sofridas nos cursos de formação de profissionais de Educação Física.

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e francês, até então utilizados, mas preparar o futuro educador, sob a influência da Pedagogia Nova.

Percebe-se que a educação física brasileira nos anos 80 deu um salto qualitativo não somente em relação à sua prática, mas também quanto aos seus pressupostos teóricos, dialeticamente produzidos e responsáveis pela superação dessa prática (OLIVEIRA, 1994).

Ainda segundo Oliveira (1994), já nos anos 70, foram incorporados elementos da Pedagogia ao corpus teórico da Educação Física brasileira, ainda que em sua

versão tecnicista, via didática. O velho jargão de que Educação Física é educação tornou-se realidade, mas foi apenas nos anos 80 que surgiu a perspectiva de educação física como prática social, pois até o final dos anos 70, apesar de ser importante pedagogicamente, a educação física ainda não era analisada em suas implicações políticas:

Os influxos médico-militares criaram a falsa ideia de que as práticas corporais eram neutras, cabendo aos professores de Educação Física preocupações eminentemente técnicas. Essa postura tecnicista vinha ao encontro da censura e da repressão impostas à sociedade brasileira (OLIVEIRA, 1994, p. 17).

A década de 80, mesmo com sua significativa produção teórica buscando

compreender a educação física como prática social, foi tida como período de “crise da Educação Física”, porque todas essas discussões entre intelectuais e acadêmicos revelavam a instabilidade quanto à identidade e ao conhecimento próprio da área, o que não deixou de apresentar muitos pontos positivos, pois a partir desse quadro de impermanência houve, por exemplo, a busca de novos paradigmas para fundamentação da formação dos professores, bem como da redefinição de sua identidade social e profissional.

Em 1987, ao reconhecer a dinâmica da evolução desta área e a diferenciação da realidade regional do seu mercado de trabalho, o Conselho Federal de Educação emitiu a Resolução 03/CFE/87, que possibilitou a oferta de cursos de licenciatura (atuação no ambiente escolar) e/ou bacharelado (atuação no ambiente não escolar) em Educação Física.

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IES, esses graduandos se formariam em perspectivas diferenciadas. Na prática, muitas das instituições mantiveram os currículos inalterados, possibilitando aos

alunos a titulação em ambas vertentes. A resolução 03/87 afirma que “[..] a formação

dos profissionais de Educação Física será feita em curso de graduação que conferirá

o título de Bacharel e/ou Licenciado em Educação Física[..]”, criou uma

fragmentação profissional, decorrente dessa distinção de titulação, levando a maioria

dos cursos a uma formação “dois em um”, ou seja, uma espécie de licenciatura

ampliada, mantendo seus currículos conforme o proposto anterior à resolução 03/87

(SBORQUIA, 2008, p. 30).

Além de responsabilizar as próprias IES de assumirem a preocupação com a qualidade do curso, estimulando a mudança de atitudes dos profissionais e a minimização de distorções em nível institucional, a resolução supracitada fixou os princípios para a organização dos cursos em termos de percentuais a serem observados na formação geral (80%) e no aprofundamento de conhecimentos (20%), sem estabelecer, no entanto, um elenco de matérias e disciplinas a serem seguidas nos cursos.

Outro ponto relevante foi o aumento da carga horária, que passou para 2.800 horas-aula, a serem integralizadas em, no mínimo, quatro anos (HUNGER et al., 2006).

Sobre esta mesma resolução, os princípios da autonomia universitária foram resguardados, uma vez que foi delegada às IES a competência para que construíssem marcos referenciais (conceituais) dos perfis profissionais desejados, elaborassem a nomenclatura, ementas e carga horária das disciplinas e, por fim, que as instituições de ensino enriquecessem seus currículos plenos com os conteúdos de interesses regionalizados (DAVID, 2003).

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O que se observa é que com a possibilidade da montagem de currículo generalista houve certa dificuldade de ultrapassar uma estrutura curricular burocrática, de transcender o modelo de ensino voltado para a mera transmissão da técnica, o que por sua vez não impediu a proliferação de cursos superiores em Educação Física pelo país com metodologias e currículos dos mais contraditórios e discrepantes entre si (DAVID, 2003).

Este fato será demonstrado quando se analisar as grades curriculares das IES no que concerne ao ensino da ginástica (e suas diversas nomenclaturas).

Outra crítica é quanto ao crescimento desordenado das IES, que parece ter proporcionado um ganho em abrangência, mas perdido em profundidade:

Associada ao exercício concomitante de funções profissionais, a formação universitária do professor de Educação Física, para fugir à tradicional identificação com a formação de atletas esportivos, orientou-se, nos últimos tempos, no sentido generalista, pouco compreendido pelos responsáveis pela formação que, ao invés de compreendê-la como estudos básicos que possuíssem generalidade de conteúdos que permitissem gerar conhecimento para o exercício das diferentes funções profissionais, o fizeram com pinceladas superficiais dos diferentes conteúdos necessários, acarretando sobrecarga em alguns currículos e deficiência em outros (COSTA, 1988, p. 209).

Em mais de uma década após a resolução 03/87 foi dado, enfim, aos profissionais da área o reconhecimento oficial da profissão de Educação Física. Com o advento da Lei 9.696/98 não só ocorreu o reconhecimento conjunto do profissional como se conferiu a possibilidade do estabelecimento e definição legal para a criação e implementação do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) e dos respectivos Conselhos Regionais de Educação Física (CREFs), órgãos de controle da qualidade do exercício dos profissionais desse campo do conhecimento no Brasil.

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sendo discutidas no Conselho Nacional de Educação.

Em ocasiões anteriores – Resoluções MEC/CFE 69/1969 e 03/1987 (apud

CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, 1987), quando ocorreram propostas de mudanças na preparação profissional dessa área, principalmente antes da existência do Sistema CONFEF/CREFs, algumas reuniões acabaram ocorrendo sem a presença maciça e efetiva dos responsáveis legítimos pela formação profissional em Educação Física, os quais não tinham sempre a oportunidade de estar participando das discussões, ou mesmo contribuindo para a tomada de decisões (MIRANDA, 2007).

Assim, observa-se que, apesar de todos os avanços, é até hoje ponto delicado a generalidade e, não raras vezes, a pouca profundidade dos conhecimentos passados no Ensino Superior àqueles que se tornarão professores de Educação Física, sobretudo pelo fato da transmissão do ensino ainda se calcar na tradição behaviorista, que não se preocupa com a formação de profissionais com potencial crítico, valorizando essencialmente a mera técnica.

2.2 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA ALÉM DA TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTOS TÉCNICOS: O ENFRENTAMENTO DE PROBLEMAS CORRENTES

Quanto à formação do profissional de Educação Física os estudos levantados indicam como problemáticas a formação acrítica, a-histórica e a-científica; os currículos com pouca prática esportiva; a ênfase no paradigma da aptidão física com forte influência da área biológica (MIRANDA, 2007).

Contraditoriamente, não se evidencia a proximidade da área com as reivindicações colocadas nas licenciaturas em geral. A ênfase das preocupações curriculares recai na produção científica, ou seja, na busca do estudo epistemológico da Educação Física e na formação via bacharelado (TAFFAREL, 1993):

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que se pretende é avaliar de que forma ambas coexistem ou deveriam coexistir na formação do profissional em Educação Física e se neste está se desenvolvendo capacidade crítica tanto sobre a técnica como sobre a prática que lhe é transmitida e vivenciada.

O que se tem visto é que a formação de professores que tem acontecido na perspectiva de treinamento técnico pode ser classificada como cultura acadêmica da passividade (KINCHELOE, 1997; FREIRE, 1998). Já durante os cursos, os futuros professores, em seus momentos de estágios, aprendem a ser supervisionados, tendo de escrever, de forma cuidadosa, os objetivos tidos como comportamentais e os planos de curso/aula, de acordo com o formato fornecido pela instituição (KINCHELOE, 1997; FREIRE, 1998).

Num ensino assim, no qual os conhecimentos técnicos e mesmo práticos são passados de forma a não estimular o aluno à sua análise crítica, o profissional estará sempre atrasado e com dificuldades de acompanhar o desenvolvimento da sociedade e da própria matéria que leciona. Tampouco será um agente transformador e facilitador de transformação no ambiente em que atua (CUNHA, 2008), ou seja, é preciso repensar o processo educativo, revendo os vínculos entre teoria e prática, propondo rupturas quanto à fragmentação do conhecimento em áreas e disciplinas e reconhecendo a importância de uma sólida formação teórica, pois somente assim será possível dar ao professor subsídios para a problematização de sua prática pedagógica e para a intervenção social cotidiana (CUNHA, 2008).

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consciente da atividade a ser exercida. A aprovação de MEC em cursos que não apresentam locais adequados para o desenvolvimento do curso, bem como falta de acervos específicos para consultas dos alunos representam dificuldades neste atual modelo educacional (CUNHA, 2008).

Mas esta é apenas a primeira característica da formação do profissional em

Educação Física – que se poderia identificar, sem dúvida, como um dos problemas

desta formação. Há ainda outros. A falta de material específico para a prática das diversas das modalidades dificulta o entendimento das atividades e movimentos e até mesmo o conhecimento do graduando dos equipamentos com que deveria atuar, tanto na sua fase de formação quanto ministrando aulas de Educação Física. Soma-se a isto a dificuldade de os professores acharem solução para resolver esSoma-se problema, como por exemplo, por meio da adaptação de materiais (SBORQUIA, 2008).

De acordo com Cunha (2008), algumas IES não investem na compra de materiais, o que demonstra a existência de certo sucateamento no que concerne a formação de maneira geral. Aponta-se ainda como problema a falta de espaço físico adequado para o desenvolvimento das aulas; as salas super lotadas, que impedem o professor trabalhar dando a atenção necessária aos alunos.

Enfrenta-se ainda o problema da capacitação técnica inadequada, quando professores ministram aulas de outras áreas, extrapolando a formação: há docentes que assumem diferentes disciplinas, tendo que preparar várias aulas, muitas vezes de assuntos que não dominam em detrimento do baixo valor hora-aula e às vezes por imposição da universidade (DAVID, 2003).

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dos professores nas suas relações educativas cotidianas (SBORQUIA, 2008) e na competência do gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional e pessoal (DAVID, 2003).

Com as reformas atuais a prática não é vista como uma aplicação da teoria, mas um espaço de produção de saberes e de formação para os saberes. De acordo

com as diretrizes curriculares nacionais, “[...] a aprendizagem deverá ser orientada

pelo princípio metodológico geral, que pode ser traduzido pela ação-reflexão-ação e aponta a resolução de situações-problemas como uma das estratégias didáticas privilegiadas[...]” (CNE, 2002/CP 1: parágrafo único). Assim sendo, o ensino na formação inicial se estabelece como uma prática reflexiva, em que a pesquisa se situa como instrumento para esta formação (SBORQUIA, 2008).

Pelo exposto, nota-se que houve progresso no reconhecimento por parte de membros do próprio mundo acadêmico no sentido de que as IES em Educação Física precisam harmonizar o ensino teórico, prático e pedagógico dos conhecimentos de sua área. No entanto, a realidade aponta que ainda há um hiato na prática universitária no sentido de implementar currículos e metodologias capazes de formar um profissional com compreensão e aptidão abrangente, porém profunda do seu papel transformador de Educador na sociedade.

2.3 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

2.3.1 Qualidade de Vida no Trabalho

As pesquisas relacionadas à Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) foram iniciadas nos anos cinquenta e apresentaram diversas fases. Segundo Limongi-France (2009), as pesquisas surgiram na área de saúde, englobando mais tarde a psicologia, sociologia e administração.

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Muitos são os fatores desencadeadores de ações de QVT. As questões que envolvem a qualidade de vida não são aleatórias (LIMONGI-FRANCE, 2009). As mais comuns de acordo com seus pesquisadores são:

 Ênfase no bem-estar e na satisfação do trabalhador, concomitante a

preocupação com o aumento da produtividade, da eficácia e da efetividade organizacional. Huse e Cummings, Hackman e Lawler, Nadler e Lawler, Werther e Davis, Walton, Fernandes, Macedo, Hanashiro e Vieira;

 Valorização da participação dos trabalhadores no processo de

tomada de decisão, nos problemas do trabalho e nas questões relacionadas à reformulação de cargos. Huse e Cummings, Hackman e Lawler, Guest, Nadler e Lawler, Werther e Davis, Walton, Fernandes, Macedo.

 Ênfase na perspectiva humanista de pensar sobre pessoas, trabalho

e organização. Huse e Cummings, Nadler e Lawler, Westley, Walton, Hanashiro e Vieira.

No entanto, com o advento da era da informação e comunicação, temas como responsabilidade social, envelhecimento da população e desenvolvimento sustentável fizeram surgir novos paradigmas paras as questões de QVT. Alguns desencadeadores típicos de QVT da sociedade da informação e comunicação são:

Vínculos e estrutura da vida pessoal: família, atividades de lazer e esportes, hábitos de vida, expectativas de vida, cuidados com a saúde, alimentação, combate à vida sedentária, grupos de afinidades e apoio; Fatores socioeconômicos: globalização, tecnologia, informação, desemprego, políticas de governo, organizações de classe, privatização de serviços públicos, expansão do mercado de seguro-saúde, padrões de consumos mais sofisticados; Metas empresarias: competitividade, qualidade do produto, velocidade, custos, imagem corporativa. Pressões organizacionais: novas estruturas de poder, informação, agilidade, co-responsabilidade, remuneração variável, transitoriedade no emprego, investimento em projetos sociais(LIMONGI-FRANCE, 2009, p. 24).

2.3.2 Conceitos de Qualidade de Vida no Trabalho

(24)

e/ou percepção das pessoas em relação ao trabalho, particularmente resultados individuais relacionados à satisfação com as tarefas e saúde mental. O foco era dirigido, portanto, às consequências pessoais da experiência de trabalho e à forma de enriquecer tal atividade com vistas à satisfação de necessidades individuais.

Segundo Silva (2004), a QVT foi concebida como uma abordagem, ou um método. Passou a ser definida em termos de técnicas específicas usadas para reformular o trabalho, como o enriquecimento de cargos e tarefas, grupos de trabalho autônomos e semi-autônomos, comissões, dentre outros. Em seguida, QVT foi definida como um movimento, uma ideologia a ser promovida em função de seus

valores sociais positivos. Termos como “administração participativa” e “democracia industrial” caracterizam esta ideologia.

Por fim, QVT também foi vista como um conceito global, envolvendo todos os tipos de programas e perspectivas que visam à competição externa, problemas de qualidade ou, mesmo, com insatisfação de empregados. Este conceito, segundo Huse e Cummings (1985), leva as pessoas à confusão acerca do que QVT realmente é; bem como cria expectativas não realísticas acerca de sua abrangência e de seus resultados (SILVA, 2004).

2.4 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

A vida moderna e as exigências no âmbito do trabalho levam os indivíduos a, gradativamente, desenvolver algum tipo de distúrbio, uma vez que as atribuições diárias, a má alimentação, a falta de tempo para o lazer, o pouco tempo para o des-canso e o sono acabam resultando em má qualidade de vida e, consequentemente, em estresse (MELEIRO, 2002). Em parte isso tem ocorrido devido à qualidade de vida do trabalhador não estar dentre as prioridades das organizações, uma vez que, em vez de procurarem aumentar a capacidade das pessoas de ascenderem e realizarem conquistas, estão fazendo com que um maior número de trabalhadores sacrifique sua vida e pretensões pelo bem estar das empresas (MASLACH; LEITER, 1999).

(25)

demanda da população infantil e do sistema educacional (comportamento do aluno,

design do mobiliário escolar, iluminação das salas de aula, o nível de ruído, a

temperatura ambiente, excesso de trabalho extra classe, relacionamento entre professores, falta de capacitação, indisciplina dos alunos, falta de condições para exercer o magistério, má formação profissional e falta de apoio dos diretores).

Para Salim (2004), capacitação, salário, tempo de docência e condições de trabalho (estrutura física e quantidade de alunos) são fatores que podem exercer grande influência no estado emocional desses profissionais.

Ante as exigências cotidianas e as metas a serem atingidas num período curto, entre outros, os professores não têm tempo para cuidarem de si e são levados a enfrentar situações estressantes no seu cotidiano escolar, que podem, em longo prazo, interferir sobre a sua saúde geral (MOLINA, 1996). No que se refere ao professor de Educação Física, há de se considerar, ainda, que, em sua maioria, ficam expostos a outras condições estressantes – tais como luz do sol, poeira e ruídos ambientais –, pois nem todas as escolas possuem, por exemplo, quadras cobertas (MOLINA, 1996).

Em pesquisa de Silva e Nunes (2009), onde investigaram o stress do

professor de educação física, os dos pontos mais relevantes para o desgaste foram as características das atribuições profissionais do professor de Educação Física, pois a execução de suas atividades exige que se fique em pé durante toda a aula.

Nesse mesmo estudo foi identificado que a maioria (65%) dos avaliados sentia desconforto ou dores físicas durante o trabalho, sendo o ato de trabalhar em pé apontado por 39%, como o principal responsável por tais sensações. Foram observados que os profissionais que apresentaram as necessidades menos satisfeitas no domínio físico desempenhavam atividades de maior esforço físico e mobilidade. No caso dos professores de Educação Física, deve-se considerar, também, que o processo ensino/aprendizagem dos jogos, lutas, danças, ginásticas, esportes, atividades rítmicas e expressivas, entre outros, em sua maioria, necessita de demonstração por parte do professor.

(26)

residentes em Porto Alegre - RS - apontou a multiplicidade de funções como condição predisponente ao esgotamento profissional.

Em relação ao ambiente físico, sabe-se que as condições de trabalho do profissional de Educação Física não são as melhores, uma vez que a exposição ao sol e à poeira é frequente. Além disso, há de considerar que as aulas de Educação Física frequentemente são realizadas em locais abertos, fazendo com que a voz dos professores fique exposta à competição sonora do ambiente (SILVA; NUNES, 2009). De acordo com Pereira, Santos e Viola (2000), a prática docente em ambientes ruidosos leva os professores a elevar a intensidade da voz devido à competição sonora e à necessidade de superar os ruídos circundantes.

2.5 PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE E SUA NORMATIZAÇÃO

A atividade laboral desempenhada pelo trabalhador, em regra, está interligada à sua permanência no ambiente de trabalho. Assim, é primordial que este ambiente seja preservado, não se restringindo tão-somente ao ambiente laboral, mas neste em sentido amplo (SILVA; NUNES, 2009). Conforme a legislação especial (Lei 6.938/81, art. 3º, I), é ele “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as

suas formas.” Sobre o meio ambiente, a Constituição Federal estabelece em seu art.

225:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 2012).

É também em razão da preocupação com a preservação do meio ambiente

que a Constituição Federal, em seu art. 7º, inciso XXII, dispõe ser necessária “a

redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e

segurança” (BRASIL, 2012).

Sobre esse dispositivo constitucional, afirma Carlesso (2008, p. 212):

afiguram-se “preceitos concretos, que estabelecem direitos e obrigações dos atores

de qualquer relação jurídica que utilize a força de trabalho humana.”

Ainda sobre o tema ora abordado, sustenta o referido autor:

(27)

trabalho e considerarmos que toda atividade econômica deve ser fundada na valorização do trabalho humano poderemos assegurar uma existência digna a todos e todas, como determinou, com efeito, o caputdo art. 1701 da nossa CF/88 (CARLESSO, 2008, p. 212).

Destaque é de ser dado também à lição de Andrade (2003, p. 49):

De que o cerne da proteção, o bem objeto da tutela constitucional, é o direito à sadia qualidade de vida, proveniente do equilíbrio ecológico do meio ambiente, considerado em sua unidade, na qual se evidenciam quatro aspectos, reunidos pelas suas características comuns.

Menciona, outrossim, Santos (2005, p. 55):

Existe uma íntima conexão entre direitos humanos e meio ambiente. O primeiro constituindo-se o núcleo basilar do Estado Democrático de Direito, posicionando-se como gênero em matéria legal de proteção aos cidadãos e este último como uma das espécies daqueles direitos.

Destaca, ainda, este autor poder ser definido o ambiente de trabalho como:

[...] o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independentemente da condição que ostentam (homens, mulheres, ou menos de idade, celetistas, servidores públicos, autônomos, etc [...]) (SANTOS, 2005, p. 56).

Nessa esteira, é a lição de Melo (2001) ao afirmar que o legislador constituinte, no caput do art. 225, ao usar a expressão sadia qualidade de vida,

optou por estabelecer dois sujeitos de tutela ambiental: um imediato, que é a qualidade do meio ambiente, e outro também imediato, que é a saúde, o bem-estar e a segurança da população, que se vêm sintetizando na expressão da qualidade de vida.

Frente a essas considerações, se extrai a conclusão de não configurar o meio ambiente apenas um direito individual e sim um bem estar coletivo, que reclama uma atuação mais firme e precisa tanto do Estado quanto dos setores organizados da sociedade (aí incluídos os empregadores), no sentido de assegurar aos trabalhadores um ambiente de trabalho saudável e seguro.

Também Melo (2006) esclarece que depois da Constituição Federal, um dos mais importantes instrumentos de tutela do meio ambiente é a Lei 6.938/81 (LPNMA) que, ao lado de outros dispositivos constitucionais e legais (CLT e Portaria 3.214/77 do TEM), forma o arcabouço de proteção ao meio ambiente do trabalho e à saúde do trabalhador. Entretanto, nem sempre isto é observado, diante da preocupação

1 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem

(28)

principal dos agentes econômicos de “[...] atender com mais rapidez e eficiência os interesses financeiros das grandes empresas monopolistas e, com isso, apregoam a dispensa da tutela e intervenção do Estado, inclusive nas relações de trabalho.”

(GOMES, 2007, p. 432):

Tais exigências colidem com os princípios fundamentais a reger o Estado Democrático de Direitos, eis que, sob sua égide, acima dos interesses voltados a aumentar a eficiência produtiva, mantendo-se o alto nível de competitividade, está a dignidade do trabalhador. Assim e bem ao contrário do que propugnam esses ideólogos do neoliberalismo, ao Estado cumpre cada vez mais intervir nas relações jurídicas, para garantir a realização dos direitos fundamentais de cada cidadão, principalmente por meio do trabalho enquanto meio preponderantemente para assegurar o direito à vida com dignidade (GOMES, 2007, p. 432).

Fica evidenciado assim, que a legislação pátria assegura a proteção ao meio ambiente e ao trabalhador tanto como um direito fundamental de observância no âmbito das relações trabalhistas quanto o da sociedade como um todo, ferramentais, que, conforme citação acima referida, precisam ser utilizados no campo do Direito Social.

2.6 PROTEÇÃO JURÍDICA À SAÚDE DO TRABALHADOR

Sobre o tema é primordial que, mesmo diante da incerteza de que qualquer risco possa prejudicar a saúde física e emocional do trabalhador, tenha o empregador como norte os princípios da dignidade humana bem como dos valores sociais do trabalho, no que concerne ao ambiente de trabalho (USSIER, 2007). Objetivando a efetivação desse princípio, convém lembrar os dispositivos constitucionais, bem como os infraconstitucionais e outras normatizações que atuam como instrumentos de tutela. Aludido direito encontra assento no art. 1º, inciso III e IV, da Lei Maior, e assim está posto:

Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela União indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – [...] III - a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (BRASIL, 2012).

Para que este ideal se consolide há que se dar prioridade ao ser humano e não somente ao aspecto econômico de qualquer atividade, reforçando-se ao já manifestado no item antecedente. A norma foi prevista como fundamento aos valores sociais do trabalho segundo o inciso IV.

(29)

constitucional, vem sendo ressaltada pelos juristas, com o objetivo de se buscar uma vida saudável, livre dos riscos das doenças, evitando, assim, que acidentes ocorram no ambiente de trabalho.

Há doutrinadores, que, a exemplo de Ussier (2007, p. 19) sobre o mesmo enfoque, assim se expressam:

[...] é necessário ter em mente que o que se protege, ao intervir no ambiente de trabalho, é a saúde, bem ambiental, e, como tal, direito de todos. E a saúde não se vende, nem mesmo pelos adicionais de insalubridade garantidos como direito social do trabalhador, em evidente antinomia constitucional com o direito da saúde, antinomia esta que precisa ser solucionada pelo intérprete à luz do disposto na última parte do art. 5º, caput da Lei de Introdução ao Código Civil, ou seja, em atenção às exigências do bem comum.

Sustenta, ainda, o mesmo autor:

[...] é preciso compreender que as questões relativas ao meio ambiente de trabalho interagem e afetam o meio ambiente como um todo e devem ser vistas como ponto de convergência e equilíbrio na busca da sustentabilidade da existência do homem no planeta Terra não mais apenas no futuro, mas agora, uma vez que o modelo econômico global – apesar de suas decantadas vitórias midiáticas – já está em franco colapso (USSIER, 2007, p. 20).

Prossegue ainda Ussier (2007), afirmando que é na busca dessa articulação que se pretende lembrar que o atual ordenamento jurídico contempla amplas possibilidades para a defesa do meio ambiente de trabalho e da saúde do trabalhador como direito de todos no campo do Direito da Saúde, para atendimento das exigências do bem comum, ferramentais esses que precisam ser conhecidos e utilizados também no campo do Direito do Trabalho:

[...] ainda que no âmbito do Direito do Trabalho possa ser entendido que aquela equação perversa do pagamento dos adicionais de insalubridade e periculosidade tenha se resolvido pelo adimplemento do patrão, continuará este obrigado, perante o Direito da Saúde, de adotar medidas efetivas de controle no meio ambiente de trabalho de sua responsabilidade para eliminar, diminuir ou prevenir os riscos à saúde de seus trabalhadores. E assim é, porque na dicção da Constituição Federal a saúde é uma bem que transcende à pessoa de seu portador: é direito de todos.

(30)

obrigatória, gravado pela intangibilidade e indisponibilidade, no ordenamento jurídico pátrio, a partir das normas constitucionais.

O mesmo alcance tem o inciso XXII, do art. 7º da Constituição Federal ao estabelecer: Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visam à melhoria de sua condição social: I – [...] XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. Vale

mencionar, ainda, as disposições contidas no art. 196 da Constituição Federal2, que

estabelecem ser a saúde um direito de todos e um dever do Estado. Também, o art. 200 da Lei Maior estatui competir ao sistema único de saúde, além de outras atribuições, nos termos da lei. [...] VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

Nesta esteira, doutrinadores, juristas e especialistas da área têm procurado encontrar soluções para a melhoria da qualidade de vida dos empregados, no sentido de resguardá-los dos riscos inerentes à atividade laboral. Nesta linha, destaca Santos (2005) que existe uma íntima conexão entre direitos humanos e meio ambiente. Ainda para o autor, os direitos humanos constituem o núcleo basilar do Estado Democrático de Direito, assumindo posição de gênero em matéria legal de proteção aos cidadãos, enquanto o direito ao meio ambiente se configura uma espécie desses direitos.

Na mesma linha de raciocínio, ensina Simão de Melo (2006, p. 50-51):

É certo que a proteção e defesa da dignidade da pessoa humana e dos direitos da personalidade alcançam importância impar neste novo século, principalmente em virtude dos avanços tecnológicos e científicos experimentados pela humanidade, que potencializam cada vez mais os riscos nos ambientes de trabalho. Tais riscos são agravados diante das diretrizes estabelecidas pelo capitalismo globalizado dos séculos XX e XXI, que não prioriza soluções para as questões sociais e humanitárias. A sua primazia é o aspecto econômico que se sobrepõe a qualquer outro. [...] Estes fatos têm contribuído de maneira decisiva para a degradação das condições de trabalho no Brasil e em países chamados emergentes, submetidos francamente às regras internacionais, com aumento de acidentes e doenças do trabalho. Diante disso, o valor ou princípio da dignidade de pessoa humana deve ter sentido de normatividade e cogência e não de meras cláusulas “retóricas” ou de estilo ou de manifestações de

bons propósitos, daí porque é preciso dar tratamento adequado aos instrumentos de efetivação dos direitos que poderão realmente garantir a dignidade do trabalhador e o valor verdadeiramente social do trabalho, como estabelece a nossa Carta Maior [...].

2 Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e

(31)

Diante da constatação do autor acima citado, mais se verifica a necessidade

de se priorizar a questão “saúde”, evitando-se o alto índice de acidente de trabalho por meio de um comportamento positivo dos empregadores propiciando um ambiente de trabalho digno e seguro. Somente assim, estará assegurada a dignidade do empregado, enquanto ser humano, sujeito a direitos e obrigações.

Os trabalhadores, por si ou por seus representantes (sindicato de classe –

CIPA, etc.), devem buscar soluções em seus locais de trabalho, no intuito de evitar acidentes de trabalho. Com isto, estarão evitando problemas sérios de saúde que poderão demandar prejuízos para eles próprios.

A esse respeito afirma Oliveira (2004) que o Direito torna-se mais respeitado quando os seus destinatários exigem a sua proteção, invocam a sua tutela. A efetividade será maior quanto mais o cidadão, o trabalhador ou o sindicato reivindicarem os cumprimentos dos dispositivos legais que garantem a saúde do trabalhador. Aliás, o pequeno progresso nesta área, conseguido nos últimos anos, decorre do maior volume de ações ajuizadas para exigir a reparação dos danos causados.

Ainda Melo (2006) destaca ser oportuno lembrar que a obrigação das empresas com relação à prevenção de riscos ambientais não é somente adotar medidas preventivas de segurança e fornecer equipamentos aos empregados, mas também instruir os trabalhadores e conscientizá-los da necessidade de se evitar acidentes, podendo, para tanto, utilizar-se de seu poder disciplinar em face do empregado recalcitrante.

A solução relativa à saúde do trabalhador está na conscientização de todos, seja empregador, trabalhador, órgãos internacionais (a exemplo – a OIT – que institui convenções que tratam diretamente do tema – saúde do trabalhador), ou ainda, o Estado, inclusive no que concerne a uma melhor atuação no setor de saúde, e de fiscalização do cumprimento das normas trabalhistas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, por meio de suas DRTs (MELO, 2006).

2.7 OS DANOS CAUSADOS PELA EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO ULTRA VIOLETA

(32)

A RUV é a região do espectro eletromagnético emitido pelo sol, abrangida entre os comprimentos de onda de 100 a 400 nanômetros (nm). Essa radiação está conceitualmente dividida em três sub-regiões: UV-C, UV-B e UV-A (Figura 1) (WHO, 2002).

Figura 1. Espectro Eletromagnético da Radiação Solar

Fonte: http://naturequimica.blogspot.com (2010)

A radiação solar pode ser dividida em três grupos, segundo o seu comprimento de onda. A faixa do ultravioleta é ainda subdividida em três (Quadro 01): a UVA, entre 400 e 320 nm; a UVB, entre 320 e 280nm; e a UVC, entre 280 e 100nm.

Quadro 1. Faixa do Ultravioleta em UVC, UVB e UVA

Raio Intervalo espectral (nm) Características

UVC 100-280 Completamente absorvida pelo O2 e O3 estratosférico, portanto, não atinge a superfície terrestre. É utilizada na esterilização de água e materiais cirúrgicos.

UVB 280-320 Fortemente absorvida pelo O3 estratosférico. É prejudicial à saúde humana, podendo causar queimaduras e, em longo prazo, câncer de pele.

UVA 320-400 Sofre pouca absorção pelo O3 estratosférico. É importante para sintetizar a vitamina D no organismo. Porém o excesso de exposição pode causar queimaduras e, em longo prazo, causa o envelhecimento precoce.

(33)

De acordo com Oliveira, Glauss e Palma (2011), a maior parte dos raios UV que atinge a superfície da Terra é UVA. Em função da destruição constante da camada de ozônio, os raios UVB têm elevado sua incidência sobre a Terra.

Oliveira, Glauss e Palma (2011) afirmam que, na faixa de 280 para 320nm, a intensidade de radiação cresce vertiginosamente, ou seja, a intensidade é muito maior em 320 do que em 280 nm. No entanto, a sensibilidade biológica se comporta ao contrário, isto é, ela é maior em 280 nm, decrescendo rapidamente na direção de 320 nm. É esta variação da sensibilidade biológica que é chamada de espectro de ação, ou espectro de sensibilidade biológica, conforme figura 2:

Figura 2. Espectro de ação eritêmica

Fonte: Oliveira, Glauss e Palma (2011)

De acordo com Araújo e Souza (2008, p. 2):

As radiações UVB, embora de menor comprimento de onda e com menor poder de penetração na pele, sendo intensamente absorvidas pela epiderme, são as mais energéticas. Devido à sua alta energia, são os responsáveis pelos danos agudos e crônicos à pele, tais como manchas, queimaduras (vermelhidão e até bolhas), descamação e câncer de pele. Já as radiações UVA, de maior comprimento de onda, são menos energéticas e 600-1000 vezes menos eritematógenos que os UVB e penetram mais profundamente na pele atingindo a derme. As radiações UVA originam radicais livres oxidativos, sendo responsáveis pelo envelhecimento cutâneo precoce (fotoenvelhecimento ou envelhecimento actínico), por doenças de fotossensibilidade e também contribuem para o desenvolvimento do câncer. Diversos fatores influenciam e modificam a irradiância espectral da RUV. São relacionados ao tempo, geográficos e meteorológicos, conforme apresentam Okuno e Vilela (2005, p. 46):

(34)

atinge a Terra entre 11 e 13 horas, e entre 70 e 80% entre 9 e 15 horas. Estação do Ano; a irradiância da R-UVB diária, próximo ao equador (20º N), apresenta variação sazonal de mais 25% no verão e menos 30 % no inverno em relação à primavera/outono. Na zona temperada (40º N), esses valores correspondem a mais 70% e menos 70% respectivamente; Latitude geográfica: o fluxo da R-UV diminui com o aumento da distância ao Equador; Altitude: em geral, a cada quilômetro de aumento na altitude, o fluxo de RUV aumenta ao redor de 6%; Nuvem: a presença de nuvens no céu afeta muito a irradiância de radiação infravermelha, mas pouco a de R-UV. Se o sol estiver encoberto por nuvens, a quantidade de R-UVB ainda corresponderá a cerca de 50% daquela de um dia claro; Reflexão na Superfície: a neve e a areia contribuem muito para a refletância - cerca de 30% e 25% da R-UV, enquanto as superfícies terrestre e marítima refletem menos de 7%. Assim, se uma pessoa estiver sob um guarda-sol na praia, não recebe radiação solar direta, mas recebe a radiação refletida pela areia; Ozônio: é o fator mais importante de absorção da R-UV, principalmente da R-UVB e R-UVC solar dirigida à superfície terrestre.

Segundo Souza et al. (2009), a taxa de crescimento dos cânceres de pele evoluiu cerca de 113% entre 2001 e 2006, só ficando atrás da que corresponde ao câncer de próstata. Sendo assim, a Organização Mundial da Saúde (OMS), em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), a Organização Meteorológica Internacional (WMO) e a Comissão Internacional de Proteção às Radiações Não-Ionizantes (IC-NIRP) decidiram apresentar um projeto conjunto de proteção da população contra os efeitos danosos da R-UV. O projeto visa à associação de uma escala que denominada Ultravioleta - IUV - aos níveis de RUV relevantes aos efeitos biológicos estabelecidos no ser humano, que pode ser usado e compreendido facilmente e, dessa forma, adotado e divulgado diariamente em boletins meteorológicos (SOUZA et al., 2009).

Segundo Okuno e Vilela (2005, p. 76):

Esta decisão baseou-se no fato de que 90% das ocorrências de câncer de pele do tipo não-melanoma se dão em peles tipos I e II, conforme listado na Tabela 03. Além disso, ao proteger esses grupos, os demais, com pele tipos III, IV, V e VI, estarão automaticamente protegidos. É importante, entretanto, lembrar que, se estes últimos indivíduos são menos suscetíveis a câncer de pele, o mesmo não se aplica quanto aos efeitos nos olhos e no sistema imune.

Segundo CPTEC/INPE (2009), o IUV representa o valor de máxima intensidade diária da R-UV referente ao meio-dia solar. Como a cobertura de nuvens é algo muito dinâmico e variável, o IUV é sempre apresentado para uma condição de céu claro. Isto é, para ausência de nuvens que, na maioria dos casos, representa a máxima intensidade de radiação é apresentado como um número inteiro.

(35)

O Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) via http://www.cptec.inpe.br/ disponibiliza diariamente o IUV para a América do Sul, Brasil e suas regiões,

conforme exemplo da figura 3:

Quadro 2. Intensidade do Índice Ultravioleta

Fonte: http://satelite.cptec.inpe.br/uv/o_que_e_IUV.html (2012)

A seguir as precauções recomendadas pela Organização Mundial da Saúde:

Figura 3. Índice Ultravioleta (IUV)

Fonte: http://satelite.cptec.inpe.br/uv/ (2012)

CATEGORIA ÍNDICE ULTRAVIOLETA

BAIXO < 2

MODERADO 3 a 5

ALTO 6 a 7

MUITO ALTO 8 a 10

(36)

Em relação aos dados de insolação, estes permitem determinar o número de horas de sol disponíveis durante o dia. Esse valor permite avaliar, mesmo que de maneira aproximada, a disponibilidade de radiação solar efetiva nas localidades.

A intensidade com que as radiações alcançam o solo é denominada de intensidade de insolação e está relacionada à altura solar de cada lugar. A estação do ano, a quantidade de tempo de brilho solar, a nebulosidade e, sobretudo a latitude são os principais responsáveis pela duração da insolação (MENDONÇA; DANNI-OLIVEIRA, 2007). Ainda segundo Mendonça e Danni-Oliveira (2007, p. 38):

“A intensidade de insolação apresenta seus maiores valores nas regiões tropicais,

por volta dos 20º de latitude em ambos os hemisférios”. No entanto, além deste fator

de posição latitudinal, o que influencia mais diretamente a alta insolação destas áreas (20° a 40° de latitude Norte e Sul) é a predominância do ar subsidente nestas localidades.

2.8 RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA E CÂNCER DE PELE

Na perspectiva climática, segundo Sant’Anna Neto e Souza (2008, p. 71):

“considera-se a importância das variações do tempo atmosférico no surgimento de

vários sintomas, enfermidades e saúde, a qual é resultante das reações do

organismo humano às condições atmosféricas”.

Desde a década de 30, segundo Corrêa (2003), diversos estudos foram realizados no intuito de estabelecer uma relação entre o tipo de pele e a dose

mínima de radiação – denominada Dose Eritematosa Mínima (DEM) (ÜRBACH,

1969 apud GARCIA, 2004).

A classificação de Fitzpatrick (1988) (apud CORRÊA, 2003), apresentada na

tabela 2 e utilizada como referência por grande parte dos dermatologistas, é resultado de experimentos realizados com centenas de indivíduos de diferentes tipos de pele submetidos à exposição a quantidades controladas de R-UV. Nessa tabela, são apresentados valores da DEM (em mJ cm-2) de acordo com cada tipo de pele e com reação à exposição.

(37)

de seus hábitos de exposição (manhã, tarde, verão, inverno, etc.), do tempo de exposição acumulado ao longo dos anos, de sua idade, de suas condições de saúde e de sua alimentação (CORRÊA, 2003).

Como principal evidência da tabela de Fitzpatrick (1988 apud CORRÊA, 2003), pode-se verificar que indivíduos com pele mais clara precisam de uma dose de radiação menor para desencadear um processo eritêmico, em relação àquelas observadas por indivíduos de pele mais escura. Por esta razão, a incidência de doenças relacionadas à exposição à R-UV é muito maior em indivíduos de pele

branca, cabelos e olhos claros do que em mulatos e negros Diffey (apudCORRÊA,

2003).

Segundo Corrêa (2003), a prevenção do câncer de pele, inclusive os melanomas, inclui ações de prevenção primária, por meio de proteção contra luz solar, que são efetivas e de baixo custo. O autoexame também contribui para o diagnóstico precoce. Ao surgimento de manchas/sinais novos ou mudança em alguns, o indivíduo deve procurar o dermatologista. A educação em saúde, tanto para profissionais quanto para a população em geral, no sentido de alertar para a possibilidade de desenvolvimento de câncer de pele e de possibilitar o reconhecimento de alterações precoces sugestivas de malignidade, é outra estratégia internacionalmente aceita (OLIVEIRA; GLAUSS; PALMA, 2011).

Para grande parte dos brasileiros, pele bronzeada é sinônimo de beleza e saúde. No entanto, especialistas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) advertem: a exposição ao sol de forma inadequada pode trazer inúmeros prejuízos à pele, além de ser responsável pelo câncer de maior incidência na população brasileira - o da pele.

Segundo a SBD (2012), no ano de 2008 foram mais de 43.800 consultas alcançadas. Destes 65,4% confessaram tomar sol sem qualquer proteção e 10,8% foram diagnosticadas com câncer da pele. Cerca de 350 indivíduos, o que corresponde a 0,8% do total, apresentaram melanomas, o câncer de pele, responsável pelos maiores índices de letalidade.

(38)

e, apresentando suspeita de câncer da pele, são encaminhados para tratamento gratuitos.

A coordenadora nacional da campanha afirma que o diagnóstico precoce é determinante para garantir a sobrevida nestes casos e assegurar a escolha do tratamento mais eficaz e salienta que a exposição excessiva ao sol é o principal fator de risco do câncer da pele. Países como o Brasil estão mais expostos a esse tipo de doença e, por isso, é tão importante oferecer orientação a todos para diminuir a alta incidência e alcançar a cura, explica a dermatologista, informando que a população de pele clara está mais sujeita ao mal, mas nem por isso pessoas com outras tonalidades de pele devem se descuidar (informação verbal).

Segundo Oliveira, Glauss e Palma (2011), a radiação ultravioleta é vista como um dos mais importantes fatores de risco para o câncer de pele melanoma ou não

melanoma. Sendo assim, “[...] tem sido aceito que os profissionais que trabalham em atividades ao ar livre apresentam maior risco de desenvolver câncer de pele.”

(OLIVEIRA; GLAUSS; PALMA, 2011, p. 445).

Por está razão, em 2008 foram sancionadas duas importantes leis para proteção daqueles expostos à radiação solar durante sua jornada de trabalho, a Lei 4.182, de 21/07/2008 e a Lei 2.800, de 24 de outubro de 2011.

A Lei 4.182/2008 institui a política de prevenção e combate às doenças associadas à exposição solar no trabalho. Esta lei informa em seu art. 2° que a política consiste em ações voltadas à prevenção, diagnóstico e tratamento das

doenças associadas à exposição solar no trabalho. Além disso, define ainda no seu

art. 2°, § 1º as medidas associadas a essa política, das quais se destacam os seguintes incisos, in verbis:

I – fornecimento aos empregados expostos ao sol em virtude de suas atividades laborais de filtro solar, roupas ou outros meios que protejam da radiação solar;

II – implantação de medidas que reduzam a exposição dos trabalhadores ao sol nos períodos do dia com maior incidência de radiação;

III – implantação de medidas para a conscientização e o estímulo da utilização individual da proteção contra a radiação solar;

IV – divulgação de esclarecimentos sobre a forma correta de utilização da proteção contra a radiação solar;

VII – estabelecimento de parcerias com empresas e entidades para pesquisa e fornecimento de meios protetivos aos trabalhadores.

Imagem

Figura 1. Espectro Eletromagnético da Radiação Solar
Figura 2. Espectro de ação eritêmica
Figura 3. Índice Ultravioleta (IUV)
Figura 4. Relação dos Centros de Ensino com quadras de esportes
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Referências

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