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O Arquivo Fotográfico Ilustrativo dos Trabalhos Geográficos de Campo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): Proposta de Uma Matriz Para Análise Documentária da Paisagem :: Brapci ::

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XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB 2013) GT 2 - Organização e Representação do Conhecimento

Comunicação Oral

O ARQUIVO FOTOGRÁFICO ILUSTRATIVO DOS TRABALHOS GEOGRÁFICOS DE CAMPO DO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE): PROPOSTA DE UMA MATRIZ PARA ANÁLISE DOCUMENTÁRIA DA

PAISAGEM

Vera Lucia Punzi Barcelos Capone – IBGE Rosa Inês de Novais Cordeiro – UFF

Resumo

O presente estudo discute a análise e a indexação de paisagens da vida rural a partir das fotografias produzidas pelos geógrafos agrários do então Conselho Nacional de Geografia (CNG), entre os anos de 1940 e 1960, tendo por referência o Arquivo Fotográfico Ilustrativo dos Trabalhos Geográficos de Campo, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se de uma pesquisa exploratória que aborda a informação geográfica no âmbito da Ciência da Informação, voltada para a organização e a representação do conhecimento registrado no processo de transferência da informação. A partir de estudos sobre a paisagem levantados na literatura de Geografia e conjugado ao levantamento bibliográfico nas áreas de Arquivologia, Biblioteconomia, Ciência da Informação e História, buscou-se identificar conceitos e categorias que subsidiaram a proposta de uma matriz para análise e indexação de fotografias de paisagens. Os conjuntos fotográficos selecionados do acervo para o experimento referem-se às regiões brasileiras, Nordeste e Sul, de acordo com a primeira divisão oficial das regiões proposta pelo Conselho Nacional de Geografia, em 1941.

Palavras-chave: Fotografias – Análise e Indexação. Paisagens – Princípios de Análise e Indexação. IBGE – Arquivo Fotográfico Ilustrativo dos Trabalhos Geográficos de Campo.

Abstract

This study discusses the analysis and indexation of landscapes of rural life from photographs taken by agrarian geographers of the former National Council for Geography (CNG), between the years 1940 and 1960, having as reference the Illustrative Photographic Archive of the Geographical Works of the Field, the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). This is an exploratory research that addresses the geographic information within information science, aimed at the organization and the representation of recorded knowledge in the process of information transfer. From studies on landscape raised in the literature of Geography and conjugated to literature from the areas of Archival Science, Library Science, Information Science and History. We sought to identify concepts and categories that support the proposal of a pattern landscape photos analysis and indexation. The selected photographic sets for the experiment are referred to the Brazilian regions, Northeast and South, according to the first official division of the regions proposed by CNG.

Keywords: Photographs - Analysis and Indexation. Landscapes – Principles of analysis and indexing. IBGE – Illustrative Photographic Archive of the Geographical Works of the Field.

1 INTRODUÇÃO

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de paisagens da vida rural a partir da imagem fotográfica, visando sua indexação para fins de recuperação. O campo empírico de referência é o Arquivo Fotográfico Ilustrativo dos Trabalhos Geográficos de Campo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cujas imagens foram produzidas por geógrafos em expedições promovidas pelo Conselho Nacional de Geografia (CNG). O limite cronológico coberto pelo acervo abrange as décadas de 1940 a 1960.

Trata-se de uma pesquisa exploratória que aborda a informação geográfica no âmbito da Ciência da Informação, voltada para a organização e representação do conhecimento registrado no processo de transferência da informação, vinculando-se aos pressupostos epistemológicos que regem o campo de conhecimento da Ciência da Informação, entre outros, seus processos de construção, processamento da informação para acesso e respectivo uso.

As fotografias estudadas refletem imagens com características geográficas peculiares a cada região brasileira e são expressas por paisagens. Assim, procuramos entender os sentidos da paisagem e do espaço que rege a vida rural no contexto da época em que estes documentos foram produzidos, perguntando: como interrogá-los, que aspectos, categorias e pontos de acesso devem ser considerados para análise e indexação visando à recuperação destas fotografias, tendo em vista as demandas de usuários, a literatura das áreas de Geografia e Ciência da Informação, para, por fim, compreender a demanda da época?

Para responder essas indagações buscamos na literatura da área de Geografia os estudos empreendidos na conceituação, descrição e explicação da paisagem. Na literatura da área da Ciência da Informação nos pautamos no domínio da análise, descrição e indexação de imagens, para sua posterior recuperação. No entanto, para potencializar o conteúdo destes documentos tornou-se necessário ampliar os procedimentos metodológicos da análise indexadora através da abrangência das categorias e subcategorias que foram aplicadas na representação destes registros. De acordo com Cordeiro (2010), a amplitude dessas categorias pode ressaltar o domínio informativo na mediação entre o documento e o usuário do sistema de informação, seja ele real ou potencial. Outra questão que a autora acentua é a correspondência entre o propósito na indexação da imagem e o estabelecimento dos objetivos que se pretende alcançar, tendo sempre em vista as necessidades dos usuários. Diante disso, nesta pesquisa desenvolvemos uma matriz conceitual das categorias e subcategorias que serão analisadas no conjunto fotográfico e, em especial, para o exame das paisagens.

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imagens, considerando a época que foi gerada e em vista disso, o método de pesquisa dos geógrafos agrários, o sistema de informação atual e os usuários deste sistema.

Visando elaborar uma matriz para análise documentária da paisagem de natureza, identificamos na literatura da área de Geografia1, dedicando especial atenção à Revista Brasileira de Geografia, entre os anos de 1943 a 1968, os métodos de pesquisa dos geógrafos agrários do CNG no estudo da paisagem e sua compreensão acerca de seu conceito. Concomitantemente, procedemos ao levantamento bibliográfico em periódicos nacionais e internacionais, abrangendo o período de 2006-2011, teses e dissertações nas áreas de Biblioteconomia, Arquivologia, Ciência da Informação, Geografia, tendo em vista os anos de 2002-2012.

2 MARCO TEÓRICO-CONCEITUAL

O levantamento bibliográfico seletivo foi sistematizado por quatro análises. Primeiramente, examinamos a literatura nacional das áreas de Arquivologia, Biblioteconomia e Ciência da Informação, levando-se em conta artigos de periódicos, teses e dissertações, procurando-se compreender as principais tendências dos autores no que se refere à organização, análise e indexação de fotografias.

Em segundo lugar, o levantamento considerou artigos, teses e dissertações na área de Geografia que tratassem de fotografia, pois sendo esta pesquisa baseada num acervo fotográfico produzido por geógrafos e, também por fotógrafos, entendeu-se ser relevante conhecer os propósitos desta área no que diz respeito à fotografia para a Geografia.

Em seguida, examinamos os autores dos dois grupos, nacionais e internacionais, que produziram uma literatura substancial tanto para a área da análise e indexação da imagem, bem como na área da Geografia, nesta discutindo sobre as relações entre paisagem, espaço e fotografia, no período de 2006 a 2012.

Com base no levantamento bibliográfico, percebemos a recorrência dos termos Paisagem e Espaço, ideias-chave que determinaram o desenvolvimento desta pesquisa. Em seguida, selecionamos as referências que apresentaram os termos Paisagem e Espaço.

Tomando como ponto de partida o levantamento do termo Fotografia(s), para as áreas de Ciência da Informação, Biblioteconomia e Arquivologia, encontramos em Crippa e

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Consultamos também o Boletim Geográfico [do IBGE], de 1945-1956, a fim de levantarmos o histórico administrativo

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Lastoria (2010) reflexão sobre a articulação do discurso iconográfico revelando a construção do espaço como resultado de perspectivas culturais.

Com relação aos contextos que permeiam a análise fotográfica através da própria imagem e a legenda, o texto que pode acompanhá-la ou não, verificamos em Manini (2002) o domínio da Linguística aplicado no processo de análise documentária.

O domínio da Linguística também é abordado por Manini no que diz respeito à leitura de imagens e alguns leitores de imagens, destacando a importância da linguagem verbal na leitura de imagens, que se estabelece nas diferenças entre texto e discurso visual (MANINI, 2011).

Na área de Arquivologia, em Lopez e Borges (2009) deparamo-nos com a visão arquivística sobre os documentos fotográficos, cujo tratamento privilegia o conteúdo das imagens, não levando em consideração o contexto arquivístico para sua organização e descrição, em que os autores tecem certa crítica no que diz respeito à valorização visual na contemporaneidade. Ainda nesta área, Murguia e Registro (2006), defendem o arranjo arquivístico como sendo um ato de comunicação, onde a fotografia possui valor de análise e leitura, pois além do significado agrega sentido a partir da sua disposição. Para Queiroz Filho (2010), a fotografia pode representar a construção da memória de um lugar, possibilitando ler e significar o mundo. Segundo ele, a cartilha visual dada pela fotografia através de uma política espacial normalizada funcionaria como mapa das imagens.

Nas revistas de Geografia e na base de dados da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações obtivemos resposta significativa em nosso levantamento para os

termos/assuntos como Fotografia(s) e IBGE. Pesquisando o termo “Fotografia(s)” naquelas

revistas, tivemos a oportunidade de chegar ao conceito de paisagem e espaço, que percorre os diferentes territórios e regiões brasileiros. Richter, Marin e Decanini (2010) se referem à contribuição da análise espacial para compreender o mundo, sendo a leitura do espaço geográfico o estudo de diferentes territórios e regiões.

A paisagem, enquanto produtora de significados é vista por Evaneide Melo (2008) como campo, instância e lugar de conhecimento, fazendo parte também do processo cultural posto estar condicionada a valores de sentido.

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sensoriamento remoto. A utilização de sensores na produção de geoinformações se inicia, ainda no século XIX, pelo emprego do sensor fotográfico, a câmara fotográfica.

A resposta à busca do assunto “IBGE” nos apontou a utilização das microrregiões propostas pelo IBGE como meio de se redefinir a paisagem e assim revelar as potencialidades da parcela do território, como observa Passos (2008/2009).

Quanto ao assunto “Vida Rural”, Santos (2011) debate a conceituação de espaço rural

através da sua caracterização, a qual engloba o que é agrícola e não agrícola, sendo aquela unindo formas de produção, consumo, comportamento, infraestrutura e técnicas que relacionadas entre si podem expressar o ambiente, a vida, como rural ou não, numa discussão que aborda não apenas o tipo de produção, mas também o modo de vida de um determinado grupo social num dado espaço.

Considerando os assuntos “Paisagem” e “Espaço”, nos deparamos com uma discussão

profícua, que nos dirigiu a apontamentos singulares analisados por Blanc-Pamard e Raison (1986) apresentados na Enciclopédia Einaudi, em seu volume oito, dedicado à Região; e pelo geógrafo Milton Santos.

Conforme Blanc-Pamard e Raison (1986, v. 8), paisagem é um termo habitualmente utilizado no cotidiano, mas seu significado é polissêmico, sendo empregado por várias disciplinas tão vagas quanto variadas. A compreensão da paisagem é vista sob o olhar de diversas culturas e de acordo com cada época foi influenciada pelas artes, religião, filosofia, entre outros aspectos.

Em direção a uma conceituação de paisagem, os autores acima citados apresentam a definição atribuída pela escola francesa, citando Georges Bertrand (1972). Para o geógrafo francês, paisagem é a combinação dinâmica de elementos físicos, biológicos e antrópicos configurando-se num sistema global, pois Bertrand (1972 apud BLANC-PAMARD; RAISON, 1986, v. 8) descarta a ideia de uma simples junção de elementos geográficos, no qual não se considera as implicações da participação do homem.

A construção do conceito de paisagem pelo geógrafo Milton Santos (2009) se associa ao enfoque do espaço geográfico como um híbrido, pois o espaço é um resultado inseparável de sistemas de objetos e sistemas de ações, daí sua tese por uma necessidade epistemológica na distinção entre paisagem e espaço:

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Santos (2009) analisando a paisagem pelo viés da temporalidade a interpreta como transtemporal, pois une objetos reais passados e presentes e, segundo ele mesmo define, uma construção transversal. Já o espaço assume uma construção horizontal, pois é sempre um presente, uma situação única criada em momentos históricos diferentes.

O levantamento bibliográfico sobre o termo/assunto “Fotografia” na base de dados da

Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, nos direcionou para as ideias-chaves sobre política de indexação no processo de análise e indexação de fotografias, alinhadas às necessidades do usuário e ao perfil da instituição, exemplificado por Amaral (2009). Outra ideia-chave selecionada é aquela que aborda a temática da paisagem dos pontos de vista da história da arte, fotografia e geociências presentes nos trabalhos de Baptista (2010), Lüersen (2010) e Melo (2008).

Aqueles autores recorrentes que trouxeram importantes contribuições para a questão da indexação de forma geral e sendo aplicada ao documento fotográfico nos serviços de informação, tratam do trinômio: análise, indexação e recuperação de informações.

Na análise de documentos no âmbito descritivo, tendo por base a análise de conteúdo voltada para unidades de informação com grandes estoques informacionais, bibliotecas, arquivos e museus, por exemplo, e considerando-se a tipologia do documento primário a ser descrito, neste caso a fotografia, este processo será influenciado pela sua materialidade, nas observações de Guinchat e Menou (1994). No que tange as imagens, a sua percepção apresenta mais ambiguidades daquela compreendida numa frase escrita, para a qual os meios de controle são imediatos, quando se pode lançar mão de dicionários. De acordo com estes autores, a natureza do documento exerce grande influência na operação de análise e tradução dos assuntos. Para eles, documentos como anuários, patentes e relatórios de experiências apresentam quase sempre os mesmos elementos.

Lancaster (2004), em seu livro “Indexação e resumos” no capítulo destinado às bases de dados de imagens e sons, examina as várias questões relacionadas à indexação de imagens fazendo uma criteriosa análise das várias contribuições de outros autores neste campo. Em seus argumentos, chama atenção para o fato de as imagens diferirem da recuperação de textos, pois oferecem ampla variedade de características, consideradas por muitos como níveis variáveis de abstração. Em seu trabalho, cita também vários sistemas desenvolvidos para permitir a busca de imagens, entre eles o Query by Image Content (QBIC).

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procedendo a uma retrospectiva que aborda os impactos exercidos pela criação de novas tecnologias nesta área de estudo. Sobre indexação de assuntos dos materiais iconográficos, refere-se aos desafios na tradução da imagem ao se fazer a transposição da percepção imagética, que deste processo resulta uma informação cognitiva, pois se lida com a interpretação semântica do contexto cultural envolvido, sendo necessário aliar neste aspecto a experiência do profissional envolvido com a indexação.

Paralelamente a estes conceitos discutidos na área de análise, indexação e recuperação de informações, vale relatar as ponderações de Raper (2011) com relação à informação geográfica. Em artigo de revisão, este autor chama atenção para o fato de a informação geográfica ser pouco explorada pela Ciência da Informação, embora ofereça um vasto campo para discussões, dado seu aspecto multidisciplinar. Neste ponto, faz uma crítica ao considerar que a informação geográfica não se limita apenas aos mapas, abrangendo, no entanto, uma vasta gama de informações.

Segundo o autor, o desafio para a Ciência da Informação é compreender a representação do espaço, reconhecendo suas relações e características variáveis, pois como dado a ser recuperado também necessita de tratamento e padronização. Complementando esta ideia e tendo nossa pesquisa como referência uma das coleções do acervo fotográfico do IBGE, entendemos oportuno mencionar o trabalho de Maroun e Neves (1996) que aborda normas para indexação de nomes geográficos.

O estudo das autoras se refere à normalização dos elementos de entrada para descrição dos nomes geográficos, com um nível de especificidades para os nomes geográficos brasileiros2: “A produção de informações geográficas é um dos objetivos do IBGE, o que faz da normalização dos nomes geográficos uma necessidade prioritária para seus serviços de

recuperação e disseminação de informações [...]” (MAROUN; NEVES, 1996, p. 7).

Por fim, lançando nosso olhar para a fotografia como testemunha do real e atuando por esta razão como instrumento e documento de pesquisa, que cria uma visão do mundo a partir do mundo, moldando uma memória, redocumentando espaços, objetos e momentos fotografados, prosseguimos no levantamento bibliográfico relacionando paisagem e imagem fotográfica na construção da memória da vida rural, encontramos em Schama (1996, p. 17) respaldo para esta abordagem:

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Pois, conquanto estejamos habituados a situar a natureza e a percepção humana em dois campos distintos, na verdade elas são inseparáveis. Antes de ser um repouso para os sentidos, a paisagem é obra da mente. Compõem-se tanto de camadas de lembranças quanto de estratos de rochas. [...] É evidente que o próprio ato de identificar (para não dizer fotografar) o local pressupõe nossa presença e, conosco, toda a pesada bagagem cultural que carregamos. Afinal, a natureza selvagem não demarca a si mesma.

A dimensão da fotografia na construção da memória social também é associada à produção de sentidos, como resultado de uma atividade social, que pertence a um contexto sociocultural (MAUAD, 1996).

No que tange ao processo de construções de realidades a partir da imagem, a fotografia estabelece um confronto entre passado e presente ativado em nossa memória pelos arquivos visuais. A realidade passada é fixa, no entanto está sujeita a inúmeras interpretações contribuindo para a construção de novas realidades, como observa Kossoy (2009).

Aquela primeira realidade expressa pela representação plástica de um determinado instante e materializada pelo objeto fotográfico dará início a um novo e contínuo processo, do qual resultará o documento. E é graças ao documento, que podemos estudar a dimensão conceitual da paisagem, a seguir.

3 SOBRE A PAISAGEM: DIMENSÃO CONCEITUAL

Historicamente, a paisagem avança do contexto do sagrado para a humanização do olhar a partir da Renascença. Do confinamento para a autonomia do visível sendo vivenciada, fotografada e teorizada. É a partir de sua teorização, que desenvolveremos a discussão conceitual da paisagem empreendida por geógrafos acerca dos elementos que a compõem, no decurso de suas formas; e por historiadores, na representação de suas formas simbólicas por meio da dimensão histórica que assumem ao longo do tempo.

Optamos, dessa forma, iniciar esta discussão expressa por duas categorias defendidas por Santos (2009, p. 62): a de configuração territorial e as relações sociais, isto é, consequência da ação humana. Santos em sua fala:

No começo da história do homem, a configuração territorial é simplesmente o conjunto dos complexos naturais. À medida que a história vai fazendo-se, a configuração territorial é dada pelas obras dos homens: estradas, plantações, casa, depósitos, portos, fábricas, cidades etc; verdadeiras próteses. Cria-se uma configuração territorial que é cada vez mais o resultado de uma produção histórica [...] (SANTOS, 2009, p. 62).

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natural e todo resultado da ação humana que se objetivou. Os objetos são esse extenso [...], isso que se cria fora do homem e se torna instrumento material de sua vida [...]

Outra abordagem repousa em Cruz (2002), ao apontar um certo consenso na

compreensão da paisagem “como a porção visível do espaço geográfico”. Na classificação da

paisagem, a autora se reporta a Dollfus (1991 apud CRUZ, 2002, p. 107) ao se referir às

paisagens como reflexo dos espaços, ou, sua “porção aparente”: as paisagens podem ser

divididas em três categorias, quais sejam naturais, modificadas e organizadas:

A paisagem natural corresponde a um meio que “tanto podemos saber, não foi submetido,

pelo menos em data recente, à ação do homem” (1991). Uma paisagem modificada seria, para

o autor, aquela que sofreu, em algum momento, uma transformação provocada pelo homem em função de queimadas ou da prática de atividades pastorais. Já as paisagens organizadas

“representam o resultado de uma ação meditada, combinada e contínua sobre o meio natural”

(DOLLFUS, 1991 apud CRUZ, 2002, p. 107-108).

Sobre as características intrínsecas fundamentais da paisagem, Cruz (2002) as divide em três classes, de acordo com uma análise espacial: sua concretude (as formas naturais), sua fixidez no espaço (sua forma-conteúdo e que, assim, fixa-a no espaço) e sua dimensão histórica (o valor simbólico das paisagens muda de acordo com os movimentos sociais).

A respeito das paisagens organizadas, a autora as define como sendo aquelas criadas pelo turismo, atendendo a projetos motivados para atrações turísticas:

As paisagens artificiais criadas pelo turismo destoam (por vezes, completamente) de seus entornos, tanto no que se refere às características naturais e construídas desses entornos e à natureza e cultura recriadas por essas paisagens como no que se refere aos seus significados. Essas paisagens são frutos de intervenções planejadas, movidas pelo objetivo único e exclusivo de promover a sua apropriação pela prática social do turismo (CRUZ, 2002, p. 112).

Pires (1999), por sua vez, analisa a qualidade intrínseca da paisagem destacando que os elementos perceptíveis fazem parte dos quatro grandes componentes paisagísticos, sendo eles o relevo, a água, a vegetação e as atuações humanas. A esses componentes, são associadas propriedades visuais básicas como forma, cor, linha, textura, escala e tempo que exercem a função de expressão plástica da paisagem quando observada (BOMBIN, 1987 apud PIRES, 1999, p. 165).

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Macedo (2002) concorda que paisagem possui um conceito amplo – seguindo a mesma linha de pensamento Blanc-Pamard e Raison (1986, v. 8), visto na seção três – e várias acepções que se entrelaçam. O autor concebe a ideia de paisagem “como a expressão morfológica das diferentes formas de ocupação e configuração de um território e, portanto, da

transformação do ambiente em um determinado tempo”.

Desse modo, na visão do autor acima citado, à paisagem se vincula a ideia de habitat, contendo espaços preenchidos por comunidades de seres vivos onde pode haver partes ou o todo de ecossistemas diferentes. O autor aponta, então, três tipos de qualidade para a paisagem, que são:

a) Ambiental: características do solo, clima e dos ecossistemas3 existentes;

b) Funcional: o funcionamento da sociedade, seus valores sociais e culturais, representados através de seu modo de vida;

c) Estética: os valores atribuídos por cada comunidade - considerando-se a linha do tempo - aos seus bens culturais, por exemplo, conjuntos arquitetônicos (MACEDO, 2002 ).

A paisagem considerada no domínio da dimensão histórica é analisada por historiadores4 fazendo parte de um sistema cultural, no qual a presença de imagens de campos verdejantes exerce influência na visão de mundo de quem os contempla (BURKE, 2004).

Determinados períodos da história fazem com que a paisagem onde há árvores, campos, rios e rochas remetam a associações, convertendo-se em arquivos da memória:

[...] Consta que os historiadores devem chegar ao passado sempre através de textos, ás vezes através de imagens; coisas que colhem, sem nenhum risco, na redoma das convenções acadêmicas; devem olhar, mas não tocar. No entanto, um dos meus professores mais queridos [...], sempre me dizia que era preciso vivenciar um local, usar “o arquivo dos pés”. Meu tema era o mito e a memória da paisagem, e essa imensidão coberta de árvores [...] (SCHAMA, 1996, p. 33-34).

Os olhares que repousam sobre a paisagem, tanto pelo prisma da Geografia através de suas formas concretas quanto pelo prisma de historiadores considerando suas formas simbólicas, nos direcionam para o entendimento de que a paisagem alcançou uma dimensão multidisciplinar que converge ao status de arquivos de conhecimentos, tão apropriado para os campos de estudos da Ciência da Informação.

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Sistema integrado e autofuncionante que consiste em interações dos elementos bióticos [as diversas populações de animais, plantas e bactérias] e abióticos [fatores externos como a água, o sol, o solo, o gelo, o vento], e cujas dimensões podem variar consideravelmente. Vocabulário básico de recursos naturais e meio ambiente. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, 2004.

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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

No desenvolvimento deste estudo, conforme já apontado, o referencial teórico foi obtido por meiodo mapeamento na literatura da área Geografia, que discute os elementos que compõem a paisagem, suas formas naturais, modificadas e organizadas, como também suas características intrínsecas. Tal concepção nos possibilitou levantar as principais categorias e subcategorias de análise que deveriam estar presentes na matriz a ser aplicada na análise documentária de fotografias de natureza para suaposterior recuperação, através de pontos de acesso que potencializam a sua recuperação pela perspectiva do usuário e sua contribuição para a construção da memória social desenrolada na vida rural.

É relevanteesclarecer que ao trabalharmos com o processo de categorização estivemos atentos em compreender a dimensão complexa deste assunto. Pois, os principais processos cognitivos que governam a percepção, a organização, o armazenamento, a recuperação e o uso da informação resultante da representação e tratamento da informação se originam na estruturação do conhecimento humano a partir de ideias mais abrangentes, relativas ao modo como os conceitos estão associados e se organizam sob o ponto de vista cognitivo formando uma rede semântica interligada (LIMA, 2010).

Sendo assim, entre os modelos cognitivos de categorização, isto é, os modelos clássicos e de protótipo (LIMA, 2010), adotamos a ideia de categoria clássica, conceituando-a

por suas características ‘necessárias e suficientes’(COLLINS; QUILLAN, 1969 apud LIMA,

2010), pois na estrutura da matriz que propomos as categorias e as subcategoriasidentificadas compartilham o mesmo grau de importância, não havendo distinção entre as mesmas.

No que tange a identificação do conceito e métodos dos geógrafos no estudo da paisagem, quanto em sua análise regional, nos apoiamos em artigos publicados na Revista Brasileira de Geografia, a fim de fornecer subsídios para a compreensão dos assuntos relacionados às características do território brasileiro, que se aplicam à paisagem da vida rural.

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Concluídas estas etapas, estabelecemos uma comparação com a descrição e a análise feitas anteriormente a esta pesquisa, no propósito de identificarmos as lacunas que se apresentam mediante a nova proposta, considerando o atendimento aos usuários do sistema, bem como as categorias e as subcategorias aplicadas na análise dos dados.

5 MATRIZ PARA ANÁLISE DA PAISAGEM

A proposta de matriz apresentada abrange quatro categorias que se subdividem em 21 subcategorias, dispostas em quatro quadros. As subcategorias foram identificadas e conceituadas a partir do mapeamento da literatura principalmente da área de Geografia.

Quadro 1 - Contexto Histórico de Produção; Quadro 2- Porção Aparente do Território; Quadro 3 - Configuração Territorial;

Quadro 4 - Paisagem Típica (Valor Simbólico).

A seguir, na matriz, são dispostos os termos (palavras-chave) selecionados na literatura citada e que correspondem ao conjunto de fotografias selecionado para o experimento.

Cabe esclarecer que, optamos por assinalar os termos pela sigla LC (uso de linguagem controlada)para aqueles que encontramos correspondência na lista de cabeçalhos de assuntos do catálogo de terminologia autorizada da Biblioteca Nacional. Por L (uso da linguagem natural) para aqueles retirados das legendas da própria fotografia ou da literatura mencionada (uso da linguagem livre). Com relação aos nomes de municípios, os mesmos foram consultados na Documentação Territorial do Brasil, sob a responsabilidade do IBGE.

Quadro 1 – Contexto Histórico de Produção

Categoria e subcategorias Conceituação Termos

Contexto Histórico de Produção Informações que identificam o

contexto social em que as fotografias foram produzidas (BURKE, 2004)

Ano da expedição/estudo;

Objetivo da expedição/estudo; Integrantes da expedição/estudo (L).

Quadro 2 - Porção Aparente do Território

Categoria e subcategorias Conceituação Termos

Porção aparente do Território O território, que vem a ser a base

geográfica do Estado (FERREIRA, [197-]), reflete-se em suas formas naturais tais como relevo, vegetação, clima e sua fixidez no espaço (CRUZ, 2002).

Território (L), Relevo (Geografia) (L/LC), Vegetação (L), Clima (L), Espaço (L).

Regiões Áreas individualizadas identificadas por suas características físicas, humana e econômica que apresentam paisagem diferenciada (GUERRA, 1972).

Brasil, Nordeste; Brasil, Sul (LC).

Estado Agrupamento de unidades federadas

ligadas por ocorrências geográficas dominantes e características comuns, formando conjuntos peculiares e preponderantes (Resolução nº 72, de 14 de julho de 1941, da Assembleia Geral

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do Conselho Nacional de Geografia). Município Circunscrição administrativa autônoma

do Estado (FERREIRA, [197-].

Documentação Territorial do Brasil (Municípios das regiões Nordeste e Sul).Ex.: Moreno (PE) (DTB/LC).

Unidade com Categoria Administrativa Nomes próprios geográficos que representam unidades administrativas (MAROUN; NEVES, 1996).

Distritos, vilas, povoados, praças, parques, etc (L/LC).

Relevo Diversidade de aspectos da superfície terrestre que compõem as formas da paisagem física (GUERRA, 1972).

Chapadas (L); (L); Encostas (L); Escarpas (L); Montanhas (L); Planícies (L/LC); Planaltos (L); Pediplanos (L); Serras (L); Tabuleiros (L); Terraços (L/LC); Vales (L/LC); Várzeas (L/LC)

Vegetação Cobertura vegetal e florística do solo que individualiza uma região (GUERRA, 1962).

Matas (L); Florestas (L/LC); Cerrados (L/LC); Caatinga (L/LC); Babaçuais (L); Carnaubais (L); Carnaubeira (LC).

Climatologia Estudo dos climas do globo que explica certas formas de relevo e de cujos fatores geomorfológicos individuais dependem as relações do clima da paisagem respectiva (GUERRA, 1972).

Nordeste: Semiárido (Sertões); Semiúmido

(Serras); Úmido (Litoral) . Sul: Subtropical úmido. (L)

Quadro 3 – Configuração Territorial

Categoria e subcategorias Conceituação Termos

Configuração Territorial Intervenções humanas que operam

transformações no ambiente que se verificam nos estudos e análises regionais.

Intervenções humanas. Transformações ambientais.Análises regionais (L).

Imigrantes População não-ibérica que se estabeleceu no Brasil Meridional contribuindo para os traços originais da paisagem (WAIBEL, 1949; GEIGER; VIEIRA, 1962).

Alemães; Italianos; poloneses; japoneses; Russos (L/LC).

População Rural Pequenos proprietários rurais retirando da terra seu sustento (WAIBEL, 1949; MEINICKE, 1960).

Camponeses (L/LC); Colonos (L); Sertanejos (L/LC).

Atividades Econômicas Economia de consumo baseada na agricultura familiar e pecuária voltada para a autossuficiência (CÂMARA, 1948; MASCARENHAS, 1960).

Agricultura: Viticultura (L); Fruticultura (L/LC);

Extativismo vegetal (L/LC).

Pecuária (Criação de animais domésticos): Gado

(L/LC); Aves (L/LC); Coelho (L/LC); Ovelha (L/LC); Porco (L); Carneiro (L/LC). Unidade Autônoma Agrícola Local destinado à exploração

agropecuária exercida em pequena escala visando à autossuficiência (PROST, 1968).

Chácaras (L); Fazendas (L); Sítios (L/LC).

Unidade sem Categoria Administrativa

Nome próprio atribuído a propriedades privadas (MAROUN; NEVES, 1996).

Nomes de Sítios e Fazendas (L).

Áreas Rurais Áreas visando à autossuficiência de acordo com o relevo (CATALDO, 1962; PROST, 1968).

Campos (L); Pastagens (L/LC); Lavouras (L/LC).

Produtos Agrícolas Regionais Produtos do reino vegetal encontrados em estado nativo e produtos do reino animal vinculados ao clima e aos solos (SANTOS, 1962; PROST, 1968).

Algodão; Arroz; Babaçu; Cacau; Carnaúba; Coco; Cana-de-açúcar; Café; Cera de carnaúba; Fumo; Mandioca; Milho; Feijão; Uva; Madeira; Couros; Peles (L/LC).

Animais Domésticos Animais criados em áreas pastoris ou em edificações rurais visando atender necessidades e/ou atividades econômicas (PROST, 1968; STRAUCH, 1951).

Aves; Asinino; Boi; Cavalo; Carneiro; Coelho; Porco; Ovelha (L/LC).

Trabalhadores Rurais Pessoal fixado ao solo que desempenha atividades rurais e possui conhecimentos que atendem às exigências da região onde vive (BARROS, 1949).

Apanhadores (L); Bagaceiros (L); Carroceiros (LC); Cortadores (L); Carpinteiros (L/LC); Ervateiros (L); Feitores de cera (L); Lavradores (L); Prenseiros (L); Trouxeiros (L); Vaqueiros (L/LC). Instrumentos Agrícolas Instrumentos movidos a motor ou não

empregados para preparar o solo, plantar, cultivar, colher e transportar cargas (SMITH, 1947).

Arados (L/LC); Carroças (4 rodas) (L/LC); Carros de boi (2 rodas) (L); Caminhões (L/LC); Ceifeiras (L/LC); Enxadas (L); Semeadeira (L/LC); Adubadeira ( (L/LC); Tratores (L/LC); Picapes (Veículo utilitário) (LC).

Edificações Rurais Construções destinadas ao armazenamento de produtos agropecuários; abrigo e criação de

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animais domésticos que revelam a influência cultural (VALVERDE, 1948). Edificações Culturais Construções em alvenaria ou madeira

tendo por finalidade atender à população rural na aquisição da aprendizagem e culto religiosos localizados no centro do aglomerado (VALVERDE, 1948).

Capelas; Escolas; Igrejas (Edifícios) (L/LC).

Habitação Rural Construções em alvenaria ou madeira destinadas à moradia da população rural possuindo área reduzida e limitada por cercas (VALVERDE, 1948).

Casas de colonos (L); Casas de madeira (L/LC); Casas de palha de babaçu (L); Casas de fazenda (LC).

Quadro 4 – Paisagem Típica ( Valor Simbólico)

Categoria e subcategoria Conceituação Termos

Paisagem Típica (Valor Simbólico)

A memória social (SCHAMA, 1996; BURKE, 2004) está associada ao meio físico redocumentando espaços relacionados à vida rural que se desenrola naquelas regiões.

Memória coletiva (LC). Meio físico (L) . Formas Naturais (L) e Paisagens(L/LC).

Meio Físico (contexto geográfico)

Conjunto de formas naturais na paisagem que se articula com a percepção humana influenciando na visão de mundo (SCHAMA, 1996; BURKE, 2004).

Florestas (L/ LC); Matas (L); Caatinga (L/ LC); Cerrados (L/ LC); Rios (L/ LC; Rochas (L/ LC)

6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Comparando-se as imagens do acervo selecionadas, aplicando-se a proposta de matriz para análise documentária da paisagem e cotejando-as ao tratamento recebido anteriormente a este novo modelo, verificamos a ampliação das categorias de análise como pontos de acesso que resultam no aumento da precisão na recuperação da informação solicitada, uma vez que cada categoria indexada e selecionada pelo usuário se reverterá numa resposta mais completa à imagem pesquisada.

Atualmente, o sistema Infobib, que abriga as bases de dados dos materiais tratados

pela Gerência de Bibliotecas e Acervos Especiais (GEBIS), dispõe de um campo geral − na base Fotografias − para inclusão de assuntos, sem, no entanto, especificar as categorias que possam melhor representar um assunto, potencializando a completeza dos resultados que poderiam ser obtidos pelos usuários do sistema.

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Pelo princípio da margem de segurança, a matriz modelada garante ao indexador identificar pontos de acesso que relacionados ao documento, torna-o um indicador constante, visando diminuir a incerteza dos aspectos analisados na fotografia.

A abrangência de pontos de acesso expressa pelas vinte e uma categorias identificadas na matriz promove entre diferentes grupos de usuários o acesso coletivo às informações contidas no acervo, que pela leitura do indexador poderá impulsionar a interação entre usuário e/do documento.

Na concepção da matriz modelada, considerando a dimensão histórica e seu contexto de produção, juntamente aos preceitos das áreas de Ciência da Informação e Biblioteconomia, acreditamos estar colocando em prática o princípio da polirrepresentação quando se ampliam as categorias e as subcategorias de análise, que desse modo possibilita proporcionar a múltiplos grupos de usuários pontos de acesso para diferentes perguntas ao sistema. Ao analisar as particularidades que as imagens oferecem, expandimos também sua relevância que através de distintas abordagens confirmam o alto grau de interdisciplinaridade das fotografias

deste acervo, colaborando para que um número maior de usuários seja atendido em ‘seus questionamentos em diferentes níveis’, conforme pondera Cordeiro (2000).

Em síntese, guiando-nos pelos princípios que regem a representação documentária, percebemos por meio da matriz proposta e testada ser possível alcançar um padrão de segurança que influi nos resultados para recuperação destes conjuntos de documentos, quando comparados à análise anterior a esta nova proposta.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As respostas obtidas na categorização e na subcategorização das classes mostraram a relevância do arcabouço teórico selecionado e do procedimento metodológico desenvolvido, os quais foram fundamentados na literatura das áreas de Arquivologia, Biblioteconomia, Ciência da Informação, Geografia e História. Assim, foi possível identificar e levantar as características representativas da paisagem que integram e respaldam a matriz proposta.

Diante disso, a pesquisa desenvolvida se justifica, pois foi possível compreender os conceitos e os métodos utilizados pelos geógrafos agrários no estudo da paisagem, focalizando a vida rural, o que nos permitiu estabelecer e potencializar princípios (categorias e subcategorias) de análise e indexação no tratamento desse material integrante do Arquivo Fotográfico Ilustrativo dos Trabalhos Geográficos de Campo.

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assegurar princípios convergentes à margem de segurança dos aspectos que serão indexados, pois potencializam o grau informativo dos documentos, em especial os documentos deste acervo, que perante diferentes pontos de acesso promove a interação conferida pela sua interdisciplinaridade no conjunto total de documentos, os usuários de diferentes segmentos do sistema e alcança também futuros usuários.

Finalizando, a pluralidade de pontos de acesso sugerida nesta matriz funciona, pode-se dizer, como um vetor que confere ao Arquivo Fotográfico Ilustrativo dos Trabalhos Geográficos de Campo do IBGE o “certificado de presença” da fotografia, atestando sua condição de importante fonte de informação visual para a pesquisa no cenário da memória social.

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