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CUIDADO DE ENFERMAGEM: EVITANDO O RETARDO PRÉ-

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Elieusa Silva SampaioI Fernanda Carneiro MussiII

IEnfermeira. Mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia. Professora visitante do Departamento Ciências da Vida da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado da Bahia. Salvador, Bahia, Brasil. E-mail: elieusasampaio@uol.com.br.

IIEnfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia. Coordenadora do Grupo Interdisciplinar sobre o Cuidado a Saúde Cardiovascular. Salvador, Bahia, Brasil. E-mail: femussi@uol.com.br.

I

NTRODUÇÃO

A s doenças

cardiovasculares, que incluem as síndromes coronarianas agudas, constituem a prin- cipal causa de morbidade e mortalidade nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Em 2000, a mortalidade por essa causa, no Brasil, contribuiu com 27,4% da mortalidade total e o número de mortos por infarto agudo do miocárdio (IAM) nesse ano foi de 78.4421.

Sabe-se que mais de 50% das mortes por IAM ocorrem subitamente, antes da chegada do indivíduo

ao hospital e que o diagnóstico precoce salva vidas e melhora a qualidade de vida pela redução da possibi- lidade de morte arrítmica e melhora da função ventricular esquerda após o infarto2.

Em relação ao tempo de início do tratamento, o maior benefício foi observado naqueles indivíduos trata- dos o mais precocemente possível, seja com a terapia fibrinolítica, seja com intervenções mecânicas. Entre- tanto, o sucesso dessas técnicas de reperfusão coronariana é dependente do tempo, ou seja, quanto mais precoce-

RESUMO:

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RESUMO:

RESUMO: O estudo objetivou discutir a educação em saúde como integrante do cuidar de enfermagem às pessoas que sofrem infarto agudo do miocardio (IAM) e direcionada para a adoção de medidas de sobrevida face aos sintomas prodrômicos da doença.O trabalho de educação para profissionais de saúde, comunidade e indivíduos com doença aterosclerótica e/ou com risco potencial para IAM deve enfatizar a importância da procura de atendimento imediato após o início dos sintomas, os problemas decorrentes dessa demora, o reconhecimento dos sinais e sintomas e as ações imediatas diante do quadro coronariano. O enfermeiro tem a responsabilidade de organizar a informação, a educa- ção e o treinamento do público e de capacitar-se para atuar com competência técnico-científica, ética e humanística no cuidado a pessoas com IAM visando a redução do retardo pré-hospitalar.

Palavras-Chave Palavras-Chave Palavras-Chave Palavras-Chave

Palavras-Chave: Infarto do miocárdio; educação em saúde; cuidados de enfermagem; enfermagem em emergência.

ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT

ABSTRACT::::: This study discusses health education forming part of nursing care for people who suffer acute myocardial infarction (AMI) and directed towards adoption of survival measures in response to the prodromal symptoms. Education for health workers, communities and individuals with atherosclerotic illnesses and/or potential risk for AMI should emphasize the importance of finding care immediately following symptom onset, the problems incurred by delay, how to recognize signs and symptoms, and immediate action to be taken in response to coronary disease. Nurses are responsible for organizing the information, educating and training the public, and gaining qualification to act with technical and scientific, ethical and humanistic competence in healthcare for people with AMI, with a view to reducing pre-hospitalization delay.

Keywords:

Keywords:

Keywords:

Keywords:

Keywords: Myocardial infarction; health education; nursing care; nursing emergency.

RESUMEN:

RESUMEN:

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RESUMEN:

RESUMEN: Este estudio objetivó discutir la educación en salud como integrante del cuidar de enfermería a las personas que sufren infarto agudo del miocardio (IAM) y direccionada para la adopción de medidas de sobrevida frente a los síntomas prodrómicos de la enfermedad. El trabajo de educación para profesionales de salud, comunidad e indivíduos con enfermedad aterosclerótica y/o con riesgo potencial para IAM debe enfatizar la importancia de la procura por atendimiento inmediato luego al inicio de los primeros síntomas, los problemas resultantes de esa demora, el reconocimiento de los señales y síntomas y las acciones inmediatas delante del cuadro coronariano. El enfermero tiene la responsabilidad de organizar la información, la educación y el entrenamiento del público y de capacitarse para actuar con competencia técnica y científica, ética y humanística en el cuidado a personas con IAM visando a la reducción del retardo prehospitalario.

Palabras Clave Palabras Clave Palabras Clave Palabras Clave

Palabras Clave: Infarto del miocardio; educación en salud; cuidados de enfermería; enfermería en emergencia.

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O ato de cuidar, portanto, compreende uma ação interativa, baseada em valores e no conhecimento do ser que cuida para e com o ser que é cuidado. O cuidado ativa comportamentos de compaixão, de solidariedade, de ajuda, visando promover o bem e, no caso das profis- sões de saúde, o bem-estar da pessoa cuidada, a sua inte- gridade moral e a sua dignidade como pessoa.

No processo de cuidar, a relação caracteriza-se por estar com a pessoa, ou seja, quem cuida está com a pessoa cuidada, em seu mundo, e ambas são partici- pantes de um processo de descoberta e aprendizagem mútua11. No cuidado de enfermagem, profissão que tem como enfoque principal cuidar de pessoas, o cuidar não tem razão de ser se não considerar as experiências, as crenças e os valores das pessoas quanto à saúde e doen- ça12,13 e as limitações e dificuldades que dela resultam.

Dessa forma, o processo de cuidar de enfermagem é interativo e deve considerar a pessoa cuidada como elemento ativo do processo e responsável por seu pró- prio cuidado e preservação da própria existência5. Em um ensaio reflexivo, o cuidar é considerado como uma atenção à saúde voltada também para o sentido exis- tencial da vivência do adoecer, nas dimensões física ou mental, valorizando as práticas de promoção, prote- ção ou recuperação da saúde. Assim, o entendimento de que cuidar é tomar conta, é preocupar-se com al- guém e representa um conjunto de atos que têm por fim e por função manter e restaurar a vida e exige que se considere a educação para a saúde como atividade integrante do cuidado14.

Ao pensar na relação entre cuidado e educação, afirma-se que a educação como uma forma de cuidar transcende os preceitos básicos do cuidado, pois, por meio do ensino, potencializa-se a capacidade de edu- car, e sua utilização capacita as pessoas a intervir de forma construtiva/reflexiva, singular/plural, dinâmi- ca/flexível, num complexo histórico cultural de rela- ções humanas entre sujeitos, num sistema cíclico de relações, em que um aprende com o outro e este apren- der converge para a transformação de ambos, daqueles que os rodeiam e do meio no qual estão inseridos15.

A educação é atividade integrante do cuidar/

cuidado de enfermagem e precisa desenvolver-se num processo integral de assistência à pessoa, no âmbito hospitalar, ambulatorial, domiciliar e da comunida- de12. Portanto, o cuidar de enfermagem tem um papel de importância fundamental na educação em saúde, em diferentes contextos sociais, visando, especial- mente, a redução do retardo pré-hospitalar. Um dos maiores desafios da enfermagem hoje é atender às necessidades de educação para a saúde da população, considerada uma função independente na prática da enfermagem e componente essencial do cuidado.

Nesse processo de educação em saúde cada pes- soa requer cuidados específicos, pois apresenta conhe- cimentos, atitudes, capacidade de compreensão e ne- mente o fluxo coronário for restabelecido maior o be-

nefício obtido pelo paciente2,3. Portanto, diversas ações que objetivem a diminuição do retardo pré-hospitalar (período decorrido entre o início dos sintomas e a chega- da do paciente a um serviço médico de emergência) são imprescindíveis no sentido de reduzir a perda de vidas fora do hospital como também a mortalidade hospitalar4. Face aos sintomas prodrômicos do IAM, pacien- tes e pessoas em seu entorno precisam desencadear imediatamente uma série de decisões e ações visando o êxito do tratamento, o que demanda conhecimento e valorização da procura imediata de socorro médico.

Para tal, acredita-se que a educação em saúde, parte integrante do processo de cuidar em enfermagem, seja de fundamental importância. Um dos maiores desafi- os da enfermagem hoje é atender às necessidades de educação para a saúde da população, considerada uma função independente na prática da enfermagem e com- ponente essencial do cuidado que presta.

Nesse sentido, o presente estudo tem como obje- tivo: discutir a educação em saúde como parte inte- grante do cuidar/cuidado de enfermagem e direcionada para a adoção de medidas de sobrevida, especialmente por pessoas que sofrem IAM, visando a otimização des- sas ações até a chegada a um serviço de emergência.

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O cuidado é algo

inerente ao ser humano, que cuida e é cuidado desde o momento que nasce. Desde que há vida existem cuidados. Cuidar, prestar cuida- dos, tomar conta é, primeiro que tudo, um ato de VIDA, no sentido em que representa uma variedade infinita de atividades que visam manter e sustentá-la e permitir sua reprodução5.

Cuidar é mais que um ato, portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo e de desvelo. Re- presenta uma atitude de ocupação, preocupação, responsabilização e envolvimento afetivo com o outro6. No âmbito conceitual, o cuidar privilegia uma prática fundamentada em ações sistematizadas, sendo capaz de autodeterminar-se. É plena por compreender ações presentes em todas as fases do ciclo vital, nas diferentes manifestações do adoecimento, interagindo com o ser humano em suas complexas dimensões, in- clusive as interfaces psicossocioespiritual7.

O cuidar do indivíduo, grupo ou comunidade en- volve atos humanos deliberados, racionais, dotados de sentimento e fundamentados em conhecimento.O pro- cesso de cuidar envolve relacionamento interpessoal que deve ser baseado no sentimento de ajuda e de confi- ança mútua e desenvolvido com base em valores humanísticos e em conhecimento científico8-10.

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cessidades peculiares16. A tarefa do educador em saúde é levar o indivíduo a compreender as questões ligadas a seu bem-estar para que, de acordo com o que apren- deu e valorizou, direcione suas ações para a sua manu- tenção. Nesse sentido, a educação pode ser realmente transformadora, criativa e de valor cotidiano17.

O processo educativo relaciona-se ao amadure- cimento e ao desenvolvimento que conduz os indiví- duos para a ampliação de suas percepções. A percep- ção consciente e adequada das próprias condições de saúde ou doença é essencial para a mudança de com- portamento, que ocorre do atendimento das necessi- dades e motivações individuais. Cabe ao profissional que cuida auxiliar as pessoas na tomada de decisões e de ações em prol da preservação da saúde18.

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OSPITALAR

O cuidar para a

educação em saúde busca desen- volver no indivíduo capacidades que o levem a uma vida saudável e à promoção da saúde. Focaliza princi- palmente a melhoria das condições e estilos de vida de grupos populacionais específicos, apoiando-se em ati- vidades, educação e comunicação em saúde e formu- lando políticas públicas saudáveis nas várias esferas de governo nacional, estadual e municipal19. Esses pro- gramas são importantes pela cobertura e extensão de suas intervenções. Por isso, podem incluir orientações educativas e preventivas a respeito de como a popula- ção deve agir diante da suspeita de IAM, visando dimi- nuir o tempo de chegada aos serviços de saúde.

O cuidado deve contemplar as necessidades de educação em saúde dos indivíduos e, para que isto ocorra, deve-se utilizar um processo educativo que possa promover os sujeitos, capacitá-los para a reso- lução dos problemas de saúde e, sobretudo, para utili- zar os conhecimentos adquiridos como uma forma de prevenção das doenças e promoção da saúde16.

Diante do exposto, o cuidado à pessoa que sofre de IAM deve estar voltado para o tratamento e limi- tação de danos e para atividades de prevenção e pro- moção da saúde para diminuir a morbidade e a mor- talidade pela doença. Portanto, a educação em saúde é imprescindível no processo de cuidar, para evitar o surgimento e a progressão da doença cardiovascular e contribuir para seu controle.

No processo de cuidar visando a promoção da saúde, considera-se imprescindível que os profissio- nais de saúde incorporem o real significado desse tema, a promoção da saúde. Para tanto, devem capa- citar-se para intervir e auxiliar na compreensão da realidade de saúde da população, estimulando sua participação e autonomia. Devem buscar ações intersetoriais que lhes permitam atuar nos diversos fatores que interferem na saúde, como a educação, a habitação, o emprego, a renda, entre outros20.

A promoção da saúde é ampla e representa atu- almente uma das possibilidades de intervenção sobre a realidade sanitária do país, seja na perspectiva indi- vidual ou coletiva. Para isso, são utilizados modelos de atenção à saúde ou modelos assistenciais definidos como combinações de tecnologias (materiais e não materiais) que atuam nas intervenções sobre proble- mas e necessidades sociais de saúde19. Entre os mode- los de atenção à saúde, ou modelos assistenciais, desta- cam-se: os Programas Saúde da Família (PSF), que incluem ações territoriais que extrapolam os muros das unidades de saúde, enfatizando atividades educativas e de prevenção de riscos e agravos especí- ficos, com ações básicas de atenção à saúde de grupos prioritários; o programa Hipertensão Arterial e Dia- betes Melitus (HIPERDIA), que visa aumentar a pre- venção, o diagnóstico, o tratamento e o controle da hipertensão arterial e do diabetes melitus, mediante a reorganização da rede básica dos serviços de saúde/

SUS e tem ainda como objetivo reduzir o número de internações, a procura por pronto atendimento e os gastos com o tratamento de complicações, aposenta- dorias precoces e a mortalidade cardiovascular com a consequente melhoria da qualidade de vida da popu- lação; o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que presta socorro à população em situa- ções de emergência, entre outros. Esses programas são abrangentes e devem contemplar no processo de cuidar ações educativas que visem à redução do retar- do pré-hospitalar por IAM.

No contexto específico deste estudo, o cuidar demanda atividades educativas que visem evitar ou reduzir o retardo pré-hospitalar de pessoas com síndromes coronarianas agudas. Tais atividades po- derão contribuir para que as pessoas reconheçam os sintomas prodrômicos da doença e valorizem a pro- cura da ajuda imediata21.

Considerando que o retardo pré-hospitalar está associado a fatores relacionados à pessoa que sofre IAM, um trabalho de informação e educação comu- nitária para o pronto e correto reconhecimento ini- cial dos sintomas do ataque cardíaco tem sido preconizado22.A população precisa conhecer e reco- nhecer os sinais/sintomas de IAM, a importância de acionar um telefone de emergência à menor suspeita (SAMU-192) e agir prontamente nesse sentido23. Além disso, precisa saber prestar outras medidas de sobrevida no momento da situação de risco.

No Brasil, não obstante a possibilidade de pre- venção das doenças cardiovasculares, poucos progra- mas têm sido implementados24. Essa situação pode estar relacionada à escassez de recursos humanos ca- pacitados na área de saúde, à falta de priorização des- ta capacitação e das autoridades governamentais para a criação e manutenção de programas preventivos.

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Já nos Estados Unidos da América, diretrizes sobre o IAM, do American College of Cardiology/

American Heart Association, incluem recomendações para o envolvimento de escolas, igrejas, empresas, associações esportivas e grupos paramédicos em pro- gramas educativos sobre os sintomas do ataque car- díaco e a importância da rapidez no atendimento mé- dico nestas situações18. A American Heart Association, em 1992, e as Diretrizes Internacionais de Ressuscitação Cardiopulmonar e Atendimento Cardiovascular de Emergência da Aliança Internacional dos Comitês de Emergências e Ressuscitação (ILCOR), de 2000 e 2005, introduziram e reforçaram o conceito de unidade coronariana básica. Esse conceito transforma todos os locais em unidades coronarianas com pessoas leigas treinadas, capazes de reconhecer um evento coronariano agudo e de agir imediatamente para dimi- nuir a chance de parada cardiorespiratória, otimizar a ativação do serviço médico de emergência, promover tratamento inicial e suporte às vítimas antes da che- gada ao hospital e diminuir o tempo para a reperfusão miocárdica2.

A American Heart Association (AHA), Lung e Blood Institute lançaram nos Estados Unidos da América uma campanha intitulada Ação a tempo para ajudar as pes- soas que sofrem de IAM e para mostrar a importância de chamar o número 911 em situações de urgência, imediatamente após o início dos sintomas. Nesta cam- panha é apresentada às pessoas uma lista contendo os sinais e sintomas do infarto, como o desconforto torácico e em outras áreas do corpo (membros superi- ores e mandíbula), a dispnéia com ou sem a presença de desconforto torácico e outros sinais como sudorese, náuseas e vômitos. De posse destas informações, a pes- soa deve começar a ajudar a vítima rapidamente e ligar de imediato para o número 911. Se a própria pessoa não conseguir acionar os serviços médicos de urgên- cia, a orientação é chamar alguém e pedir para ser trans- portada até o hospital mais próximo. O socorrista deve incentivar a vítima a não dirigir, a menos que não te- nha absolutamente outra opção25.

A American Heart Association criou também um estudo de intervenção comunitária, visando evitar ou reduzir o retardo pré-hospitalar de pessoas com síndromes coronarianas agudas, que englobou os se- guintes objetivos: educação de médicos e líderes da comunidade; educação comunitária para informar e esclarecer a respeito dos sintomas do infarto e a neces- sidade de chamar o serviço médico de emergência; ofe- recimento de informações ao maior número de pesso- as possíveis; promoção da educação à saúde às pessoas de alto risco e a seus familiares. Vale ressaltar que essas intervenções, quando foram implementadas, não oca- sionaram redução no retardo pré-hospitalar, embora tenha ocorrido um aumento significativo na utili- zação dos serviços médicos de emergência nas co-

munidades estudadas26. Como se observa, o conhe- cimento apenas dos sinais e sintomas das síndromes coronarianas agudas não é suficiente para a redução substancial do retardo pré-hospitalar.

Estudos evidenciaram que a falha das campa- nhas públicas em massa é devido ao enfoque restrito nos sinais e sintomas do IAM e na importância de chamar os serviços de emergência com o objetivo de reduzir o retardo pré-hospitalar. Todavia a educação deve enfatizar também a necessidade do rápido trans- porte da pessoa acometida pela doença e demonstrar para as pessoas os benefícios do tratamento, quando administrados no menor tempo possível. Uma pes- soa poderá estar motivada a tomar decisões preventi- vas em ações de saúde, quando considerar a suscepti- bilidade e severidade das doenças e as consequências sérias que poderão advir da demora em procurar aten- dimento médico26.

Sem dúvida, a única forma de evitar complica- ções decorrentes da demora em procurar atendimen- to médico é intervir de maneira aapropriada e imedi- ata. Para tanto, é preciso realizar campanhas de pre- venção e conscientização referentes aos sintomas do IAM, controle dos fatores de risco27e orientações de técnicas de primeiros socorros face ao evento cardiovascular, garantindo uma ação rápida e um transporte seguro até chegar a um hospital.

Os programas de educação para evitar ou redu- zir o retardo pré-hospitalar, tanto para profissionais de saúde quanto para a comunidade e indivíduos com risco potencial para IAM, devem enfatizar a impor- tância da procura de atendimento imediato após o início dos sintomas, os problemas decorrentes dessa demora, o reconhecimento dos sinais e sintomas e das ações imediatas diante do quadro coronariano.

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ONSIDERAÇÕES

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INAIS

É importante reafirmar

que o êxito do tratamen- to do IAM não depende exclusivamente da ação ime- diata e correta do indivíduo e seus circundantes face ao evento cardiovascular, mas também da disponibi- lidade de um sistema de atendimento público de saú- de com recursos materiais, equipamentos e profissio- nais capacitados para seu atendimento. Os profissio- nais que prestam atendimento à saúde têm a respon- sabilidade não só de organizar a informação, a educa- ção e o treinamento do público, como também de capacitar-se para atuar com competência técnico ci- entífica, ético e humanística no cuidado e no trata- mento dispensados. Pacientes e profissionais de saú- de devem trabalhar juntos no intuito de reduzir o intervalo entre o início dos sintomas, a tomada de decisão e a iniciativa de procurar socorro21.

Por fim, deseja-se enfatizar a importância da atua- ção do enfermeiro nos programas educativos que visem

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à supressão ou redução do retardo pré-hospitalar face ao IAM, a qual é ampla, e abrange: a assistência direta ao indivíduo, grupos de comunidade, gerenciamento do processo de trabalho de enfermagem, formação de tra- balhadores de enfermagem e participação no processo de educação de recursos humanos de outras áreas, sem- pre considerando o contexto social e econômico do público alvo21. Com essa participação na formação e na capacitação profissional, o enfermeiro estará também contribuindo para o treinamento de agentes multiplicadores de ações pedagógicas preventivas.

A diferença na diminuição do retardo pré-hos- pitalar de pessoas com IAM poderá ser feita com es- forços e ações integradas da equipe de saúde, das au- toridades públicas e da comunidade em geral.

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Referências

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