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Comissão Temática Processante e Normatização

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Academic year: 2022

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Interessado: BIOSEV BIOENERGIA S/A

Assunto: Recurso especial contra decisão em auto de infração Relator: Conselheiro Plinio Back Silva (PGE)

Cuidam os autos de recurso especial interposto contra a decisão de fls 291 que confirmou o auto de infração lavrado em virtude da infração consistente danificar vegetação nativa em estágio pioneiro, considerada de preservação permanente, sem autorização do órgão ambiental, aplicando multa com base no artigo 44 da Resolução SMA 48/2014, no valor de R$ 657.900.

O recurso sustenta: Ausência de nexo causal e autoria; Inocorrência de reincidência específica em relação ao AIA 279222 (fls 14); Inaplicabilidade da responsabilidade objetiva.

Na sessão da Comissão Temática Processante e de Normatização, o Relator votou pelo conhecimento e improvimento do recurso, ante a existência de nexo causal e culpa por omissão, caracterizando responsabilidade subjetiva, bem como reincidência.

Submetido o recurso à discussão, os Conselheiros deliberaram pelo conhecimento e improvimento do recurso. Votação Unânime.

São Paulo, 8 de setembro de 2021.

PLINIO BACK SILVA Procurador do Estado Conselheiro do CONSEMA

(PGE)

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Autos nº 328536-2016

Interessado: BIOSEV BIOENERGIA S/A

Assunto: Recurso especial contra decisão em auto de infração

1. Tratam os autos de recurso especial interposto contra a decisão de fls 291 que confirmou o auto de infração lavrado em virtude da infração consistente danificar vegetação nativa em estágio pioneiro, considerada de preservação permanente, sem autorização do órgão ambiental, aplicando multa com base no artigo 44 da Resolução SMA 48/2014, no valor de R$ 657.900.

2. Conforme fls 7/8, não havia aceiros entre a cultura de cana de açúcar e a área de preservação permanente, além de ineficácia no combate ao fogo, resultando na destruição de 43,86 há.

Outrossim os aceiros da divisa estavam sem manutenção, além da falta de aceiro entre a estrada municipal. Consta, inclusive que funcionário da Fazenda (sr Donizete Aparecido Alves) que foi solicitado à Usina Santa Eliza que procedesse a limpeza da divisa da propriedade para evitar incêndios, porém tal providência não foi realizada.

3. A decisão impugnada foi proferida em 14/3/2019, confirmando a imposição da multa sendo que o Recorrente foi notificado às fls 292 verso, em 3/5/2019..

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15/5/2021, conforme fls 299 verso, pugnando pela anulação do AIA ou, subsidiariamente, afastar-se a reincidência para reduzir o montante da multa, com os seguintes fundamentos:

4.1. Ausência de nexo causal e autoria;

4.2. Inocorrência de reincidência específica em relação ao AIA 279222 (fls 14);

4.3. Inaplicabilidade da responsabilidade objetiva

É o resumo do processado.

5. As Resoluções Normativas 2/2019 e 3/2019 entraram em vigor em 2/7/2019, razão pela qual os pressupostos de admissibilidade do presente recurso devem ser apurados na redação original da Resolução Normativa CONSEMA 1/2013. Com efeito, é no momento em que é proferida a decisão que nasce o direito ao recurso, quando então se apura quais são os pressupostos recursais. No caso concreto, o pressuposto essencial é o valor da multa, que deve ser superior a 7.500 Ufesps ( valor da ufesp em 2019 R$ 26,53, equivalente a R$ 198.975), sendo que o prazo para interposição é de 15 dias naquele momento.

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6. Portanto, o recurso preenche os requisitos de admissibilidade. Porém, no mérito, não assiste razão ao recorrente.

7. Primeiramente, deve ser afastada a tese de inexistência de nexo causal para o evento e de que haveria aplicação do regime de responsabilidade objetiva.

8. Com efeito, constam dos autos três fatos que concorrem para o fogo que devastou a área objeto de autuação:

a) inexistência de aceiros entre a cultura de cana e a área de vegetação nativa de proteção permanente;

b) os aceiros da propriedade estavam sujos, de modo que não cumpriram sua principal função: impedir a propagação de fogo, especialmente pelo fato de que há sempre o risco de incêndio nas áreas em que se dá o cultivo da cana;

c) houve solicitação para que a autuada procedesse à limpeza dos aceiros, o que foi ignorado.

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omissões redundam em culpa da autuada e que se integram no nexo etiológico dos fatos que resultaram na queima de vasta área. Ainda que conseguisse demonstrar que não início ao fogo, sua conduta omissiva e culposa permitiu que evento danoso ocorresse, especialmente pelo fato de não introduzir aceiro entre a área plantada e a área de proteção permanente, permitindo a propagação do fogo e danificando a vegetação nativa.

Logo, não há falar em responsabilidade objetiva aplicada no caso, pois a decisão vergastada baseou-se na conduta culposa da autuada, que inclusive foi alertada para limpar os aceiros, mas quedou-se inerte.

10. Quanto à reincidência específica, sustenta a recorrente que esta não teria ocorrido, pois o paradigma eleito às fls 14 teria se dado em outro município e propriedade diversa. Segundo a recorrente, como esta possui diversos fornecedores e parceiros, a aplicação da reincidência seria indevida, pois são casos distintos, não havendo coincidência de agente infrator e conduta.

11. A reincidência vem prevista no artigo 6º da Resolução SMA 48/2014, com a redação dada pela Resolução SMA 83, de 13-10-2014:

Artigo 6° - O cometimento de nova infração ambiental pelo mesmo infrator, no período de 05 (cinco) anos, contados da lavratura do Auto de Infração Ambiental anterior devidamente confirmado por decisão administrativa transitada em julgado, implica:

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I - aplicação da multa em triplo, no caso de cometimento da mesma infração ambiental; ou

II - aplicação da multa em dobro, no caso de cometimento de infração ambiental distinta.

§ 1º - O trânsito em julgado a que se refere o caput se dará nos momentos processuais do artigo 43 do Decreto Estadual 60.342 de 04-04-2014, excetuando-se a hipótese de celebração do Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental, na qual será considerado na data da assinatura do referido documento

§ 2º - A majoração do valor da multa, em razão da reincidência, será apurada no processo da nova autuação, do qual se fará constar, por cópia, o Auto de Infração Ambiental anterior e a decisão administrativa que o confirmou.

12. No plano ontológico, os fatos sempre serão distintos, pois ocorrem em momento temporais e espaciais distintos.

Do contrário, jamais ocorreria a figura da reincidência. A norma supra transcrita estabelece a reincidência como o cometimento de uma nova infração administrativa em período de cinco anos. Ela será específica se sua capitulação normativa for idêntica; será geral se a nova infração for diferente.

13. Conforme fls 14, embora o local dos fatos não seja o mesmo, verifica-se que a conduta descrita é a mesma, tendo ocorrido trânsito em julgado em 25/2/2015, ou seja, em período inferior a 5 anos em relação aos fatos aqui tratados.

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para a incidência da reincidência específica prevista na Resolução SMA 48/2014.

Por todo o exposto, nosso voto é pelo conhecimento do recurso interposto e, no mérito, negar-lhe provimento, mantendo-se a decisão de fls 188/189.

São Paulo, 19 de agosto de 2021.

PLINIO BACK SILVA Procurador do Estado Conselheiro do CONSEMA

(PGE)

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