• Nenhum resultado encontrado

ESTIMATIVA DA PERDA AUDITIVA EM NEONATOS NASCIDOS EM HOSPITAIS MUNICIPAIS DE SÃO PAULO MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2019

Share "ESTIMATIVA DA PERDA AUDITIVA EM NEONATOS NASCIDOS EM HOSPITAIS MUNICIPAIS DE SÃO PAULO MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA"

Copied!
78
0
0

Texto

(1)

PUC-SP

Andréia Rodrigues Parnoff Stadulni

ESTIMATIVA DA PERDA AUDITIVA EM NEONATOS

NASCIDOS EM HOSPITAIS MUNICIPAIS DE SÃO PAULO

MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

(2)

Andréia Rodrigues Parnoff Stadulni

ESTIMATIVA DA PERDA AUDITIVA EM NEONATOS

NASCIDOS EM HOSPITAIS MUNICIPAIS DE SÃO PAULO

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Fonoaudiologia, sob a orientação da Profª. Drª. Doris Ruthi Lewis.

(3)
(4)

Stadulni, Andréia Rodrigues Parnoff.

Estimativa da perda auditiva em neonatos nascidos em Hospitais Municipais de São Paulo / Andréia Rodrigues Parnoff Stadulni – São Paulo, 2013. 74 f.

Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia. Área de concentração: Clínica Fonoaudiológica. Linha de Pesquisa: Audição na Criança. Orientadora: Profª. Drª. Doris Ruthi Lewis

Estimation of hearing loss in newborns born in São Paulo city hospitals 1. Prevalência. 2. Perda auditiva. 3. Recém-nascido

(5)

ESTIMATIVA DA PERDA AUDITIVA EM NEONATOS NASCIDOS EM HOSPITAIS MUNICIPAIS DE SÃO PAULO

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________________ Profª. Drª. Doris Ruthi Lewis - Orientadora

____________________________________________ Profª. Drª. Ana Cláudia Fiorini

____________________________________________ Profª Drª. Regina Mingroni Netto

____________________________________________ Profª. Drª.

(6)

Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução parcial ou total desta dissertação através de fotocópias ou meios eletrônicos.

___________________________________ Andréia Rodrigues Parnoff Stadulni

(7)

ESTIMATIVA DA PERDA AUDITIVA EM NEONATOS NASCIDOS EM HOSPITAIS MUNICIPAIS DE SÃO PAULO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Programa de estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia

Coordenadora do Curso de Pós- Graduação Profª. Drª. Léslie Piccolotto Ferreira

Vice-coordenadora do Curso de Pós- Graduação Profª. Drª. Doris Ruthi Lewis

(8)

O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.

Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.

(9)

Dedico este trabalho...

A minha filha Lauren, razão do meu viver;

Te amo!

(10)

Agradeço a minha orientadora Profª. Drª. Doris Ruthi Lewis pelos ensinamentos e paciência nestes 24 meses.

A minha grande amiga Leydiane Lima, pelas palavras de apoio e companheirismo nos momentos difíceis, amiga para o que der e vier, estarás no meu coração sempre!

A amiga e companheira de 24 meses de Mestrado Cristiane Cervelli, por sempre estar ao meu lado, nos momentos de alegria, tristeza. Você sempre esteve comigo, eu nunca esquecerei.

A amiga Gabriela Ivo, por me acolher na chegada ao Mestrado e pelas palavras de conforto nos momentos de aflição. Gosto muito de você e te admiro muito como amiga e profissional que és.

As colegas que me acolheram no Centro Audição na Criança quando lá cheguei: Helén, Sabrina, Taise, Natália, Daniele e Paloma. Obrigada pela atenção e paciência de passar a dinâmica do serviço. Em especial a amiga e colega Mabel Gonçalves pelos seus ensinamentos e dedicação a fonoaudiologia: admiro-te muito amiga!! Aos secretários do centro Audição na Criança: Eduardo e Marilei pela ajuda e dedicação.

Aos funcionários da PUC-SP: Marcos (Comitê de ética), João (biblioteca DERDIC), em especial a secretária da Pós Graduação em Fonoaudiologia: Virgínia.

As queridas professoras que muito aprendi e tanto admiro: Profª. Drª. Angelina Martinez, Profª. Drª. Beatriz Novaes e Profª. Drª. Beatriz Mendes.

Às professoras Drª. Ana Cláudia Fiorini e Drª. Regina Mingroni, pela orientação neste trabalho e como consequência a realização de um grande sonho de obter o título de Mestre.

(11)

Introdução: após a obrigatoriedade da triagem auditiva neonatal no Brasil, estudos científicos são pertinentes para que se possa traçar um perfil dos neonatos que estão sendo diagnosticados com deficiência auditiva no país. Objetivo: Estimar a perda auditiva (PA) em neonatos nascidos em Hospitais Municipais de São Paulo. Método: Fizeram parte da casuística desta pesquisa 37.479 neonatos nascidos em

11 hospitais municipais de São Paulo, residentes nas regiões sudeste, centro oeste, norte e sul, no período de outubro de 2010 a outubro de 2011. Destes, os com falha na Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU) eram encaminhados para os Centros de referência em saúde auditiva para diagnóstico audiológico e os com perda auditiva sensorioneural (PASN) realizavam avaliação genética. Resultados: do total de 182.986 nascimentos no município de São Paulo, 37.479 (20,48%) nasceram em 11 Hospitais Municipais ou conveniados e participaram da presente pesquisa. Do total de neonatos encaminhados para diagnóstico audiológico 0,2% (76/37.479), 76,3% (58/76) concluíram o diagnóstico, sendo que o número de PA no seguimento (follow up) foi de (23,69%). Dos que concluíram o diagnóstico audiológico 50% tiveram resultados dentro da normalidade, 29,3% perdas condutivas, 19% PASN bilaterais e 1,7% PASN unilateral. A estimativa da prevalência de PA é 0,01%. Um intervalo de 95% de confiança para essa estimativa é dado por [0,07%; 0,14%]. Dos pacientes que realizaram análise genética, 55,5% não apresentaram alterações para o teste mutação c.35delG, 22,2% permanecem em investigação de síndromes, sendo um de Waardenburg e outro com hipotireoidismo congênito; 11,15% a provável causa da PA é hereditária, pois os pais são consanguíneos, e 11,15% foi identificada mutação c.35delG em homozigose. Conclusão: a estimativa da deficiência auditiva no Município de São Paulo se equipara a de países desenvolvidos.

(12)

Introduction: After neonatal hearing screening became mandatory in Brazil, further scientific studies are relevant in order to draw a profile of the newborns diagnosed with hearing loss across the country. Purpose: To estimate hearing loss in infants born at municipal hospitals in São Paulo (SP), Brazil. Methods: Participants were 37,479 infants born at 11 municipal hospitals in São Paulo between October 2010 and October 2011, who resided in the Southeast, Midwest, North or South regions of the city. Subjects who failed the universal neonatal hearing screening (UNHS) were referred to hearing health reference centers for audiological diagnosis, and those with sensorineural hearing loss were genetically assessed. Results: From a total of 182,986 births in the city of São Paulo, 37,479 (20.48%) occurred at the 11 municipal hospitals considered and were selected for this study. Of all the newborns referred for audiological diagnosis (76/37,479=0.2%), 76.3% (58/76) concluded the diagnostic process, with a follow-up loss of 23.69%. From those who concluded the process, 50% presented normal results, 29.3% had conductive hearing loss, 19% had bilateral sensorineural hearing loss, and 1.7% presented unilateral sensorineural hearing loss. The estimated prevalence of hearing loss is 0.10%, with a 95% confidence interval given by [0.07%; 0.14%]. From the subjects who were genetically assessed 5 (55.5%) did not present 35delG mutation, 2 (22.2%) are still under investigation for syndromes (including one for Waardenburg and one for congenital hypothyroidism), 1 (11.15%) had probable hereditary hearing loss due to consanguineous parents, and 1 (11.15%) were homozygous for c.35delG mutation. Conclusion: The estimated hearing loss for the city of São Paulo, Brazil, is equivalent to those of developed countries.

Keywords: Prevalence; Hearing loss; Infant, Newborn

(13)

CeAC Centro Audição da Criança

CMV Citomegalovírus

COMUSA Comitê Multiprofissional em Saúde Auditiva

DA Deficiência Auditiva

DERDIC Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação DNV Declaração de Nascido Vivo

EOA Emissões Otoacústicas

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana/ Human Immunodeficiency Vírus IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IRDA Indicadores de Risco para Deficiência Auditiva JCIH Joint Committee on Infant Hearing

NISA Núcleo Integrado de Saúde Auditiva ORL Otorrinolaringologista

PA Perda Auditiva

PASN Perda Auditiva Sensorioneural

PEATE Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico

PEATE-A Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico Automático PEPG Programa de Estudos Pós-Graduados

PIB Produto Interno Bruto

PIG Pequeno para idade gestacional

(14)

UTI Unidade de Terapia Intensiva

UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal UNICAMP Universidade de Campinas

(15)

LISTA DE ANEXOS

ANEXO I- Autorizações para utilização de dados de diagnóstico... 70

ANEXO II- Termo de Consentimento Livre Esclarecido Genética... 72

(16)
(17)

Quadro 1 – Síndromes Genéticas e DA... 30

(18)

TABELA 1 – Distribuição de nascimentos nos Hospitais Municipais/ conveniados que participaram da presente pesquisa no período de outubro de 2010 a outubro de 2011 (N=37.479)... 47 TABELA 2 – Distribuição de número de nascimentos por Hospital e encaminhamentos para diagnóstico audiológico após a falha na TANU (N=37.479)... 48 TABELA 3 – Distribuição dos hospitais por região do Município de São Paulo na casuística da presente pesquisa (N=11)... 49 TABELA 4 – Distribuição do gênero dos neonatos encaminhados para diagnóstico audiológico (N=76)... 50 TABELA 5 – Distribuição dos neonatos que concluíram diagnóstico quanto à região de moradia e status do diagnóstico (N=76)... 50
 TABELA 6 – Distribuição do status audiológico após a conclusão (N=58)... 51

(19)

1. INTRODUÇÃO... 16

1.1 Aspectos epidemiológicos... 18

1.1.1 Prevalência da Perda Auditiva em Neonatos... 19

1.1.2 Prevalência da Perda Auditiva no Brasil... 22

1.1.3 Etiologia da Deficiência Auditiva... 26

1.1.3.1 Fatores pré-natais... 28

1.1.3.2 Fatores pós-natais... 31

1.1.4 Indicadores de Risco para Deficiência Auditiva (IRDA)... 33

1.2 Considerações sobre o Município de São Paulo... 35

2. OBJETIVOS... 38

2.1 Objetivo Geral... 38

2.2 Objetivos Específicos... 38

3. MATERIAL E MÉTODO... 39

3.1 Delineamento, população e período do estudo... 39

3.2 Procedimento para coleta de dados... 42

3.2.1 Primeira etapa... 43

3.2.2 Segunda etapa... 44

3.2.3 Terceira etapa... 45

3.3 Análise Estatística... 46

3.4 Plano de Análise... 46

4. RESULTADOS... 47

4.1 Caracterização dos nascimentos no Município de São Paulo... 47

4.2 Caracterização dos neonatos encaminhados para diagnóstico audiológico... 50

4.3 Caracterização dos neonatos que concluíram o diagnóstico audiológico... 51

4.4 Caracterização dos neonatos que concluíram a Avaliação Genética... 55

5. DISCUSSÃO... 56

6. CONCLUSÃO... 61

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 62

(20)

1. INTRODUÇÃO

A audição é um sentido fundamental para o desenvolvimento cognitivo e

social. Por essa razão, quando uma criança é acometida por uma deficiência

auditiva (DA), as consequências refletem diretamente na linguagem receptiva e

expressiva, no desenvolvimento educacional e nas relações sociais.

Um dado importante é que os custos para a identificação da deficiência

auditiva bem como para a intervenção precoce são inferiores àqueles despendidos

na educação de uma criança reabilitada. Estudos com experiências internacionais

evidenciaram, ainda, que a educação especial é três vezes mais dispendiosa do que

a manutenção de uma criança deficiente auditiva em escola regular, mesmo quando

utilizado apoio especializado (Schroeder et al., 2006).

Além disso, a importância do diagnóstico precoce está diretamente

relacionada as intervenções que podem ser realizadas de forma a se obter

benefícios com a plasticidade neuronal, que tem seu ápice aos seis meses de idade,

e é fundamental para o desenvolvimento de conexões cerebrais, promovendo um

prognóstico favorável para o desenvolvimento da linguagem oral dessas crianças

(Boechat, 2002).

De fato, a obrigatoriedade da triagem auditiva neonatal (TAN) em hospitais e

maternidades de todo Brasil, por meio da Lei Federal nº 12.303, de 2 de agosto de

2010, foi uma conquista para a Fonoaudiologia, que comprovou, por meio de

evidências científicas, a importância do diagnóstico precoce para o desenvolvimento

das habilidades de comunicação, ao reduzir o impacto que a perda auditiva (PA)

acarreta na vida adulta.

Nesse contexto, a detecção da causa da deficiência auditiva é igualmente

fundamental, tanto para sua prevenção como para a adequação dos métodos

fonoaudiológicos e educacionais que deverão ser utilizados durante a reabilitação

(Russo e Santos, 1989).

Mas novas preocupações têm mobilizado os pesquisadores da área: quantas

(21)

o diagnóstico após a falha na triagem? E destas, quais as prováveis etiologias da

deficiência auditiva?

Por isso, é extremamente necessária, e pertinente, a realização de estudos

científicos que proporcionem dados sobre a TAN, para que se possa traçar um perfil

dos neonatos que estão sendo diagnosticados com deficiência auditiva no país.

O conhecimento sobre a epidemiologia dessa deficiência, ou seja, sobre sua

prevalência e seus determinantes, é importante para que sejam tomadas as medidas

preventivas necessárias, além de permitir uma organização mais eficaz dos serviços

de saúde que realizam as ações de intervenção e reabilitação (Arakawa et al., 2010).

Considerada como a principal ciência da informação em saúde, a

epidemiologia tem sido definida como forma de quantificar, por meio de números,

técnicas de amostragens e de análises estatísticas, os fenômenos saúde e doença,

contribuindo para o conhecimento sintético e totalizante das situações de saúde das

populações humanas (Almeida Filho e Rouquayrol, 2006).

Porém, estudos epidemiológicos em fonoaudiologia são raros; isso se dá

devido ao fato de os profissionais da área estarem mais voltados para o atendimento

clínico individual, pouco contemplando a dimensão do coletivo e da saúde da

população em geral. A incorporação do método epidemiológico na prática

fonoaudiológica contribuirá para uma formação mais humanística, pois os preceitos

éticos serão mais respeitados e a cidadania estimulada, tornando-a uma área mais

acessível e voltada ao social (Lessa, Cavalheiro e Ferrite, 1997).

Segundo orientação do Comitê Multiprofissional em Saúde Auditiva -

COMUSA, elaborar recomendações sobre a Triagem Auditiva Neonatal Universal

(TANU) é de suma importância para a promoção da saúde da gestante, dos

neonatos e lactentes, no que diz respeito à prevenção de perdas auditivas por meio

de medidas específicas a serem aplicadas após estudos epidemiológicos de

prevalência e determinantes dessa patologia. Tais orientações vêm ao encontro da

necessidade desse tipo de estudo para a organização de ações de promoção,

prevenção e tratamento em saúde auditiva (Lewis et al., 2010).

Um levantamento epidemiológico da prevalência da deficiência auditiva em

(22)

pública nos vários níveis de atenção à saúde, para que seja criada uma rede de

cuidados que possa organizar e propor resoluções às demandas em saúde da

população.

Diante do exposto, o presente estudo tem a finalidade de estimar a as perdas

auditivas em neonatos nascidos nos hospitais municipais de São Paulo e que

realizaram a TANU.

1.1 Aspectos epidemiológicos

Conceito usado pela epidemiologia, o termo prevalência refere-se à força com

que certas doenças subsistem nas coletividades, sendo sua medida mais simples a

frequência absoluta dos casos. Com isso, é possível estimar e comparar, no tempo e

no espaço, a ocorrência de uma doença em relação a variáveis referentes à

população. Já o termo incidência, diz respeito à medida de quantas pessoas

tornaram-se doentes. Ambos os conceitos envolvem espaço e tempo, ou seja, quem

está ou ficou doente num determinado lugar e numa dada época (Almeida Filho e

Rouquayrol, 2006).

A distribuição da DA e os seus aspectos epidemiológicos estão relacionados

às diferentes características populacionais e regionais, sendo muitas as possíveis

causas do distúrbio. Ainda que a investigação diagnóstica da DA deva ser ampla, de

30 a 50% dos casos permanecem sem etiologia conhecida (Mozaria et al., 2004).

As estimativas sobre a prevalência da DA na infância em todo mundo são

dificultadas pela grande variação de objetivos dos inúmeros estudos. São

encontrados estudos cujo objetivo é definir casos de DA; outros descrevê-los, e há

ainda os que buscam definir sua prevalência em determinada população. A esse

respeito, Davis e Davis (2010) advertiram que não se deve estudar a prevalência da

DA pelo número de aparelhos de amplificação distribuídos, ou pelo tamanho da lista

de espera de determinado serviço, pois trata-se de um distúrbio que nem sempre é

percebido pela população. Para os autores, a prevalência pode ser estimada por

(23)

1.1.1 Prevalência da Perda Auditiva em Neonatos

Nos países desenvolvidos, a deficiência auditiva sensorioneural é observada

entre uma a três crianças por 1000 nascimentos (Mozaria et al., 2004; Joint Committee on Infant Hearing, 2007).

Em estudo sobre a TANU em um hospital do México, Arellano, Garza e Muller

(2006) tiveram como objetivo diagnosticar perdas auditivas uni ou bilateral

congênitas, analisando o total de nascimentos entre novembro de 2003 e novembro

de 2005, num total de 3.069 nascimentos, sendo triados 3.066 (99,9%) neonatos.

Considerando todos os 3.069 neonatos, a ocorrência de neonatos com Indicadores

de Risco para Deficiência Auditiva (IRDA) foi de 2,37% (7/3069); dessas, sete

crianças foram encaminhadas para diagnóstico, sendo que três apresentaram

fatores de risco, segundo o Joint Committee on Infant Hearing (JCIH), em cinco

casos foi constatada perda auditiva sensorioneural (PASN) bilateral moderada; uma

perda auditiva condutiva e outra foi classificada como tendo audição normal. A

ocorrência de todas as formas de perda auditiva congênita foi de 1,95 para cada

1000 recém-nascidos, enquanto a ocorrência de PASN foi de 1,63 para cada 1000

recém-nascidos (0.97/1000 para o grupo com indicadores de risco e 0.65/1000 para

aqueles sem fatores de risco).

Khandekar et al. (2006) apresentaram as primeiras experiências com a TANU

em Oman na Arábia e evidenciaram que a cobertura da TANU foi de 66,6% (21.387

/32.125). Foram encaminhados para diagnóstico audiológico 36 neonatos (0,17%),

desses 10/21.387 neonatos tiveram resultados dentro da normalidade, 6/21.387

diagnóstico de PASN e 20/21.387 alterações condutivas.

Capua et al. (2007), em estudo realizado na Itália, Siena, com 21.195 neonatos, realizaram a TANU em 19.700 neonatos. Desses, 18.151 passaram e

1.344 realizaram o Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE), por

apresentarem indicadores de risco; 1.549 foram indicados para reteste, tendo sido

perdidos 255 para seguimento. Dentre aqueles que realizaram o segundo exame,

1.102 passaram e 192 falharam. Do total de PEATE realizados 1.536, passaram

1.501 e foram encaminhados para diagnóstico 35 neonatos (18 do sexo masculino e

(24)

bilateral em 24/35 (68,6%) e unilateral em 11/35 (31,4%). Com relação ao tipo de

perda auditiva, a sensorioneural foi predominante (33/35) 94,28%, enquanto a perda

condutiva foi encontrada em (1/35) 2,9%, e a mista em (1/35) 2,9%. A prevalência

estimada para todos os tipos de perda auditiva foi de 1.78/1000 nascidos vivos

35/19.700, e para a perda auditiva bilateral foi de 1.42/1000 28/19.700.

Em estudo na França com população de 33.873 neonatos que realizaram a

TANU, Levêque et al. (2007) relataram que 98,7% passaram e 1,3% falharam (429/33.873), sendo os que falharam encaminhados para diagnóstico. No

diagnóstico, 27 neonatos apresentaram DA. A prevalência encontrada para

população estudada foi de 0,08% (27/33.873).

Com o objetivo de descrever os resultados da TAN em neonatos com IRDA

em um hospital universitário na França, no período de abril de 2001 a março de

2007, Ohl et al. (2009) realizaram estudo com 1.461 neonatos. Destes, 538 (37%) falharam no primeiro teste, mas apenas 432 (80%) realizaram o segundo exame,

dos quais 156 (10%) falharam novamente e foram encaminhados para a realização

do PEATE. Nessa fase, 120 (77%) compareceram e 60 (38%) apresentaram

resultados alterados. Desses, 46 (77%) foram diagnosticados com PASN,

apresentando como IRDA mais significativos: desordem neurológica (13%), asfixia

de grau severo (8,7%), síndromes associadas à perda auditiva (8,7%), infecções

congênitas (8,7%), hereditariedade (6,5%) e anomalias craniofaciais (4,3%). A

prevalência de DA foi de 0,21%.

Paladini et al. (2009), em pesquisa na Itália entre março 2004 e dezembro de

2008, levantaram que 8.748 neonatos (96,30%) passaram no primeiro exame da

TANU, com e sem IRDA. Passaram por reteste 253 (2,78%), dos quais 55 (0,6%)

precisaram realizar PEATE. Desses, 33 (60%) obtiveram resultados normais, 19

(34,54%) PASN, e os demais três neonatos não finalizaram o exame. A ocorrência

da DA nessa pesquisa foi de 1,84%.


Em estudo retrospectivo por meio de banco de dados, tendo como objetivo

estudar os indicadores de risco para deficiência auditiva na Holanda, Van Dommelen

et al. (2010) encontraram uma ocorrência do distúrbio equivalente a 1,8%, sendo 80% de perdas bilaterais e 20% de unilaterais. Os indicadores de risco foram:

presença de anomalias craniofaciais, anomalias sindrômicas e infecções congênitas.

(25)

indicadores de risco mais significativos os cuidados neonatais por mais de 12 dias e

o uso de ventilação mecânica. Outros indicadores não tiveram significância

estatística na amostra estudada.

Em estudo realizado durante oito meses na República da Costa do Marfim,

Tanon-Anoh et al. (2010) avaliaram por meio da TAN 1306 neonatos (87,4%), de um

total de 1495 neonatos, sendo a idade média de 4,5 dias. A ocorrência da perda

auditiva nessa população foi de 5,96 por 1000 (7/1174 dos neonatos que

completaram o exame). A idade média ao diagnóstico foi de 22 semanas. As razões

para a não adesão, de acordo com 62 mães contatadas, foram: falta de recursos

financeiros, ausência de perda auditiva, medo da reação do cônjuge e falta de

informações sobre a triagem e a perda auditiva.


Algumas pesquisas sobre a TANU trazem dados referentes à perda no

seguimento (follow up), Shulman et al. (2010) em estudo nos EUA, relataram que o número de crianças que passaram pela triagem auditiva neonatal antes da alta

hospitalar foi de 92%, destas 2% foram encaminhadas para o diagnóstico e

receberam, enquanto 48% foi perda de follow up. As causas dessas perdas seriam:

falta de um banco de dados único, com dados referentes às avaliações dos

neonatos; falta de um equipamento reserva: por vezes o equipamento era enviado

para manutenção e assim alguns neonatos ficaram sem a triagem, tendo que se

deslocar para um centro de diagnóstico para se submeter a triagem; escassez de

fonoaudiólogos especializados na avaliação da população infantil; falta de

conhecimento por parte da equipe do hospital sobre a perda auditiva, dificultado pela

falta de um protocolo padronizado, para transmitir o resultado da triagem e

orientações para os pais. As barreiras encontradas para os familiares chegarem até

os centros de diagnóstico audiológico seriam: localização dos centros de

diagnóstico, demora na autorização do seguro saúde para realização dos

procedimentos necessários, diferença entre as línguas, quando a língua da família

não era o inglês.

Já Liu et al. (2008) em Massachusetts, afirmaram que possuem um sistema de dados com todas as informações referentes a saúde dos neonatos, desde a

certidão de nascimento, até os dados referentes a exames realizados e seus

respectivos resultados, mesmo assim, a perda no seguimento foi de 157 crianças

(26)

as dificuldades estão relacionadas a distância dos centros de diagnóstico, mudanças

da família para outro estado e língua que não o inglês.

Em pesquisa sobre a TAN em Western Cape (África do Sul), Friderichs e

Swanepoel (2012) relataram que, após os neonatos com falhas na TANU serem

encaminhadas para diagnóstico, as taxas de prevalência de perda auditiva

significativa entre neonatos com média de idade de 13,5 semanas foram de

4.5/1000, incluindo: sensorioneural (1.5/1000), condutiva (15.9/1000).


Como observado nos estudos supracitados, a estimativa da DA em neonatos

no mundo é entre 0,08% a 0,5%.

1.1.2 Prevalência da Perda Auditiva no Brasil

No Brasil, poucos estudos investigaram a prevalência da deficiência auditiva

ao nascimento.

Em estudo de base populacional com neonatos, em um hospital privado de

São Paulo, no período entre 1996 e 1999, com uma casuística de 4631 (90,6% dos

nascidos vivos), Chapchap e Segre (2000) encontraram dez crianças com

deficiência auditiva permanente, equivalendo a uma prevalência de 2.4/1000

(0,24%).

Em pesquisa com neonatos com muito baixo peso e seus IRDA na UTIN do

Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no período de setembro de 2000 a janeiro de

2002, Lavinsky et al. (2003) encontraram os seguintes indicadores de risco para DA:

medicação ototóxica (57,3%), ventilação mecânica (32%) e meningite (9,4%).

Foram a óbito antes da alta hospitalar 30 neonatos (39%), e quatro (3%) foram

perdidos, sendo avaliados 96 neonatos com Emissões Otoacústicas (EOA). Desses,

84 passaram no primeiro teste, sendo que 22 (26,1%) necessitaram de um segundo

exame; em doze casos, ambos os testes indicaram falha e foram encaminhados

para realização de PEATE, dos quais seis (6,3%) obtiveram diagnóstico de DA

(27)

Em estudo realizado em duas maternidades públicas do Espírito Santo, no

período de agosto de 2002 a agosto de 2005, Nielsen, et al. (2007) avaliaram 3364 (68%) do total de nascimentos nesses hospitais (4.951 neonatos), sendo que 425

(12,6%) apresentaram um IRDA e 11 (2,5%), mais de um. Dentre os fatores de risco

mais prevalentes, constataram: peso ao nascimento abaixo de 1500g (21%),

medicação ototóxica (21%) e ventilação mecânica por período superior a cinco dias

(20%). Foram encaminhados para diagnóstico 19 (0,57%) neonatos, sendo a

ocorrência de DA obtida para esse estudo de 0,3%.

Borges et al. (2006), em estudo realizado em uma maternidade pública do Acre, no período de novembro de 2004 a janeiro de 2005, avaliaram 200 neonatos;

desses, os que apresentaram falha na TANU eram encaminhados para diagnóstico.

A prevalência de DA foi de 0,5%.

Um primeiro estudo de base populacional com padrões epidemiológicos foi

realizado por Béria et al. (2007), no Município de Canoas, interior do Rio Grande do

Sul; porém, o objetivo não era avaliar a DA em neonatos, e sim sua prevalência em

crianças acima de 4 anos, que foi de 6,8%.

Monteiro (2008) estudou o custo e a efetividade de cinco protocolos de TAN

em 2060 nascidos vivos, no período de maio de 2006 a janeiro de 2007, 92,04%

(1896/2060) realizaram a TAN na maternidade da pesquisa. Do total de triados, 89%

(1688/1896) não possuíam indicadores de risco para perda auditiva, segundo o JCIH

(2000). Os 11% (208/1896) restantes possuíam um ou mais IRDA. Os 297 neonatos

que foram encaminhados para reteste, sendo que compareceram 84,5% (251/297) e

faltaram 46 neonatos; destes, 15% (7/46) apresentavam IRDA e 85% (39/46) não

apresentavam. Do total de 251 encaminhados para o retorno 84% (211/251)

neonatos passaram e 16% (40/251) falharam e foram encaminhados para

diagnóstico audiológico em centro de referência, em 15 dias. Foram diagnosticados

0,3% (7/2060) com algum tipo de perda auditiva, incluindo as condutivas. As perdas

de tipo neurossensorial foram de 0,1% (2/2060), sendo 50% (1/2) dos casos sem

indicador de risco para perda auditiva, apresentando perda profunda unilateral, e

50% com indicador, apresentando perda profunda bilateral. O indicador de risco de

maior ocorrência foi a hereditariedade (35,4%), Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

(28)

Em outro estudo, Mattos et al. (2009) trouxeram os resultados iniciais após seis meses de implantação da TANU em um hospital universitário de Santa

Catarina. Foram triados 625 neonatos; destes, 470 passaram e 155 falharam para o

primeiro teste com EOA. Após reteste, 143 passaram e 12 foram encaminhados

para Otorrinolaringologista (ORL) / PEATE, apresentando fatores de risco como:

síndromes, anomalia craniofacial, história familiar de DA, uso de ototóxico, sífilis

congênita, baixo peso ao nascer. Desses 12, sete foram perdidos no seguimento e

cinco realizaram PEATE, dos quais três obtiveram resultados dentro do padrão de

normalidade e dois, PASN. O percentual de presença de perda auditiva confirmada

pós-triagem auditiva para esse estudo foi de 0,32%.

Lima et al. (2010) analisaram os resultados obtidos na TAN em um hospital público do Estado de São Paulo, no Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação

da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. Foram avaliados 5106 neonatos

de baixo risco para DA no primeiro mês de vida, sendo que 628 (12,3%) falharam e

foram encaminhados para realização do Potencial Evocado Auditivo de Tronco

Encefálico Automático PEATE-A. Desses, 223 (35,3%) compareceram ao exame,

199 (89,2%) passaram e 24 (10,8%) falharam e foram encaminhados para

diagnóstico. Com relação à presença de indicadores e risco nessa população,

observou-se que, dos 24 neonatos com falha no reteste, quinze (62,5%) possuíam

indicador de risco para surdez e nove (37,5%) não possuíam. Dos encaminhados

para diagnóstico, dois (8,33%) tiveram DA bilateral confirmada.

Botelho et al. (2010) estudaram 186 recém-nascidos com peso igual ou inferior a 1.500g e/ou idade gestacional até 34 semanas, internados na UTIN de um

hospital; em doze deles (6,3%) foram identificadas perdas auditivas, sendo dois

(16,7%) com alterações unilaterais e dez (83,3%) bilaterais. Um neonato (0,5%) teve

como diagnóstico etiológico sífilis congênita, um (0,5%), toxoplasmose congênita e

outro (0,5%), citomegalovirose congênita (CMV); além disso, cinco mães (2,7%)

apresentaram sorologia positiva para o HIV.

Bevilacqua et al. (2010), em estudo de três anos de TANU na Universidade de

São Paulo (Bauru), teve como objetivo diagnosticar perdas auditivas congênitas

unilaterais ou bilaterais. O total de nascimentos para o período foi de 12.766, sendo

que, destes, 99 vieram a óbito. Foram então selecionados 12.667, realizando a

(29)

indicadores de risco. O indicador de risco de maior ocorrência foram antecedentes

familiares de perda auditiva, seguido de permanência por mais de 48 horas na UTI,

uso de medicamentos ototóxicos e ventilação mecânica por cinco dias ou mais. Os

autores não especificaram a porcentagem de cada indicador. Um total de 8920

neonatos (77,8%) passaram no primeiro exame e 2546 (22,2%) falharam, sendo

encaminhados para retestes, dos quais 503 foram perdidos para seguimento

(follow-up). Foram retestados 2043 neonatos, dos quais 1661 passaram e 382 (3,33%) foram encaminhados para diagnóstico; desses, 366 (95,8%) concluíram a fase do

diagnóstico e 16 (4,20%) faltaram no dia agendado. Dos encaminhados para

diagnóstico, 312 (85,3%) apresentaram resultados normais, 43 (11,7%), alterações

condutivas e 11(3,0%) foram diagnosticados como PASN. A ocorrência da PA para

esse estudo foi de 0.95/1000.

Barbosa e Lewis (2011) analisaram os indicadores de qualidade de um

programa de triagem auditiva neonatal seletiva, ou seja, em neonatos com IRDA, em

um hospital do município de São Paulo. A TAN foi realizada em 95,8% (297/310) dos

neonatos, sendo que destes, 20,9% (62/297) falharam no exame com o PEATE-A,

sendo encaminhado para diagnostico 3% (9/297), desses cinco neonatos

confirmaram a presença de PA, quatro (57,1%) com perda auditiva condutiva, um

(14,3%) apresentando quadro do espectro da neuropatia auditiva e dois (28,6%)

com audição normal. A ocorrência de PASN (Espectro da Neuropatia Auditiva) foi de

0,3% (1/297) e perda auditiva condutiva, 1,3% (4/297). Para esse estudo, 90% (279)

dos neonatos apresentaram apenas um indicador de risco para a deficiência auditiva

e foi observada a presença de máximo cinco IRDA.

Em estudo realizado em uma maternidade do Paraná, com 908 neonatos,

Mello et al. (2011) encontraram a prevalência de DA sensorioneural em 1/908 nascidos vivos, e de perda auditiva condutiva em 2/908 dos neonatos avaliados. No

neonato com DA sensorioneural foi diagnosticada a presença da mutação c.35delG.

Os autores concluíram que a avaliação audiológica, em conjunto com exames

(30)

1.1.3 Etiologia da Deficiência Auditiva

De acordo com a Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva, em

recém-nascidos e lactantes a perda auditiva pode ocorrer por causas pré-natais: fatores

genéticos, síndromes genéticas, malformações da orelha interna, infecções

congênitas pelo vírus da rubéola, CMV, herpes simples, toxoplasmose e sífilis; uso

gestacional de substâncias teratogênicas - talidomida, álcool, cocaína, e

medicamentos ototóxicos; radioterapia no primeiro semestre da gestação;

peri-natais: anóxia, prematuridade com peso abaixo de 1500 gramas, hiperbilirrubinemia,

traumatismo craniano ou pós-natais: causas metabólicas, como hipotireoidismo e

diabetes, infecções virais, rubéola, varicela-zoster, influenza, vírus da caxumba,

CMV, entre outros; labirintite e meningite bacteriana, encefalite e otite média crônica.

Há ainda outras causas, menos frequentes, como doenças autoimunes, acidose

tubular renal, neoplasias, trauma craniano, trauma acústico e utilização de drogas

ototóxicas – aminoglicosídeos, diuréticos de alça, cisplatina, entre outras.

Nóbrega, Weckx e Juliano (2005), em estudo retrospectivo dividido em dois

momentos: 1990 a 1994 e 1994 a 2000, no ambulatório de Otorrinolaringologia da

UNIFESP, com 519 indivíduos inicialmente selecionados, estudaram 442 indivíduos

com DA, tendo observado a etiologia genética (12,9%), a consanguidade (4,9%), a

rubéola congênita (12,9%), a meningite (10,6%) e as intercorrências perinatais

(14,9%). A causa desconhecida corresponde a 36,6% dos casos. Os autores

concluíram que estas categorias (causa desconhecida não é etiologia, logo não deve

ser somada aqui). Corresponderam a mais de 80% dos casos de DA em ambos os

períodos, sendo que as ocorrências de consanguidade e de causas genéticas foram

estatisticamente maiores entre 1990 a 1994, quando comparadas as demais

etiologias e períodos. A rubéola congênita continuou como importante etiologia

nessa pesquisa, apesar de já estar totalmente controlada e ausente em vários

países, assim como a surdez pós-meningite. Não houve diferença entre os sexos

masculino e feminino em ambos os períodos do estudo, assim como não houve

correlações entre o sexo e as etiologias de DA.

(31)

DA em crianças e jovens de 6 meses a 17 anos, obtiveram os seguintes achados: 52

(32%) apresentaram etiologia desconhecida; 66 (41%) presumida e 44 (27%)

confirmada, sendo 29 (18%) por causa genética; 27 (17%) presumida multifatorial;

24 (15%) meningite; 14 (9%) rubéola congênita; 6 (4%) medicação ototóxica; 4 (2%)

hiperbilirrubinemia; 2 (1%) baixo peso ao nascimento; 2 (1%) CMV e 2 (1%)

toxoplasmose. Das causas genéticas em 21 crianças (72%), a etiologia foi

presumida e em 8 (28%) foi confirmada, revelando um caso (13%) de herança

autossômica recessiva, um (13%) de herança mitocondrial, três casos (38%) de

síndromes (Goldenhar, Waadenburg e alargamento do aqueduto vestibular) e três

(38%) sem especificações quanto ao padrão de herança. Nesse estudo, a meningite

foi a maior responsável pela DA adquirida, enquanto a rubéola materna foi a maior

causa de DA congênita. As autoras concluíram que a etiologia desconhecida

continua prevalecendo e evidenciam a necessidade de se realizar rotineiramente

estudos genéticos para obter um perfil real da prevalência das causas da DA

congênita.

Oliveira et al. (2010) afirmaram que a gravidez na adolescência pode causar

riscos a saúde do neonato e esse assunto vem sendo amplamente discutido e

pesquisado no mundo, pois, nesses casos, os neonatos estariam mais suscetíveis a

problemas de saúde e a óbitos antes do primeiro ano de vida.

Maciel et al. (2012) em pesquisa com o objetivo de comparar as características maternas de mães adolescentes e mães adultas, quanto aos

resultados perinatais, via de parto e dados sobre os seus recém-nascidos,

realizaram um estudo transversal retrospectivo com mães cadastradas no Sistema

de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) em Caruaru-PE, em 2006 e 2007.

Das 10.653 mães estudadas, 2.540 eram adolescentes (de 10 a 19 anos completos).

Dessas adolescentes 32,0% tinham entre 8 a 11 anos de escolaridade; 30,3%

viviam em união consensual; 51,4% fizeram sete consultas ou mais de pré-natal;

37,7% de suas crianças nasceram de parto cesáreo, 7,4% prematuras, 9,6% de

baixo peso e 0,7% Ápgar no 5º minuto ≤ 7. Ao comparar os indicadores com os das mães adultas, observou-se que mães adolescentes possuíam maior probabilidade

de estar sem companheiros; risco aumentado para seus neonatos serem prematuros

(32)

forma de risco quando comparadas as adultas, assim como o parto cesáreo

apresentou-se como fator de proteção às adolescentes. Concluíram que a gravidez

na adolescência está associada à ausência de companheiro, prematuridade, baixo

peso ao nascer e Apgar igual ou menor que sete no 5º minuto.

1.1.3.1 Fatores pré-natais

Mustafa, Arnos e Pandya (2001) relataram em estudo que cerca de 60% dos

casos de PASN podem ser atribuídos a fatores genéticos, e 40%, às mais diversas

etiologias. Dentre as causas genéticas, as formas hereditárias sindrômicas

constituem 30% dos casos de deficiência auditiva em crianças, sendo as formas não

sindrômicas as mais prevalentes na população deficiente auditiva, ocorrendo em

cerca de 70% dos casos.


A surdez não sindrômica pode ter herança autossômica dominante,

autossômica recessiva, ligada ao cromossomo X e mitocondrial, sendo que 80% dos

casos de surdez não-sindrômica apresentam herança autossômica recessiva. As

perdas auditivas com esse padrão de herança são geralmente sensorioneurais, de

manifestação pré-lingual, de graves a profundas, geralmente atingem todas as

frequências e são estacionárias (Keats e Berlin, 1999).

A surdez não-sindrômica de herança autossômica dominante corresponde a

20-25% dos casos de surdez hereditária, sendo a maioria de manifestação

pós-lingual, progressiva e sensorioneural. Já para a herança ligada ao cromossomo X à

surdez hereditária é estimada em 1 a 1,5% (Willems, 2000).

A surdez hereditária de herança mitocondrial, juntamente com a mutação

c.35delG do gene GJB2, é uma das mutações mais comuns que causam surdez. Essa mutação também tem sido encontrada em pacientes com perda auditiva após

uso de antibióticos aminoglicosídeos (Estivill et al.,1998).

Até o momento, já foram mapeados mais de 60 locos autossômicos

responsáveis pela surdez recessiva; desses, 34 tiveram os seus genes identificados

(33)

Kelsell et al. (1997), conseguiram isolar e clonar o gene GJB2 que, codifica a proteína Conexina 26, sendo esse o primeiro gene identificado relacionado à surdez

não-sindrômica e também o primeiro relacionado à surdez de herança autossômica

recessiva.

Em outro estudo, Wilcox et al. (2000) relataram que 70% dos casos de surdez

de herança autossômica recessiva estão associados à mutação c.35deIG e que

mutações no gene da Conexina 26 são responsáveis por de 10 a 20% do total das

PASN. Em várias populações do mundo, foi confirmado que as mutações no gene

da Conexina 26 são causas muito frequentes de DA.

Del Castillo et al. (2002), em estudos nas populações espanholas e francesas,

encontraram a del (GJB6-D13S1830) no gene GJB6 como a segunda mutação mais

frequente causadora de surdez pré-lingual.

Bernardes et al. (2006) realizaram estudo molecular com 32 crianças candidatas e submetidas ao implante coclear na UNICAMP-SP, para rastreamento

da mutação c.35 delG, feito através da extração de DNA do sangue periférico. A

mutação foi encontrada em homozigose em quatro do total das crianças avaliadas

(12%), sendo essa a causa da DA; em seis crianças, a mutação foi encontrada em

heterozigose (19% dos casos), não sendo possível diagnosticar a causa da surdez

nesses casos. Por fim, 69% dos pacientes não apresentavam alteração.

Santos et al. (2011), em estudo audiológico e genético de lactentes de alto risco no Hospital da Mulher-CAISM/UNICAMP, no período de fevereiro de 2009 a

março de 2010, encaminharam para avaliação diagnóstica 52 lactentes que falharam

na TANU. Desses, 38 (73%) concluíram todas as etapas do processo diagnóstico,

os demais faltaram e foram excluídos do estudo. Os resultados do diagnóstico

audiológico mostraram que 16 (42,2%) apresentaram resultados normais, 12

(31,5%) perda auditiva condutiva, 9 (23,7%), PASN bilateral e 1 (2,6%), unilateral.

No estudo genético, todos os indivíduos revelaram resultados normais para mutação

c.35 delG do gene da conexina 26 (GJB2).

No que se refere às síndromes genéticas, mais de 400 podem apresentar

perda auditiva como uma de suas características; porém, as mais encontradas,

(34)

Quadro 1 - Síndromes Genéticas e DA

Fonte: Dados básicos Silva e Duarte (1995). Elaborado pelo autor.

Outro fator pré-natal de risco para DA muito estudado e preocupante são as

infecções congênitas como: toxoplasmose, rubéola, sífilis, CMV, herpes e HIV. Não

é característica de todas a instalação imediata da perda auditiva, como ocorre na

toxoplasmose, CMV, herpes e sífilis, pois a perda auditiva pode se instalar precoce

ou tardiamente. Essas infecções congênitas podem ser assintomáticas, deixando

sequelas tanto na mãe quanto no recém-nascido. O seu diagnóstico requer testes de

sorologia (Joint Committee on Infant Hearing, 2000).

O CMV é um tipo de herpes que pode infectar o recém-nascido na gestação,

ou nas primeiras semanas de vida, sendo a mais comum das infecções.

Suspeita-se, inclusive, que seja a maior causa de deficiência auditiva sensorioneural

congênita não hereditária (Schildroth, 1994).

O estudo de Grosse, Ross e Dollard (2008) determinou a frequência da DA

sensorioneural bilateral moderada a profunda em crianças com infecção congênita

por CMV, logo após o nascimento utilizando cultura de vírus em amostras de urina

ou saliva em combinação com TANU para CMV e revisão da literatura sobre essa

infecção e ocorrência de perda auditiva. Os resultados demonstraram que,

aproximadamente, 14% das crianças com infecção congênita por CMV podem

(35)

3-5%, DA sensorioneural bilateral moderada a profunda. Entre essas últimas,

estima-se que 15-20% dos casos são atribuíveis à infecção congênita por CMV.

De Vries et al.(2011) realizaram uma pesquisa referente ao CMV com o objetivo de determinar sua prevalência ao nascimento nos Países Baixos. Um

conjunto de 6.500 cartões com amostras de sangue de neonatos foi testado

anonimamente para CMV, estratificado pelo número de nascimentos em diferentes

regiões no ano de 2007. A prevalência de nascimentos com infecção de CMV

congênita foi de 0,54%, sendo significativamente mais elevada nas regiões com

mais de 30% de imigrantes em comparação com regiões com uma baixa proporção

dessa população. Com base no conhecimento da história natural da infecção CMV

congênita, por ano, aproximadamente 1.000 crianças nascem com ela nos Países

Baixos, das quais aproximadamente 180 (0,1% de todos os recém-nascidos)

apresentarão sequelas, sendo a deficiência auditiva encontrada com maior

frequência.

1.1.3.2 Fatores pós-natais

Roslyn (1996); Roeser (2001); Brasil (2004); Mercado, Burgos e Munoz,

(2007) destacaram que os fatores de risco para perda auditivas pós-natais são de

variada natureza, sendo elas:

• Causas metabólicas, como hipotireoidismo e diabetes, infecções virais

(rubéola, varicela-zoster, influenza, vírus da caxumba, CMV, entre outras);

• Labirintite e meningite bacteriana, encefalite, otite média crônica e outras

menos frequentes como: autoimunes, acidose tubular renal, neoplasias,

trauma craniano, trauma acústico;

• Drogas ototóxicas como antibióticos aminoglicosídeos:

dihidroesptreptomicina, gentamicina, neomicina, tobramicina, amicacina,

netilmicina, polimixina B, polimixina E (colistina), que podem ocasionar a

destruição das células neurossensoriais da orelha interna, afetando a cóclea

(36)

piretanida, torasemida, que podem afetar o ouvido interno e rins;

anti-inflamatório não hormonal: indometacina, naproxeno, fenoprofeno, ácido

mefenámico, piroxicam; antimaláricos: quinina, cloroquina, pirimetamina;

antineoplásicos: cisplatino, mostarda nitrogenada, bleomicina, carboplatino,

dactinomicina, droloxifeno, vincristina, misonidazol, ciclofosfamida, ifosfamida,

metotrexato, que podem causarperda da audição e otalgia.

Para Wertzner et al. (2007), outra alteração que acomete a população infantil

é a otite média, inflamação na orelha média frequentemente associada a um

aumento de fluido infectado ou não. Sua etiologia é variada e acomete as vias

aéreas superiores, sendo maior a prevalência na primeira infância e decrescendo

com a idade. Além disso, sabe-se que 50% das crianças com um ano de idade já

apresentaram pelo menos um episódio de otite, o que pode prejudicar a aquisição e

o desenvolvimento da linguagem.

Em pesquisa com lactentes que realizaram pelo menos três avaliações

auditivas (no 1º mês de vida, 6º mês, 12º mês), Pereira, Azevedo e Testa (2010)

distribuíram os sujeitos em dois grupos: grupo controle, de crianças que passaram

na TAN, e grupo estudo, composto por crianças que falharam na TAN por

comprometimento condutivo confirmado pelo resultado da timpanometria e da

avaliação otorrinolaringológica. No estudo retrospectivo, foram analisados

prontuários de 217 crianças nascidas pré-termo entre os anos de 2003 e 2006,

pertencentes ao “Programa de acompanhamento multidisciplinar de neonatos de alto

risco”. Já o estudo prospectivo consistiu no acompanhamento de 66 crianças

nascidas no ano de 2007, sendo 31 nascidas a termo e 35 pré-termo.
Nos resultados obtidos no estudo prospectivo, os autores observaram que no grupo de estudo, 16

(57,1%) lactentes apresentaram comprometimento condutivo no decorrer do primeiro

ano de vida; e no grupo controle, 9 (23,7%).

Apesar de o grupo de estudo apresentar maior ocorrência de

comprometimento condutivo, as crianças do grupo controle também apresentaram

alteração condutiva no primeiro ano de vida, sendo 23,7% no estudo prospectivo e

12,6% no estudo retrospectivo. Observaram que lactentes que tiveram otite no

período neonatal tiveram mais chance de desenvolver outros episódios de otite ao

(37)

por apresentar otite secretora têm mais chance de desenvolver episódios de otite,

principalmente entre o 6º e o 12º mês de vida.

Davis e Davis (2010) relataram que existe uma preocupação com problemas

de orelha média. Isto é especialmente apropriado nos países em desenvolvimento

onde a presença de doença da orelha média está altamente correlacionada com a

perda de audição. A longo prazo, ocorre um aumento da prevalência da doença da

orelha média nos países em desenvolvimento, podendo resultar em problemas

futuros como: otite média crônica ou levando à colesteatoma, e as complicações são

mais prováveis onde há pouco acesso a cuidados de saúde e/ou tratamento eficaz.

1.1.4 Indicadores de Risco para Deficiência Auditiva (IRDA)

Segundo Costa e Costa (1998), neonatos prematuros tendem a apresentar

intercorrências clínicas importantes, ao ficar expostos a fatores iatrogênicos

diversos, como, por exemplo, o uso de drogas ototóxicas, destacando-se, entre elas,

os aminoglicosídeos, muito utilizados por combaterem infecções bacterianas. Além

disso, são mais suscetíveis a episódios de hipóxia.

Lo e Friedman (2002) relataram que a ação teratogênica de um medicamento

sobre o embrião ou feto em desenvolvimento depende de diversos fatores,

destacando-se: 1) estágio de desenvolvimento do concepto; 2) relação dose-efeito

do medicamento usado; 3) genótipo materno-fetal; 4) potencial teratogênico do

medicamento.

Câmara (2005) e Jacob et al. (2006) afirmaram que antibióticos (aminoglicosídeos) como a gentamicina e amicacina são amplamente utilizados em

neonatos internados em Unidade Neonatal como terapêutico e profilático, com o

objetivo de tratar infecções.

No que se refere às malformações, Castiquini et al.(2006) concluíram que a

perda auditiva é um dos achados clínicos mais comuns nos casos de malformações

de orelha, sendo que o tipo e o grau dessa perda estarão relacionados ao local da

(38)

avaliaram 37 indivíduos, sendo 19 orelhas com malformações bilaterais e 18 com

malformações unilaterais, totalizando 56 orelhas malformadas. O predomínio foi de

malformações de orelha externa e de orelha externa associadas a malformações de

orelha média. A perda auditiva associada a malformações foi do tipo condutiva

moderada.

Com o objetivo de comparar a ocorrência dos IRDA infantil ao longo de quatro

anos, em um Programa de TAN no Município de São Paulo, Vieira et al. (2007) pesquisaram 382 prontuários de neonatos prematuros, encontrando como fatores de

risco mais frequentes: permanência em UTIN com período superior a 48 horas em

80% da amostra; baixo peso em 30%; uso de medicação ototóxica em 40%; 13,6%

tinham antecedentes familiares para DA; ventilação mecânica, em 40,2% e

convulsões neonatais em 9,8%. Infecções congênitas foi o indicador de risco que

apresentou diminuição estatisticamente significante ao longo dos anos: em 2000,

foram treze casos (11%), diminuindo para cinco (5,4%) em 2003.

Em estudo, Pereira, Martins e Azevedo (2007) avaliaram a associação entre

perda auditiva e indicadores de risco em um programa da TANU, ao verificar a

prevalência de alterações auditivas. Foi realizada uma análise retrospectiva de

avaliações de 1696 neonatos, sendo 648 pré-termos e 1048 a termo. Os fatores de

risco mais encontrados nos pré-termo foram: baixo peso ao nascimento, 43,05%;

uso de ototóxicos, 29,86%, e ventilação mecânica, 21,36%. Já nos neonatos com

nascimento a termo, os fatores de risco foram: antecedentes familiares, 9,34%; uso

de ototóxicos, 7,14%, e baixo peso, 6,87%. A PASN foi identificada em 0,82% dos

neonatos a termo, e em 3,1% pré-termos. A perda auditiva condutiva foi a mais

frequente nas duas populações, sendo 14,6% nos neonatos a termo e 16,3%

naqueles nascidos pré-termo.

Tiensoli et al. (2007) relataram que a chance de um recém-nascido com peso

inferior a 1.500 gramas ao nascimento apresentar alteração auditiva é 5,5 vezes

maior do que aqueles que nasceram com peso superior; porém, por apresentarem,

concomitantemente, vários IRDA, torna-se difícil isolar apenas o indicador peso. Já

um recém-nascido que foi submetido à exsanguineotransfusão devido à

hiperbilirrubinemia tem 18 vezes mais chance de apresentar alteração auditiva do

(39)

Amado et al. (2009), em levantamento de prontuários de uma maternidade pública de Campinas/SP, tiveram como objetivo identificar os fatores de risco para

DA em 589 protocolos de neonatos que realizaram a TANU. Desses, 152 (25,8%)

apresentaram indicadores de risco para DA, sendo os mais prevalentes: histórico

familiar de DA, Apgar de 0 a 4 no 1’, uso de medicamentos ototóxicos,

hiperbilirrubinemia e permanência em UTI Neonatal. Em 98 (65%) dos protocolos foi

encontrado um único indicador de risco. Do total das avaliações realizadas na

amostra, apenas um neonato falhou nos três testes, o qual apresentava três

indicadores de risco: hiperbilirrubinemia, permanência em UTI e uso de

medicamentos ototóxicos.

Davis e Davis (2010) relataram que mesmo em lugares onde a TANU é

estabelecida, o conhecimento dos IRDA ajudam a identificar e acompanhar aqueles

neonatos com audição normal, mais que apresentaram um risco para DA, indicando

a necessidade de posterior observação e acompanhamento do desenvolvimento

dessa criança.

1.2 Considerações sobre o Município de São Paulo

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2011), a

população do município de São Paulo é de 10.886.518 habitantes. Atualmente é a

cidade brasileira em décimo lugar na lista mundial de Produto Interno Bruto (PIB),

sendo a cidade mais rica do Brasil e a sexta mais populosa do mundo.

Segundo o site Cidade de São Paulo (2011), o município possui 1.769

estabelecimentos de saúde, 40 hospitais públicos, 61 hospitais particulares, 24.957

leitos hospitalares, 146 faculdades, 26 universidades e 22 Centros de Educação

Tecnológico.

Segundo Santoro (2008), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é

amplamente utilizado para aferir o nível de desenvolvimento econômico e social de

diferentes países e permitir comparações entre eles, sendo construído a partir de

(40)

encarregadas de calcular o IDH para diferentes unidades territoriais sejam elas

países, estados ou municípios, usualmente lançam mão de adaptações nas

variáveis que integram aqueles componentes básicos, em função da disponibilidade

de dados com maior ou menor grau de agregação.

Segundo a Prefeitura Municipal de São Paulo - Secretaria Municipal do

Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade (2000), no caso da cidade de São

Paulo, o cálculo do IDH intramunicipal levou em consideração as seguintes variáveis

para cada um de seus 96 distritos:

• rendimento do chefe da família, em face da ausência de base segura para o

calculo do PIB per capitapor distrito municipal;

• taxa de mortalidade infantil, em substituição à esperança de vida ao nascer;

• taxa de alfabetização combinada com a média de anos de estudos, ambas

referentes ao chefe da família, em lugar de matrículas por nível de ensino e

taxa de alfabetização de adultos.

Segundo Rolnik (2003), o IDH da cidade de São Paulo, de forma geral é

elevado (0,841), porém se observado por região, nota-se que é muito heterogêneo,

demonstrando as desigualdades sociais existentes nos países em desenvolvimento.

Nas regiões mais centrais do Município de São Paulo, o IDH é superior, diminuindo

à medida que se afasta do centro. Essa, com certeza, é uma questão histórica, pois

as populações de baixa renda concentram-se nas periferias, por não terem como

custear a vida na região mais central.

O IDH no Município de São Paulo, nas regiões (Sul e Oeste) apresenta o

valor médio de (0.75), sendo eles na Vila Mariana e Vila Clementino, por exemplo.

No entanto, alguns bairros na mesma região Sul, apresentam IDH menor que (0.30),

sendo eles em Marsilac e Socorro como exemplo, sendo que a região com maior

IDH tem média de (0.95) (Prefeitura Municipal de São Paulo, 2011).

Segundo a Prefeitura Municipal de São Paulo (Infocidade), nas regiões Sul e

Oeste, concentram-se o maior número de gestantes sem nenhuma consulta

(41)

inferior a 15 anos de idade, alta concentração de neonatos com peso inferior a 2499

(42)

2

OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Estimar a perda auditiva em neonatos nascidos em Hospitais Municipais de

São Paulo.

2.2 Objetivos Específicos

a) Descrever o número de nascimentos no Município de São Paulo e por região de moradia;

b) Caracterizar as perdas auditivas em um grupo de neonatos após falha na TANU;

(43)

3

MATERIAL E MÉTODO

3.1 Delineamento, população e período do estudo

O presente estudo é de caráter descritivo e transversal, e está inserido na

linha de pesquisa Audição na Criança, do PEPG em Fonoaudiologia da PUCSP,

tendo sido aprovado pelo Comitê de Ética, sob o CAAE: 04539312.5.0000.5482.

Fizeram parte da casuística desta pesquisa neonatos nascidos em 11

hospitais municipais de São Paulo – e que fazem parte da rede de Proteção Mãe

Paulistana, residentes das regiões sudeste, centro oeste, norte e sul, no período de

outubro de 2010 a outubro de 2011. Os hospitais foram identificados por números,

sendo os de números 1, 2, 3 e 4 pertencentes à região Sudeste, 5 e 6 à Centro

Oeste, 7, 8 e 9 à região Norte e 10 e 11 à região Sul.

O Programa Mãe Paulistana foi criado pela Prefeitura de São Paulo e oferece

assistência integral a gestantes, com um sistema que acompanha além da gestação,

os atendimentos realizados aos neonatos e lactentes durante seu primeiro ano de

vida. É oferecido atendimento a cerca de 80.000 gestantes, em 409 Unidades

Básicas de Saúde, 36 hospitais, 25 ambulatórios especializados, contando ainda

com uma Central de Regulação Obstétrica e Neonatal, para garantir a internação

durante o parto e registro dos procedimentos realizados. A TANU faz parte deste

programa desde agosto de 2010, de forma universal em 18 serviços hospitalares,

que acompanham uma média de 4000 nascimentos/mês (Prefeitura Municipal de

São Paulo - Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo).

Os IRDA seguem os critérios do COMUSA (Lewis et al., 2010) e critérios da

prefeitura do município de São Paulo (adaptados de Azevedo, 1996; JCHI, 2000)

retirados do edital da chamada pública n°03/2008 - SMS.G, 03/2008, que visava à

contratação de serviço de TAN (São Paulo, 2010).

(44)

Quadro 2 - IRDA adotados pela prefeitura do município de São Paulo (2008), adaptados do JCHI (2000) e Azevedo (1996)

Criança pequena para idade gestacional (PIG)

Hiperbilirrubinemia a níveis excedendo a indicação para exsanguineo

Ventilação mecânica por cinco dias ou mais

Peso ao nascimento inferior a 1500 gramas ou pequeno para idade gestacional (PIG)

Asfixia neonatal grave: 0 a 4 no 1° ou 0 a 6 no 5° minuto

Medicação ototóxica (aminoglicosídeos, associação com diuréticos, agentes quimioterápicos)

Antecedentes familiares de deficiência auditiva sensorioneural (hereditariedade)

Infecções congênitas (toxoplasmose, sífilis, rubéola, citomegalovírus, herpes e HIV)

Anomalias craniofaciais: incluindo alterações morfológicas do pavilhão e conduto auditivo.

Sinais ou outros achados associados com síndromes

Infecções bacterianas ou virais pós-natais (meningite)

Alcoolismo materno ou uso de drogas psicotrópicas na gestação

Hemorragia ventricular

Consanguinidade

Atualmente a TANU é realizada nos hospitais Municipais da seguinte forma:

Nos neonatos sem IRDA é realizado o exame de EOA. No caso de falha é

realizado PEATE-A. Se até o momento da alta o neonato não passou nesses

exames, é agendado um horário de retorno 15 dias após o nascimento.

No caso dos neonatos com IRDA Pequeno para Idade Gestacional (PIG), são

realizados os exames de EOA e PEATE-A. Se o neonato apresentar apenas IRDA é

realizado apenas o PEATE-A, se até a alta hospitalar o neonato não passar nesses

exames, também é agendado um horário para retorno 15 dias após o nascimento.

Nos retornos após os 15 dias de nascimento, é realizado o PEATE-A, caso o

neonato não passe, o mesmo é encaminhado para o Centro de Alta Complexidade

em Saúde Auditiva, mais próximo à região de moradia para efetuar o diagnóstico

audiológico. Portanto os neonatos com falha na TANU são encaminhados a um dos

4 serviços credenciados como referência em Alta Complexidade, da rede de Política

(45)

1. Centro Audição na Criança (CeAC), da Divisão de Educação e Reabilitação

dos Distúrbios da Comunicação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo -

DERDIC/PUC-SP, que atualmente é responsável por atender a demanda das

crianças com falha na TAN de hospitais municipais das zonas Norte e Sul

localizados nos bairros: Vila Nova Cachoeirinha, Vila Maria, Pirituba, Jardim São

Luiz, Jardim Ângela e Santo Amaro;

2. Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo,

Departamento de Otorrinolaringologia, responsável por atender as falhas da triagem

auditiva dos hospitais Municipais da zona Leste, localizados nos bairros: Ermelino

Matarazzo, São Miguel, Itaquera e Cidade Tiradentes;

3. Núcleo Integrado de Saúde Auditiva NISA Penha/PMSP – Ambulatório

Maurice Paté, responsável por atender as falhas da triagem auditiva dos hospitais

municipais da zona Leste, juntamente com a Santa Casa de Misericórdia;

4. Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, responsável pelas falhas da

triagem auditiva dos hospitais das zonas Sudeste e Centro Oeste do município de

São Paulo, localizados nos bairros: Vila Clementino, Jabaquara, Tatuapé, Mooca,

Bela Vista, Rio Pequeno, Lapa e Liberdade.

Apenas o Centro Audição na Criança (CeAC), da Divisão de Educação e

Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação da Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo - DERDIC/PUC-SP, e Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

participaram deste estudo por terem informado o diagnóstico audiológico dos

neonatos que falharam na TANU em todo o período do estudo, conforme

autorização destas instituições (Anexo I).

A seguir, pode-se visualizar a organização dos hospitais municipais onde são

realizadas a TANU e os Centros de Alta Complexidade onde são realizados os

diagnósticos no município de São Paulo. Os números de 1 a 15 referem-se aos

(46)

Figura 1 – Fluxograma da Alta Complexidade em Saúde Auditiva no Município de São Paulo

Os procedimentos para diagnóstico audiológico dos serviços acima

referenciados como Alta Complexidade em Saúde Auditiva realizam o protocolo

considerando a Portaria GM/MS nº 2.073, de 28 de setembro de 2004, que institui a

Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva, portaria Nº 589, de 08 de outubro de

2004.

3.2 Procedimento para coleta de dados

A coleta de dados do presente estudo foi dividida em três etapas, descritas a

Imagem

Figura 1 – Fluxograma da Alta Complexidade em Saúde Auditiva no Município de  São Paulo
Figura 2 – Regiões do Município de São Paulo
TABELA  2  –  Distribuição  de  número  de  nascimentos  por  Hospital  e  encaminhamentos para diagnóstico audiológico após a falha na TANU (N=37.479)
TABELA  3  –  Distribuição  dos  hospitais  por  região  do  Município  de  São  Paulo  na  casuística da presente pesquisa (N=11)
+6

Referências

Documentos relacionados

Objetivo: investigar o conhecimento, a valorização da detecção precoce da defi ciência auditiva pelos profi ssionais da saúde envolvidos no período pré e pós gestacional e

Assim, a correlação entre as EOAET e EOAEPD pode trazer novas informações para a realização da triagem auditiva neonatal, principalmente em neonatos nascidos

A partir da transcrição das entrevistas, vários temas relacionados à vivência dos pais das crianças com suspeita de deficiência auditiva foram destacados, tais como: dúvida sobre

Tabela 27- Frequências e porcentagens do protocolo EOAT pata teste (antes da alta) e EOAT para reteste (após a alta) por tipo de hospital e região (neonatos

Procurando congregar as vantagens decorrentes do método de produção da liga pela redução difusão a uma técnica de endurecimento magnético, de forma que no final do processo

No Grupo 1, de RN pré-termo, não houve nenhuma relação estatisticamente significante, enquanto que no Grupo 2, de RN a termo, houve relação estatisticamente significante entre o

Em geral, o secretário municipal de educação ou chefe do poder executivo escolhem seus diretores por critérios políticos, o que culmina em um processo que considera

Nós temos hoje, no Brasil, centenas de centros realizan- do a triagem auditiva neonatal englobando hospitais que, credenciados ao SUS, realizam o teste gratuitamente para o