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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP FACULDADE DA CIÊNCIA E DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA

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CURSO DE PSICOLOGIA

A HISTERIA E SUAS MANIFESTAÇÕES NA PÓS-MODERNIDADE PROFESSORA DOUTORA PAULA REGINA PERON

RELATÓRIO FINAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA ALUNA ALEXANDRA HARTWICK CUNHA BASTOS

SÃO PAULO 2019

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CURSO DE PSICOLOGIA

A HISTERIA E SUAS MANIFESTAÇÕES NA PÓS-MODERNIDADE Orientadora: Profa. Paula Regina Peron

Aluna: Alexandra Hartwick Cunha Bastos

SÃO PAULO 2019

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1. Relatório de atividades ... 5

2. Relatório científico ... 7

2.1 Discussão da dissertação de mestrado Fibromialgia: Histeria da atualidade? de Juliani Bittencourt Costa (2013). ... 9

Introdução- p. 10-14 ... 9

Capítulo I: Fibromialgia- p. 15- 29 ... 10

Conclusão – p. 82- 87 ... 14

2.2 Discussão da dissertação de mestrado Uma leitura do Transtornos Somatoformes e da Histeria segundo a CID, o DSM e a obra freudiana: a identificação do sofrimento psíquico no campo científico de Julia Catani (2014). ... 16

1. Introdução: Elementos de um mapa do sofrimento psíquico nos séculos XX e XXI, páginas 17-32 ... 17

4. Os Transtornos Somatoformes na Classificação Internacional de Doenças (CID)- p. 70-97 ... 24

5. Os Transtornos Somatoformes no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM)- p. 99- 135 ... 40

7. A Histeria e os Transtornos Somatoformes: Nomes Diversos para a Compreensão do Sofrimento Psíquico? – p. 156- 178 ... 62

8. Conclusão – p. 180-183 ... 68

2.3 Discussão do artigo A epidemia transsexual: histeria na era da ciência e da globalização? de Marco Antonio Coutinho Jorge e Natália Pereira Travassos (2017) ... 70

A epidemia transsexual: histeria na era da ciência e da globalização?- p. 307-330 ... 70

2.4 Discussão da Dissertação de Mestrado A histeria no discurso capitalista: a insatisfação do desejo e a falta-a-gozar de Renata Rampim Silveira (2017) ... 79

A histeria no discurso capitalista: a insatisfação do desejo e a falta-a-gozar – p. 10-96 ... 79

2.5 Discussão do livro Psicanálise sem Édipo? Uma antropologia clínica da histeria em Freud e Lacan de Philippe Van Haute e Tomas Geyskens (2016) ... 90

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Capítulo 4: A indiferença de uma lésbica saudável. Bissexualidade versus complexo de

Édipo- p. 85- 100 ... 96

Capítulo 5- A releitura estruturalista de Dora formulada por Lacan- p. 101- 125.... 103

Capítulo 7: Além do Édipo? - p. 141- 160 ... 113

Conclusão: O projeto de uma antropologia psicanalítica em Freud e Lacan- p. 181-196 ... 119

3. Considerações finais ... 126

4. RESUMO ... 137

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 138

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1. Relatório de atividades

A seguir, relato o percurso desta pesquisa quanto às atividades realizadas, tanto as propostas no cronograma, quanto as que foram realizadas de maneira independente. Na entrega do relatório parcial consideramos que seria melhor deslocar alguns dos textos que seriam fichados para o cronograma do relatório final. Dessa maneira, no mês de Março foram fichados as dissertações Fibromialgia: A Histeria da atualidade? de Juliani Bittencourt Costa (2013). e Uma leitura dos transtornos somatoformes e da histeria segundo a CID, o DSM e a obra freudiana: a identificação do sofrimento psíquico no campo científico de Julia Catani (2014).

A dissertação sobre fibromialgia mostrou-se trabalhosa, foi necessário um trabalho de checar as referências utilizadas, pois as normas ABNT não foram seguidas de maneira apropriada, isto atrasou o fichamento. Na dissertação de Catani (2014) houveram obstáculos quanto à linguagem médica utilizada e a abundância de informações coletadas pela autora da dissertação, algo que tivemos que achar meios de reproduzir fielmente, pois grande parte de seu trabalho teve seu mérito nos detalhes conservados de um manual para o outro, bem como as alterações que foram realizadas.

No mês de Abril as dissertações ainda estavam sendo trabalhadas, então o cronograma atrasou um mês. Em meados de abril foi fichado o artigo A epidemia transexual: histeria na era da ciência e da globalização? de Marco Antonio Coutinho Jorge e Natália Pereira Travassos (2017), que seguiu de forma tranquila, gerando boas discussões e questões quanto a tese discutida pelos autores. Em maio a dissertação de mestrado “A histeria no discurso capitalista: a insatisfação do desejo e a falta-a-gozar” de Renata Silveira Rampim (2017) foi fichada e mostrou-se desafiadora por trabalhar com conteúdo lacaniano aprofundado, no entanto a tradução teve frutos interessantes, uma vez que incentivou que outras referências fossem utilizadas para o entendimento de certos termos e argumentos colocados pela autora.

Por fim, o mês de Junho foi inteiro destinado ao fichamento do livro Psicanálise sem Édipo?

Uma antropologia clínica da histeria em Freud e Lacan de Philippe Van Haute e Tomas Geyskens (2016), trazendo uma nova visão acerca do complexo de Édipo e suas contribuições para a psicanálise, foi um dos materiais mais importantes para a finalização desta pesquisa, por apresentar pontos de vistas que destoavam dos outros autores trabalhados.

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Ao longo do semestre a aluna participou de dois grupos de estudos sobre psicanálise, de dois cursos de curta duração e atendeu a um congresso em São Paulo sobre a obra de Sándor Ferenczi.

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2. Relatório científico

Esta pesquisa tem como objetivo investigar a histeria na pós-modernidade, priorizando as vertentes da psicanálise mais apoiadas em Freud e Lacan, e foi realizada através de leituras de materiais encontrados nas bases de pesquisa eletrônica, bem como as bibliotecas da PUC-SP e da USP que tivessem como palavras chave histeria, contemporaneidade, pós-modernidade, Freud e Lacan. As discussões apresentadas abaixo tem como intuito apresentar o conteúdo trabalhado em cada texto e auxiliar as conexões posteriores feitas entre cada texto.

Advertemos o leitor para a extensão dos fichamentos a seguir. Mesmo tendo focado nas descrições que nos ajudaram em nossa questão alguns dos fichamentos ficaram excessivamente extensos, por várias razões: por que analisam a histeria em minúcias, ou por que tem espectro amplo de análise. Decidimos manter nossos fichamentos, oque pode interessar o pesquisador iniciante para conhecer nosso material fonte, de onde derivamos nossas análises. Para o pesquisador mais experiente, o acesso aos textos originais pode ser mais fácil e também habitual. Esta advertência serve em especial a três textos: Uma leitura dos transtornos somatoformes e da histeria segundo a CID, o DSM e a obra freudiana: a identificação do sofrimento psíquico no campo científico de Julia Catani (2014), A epidemia transexual: histeria na era da ciência e da globalização? de Marco Antonio Coutinho Jorge e Natália Pereira Travassos (2017) e Psicanálise sem Édipo? Uma antropologia clínica da histeria em Freud e Lacan de Philippe Van Haute e Tomas Geyskens (2016).

Na dissertação de Catani (2014) foram trabalhadas as páginas 17-32, 70-135 e 156-183.

Sem dúvidas este foi o fichamento mais extenso desta pesquisa, uma vez que se tratava de uma dissertação de mestrado com um grau de detalhamento expressivo, já que a autora analisou em minúcias o acréscimo e retirada de termos relacionados a histeria da CID e do DSM. No artigo de Jorge e Travassos (2017) foram trabalhadas as páginas 307-330, mesmo não sendo um artigo com muitas páginas, foi preciso um fichamento cuidadoso, pois a temática pediu por este cuidado, para que os autores não fossem mal interpretados, com risco de soarem reducionistas em suas argumentações. No livro de Van Haute e Geyskens (2016) foram trabalhadas as páginas 15-29, 85-125, 141-160 e 181-196, não incluímos todos os capítulos para serem fichados e da mesma forma o fichamento ficou extenso, muito por causa do conteúdo sendo trabalhado, algo que não foi trabalhado em nenhum dos textos anteriores e os detalhes mostraram-se importantes para tornar a visão dos autores claras para o leitor.

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Por se tratar essencialmente de uma pesquisa bibliográfica, exporemos a seguir os textos escolhidos, enfatizando as explorações da histeria, para que o leitor na sequência conheça nossas análises mais gerais.

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2.1 Discussão da dissertação de mestrado Fibromialgia: Histeria da atualidade? de Juliani Bittencourt Costa (2013).

Juliani graduou-se em fisioterapia pela Universidade Veiga de Almeida em 2007. Sua pós-graduação foi na área de Saúde da Mulher pela Faculdade Pestalozzi de Niterói, no ano de 2009. É mestre em Psicanálise, Saúde e Sociedade pela Universidade Veiga de Almeida (2014) e buscou estudar a relação da subjetividade com os sintomas corporais e as "novas" doenças.

Atualmente atua em sua clínica que atende pacientes com demandas de fisioterapia pélvica, uma fisioterapia voltada para a área da fisioterapia Uroginecológica e Obstétrica. Juliani também é docente na Pós- Graduação da INTERFISIO em Uroginecologia e Obstetrícia.

Para os fins desta pesquisa decidimos que seria mais proveitoso ler e fichar, com ênfase na nossa questão de iniciação científica, somente a introdução, o primeiro capítulo e a conclusão. Pensamos ser interessante a associação de fibromialgia ao conceito de histeria e isto é abarcado nos capítulos citados anteriormente, enquanto os outros capítulos são de fundamentação teórica da psicanálise sobre o conceito de histeria, que já foi abordado e esmiuçado por outros textos nesta pesquisa.

Introdução- p. 10-14

A queixa de dores que aparecem em pontos diferentes do corpo, sem razão aparente, acompanhada por fadiga, insônia e depressão é comum em consultórios médicos e fisioterapêuticos, observa Costa (2013). A Organização Mundial da Saúde reconheceu em 1992 essas dores com o nome de fibromialgia, que atualmente é identificada como reumatismo não especificado, M79.0, na Classificação Internacional das doenças (CID-10). A dissertação da autora tem como objetivo aproximar a síndrome de fibromialgia à categoria diagnóstica de histeria, como é pensada pela psicanálise. Costa (2013) define fibromialgia como “dor muscular crônica em pontos diferentes do corpo, e apresenta como sintomas: fadiga, sono, depressão psíquica, ansiedade, dor de cabeça” (p. 10).

A etiologia da fibromialgia não aponta para nenhuma causa definida, e seus sintomas, no passado, já foram classificados como próprios de pacientes hipocondríacos, histéricos ou reumatológicos, (RANGEL, 2008). Besset, et al (2010), pensam a fibromialgia como um

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sintoma que na neurose pode significar um modo de gozo, e que em outras estruturas pode estar presente como um fenômeno da ordem da psicossomática. A fibromialgia nos defronta com uma contradição: Trata-se de uma síndrome que é legitimada como doença, mas ao mesmo tempo deixa médicos e pesquisadores reticentes em conceder-lhe o estatuto oficial de doença, pois sua etiologia permanece indefinida. Costa (2013) afirma que as dores crônicas apresentadas pela fibromialgia não causam danos à musculatura e órgão internos, além de não causar deformidades. A autora relaciona as histéricas de Freud com as pacientes que apresentam fibromialgia na atualidade: mulheres com sintomas físicos que não possuem explicações orgânicas.

Assim como sintomas psicogênicos, os sintomas da fibromialgia não podem ser comprovados por exames laboratoriais, somente pelo relato que os pacientes fazem de sua dor, muito semelhante aos sintomas histéricos na Era Vitoriana, onde o corpo não oferecia evidências que sustentavam o relato das pacientes. Neste sentido, Costa (2013) resgata um conceito discutido por Charcot, médico neurologista do Hospital Salpêtrière na França, no século XIX. Charcot observou em suas pacientes histéricas certos pontos do corpo que, se estimulados, poderiam desencadear sintomas e até mesmo ataques histéricos. Tais zonas são pontos do corpo que ficaram marcados por uma intensa ativação na infância, através das práticas sexuais autoeróticas. Dessa forma, Costa (2013) aproxima os pontos de dor presentes na fibromialgia com as zonas histerógenas das pacientes de Charcot, a autora hipotetiza que os pontos de dor na fibromialgia possam ter o mesmo funcionamento da conversão histérica.

Capítulo I: Fibromialgia- p. 15- 29

1.1 Histórico e Definição

Collins (1940) foi um médico inglês que definiu o termo fibrosite como “um estado de dor agudo ou crônico dos tecidos subcutâneos, músculos, ligamentos, tendões ou aponeuroses que independe da lesão anatomopatológica que deu origem à dor” (p. 114). Tal definição importa pois a fibromialgia foi conhecida como fibrosite, antes da década de 80, quando Muhammad Yunus (1981) e colegas cunham o termo fibromialgia, que toma o lugar do termo fibrosite. Segundo Costa (2013) o termo fibromialgia foi preferido pois a inflamação não é algo prevalente nesta síndrome, diferente do que Collins afirmou.

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Wolfe, et al. (1990) definem fibromialgia como uma síndrome de dor difusa e crônica, que tem como característica a presença de pelo menos 11 dos 18 pontos anatomicamente específicos, os chamados tender points, que são dolorosos ao toque. Marques (2004) defende que a fibromialgia é uma síndrome reumática, de etiologia desconhecida e que tem maior incidência nas mulheres. No entanto, outras doenças reumatológicas podem ser comprovadas por meio de exames e possuem tratamentos já definidos, enquanto a fibromialgia continua sendo uma incógnita por causa da aparente falta de causalidade orgânica e a subjetividade que desenvolve um grande protagonismo neste transtorno, isto aponta para a controvérsia quanto ao estatuto de doença que a síndrome da fibromialgia recebe. (BESSET, 2010).

1.2 Quadro Clínico

A síndrome de fibromialgia é considerada por Costa (2013) uma síndrome crônica, que tem como sintoma principal a dor generalizada, onde os pacientes têm dificuldade de nomear o local onde ela se dá. Porém, essa dor generalizada não danifica a musculatura, articulações ou órgãos internos. O Colégio Americano de Reumatologia estabeleceu critérios de classificação da fibromialgia em 1990, entre eles está o critério da dor difusa: Uma dor no lado esquerdo ou direito do corpo, pode ocorrer também acima da linha da cintura, ou no esqueleto axial – segmento cervical, torácico ou lombar da coluna vertebral- e a dor deve estar presente há pelo menos três meses.

Costa (2013) coloca que a dor pode ocorrer nestes pontos do corpo:

Occipital: inserção de músculos suboccipitais

Cervical inferior: anteriormente, entre os processos transversos C5-C7 Trapézio: ponto médio das fibras superiores do músculo trapézio

Supra-espinhal: inserção do músculo supra-espinhal, acima da espinha da escápula, próxima ao ângulo medial.

Segunda articulação costocondral: lateral e superior à articulação Epicôndilo lateral: 2cm distalmente ao epicôndilo.

Glúteo: quadrante superior e lateral das nádegas Trocânte maior: posterior à proeminência trocantérica

Joelho: coxim gorduroso medial, próximo à linha articular. (COSTA, 2013, p. 18)

Mariano (2011) afirma que o diagnóstico é essencialmente clínico e a partir disto a autora associa novamente a histeria com a fibromialgia, pois os sintomas em ambas as categorias tem somente comprovação clínica, a partir do relato dos pacientes. Costa (2013) também associa os tender points ao conceito de zona histerógena que Charcot desenvolveu ao atender suas pacientes histéricas na França, no final do século XIX. Outra similaridade que a autora levanta é a prevalência da fibromialgia em mulheres. Para comprovar isto a autora cita

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Wolfe, et al. (1990), que realizaram um estudo com 3006 pessoas, os resultados da pesquisa apontaram para uma prevalência média da fibromialgia em 2% na população geral, e destes 2%, houve maior prevalência em mulheres do que em homens.

1.2.1 Etiologia

A etiologia da fibromialgia não possui definição clara, no entanto Costa (2013) coloca que a fibromialgia tem “por característica assemelhar-se com outras patologias, como, por exemplo, doenças reumáticas, malignidades, anemia e esclerose múltipla” (p. 21). Além disso, a fibromialgia tem como característica a ausência de “achados laboratoriais positivos” (Ibid., p.

21), não há evidências científicas que a fibromialgia seja associada à problemas do sistema nervoso central e também não há comprovação de que “sejam geradas por problemas emocionais.” (Ibid., p.22), mas a autora considera que tensões emocionais possam ser um dos fatores desencadeadores de crises de fibromialgia.

1.3 Tratamentos propostos

O modelo organicista de tratamento ainda é uma das primeiras opções quando pensamos em como intervir na fibromialgia. No entanto, Costa (2013) defende que o modelo mais efetivo para a cura envolve a escuta do outro e levar em conta a subjetividade do paciente, para tornar o tratamento mais humano. Maeda, et al (2009) relatam em seu estudo, realizado com residentes que atendem pacientes com fibromialgia, que alguns destes residentes não consideram a síndrome de fibromialgia preocupante, pois não compromete o organismo. Uma vez que a fibromialgia não causa danos aos órgãos e musculaturas o residente julga que “dar conta do emocional do doente não seria sua responsabilidade. Sua função é apenas medicar e aliviar a dor do paciente.” (COSTA, 2013, p. 24).

A autora coloca que a nomeação das dores dos pacientes como fibromialgia os acalmou e acalmou também os médicos, que agora poderiam dar algum tipo de explicação aos pacientes e “validar seus sintomas como reais, e não simulados” (COSTA, 2013, p. 24). No entanto, os tratamentos dentro do modelo organicista não dão conta dos desafios que a fibromialgia coloca para o saber médico, por isto há tratamentos alternativos surgindo.

Nogueira, et al. (2005) classificam três categorias de pacientes que tem fibromialgia:

aqueles que possuem dores musculares e as dores não tem nenhuma ligação com aspectos cognitivos ou psicológicos; aqueles que apresentam dor muscular moderada, mas o humor não

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se altera; e aqueles com fibromialgia refratária, que não respondem bem aos tratamentos convencionais e os fatores cognitivos e psicológicos tem influência nos sintomas de dor. Em um estudo realizado por Nogueira, et al. (2005) foram utilizados dois tipos de tratamento para dois grupos de pacientes fibromiálgicos refratários. O primeiro grupo passou por uma sessão de hipnose e recebeu 250 ml de soro fisiológico intravenoso e o segundo grupo passou também por uma sessão de hipnose e recebeu intravenosamente 250 ml de soro fisiológico, contendo 100 mg de uma anti-inflamatório não esteroide. Os resultados para ambos os grupos foi o mesmo, houve diminuição de dor e Costa (2013) considera que isto aponta para o fato que a hipnoterapia é eficiente em grupos de paciente com fibromialgia refratária.

A autora defende que quando os médicos identificam que há algo do inconsciente, tratamentos fora do modelo organicista devem ser pensados e talvez o caso possa ser encaminhado para outros profissionais. Costa (2013) questiona também o uso dos medicamentos para a fibromialgia, dado que a etiologia não está clara e se medicar o sintoma de fato faz sentido, pois o sintoma acaba retornando. Para isto, a autora explica o funcionamento de cada medicamento para a fibromialgia:

Os anti-inflamatórios têm ação bloqueadora sobre as prostaglandinas, as quais têm por função veicular a dor e a inflamação. Eles têm resultado benéfico junto com outros medicamentos. Os antidepressivos tricíclicos são sempre utilizados como primeira escolha para o tratamento, pois causam alívio da dor de forma indireta. Aumentam a formação de dopamina, norepinefrina e serotonina, levando ao sono mais profundo e ao relaxamento muscular. Os inibidores da receptação da serotonina aumentam a serotonina entre os neurônios, gerando ânimo, relaxamento e redução da fadiga.

Aumentam também o número de endorfina, reduzindo a dor. Benzodia tem efeito analgésico, porque aumenta a quantidade da serotonina, bem como a do neurotransmissor ácido gama-amido-bultírico, que inibe as transmissões dos estímulos excitatórios para o cérebro. As medicações para o sono são utilizadas quando os antidepressivos tricíclicos não fazem o efeito desejado, deixando ainda o sono perturbado. As medicações tópicas são eficazes por um espaço curto de tempo.

Em forma de gel, temos a capsaicina. Os miorrelaxantes e analgésicos vão servir para o relaxamento muscular e diminuição da dor para que, ao menos, os pacientes consigam realizar suas tarefas. Os derivados anticonvulsivantes serão somente utilizados em casos extremos da fibromialgia. (COSTA, 20130, p. 26-27)

A medicação vem então como uma medida paliativa para os sintomas de dor apresentados pelos pacientes, mas Costa (2013) reforça que tratamentos alternativos devem ser considerados, uma vez que é necessário um trabalho multiprofissional. A fisioterapia e a psicoterapia são outras possibilidades de tratamento e amenizam os sintomas de dor.

1.4 Uma paciente em meu consultório

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A autora conta que recebeu uma paciente em seu consultório, mulher de 48 anos, com diagnóstico de fibromialgia. Iniciaram o tratamento com hidroterapia para relaxar a musculatura enrijecida da paciente, principalmente na área dos braços e dos ombros. Ao longo da sessão de fisioterapia a paciente foi se abrindo e contou de sua infância. Era a segunda filha, entre sete filhos, de uma família muito pobre que morava na roça, a ela eram atribuídos os afazeres da casa, enquanto os outros filhos trabalhavam na roça. Quando sua irmã mais velha começou a tomar “formas de mulher” (COSTA, 2013, p. 29), ela começou a ir trabalhar na roça, enquanto sua irmã ficava em casa.

Um certo dia, a paciente retornou mais cedo para casa e se deparou com o pai estuprando sua irmã, sua reação foi defender a irmã empurrando o pai, mas não conseguiu impedir. A paciente relatou também que foi ameaçada para ficar em silêncio e após um ano sua irmã engravidou, não ficou claro de quem era o filho. O pai reagiu mal à notícia, e expulsou todos os filhos de casa, como consequência eles foram morar embaixo de uma ponte no Rio de Janeiro. Hoje a paciente é casada e tem duas filhas, e conta que toda vez que passa por algo que a aborrece emocionalmente as dores voltam. A autora a encaminhou para um psicanalista após o término da sessão.

Costa (2013) relaciona o trauma de infância da paciente com as dores que sente no corpo, justamente por retornarem quando alguma questão emocional é ativada. Hipotetiza também que a fibromialgia tenha a ver com algo do Complexo de Édipo em relação à este pai e o estupro que testemunhou, sentindo-se preterida.

Conclusão – p. 82- 87

Costa (2013) analisa que os tratamentos para fibromialgia que os médicos optam por quase sempre geram insatisfação nos pacientes, pois não dão conta dos sintomas. Além disto, a autora discute o caso de Anna O. e Elizabeth Von R., casos de pacientes histéricas de Freud, publicados em Estudos sobre a histeria (1893-1895) e comenta como há similaridades entre as formações de sintomas histéricos e os sintomas da fibromialgia, bem como a etiologia da fibromialgia ser indefinida e que os sintomas histéricos no final do século XIX também se colocavam como um desafio para o saber médico.

Costa (2013) propõe que o debate sobre a fibromialgia seja ampliado e que se leve em conta outras abordagens que não só a medicina organicista,

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Acreditamos que a psicanálise, com seus próprios conceitos de sintoma conversivo, dor, corpo, pulsão e gozo, pode contribuir no trabalho de decifração dos “enigmas” da dor da fibromialgia. Se, no decorrer de um tratamento psicanalítico, os histéricos encontram alguma forma alívio para suas dores e seus sofrimentos, por que não dar a mesma chance aos sujeitos que sofrem de “fibromialgia”? (COSTA, 2013, p. 86-87)

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2.2 Discussão da dissertação de mestrado Uma leitura do Transtornos Somatoformes e da Histeria segundo a CID, o DSM e a obra freudiana: a identificação do sofrimento psíquico no campo científico de Julia Catani (2014).

Julia é doutoranda no departamento de psicologia clínica pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e é também doutoranda sanduíche na Université Rennes 2 - Haute Bretagne orientada pelo Professor Dr. Alain Abelhauser, ambos os doutorados receberam bolsa CAPES. Ao longo de sua trajetória escreveu um livro com o título Sofrimentos Psíquicos: As lutas científicas da Psicanálise e da Psiquiatria pela nomeação, diagnóstico e tratamento publicado em 2015 pela editora Zagodoni. Mestre em Psicologia Clínica também pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo com bolsa do CNPq, finalizado no ano de 2014.

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, formou-se em 2007 e realizou iniciação científica, com apoio do CNPq em 2005.

Além de sua trajetória acadêmica, Julia é psicanalista e membro do Instituto Sedes Sapentiae, bem como psicóloga colaboradora do ambulatório de transtornos somatoformes do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP, desde 2009. É também membro do LATESFIP - Laboratório Teoria Social, Filosofia e Psicanálise e como formação complementar, desenvolve em grupo estudos específicos sobre a obra de Freud e Ferenczi.

Para os fins desta pesquisa serão discutidos os seguintes capítulos da dissertação:

Introdução: Elementos de um mapa do sofrimento psíquico nos séculos XX e XXI, páginas 17- 32; Os transtornos somatoformes na classificação internacional de doenças (CID), páginas 70- 97; Os transtornos somatoformes no manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM), páginas 99-133; A histeria e os transtornos somatoformes: nomes diversos para a compreensão do mesmo sofrimento psíquico?, páginas 156-173 e por fim Conculsão, páginas 180-183.

Nos capítulos, Os transtornos somatoformes na classificação internacional de doenças (CID), páginas 70-97; Os transtornos somatoformes no manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM), páginas 99-133, a autora cita e descreve as categorias diagnósticas destes manuais que são pertinentes à sua pesquisa. Pensamos que este fichamento se dará de forma mais rigorosa se citarmos textualmente os trechos onde ela descreve e esmiúça as categorias diagnósticas contidas na CID e no DSM. Isto por que, se condensarmos as descrições

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e explicações feitas pela autora, corremos o risco de excluir informações importantes e que engendram pilastras importantes de sua pesquisa. Os trechos serão devidamente sinalizados ao leitor e isto só será realizado nos dois capítulos mencionados acima.

1. Introdução: Elementos de um mapa do sofrimento psíquico nos séculos XX e XXI, páginas 17-32

A autora apresenta sua dissertação como uma investigação quanto ao diagnóstico Transtorno Somatoforme (TS), e o interesse desta pesquisa decorre do fato que a autora, Catani (2014), trabalha junto ao Ambulatório de Transtornos Somatoformes do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq-HC-FMUSP). O Ambulatório de Transtornos Somatoformes (SOMA) atende as demandas dos pacientes diagnosticados com TS e dá suporte para o sofrimento psíquico por eles apresentado. A dissertação, segundo a autora, também surge de questões levantadas pela equipe do ambulatório quanto aos pacientes que atendem e as interrogações que este quadro clínico provoca nas pessoas envolvidas com o tratamento.

O SOMA nasce de um grupo que já existia, chamado Interconsultas. No ano de 2009 o Serviço de Interconcultas recebia demandas que pediam por uma investigação de casos enigmáticos, que apresentavam queixas físicas, mas sem explicação médica. A partir das demandas crescentes o SOMA é criado “de modo a oferecer um atendimento mais preciso e adequado.” (CATANI, 2014, p. 18). Os pacientes que são encaminhados ao SOMA apresentam como característica queixas físicas “não totalmente explicadas por uma condição médica geral ou qualquer outro transtorno psiquiátrico” (Ibid., p. 18). É um público que não é homogêneo se olhado pela lente da psiquiatria e da etiologia de seus sintomas, já que o critério de base utilizado para o agrupamentos destes pacientes, pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders- DSM) (2000), determina que deve haver, principalmente, presença de sintomas físicos.

A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID), publicada pela OMS em 1992 define o Transtorno Somatoforme como sintomas físicos que se repetem e demandam uma busca incessante por cuidados médicos, além de gerarem uma preocupação excessiva com o corpo. Neste grupo enquadram-se os

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seguintes transtornos: Transtorno de Somatização, Transtorno Somatoforme Indiferenciado, Transtorno Conversivo, Transtorno Doloroso, Transtorno Dismórfico Corporal e Transtorno Somatoforme sem outra especificação. Segundo Catani (2014), o tratamento do TS não é totalmente definido, basicamente o trabalho do médico gira em torno de cuidar das queixas e dos sintomas colaterais que o transtorno pode gerar, como ansiedade e depressão.

A equipe do ambulatório SOMA, em 2014, era composto por quatro psiquiatras, um neurologista, doze psicólogos, um fisioterapeuta, um residente em neurologia e por volta de 20 residentes de psiquiatria. A neurologia ocupa um lugar fundamental dentro do ambulatório, pois sempre que há dúvida quanto ao diagnóstico, os pacientes são submetidos à uma avaliação neurológica. Uma vez que,

[...] os Transtornos Somatoformes pertencem a uma classificação diagnóstica que, embora seja composta por uma lista de critérios para sua confirmação, esta pode se dar a partir da exclusão de outros quadros psiquiátricos ou médicos, tal como mencionado até o DSM-IV-R” (CATANI, 2014, p. 19)

Catani (2014) também defende que o diagnóstico diferencial, por exclusão, é essencial neste transtorno, pois é difícil determinar do que se trata já que este transtorno pode se sobrepor ou se assemelhar à outras doenças, por exemplo: Os quadros de convulsões epilépticas psicogênicas, não orgânicas, só são diagnosticadas uma vez que é realizado um exame chamado vídeo EEG (videoeletroencefalograma), onde o paciente é monitorado por um aparelho por várias horas, ou dias, até que a crise epiléptica seja confirmada ou descartada. Desta forma, a autora afirma que não é raro que um caso encaminhado ao ambulatório seja confirmado, ao longo do tratamento, com sendo de cunho orgânico.

A dificuldade de estabelecer um diagnóstico em determinados casos foi o ponto de partida para que a autora percebesse a necessidade de estudar mais profundamente a nomenclatura de transtorno somatoformes. A pesquisa que culminou em sua dissertação de mestrado investigou a configuração e surgimento do TS. Logo de início foi constatado que o transtorno somatoforme derivou da histeria, termo utilizado nos primeiros manuais, algo que a autora trabalhou em sua dissertação. Tal derivação abre o caminho para investigar a possível articulação entre Psicologia e Psiquiatria, algo relevante, pois saúde mental é um campo de interdisciplinaridade.

(19)

1.2 O diagnóstico em Saúde Mental numa perspectiva psiquiátrica

Mayes e Horwitz (2005) defendem que as classificações diagnósticas utilizadas hoje possibilitam que pesquisadores e clínicos de diversos países possam estabelecer um diálogo e trocas quanto ao campo da saúde mental. Já Foucault (1994) coloca que as classificações nosológicas e a concepção de patologia mental foram criadas e transformadas de acordo com os indicadores de poder, políticos e sociais na Modernidade. Philippe Pinel (1745-1826), médico francês, desenvolve as primeiras classificações nosográficas, propondo que os loucos deveriam ser apartados de outros indivíduos, já que não eram racionais. Segundo Foucault (1994) a doença mental, na época de Pinel, foi atrelada à falta de racionalidade e os tratamentos foram pensados a partir do campo da moral.

No século XIX o campo científico concebia a doença mental como uma polaridade, de um lado o normal e de outro o patológico, “saúde versus doença” (CATANI, 2014, p. 23). Foram as influências desta época que criaram bases para entender o que chama-se de transtorno na psiquiatria. Emil Kraepelin (1856-1926), psiquiatra alemão, descreveu as sintomatologias nos quadros diagnósticos, explicando-as com termos organicistas. Segundo a autora, foi graças às descrições de Kraepelin que o diagnóstico em saúde mental passou a servir como um instrumento de identificação de sintomas, bem como a direção para um tratamento, algo que pode ser observado até os dias de hoje nos manuais de classificação de doenças. Catani (2014) argumenta que a psiquiatria propõe desenvolver “sistemas de classificação com o intuito de facilitar o diagnóstico e a terapêutica de transtornos mentais, além de promover a comunicação sobre esta clínica entre os profissionais da área.” (p. 23).

No que diz respeito às referências das doenças psiquiátricas temos: A Classificação Internacional de Doenças (CID), décima edição e o Manual Diagnóstico e Estatístico de tRasntornos Mentais (DSM), quinta edição. A CID é mais utilizada em diagnósticos clínicos e também é utilizada como referência mundial para o “registro de morbidade e mortalidade”

(CATANI, 2014, p. 23). O DSM é mais utilizado como instrumento que “auxilia as pesquisas clínicas e teóricas no campo da saúde mental” (Ibid., p. 23). Catani (2014) coloca de forma interessante seu ponto de vista quanto a oposição da psicanálise e da psiquiatria,

A psicanálise, embora apresente uma lógica diversa de produção de saberes, não se caracteriza como oposição à psiquiatria. Mas, diferentemente desta última, a psicanálise propõe a observação da loucura a partir de uma forma peculiar do sujeito exprimir o seu sofrimento psíquico e dizer a sua verdade. Os fundamentos psiquiátricos baseiam-se no diagnóstico sindrômico, no qual se privilegia o conjunto de sintomas e sinais, e no diagnóstico nosológico, que tem a pretensão de descrever e evidenciar a patologia [...] (CATANI, 2014, p. 24)

(20)

Portanto, o diagnóstico sindrômico, que a CID e o DSM potencializam, visa uma sistematização dos sintomas e um tratamento mais imediato. Enquanto no diagnóstico nosológico, as intervenções e tratamentos são pensadas à longo prazo, “o que pode promover resultados mais substanciais” (CATANI, 2014, p. 24). A autora coloca que atualmente a psiquiatria tem se afastado cada vez mais da clínica psiquiátrica tradicional, pois a prática tem se tornado biologizante e busca validar um diagnóstico somente levando em conta a presença de sintomas, observação e determinação de um sistema classificatório. Porém Catani (2014) também reconhece os avanços e o processo de amadurecimento da clínica psiquiátrica atual, mas não enumera quais seriam estes.

1.3 A Histeria em Freud: uma breve apresentação

Em 1885 Freud se mudou para Paris, para estudar com Charcot no Hospice de la Salpêtriére.

Charcot estudava as histéricas e realizava sessões de hipnose como forma de tratamento, desse modo Freud se familiarizou com a técnica e iniciou seus próprios estudos sobre a histeria.

Quando Freud retorna à Viena ele nomeia a histeria como belle indifférence, “pois as mulheres relatavam seus sintomas desprovidas de qualquer emoção” (CATANI, 2014, p. 25).

A medicina avançou de forma significativa no último século, mas ainda não identificou alterações no sistema nervoso quando se trata de histeria. Nas regiões onde os sintomas se expressam há uma excitabilidade que difere de outras partes do corpo, porém não há lesões orgânicas, “Segundo Freud, os sintomas histéricos se modificam e se deslocam, mas não criam nada de diferente.” (CATANI, 2014, p. 25). Os pacientes histéricos comumente não conseguem relacionar o sintoma com o evento que o desencadeou, justamente por que esses sintomas irrompem depois de algum tempo. O sintoma, de acordo com Catani (2014), ocorre pois:

[...] a idéia contrária aflitiva é mantida afastada da consciência, de maneira que se produz uma dissociação entre a intenção e a ideia, mas esta não deixa de existir, apenas mantém-se no inconsciente. Assim, o desejo é levado em conta, mesmo que o sujeito não tenha consciência disso, sendo revivido e atualizado no corpo[...] A gênese dos sintomas histéricos é fruto do trauma que transforma a excitação psíquica em conversão histérica, o órgão é atingido sem respeitar a anatomia. (CATANI, 2014, p.

25-26)

Para que se torne uma patologia é necessário que as associações sejam recalcadas, pois encontram-se entre o desejo e a censura, tornam-se inconciliáveis. Os sintomas histéricos têm uma determinação psíquica e a parte do corpo elegida como vetor do sintoma faz parte da metáfora que diz respeito à ideia recalcada. A autora coloca que os sintomas surgem em um primeiro momento como um incômodo para o sujeito, mas mais adiante há um ganho secundário para o sujeito, “Desvendar um sintoma tona-se ainda mais complexo pela gama de

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significados e pelas alterações que este sofre com o tempo para representar o processo mental inconsciente.” (CATANI, 2014, p. 26).

1.4 Os Transtornos Somatoformes na Psiquiatria

A CID nasce de uma tentativa de construir uma classificação internacional, o objetivo era apresentar uma linguagem unificada e comum, para que a comunidade médica pudesse utilizar na atribuição de diagnósticos, no tratamento, na prevenção de doenças e no diálogo com outros profissionais. Em 1893 foi publicada a Classificação das Causas de Morte de Bertillon, esta lista tratava das causas de morte na cidade de Paris, contendo 14 capíitulos e 161 categorias,

A primeira revisão aconteceu em 1900 e resultou em 179 rubricas e uma classificação de 35 grupos; a segunda sucedeu-se em 1909 e a terceira em 1920, tendo esta última o envolvimento de 27 países. A quarta versão foi revista em 1929 e a quinta e última edição, que mantém este nome Classificação das Causas de Morte de Bertillon, foi publicada em 1938 com 200 rubricas. A partir da edição seguinte passou-se a nomear o trabalho como Classificação Internacional de Doenças, Lesões e Causas de Morte (CID), nome que perdurou até a nona revisão, sendo na décima denominada Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde.

(CATANI, 2014, p. 27)

É somente na CID-6, publicada em 1950, que é criado um capítulo nomeado como Perturbações Mentais, Psiconeuroses e Modificações da Personalidade, e neste capítulo fala-se em “reação histérica sem menção de ansiedade e psiconeuroses com sintoma somático”1 (CATANI, 2014, p. 27). A CID-8, de 1965, cria um capítulo específico para os quadros histéricos e o nomeia como Transtorno de Personalidade e a próxima edição, publicada em 1975, o capítulo Perturbações Mentais, Psiconeuroses e Modificações da Personalidade é nomeado como Transtornos Neuróticos, que “comportam quadros que não apresentam base orgânica evidente e de acordo com a classificação explicitam a dificuldade em se diferenciar a neurose da psicose” (Ibid., p.28). Na nona edição da CID, a histeria é colocada como produtora de uma limitação de consciência, transtornos sensoriais ou motores, bem como dissociação e conversão, já no quadro dissociativo há uma predominância do inconsciente, seguido de uma amnésia seletiva. (CATANI, 2014)

A CID-10 contém um volume exclusivo para os transtornos mentais, e são incluídas direcionamentos clínicos e diagnósticos, sem levar em conta linhas teóricas, além de listar os sintomas. Um exemplo da imparcialidade teórica desta edição está na separação entre neurose

1 Grifo da autora

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e psicose, “sem pressupostos psicodinâmicos” (CATANI, 2014, p. 28). Os termos psicogênico e psicossomático foram retirados do manual, pois causavam um ruído linguístico dependendo da região que eram utilizados, por conta de seu significado. Justificativa utilizada também para a retirada de outros termos.

Em 1952 é criado o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais- DSM, com o intuito de categorizar e uniformizar os transtornos mentais que apareciam frequentemente em hospitais. O DSM foi baseado na sexta edição da CID e,

A partir de uma pesquisa histórica é possível constatar que a definição dos Transtornos Somatoformes (diagnóstico incorporado no manual em 1980), presentes até o DSM- IV-R, provém do conceito de Histeria. Mas é necessário sublinhar também, que neste processo de substituição de categorias, o que corresponderia ao TS na nova edição, portanto, no DSM-V (2013), é o diagnóstico de Sintomas Somáticos e Transtornos Relacionados. (CATANI, 2014, p. 29)

Na primeira versão do DSM, o termo histeria não aparece como categoria nosográfica, pois o manual tinha como enfoque relacionar as patologias descritas com os fatores psicológicos que contribuíam com os sintomas. Dessa forma, conversão histérica tinha o mesmo significado de reação conversiva, e ambas foram colocadas no capítulo de transtornos psiconeuróticos.

(CATANI, 2014)

O DSM-II foi publicado em 1968 e na época a psiquiatria dividia a neurose a psicose.

Catani (2014) afirma que o termo neurose histérica substitui, na segunda edição, o termo reação conversiva, assim como personalidade instável passou a ser nomeado como personalidade histérica, “Portanto a histeria, ainda nesta perspectiva de separação entre neurose e psicose apareceu como a grande representante do campo da neurose.” (p. 30). Ainda no que tange a segunda edição, houve uma preocupação dos editores de incluírem aspectos biológicos e sociológicos que podem estar presentes em determinadas doenças, e por sociológico entende- se “possíveis conflitos encontrados no meio ambiente que podem interferir no sujeito.” (Ibid., p. 30).

A terceira edição do DSM, publicada no ano 1980, traz uma abrangente descrição nosográfica, e inclui 265 novas categorias, tal aumento foi justificado como uma forma de obter-se mais precisão no diagnóstico. No entanto, enquanto novas categorias froam adicionados, o termo histeria foi retirado do manual, “[...] na tentativa de um modelo que oferecesse maior precisão na distinção entre o normal e patológico.” (CATANI, 2014, p. 30).

A histeria é substituída por termos como distúrbios somatoformes e transtornos dissociativos,

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culminando no abandono da visão psicodinâmica. O termo neurose permanece no manual porém entre parênteses.

O DSM-IV, 1994, traz consigo mais de 800 páginas e 297 transtornos listados, nas mudanças da terceira edição para esta o termo neurose foi abolido completamente do manual e a histeria foi fragmentada em transtornos somatoformes, transtornos factícios e transtorno de personalidade histriônica,

Os então chamados Transtornos Somatoformes, de acordo com os manuais psiquiátricos, abrangem transtornos como conversivo, somatização, hipocondríaco, dismórfico corporal, doloroso, somatoforme indiferenciado e somatoforme sem outra especificação (CATANI, 2014, p 31)

O DSM-V, lançado em 2013, renomeia os Transtornos Somatoformes como Sintomas Somáticos e Transtornos Relacionados. A mudança ocorreu segundo uma suposta confusão que o termo causava no que diz respeito à separação entre corpo e mente, a qual gerava “falta de fidedignidade nas avaliações de sintomas inexplicáveis por causas orgânicas, bem como dificuldades para a estratégia de tratamento.” (CATANI, 2014, p. 31). Nesta edição os critérios passam a ser mais diretivos e o modo com que o paciente lida com seu sintoma é levado em conta, abrindo espaço para os casos que possuem interferência de questões psíquicas na esfera orgânica, como os casos psicossomáticos. (CATANI, 2014).

1.5 Os Modos de Produção do Estudo: Método e História da Questão

A dissertação aqui discutida tem como objetivo, segundo a autora, investigar os transtornos somatoformes e seu caminho histórico, fazendo uso dos estudos e intersecções entre a psiquiatria e a psicanálise. Para tal, Catani (2014) optou por fazer uma retomada do percurso histórico do TS, na CID e no DSM, a psicanálise entra como figura importante neste processo pois o termo Transtorno Somatoforme surge a partir do conceito de histeria, da forma que era discutido nos primeiros anos da obra freudiana. Vale adicionar que a autora relata ter tido dificuldade no acesso às obras, tanto da CID, quanto do DSM e optou-se por utilizar as versões originais, sem estarem traduzidas, por conta de algumas questões de tradução de uma edição para a seguinte, causando insegurança. Por fim, Catani (2014) coloca as seguintes questões como norteadoras de sua pesquisa:

Qual o processo histórico da nomenclatura de transtornos somatoformes no DSM e na CID? Em que momento esta nomenclatura aparece nos manuais psiquiátricos?

Quando a histeria passa a não ser mais referida pela psiquiatria nestes manuais? Seria

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possível admitir uma equivalência entre os transtornos somatoformes e a histeria tal como definida por Freud? (p. 35)

4. Os Transtornos Somatoformes na Classificação Internacional de Doenças (CID)- p. 70- 97

4.1 Primeiros passos para uma classificação internacional

O objetivo com a criação da CID era a unificação da linguagem médica e proporcionar uma facilitação de diálogo entre os profissionais da saúde, para a definição de tratamento, diagnóstico e prevenção de tratamento. John Graunt, demógrafo britânico, coletou em 1662 dados de mortalidade nas paróquias de Londres, ao final de sua pesquisa foram identificadas 83 enfermidades, responsáveis pela mortalidade na cidade. William Farr, entre os anos de 1849- 1854, se preocupou em melhorar a classificação de doenças, ampliando e divulgando os dados coletados, para que fosse possível fazer uma análise estatística da mortalidade. Em 1853, o Congresso Internacional de Estatística em Bruxelas solicitou que Farr e d’Espine elaborassem uma nomenclatura de causas de morte que pudesse ser utilizada em todos os países. (CATANI, 2014)

Foram elaboradas duas listas,

A primeira apresentava uma divisão em cinco grupos e continha doenças epidêmicas, doenças constitucionais, doenças identificadas a partir da localização anatômica, doenças do desenvolvimento e, por fim, doenças decorrentes de algum traumatismo.

(CATANI, 2014, p. 70-71)

A segunda lista, elaborada por d’Espine, classificou as doenças de acordo com sua natureza. Catani (2014) afirma que as duas listas foram avaliadas por uma assembleia, que determinou que o produto final considerasse a proposta das duas listas, o que resultou em 139 rubricas e diversas revisões. O critério principal para a elaboração da lista final foi a classificação de Farr, que também serviu de base para a construção da Lista Internacional de Causas de Óbito, nome utilizada para e referir às primeiras edições da CID.

(25)

4.2 Período anterior à responsabilidade de produção e a revisão do manual pela OMS: a classificação das causas de morte de Bertillon e sua integração na elaboração da CID-1 a CID-5 (1900-1938)

Jacques Bertillon, demógrafo e estatístico francês, realizava a classificação das causas de mortalidade, até que uma assembleia em 1891 determinou que houvesse uma nova classificação, publicada em 1893 com o nome: Classificação das Causas de Morte de Bertillon,

“Esta lista referia-se às causas de morte na cidade de Paris, mas fazia alusão à proposta de Farr, para quem a localização anatômica e as doenças gerais serviam como princípio.” (CATANI, 2014, p. 71). A classificação continha 14 capítulos e 161 categorias, e começou a ser utilizada internacionalmente, sendo adotada por diversos países, obtendo mais sucesso do que as tentativas anteriores.

A resposta positiva e o alcance que a classificação adquiriu gerou uma demanda para que fosse revisada a cada dez anos, para que novas informações pudessem ser adicionadas.

Bertillon, responsável pela produção e atualização da classificação, faleceu em 1922 e uma nova diretoria fica responsável por estas tarefas. Em 1923, Michel Huber tornou-se sucessor de Bertillon e “sugeriu que fosse retomada a proposta de 1893 (período em que se celebrou a adoção da primeira edição do que viria a ser a CID no futuro) para a padronização internacional e solicitou o apoio e colaboração de organizações internacionais para as revisões posteriores.”

(CATANI, 2014, p. 72).

A quarta versão foi revista no ano de 1929 e a quinta edição em 1938, além de ser a última edição que manteve o nome Classificação das Causas de Morte de Bertillon. A quinta versão foi publicada com 200 rubricas, e apesar de ter alterado algumas nomenclaturas, ficou definido que o manual seria pouco alterado. Nas primeiras publicações das classificações os transtornos mentais não estavam presentes, já que o objetivo da classificação era a causa e o índice de mortes, mas há alguns termos que depois podem ser entendidos como indícios da histeria e dos transtornos somatoformes:

Tanto na segunda quanto na terceira revisão da Classificação de Bertillon (Gazeta Clínica, 1915; Serviço Sanitário do Estado de São Paulo, 1920) nota-se que há, na categoria de afecções do sistema nervoso e dos órgãos dos sentidos, duas classes descritas como outras formas de alienação mental e paralisias sem causa indicada.

Apesar da importância que sugerem estas categorias, não há nenhuma descrição de como elas se caracterizam. (CATANI, 2014, 73)

(26)

4.3 CID-6: A classificação internacional das doenças e os transtornos mentais sob responsabilidade da OMS (1948)

Em 1946 foi realizada a Conferência Internacional de Saúde onde foi decidido que a Comissão Interina da Organização Mundial da Saúde se responsabilizaria pela revisão e preparação da próxima edição do manual. Em 1948 ocorreu novamente a Conferência Internacional de Saúde e foi aprovada a sexta edição da CID, nessa assembleia também foi criada a OMS que ficaria responsável pelas próximas edições. A CID-6 foi publicada em 1950, pela OMS, além de ser a primeira edição com o nome Classificação Internacional de Doenças, lesões e causas da morte (CID), foi também publicado a lista de mortalidade e de morbidade, uma novidade até então. Vale adicionar que quando a OMS assume a responsabilidade pela CID há mudanças drásticas, as categorias passam de 164 para 769. (CATANI, 2014)

Segundo Catani (2014) a introdução da CID-6 é feita de forma concisa, pressupondo que quem irá fazer uso do manual conhece as definições dos diagnósticos. O manual foi organizado em dois volumes: “o primeiro com uma lista tabular de classificação, isto é, referências de mortalidades e morbidades e o segundo com um índice em ordem alfabética e os termos diagnósticos correspondentes às categorias.” (CATANI, 2014, p. 74).

No primeiro volume os dados relativos às patologias e aos transtornos mentais forma organizados em três listas, e a autora achou pertinente mencionar o quinto capítulo da CID-6, chamado Perturbações mentais, psiconeuroses e modificações da personalidade. Citaremos textualmente as categorias que Catani (2014) decidiu incluir da CID-6 e as respectivas explicações que a autora forneceu. Já que é imprescindível para o andamento da discussão desta dissertação as categorias que foram sendo alteradas e retiradas nos manuais de uma edição para a outra, não faremos uma tradução das categorias, pois há um receio que informações sejam perdidas e isto interfira na clareza do percurso das categorias de edição para edição.

Seguem abaixo os códigos:

310 - Reação de ansiedade sem menção de sintomas somáticos: nesta classe estão presentes situações inespecíficas de estado, neurose e reação, referidos pela sigla (NE), não especificado. [...]

311 - Reação histérica sem menção de ansiedade: há neste grupo três principais categorias, anorexia nervosa, neurose de compensação histérica e histeria. Nesta última categoria de histeria, existe uma extensa lista de possibilidades em que tal quadro pode se manifestar desde que não apareça ansiedade, por exemplo: NE, afonia, amnesia, anorexia, anosmia, catalepsia, cegueira, conversão, convulsões, discinesia, fuga, mutismo, paralisia, sonambulismo, tique, tremor, outras manifestações,

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histerepilepsia, reação dissociativa qualquer (todos qualificados como histéricos(as)).

(CATANI, 2014, p. 75)

Os códigos a seguir foram divididos em sub itens pela CID-6 e foram mantidos assim pela autora, pois todos se relacionam ao sistema cardiovascular,

315 - Psiconeuroses com sintomas somáticos (reação de somatização) afetando o aparelho circulatório: ainda que não existam transtornos somatoformes com relação direta a este tipo de manifestação, nesta categoria o coração e similares são afetados em decorrência da somatização.

315.0 – Astenia neurocirculatória: astenia cardíaca, astenia neurocirculatória,

“coração de soldado”, distúrbios cardíacos especificados como psicogênicos, síndrome de Da Costa, síndrome do esforço.

315.1 – Outras manifestações cardíacas especificadas como de natureza psicogênica são aqui classificadas: os transtornos do aparelho cardiovascular, embora psicogênicos, não são satisfatórios para a categoria 315.0.

315.2 – Outras manifestações circulatórias de natureza psicogênica: distúrbio do aparelho cardiovascular que apresenta especificação psicogênica, mas não classificável na categoria 315.0 e 315.1. (CATANI, 2014, p. 75-76)

Vale ressaltar que as doenças orgânicas do coração não são incluídas nestas categorias, a não ser que se suspeite que uma delas possui um fundo psicogênico. As categorias a seguir também foram divididas em sub itens, porém dizem respeito ao sistema digestório,

316 - Psiconeuroses com sintomas somáticos (reação de somatização) afetando o aparelho digestivo. São excluídas as úlceras de estômago e do duodeno, os distúrbios funcionais do esôfago, estômago e intestino, exceto se houver uma natureza psicogênica.

316.0 – Colite mucosa especificada como de natureza psicogênica. São incluídas também algumas condições referidas em Colite Mucosa (573.1) que sejam de ordem psicogênica.

316.1 – Irritação do cólon especificada como de natureza psicogênica: aqui podem ser incluídas as diarréias funcionais desde que de origem psicogênica. O mesmo vale para as irritabilidades do cólon (573.2) que envolvem: enterospasmo, cólon espástico, irritabilidade do cólon.

316.2 – Neuroses gástricas envolvem: dispepsia20 funcional psicogênica, neurose gástrica, vômitos cíclicos. Ficam incluídas também as perturbações funcionais do estômago especificadas como psicogênicas (544).

316.3 – Outras manifestações digestivas especificadas como de natureza psicogênica podendo ser: aerofagia ou algum distúrbio do aparelho digestivo de cunho psicogênico desde que não tenha sido classificado nas categorias de 316.0 a 316.2 (CATANI, 2014, p. 76)

Os próximos códigos dizem respeito à aparelhos diversos, desde o respiratório, ao locomotor, até partes diversas do corpo que podem era afetados e causar prejuízo para o funcionamento,

317 - Psiconeuroses com sintomas somáticos (reação de somatização) afetando outros aparelhos

Referências

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