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CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO AULA 4

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Academic year: 2022

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CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO

AULA 4

Profª. Elaine Cristina Hobmeir

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CONVERSA INICIAL

Parece ser cada dia mais difícil falar sobre criatividade e inovação, tanto desses conceitos individualmente, como sobre uma integração entre eles. Os conceitos se entranham de uma forma sinérgica e altamente sedimentada, a ponto de chamar a criatividade um novo nome que crie um novo conceito que poderia ser denominado “crianovação” ou algum outro nome que representasse a perfeição do casamento entre essas conceituações iniciais. A criatividade estaria se mostrando reflexiva e, ao mesmo tempo inovadora, na criação de um novo termo.

É possível garimpar um grande volume de livros e uma grande diversidade de artigos que enxergam os processos, criativo e inovador, sob diferentes óticas, cada uma pertinente a uma determinada área do conhecimento. Psicólogos enxergariam em uma perspectiva humanista, pedagogos em uma perspectiva didática e pedagógica diferenciada, e assim por diante.

Ainda que esse não seja um “território de ninguém”, cada um se considera apto a dar seu palpite: alguns operando na perspectiva de um achismo que não admite contrariedade, outros buscando apoio em comunidades científicas. Toda essa movimentação apenas justifica a importância do tema.

Além disso, a criatividade e a inovação podem assumir perspectivas diferenciadas, como, por exemplo, estarem voltadas para a criação de produtos e serviços que os clientes desejam (criação de proposições de valor), como na busca da satisfação dos clientes com rotinas de atendimento diferenciadas, caracterizando uma atividade de gestão do relacionamento com o cliente altamente diferenciada de tudo o que já foi visto.

Nesta aula, a criatividade e os processos criativos serão tratados em uma perspectiva de apresentar conceitos, melhores técnicas e práticas, que procuram a independência do contexto, o que pode fazer com que alguma abordagem venha a ser prejudicada. O campo da criatividade pode ser considerado como um sistema aberto, que recebe influências do exterior, tornando difícil a abstração que será aqui buscada.

Bons estudos!

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CONTEXTUALIZANDO

Dentre todos os livros e artigos anteriormente referenciados, grande parte deles está apoiado em definir comportamentos voltados para como ensinar as crianças a pensarem criativamente. A perspectiva adotada neste material é diferenciada, e o foco é alterado para a colocação de incentivar comportamentos criativos e inovadores voltados para negócios e serviços da empresa e toda a sua cadeia de valor, com destaque para o tratamento dos clientes.

Esse destaque é necessário porque é um erro considerar que a criatividade não tem idade. A vivência da pessoa e a cultura adquirida são aspectos importantes e podem modificar a compreensão sobre o que este material tenta colocar como um conjunto de melhores práticas para atingir uma situação de incentivo permanente à aplicação da criatividade e inovação nos procedimentos administrativos, sejam eles operacionais ou não.

Com essas colocações, nos parece natural a consideração sobre ser o entorno social subjacente ao domínio de um indivíduo o contexto no qual os estudos sobre a efetivação da criatividade devem ser desenvolvidos. Quando a criatividade se manifesta, para ter sentido e significado, tem que ser enxergada e vista por mil olhos ou mais, sem o que perde a sua significância.

Parece também apropriado ser considerada a área de conhecimento relacionada com os saberes psicológicos a mais adequada para situar os estudos que estão relacionados à efetivação dos processos criativos e inovadores. Nos dias atuais, essa efetivação em diferentes situações é uma condição considerada de grande importância, sem a qual fica mais difícil a divulgação de ideias.

Kim e Mauborgne (2004), trabalhando em uma vertente particular,

relacionada aos negócios efetivados em um mercado altamente competitivo e

caracterizado por elevado grau de incerteza, tinham em mente auxiliar

administradores e publicitários na compreensão da importância de criar e inovar,

como técnicas aplicáveis a quaisquer tipos de negócios, mas suas

considerações podem ser aplicadas de maneira geral aos processos de

criatividade e inovação.

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TEMA 1 – CRIATIVIDADE

Talvez seja mais simples e direto definir a criatividade do que observar seu desenvolvimento em andamento. Para pessoas que gostam de definições, a procura pode resultar quase em um compêndio. Há os simplistas que preferem adotar a linha aqui adotada ao afirmar que a criatividade é uma técnica para resolver problemas.

Veja este exemplo simplificado. Combinar letras para criação de novas palavras e buscar definições que são colocadas na internet com o intuito de que elas se transformem em “memes” e tragam alguns momentos de fama é uma atividade divertida. Ela pode também estar sendo procurada como forma de impressionar a academia.

Muitos consideram o internetês, ou outras novas formas de expressão aplicáveis pelos jovens, como uma tentativa de caracterizar pequenas comunidades, com uma linguagem que as identifique, e desenvolvem sobre o tema estudos com viés acadêmico, muitas vezes desnecessário. Na grande maioria dos casos, esse fato representa uma brincadeira criativa. O jargão sempre existiu em todas as linguagens e contextos e é aceito naturalmente.

Há situações nas quais este último fato transforma as conversas em um diálogo ininteligível para o comum dos mortais. É possível considerar que tais atitudes resultem em perda de tempo frente a uma das características mais comuns da criatividade: a naturalidade de seu surgimento em ambientes nos quais não há cerceamento à livre expressão de pensamentos e ações consequentes.

A necessidade de buscar estratégias para que ela se manifeste resulta,

de forma direta, do cerceamento ao livre pensamento, com medidas coercitivas

que o ser humano enfrenta desde seu nascimento, no ambiente familiar e que

acaba por se estender, de maneira ainda mais profunda no ambiente escolar e

em uma sociedade cujo epíteto de “hipócrita” tem aplicabilidade quase que total.

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Figura 1 — Cerceamento da liberdade de pensamento

Crédito: ARCADY/SHUTTERSTOCK

A explanação dos parágrafos anteriores torna possível compreender, então, a razão da veracidade que acaba por ganhar a afirmativa que a criatividade somente surge como resultado de um trabalho, às vezes insano, de levar as pessoas a saírem de suas zonas de conforto e voltarem a “enfrentar os seus medos de criança”.

Nesse caso, não adianta “remar contra a maré”, e o melhor é ter aplicação no desenvolvimento da proposta de buscar formas de incentivo para que o pensamento criativo aflore e que, dessa forma, a empresa possa contar com uma equipe de valorosos colaboradores que, como uma brigada de tartarugas ninja, possa enfrentar os dragões da falta de criatividade.

O que vale, então, é a definição simplista que colocamos no início deste tópico. Mas ainda nos resta completar o questionamento e responder: para quais tipos de problema a criatividade pode ser aplicada. Da mesma forma, a resposta pode ser rápida e rasteira: todos e quaisquer problemas.

1.1 Inovação

Ao tentar definir inovação, em primeiro lugar esbarramos em um erro

comum: considerar estes termos como sinônimos. Lima (2018) apresenta uma

postagem na qual utiliza como bordão a frase: “há esperança para os

procrastinadores criativos” para efetivar uma chamada de volta à realidade, na

qual assinala que tais termos não apresentam, definitivamente, o mesmo

conceito.

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A autora citada relata o resultado de um estudo de caso feito com uma amostragem de 50 pessoas, das quais 77% responderam positivamente ao questionamento: criatividade e inovação são sinônimos? A autora arrisca (sim, pois afirmar algo no meio acadêmico, exige saber a linhagem de quem primeiro afirmou tal coisa) colocar duas definições sobre os termos que veremos a seguir.

Criatividade indica a capacidade de criar, produzir ou inventar coisas novas (nada muito diferente da definição que colocamos inicialmente). Inovação é o ato de criar uma novidade, algo que as pessoas nunca imaginaram, ou melhor dizendo, algo que existia apenas na imaginação de uma ou de diversas pessoas e que, em um passe de mágica, se apresentou como novidade no mercado, ansioso por elas, como uma forma de afastar o medo (sensação que o desconhecido provoca no ser humano).

A autora questiona, então: a partir desses conceitos, o que diferencia criatividade e inovação? Com nossa concordância total, a autora responde: a ação. O complemento dessa colocação pode se revelar como um primor em termos de diferenciação, sem que os conceitos sejam totalmente separados, mas utilizados de forma complementar, quando afirma; “a ação é a magia que transforma a criatividade em inovação” (Lima, 2018).

Figura 2 — Procrastinação criativa

Crédito:NETRUN78/SHUTTERSTOCK

Dessa forma, ganha consistência uma afirmativa que poderia parecer

estar solta no texto: há esperança para procrastinadores criativos. Aqui, a autora

considera que a criatividade ainda existe e pode ser apresentada em toda sua

riqueza, bastando, para tanto, “despertar do sono eterno saindo dos braços de

Morfeu, um dos filhos de Hypnos” (Lima, 2018). Essa divindade personificava o

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sono, mas não o cansaço. E este parece ser o estado em que está grande parte das pessoas: uma letargia sonolenta, da qual necessitam ser despertos.

Saiba mais

Retorne um pouco ao ambiente acadêmico e leia um artigo interessante sobre criatividade, escrito por Ulbricht et al. (2009) e que você pode encontrar em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806- 58212009000300017. Acesso em: 10 jan 2020.

Depois, acesse o vídeo sobre criatividade em:

https://www.youtube.com/watch?v=MqxXkO3mttE. Acesso em: 10 jan 2020.

Por fim, conheça mais sobre como nascem as ideias, no artigo da Superinteressante, postado por Vomero (2016), que traz reflexões sobre como nascem as ideias: https://super.abril.com.br/ciencia/como-nascem-as-ideias/.

Acesso em: 10 jan 2020.

TEMA 2 – CRIATIVIDADE BASEADA EM PROBLEMA

Se a criatividade foi definida como a arte de solucionar problemas, é natural enxergar essa área como diretamente relacionada com os aspectos psicológicos favoráveis à aprendizagem de coisas novas que caracterizam a aprendizagem baseada em problemas. Dessa forma, uma das primeiras abordagens está relacionada com as questões relativas à problematização, que consiste em saber fazer as perguntas corretas, as quais, quando respondidas de forma favorável, solucionam os mais diversos tipos de problemas.

Berbel (1998) apresenta considerações que diferenciam a problematização e a aprendizagem baseada em si própria. Segundo a autora, o ato de problematizar resulta da observação de fatos extraídos da observação desenvolvida pelos sujeitos. A autora coloca, então, que problematizar é agir sobre elementos que estão diretamente relacionados com a vida das pessoas, na sociedade que as cerca, ponto já defendido anteriormente, com outras palavras, mas com idêntico significado.

A autora propõe um caminho que resulta, em uma primeira consideração,

da observação da realidade social, o olhar deve ser atento, curioso e capacitado

a registrar as características do tema da observação. Poderão ser levantados

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diversos problemas, mas apenas um deve ser o foco do estudo, ainda que relacionado com os demais aspectos deixados de lado momentaneamente.

Segue-se uma atividade de reflexão sobre os elementos coletados, o que permitirá apontar um encaminhamento para a solução, ainda que isso não seja tratado nesta etapa, mas sim entregue como insumo para a aprendizagem baseada em problemas. Este método é similar àquele que é seguido no desenvolvimento de artigos científicos e trabalhos acadêmicos, nos quais é necessária a determinação do problema a resolver e dos questionamentos que orientam o desenvolvimento da pesquisa.

Neste momento, de forma reduzida, é possível trabalhar com o elemento criatividade já tendo em mãos o problema que se deseja resolver (como efetivar a criatividade) e os questionamentos que surgiram como resultado da curiosidade do estudante (pontos de balizamento). Nesse tipo de trabalho, o que se espera como resultado é alguma “melhor prática” independente ao máximo possível do contexto, sem haver perdas no conteúdo considerado necessário.

2.1 A criatividade como problema a resolver

A complexidade da tarefa de incentivo à efetivação de processos criativos e inovadores é de tal complexidade que sugere um estudo mais atento, criterioso, crítico e abrangente do problema, em busca de sua solução. A partir dessa análise reflexiva, os alunos são estimulados a uma nova síntese: a da elaboração dos pontos essenciais que deverão ser estudados sobre o problema, para compreendê-lo mais profundamente e encontrar formas de interferir na realidade para solucioná-lo ou desencadear passos nessa direção.

O trabalho sai da esfera central e novos pontos interligados são inseridos, sendo criada uma rede complexa de todos os aspectos que podem ser adotados no sentido de liberar as pessoas para o desenvolvimento da experimentação desenvolvida na perspectiva de erros e acertos, sem que ocorra nenhum cerceamento. O aprender pelo erro é liberado em sua totalidade.

Esses aspectos desviam para questões de motivação, sejam elas

extrínsecas (recompensas externas) ou intrínsecas (recompensas internas e

preferidas), que envolvem aspectos psicológicos. É exatamente nesse ponto que

reside a complexidade que foi assinalada, pois o que é considerado bom por

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uma pessoa pode ser rejeitado por outra, e a tentativa de motivação ocorre exatamente em sentido contrário.

Nesse sentido, interferem o clima organizacional, a vida pessoal dos envolvidos e seus relacionamentos, além da própria cultura criada no interior dos locais de trabalho. São múltiplos aspectos a serem levados em conta. Há casos em que as iniciativas voltadas para efetivação do processo inovador e criativo ocorrem com uma divisão de abordagens, considerando não mais uma proposta genérica, mas que envolve a motivação a ser obtida trabalhando apenas em um determinado aspecto.

Independentemente de todas as variáveis que devem ser consideradas, nunca deve ficar em segundo plano a realização de um propósito maior que é preparar o ser humano para que ele “recupere” uma qualidade que lhe é inerente e tem início na curiosidade, transformada em criatividade e como resultado a ação na adoção de comportamentos inovadores. O resultado é a transformação do ser humano em algo melhor, capaz de criar um mundo melhor e para uma sociedade que permita uma vida mais criativa, em benefício do bem-estar comum.

Tendo a criatividade como um problema a ser resolvido, e apresentados

os caminhos para efetivação de tal propósito, é facilitada a tarefa de utilização

da criatividade para solucionar quaisquer problemas que surjam em algum

segmento social, seja a escola, a empresa ou a vida pessoal de cada um.

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Saiba mais

Acesse o artigo de Vieira (2010) no qual a autora analisa quais os fatores, alguns dos quais tratamos neste material, que influenciam no desenvolvimento do potencial criativo.

Acesse um vídeo sobre o relacionamento entre a criatividade e a aprendizagem baseada em problemas que pode ser encontrado em:

https://www.youtube.com/watch?v=6dxbyoegczg. Acesso em: 10 jan 2020.

Conheça mais sobre a aprendizagem baseada em problemas

Procure em sua biblioteca virtual o livro de Munhoz (2015) que traz maiores informações sobre o assunto em foco.

TEMA 3 – COCRIAÇÃO

Há, em muitas publicações, a associação do tema com aspectos esotéricos, os quais devem ser eliminados antes de sua leitura devido à quantidade de crença embutida que retira o valor de caracterização científica. A forma de enfoque aqui utilizada é voltada para os negócios, ainda que sua aplicação ocorra em diferentes campos.

A cocriação surge como uma novidade de impacto nos mais diferentes ambientes nos quais circulam os seres humanos. Os materiais existentes a colocam como a “oitava maravilha no mundo dos negócios”, a qual permitiria obter melhores resultados em todos os objetivos a serem atingidos e que exigem alto nível de criatividade e inovação.

Na prática, as coisas são diferentes: atingir equipes de alta produtividade nas quais a cocriação seja a principal necessidade é uma das tarefas mais complexas com que se deparam os administradores e líderes de equipes, conforme colocado por Banegas (2018).

A autora considera que o problema maior é que a proposta do desenvolvimento desse tipo de trabalho está em alta na maioria das empresas, e algumas pessoas consideram que tal fato é um aprimoramento do trabalho desenvolvido em equipe, mas as coisas não são tão simples assim. O trabalho em equipe é algo similar ao “primo pobre” do processo de cocriação.

Banegas coloca uma afirmativa que pode ser considerada como uma

definição para o termo, quando considera a proposta como uma atividade que

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tem como objetivo otimizar a eficiência, a velocidade e os custos e manter a comunicação constante entre os participantes de equipes multidisciplinares.

3.1 O estímulo

Por se tratar de uma atividade complexa, é necessário que a equipe na qual a proposta será aplicada fale uma linguagem comum e que haja um nivelamento em todos os aspectos, incluindo aí o nivelamento tecnológico. Na fase de escolha dos cocriadores, essa recomendação deve ser levada em consideração.

Equipes que vão desenvolver seus trabalhos para atender a um único departamento não terão preocupações complementares que não sejam atingir os objetivos estabelecidos para o processo. Já equipes que vão trabalhar no atendimento a múltiplos departamentos têm que tomar cuidado para que não haja desvio de interesse.

Em todas as situações, o objetivo deve prevalecer sobre interesses particulares e individuais de um departamento específico. Equipes de cocriação podem apresentar, em alguns casos, uma inércia em algum dos pontos de apoio, ou âncoras, que pode provocar atrasos. Assim, todos devem buscar andar no mesmo ritmo.

Atendidas tais condições, estímulos gerais podem atingir a todos os envolvidos, facilitando a abertura de espaços para que cada um coloque as suas ideias em prática e deem seguimento a um curso de ação com a aceleração necessária. Em tais ambientes, é necessária a eliminação da cultura do super- homem, na qual um dos participantes pode resolver os problemas de todos os demais. Esse é o cuidado complementar que precisa ser levado em consideração.

Com tudo isso, a equipe pode começar a produzir bons resultados no tocante à solução coletiva e cocriativa dos problemas que coube delegados a ela. Se tudo funcionar a contento, vitória completa, mas, se as coisas não funcionarem, onde poderá estar o erro?

Nesse caso, é preciso revisar todas as recomendações iniciais e, se for

de interesse e importante, é preciso que os aspectos motivacionais sejam

analisados e que alguma forma de recompensa extrínseca ou intrínseca venha

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a ser acionada. As extrínsecas são as preferidas pelos mais materialistas, e as intrínsecas as mais preferidas por pessoas que estão apoiadas em algum ideal superior a elas mesmas.

É preciso visualizar, ainda, de forma complementar, se o foco de todos os participantes está direcionado para o mesmo ponto e se não há divergências culturais que estejam colocando trava em algum ponto do processo. A multilateralidade é necessária, mas essa condição exige um aperfeiçoamento nos meios de comunicação e um processo de gerenciamento das condições de comunicação tanto internas (no interior da equipe) quanto externas (com outros setores e departamentos).

Essa última condição é um delimitador a ser considerado e cuja não efetivação pode prejudicar a evolução de projetos criativos e inovadores.

Crenças e posições radicais estão entre as maiores travas à criação de um clima organizacional favorável ao florescimento da criatividade e da inovação.

A forma mais comum de incentivo ao processo de cocriação está na proposta de criar ambientes abertos à discussão, onde egos são desestimulados e a promoção de reuniões e eventos propicia uma forma de desenvolvimento de interações sem medo e de forma segura, demonstrando que nada poderá prejudicar pessoas que têm posição contrária ao pensamento comum. É da qualidade dos relacionamentos e experiências que se torna possível efetivar um processo de cocriação ajustado e funcional.

TEMA 4 – EXPERIMENTAÇÃO COMO PARTE DO PROCESSO CRIATIVO Pessoas que têm sua vivência em ambiente acadêmico conseguem enxergar a experimentação de forma diferente, como uma ferramenta relevante no desenvolvimento de trabalhos científicos e pesquisas diversificadas. Em termos didáticos e pedagógicos, estamos diante de uma recomendação de

“aprender fazendo”, que compreende a experimentação como uma forma

diferenciada de efetivar a teoria na prática, com uma maior fixação dos

conteúdos, além de permitir buscar a comprovação, ou não, de hipóteses ou as

respostas necessárias para que sejam respondidas as questões norteadoras dos

trabalhos científicos.

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A partir dessa colocação inicial, a experimentação pode ser considerada fundamental, sendo essa importância estendida para todos os campos do conhecimento humano, incluída a área de administração da empresa e dos negócios que ela desenvolve. Nesse ponto, é importante citar Vendruscolo (in Pavão; Freitas, 2008), que considera o termo como um exercício de atividades práticas que se esgotam em si mesmas, assumindo um caráter puramente empirista.

Aqui, ele é a ação que representa a verificação de fenômenos mensuráveis, em uma visão positivista, fugindo então de quaisquer aspectos sociais e filosóficos, que inserem a reflexão e a aceitação da incerteza nos processos de análise científica. A atividade se apresenta com o objetivo de construção de um conhecimento racional e sistemático para revelar aspectos da realidade.

A atividade é, então, fundamental na proposta de uso do método científico, caracterizando a experimentação apoiada em uma fase inicial de observação à qual se segue a experimentação, partindo-se daí para a obtenção da prova e da contraprova, como estruturação “arquitetônica” do conhecimento criado nas ciências naturais. Esse rigor tem um alívio quando partimos do setor das ciências exatas para o setor das ciências humanas, como faremos na sequência.

4.1 Relacionamento experimentação X criatividade

Baldaia (2011) relaciona a experimentação com a prototipagem, uma das atividades mais frequentes utilizada na área de administração, principalmente para a criação de um modelo que representa um fim para muitas atividades. Com esse enfoque, o que já estudamos até então ganha um paralelo com o enfoque administrativo, que passa a considerar, no resultado das observações, fatores psicológicos, emocionais e um aspecto humanista que está distante do enfoque positivista.

A experimentação propõe a eliminação do medo de falhar, que é um dos

maiores obstáculos à criatividade e à inovação em todos os aspectos. A

experimentação é vista aqui como o trabalho para tornar mais claro o horizonte

nublado dos ambientes nos quais a incerteza é uma das principais

características.

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Afastado o medo de errar, principalmente na dimensão pessoal, é liberada uma das principais amarras ao processo e é possível observar o florescer do processo criativo e inovador. É preciso ressaltar que, nesse contexto, a experimentação não tem o mesmo rigor com seus resultados, diferente do viés científico utilizado nas ciências exatas.

Empresas em crescimento, com necessidade da inovação constante e de produtividade, exigem que seja fomentada uma cultura de experimentação que aceite arcar com custos da utilização de métodos de pesquisa que admitem o erro como uma das formas de aprender. É preciso orientar, entretanto, para que tal flexibilidade não seja utilizada de forma extensiva, considerando que erros levam a novos custos e, se houver abuso, pode ocorrer a perda do equilíbrio financeiro, o que não é desejado por nenhum dos participantes no estabelecimento de condições para efetivação do processo criativo e inovador.

Dessa forma, disciplinar a experimentação é, em uma primeira visão, aceitar erros, mas evitar, dentro do possível, que eles se multipliquem. Um dos principais acertos das propostas para o trabalho com a experimentação está no fato de que ele oferece um processo para a diminuição de erros (por paradoxal que possa parecer, essa é a realidade), representando uma clara e inequívoca oportunidade para aprender.

O que não se deseja é que alguns mitos prevaleçam. Dentre eles, é possível citar aquele que considera que sem erro não ocorre aprendizagem, que deve ser colocado fora das considerações e sentimentos dos componentes de equipes que foram criadas para aumentar a capacidade de desenvolver processos criativos e inovadores nas empresas, independentemente de sua área de atuação.

TEMA 5 – GERENCIANDO AS INCERTEZAS NO PROCESSO CRIATIVO

A incerteza está presente em diversos ambientes e sua análise apresenta

características diferentes em cada um deles. Assim, podemos entender que há

a incerteza das empresas, a dos clientes, a dos colaboradores, a dos

fornecedores, ou seja, quase todos os processos na atualidade são

desenvolvidos em ambientes de incerteza, atingindo todos os envolvidos neles.

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Nesse momento, o trabalho será analisado do ponto de vista da empresa, considerando as características do curso que está sendo desenvolvido e o padrão do público-alvo esperado. Uma empresa enfrenta um sem-número de riscos internos e externos, como alta concorrência, melhores produtos no mercado, aumento de inflação e diminuição de empregos com carteira assinada.

Em tal contexto é, então, possível estabelecer algumas regras, sendo a mais básica tornar o seu sistema de tomada de decisões o mais aperfeiçoado possível, de modo a permitir que as decisões estratégicas sejam tomadas contornando todos os problemas e auxiliando a superar as dificuldades, apoiadas em um número seguro de informações. Então, entram em foco os Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) mais aperfeiçoados possíveis.

Para as empresas, as incertezas podem ganhar o

status de absolutas e

diuturnas. A questão que surge é: como muitas dessas empresas conseguem sobreviver em tais condições?

A resposta não é fácil, principalmente quando se constata, no resultado de pesquisas, que muitas empresas fecham antes de completar os primeiros cinco anos de vida e há outras que sequer conseguem chegar a fechar o seu primeiro ano de vida. Há muitas empresas que, mais apropriadamente, deveriam, para além do galardão da competividade, ganhar o

status de

sobreviventes.

Elas resistem devido ao fato de não se entregarem ao sabor das ventanias representadas pelas incertezas do mercado. Algumas acreditam, com sucesso, na intuição de seus colaboradores mais velhos e conhecedores da empresa e do mercado, enquanto outras ainda preferem o velho e bom método de coletar o maior número de informações estratégicas (inteligência competitiva) para apoiar a tomada de decisões.

Quem está certo? Na ótica de grande parte (a maioria) dos analistas da área administrativa, o resultado desse jogo (se ele existisse) seria um empate. É possível escolher uma das linhas ou buscar jogar de acordo com a característica inovadora e evitar repetir erros; é possível ainda tentar eliminar os erros, aperfeiçoando o que está dando errado nas ações da concorrência.

Aos poucos, essa tentativa cai frente à proposta da estratégia do oceano

azul (Kim; Mauborgne, 2004) que propõe estar na criatividade e na inovação a

saída para as empresas em mercados altamente competitivos. Essa proposta

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pode ser considerada a mais acertada e, aqui, ao trabalhar na imaginação do que será o futuro, a intuição pode valer pontos favoráveis inestimáveis.

5.1 Incerteza no processo criativo

A incerteza que se manifesta no mercado externo acaba por se transferir para o ambiente interno e afetar os setores envolvidos nos processos de criatividade e inovação. Após constatar a situação de incerteza do mercado, há uma parada não programada na ação de resposta que deve ser tomada pelas

“cabeças pensantes” dos setores de criação da empresa.

Não tendo conseguido todas as informações necessárias no mercado externo, a segunda fase está apoiada em um processo de tomada de decisão de não mais consultar o mercado externo, voltando-se para a busca de um curso de ação adequado e apoiado na criatividade e na inovação. No entanto, o que era fácil em tempos de “vacas gordas”, como são tidos os mercados que permitem uma análise do que os outros estão fazendo, torna-se mais difícil nos mercados carregados de incertezas.

Frente às incertezas, o processo de decisão é dificultado, não somente no sentido de definir o problema, mas principalmente para prever os resultados esperados das ações que foram sugeridas nas reuniões do alto staff da empresa.

Em nível pessoal (que envolve os colaboradores), quando se percebe a situação de incerteza, há um recrudescimento de preconceitos cognitivos, emocionais e financeiros, o que prejudica o processo adequado de gestão de crise.

Os quadros-negros, as planilhas e os rascunhos mostram um estudo detalhado que envolve o uso de técnicas de montagem de árvores de decisão cujo significado se constrói enquanto estão sendo montadas. Entretanto, ao final desse processo, elas se tornam um elemento gráfico de difícil compreensão:

trata-se de técnicas rebuscadas nos baús do passado, representados pelas

grandes bases de dados que registram contexto, ação e consequências da

tomada de decisão em ambientes de alta incerteza.

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Figura 3 — Árvore de decisão

Crédito: CHALLENGER99/SHUTTERSTOCK

Tudo é válido, menos admitir a derrota iminente. As incertezas são inseridas em diagramas de probabilidade, soluções matemáticas mirabolantes são chamadas e postas em ação, riscos e probabilidades são desenhados, prós e contras são relacionados.

Alguns mais afoitos buscam solução rápida, aceitando a primeira solução possível e que emerge de um mar revolto no qual se transformou o mar de tranquilidade dos bons tempos, quando as incertezas eram controláveis. As redes sociais e a cobrança em nível global aumentam a transparência que diminui a aceitação do aprender pelos erros.

Os sistemas (programas de computadores) mostram resultados mais ou menos esclarecedores, mas nunca exatos, de contextos de incerteza em ambientes de ação de tomada de decisão, confrontada com os efeitos produzidos. Os resultados são acompanhados e muitas vezes não trazem alvíssaras, pois nem sempre se ganha em tais ambientes, pode haver derrotas e algumas se mostram fragorosas.

TROCANDO IDEIAS

Há uma movimentação que ocorre na surdina nos corredores das

empresas: superar o medo que muitas pessoas ainda apresentam de colocar as

suas ideias de forma clara para uma análise conjunta desenvolvida em

processos de cocriação. A tentativa de recuperação da criatividade e do espírito

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inovador, configurada como uma tarefa complexa, tem sido tentada, mas ainda sem sucesso, tampouco atendendo às expectativas colocadas.

Se você observar o que ocorre nas empresas, é necessário que se estabeleça um clima organizacional favorável à manifestação livre e desimpedida das pessoas sobre ideias que possam mudar atitudes e comportamentos enraizados, os quais as colocam na zona de conforto, em um processo inercial difícil de superar. Com o material que lhe foi entregue nesta aula, você poderá fazer parte de um grupo de pessoas que têm os olhos voltados para atingir o objetivo de recuperação da criatividade e do senso crítico, perdido nos corredores das instituições de ensino em todos os níveis. Boa leitura!

NA PRÁTICA

Considere a possibilidade de desenvolver um estudo sobre uma das condições mais importantes para que todas as expectativas que foram colocadas neste material possam ser efetivadas. Em suas pesquisas, colete dados necessários para a montagem de uma proposta sobre iniciativas inovadoras que facilitem o trabalho (por exemplo, você pode analisar os processos de gamificação na educação corporativa como uma forma de atingir um elevado nível de motivação).

Agora, mãos à obra! Desenvolva a pesquisa apresentada e analise como ela funciona e como poderia ser se fosse desenvolvida de maneira diferente, de maneira mais criativa.

FINALIZANDO

Nesta aula, você conheceu temas de vital importância para a criatividade e a inovação. A proposta foi trazer conhecimentos que facilitarão sua participação em equipes voltadas para proporcionar a recuperação do senso crítico.

Essa é uma condição básica para identificar os comportamentos e as

atitudes necessários para montar planos que incorporem esses dois importantes

conceitos na cultura organizacional. Inicialmente, você conheceu as definições

de cada um dos termos em estudo e na sequência trabalhar na perspectiva de

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colocar como problema a ser resolvido a sua ausência, devido ao medo subjacente ao desenvolvimento do aprender pelo erro.

Essa proposta libera a experimentação como algo que não deve mais ser temido. Uma visão do trabalho conjunto, voltado para tornar o clima organizacional favorável à disseminação de conhecimentos em toda a empresa, tornando-a uma organização aprendente foi colocada como uma proposta inadiável. Por último, foram destacadas as dificuldades do trabalho desenvolvido em ambientes de grande risco e incerteza em mercados altamente competitivos.

O material à disposição do aluno foi complementado com uma série de

links para artigos e vídeos montados por pessoas que têm, na vida diária, algo a

dizer sobre técnicas e práticas diferenciadas de criar a motivação necessária.

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REFERÊNCIAS

BALDAIA, J. Cultura da inovação: aprender com experimentação. Intuinovare.

2011. Disponível em: <http://www.josebaldaia.com/intuinovare/inovacao/cultura- de-inovacao-aprender-com-a-experimentacao/>. Acesso em: 12 dez. 2019.

BANEGAS, G. Porque a co-criação como fonte de inovação é tão complexa na prática.

Mulheres de Produto.

2018. Disponível em:

<https://medium.com/mulheres-de-produto/porque-a-co-cria%C3%A7%C3%A3 o-como-fonte-de-inova%C3%A7%C3%A3o-%C3%A9-t%C3%A3o-complexa-na -pr%C3%A1tica-fae21cf0678a>. Acesso em: 12 dez. 2019.

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Referências

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