SINALIZAÇÃO MOLECULAR
Departamento de Biologia Molecular (Edifício 1, 5º piso) Vítor Costa: vcosta@ibmc.up.pt
Vítor Costa: vcosta@ibmc.up.pt
Objetivos
compreensão dos mecanismos moleculares utilizados pelas células para receber, processar, amplificar e integrar diversos sinais.
aplicação a problemas biológicos específicos
SINALIZAÇÃO MOLECULAR
aplicação a problemas biológicos específicos analisar, apresentar e discutir artigos científicos
Programa
Mecanismos gerais de sinalização molecular: modificações pós- traducionais, interação entre proteínas, formação de complexos, e alterações na localização subcelular, conformação e atividade enzimática.
Cascatas de sinalização: recetores de membrana e citosólicos; proteínas G
SINALIZAÇÃO MOLECULAR
Cascatas de sinalização: recetores de membrana e citosólicos; proteínas G e Ras; nucleótidos cíclicos; proteína cinases e fosfatases; mobilização de cálcio; lípidos como mensageiros secundários.
Vias específicas: resposta metabólica, sinalização imunológica, resposta ao stress, morte celular, cancro.
Bibliografia
Biochemistry of Signal Transduction and Regulation. 4th Edition, Gerhard Krauss. WILEY-VCH. ISBN978-3-527-31397-6.
Molecular Biology of the Cell. 5th Edition, Bruce Alberts, Alexander Johnson, Julian Lewis, Martin Raff, Keith Roberts, Peter Walter. Garland Science. ISBN: 978-0-8153-4105-5.
SINALIZAÇÃO MOLECULAR
Textbook of Biochemistry With Clinical Correlations. Thomas M. Devlin;
Drexel University School of Medicine, Philadelphia, Pennsylvania, 2006. ISBN:
978-0-471-67808-3.
Lehninger Principles of Biochemistry. David L. Nelson, Michael M. Cox;
W.H. Freeman, 2008. ISBN: 978-0-7167-7108-1.
Biochemistry. Jeremy M. Berg, John L. Tymoczko, Lubert Stryer; W. H.
Freeman, 2007. ISBN: 0-7167-8724-5.
Artigos científicosrecentes sobre tópicos relacionados com o programa.
Aula Nº Dia Tópico Docente 01
02
16/2 18/2
Apresentação/Programa Mec. Gerais Sinalização
V. Costa
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04
23/2 25/2
Mec. Gerais Sinalização
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V. Costa
“ 05
06
02/3 04/3
Imunologia Artigos 1-3
A. Carmo V. Costa 07
08
09/3 11/3
Imunologia Artigos 4-6
A. Carmo V. Costa 09
10
16/3 18/3
PKC Artigos 7-9
L. Saraiva V. Costa 11
12
23/3 25/3
Sistema 2-componentes Artigos 10-12
M. Mendes V. Costa ---
--- 30/3-03/4 Férias de PáscoaFérias de Páscoa ------ ---
--- 13
06/4 08/4
Férias de Páscoa Férias de Páscoa Aula de revisões/dúvidas
--- V. Costa
13 08/4 Aula de revisões/dúvidas V. Costa
14 15
13/4 15/4
1ª Frequência Cancro
V. Costa C. Reis 16
17
20/4 22/4
Artigos 13-15 Cancro
V. Costa P. Soares 18
19
27/4 29/4
Artigos 16-18 Sinal. Redox
V. Costa
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---
--- 04-08/5 Queima das FitasQueima das Fitas ------ 20
21
11/5 13/5
Artigos 19-21 Sinal. Redox
V. Costa
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23
18/5 20/5
Artigos 22-24 Envelhecimento
V. Costa
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25
25/5 27/5
Esfingolípidos + Artigo 25 ---
V. Costa --- 26
27
01/6 03/6
Aula de revisões/dúvidas 2ª Frequência
V. Costa
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Avaliação
Apresentação e discussão de artigo científico (25%) - 20 min Apresentação + 10 min Discussão
Frequências / Exame escrito final (75%)
SINALIZAÇÃO MOLECULAR
Sinalização Molecular
1. Princípios gerais
1.1 Tipos Transdução de sinal
Transdução de sinal entre células e tecidos
Intercelular:
transmissão de um sinal de uma célula para células alvo
Intracelular:
descodificação de um sinal recebido pelas células alvo descodificação de um sinal recebido pelas células alvo
envolve a regulação de proteínas sinalizadoras e alteração da atividade de proteínas
Permite a células num orgão/tecido responder a alterações na função em células de outros orgãos/tecidos
Homeostasia do organismo
Sinalização intercelular
Justacrina
envolve duas células em contacto direto células comunicam através de:
(i) gap junctions - permitem a passagem direta de moléculas pequenas (iões, metabolitos, mensageiros secundários) entre células vizinhas (por ex., sinais metabolitos, mensageiros secundários) entre células vizinhas (por ex., sinais elétricos em sistemas excitáveis, como coração e cérebro)
(ii) interação de uma proteína expressa à superfície da célula (sinal) com um recetor à superfície da célula alvo
Sinalização intercelular
Moléculas secretadas
por ex. neurotransmissor, hormona, fator de crescimento
difundem-se através do meio extracelular até à célula alvo onde interagem com proteínas recetoras, alterando a sua atividade
4 modos (endócrina, parácrina, sináptica e autócrina) em função de:
(i) distância entre a célula que envia o sinal e a célula alvo (ii) natureza bioquímica das moléculas secretadas
Sinalização entre células separadas por distâncias curtas ou longas
Hormonas sintetizadas por células especializadas em tecidos glandulares são secretadas no sangue e transportadas até células alvo em vários tecidos Apenas as células que expressam recetores específicos para a hormona são
células alvo.
A concentração das hormonas no sangue e espaço intersticial é baixa (picomolar a nanomolar) as células alvo contêm recetores com elevada afinidade e seletividade
Célula que envia sinal secreta as moléculas no ambiente local células alvo na vizinhança
Moléculas secretadas são designadas mediadores locais
A concentração destas moléculas perto das células alvo é nanomolar a micromolarrecetores têm baixa afinidade (dissociam-se rapidamente quando a concentração extracelular do mediador diminui).
tipo extremo de sinalização parácrina
neurotransmissores são secretados nas sinapses entre um neurónio e a célula alvo (geralmente outro neurónio ou célula muscular)
a concentração dos neurotransmissores no volume sináptico é micromolar a milimolarrecetores têm baixa afinidade (dissociam-se rapidamente quando a concentração extracelular do mediador diminui); essencial para terminar rapidamente (milisegundos) a neurotransmissão.
outro tipo de sinalização parácrina a célula que envia o sinal é a célula alvo
Ligando
- qualquer molécula que se liga a um recetor
Agonista
– ativa transdução de sinal Antagonista
Fisiológico
Farmacológico– molécula sintética Antagonista
– inibe transdução de sinal
Sinalização intracelular: ativação e inibição de proteínas sinalizadoras
output Proteína
sinalizadora Sinal
Estado basal
Estado ativado
Sinal Processamento de múltiplos sinais
a ativação completa de proteínas sinalizadoras requer frequentemente a receção de vários sinais
- Contém vários domínios de sinalização que reconhecem diferentes sinais.
permite uma regulação fina da sinalização
Mecanismos de ativação de proteínas sinalizadoras
• ligação de outras moléculas sinalizadoras
• alterações conformacionais
• modificações covalentes
• associação a membranas
• eliminação de inibidores
Mecanismos de inibição de proteínas sinalizadoras
• ligação de inibidores
• modificações inibitórias
• eliminação de modificações ativadoras
Tipos celulares distintos podem conter variantes de vias de sinalização Subtipos ou isoformas de proteínas sinalizadoras:
Aumentam a variabilidade da sinalização
Têm propriedades de sinalização semelhantes mas não idênticas:
- diferem no reconhecimento do substrato e na regulação
São codificados por genes específicos e podem formar-se por splicing alternativo
ex., neurotransmissores (acetilcolina, serotonina e dopamina) reconhecem diferentes subtipos de recetor
Cada subtipo de recetor pode ser diferencialmente expresso em diferentes tecidos/células ou co-expresso no mesmo tecido/célula Diferentes subtipos de recetor podem induzir respostas opostas
- dificuldades no uso de fármacos sintéticos - explica efeitos nocivos secundários
Sinalização Molecular
1. Princípios gerais
1.2. Recetores para moléculas secretadas 1.2.1. recetores intracelulares
Recetor Transdutor
Amplificador
Via de sinalização
Proteínas G
Enzimas(pode ser componente intrínseco do recetor):
- nucleótido ciclase
Respostas celulares Mensageiro
Sensores e efetores
sinalização - nucleótido ciclase - fosfolipase
- proteína cinase - proteína fosfatase
Fig. 1.8: Principles of signal transduction by TM receptors and nuclear receptors Biochemistry of Signal Transduction and Regulation, Fourth Edition. Edited by Gerhard Krauss 2008 WILEY-VCH
Ligandos naturais de recetores intracelulares:
- Hormonas esteroides: cortisol, estradiol, progesterona, testoterona e aldosterona - derivados de amino ácidos: hormona T3 - vitamina D e derivados do ácido retinóico
O complexo hormona-recetor liga-se a elementos específicos no promotor de genes elementos específicos no promotor de genes regulados para controlar a sua taxa de transcrição:
HRE = Hormone-Responsive Element 2 cópias de um hexâmero: 5’-AGGTCA-3’
O complexo hormona-recetor também regula respostas não genómicas
Fig. 4.2: Genomic and nongenomic signaling by nuclear receptors and their ligands Biochemistry of Signal Transduction and Regulation, Fourth Edition. Edited by Gerhard Krauss 2008 WILEY-VCH
Elementos de transativação em recetores intracelulares:
Fig. 4.3: Domain structure of the nuclear receptors
Biochemistry of Signal Transduction and Regulation, Fourth Edition. Edited by Gerhard Krauss 2008 WILEY-VCH
AF-1 (activation function-1):
- localizado na região A/B
- envolvido em transativação independente de ligando
- contém locais de fosforilação e locais de interação com coativadores e corepressores AF-2:
- localizado na região E e por vezes na região F - envolvido em transativação dependente de ligando - contém locais de ligação a coativadores e corepressores
Fig. 4.12: Functions of nuclear receptor domains.
Biochemistry of Signal Transduction and Regulation, Fourth Edition. Edited by Gerhard Krauss 2008 WILEY-VCH
Regulação de sinalização por recetores nucleares
1. Regulação da concentração do ligando - via:
biossíntese
secreção e transporte modificação e degradação
2. Regulação do recetor por fosforilação : 2. Regulação do recetor por fosforilação :
catalisada por proteína cinases (ex. MAPK, Akt, JNK)
ocorre em resíduos de Ser/Thr e Tyr (principalmente na região AF-1) modula:
- ligação ao DNA e atividade de transativação - necessidade de ligando
- distribuição nuclear/citoplasmática - localização membranar
3. Regulação do recetor por coativadores e corepressores:
a) coativatoresrecrutam proteínas envolvidas na remodelação da cromatina, que libertam estruturas repressoras, tornando-as competentes para o início da transcrição
b) coativatoresrecrutam enzimas modificadoras necessárias para descompactar a cromatina – ex. metilases (CARM) e histona acetilases (p300)
c) corepressores recrutam histona deacetilases (HDAC), promovendo a compactação da cromatina e repressão da transcrição
d) o complexo TRAP/mediador interage com a maquinaria basal da transcrição Regulação de sinalização por recetores nucleares
Fig. 4.10: Functional states of nuclear receptors with selected examples of associated proteins Biochemistry of Signal Transduction and Regulation, Fourth Edition. Edited by Gerhard Krauss 2008 WILEY-VCH
4. Interação com outros ativadores da transcrição
recetores nucleares regulam a atividade de outros fatores de transcrição (ex., AP-1, em promotores contendo HRE e elementos de ligação do AP-1)
5. Regulação por ubiquitinação
recetor nuclear interage com proteínas envolvidas na ubiquitinação Regulação de sinalização por recetores nucleares
recetor nuclear interage com proteínas envolvidas na ubiquitinação e degradação proteassomal
NOTA: Corepressores e coativatores também são regulados por:
- fosforilação - ubiquitinação
Recetores de hormonas esteroides encontram-se no citosolsob a forma de um complexo inativo (Aporecetor) com Hsp90, Hsp56 e p23.
A ligação da hormona ativa o
Fig. 4.13: Principle of signal transduction by steroid hormone receptors
Biochemistry of Signal Transduction and Regulation, Fourth Edition. Edited by Gerhard Krauss 2008 WILEY-VCH
A ligação da hormona ativa o recetor e permite a sua translocação para o núcleo.
Recetores para ácido retinóico, hormona T3 e vitamina D
encontram-se no núcleo, ligados ao seu HRE.
Na ausência de ligando, estes recetores podem reprimir a
transcrição através do recrutamento de corepressores.
Fig. 4.14: Model of repression and activation of T3R.
Biochemistry of Signal Transduction and Regulation, Fourth Edition. Edited by Gerhard Krauss 2008 WILEY-VCH
de corepressores.
A ligação da hormona induz uma alteração conformacional e
exposição do local de ligação a coativadores.
TRE = T3-responsive element
O recetor de estrogénio (ER) é fosforiladoem resíduos de Ser por proteína cinases em resposta a sinais que ativam recetores tirosina cinase (RTK) ou recetores acoplados à proteína G (GPCR).
Fig. 4.15: Ligand-independent linkage of the ER to major signaling pathways of the cell.
Biochemistry of Signal Transduction and Regulation, Fourth Edition. Edited by Gerhard Krauss 2008 WILEY-VCH
proteína G (GPCR).
A hormona esteroide 17β-estradiol (E2) pode iniciar sinalização via o GPCRGp30 ou via o seu recetor (ER).
A ligação de E2 ao ER estimula transcriçãode genes ou ativa de modo não genómico outras proteínas sinalizadoras (proteína cinases,
Fig. 4.16: Nongenomic functions of the ER and estrogen.
Biochemistry of Signal Transduction and Regulation, Fourth Edition. Edited by Gerhard Krauss 2008 WILEY-VCH
sinalizadoras (proteína cinases, recetores transmembranares).
O crosstalkcom outras vias de sinalização pode requerer proteínas adaptadoras (Shc ou MNAR).