Aula 00
Direito Penal p/ MP-SP (Analista Jurídico) - Com Videoaulas
Professor: Renan Araujo
Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo
A ULA DEMO
A PLICA‚ÌO DA L EI P ENAL . I NFRA‚ÌO PENAL . D ISPOSI‚ÍES PRELIMINARES DO CP.
SUMçRIO
1 INFRA‚ÌO PENAL ... 6
1.1 Conceito ... 6
1.2 Conceito de Crime ... 6
1.3 Contraven•‹o Penal ... 8
2 APLICA‚ÌO DA LEI PENAL ... 9
2.1 Aplica•‹o da Lei penal no tempo ... 9
2.1.1 Conflito de Leis penais no Tempo ... 11
2.1.1.1 Lei nova incriminadora ... 11
2.1.1.2 Lex Gravior ... 11
2.1.1.3 Abolitio Criminis ... 11
2.1.1.4 Lex Mitior ou Novatio legis in mellius ... 13
2.1.1.5 Lei posterior que traz benef’cios e preju’zos ao rŽu ... 13
2.1.2 Tempo do crime ... 16
2.2 Aplica•‹o da lei penal no espa•o ... 17
2.2.1 Territorialidade ... 17
2.2.2 Extraterritorialidade ... 18
2.2.2.1 Princ’pio da Personalidade ou da nacionalidade ... 19
2.2.2.2 Princ’pio do domic’lio ... 20
2.2.2.3 Princ’pio da Defesa ou da Prote•‹o ... 20
2.2.2.4 Princ’pio da Justi•a Universal ... 21
2.2.2.5 Princ’pio da Representa•‹o ou da bandeira ou do Pavilh‹o ... 22
2.2.3 Lugar do Crime ... 23
2.2.4 Extraterritorialidade condicionada, incondicionada e hipercondicionada ... 23
2.3 Aplica•‹o da Lei penal em rela•‹o ˆs pessoas ... 26
2.3.1 Sujeito ativo ... 26
2.3.1.1 Imunidades Diplom‡ticas ... 28
2.3.1.2 Imunidades Parlamentares ... 28
(a) Imunidade material ... 29
(b) Imunidade formal ... 30
2.3.2 Sujeito Passivo ... 31
3 DISPOSI‚ÍES PRELIMINARES DO CP ... 32
3.1 Contagem de prazos ... 32
3.2 Fra•›es n‹o comput‡veis de pena ... 33
3.3 Efic‡cia da senten•a estrangeira ... 33
3.4 Interpreta•‹o e integra•‹o da lei penal ... 34
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3.4.1 Interpreta•‹o da lei penal ... 34
3.4.2 Analogia ... 36
3.5 Conflito aparente de normas penais ... 36
3.5.1 Princ’pio da especialidade ... 37
3.5.2 Princ’pio da subsidiariedade ... 37
3.5.3 Princ’pio da consun•‹o (absor•‹o) ... 38
3.5.4 Princ’pio da alternatividade ... 39
4 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ... 40
5 SòMULAS PERTINENTES ... 42
5.1 Sœmulas do STF ... 42
5.2 Sœmulas do STJ ... 43
6 RESUMO ... 43
7 EXERCêCIOS DA AULA ... 51
8 EXERCêCIOS COMENTADOS ... 68
9 GABARITO ... 100
Ol‡, meus amigos!
ƒ com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATƒGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir para a aprova•‹o de voc•s no concurso do MP-SP (2018). N—s vamos estudar teoria e comentar exerc’cios sobre DIREITO PENAL, para o cargo de ANALISTA JURêDICO.
E a’, povo, preparados para a maratona?
O edital ainda n‹o foi publicado, mas cresce a expectativa para a realiza•‹o do novo certame. O œltimo concurso foi realizado pela VUNESP.
Bom, est‡ na hora de me apresentar a voc•s, n‹o Ž?
Meu nome Ž Renan Araujo, tenho 30 anos, sou Defensor Pœblico Federal desde 2010, atuando na Defensoria Pœblica da Uni‹o no Rio de Janeiro, e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da UERJ. Antes, porŽm, fui servidor da Justi•a Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de TŽcnico Judici‡rio, por dois anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e p—s- graduado em Direito Pœblico pela Universidade Gama Filho.
Minha trajet—ria de vida est‡ intimamente ligada aos Concursos Pœblicos.
Desde o come•o da Faculdade eu sabia que era isso que eu queria para a minha vida! E querem saber? Isso faz toda a diferen•a! Algumas pessoas me perguntam como consegui sucesso nos concursos em t‹o pouco tempo. Simples: Foco + For•a de vontade + Disciplina. N‹o h‡ f—rmula m‡gica, n‹o h‡ ingrediente secreto! Basta querer e correr atr‡s do seu sonho! Acreditem em mim, isso funciona!
ƒ muito gratificante, depois de ter vivido minha jornada de concurseiro,
poder colaborar para a aprova•‹o de outros tantos concurseiros, como um dia eu
fui! E quando eu falo em Òcolaborar para a aprova•‹oÓ, n‹o estou falando apenas
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por falar. O EstratŽgia Concursos possui ’ndices alt’ssimos de aprova•‹o em todos os concursos!
Neste curso voc•s receber‹o todas as informa•›es necess‡rias para que possam ter sucesso no concurso do MP-SP. Acreditem, voc•s n‹o v‹o se arrepender! O EstratŽgia Concursos est‡ comprometido com sua aprova•‹o, com sua vaga, ou seja, com voc•!
Mas Ž poss’vel que, mesmo diante de tudo isso que eu disse, voc• ainda n‹o esteja plenamente convencido de que o EstratŽgia Concursos Ž a melhor escolha. Eu entendo voc•, j‡ estive deste lado do computador. Ës vezes Ž dif’cil escolher o melhor material para sua prepara•‹o. Contudo, alguns colegas de caminhada podem te ajudar a resolver este impasse:
Esse print screen acima foi retirado da p‡gina de avalia•‹o do curso. De um curso elaborado para um concurso bastante concorrido (Delegado da PC-PE). Vejam que, dos 62 alunos que avaliaram o curso, 61 o aprovaram. Um percentual de 98,39%.
Ainda n‹o est‡ convencido? Continuo te entendendo. Voc• acha que pode estar dentro daqueles 1,61%. Em raz‹o disso, disponibilizamos gratuitamente esta aula DEMONSTRATIVA, a fim de que voc• possa analisar o material, ver se a abordagem te agrada, etc.
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Neste curso estudaremos todo o conteœdo de Direito Penal estimado para o Edital. Estudaremos teoria e vamos trabalhar tambŽm com exerc’cios comentados.
Abaixo segue o plano de aulas do curso todo:
!
AULA CONTEòDO DATA
Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo Aula 00
Aplica•‹o da Lei Penal. Infra•‹o penal. Disposi•›es preliminares do
CP.
06.03
Aula 01 Do crime (parte I)
13.03 Aula 02 Do crime (parte II). 20.03 Aula 03 Concurso de pessoas e concurso de
crimes. 27.13
Aula 04 Das penas: espŽcies de penas.
Comina•‹o
03.04
Aula 05 Das penas (parte II). Medidas de seguran•a. Extin•‹o da punibilidade.
10.04
Aula 06
Crimes contra a pessoa: Dos crimes contra a vida; Das les›es corporais;
Da periclitaç‹o da vida e da saœde;
Dos crimes contra a liberdade pessoal; Dos crimes contra a
inviolabilidade do domic’lio.
17.04
Aula 07
Crimes contra o patrim™nio: Do furto; Do roubo e da extors‹o; Da
extors‹o mediante sequestro. 24.04 Aula 08
Crimes contra a fŽ pœblica: Da falsidade documental; Falsa
identidade.
01.05
Aula 09
Dos crimes contra a administra•‹o pœblica: Peculato; Concuss‹o;
Corrup•‹o passiva; Prevarica•‹o.
Funcion‡rio pœblico; Resist•ncia;
Desobedi•ncia; Desacato; Corrup•‹o ativa; Falso testemunho ou falsa
per’cia; Coa•‹o no curso do processo.
08.05
As aulas ser‹o disponibilizadas no site conforme o cronograma apresentado. Em cada aula eu trarei algumas quest›es que foram cobradas em concursos pœblicos, para fixarmos o entendimento sobre a matŽria.
Como ainda n‹o temos defini•‹o sobre qual Banca ir‡ organizar o concurso, utilizaremos quest›es de Bancas renomadas, como FCC, VUNESP, etc.
Daremos prefer•ncia ˆs quest›es da VUNESP, banca do œltimo concurso.
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AlŽm da teoria e das quest›es, voc•s ter‹o acesso a duas ferramentas muito importantes:
¥ ! RESUMOS Ð Cada aula ter‡ um resumo daquilo que foi estudado, variando de 03 a 10 p‡ginas (a depender do tema), indo direto ao ponto daquilo que Ž mais relevante! Ideal para quem est‡ sem muito tempo.
¥ ! FîRUM DE DòVIDAS Ð N‹o entendeu alguma coisa? Simples: basta perguntar ao professor Vinicius Silva, que Ž o respons‡vel pelo F—rum de Dœvidas, exclusivo para os alunos do curso.
Outro diferencial importante Ž que nosso curso em PDF ser‡
complementado por videoaulas. Nas videoaulas iremos abordar os t—picos do edital com a profundidade necess‡ria, a fim de que o aluno possa esclarecer pontos mais complexos, fixar aqueles pontos mais relevantes, etc.
No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos!
Prof. Renan Araujo
E-mail: profrenanaraujo@gmail.com Periscope: @profrenanaraujo
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Observa•‹o importante: este curso Ž protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legisla•‹o sobre direitos autorais e d‡ outras provid•ncias.
Grupos de rateio e pirataria s‹o clandestinos, violam a lei e prejudicam os
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adquirindo os cursos honestamente atravŽs do site EstratŽgia Concursos. ;-)
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1 ! INFRA‚ÌO PENAL
1.1 ! Conceito
A infra•‹o penal Ž um fen™meno social, disso ninguŽm duvida. Mas como defini-la?
Podemos conceituar infra•‹o penal como:
A conduta, em regra praticada por pessoa humana, que ofende um bem jur’dico penalmente tutelado, para a qual a lei estabelece uma pena, seja ela de reclus‹o, deten•‹o, pris‹o simples ou multa.
Assim, um dos princ’pios que podemos extrair Ž o princ’pio da lesividade, que diz que s— haver‡ infra•‹o penal quando a pessoa ofender (lesar) bem jur’dico de outra pessoa. Assim, se uma pessoa pega um chicote e se autolesiona com mais de 100 chibatadas, a œnica puni•‹o que ela receber‡ Ž ficar com suas costas ardendo, pois a conduta Ž indiferente para o Direito Penal.
A infra•‹o penal Ž o g•nero do qual decorrem duas espŽcies, crime e contraven•‹o.
Vamos dividir, desta forma, o nosso estudo. Primeiramente vamos analisar o crime (conceito e elementos). Depois, vamos analisar o que diz a lei acerca das contraven•›es penais.
1.2 ! Conceito de Crime
Muito se buscou na Doutrina acerca disso, tendo surgido inœmeras posi•›es a respeito. Vamos tratar das principais.
O Crime pode ser entendido sob tr•s aspectos: Material, legal e anal’tico.
Sob o aspecto material, crime Ž toda a•‹o humana que lesa ou exp›e a perigo um bem jur’dico de terceiro, que, por sua relev‰ncia, merece a prote•‹o penal. Esse aspecto valoriza o crime enquanto conteœdo, ou seja, busca identificar se a conduta Ž ou n‹o apta a produzir uma les‹o a um bem jur’dico penalmente tutelado.
Assim, se uma lei cria um tipo penal dizendo que Ž proibido chorar em pœblico, essa lei n‹o estar‡ criando uma hip—tese de crime em seu sentido material, pois essa conduta NUNCA SERç crime em sentido material, pois n‹o produz qualquer les‹o ou exposi•‹o de les‹o a bem jur’dico de quem quer que seja. Assim, ainda que a lei diga que Ž crime, materialmente n‹o o ser‡.
Sob o aspecto legal, ou formal, crime Ž toda infra•‹o penal a que a lei
comina pena de reclus‹o ou deten•‹o. Nos termos do art. 1¡ da Lei de
Introdu•‹o ao CP:
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Art 1¼ Considera-se crime a infra•‹o penal que a lei comina pena de reclus‹o ou de deten•‹o, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contraven•‹o, a infra•‹o penal a que a lei comina, isoladamente, pena de pris‹o simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.
Percebam que o conceito aqui Ž meramente legal. Se a lei cominar a uma conduta a pena de deten•‹o ou reclus‹o, cumulada ou alternativamente com a pena de multa, estaremos diante de um crime.
Por outro lado, se a lei cominar a apenas pris‹o simples ou multa, alternativa ou cumulativamente, estaremos diante de uma contraven•‹o penal.
Esse aspecto consagra o sistema dicot™mico adotado no Brasil, no qual existe um g•nero, que Ž a infra•‹o penal, e duas espŽcies, que s‹o o crime e a contraven•‹o penal. Assim:
Vejam que quando se diz Òinfra•‹o penalÓ, est‡ se usando um termo genŽrico, que pode tanto se referir a um ÒcrimeÓ ou a uma Òcontraven•‹o penalÓ.
O termo ÒdelitoÓ, no Brasil, Ž sin™nimo de crime.
O crime pode ser conceituado, ainda, sob um aspecto anal’tico, que o divide em partes, de forma a estruturar seu conceito.
Primeiramente, surgiu a teoria quadripartida do crime, que entendia que crime era todo fato t’pico, il’cito, culp‡vel e pun’vel. Hoje Ž praticamente inexistente.
Depois, surgiram os defensores da teoria tripartida do crime, que entendiam que crime era o fato t’pico, il’cito e culp‡vel. Essa Ž a teoria que predomina no Brasil, embora haja muitos defensores da terceira teoria.
A terceira e œltima teoria acerca do conceito anal’tico de crime entende que este Ž o fato t’pico e il’cito, sendo a culpabilidade mero pressuposto de aplica•‹o da pena. Ou seja, para esta corrente, o conceito de crime Ž bipartido (teoria bipartida), bastando para sua caracteriza•‹o que o fato seja t’pico e il’cito.
As duas œltimas correntes possuem defensores e argumentos de peso.
Entretanto, a que predomina ainda Ž a corrente tripartida. Portanto, na prova objetiva, recomendo que adotem esta, a menos que a banca seja muito expl’cita e voc•s entenderem que eles claramente s‹o adeptos da teoria bipartida, o que acho pouco prov‡vel.
INFRAÇÕES PENAIS
CRIMES
CONTRAVENÇÕES
PENAIS
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Todos os tr•s aspectos (material, legal e anal’tico) est‹o presentes no nosso sistema jur’dico-penal. De fato, uma conduta pode ser materialmente crime (furtar, por exemplo), mas n‹o o ser‡ se n‹o houver previs‹o legal (n‹o ser‡
legalmente crime). Poder‡, ainda, ser formalmente crime (no caso da lei que citei, que criminalizava a conduta de chorar em pœblico), mas n‹o o ser‡
materialmente se n‹o trouxer les‹o ou amea•a a les‹o de algum bem jur’dico de terceiro.
Desta forma:
Esse œltimo conceito de crime (sob o aspecto anal’tico), Ž o que vai nos fornecer os subs’dios para que possamos estudar os elementos do crime (Fato t’pico, ilicitude e culpabilidade). Entretanto, isso Ž tema para nossa pr—xima aula apenas!
1.3 ! Contraven•‹o Penal
As contraven•›es penais s‹o infra•›es penais que tutelam bens jur’dicos menos relevantes para a sociedade e, por isso, as penas previstas para as contraven•›es s‹o bem mais brandas. Nos termos do art. 1¡ do da Lei de Introdu•‹o ao C—digo Penal:
Art 1¼ Considera-se crime a infra•‹o penal que a lei comina pena de reclus‹o ou de deten•‹o, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contraven•‹o, a infra•‹o penal a que a lei comina, isoladamente, pena de pris‹o simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.
Percebam que a Lei estabelece que se considera contraven•‹o a infra•‹o penal para a qual a lei estabele•a pena de pris‹o simples ou multa.
Percebam, portanto, que a Lei estabelece um n’tido patamar diferenciado para ambos os tipos de infra•‹o penal. Trata-se de uma escolha pol’tica, ou seja,
CONCEITO DE CRIME
MATERIAL
FORMAL
ANALÍTICO
TEORIA BIPARTIDA
TEORIA TRIPARTIDA
ADOTADA PELO CP
TEORIA
QUADRIPARTIDA
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o legislador estabelece qual conduta ser‡ considerada crime e qual conduta ser‡
considerada contraven•‹o, de acordo com sua no•‹o de lesividade para a sociedade.
Mas professor, qual Ž a diferen•a pr‡tica em saber se a conduta Ž crime ou contraven•‹o? Muitas, meu caro! Vejamos:
CRIMES CONTRAVEN‚ÍES
Admitem tentativa (art. 14, II). N‹o se admite puni•‹o de contraven•‹o na modalidade tentada. Ou se pratica a contraven•‹o consumada ou se trata de um indiferente penal.
Se cometido crime, tanto no Brasil quanto no estrangeiro, e vier o agente a cometer contraven•‹o, haver‡
reincid•ncia.
A pr‡tica de contraven•‹o no exterior n‹o gera efeitos penais, inclusive para fins de reincid•ncia. S— h‡ efeitos penais em rela•‹o ˆ contraven•‹o praticada no Brasil!
Tempo m‡ximo de cumprimento de pena: 30 anos.
Tempo m‡ximo de cumprimento de pena: 05 anos.
Aplicam-se as hip—teses de extraterritorialidade (alguns crimes cometidos no estrangeiro, em determinadas circunst‰ncias, podem ser julgados no Brasil)
N‹o se aplicam as hip—teses de extraterritorialidade do art. 7¡ do C—digo Penal.
N‹o se prendam a estas diferen•as! Para o estudo desta aula o que importa Ž saber que Hç DIFEREN‚AS PRçTICAS entre ambos.
Portanto, crime e contraven•‹o s‹o termos relacionados ˆ mesma categoria (infra•‹o penal), mas n‹o se confundem, existindo diferen•as pr‡ticas entre ambos.
2 ! APLICA‚ÌO DA LEI PENAL
2.1 ! Aplica•‹o da Lei penal no tempo
A Lei Penal, como toda e qualquer lei, entra no mundo jur’dico em um determinado momento e vigora atŽ sua revoga•‹o, regulando todos os fatos praticados nesse ’nterim. Entretanto, nem sempre as coisas s‹o t‹o simples, surgindo situa•›es verdadeiramente excepcionais e complexas.
ƒ certo, meus caros, que as leis se sucedem no tempo, pois Ž da natureza
humana a mudan•a de pensamento. Assim, o que hoje Ž considerado crime,
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amanh‹ pode n‹o o ser, e vice-versa. ƒ claro, tambŽm, que quando uma lei revoga a outra, a lei revogadora deve abordar a matŽria de forma, ao menos um pouco, diferente do modo como tratava a lei revogada, caso contr‡rio, seria uma lei absolutamente inœtil. A esse fen™meno damos o nome de Princ’pio da continuidade das leis.
A revoga•‹o, por sua vez, Ž o fen™meno que compreende a substitui•‹o de uma norma jur’dica por outra. Essa substitui•‹o pode ser total ou parcial. No primeiro caso, temos o que se chama de ab-roga•‹o, e no segundo caso, derroga•‹o.
A revoga•‹o, como vimos, pode ser total ou parcial. Mas pode, ainda, ser expressa ou t‡cita. Diz-se que Ž expressa quando a nova lei diz expressamente que revoga a lei anterior. Por exemplo, a lei 11.343/06 (nova lei de drogas) diz em seu art. 75, que ficam revogadas as disposi•›es contidas na lei 6.368/76.
Por sua vez, a revoga•‹o t‡cita ocorre quando a lei nova, embora n‹o diga nada com rela•‹o ˆ revoga•‹o da lei antiga, trata da mesma matŽria, s— que de forma diferente.
Desta forma, a lei produz efeitos desde sua vig•ncia atŽ sua revoga•‹o.
CUIDADO! No per’odo de vacatio legis (Per’odo entre a publica•‹o da Lei e sua entrada em vigor, geralmente de 45 dias) a lei ainda n‹o vigora! Ou seja, ela ainda n‹o produz efeitos!
Em termos gr‡ficos:
Publica•‹o Entrada em vigor Revoga•‹o
|---|---|
Vacatio Legis
PRODU‚ÌO DE EFEITOSLogo, podemos perceber que a lei penal, assim como qualquer lei, somente produz efeitos durante o seu per’odo de vig•ncia. ƒ o que se chama de princ’pio da atividade da lei.
Em alguns casos, porŽm, a lei penal pode produzir efeitos e atingir fatos
ocorridos antes de sua entrada em vigor e, atŽ mesmo, continuar produzindo
efeitos mesmo ap—s sua revoga•‹o. Vamos analis‡-los individualmente.
Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo 2.1.1 ! Conflito de Leis penais no Tempo
Ocorrendo a revoga•‹o de uma lei penal por outra, algumas situa•›es ir‹o ocorrer, e as consequ•ncias de cada uma delas depender‹o da natureza da norma revogadora.
2.1.1.1 ! Lei nova incriminadora
Nesse caso, a lei nova atribui car‡ter criminoso ao fato. Ou seja, atŽ ent‹o, o fato n‹o era crime. Nesse caso, a solu•‹o Ž bastante simples: A lei nova produzir‡ efeitos a partir de sua entrada em vigor, como toda e qualquer lei, seguindo a regra geral da atividade da lei.
2.1.1.2 ! Lex Gravior
1Aqui, a lei posterior n‹o inova no que se refere ˆ natureza criminosa do fato, pois a lei anterior j‡ estabelecia que o fato era considerado criminoso. No entanto, a lei nova estabelece uma situa•‹o mais gravosa ao rŽu.
EXEMPLO: O crime de homic’dio simples (art. 121 do CP) possui pena m’nima de 06 e pena m‡xima de 20 anos. Imaginemos que entrasse em vigor uma lei que estabelecesse que a pena para o crime de homic’dio seria de 10 a 30 anos.
Nesse caso, a lei nova, embora n‹o inove no que tange ˆ criminaliza•‹o do homic’dio, traz uma situa•‹o mais gravosa para o fato. Assim, produzir‡
efeitos somente a partir de sua vig•ncia, n‹o alcan•ando fatos pretŽritos
Frise-se que a lei nova ser‡ considerada mais gravosa ainda que n‹o aumente a pena prevista para o crime. Basta que traga qualquer preju’zo ao rŽu
2, como forma de cumprimento da pena, redu•‹o ou elimina•‹o de benef’cios, etc.
2.1.1.3 ! Abolitio Criminis
A abolitio criminis ocorre quando uma lei penal incriminadora vem a ser revogada por outra, que prev• que o fato deixa de ser considerado crime.
EXEMPLO: Suponhamos que a Lei ÒAÓ preveja que Ž crime dirigir ve’culo automotor sob a influ•ncia de ‡lcool. Vindo a Lei ÒBÓ a determinar que dirigir ve’culo automotor sob a influ•ncia de ‡lcool n‹o Ž crime, ocorreu o fen™meno da abolitio criminis.
1
TambŽm chamada de ou Novatio Legis in Pejus ou Lei nova mais gravosa.
2
BITENCOURT, Op. cit., p. 208
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Nesse caso, como a lei posterior deixa de considerar o fato crime, ela produzir‡ efeitos retroativos, alcan•ado os fatos praticados mesmo antes de sua vig•ncia, em homenagem ao art. 5, XL da Constitui•‹o Federal e ao art.
2¡ do C—digo Penal
3.
ƒ claro que quando uma lei deixa de considerar um determinado fato como crime, ela est‡ beneficiando aquele praticou o fato e que, porventura, esteja respondendo criminalmente por ele, ou atŽ mesmo, cumprindo pena em decorr•ncia da condena•‹o pelo fato.
Em casos tais, ocorre o que se chama de retroatividade da Lei Penal, que passa a produzir efeitos sobre fatos ocorridos anteriormente ˆ sua vig•ncia.
CUIDADO! N‹o confundam abolitio criminis com continuidade t’pico-normativa. Em alguns casos, embora a lei nova revogue um determinado artigo que previa um tipo penal, ela simultaneamente insere esse fato dentro de outro tipo penal.
4Neste caso n‹o h‡ abolitio criminis, pois a conduta continua sendo considerada crime, ainda que por outro tipo penal.
5ƒ importante ressaltar, ainda, que a abolitio criminis faz cessar a pena e os efeitos PENAIS da condena•‹o.
EXEMPLO: JosŽ foi condenado pelo crime ÒXÓ e est‡ cumprindo pena. Surge uma Lei nova, descriminalizando a conduta. JosŽ ser‡ colocado em liberdade (deve cessar a pena imposta), bem como tal condena•‹o pelo crime X n‹o poder‡ ser considerada futuramente para fins de reincid•ncia (afastam-se os efeitos penais
3
Art. 5¼ (...)
XL - a lei penal n‹o retroagir‡, salvo para beneficiar o rŽu;
[...]
Art. 2¼ - NinguŽm pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execu•‹o e os efeitos penais da senten•a condenat—ria.
4
A Lei 12.015/09 revogou o art. 214 do CP, que previa o crime de atentado violento ao pudor. Entretanto, ao mesmo tempo, ampliou a descri•‹o do tipo penal do estupro para abranger tambŽm a pr‡tica de atos libidinosos diversos da conjun•‹o carnal, que era a descri•‹o do tipo penal de atentado violento ao pudor.
Assim, o que a Lei 12.015/09 fez, n‹o foi descriminalizar o Atentado Violento ao Pudor, mas dar a ele novo contorno jur’dico, passando agora o fato a ser enquadrado como crime de estupro, tendo, inclusive, previsto a mesma pena anteriormente cominada ao Atentado Violento ao Pudor. Assim, n‹o houve abolitio criminis, pois o fato n‹o deixou de ser crime, apenas passou a ser tratado em outro tipo penal.
5
TambŽm n‹o h‡ abolitio criminis quando a lei nova revoga uma lei especial que criminaliza um
determinado fato, mas que mesmo assim, est‡ enquadrado como crime numa norma geral.Explico:
Imagine que a Lei ÒAÓ preveja o crime de roubo a empresa de transporte de valores, com pena de 4 a 12
anos. Posteriormente, entra em vigor a Lei ÒBÓ, que revoga expressa e totalmente a Lei ÒAÓ. Pode-se dizer
que o roubo a empresa de transporte de valores deixou de ser crime? Claro que n‹o, pois a conduta, o fato,
est‡ previsto no art. 157 do C—digo Penal (crime de roubo). Assim, apenas deixou de existir a lei especial
que previa pena diferenciada para este fato, passando o mesmo a ser regido pelo tipo previsto no C—digo
Penal. Pode-se dizer, no entanto, que houve novatio legis in mellius, ou Lex mitior, que Ž a superveni•ncia
de lei mais benŽfica.
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da condena•‹o). Todavia, se JosŽ foi condenado a reparar o dano causado ˆ v’tima, tal obriga•‹o permanece (efeito extrapenal da condena•‹o).
2.1.1.4 ! Lex Mitior ou Novatio legis in mellius
A Lex mitior, ou novatio legis in mellius, ocorre quando uma lei posterior revoga a anterior trazendo uma situa•‹o mais benŽfica ao rŽu. Nesse caso, em homenagem ao art. 5, XL da Constitui•‹o, j‡ transcrito, a lei nova retroage para alcan•ar os fatos ocorridos anteriormente ˆ sua vig•ncia. Essa previs‹o est‡
contida tambŽm no art. 2¡, ¤ œnico do CP
6.
Vejam que o C—digo Penal estabelece que a aplica•‹o da lei nova se dar‡
ainda que o fato (crime) j‡ tenha sido julgado por senten•a transitada em julgado.
2.1.1.5 ! Lei posterior que traz benef’cios e preju’zos ao rŽu
Pode ocorrer, no entanto, que a lei nova tenha alguns pontos mais favor‡veis e outros mais prejudiciais ao rŽu.
EXEMPLO: Suponhamos que Maria tenha praticado crime de furto, cuja pena Ž de 1 a 04 anos de reclus‹o, e multa. Posteriormente, sobrevŽm uma lei que estabelece que a pena passa a ser de 02 a 06 anos de deten•‹o, sem multa.
Percebam que a lei nova Ž mais benŽfica pois extinguiu a pena de multa, e estabeleceu o regime de deten•‹o, mas Ž mais gravosa pois aumentou a pena m’nima e a pena m‡xima.
Nesse caso, como avaliar se a lei Ž mais benŽfica ou mais gravosa?
E mais, ser‡ que Ž poss’vel combinar as duas leis para se achar a solu•‹o mais benŽfica para o rŽu? Duas correntes se formaram:
§ ! 1¡ corrente: N‹o Ž poss’vel combinar as leis penais para se extrair os pontos favor‡veis de cada uma delas, pois o Juiz estaria criando uma terceira lei (Lex tertia), o que seria uma viola•‹o ao princ’pio da Separa•‹o dos Poderes, j‡ que n‹o cabe ao Judici‡rio legislar. Essa Ž a TEORIA DA PONDERA‚ÌO UNITçRIA ou GLOBAL.
§ ! 2¡ corrente: ƒ poss’vel a combina•‹o das duas leis, de forma a selecionar os institutos favor‡veis de cada uma delas, sem que com isso se esteja criando uma terceira lei, pois o Juiz s— estaria agindo dentro dos limites estabelecidos pelo pr—prio legislador. Essa Ž a TEORIA DA PONDERA‚ÌO DIFERENCIADA.
O STF, embora tenha vacilado em alguns momentos, firmou entendimento no sentido de que deve ser adotada a TEORIA DA PONDERA‚ÌO
6
Art. 2¼ (...)
Par‡grafo œnico - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por senten•a condenat—ria transitada em julgado.
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UNITçRIA
7, devendo ser aplicada apenas uma das leis, em homenagem aos princ’pios da reserva legal e da separa•‹o dos Poderes do Estado. O STJ sempre adotou esta posi•‹o
8.
E quem deve aplicar a nova lei penal mais benŽfica ou a nova lei penal abolitiva? O Supremo Tribunal Federal (STF) firmou entendimento no sentido de que DEPENDE DO MOMENTO:
¥ ! Processo ainda em curso Ð Compete ao Ju’zo que est‡ conduzindo o processo
¥ ! Processo j‡ transitado em julgado Ð Compete ao Ju’zo da execu•‹o penal.
Nos termos da sœmula 611 do STF:
SòMULA N¼ 611
Transitada em julgado a senten•a condenat—ria, compete ao Ju’zo das execu•›es a aplica•‹o da lei mais benigna.
Mas e se a lei nova for revogada por outra lei mais gravosa? Nesse caso, a lei mais gravosa n‹o se aplicar‡ aos fatos regidos pela lei mais benŽfica, pois isso seria uma retroatividade da lei em preju’zo do rŽu. No momento em que a lei intermedi‡ria (a que revogou, mas foi revogada) entrou em vigor, passou a reger os fatos ocorridos antes de sua vig•ncia. Sobrevindo lei posterior mais grave, aplica-se a regra geral da irretroatividade da Lei em rela•‹o a esta œltima.
Lei A (gravosa) Lei B (Mais benŽfica) Lei C (Mais gravosa)
EFEITOS DA LEI B
EFEITOS DA LEI C|----|---|---|
Fato
VIGæNCIA DA LEI BNo caso representado pelo esquema acima, a Lei B produzir‡ efeitos mesmo ap—s sua revoga•‹o pela Lei C (em rela•‹o aos fatos praticados durante sua
7
Entretanto, no julgamento do RE 596152/SP, o STF adotou posi•‹o contr‡ria, ou seja, permitiu a combina•‹o de leis. Trata-se de uma decis‹o isolada, portanto, n‹o caracteriza uma Òjurisprud•nciaÓ de verdade.
8
E de forma a consolidar sua tese, o STJ editou o verbete n¼ 501 de sua sœmula de jurisprud•ncia, entendendo, relativamente aos crimes da lei de drogas, a impossibilidade de combina•‹o de leis. Vejamos:
SòMULA N¼ 501
ƒ cab’vel a aplica•‹o retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incid•ncia das suas disposi•›es, na ’ntegra, seja mais favor‡vel ao rŽu do que o advindo da aplica•‹o da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combina•‹o de leis.
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vig•ncia e ANTES de sua vig•ncia). Nesse caso, diz-se que h‡ a ULTRATIVIDADE DA LEI B.
9Excepcional Ž a situa•‹o das leis intermitentes, que se dividem em leis excepcionais e leis tempor‡rias. As leis excepcionais s‹o aquelas que s‹o produzidas para vigorar durante determinada situa•‹o. Por exemplo, estado de s’tio, estado de guerra, ou outra situa•‹o excepcional. Lei tempor‡ria Ž aquela que Ž editada para vigorar durante determinado per’odo, certo, cuja revoga•‹o se dar‡ automaticamente quando se atingir o termo final de vig•ncia, independentemente de se tratar de uma situa•‹o normal ou excepcional do pa’s.
No caso destas leis, dado seu car‡ter transit—rio, o fato de estas leis virem a ser revogadas Ž irrelevante! Isso porque a revoga•‹o Ž decorr•ncia natural do tŽrmino do prazo de vig•ncia da lei. Assim, aquele que cometeu o crime durante a vig•ncia de uma destas leis responder‡ pelo fato, nos moldes em que previsto na lei, mesmo ap—s o fim do prazo de dura•‹o da norma.
Isso Ž uma quest‹o de l—gica, pois, se assim n‹o o fosse, bastaria que o rŽu procrastinasse o processo atŽ data prevista para a revoga•‹o da lei a fim de que fosse decretada a extin•‹o de sua punibilidade. Isso est‡ previsto no art. 3¡ do C—digo Penal:
Art. 3¼ - A lei excepcional ou tempor‡ria, embora decorrido o per’odo de sua dura•‹o ou cessadas as circunst‰ncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vig•ncia.
CUIDADO! Sempre se entendeu que a posterior revoga•‹o da lei tempor‡ria n‹o afetaria os fatos praticados durante sua vig•ncia. Isso deve ser analisado com cautela.
Existem duas hip—teses absolutamente distintas.
EXEMPLO Ð Existe uma Lei ÒAÓ que diz que Ž crime vender qualquer cerveja que n‹o seja a cerveja ÒredondaÓ durante a realiza•‹o da Copa do Mundo no Brasil. Essa lei tem dura•‹o prevista atŽ o dia da final da Copa. JosŽ foi preso em flagrante, durante uma das semifinais da Copa do Mundo, vendendo a cerveja ÒquadradaÓ e, portanto, praticando o crime previsto na Lei ÒAÓ.
Dessa situa•‹o, duas hip—teses podem ocorrer:
01 Ð A Lei ÒAÓ deixa de vigorar naturalmente porque se prazo de validade expirou Ð Nenhuma consequ•ncia pr‡tica em favor de JosŽ, pois a expira•‹o da validade Ž o processo natural da lei penal tempor‡ria.
02 Ð O Governo entende que Ž um absurdo criminalizar tais condutas que, na verdade, t•m como œnica finalidade proteger interesses econ™micos de particulares e, em raz‹o, disso, edita uma nova Lei (ap—s a expira•‹o da lei tempor‡ria) que prev• a descriminaliza•‹o da conduta incriminada Ð Nesse
9
Quando a lei Ž aplicada fora de seu per’odo de vig•ncia, diz-se que h‡ extratividade. A extratividade pode
ocorrer em raz‹o da ultratividade ou da retroatividade, a depender do caso. A extratividade, portanto, Ž um
g•nero, que comporta duas espŽcies: retroatividade e ultratividade. BITENCOURT, Op. cit., p. 207/209
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caso, teremos abolitio criminis, e isso ter‡ efeitos pr‡ticos para JosŽ. O mesmo ocorreria se o Governo, ao invŽs de proceder ˆ descriminaliza•‹o da conduta, tivesse abrandado a pena (lex mitior). Essa lei iria retroagir.
CUIDADO! Eu j‡ vi este tema ser abordado das mais diversas formas. J‡ vi Banca entendendo que a lei tempor‡ria ser‡ aplicada mesmo que sobrevenha lei nova, abolindo o crime. Isso Ž complicado, porque traz inseguran•a ao candidato. Contudo, a’ vai meu conselho: Lei tempor‡ria produz efeitos ap—s sua revoga•‹o ÒnaturalÓ (expira•‹o do prazo de validade). Se houver superveni•ncia de lei abolitiva expressamente revogando a criminaliza•‹o prevista na lei tempor‡ria, ela n‹o mais produzir‡ efeitos. Assim, cuidado com a abordagem na prova.
2.1.2 ! Tempo do crime
Para podermos aplicar corretamente a lei penal, Ž necess‡rio saber quando se considerada praticado o delito. Tr•s teorias buscam explicar quando se considera praticado o crime:
1) ! Teoria da atividade Ð O crime se considera praticado quando da a•‹o ou omiss‹o, n‹o importando quando ocorre o resultado. ƒ a teoria adotada pelo art. 4¡ do C—digo Penal, vejamos:
Art. 4¼ - Considera-se praticado o crime no momento da a•‹o ou omiss‹o, ainda que outro seja o momento do resultado.
2) ! Teoria do resultado Ð Para esta teoria, considera-se praticado o crime quando da ocorr•ncia do resultado, independentemente de quando fora praticada a a•‹o ou omiss‹o.
3) ! Teoria da ubiquidade ou mista Ð Para esta teoria, considera-se praticado o crime tanto no momento da a•‹o ou omiss‹o quanto no momento do resultado.
Como vimos, nosso C—digo adotou a teoria da atividade como a aplic‡vel ao tempo do crime. Isto representa sŽrios reflexos na aplica•‹o da lei penal, pois esta depende da data do fato, que, como vimos, Ž a data da conduta.
Nos crimes permanentes, aplica-se a lei em vigor ao final da perman•ncia delitiva, ainda que mais gravosa que a do in’cio. O mesmo ocorre nos crimes continuados, hip—tese em que se aplica a lei vigente ˆ Žpoca do œltimo ato (crime) praticado. Essa tese est‡ consagrada pelo STF, atravŽs do enunciado n¡ 711 da sœmula de sua Jurisprud•ncia:
SòMULA N¼ 711
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a
sua vig•ncia Ž anterior ˆ cessa•‹o da continuidade ou da perman•ncia.
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Mas isso n‹o ofende o princ’pio da irretroatividade da lei mais gravosa? N‹o, pois neste caso NÌO Hç RETROATIVIDADE. Neste caso, a lei mais grave est‡ sendo aplicada a um crime que ainda est‡ sendo praticado, e n‹o a um crime que j‡ foi praticado.
102.2 ! Aplica•‹o da lei penal no espa•o
T‹o importante quanto conhecer as minœcias referentes ˆ aplica•‹o da lei penal no tempo Ž conhecer as regras atinentes ˆ lei penal no espa•o.
Toda lei Ž editada para vigorar num determinado tempo e num determinado espa•o. No que tange ˆ lei penal, via de regra ela se aplica dentro do territ—rio do pa’s em que foi editada, pois este Ž o limite do exerc’cio da soberania de cada Estado. Ou seja, nenhum Estado pode exercer sua soberania fora de seu territ—rio.
Vamos estudar, ent‹o, as regras referentes ˆ aplica•‹o da lei penal no espa•o.
2.2.1 ! Territorialidade
Essa Ž a regra no que tange ˆ aplica•‹o da lei penal no espa•o. Pelo princ’pio da territorialidade, aplica-se ˆ lei penal aos crimes cometidos no territ—rio nacional. Assim, n‹o importa se o crime foi cometido por estrangeiro ou contra v’tima estrangeira. Se cometido no territ—rio nacional, submete-se ˆ lei penal brasileira.
ƒ o que prev• o art. 5¡ do C—digo Penal:
Art. 5¼ - Aplica-se a lei brasileira, sem preju’zo de conven•›es, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no territ—rio nacional.
Na verdade, como o C—digo Penal admite algumas exce•›es, podemos dizer que o nosso C—digo adotou O PRINCêPIO DA TERRITORIALIDADE MITIGADA OU TEMPERADA.
11Territ—rio pode ser conceituado como espa•o em que o Estado exerce sua soberania pol’tica. O territ—rio brasileiro compreende:
¥ ! O Mar territorial;
¥ ! O espa•o aŽreo (Teoria da absoluta soberania do pa’s subjacente);
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Cezar Roberto Bitencourt critica parcialmente a sœmula, ao entendimento de que ela poderia ser aplic‡vel ao crime permanente, sem nenhuma viola•‹o ˆ irretroatividade da lei mais gravosa, mas a mesma solu•‹o n‹o poderia ser adotada em rela•‹o ao crime continuado, por n‹o se tratar de crime œnico com execu•‹o prolongada no tempo, e sim mera fic•‹o jur’dica que considera como crime œnico (para fins de aplica•‹o da pena), uma sŽrie de delitos. BITENCOURT, Op. cit., p. 220.
A maioria da Doutrina, contudo, n‹o tece cr’ticas ˆ sœmula. Ver, por todos, BITENCOURT, Op. cit., p. 120.
11
Ver, por todos, GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 123/124 e GOMES, Luiz Flavio.
BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 222.
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¥ ! O subsolo
S‹o considerados como territ—rio brasileiro por extens‹o:
¥ ! Os navios e aeronaves pœblicos, onde quer que se encontrem
¥ ! Os navios e aeronaves particulares, que se encontrem em alto- mar ou no espa•o aŽreo
Assim, aos crimes praticados nestes locais aplica-se a lei brasileira, pelo princ’pio da territorialidade.
ATEN‚ÌO! Como sabemos, a Lei penal brasileira ser‡ aplicada aos crimes cometidos a bordo de aeronaves ou embarca•›es estrangeiras, mercantes ou de propriedade privada, desde que se encontrem no espa•o aŽreo brasileiro ou em pouso no territ—rio nacional, ou, no caso das embarca•›es, em porto ou mar territorial brasileiro.
Contudo, a Doutrina aponta uma exce•‹o ˆ aplica•‹o da lei penal brasileira neste caso. Trata-se do PRINCêPIO DA PASSAGEM INOCENTE. Este princ’pio, decorrente do Direito Internacional Mar’timo, estabelecido na Conven•‹o de Montego Bay (1982), que foi assinada pelo Brasil, prev• que uma embarca•‹o de propriedade privada, de qualquer nacionalidade, possui o direito de atravessar o mar territorial de uma na•‹o, desde que n‹o ameace a paz, a seguran•a e a boa ordem do Estado.
Aplicando tal princ’pio ao Direito Penal, a Doutrina entende que se um crime for praticado a bordo de uma embarca•‹o que se encontre em Òpassagem inocenteÓ, n‹o ser‡ aplic‡vel a lei brasileira a este crime, desde que o crime em quest‹o n‹o afete nenhum bem jur’dico nacional. Ex.: Um americano mata um holand•s dentro de um navio argentino em situa•‹o de passagem inocente.
Parte da Doutrina estende a aplica•‹o do princ’pio tambŽm ˆs aeronaves privadas em situa•‹o semelhante.
CUIDADO! Este princ’pio s— se aplica ˆs embarca•›es ou aeronaves que utilizem o territ—rio do Brasil como mera ÒpassagemÓ. Se o Brasil Ž o destino da aeronave ou embarca•‹o, n‹o h‡ aplica•‹o do princ’pio.
Assim, para que possamos trabalhar com este princ’pio na prova, a quest‹o deve deixar clara a situa•‹o de Òpassagem inocenteÓ, ou seja, a Banca tem que deixar claro que pretende saber se voc• tem conhecimento disso. Caso contr‡rio, esque•a tal exce•‹o.
2.2.2 ! Extraterritorialidade
A extraterritorialidade Ž a aplica•‹o da lei penal brasileira a um fato criminoso que n‹o ocorreu no territ—rio nacional.
Pode se dar em raz‹o de diversos princ’pios, que veremos a seguir:
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2.2.2.1 ! Princ’pio da Personalidade ou da nacionalidade
Divide-se em princ’pio da personalidade ativa e da personalidade passiva.
Pelo princ’pio da personalidade ativa, aplica-se a lei penal brasileira ao crime cometido por brasileiro, ainda que no exterior. As hip—teses de aplica•‹o deste princ’pio est‹o previstas no art. 7¡, I, ÒdÓ e II, ÒbÓ do CPB:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
(...)
d) de genoc’dio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
(...)
II - os crimes:
(...)
b) praticados por brasileiro;
No primeiro caso, basta que o crime de genoc’dio tenha sido cometido por brasileiro para que a lei brasileira seja aplicada, n‹o havendo qualquer condi•‹o alŽm desta.
No segundo caso (crime comum cometido por brasileiro no exterior), algumas condi•›es devem estar presentes, conforme preceitua o ¤2¡ do art. 7¡
do CPB:
¤ 2¼ - Nos casos do inciso II, a aplica•‹o da lei brasileira depende do concurso das seguintes condi•›es: (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no territ—rio nacional; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
b) ser o fato pun’vel tambŽm no pa’s em que foi praticado; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
c) estar o crime inclu’do entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradi•‹o;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
d) n‹o ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou n‹o ter a’ cumprido a pena;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
e) n‹o ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, n‹o estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favor‡vel. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
Assim, n‹o basta que o crime tenha sido cometido por brasileiro, Ž necess‡rio que as condi•›es acima estejam presentes, ou seja: O fato deve ser pun’vel tambŽm no local onde fora cometido o crime; deve o agente entrar no territ—rio brasileiro; O crime deve estar inclu’do no rol daqueles que autorizam extradi•‹o e n‹o pode o agente ter sido absolvido ou ter sido extinta sua punibilidade no estrangeiro.
0
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Pelo princ’pio da personalidade passiva, aplica-se a lei brasileira aos crimes cometidos contra brasileiro, ainda que no exterior. Nos termos do art. 7¡,
¤3¡ do CPB:
¤ 3¼ - A lei brasileira aplica-se tambŽm ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condi•›es previstas no par‡grafo anterior:
a) n‹o foi pedida ou foi negada a extradi•‹o;
b) houve requisi•‹o do Ministro da Justi•a.
Percebam que, alŽm das condi•›es previstas para a aplica•‹o do princ’pio da personalidade ativa, para a aplica•‹o do princ’pio da personalidade passiva o C—digo prev• ainda outras duas condi•›es:
¥ ! Ter havido requisi•‹o do Ministro da Justi•a
¥ ! N‹o ter sido pedida ou ter sido negada a extradi•‹o do estrangeiro que praticou o crime
2.2.2.2 ! Princ’pio do domic’lio
Por este princ’pio, aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por pessoa domiciliada no Brasil, n‹o havendo qualquer outra condi•‹o. S— h‡ uma hip—tese de aplica•‹o deste princ’pio na lei penal brasileira, e Ž a prevista no art. 7¡, I, ÒdÓ do CPB:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
(...)
d) de genoc’dio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;Ó
Portanto, somente no caso do crime de genoc’dio ser‡ aplicado o princ’pio do domic’lio, devendo ser aplicada a lei brasileira ainda que se trate crime cometido no estrangeiro por agente estrangeiro contra v’tima estrangeira, desde que o autor seja domiciliado no Brasil. Alguns autores entendem que aqui se aplica o princ’pio da Justi•a Universal.
122.2.2.3 ! Princ’pio da Defesa ou da Prote•‹o
Este princ’pio visa a garantir a aplica•‹o da lei penal brasileira aos crimes cometidos, em qualquer lugar e por qualquer agente, mas que ofendam bens jur’dicos nacionais. Est‡ previsto no art. 7¡, I, Òa, b e cÓ:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
12
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 127
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a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repœblica;
b) contra o patrim™nio ou a fŽ pœblica da Uni‹o, do Distrito Federal, de Estado, de Territ—rio, de Munic’pio, de empresa pœblica, sociedade de economia mista, autarquia ou funda•‹o institu’da pelo Poder Pœblico;
c) contra a administra•‹o pœblica, por quem est‡ a seu servi•o;
Vejam que se trata de bens jur’dicos altamente relevantes para o pa’s. N‹o se trata de considerar a vida e a liberdade do Presidente da Repœblica mais importante que a vida e a liberdade dos demais brasileiros. Nesse caso, o que se busca Ž garantir que um crime praticado contra a figura do Presidente da Repœblica n‹o fique impune, pois Ž mais que um crime contra a pessoa, Ž um crime contra toda a na•‹o.
Reparem, ainda, que n‹o Ž qualquer crime cometido contra o Presidente, mas somente aqueles que atentem contra sua vida ou liberdade.
Estas hip—teses dispensam outras condi•›es, bastando que tenha sido o crime cometido contra estes bens jur’dicos. Ali‡s, ser‡ aplicada a lei brasileira ainda que o agente j‡ tenha sido condenado ou absolvido no exterior:
¤ 1¼ - Nos casos do inciso I, o agente Ž punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
Entretanto, para que seja evitado o cumprimento duplo de pena (bis in idem), caso tenha sido o agente condenado no exterior, a pena a ser cumprida no Brasil ser‡ abatida da pena cumprida no exterior, o que se chama DETRA‚ÌO PENAL. Nos termos do art. 8¡ do CPB:
Art. 8¼ - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela Ž computada, quando id•nticas.
Embora o art. 8¡ seja louv‡vel, tecnicamente, a simples possibilidade de duplo julgamento pelo mesmo fato j‡ configura bis in idem. Entretanto, o STF ignora este fato, e a norma permanece em pleno vigor.
H‡ quem entenda, portanto, que esta regra Ž uma exce•‹o ao princ’pio do ne bis in idem
13, pois o Estado estaria autorizado a julgar, condenar e punir a pessoa mesmo j‡ tendo havido julgamento (inclusive com condena•‹o e cumprimento de pena) em outro Estado.
2.2.2.4 ! Princ’pio da Justi•a Universal
Este princ’pio Ž utilizado para a aplica•‹o da lei penal brasileira contra crimes cometidos em qualquer territ—rio e por qualquer agente, desde que o Brasil,
13
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 129
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atravŽs de tratado internacional, tenha se obrigado a reprimir tal conduta. Tem previs‹o no art. 7¡, II, a do CPB:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
(...)
II - os crimes:
a) que, por tratado ou conven•‹o, o Brasil se obrigou a reprimir;
Como a previs‹o se encontra no inciso II do art. 7¡, aplicam-se as condi•›es previstas no ¤ 2¡, como ingresso do agente no territ—rio nacional, etc.
2.2.2.5 ! Princ’pio da Representa•‹o ou da bandeira ou do Pavilh‹o
Por este princ’pio, aplica-se a lei penal brasileira aos crimes cometidos no estrangeiro, a bordo de aeronaves e embarca•›es privadas, mas que possuam bandeira brasileira, quando, no pa’s em que ocorreu o crime, este n‹o for julgado.
A previs‹o est‡ no art. 7¡, II, ÒcÓ do CPB:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
(...)
II - os crimes:
(...)
c) praticados em aeronaves ou embarca•›es brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em territ—rio estrangeiro e a’ n‹o sejam julgados.
EXEMPLO: Se um cidad‹o mexicano comete um crime contra um cidad‹o alem‹o, a bordo de uma aeronave pertencente a uma empresa aŽrea brasileira, enquanto esta se encontra parada no aeroporto de Nova York, pelo Princ’pio da Bandeira, a este crime poder‡ ser aplicada a lei brasileira, caso n‹o seja julgado pelo Judici‡rio americano.
CUIDADO! Se, no exemplo anterior, o crime fosse cometido
a bordo de uma aeronave pertencente ao Brasil, por exemplo, o avi‹o
oficial da Presid•ncia da Repœblica, a lei penal brasileira seria aplicada n‹o pelo
Princ’pio da Bandeira, mas pelo Princ’pio da Territorialidade, regra geral,
pois estas aeronaves s‹o consideradas territ—rio brasileiro por extens‹o!
Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo 2.2.3 ! Lugar do Crime
Para aplicarmos corretamente o que foi aprendido acerca da lei penal no espa•o, precisamos saber, com exatid‹o, qual Ž o local do crime. Para tanto, existem algumas teorias:
1) ! Teoria da atividade Ð Considera-se local do crime aquele em que a conduta Ž praticada.
2) ! Teoria do resultado Ð Para esta teoria, n‹o importa onde Ž praticada a conduta, pois se considera como lugar do crime o local onde ocorre a consuma•‹o.
3) ! Teoria mista ou da ubiquidade Ð Esta teoria prev• que tanto o lugar onde se pratica a conduta quanto o lugar do resultado s‹o considerados como local do crime. Esta teoria Ž a adotada pelo C—digo Penal, em seu art. 6¡:
Art. 6¼ - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a a•‹o ou omiss‹o, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado
Entretanto, esta regra da ubiquidade s— se aplica quando estivermos diante de pluralidade de pa’ses, ou seja, quando for necess‡rio estabelecer o local do crime para fins de defini•‹o de qual lei (de que pa’s) penal aplicar.
S— para finalizar, vou deixar de lambuja para voc•s um macete para gravarem as teorias adotadas para o tempo do crime e para o lugar do crime:
Lugar = Ubiquidade Tempo = Atividade
Muita LUTA, meus amigos!!
2.2.4 ! Extraterritorialidade condicionada, incondicionada e hipercondicionada
Como estudamos, a regra na aplica•‹o da lei penal brasileira Ž o princ’pio da territorialidade, em que se aplica a lei penal brasileira aos crimes cometidos no territ—rio nacional.
Entretanto, existem algumas hip—teses em que se aplica a lei penal brasileira a crimes cometidos no exterior. Nestes casos, estamos diante do fen™meno da extraterritorialidade da lei penal.
Esta extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condicionada.
No primeiro caso, como o pr—prio nome diz, n‹o h‡ qualquer condi•‹o. Basta que o crime tenha sido cometido no estrangeiro. As hip—teses s‹o poucas e j‡
foram aqui estudadas. S‹o as previstas no art. 7¡, I do CPB (Crimes contra bens
jur’dicos de relev‰ncia nacional e crime de genoc’dio). Nestes casos, pelos
princ’pios da Prote•‹o e do Domic’lio ou da Personalidade Ativa (a depender do
caso), aplica-se a lei brasileira, ocorrendo o fen™meno da extraterritorialidade:
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Embora sob fundamentos diversos (Princ’pios diversos), todas as hip—teses culminam no fen™meno da extraterritorialidade incondicionada da lei penal brasileira.
A extraterritorialidade condicionada, por sua vez, est‡ prevista no art.
7¡, II e ¤ 2¡ do CP. Neste caso, a lei brasileira s— ser‡ aplicada ao fato de maneira subsidi‡ria, ou seja, apenas se cumpridas determinadas condi•›es.
Nos termos do C—digo Penal, temos as seguintes hip—teses de extraterritorialidade condicionada:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
II - os crimes: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) que, por tratado ou conven•‹o, o Brasil se obrigou a reprimir; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
PRINCÍPIO DA DEFESA OU PROTEÇÃO
Crimes contra a vida ou a liberdade do
Presidente da República
Crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município,
de empresa pública, sociedade de economia
mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público
Crimes contra a administração pública,
por quem está a seu serviço
PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL OU DO
DOMICÍLIO OU DA PERSONALIDADE ATIVA
Crime de genocídio, quando o agente for
brasileiro ou domiciliado no Brasil
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b) praticados por brasileiro; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
c) praticados em aeronaves ou embarca•›es brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em territ—rio estrangeiro e a’ n‹o sejam julgados. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
Estas s‹o as hip—teses em que se aplica, condicionalmente, a lei penal brasileira a fatos ocorridos no estrangeiro. As condi•›es para esta aplica•‹o se encontram no art. 7¡, ¤ 2¡ do CPB:
Art. 7¼ (...) ¤ 2¼ - Nos casos do inciso II, a aplica•‹o da lei brasileira depende do concurso das seguintes condi•›es: (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no territ—rio nacional; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
b) ser o fato pun’vel tambŽm no pa’s em que foi praticado; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
c) estar o crime inclu’do entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradi•‹o;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
d) n‹o ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou n‹o ter a’ cumprido a pena;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
Podemos esquematizar da seguinte forma:
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
HIPÓTESES
Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir
Crimes praticados por brasileiro
Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados
CONDIÇÕES
Entrar o agente no território nacional
Ser o fato punível também no país em que foi praticado (dupla tipicidade)