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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ TATIANA TORTATO DALARMI UMA ANÁLISE DO PENSAMENTO EGÍPCIO NOS PROBLEMAS 24, 25, 26, 27 E 34 DO PAPIRO DE RHIND CURITIBA 2019

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Academic year: 2021

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TA TIA N A TO RTATO DALARMI

UMA AN ÁLISE DO PENSAM ENTO EGÍPCIO NOS PROBLEM AS 24, 25, 26, 27 E 34 DO PAPIRO DE RHIND

C URITIBA 2019

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UMA AN ÁLISE DO PENSAM ENTO EGÍPCIO NOS PRO BLEM AS 24, 25, 26, 27 E 34 DO PAPIRO DE RHIND

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional - PROFMAT, Setor de Ciências Exatas, Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Matemática.

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Luis Trovon de Carvalho

C URITIBA 2019

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D13£ia Dalarmi, Tatiana Tortato

Uma análise do pensamento egípcio nos problemas 24, 25, 26, 27 e 34 do papiro de Rhind [recurso eletrônico] rfatiana Tortato Dalamii. - Curitiba, 2019

Dissertação - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Exatas, Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional - PROFMAT, 2019.

Orientador: Alexandre Luis Trovon de Carvalho.

1. Matemática - Historiografia. 2. Matemática antiga. 3. Manuscritos (Papiros). 4. Matemática - Estudo e ensino. I. Universidade Federal do Paraná II. Carvalho, Alexandre Luis Trovon de. III.Título.

CDD: 510

Bibliotecária: Vanusa Maciel C R B -9/1928

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U F P R

UNIVbRSlOAOt l-tDtRAL DO PARANA PRO GRAM A DE PÓS-GRADUAÇÃO M ATEMÁTICA EM REDE NACIONAL - 31075010001P2

TERMO DE APROVAÇÃO

Os membros da Banca Examinadora designada pelo Coiegiado do Programa de Pós-Graduação em M A TEM ÁTICA EM REDE N A C IO N A L d a Universidade Federal do Paraná foram convocados para realizar a arguição da dissertação de Mestrado de T A T IA N A T O R TA T O DALARM I intitulada: Uma A n álise do Pensam ento Egípcio nos Problem as 24, 25, 26, 27 e 34 do Papiro d e Rhind, que após terem inquirido a aluna e realizada a avaliação do trabalho, são de parecer pela sua ÀPftflt/Ar/Tt) . no rito de defesa.

A outorga do título de mestre está sujeita à homologação pelo coiegiado, ao atendimento de todas as indicações e correções solicitadas pela banca e ao pleno atendimento das demandas regimentais do Programa de Pós-Graduação.

CURITIBA, 18 de Dezembro de 2019.

ALEXANDRE LUIS

Presidente da Banca Examinadora DE FEDERAL DO PARANÁ)

’ON DE CARVALHO

Avaliador Externo (UNIVERSIDAC^I: FEDERAL DO PARNÁ)

i {v L u rçw lb

ANA CRISTINA C O RREA M UNARETTO

Avaliador Externo (U NIVER SIDADE TEC N O LÓ G IC A FEDERAL DO PARANÁ)

CAM PUS CEN TRO PO LITÉCNICO - CURITIBA - Paraná - Brasil CEP 81531-980 - Tel: (41) 3361-3041 - E-mail: aldemirsp@ufpr.br

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m om entos e me incentivaram nessa conquista, o meu am or e a m inha gratidão.

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Agradeço prim eiram ente a Deus, pelo dom da vida e por me perm itir estar aberta a novas experiências.

Agradeço ao meu marido, aos meus filhos e fam iliares pelo incentivo, mesmo quando pensei em desistir, e pela paciência nos m om entos de ausência.

Agradeço ao meu orientador, P rofessor Dr. Alexandre Luiz Trovon de Carvalho, por todas as suas contribuições e por me contagiar ainda mais com seu fascínio pela matem ática, tão expresso em suas aulas e orientações.

Agradeço a todos os professores e colegas do PRO FM AT que com trocas de conhecim entos tornaram o curso mais produtivo e prazeroso.

Agradeço a todos que de algum a form a colaboraram para que esse trabalho se realizasse.

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Este trabalho apresenta a análise de alguns problem as de ‘aha’ quantidade encontrados no Papiro Rhind. Para isso situam os a época e as circunstâncias em que os problem as do Papiro Rhind foram escritos, considerando artefatos históricos relevantes à investigação. A observação de propriedades m atem áticas mais gerais, presentes nos três papiros m atem áticos mais importantes, permitiu colher m aterial para uma descrição mais detalhada de nosso objeto de análise. De início, apesentam os o sistem a de num eração inteira e fracionária, e a form a peculiar pela qual eram efetuadas as operações de m ultiplicação e divisão. Som ado a isso, tentam os uma reconstrução do processo de divisões fracionárias, por meio do método de Fibonacci. Esse arcabouço histórico-m atem ático nos permitiu analisar o método da falsa posição, utilizado pelo escriba do Papiro de Rhind, para solução de equações lineares. Tendo em conta que a história da m atem ática pode representar um contexto significativo no processo de ensino e aprendizagem , localizam os possíveis pontos de inserção do pensam ento m atem ático egípcio em conteúdos trabalhados em sala de aula. Trazem os tam bém para a discussão a form a pela qual alguns livros didáticos abordam o sistem a egípcio de numeração.

Palavras-chave: História da Matem ática. Papiro de Rhind. Problem as Aha. Equações Lineares. Ensino de Matemática.

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This w ork presents an analysis of some ‘aha’ quantity problem s found in Rhind Papyrus. For this we situate the tim e and circum stances in which Rhind Papyrus problem s w ere w ritten, taking into account historical artifacts relevant to our investigation. The observation of more general m athem atical properties, present in the three m ost im portant m athem atical papyruses, allowed us to gather m aterial fo r a more detailed description of our object of analysis. A t first, we present the w hole and fraction num bering system, and the peculiar w ay in which m ultiplication and division operations w ere performed. In addition, we attem pted a reconstruction of the process of fraction divisions by means of Fibonacci method. This historical-m athem atical fram ew ork allowed us to analyze the false position method used by Rhind's Papyrus scribe to solve linear equations. Given that the history of m athem atics can represent a significant context in the process of teaching and learning, we have located possible points of insertion of Egyptian m athem atical thinking in classroom content. W e also bring to the discussion how som e textbooks approach Egyptian num bering system.

Keywords: History of Mathem atics. Rhind's papyrus. Aha problems. Linear equations.

Teaching of Mathematics.

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FIG URA 1: EGITO A N T IG O ... 18

FIG URA 2: COROAS NO IM PÉRIO E G ÍP C IO ... 19

FIG URA 3: PEDRA DA R O S E T A ... 20

FIG URA 4: PEDRA DE P A L E R M O ... 22

FIG URA 5: PRO BLEM A 1 4 ... 25

FIG URA 6: PAPIRO DE R H IN D ... 26

FIG URA 7: PRO BLEM A 6 ...41

FIG URA 8: NOTAÇÃO HIER O G LÍFIC A x H IE R Á T IC A ...51

FIG URA 9: ESCRITA HIER O G LÍFIC A E H IERÁTICA - M O D E L O ... 52

FIG URA 10: ALG AR ISM O S HIERÁTICO S DAS UNIDADES - 3 ... 53

FIG URA 11: ALG AR ISM O S HIERÁTICO S DAS DEZENAS - 4 0 ... 53

FIG URA 12: ALG AR ISM O S HIERÁTICO S DAS CENTENAS - 7 0 0 ...53

FIG URA 13: ALG AR ISM O S HIERÁTICO S DOS M ILHARES - 2 0 0 0 ... 53

FIG URA 14: FOTOS DOS PROBLEM AS 24, 25, 26 E 27 ESCRITOS EM H IE R Á T IC O S ... 54

FIG URA 15: PRO BLEM A 24 - HIERÁTICO E H IE R Ó G LIFIC O ...55

FIG URA 16: TR AN SLITER AÇ ÃO DO PRO BLEM A 2 4 ...55

FIG URA 17: PRO BLEM A 25 - HIERÁTICO E H IE R Ó G LIFIC O ...56

FIG URA 18: TR AN SLITER AÇ ÃO DO PRO BLEM A 2 5 ...57

FIG URA 19: PRO BLEM A 26 - HIERÁTICO E H IE R Ó G LIFIC O ...59

FIG URA 20: TR AN SLITER AÇ ÃO DO PRO BLEM A 2 6 ...60

FIG URA 21: PRO BLEM A 27 - HIERÁTICO E H IE R Ó G LIFIC O ...62

FIG URA 22: TR AN SLITER AÇ ÃO DO PRO BLEM A 2 7 ...62

FIG URA 23: PRO BLEM A 34 - HIERÁTICO E H IE R Ó G LIFIC O ...65

FIG URA 24: TR AN SLITER AÇ ÃO DO PRO BLEM A 3 4 ...66

FIG URA 25: ESCRITA DOS N Ú M E R O S ... 71

FIG URA 26: SISTEM A D E C IM A L ...72

FIG URA 27: D E C O M P O S IÇ Ã O ... 72

FIG URA 28: FRAÇÕES E G ÍP C IA S ... 74

FIG URA 29: UM POUCO DA H ISTÓ RIA DAS E Q U A Ç Õ E S ... 75

FIG URA 30: ESCRITA H IE R Á T IC A ... 81

FIG URA 31: ALG AR ISM O S HIERÁTICO S DAS U N ID A D E S... 82

(10)

FIG URA 34: ALG AR ISM O S HIERÁTICO S DOS M IL H A R E S ... 85

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QUADRO 1: PERÍODOS H IS T Ó R IC O S ... 23 QUADRO 2: REPRESENTAÇÃO DOS NÚM EROS NA SIM BO LO G IA E G ÍP C IA ... 28 QUADRO 3: REPRESENTAÇÃO DE F R A Ç Õ E S ...29

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T A BELA 1: DIVISÃO DE 9 POR 1 0 ... 42 TA BELA 2: M ULTIPLICAÇÃO DE 1/2+1/3+1/15 POR 1 0 ... 44 TA BELA 3: M ULTIPLICAÇÃO DE 2/3+1/5+1/30 POR 1 0 ... 44

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1 INTRODUÇÃO... 14

2 UM POUCO SOBRE O EG ITO ...17

2.1 CO NTEXTO HISTÓ RICO E G E O G R Á F IC O ...17

2.2 AR TEFATO S QUE AU XILIAR AM NA RECO NSTRU Ç ÃO H IS TÓ R IC A ...20

2.3 C R O N O LO G IA ... 23

2.4 OS P A P IR O S ...24

2.4.1 O Papiro de Moscou e o Papiro de B e rlim ... 24

2.4.2 O Papiro de R h in d ... 25

3 O SISTEMA DE NUMERAÇÃO E A MATEMÁTICA E G ÍP C IA ...28

3.1 NUM ERAÇÃO INTEIRA E F R A C IO N Á R IA ...28

3.2 A R IT M É T IC A ... 30

3.3 AS FRAÇÕES E G ÍP C IA S ...34

3.4 O PRO BLEM A 6 DO PAPIRO DE RHIND E AS DIVISÕ ES FR ACIONÁRIAS .. .41

4 CÁLCULOS “AHA” E O MÉTODO DA FALSA POSIÇÃO... 46

4.1 OS PRO BLEM AS AHA... 46

4.2 O M ÉTODO DA FALSA P O S IÇ Ã O ... 49

5 ANÁLISE DOS PROBLEMAS 24, 25, 26, 27 E 3 4 ...51

5.1 HIERÁTICO E HIERO GLÍFICO EM PROBLEM AS N U M É R IC O S ... 51

5.2 DISCUSSÃO DOS P R O B L E M A S ...53

5.2.1 Problem a 2 4 ...55

5.2.2 Problem a 2 5 ...56

5.2.3 Problem a 2 6 ...59

5.2.4 Problem a 2 7 ...62

5.2.5 Problem a 3 4 ...65

6 CONEXÕES COM A SALA DE AULA... 70

6.1 O PENSAM ENTO E G ÍP C IO ... 71

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 77

REFERÊNCIAS... 79

ANEXO - ESCRITA: HIEROGLÍFICA X HIER ÁTIC A ... 81

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1 INTRODUÇÃO

A história é algo que me fascina e a história da m atem ática possibilita a visão sobre a natureza do conhecim ento m atem ático e de algum as particularidades.

C ontribui para a elaboração de atividades significativas para o ensino, prom ove a visão da m atem ática como uma atividade hum ana e cultural, proporcionando o gosto para o estudo. Esse talvez tenha sido o principal aspecto que me motivou a trabalhar com esse tema. Segundo Boyer a m atem ática originalm ente surgiu como parte da vida diária do homem, mas o desenvolvim ento da linguagem, e consequentem ente de conceitos m atem áticos é o que o diferenciou das dem ais espécies (BOYER, 2002).

Explorar a história da m atem ática em sala também pode ter um enfoque muito positivo durante as aulas. No Brasil, uma das m udanças sugeridas nos Parâm etros Curriculares Nacionais (PCN) na form a de abordar os conteúdos de matemática, em sala de aula, é a utilização da história da m atem ática com o recurso pedagógico. De acordo com os PCNs, este recurso permite que:

Ao revelar a Matemática como uma criação humana, ao mostrar necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, ao estabelecer comparações entre os conceitos e processos matemáticos do passado e do presente, o professor tem a possibilidade de desenvolver atitudes e valores mais favoráveis do aluno diante do conhecimento matemático. (BRASIL, 1998, p. 42).

Estudar e utilizar a história no ensino de m atemática, apresenta um poder motivador, proporcionando o prazer da descoberta. Nesse sentido a Base Nacional Comum C urricular (BNCC) fala que "é im portante incluir a história da M atem ática como recurso que pode despertar interesse e representar um contexto significativo para aprender e ensinar M atem ática” . (BRASIL, 2018, p. 298).

D’Am brósio (1996, p. 29) reforça o elem ento m otivador da História quando afirm a que: "Torna-se cada vez mais difícil m otivar alunos para uma ciência cristalizada. Não é sem razão que a história vem aparecendo como um elem ento m otivador de grande im portância” . Esse argum ento é sustentável na m edida em que apresenta m om entos de distanciam ento do aspecto form al e rigoroso do conhecim ento matemático.

O bservar a história da m atem ática não como um am ontoado de fatos e informações, é um dos objetivos desse trabalho. Tratar a m atem ática como ciência

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que foi sendo construída, que está em constante transform ação, e que tem o pensam ento m atem ático desenvolvido dentro do contexto histórico, cultural e social é de sum a im portância para os professores que desejam se valer dessa experiência.

Muito poderia se falar sobre a história da matemática. Aqui procuram os abordar um pouco da m atem ática egípcia, uma das mais antigas que se tem registro.

Embora esteja isenta, segundo Imhausen (2007), de um aspecto form al, com dem onstrações, e seja baseada em m étodos empíricos, ela traz em seus papiros m odelos m atem áticos baseados em tabelas que podem ser vistos com o receitas de como realizar os procedim entos, elencando passos a serem seguidos, o que poderia sim bolizar "a busca de generalidade e universalidade que caracteriza a cientificidade” , conform e coloca Roque (2012, p. 65).

Esse trabalho procura mostrar, de form a especial, como os egípcios resolviam alguns problemas, os categorizados com o problem as de ‘aha’ quantidade. Os problem as 24, 25, 26, 27 e 34, são analisados nos seguintes aspectos: como eles eram tratados no Papiro de Rhind, o método da falsa posição e uma com paração no modo com que resolvem os hoje as equações lineares.

A fim de situar historicam ente quando e em que situações os problem as do papiro foram escritos e resolvidos, tam bém foi dedicado uma seção especial para abordar aspectos sociais e geográficos, e objetos que ajudaram a reconstruir esse processo. Além disso, apresentam os outros docum entos egípcios im portantes e que trazem relevantes contribuições para a história da matemática.

Tendo em vista que as resoluções dos problem as ‘aha’ m encionados anteriorm ente fazem uso de certos conceitos matem áticos, dedicou-se outra seção para trabalhar com o sistem a de num eração egípcia e com as operações de m ultiplicação e divisão. As frações egípcias tam bém foram estudadas, verificando o que representavam , algum as conversões e resultados im portantes relacionados a elas e uma discussão do algoritm o guloso de Fibonacci.

Buscando se fazer uma conexão com a sala de aula, foi discutido um pouco do que os livros didáticos oferecem aos professores, percebendo que quando estudam os outros sistem as de num eração ou outras form as de abordar conceitos já conhecidos, nos deparam os com o desafio de explorar o nosso próprio sistema.

Por fim, buscam os uma articulação do que foi estudado com o conteúdo apresentado em sala de aula. A análise que fizem os ao abordar tanto o sistem a egípcio de num eração quanto os problem as ‘aha’, revela que há ferram entas

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m atem áticas e form as de raciocínio que estão ao alcance do estudante, trazendo um novo olhar sobre conceitos e ideias m atemáticas. Este é o caso, por exemplo, do método da falsa posição, que apresentam os ao final do trabalho.

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2 UM POUCO SOBRE O EGITO

Neste capítulo verem os uma breve retrospectiva histórica de fatos im portantes que marcaram o Egito e que nos auxiliaram a com preender um pouco do funcionam ento da m atem ática egípcia.

2.1 CONTEXTO HISTÓ RICO E GEO G RÁFICO

Localizado entre os desertos do Saara e da Núbia, ao norte da África, o Egito é cortado pelo rio Nilo em toda a sua extensão, no sentido sul-norte. Fato esse de grande importância, uma vez que m esm o estando em pleno deserto, era possível se ter água e terras cultiváveis. Os canais de irrigação auxiliavam na distribuição de água durante as inundações do Nilo e drenagem de pântanos. Assim o rio fornecia a alim entação com a agricultura, com plem entados com a pesca e a caça realizada nos pântanos do delta do Nilo. Esses canais tam bém eram utilizados como vias de transporte e deslocam ento.

Antes de ser um estado unificado o Egito era com posto por várias tribos que habitavam as m argens do Nilo denom inadas nomos, cada uma dessas tribos tinha uma organização política e religiosa independente. Com a unificação de alguns desses nomos, por volta de 3500 a.C. form aram -se duas divisões territoriais.

(DOBERSTEIN, 2010, p. 40).

Nesse período pré-dinástico o Egito ficou dividido entre: o Vale, uma faixa de terra cultivável em am bos os lados do Nilo, denom inada A lto Egito (nomos do sul) e o Delta, form ado por uma extensão de terras aráveis, pastos e pântanos, que se estendiam até o M ar M editerrâneo cham ado Baixo Egito (nomos do norte). No Alto Egito seus im peradores usavam uma coroa branca e no Baixo Egito uma coroa vermelha.

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FIGURA 1: EGITO ANTIGO M e d iterra n ea n Sea

FONTE: Ancient Egypt1

A unificação dos dois Reinos aconteceu por volta do ano 3200 a.C., dando início a trinta e uma dinastias. A capital desse estado unificado era Mênfis. O prim eiro faraó, foi M enés ou Narmer, fundador da prim eira dinastia. Usava uma coroa dupla como form a de dem onstrar que era im perador dos reinos do Sul e do Norte e uma coroa azul ao com andar suas tropas em guerras.

1 Disponível em: <https://www.ancient-egypt-online.com/ancient-egypt-maps.html> . Acesso em: 13 mar. 2019.

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FIGURA 2: COROAS NO IMPÉRIO EGÍPCIO

Alto Egito Baixo Egito Alto e Baixo Faraó em guerra, já Egito com o Egito unificado

FONTE: https://docs.ufpr.br/~coorhis/priscila/imaqens.html Acesso em: 20 fev. 2019

A partir da unificação inicia-se o cham ado Antiqo Império, 3000 - 2000 a.C.

W aerden (1975, p. 16). Neste período destacam -se as construções das qrandes pirâm ides e de qrandes templos. Teve seu auqe com a construção das pirâm ides de Gisé: Quéops, Quefren e M iquerinos, durante a IV dinastia. De acordo Eves (2004), os sistem as de irriqação e essas qrandes construções eram realizadas pelos escravos, e com o form a de auxiliar esses trabalhos desenvolve-se muito a aqrim ensura, a enqenharia prática e a matem ática. Por volta do ano 2400 a.C. o Eqito com eça a sofrer uma desorqanização, devido ao enfraquecim ento do poder centralizador de seu soberano e sofre com uma querra civil.

O M édio Império, 2000 - 1800 a.C., sequndo W aerden (1975. p. 16), retoma a reunificação das forças do império por representantes da nobreza de Tebas, e esta cidade fica sendo a nova capital do Eqito. Nessa fase houve um crescim ento das produções artísticas e da economia, proqresso nas técnicas de irriqação, além de qrande expansão territorial (conquista m ilitar da Núbia, reqião rica em ouro). O fim desse período veio com a invasão dos hicsos, povos nôm ades de oriqem asiática, que se mostraram superiores m ilitarmente, ocupando a reqião norte do Eqito (delta do Nilo), perm anecendo nesse território por cerca de um século e meio.

Com a expulsão dos hicsos dá-se início ao Novo Império, 1600 - 1100 a.C., conform e W aerden (1975, p.15). Essa fase é m arcada pela consolidação política, de form a mais militarista, e pelo expansionism o, com conquistas que cheqaram até o rio Eufrates na Síria, principalm ente com o faraó Tutm és III. O últim o dos qrandes faraós foi Ramsés II.

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A decadência do Novo Império é advinda de revoltas populares e invasão de vários povos, m arcadas principalm ente pela invasão assíria por volta do ano 670 a.C.

Depois de nova tentativa de recuperação do império egípcio, em 525 a.C. o Egito sofre com a retom ada por parte dos persas, e em 332 a.C. se dá a conquista M acedônia, com A lexandre Magno, e mais tarde a dom inação romana.

2.2 AR TEFATO S QUE AU XILIAR AM NA R ECO NSTRUÇÃO HISTÓ RICA

O ano de 1799 representa um m arco im portante na tentativa de desvendar os m istérios da cultura egípcia. Foi durante escavações das expedições de Napoleão pelo Egito, que engenheiros franceses descobriram um fragm ento basáltico polido, próxim o de Alexandria, na região do braço Rosetta do delta do Nilo. Essa pedra tinha form a irregular com cerca de 112,3 cm de altura, 75,7 cm de largura e 28,4 cm de espessura (MUSEU BRITÂN IC O 2) e quase uma tonelada.

FIGURA 3: PEDRA DA ROSETA

Hieroglífico m m S m

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I

" V f ' 1

1 Demótico j

i

ii i Grego j 1 FONTE: Museu Britânico

2 Disponível em:

<https://www.britishmuseum.orq/research/collection online/collection object details.aspx?objectId=1 17631&partId=1>. Acesso em: 14 mar. 2019.

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Trazia uma mensagem escrita em hieróglifos egípcios, em dem ótico e grego.

Os hieróglifos eram uma com binação de elem entos iconográficos, silábicos e alfabéticos, com mais de mil caracteres diferentes, usados na escrita form al egípcia e de difícil tradução, geralm ente era utilizado para escrever fórm ulas de oferendas, rituais de passagem, em templos, pirâmides, sarcófagos, para descrever o cotidiano dos Faraós e tudo que era considerado sagrado pelos egípcios. Já o dem ótico era a língua popular no Egito. A terceira língua encontrada na pedra da Roseta era um tipo de grego antigo, que foi a chave para decifrar a escrita egípcia.

A im portância da mensagem da pedra da Roseta está principalm ente nas línguas em que foi escrita, uma vez que para traduzir os hieróglifos contidos nela, foram utilizados o dem ótico e sobretudo o grego, revelando assim mais de mil e quatrocentos anos de m istérios do Antigo Egito, inclusive problem as m atemáticos.

Seu texto é um decreto da época do faraó Ptolomeu V Epifânio (205 - 180 a.C.) declarando o faraó como um ótim o governante e seguidor dos deuses egípcios. Foi gravada em 196 a.C.

Esse grande feito deveu-se fundam entalm ente ao francês Jean François C ham pollion (1790 - 1832) que com pletou os trabalhos iniciados por Thom as Young (1773 - 1829) e outros pesquisadores. Para realizar esse feito Cham pollion baseou- se na língua copta, a qual considerava ser a últim a m anifestação da linguagem egípcia escrita e falada, uma vez que com a colonização árabe o Egito passou a falar e escrever nessa língua. Sua ideia foi fazer um cam inho de volta, do copta para o demótico, do dem ótico para o hierático e do hierático para os hieróglifos. Ele defendia que o dem ótico era uma sim plificação do hierático, e este uma sim plificação dos hieróglifos. A tradução da pedra da Roseta representa um elo entre a atualidade e o Egito Antigo na sua form a de escrita. A tualm ente encontra-se no Museu Britânico.

(ALLEN, 2001).

Outro im portante artefato descoberto foi a pedra de Palermo. É um fragm ento de pedra basáltica na qual se encontram gravados, em am bos os lados, uma lista de reis egípcios, desde o período pré-dinástico até fins da V dinastia, além de alguns eventos associados aos seus reinados com o inform ações sobre as guerras, construções de templos, cheias do Nilo e outros acontecim entos e realizações de seus soberanos.

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FIGURA 4: PEDRA DE PALERMO

FONTE: Navile, 19033

Não se sabe ao certo a oriqem arqueolóqica desse artefato. Recebe esse nome por encontrar seu m aior fraqm ento no Museu Arqueolóqico de Palermo, na ilha italiana da Sicília, desde 1877. Outros cinco fraqm entos encontram -se no Museu do Cairo, e um no Museu Petrie, em Londres. Sequndo Doberstein (2010), acredita-se que a pedra oriqinal teria por volta de 2,2 m de altura e 0,61 m de larqura.

É considerada uma im portante fonte histórica para os estudos das civilizações eqípcias antiqas. Esta lista de artefatos não é exaustiva. Para efeito deste trabalho, considerarem os aqueles mais diretam ente relacionados às construções m atemáticas.

(DOBERSTEIN, 2010).

3 Naville, E., La pierre de Palerme. Recueil de Travaux Relatifs 25 (1903), 64-81

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2.3 C RO NO LO G IA

Um paralelo entre a história qeral, a história da civilização e a história da ciência é traçado por W aerden (1975), m ostrando os períodos e alquns fatos que se destacaram.

QUADRO 1: PERÍODOS HISTÓRICOS

História Geral História da Civilização História da Ciência

3000 a.C. - Menés O Antigo Império

• Hieróglifos

• Pirâm ides

• Sistem a num érico até 100 000.

2000 a.C. - 1800 a.C.

O Médio Império

• Literatura

• A arte dos ourives

• Papiros de Rhind e de Moscou

• Calendário estrelar em sarcófaqos

1700 a.C.

Dom inação dos Hicsos

• A hm es realiza a cópia do papiro Rhind

1600 a.C. - 1100 a.C.

O Novo Império

• Reforma religiosa m onoteísta (Echnaton)

• Arquitetura

• Esculturas

• A stronom ia primitiva (Tum ba de Senm uth)

300 a.C. - 300 d.C.

Helenism o

• Alexandria com o o centro da arte e ciência grega

• C rescim ento da astrologia

• Desenvolvim ento da ciência qreqa

• Aritm ética e astronom ia eqípcia permanecem muito prim itivas FONTE: Waerden (1975, p. 15)

Outros fatos im portantes tam bém são destacados por Eves (2004, p. 69-70) como: o cetro real eqípcio encontrado com hieróqlifos eqípcios que aparecem núm eros da ordem de centenas de m ilhares e milhões, datado de 3100 a.C.; a construção da qrande pirâm ide de Gizé em 2600 a.C., que certam ente despendeu de problem as m atem áticos e perícia profunda na arte da enqenharia; o papiro de Moscou, que apresenta um texto m atem ático com 25 problem as e o mais antiqo

(24)

instrum ento astronôm ico existente datado aproxim adam ente de 1850 a.C.; o papiro de Rhind (ou Ahm es) data por volta de 1650 a.C., texto com 85 problem as m atem áticos copiados em hierático pelo escriba Ahm es, é um docum ento im portante que descreve m étodos de m ultiplicação e divisão egípcios, frações unitárias, regra da falsa posição e problem as de geometria; 1500 a.C. o relógio de sol; 1350 a.C. o papiro de Rollin m ostrando a utilização de núm eros grandes nessa época; 1167 a.C. o papiro Harris, preparado por Ram sés IV, relatando grandes obras de seu pai Ramsés III.

Esses e outros inúmeros feitos contribuíram para o desenvolvim ento da m atem ática e engenharia egípcia.

2.4 OS PAPIROS

Muitas inform ações sobre a civilização egípcia são de nosso conhecim ento através de registros encontrados em papiros, incluím os nesse rol docum entos com conteúdo matem ático. De acordo com Roque (2012, p. 27) os papiros eram escritos em hierático e continham problem as e soluções que poderiam auxiliar em situações encontradas no futuro. Era produzido a partir de uma planta encontrado no vale do rio Nilo de m esm o nome.

Entre esses docum entos podem os destacar alguns deles, com o os papiros de Moscou, Berlim e Rhind.

2.4.1 O Papiro de Moscou e o Papiro de Berlim

O papiro m atem ático de Moscou foi escrito por volta de 1890 a.C. por um escriba desconhecido, tem aproxim adam ente 5 m de com prim ento e 8 cm de largura.

Esse papiro foi adquirido pelo egiptólogo russo V ladim ir G olenishchev em 1893. Inicialm ente ficou conhecido com o papiro de G olenishchev, mas em 1917, após ser com prado pelo Museu de Belas Artes de Moscou, passou a ser cham ado de papiro de Moscou.

Seu texto apresenta 25 problemas, mas devido seu estado de degradação a interpretação de muitos deles é difícil. A presenta problem as que envolvem equações lineares, cálculo de áreas e volum es com triângulos e retângulos, frações e talvez um dos mais im portantes seja o problem a 14 que traz uma fórm ula de cálculo do volum e

(25)

do tronco de pirâm ide de base quadrada, que é expressa conform e a fórm ula usada habitualm ente nos dias atuais:

O papiro de Berlim foi escrito aproxim adam ente em 1800 a.C. Recebe esse nome por se encontrar atualm ente no Museu Staatliche em Berlim. Foi com prado na cidade de Luxor por Henry Rhind em 1850, mas só foi analisado cinquenta anos mais tarde por Shack-Shackenburg, devido ao seu mal estado de conservação.

A pesar de bastante danificado, o papiro m atem ático de Berlim 6619 apresenta a resolução de dois problem as que dão origem a ideia de um sistem a de equações, sendo uma delas uma equação do 1° grau e a outra do 2° grau.

2.4.2 O Papiro de Rhind

onde a e b são os lados das duas bases e h é a altura.

FIGURA 5: PROBLEMA 14

FONTE: Waerden, V. D. plate 5

Dos papiros citados acima, aquele que trouxe mais contribuições certam ente foi o papiro Rhind (ou Ahmes). Foi com prado em 1850, em Luxor, por A lexander Henry Rhind, um antiquário escocês, que viaja ao Egito por questões de saúde, mas que lá

(26)

com eçou a estudar objetos da antiguidade. É o mais extenso dos papiros m atem áticos encontrados, com aproxim adam ente 5,5 m de com prim ento e 33 cm de largura (W AERDEN,1975).

FIGURA 6: PAPIRO DE RHIND

FONTE: MUSEU BRITÂNICO4

Foi encontrado em Tebas, uma cidade a beira do Nilo. Apresenta-se na form a de um manual prático com 85 problem as copiados pelo escriba A hm es em hierático, da direita para a esquerda. Esse docum ento foi escrito, segundo W aerden (1975), durante o período de dom inação do Egito pelos hicsos (depois de 1800 a.C.), mas deriva de um outro trabalho mais antigo provavelm ente do M édio Império (2000 a.C.

- 1800 a.C.).

Conform e M iatello (2008, p. 278), podem os classificar os problem as do papiro por assunto:

Problemas n° 1-6: rações de pão;

Problemas n° 7-20: frações multiplicadas por um fator;

Problemas n° 21-23: completamento (sekem);

Problemas n° 24-34 quantidade (aha);

Problemas n° 35-38: problemas sobre medidas de quantidades (aha) Problemas n° 39-40: rações de pão;

Problemas n° 41-46: capacidade de celeiro;

Problema n° 47: tabela de conversão de unidades de medida;

Problemas n° 48-55: área (ahet);

Problemas n° 56-60: inclinação de pirâmides (seked);

4 Disponível em:

<https://www.britishmuseum.orq/research/collection online/collection object details/collection image qallery.aspx?partid=1&assetid=366145001 &objectid=110036>. Acessso em: 05 ago. 2019.

(27)

Problema n° 61b: dois terços de uma fração;

Problema n° 62: valor dos metais;

Problemas n° 63-66: rações de pão, cereais, qordura;

Problema n° 67: produto do trabalho (bakw)

Problema n° 68: produção de qrãos de qrupos de trabalhadores;

Problemas n° 69-78: peso de cozimento;

Problema n° 79: multiplicações sucessivas por 7;

Problemas n° 80-81: tabelas de conversão de medidas;

Problemas nos. 82-84: alimentação animal;

Problemas. 85-87: reqistros não matemáticos. (MIATELLO, 2008, p. 278) A m aioria de seus problem as está preocupado em resolver situações diárias de atividades econôm icas da época, como relacionados a aqricultura, panificação, fabricação de cerveja e distribuição de m ercadorias (MIATELLO, 2008). Apresenta im portantes contribuições a respeito da m atem ática eqípcia antiqa, descrevendo os m étodos de m ultiplicação e divisão, o uso das frações unitárias, a reqra da falsa posição o problem a da determ inação da área do círculo, além das aplicações práticas já descritas. (EVES, 2004).

De acordo com Eves (2004, p. 70), em 1927 o papiro Rhind foi apresentado a com unidade científica. A tualm ente encontra-se no Museu Britânico. Sequndo o autor, quando o docum ento cheqou ao museu era menor, form ado de duas partes e lhe faltava a porção central. Som ente depois de quatro anos da aquisição de A. H. Rhind, em 1854, o eqiptóloqo am ericano Edwin Smith adquiriu um docum ento no Eqito pensando se tratar de um papiro médico, que mais tarde, por volta de 1932, historiadores da Sociedade Histórica de Nova Y ork descobriram tratar-se da parte que faltava do papiro Rhind. Depois disso foi doado ao Museu Britânico, com pletando-o.

Bréham et (2014, p. 09) faz em seu trabalho uma abordaqem a respeito da tabela dos núm eros da form a - e, ao analisar alqum as equações, suqere2

n

sem elhanças com técnicas babilónicas. Também apresenta um im portante relato, onde diz que o Papiro de Rhind seria uma cópia de um papiro mais antiqo de fonte babilónica, sequndo o próprio A hm es teria colocado no papiro.

(28)

3 O SISTEMA DE NUMERAÇÃO E A MATEMÁTICA EGÍPCIA

3.1 NUM ERAÇÃO INTEIRA E FR ACIO NÁRIA

Textos encontrados por volta de 3000 a.C. no Egito apresentavam o mesmo sistem a de num eração utilizado em tem pos posteriores em outros docum entos, um sistem a de num eração decimal, aditivo e não posicionai, ou seja, a posição que os sím bolos eram colocados não era relevante, segundo Imhausen (2007). A desvantagem estava na escrita de grandes núm eros devido a repetição dos símbolos.

O sistem a apresentava sím bolos especiais para algum as potências de 10. O 1 era representado por uma barra vertical, já os núm eros de 2 a 9 eram representados pela soma de um núm ero correspondentes de barras, o 10 uma alça (ou osso de calcanhar ou ferradura), o 100 era representado por uma espiral (ou corda enrolada), o 1 000 por uma flor de lótus, 10 000 por um dedo, o 100 000 por um sapo (ou girino) e por um deus com as m ãos levantadas o 1 000 000.

QUADRO 2: REPRESENTAÇÃO DOS NÚMEROS NA SIMBOLOGIA EGÍPCIA

1 1

10 n

100

1 000

1 10 000

s 100 000

o * , 1 000 000

Em bora os escribas utilizassem norm alm ente todos os espaços do papiro, e por isso nem sem pre se respeitasse a m esm a ordem para a escrita e leitura, o mais comum para se escrever e ler um núm ero era utilizar os sím bolos de m aior valor na

(29)

frente dos de m enor valor, e se houvesse mais de uma linha elas com eçam de cima para baixo. Veja o exem plo a seguir:

Com o se trata de um sistem a aditivo tem os:

1000 +100 +100 +100 +100 +10 +10 +10 +1 +1 +1 +1 +1 = 1435.

Percebe-se nesse fato a dificuldade já m encionada na escrita de valores altos.

Isso nos sugere que por ser um sistem a conveniente para a época, não tinham a necessidade constante de trabalhar com grandes números.

Além dos núm eros inteiros, os egípcios tam bém usavam na resolução de seus problem as de pesos e m edidas as frações.

A m atem ática egípcia utilizava, quase que exclusivam ente, "frações unitárias” , 1 1

isto é, frações com num erador 1, como - , etc. , com exceção5 de algumas, como

—. Os sím bolos eram diferentes dos usados para núm eros inteiros. Normalmente, em2

hieróglifos, um sinal oval alongado, <3>, era colocado sobre o núm ero para determ inar o recíproco de qualquer inteiro e algum as frações apresentavam uma representação especial:

QUADRO 3: REPRESENTAÇÃO DE FRAÇÕES

Fração 1

2

1 3

1 4

2 3 H ieróglifo

- TTí X

Hierático \

5 Waerden (1975, p. 19 e 20) apresenta um argumento filológico para a utilização de um símbolo próprio para essa fração.

(30)

Na notação hierática, encontrada nos papiros, o sím bolo oval é substituído por um ponto (IMHAUSEN, 2007, p. 14). A notação padrão, introduzida por Neugebauer, m atem ático austríaco e historiador da ciência e m atem ática antiga, utiliza-se de uma barra em cima do denom inador da fração. Por exemplo,

2 =

a exceção é a fração — , que é transcrita como 3 . Assim, podem os observar algum as relações como, 6 + 6 = 3 , 3 + 6 = 2 , 2 + 3 + 6 = 1, 10 + 1 5 = 6, entre outras.

3.2 A R ITM É TIC A

Segundo Roque (2012, p. 60) "a adição era uma consequência direta do sistem a de numeração, bastando, para obter a soma, agrupar dois núm eros e fazer as sim plificações necessárias” de form a análoga acredita-se que tratavam a subtração observando o que faltava para com pletar. Também vale lem brar que no papiro não se apresentam sím bolos aritm éticos como os que usam os hoje, Eves (2004) fala um pouco dessa sim bologia:

No papiro de Rhind encontram-se símbolos para mais e menos. O primeiro deles representa um par de pernas caminhando da esquerda para a direita, o sentido normal da escrita egípcia, e o outro representa um par de pernas caminhando da direita para a esquerda, em sentido contrário da escrita egípcia. Empregavam-se também símbolos, ou ideogramas, para igual e para incógnita. (EVES, 2004, p. 74).

V ejam os alguns exemplos:

18 +104 = 122

(fazendo a troca de 10 barras por uma alça) 35 - 21 = 14

nn V i' A n 1 n 1111

(31)

A aritm ética egípcia vale-se também, do fato de que todo núm ero natural, pode ser escrito com o som a potência de 2. C onform e Eves,

Uma das consequências do sistema de numeração egípcio é o caráter aditivo da aritmética dependente. Assim a multiplicação e a divisão eram em geral efetuadas por uma sucessão de duplicações com base no fato de que todo número pode ser representado por uma soma de potências de 2. (EVES, 2004, p.7 2).

Em virtude disso, dem onstrarem os o resultado a seguir.

T e o re m a: Todo núm ero natural n, n > 1, pode ser escrito como uma som a de potências de 2, de m aneira única.

D em .:

Para dem onstrar esse problem a seguirem os as ideias apresentadas por Steffenon (2016, p. 11).

U sarem os indução em n para m ostrar a existência da representação.

Inicialm ente note que 1 = 20 , 2 = 21, 3 = 20 + 21, 4 = 2 2, 5 = 2 0 + 2 2 , 6 = 2 1 + 2 2 , 7 = 20 + 21 + 22, assim vem os que o resultado vale para todo n < 7 . Suponha que o resultado seja verdadeiro para um determ inado k > 7 . Caso k +1 seja uma potência de 2, tem os o resultado provado. Senão, existe um j tal que

2 j < k +1 < 2 j+1 = 2 j + 2j . Mas daí, k + 1 - 2 j < k, logo aplicando a hipótese indutiva em k + 1 - 2 j , existem 0 < p 0 < p <... <p , tais que k +1 - 2j = 2P0 + 2P1 + ... + 2Pl.

Observe que, sendo k +1 - 2j < 2j tem os 2P0 + 2P1 + ... + 2P‘ < 2j , donde, p < j . Portanto k +1 = 2P0 + 2P1 + ... + 2Pl + 2j , com 0 < p 0 < p <... < p < j .

Para verificarm os a unicidade, suponha que até um certo k a representação seja única, e que para k +1 existam 0 < a0 < p <... <ar e 0 <b0 < b < ... < b com

k + 1 = 2 a0 + 2 a + ... + 2 a^ = 2 b + 2 b1 + ... + 2bs . Logo,

2 a r < 2a0 + 2a1 + . . . + 2 a = 2b° + 2b1 + . . . + 2 b s < 20 + 21 + . . . + 2 b = 2b*+1-1

(32)

Daí segue que 2ar < 2bs +1, e assim ar < bJ+1, ou seja a < b Analogam ente, pode-se m ostrar que bs < ar. Logo ar = bs . Portanto, usando a hipótese de indução concluím os que r- 1 = s- 1 , e que a = b Para i, j e {0 ,1 ,...r- 1 } . ■

Com base nisso vejam os como os egípcios procediam para realizar uma m ultiplicação, lem brando que "a m ultiplicação era sem pre efetuada como uma sequência de m ultiplicações por 2, podendo ser em pregadas também, para acelerar o processo, algum as m ultiplicações por 10.” (Roque, 2012, p. 60).

C onsidere a m ultiplicação de 46 por 19. Na notação egípcia esse cálculo seria apresentado através de duas colunas, com o representado a seguir:

\ | n n I I I n n l l l

\ | I

nnn nnn . . nnn I I

nnnn • • ■ ■ nnnn II II I I I I

I I I I I I I

\ n l l l

nnn j j j j nnn I I I I n n I I I

W °nn I I I I N I

Para os egípcios esse processo consiste em tom ar 19 vezes o núm ero 46. Em notação usual esse cálculo poderia ser reescrito como na tabela abaixo

Fator de Número

m ultiplicação

\ 1 46

\ 2 92

4 184

8 368

\ 16 736

19 874

Prim eiram ente observe que 19 = 1 + 2 +16, deste modo para alcançar o resultado da m ultiplicação de 46 por 19, consideram os os fatores de m ultiplicação 1, 2 e 16. Na coluna núm ero iniciamos com o 46, e em seguida tem os os resultados das

(33)

sucessivas m ultiplicações por 2. Assim basta som arm os os valores correspondentes, aos fatores 1, 2 e 16 para obterm os o resultado almejado, 46 x 19 = 46 + 92 + 736 = 874.

V ale ressaltar que as m ultiplicações por 2, ou 10, devem ser realizadas até que na coluna Fator de multiplicação se obtenham os resultados para escrever um dos fatores da m ultiplicação como uma som a desses termos, e que na coluna Número inicia-se sem pre pelo outro fato r da m ultiplicação.

Um processo parecido com a m ultiplicação era feito para se efetuar as divisões. V ejam os como calculavam a divisão de 2484 por 23,

I S m

n n 111 n n l l l

M I M

nnn nnn . . nnn I I I N I

M I M nnnn ■ • ■■

nnnn II II I I I

n 11 I nnn j j j j nnn I I I I T O n n 11 I

W °nn 11 I

© M U

^ l l l l \nnn 1111

Usando uma tabela como na m ultiplicação, tem os

Fator de Número

m ultiplicação

1 23

2 46

\ 4 92

\ 8 184

16 368

\ 32 736

\_64 1472

108 2484

(34)

Observe que 2484 = 92 +184 + 736 +1472, assim, considere os valores associados a esses na coluna Fator de multiplicação, o resultado da divisão é dado pela som a desses termos, ou seja, 2484^ 23 = 4 + 8 + 32 + 64 = 108. Nesse caso efetuam os uma divisão exata. Vejam os como proceder a divisão egípcia em caso de uma divisão não exata. Como exemplo, calculem os a divisão de 1398 por 15:

Fator de m ultiplicação

Número

\ 1 15

2 30

\ 4 60

\ 8 120

\ 16 240

32 480

\ 64 960

93 1395

Nesse exem plo não conseguim os escrever o núm ero 1398 como uma soma dos valores obtidos na coluna Número, dessa form a consideram os a soma que tenha um resultado mais próxim o de 1398 e que não ultrapasse esse valor, 15 + 60 +120 + 240 + 960 = 1395, restando 3 para chegar em 1398. Logo, associando aos valores na coluna Fator de Multiplicação, tem os 1398 ^15 = 1 + 4 + 8 +16 + 64 = 93 com resto 3.

Há divisões que resultam em quocientes fracionários. Isso será tratado na próxim a seção.

3 3 AS FRAÇÕES EGÍPCIAS

V ale ressaltar que as frações no sentido utilizado pelos egípcios, não tinham a m esm a correspondência que fazem os com o num erador e o denom inador, as frações correspondiam a quanto cada um ganharia em uma divisão de um pão,

n

(35)

por exemplo, em n partes iguais. Assim o sím bolo oval não tem um sentido cardinal, mas ordinal (Roque, 2012).

As frações da form a —, a a,b ^ 1, não pareciam algo elem entar para os b

egípcios, exceto a fração — que era utilizada com certa frequencia e a qual atribuíam2

um sentido especial em seus cálculos. Este fato fica bem evidenciado quando vem os que para encontrar o terço de determ inado valor, incialm ente encontravam os dois terços e tom avam depois a m etade disso (Boyer, 2002).

2

O Papiro Rhind fornece uma tabela6 com os valores de - , para n ím par n

variando de 5 a 101, como som a de frações unitárias. A lguns exem plos colocados no papiro:

2 - 1 1 5 = 3 15

— - — + — + 1 71 40 568 710

2

Para as frações da form a — , com p primo, encontrou-se uma relação que

p

mostra que essa fração pode ser escrita como uma soma de frações unitárias distintas de form a única.

2

Teorema: Se p é um núm ero primo, a fração pode ser expressa de form a

p

única como a soma de duas frações unitárias distintas.

Há várias m aneiras de se dem onstrar esse resultado, como observam os em Anglin (1994) e Alm eida e Correa (2004). Optam os aqui por apresentar uma prova mais longa, que evidenciasse o processo construtivo, descrita por Alm eida e Correa.

Dem.:

C onsiderarem os inicialm ente o caso de p um núm ero ím par m aior que 2 e a e b divisores de p tais que ab divide p . Então,

6 Um modelo pode ser encontrado em CHACE, 1927, p. 21-22.

(36)

p x y se, e som ente se,

x = — P a

a + b v 2 y

e y = a + b v 2 y Seja,

2 1 1 y + x p x y xy

Assim tem os 2xy = p ( x + y ). Logo, como p é ímpar, x + y deve ser um núm ero par. Dessa forma, existe k natural de m odo que x + y = 2 k . Portanto

2xy = 2p k, ou seja, xy = p k . Daí tem os que o sistem a

\x + y = 2k I xy = pk , que tem solução, x = y = k ±yjk2 - pk .

Para que essas raízes sejam naturais, k2 - p k = k(k - p ) deve ser o quadrado de um núm ero natural. Daí tem os uma das duas alternativas possíveis:

i) k e k - p são, ambos, quadrados.

Então, existe u,v e N de modo que k = u 2 e k- p = v2, donde p = u2 - v2, ou seja, p = (u + v)(u - v) . Desta forma, considere a= u+ v e b = u - v, os valores procurados. Assim vem os que a e b são divisores de p , tais que p = a b, e, sendo

a + b , T a + b u = --- , tem os k =

2

\2 v 2 y ii) k e k - p não são quadrados.

Seja d = mdc (k , k - p ) . Assim k = s d e k - p = r d , para algum s, t inteiros.

Com o k (k- p ) = std2 é um quadrado, o produto st tam bém deve ser. E sendo s e t k k - p

prim os entre si, tem os que s = — e t = — — tam bém devem ser quadrados. Logo

d d

(37)

recaím os no caso anterior, obtendo k = — =

d v 2 J

e p = — = ab. Substituindo os d

valores de k e p na expressão k ±^Jk2 - pk , obtemos, após alguns cálculos,

x = — p

a e y =

como desejávam os.

Para esse caso tom e prim eiram ente as frações 1 e 1 , com x e y escritos x y

como acima. Assim

2b 2a 2(a + b) _ 2

1 1 _ 1 1 _

x y p f a + b ^ p ( a + b ^ p(a + b) p(a + b) p(a + b) p

Com o consideram os inicialm ente p ímpar, seus divisores a e b tam bém são ímpares. Daí a + b é par, o que garante o fato de x e y escritos acim a serem núm eros naturais.

Agora voltando ao caso geral, com p primo. Nesse caso são o 1 e o próprio p . Assim, fazendo a = 1 e b = p , no caso já dem onstrado, obtem os

2 1 1

— = - + — com x = p p x y

rp + O 2 e y v 2 J

p +1 2

A form a de tratar as frações da form a — dessa maneira, segundo Roque b

(2012), se deve a m aneira com que os egípcios efetuavam e pensavam a divisão. Por exemplo, se quisessem repartir 3 pães entre 5 homens, inicialm ente dividir-se-iam os pães ao meio e cada um tom aria sua metade. Feito isto, sobraria uma metade que deveria ser dividida em 5 partes. Assim cada homem receberia 1 + — .

2 10

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