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OS EMISÁRIOS FACCIOSOS DO PIAUÍ E AS CARTAS DA GUERRA DE INDEPENDÊNCIA, 1823.

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Academic year: 2021

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG

Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP

Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga

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OS “EMISÁRIOS FACCIOSOS DO PIAUÍ” E AS CARTAS DA GUERRA DE

INDEPENDÊNCIA, 1823.

Gracivalda Matos Albano Lima (bolsista do PIBIC/CNPq), Johny Santana de Araújo (Orientador, Depto de História – UFPI)

Resumo:

O presente trabalho tem como objetivo analisar o Processo de Independência do Brasil no Piauí a partir do estudo de trinta e cinco cartas pertencentes à parte do acervo documental do Museu Ozildo Albano situado na cidade de Picos-PI. Pretende-se com esse projeto analisar o acervo e a memória documental referente à participação do Piauí na campanha de Independência. As informações contidas nas cartas dispõem das impressões deixadas pelos que contribuíram na escrita de um capítulo da nossa história. A pesquisa busca compreender e identificar, a partir da leitura das cartas oficiais e pessoais, elementos e agentes não contemplados pela história piauiense.

Palavras-chave: Batalha do Jenipapo, Independência, Museu Ozildo Albano.

As fontes utilizadas como objeto de pesquisa e estudo como cartas, documentos oficiais, diários, relatos, depoimentos, são objetos novos na historiografia, concedendo um novo olhar na reconstrução do passado. Como sugere Marc Bloch, “o historiador precisa entender suas fontes, escritas ou orais, para assim ler em suas entrelinhas e com isso fazer de forma mais correta e mais próxima da verdade, a reconstrução do passado” (BLOCH, 1974). Do encontro com as fontes pode emergir informações a serem apreendidas a partir de novas leituras, proporcionando o preenchimento de lacunas na historiografia brasileira, onde “[...] as omissões existentes na historiografia nacional ao longo dos anos, foi percebida, nos dias atuais por alguns historiadores preocupados em entender o contexto da formação do estado nacional brasileiro a partir do século XIX [...]”(ARAÚJO, 2005). Enxergar nas entrelinhas de manuscritos oficiais e pessoais permite pensar sobre a importância da

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percepção da historiografia atual e do estudo dessas novas fontes históricas nas quais “[...] existem muitas possibilidades de compreensão e uma delas é a utilização de fontes a partir de uma nova leitura para os estudos de velhos problemas, umas dessas fontes são exatamente as cartas, os diários e as memórias [...]”(ARAÚJO, 2005).

Recentemente foi localizada uma considerável coleção de documentos, constituídas de correspondências oficiais e extraoficiais, situadas no acervo do Museu Ozildo Albano, tais documentos desvendam espaços cotidianos de personagens os mais diversos, que tomaram parte no movimento de Independência no Piauí, os manuscritos nos revelam o caos político e o caminhar da guerra e, pela sua escrita, ajuda-nos a compor a historicidade do conflito. É por meio das relações sociais construídas no dia-a-dia que nos deparamos com as várias facetas da identidade nacional brasileira que começava a ser projetada no inicio do século XIX. As cartas localizadas no acervo dessa instituição nos permite entender vários meandros do processo de independência tomando exatamente como ponto de partida o Piauí.

No Brasil, a definição das ideias liberais e republicanas antes de 1822, propiciou o início do processo de lutas e conflitos que culminam com a proclamação da Independência, numa tentativa de barrar os ideais republicanos. A “Independência do Brasil instalou uma forte instabilidade política, não foi uma simples passagem do poder dos portugueses aos brasileiros, e sim um processo violento em várias províncias, com luta armada” (DIAS,1996). As cartas estudadas mostram que esse processo na Província do Piauí foi caracterizado por ações e lutas sangrentas. As correspondências trocadas neste período descrevem sobre a Batalha do Jenipapo e demonstra, além de uma riqueza de detalhes particulares da batalha em si, a determinação do povo piauiense em participar da luta pela Independência do Brasil expresso na escrita das cartas como também o sentimento vivenciado registrado em declarações e palavras pelos participantes deste processo histórico. Somente muito recentemente o Piauí passou a ser inserido na perspectiva da história como coparticipante desse processo.

A partir da leitura das cartas percebe-se o quanto essas fontes são preciosas para a historiografia brasileira que não tem valorizado suficientemente as histórias regionais como pilares de sustentação da história do Brasil, nem percebida a sua contribuição na construção da identidade nacional. As fontes documentais possibilitam um olhar diferenciado do visualizado pela história tradicional, que valoriza nomes e grandes feitos, as cartas passam a “[...] dar vozes àqueles que estão muitas vezes esquecidos e cuja sinceridade de seus escritos podem mostrar um lado negado, muitas vezes [...]”(ARAÚJO, 2005).

A metodologia aplicada, para trabalhar os problemas da pesquisa proposta constituiu em essência a análise documental e foi dividida em duas etapas: a primeira fase do trabalho desenvolvido na pesquisa foi baseada em consulta bibliográfica específica sobre o tema escolhido, por entender que a leitura de textos científicos específicos permitirá uma melhor aplicação conceitual a fim de atingir uma reflexão adequada do significado desse corpo documental. A segunda, etapa contemplou o levantamento de todo o corpo documental que foi possível localizar (Documentos

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oficiais e Cartas diversas) referentes à Guerra de Independência no Piauí no Museu Ozildo Albano. Compreende-se a necessidade de antes do inicio da realização dos trabalhos de levantamento bibliográfico e documental das duas fases do projeto, assim como em todas as fases da pesquisa, será necessária a revisão da bibliografia sobre os assuntos abordados não só nos objetivos gerais e nas metas, mas também na fundamentação teórica e na delimitação do objeto, a fim de buscar conceitos que ajudem na elaboração das técnicas de investigação e que sirvam de esquema interpretativo no momento da análise das fontes levantadas sejam documentos oficiais.

Lemos (1999) que trabalhou com a perspectiva da guerra do Paraguai, ao se referir as cartas afirmou que estas proporcionam um enriquecimento da compreensão da importância que a guerra teve para a formação subjetiva da geração que dela participou. Acreditamos o mesmo ao se tratar da Guerra de Independência. Gomes (2004) aponta sobre a relevância das cartas para o historiador ao indicar que: o que passa a importar para o historiador é exatamente a ótica assumida pelo registro e como o seu autor a expressa. Nessa esteira é que pretendemos buscar a compreensão da história da participação do Piauí no processo de Independência.

As cartas pertencentes ao acervo documental do Museu Ozildo Albano são datadas a partir de 17 de fevereiro de 1823 e contêm nomes citados na História Oficial da Batalha do Jenipapo. Nomes como os de Manoel de Souza Martins, Luiz Rodrigues Chaves, Fidié, Alexandre Nereu, Leonardo de Carvalho, Francisco Inácio da Costa. Contém também, e em maior número, nomes de pessoas desconhecidas oficialmente, que contribuíram com o que de melhor possuíam em nome e para o êxito de uma causa e, o que escreveram, depõe em honra dos mesmos. As cartas estão organizadas por datas, catalogadas com numeração de 01 a 35. Nas cartas, estão contidos registros preciosos informações da história regional do Piauí. Contém também, e em maior número, nomes de pessoas desconhecidas oficialmente, que contribuíram com o que de melhor possuíam em nome e para o êxito de uma causa e, o que escreveram, depõe em honra dos mesmos.

O distanciamento que temos das fontes originais (o fato em si) de pesquisa são algumas das dificuldades apresentadas no desenvolvimento deste trabalho. As cartas possuem importância pelo patrimônio material que representam e a preservação das mesmas é essencial para que se mantenha viva a história e a memória dos povos. Os documentos são passíveis de leituras e interpretações novas, pois se compreende que a História está em constante reconstrução. Observa-se através das leituras realizadas que o processo de Independência do Brasil não Observa-se deu de forma tranquila como a historiografia tradicional consolidou, houve uma reação por parte da elite militar, intelectuais e do povo piauiense, que não aceitou a mão Lusitana a definir seu futuro, decidindo pela força e pelo sangue o direito de direcionar o rumo dentro do seu próprio chão, impulsionados pelo desejo de liberdade, escolhendo escrever a sua própria história.

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ARAÚJO, Johny Santana de. A Guerra do Paraguai: reflexão sobre a construção de imagens escritas. IN. CASTELO BRANCO, Edwar de Alencar; NASCIMENTO, Francisco Alcides; PINHEIRO, Áurea Paz. Org. Histórias, Cultura, Sociedade, Cidades. Recife, Bagaço, 2005.

BLOCH, Marc. Introdução à História. Lisboa: Europa-América, 1974. Tradução Maria Manuel Miguel e Rui Grácio. 2ºed.

DIAS, Claudete Maria Miranda. Balaios e bem-te-vis: a guerrilha sertaneja. Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 1996.

GOMES, Ângela de Castro (Org.). Escrita de si, escrita da História. Rio de Janeiro. Editora FGV, 2004.

LEMOS, Renato Couto (transcrição, organização e introdução). Cartas da Guerra – Benjamin Constant na Campanha do Paraguai. Rio de Janeiro: IPHAN/6ª SR/Museu Casa de Benjamin Constant, 1999.

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Referências

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