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Associação entre a presença de Mycoplasma sp. e lesões em cavidade oral em gatos infectados por vírus imunodepressores (FIV OU FeLV)

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

ASSOCIAÇÃO ENTRE A PRESENÇA DE Mycoplasma sp. E LESÕES EM CAVIDADE ORAL EM GATOS INFECTADOS POR VÍRUS

IMUNODEPRESSORES (FIV OU FeLV)

RAQUEL REDAELLI

PORTO ALEGRE 2020

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

ASSOCIAÇÃO ENTRE A PRESENÇA DE Mycoplasma sp. E LESÕES EM CAVIDADE ORAL EM GATOS INFECTADOS POR VÍRUS

IMUNODEPRESSORES (FIV OU FeLV)

Autor: Raquel Redaelli

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinária – UFRGS, como requisito parcial da obtenção do título de Mestre em Ciências Veterinárias na área de Clínica Veterinária

Orientadora: Fernanda Vieira Amorim da Costa Co-orientador: David Driemeier

Porto Alegre 2020

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Raquel Redaelli

ASSOCIAÇÃO ENTRE A PRESENÇA DE Mycoplasma sp. E LESÕES EM

CAVIDADE ORAL EM GATOS INFECTADOS POR VÍRUS

IMUNODEPRESSORES (FIV OU FeLV)

Aprovado em 04 de março de 2020.

APROVADO POR:

Prof. Dra. Fernanda Vieira Amorim da Costa Orientadora

Profa. Dra. Viviam Nunes Pignone Membro da Comissão

Prof. Dr. André Felipe Streck Membro da Comissão

Profa. Dra. Luciana Sonne Membro da Comissão

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à minha orientadora, Prof. Fernanda Amorim, por ter mostrado o caminho para ingressar no mestrado e por ter me recebido, acolhido, ensinado e orientado. Além desses três anos de convívio, ainda por permitir minha participação na especialização em felinos que coordena, perpetuando este vínculo.

Ao Prof. Laerte Ferreiro, por ter intermediado todo este processo no seu início, me aceitando como aluna especial no programa, e permitindo meu ingresso.

Ao Prof. David Driemeier, por abrir as portas do Setor de Patologia para a realização das análises da pesquisa, e em especial à bióloga Caroline Andrade pela disponibilidade em me auxiliar na Biologia Molecular e à toda equipe do laboratório pela realização das análises histopatológicas.

Às médicas veterinárias Carolina Silveira Braga e Luciana Teixeira por serem meu suporte na execução dos procedimentos no HCV/UFRGS, tornando a jornada de realização do projeto muito mais fácil, graças à sua disponibilidade e parceria durante todo o período. E à médica veterinária Aline Borges Kersting por me ajudar na execução do projeto na Gatices, pela competência e disponibilidade, sendo minha parceira odontologista veterinária há anos e por muitos anos mais.

Aos colegas médicos veterinários residentes e pós graduandos do HCV pelos encaminhamentos e parceria na “junção” de projetos, em especial à Gabriela Porciuncula Costa e à Karine Marchioro Leal, e aos funcionários e às minhas colegas de Medfel pela troca de conhecimentos, auxílio na rotina do hospital e desabafos (em especial à Gabriela Schaefer, profissional e ser humano exemplar, que pude conviver compartilhando meus turnos no Medfel, e à Deisy Daiana Lerner, que desta convivência se tornou parte da minha equipe na Gatices).

Às minhas amigas Fernanda Rios, Gabriela Marques Sessegolo e Joice Peruzzi, por me receberem em suas casas sempre que precisei. Obrigada pelo pouso, pelas conversas, pelas jantas e pela amizade.

À Prof. Heloísa Theodoro pela prestatividade para as análises estatísticas. E o principal agradecimento devo à minha equipe na Gatices, por manterem a clínica em funcionamento na minha ausência, em especial à médica veterinária Elisa Nappi Biasin, que assumiu a responsabilidade pelos pacientes, sempre com disponibilidade e extrema competência. Sem essas pessoas, este projeto, de aperfeiçoar meus conhecimentos no Medfel/UFRGS e me tornar mestre, não teria sido possível.

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“ O que eu aprendo não me faz melhor do que ninguém. O que eu aprendo me faz melhor do que eu era”. Frei Jaime Bettega

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ASSOCIAÇÃO ENTRE A PRESENÇA DE Mycoplasma sp. E DE LESÕES EM CAVIDADE ORAL EM GATOS INFECTADOS POR VÍRUS

IMUNODEPRESSORES (FIV OU FeLV)

Autor: Raquel Redaelli

Orientadora: Fernanda Vieira Amorim da Costa Co-orientador: David Driemeier

RESUMO

As doenças que acometem a cavidade oral de gatos são comuns e podem apresentar prognóstico desfavorável, principalmente em pacientes portadores de retroviroses. A interação entre os potenciais agentes infecciosos nesses pacientes não foi completamente explorada. Na medicina veterinária, a micoplasmose não-hemotrópica aparentemente está apenas relacionada às infecções de trato respiratório cranial e caudal em felinos, porém faltam pesquisas sobre o assunto na investigação do seu papel nas lesões orais. O objetivo do presente estudo é investigar as principais causas primárias e secundárias envolvidas nas lesões de cavidade oral dos felinos domésticos, avaliando o papel da infecção oral por Mycoplasma sp. e associando-a com a presença de retroviroses em gatos domésticos. Os pacientes selecionados foram gatos encaminhados para profilaxia oral e tratamento periodontal por indicação médico-veterinária no Serviço de Medicina Felina da UFRGS e em uma clínica veterinária particular no período de junho a dezembro de 2019, sem restrições entre sexo e idade dos pacientes, nos quais foi realizada avaliação clínica e laboratorial, teste rápido imunoenzimático para detecção de anticorpos de FIV e antígenos de FeLV, e exame histopatológico e PCR para Mycoplasma sp. de tecidos orais obtidos por biópsia durante o procedimento de tratamento odontológico. Foram incluídos no estudo 78 pacientes com lesões orais, em idade entre dois e 16 anos (média 7,6 anos) e, dentre elas, as mais prevalentes foram doença periodontal moderada a grave em 57,7% dos gatos, reabsorção dentária em 35,9% e gengivoestomatite crônica em 23% dos pacientes. Dentre estes, 23 (29,5%) eram positivos para infecção por vírus imunodepressores (FIV e/ou FeLV), sendo 12 (15,4%) positivos para FIV, 11 (14,1%) positivos para FeLV e apenas um apresentou resultado positivo para as duas retroviroses simultaneamente. Foram encontrados 36 (46,2%) resultados positivos para Mycoplasma sp. O presente estudo identificou que

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gatos infectados por retroviroses apresentam gengivoestomatite crônica mais comumente do que gatos negativos, e que a associação entre o diagnóstico clínico de gengivoestomatite crônica, a infecção por FIV e/ou FeLV e a detecção de Mycoplasma sp. foi estatisticamente significativa (p=0,003). Sugere-se estudos avaliando o papel do tratamento antimicrobiano contra Mycoplasma sp. nestes pacientes.

Palavras-chave: Doença periodontal, felinos domésticos, gengivoestomatite crônica, imunossupressão, reabsorção dentária, lesões orais, micoplasmose não-hemotrópica, micoplasmose oral.

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ASSOCIATION BETWEEN THE PRESENCE OF Mycoplasma sp. AND ORAL CAVITY LESIONS IN CATS INFECTED WITH IMMUNODEPRESSIVE

VIRUS (FIV OR FeLV)

Author: Raquel Redaelli

Advisor: Fernanda Vieira Amorim da Costa Co-advisor: David Driemeier

ABSTRACT

Diseases affecting the oral cavity of cats are common and can have an unfavorable prognosis, especially in patients infected with retroviruses. The interaction between potential infectious agents in these patients has not been fully explored. In veterinary medicine, non-hemotropic mycoplasmosis is apparently only related to cranial and caudal respiratory tract infections in felines, but there is a lack of research investigating its role in oral lesions. The objective of the present study is to investigate the main primary and secondary causes involved in oral cavity lesions of domestic cats, evaluating the role of oral infection by Mycoplasma sp. and associating it to the presence of retrovirus in domestic cats. The selected patients were feline submitted for oral prophylaxis and periodontal therapy by veterinary medical indication at the UFRGS Feline Medicine Service and at a private veterinary clinic at the period of June to December 2019, without gender and age restriction. Clinical and laboratory evaluation was carried out, including also rapid immunoenzymatically test for detection of FIV antibodies and FeLV antigens, and histopathological examination and PCR for Mycoplasma sp. of oral tissues obtained by biopsy during the dental treatment. Seventy eight patients with oral lesions were included in the study, age two to 16 years (average 7,6 years) and the most prevalent condition found were moderate to severe periodontal disease in 57.7% of cats, tooth resorption in 35.9% and chronic gingivostomatitis in 23% of patients. Among these, 23 (29.5%) were positive for infection by immunosupressive viruses (FIV and/or FeLV), 12 (15.4%) positive for FIV, 11 (14.1%) positive for FeLV and only one showed positive results for both retroviruses simultaneously. Mycoplasma sp. was detected in 36 (46.2%) patients. The present study identified that cats infected by retroviruses present chronic gingivostomatitis more commonly than negative cats and that the association between the clinical diagnosis of

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chronic gingivostomatitis, infection with FIV and/or FeLV and the detection of Mycoplasma sp. was statistically significant (p = 0.003). It is suggested that antimicrobial treatment against Mycoplasma sp. must be considered in these patients.

Keywords: Chronic gingivostomatitis; imunossupression; non-hemotropic mycoplasmosis; oral lesions; oral mycoplasmosis; periodontal disease; tooth resorption.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Principais alterações clínicas identificadas ao exame físico da cavidade oral ... 28 Figura 2. Fotomicrografias de mucosa oral de gato com gengivoestomatite crônica

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Descrição dos achados clínicos/radiográficos encontrados nos pacientes após o exame físico e exame radiográfico das lesões orais. ... 28 Tabela 2. Associação dos achados clínicos/radiográficos encontrados com as

variáveis infecção por FIV e/ou FeLV, leucopenia e detecção de Mycoplasma sp. por PCR avaliada pelo Teste de Qui-Quadrado de Pearson. ... 31 Tabela 3. Associação dos principais achados clínicos/radiográficos e diagnósticos histopatológicos encontrados com grupos de variáveis de interesse: infecção por FIV e/ou FeLV e leucopenia; infecção por FIV e/ou FeLV e detecção de Mycoplasma sp. por PCR avaliada pelo Teste de Qui-Quadrado de Pearson. ... 31

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida ALT Alanina Amino Transferase

DNA Ácido desoxirribonucleico

dNTP Desoxirribonucleotídeos Fosfatados Dr./Dra. Doutor / Doutora

ELISA Ensaio de Imunoabsorção Enzimática (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay)

FA Fosfatase Alcalina

FAVET Faculdade de Medicina Veterinária FCV Calicivírus Felino (Feline Calicivirus)

FHV-1 Herpesvírus Felino tipo 1 (Feline Herpesvirus type 1) FIV Vírus da Imunodeficiência Felina (Feline Immunodeficiency

Virus)

FeLV Vírus da Leucemia Felina (Feline Leukaemia Virus) H2O Água

HCV Hospital de Clínicas Veterinárias

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana (Human Immunodeficiency Virus)

Medfel Serviço de Medicina Felina

min Minuto

MgCl2 Cloreto de Magnésio

n Número de Amostras

NaCl Cloreto de Sódio

PCR Reação em Cadeia de Polimerase (Polymerase Chain Reaction) Prof./Profa. Professor / Professora

seg segundo

sp. Espécie

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LISTA DE SÍMBOLOS % Percentual = Igual β Beta mm Milímetros µm Micrômetros µL Microlitros

rpm Rotações por minuto

ºC Graus Celsius

≥ Maior ou igual

± Mais ou menos

x Vezes

mM Mili Molar

pmol Pico Mol

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 15

2 ARTIGO CIENTÍFICO ... 19

3 CONCLUSÕES ... 45

REFERÊNCIAS ... 46

ANEXO A – Carta de Aprovação da CEUA e Adendo ... 50

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1 INTRODUÇÃO

O exame da cavidade oral de gatos deve fazer parte do exame físico de todos pacientes na rotina clínica. Disfagia, halitose, anorexia e perda de peso são sinais clínicos comumente encontrados em gatos atendidos com presença de lesões orais na rotina clínica (LOMMER, 2013; HENNET, 2019). As doenças que acometem a cavidade oral de gatos são comuns e podem apresentar prognóstico desfavorável, principalmente em pacientes portadores de retroviroses, porque geralmente são recidivantes ou apresentam baixa resposta ao tratamento. Muitos pacientes ainda sofrem com doenças crônicas cujas causas não são esclarecidas (HENNET, 2019).

A cavidade oral pode ser acometida por uma grande variedade de desordens caracterizadas por inflamações locais ou generalizadas, recorrentes e crônicas, da mucosa oral e gengiva. Baseado na aparência, as lesões orais inflamatórias podem ser classificadas como ulcerativas, vesiculobolhosas ou proliferativas. As várias condições inflamatórias são discutidas de acordo com suas causas subjacentes: inflamação associada com doença periodontal, condições infecciosas, resposta inflamatória idiopática, desordens imunomediadas, lesões reacionais e neoplasias (LOMMER, 2013). As doenças com manifestações em cavidade oral de gatos são comuns, sendo as mais frequentemente observadas a doença periodontal (PERRY, 2015), a reabsorção dentária (SHEEBA, 2017) e a gengivoestomatite crônica (LOMMER, 2013; ROLIM, 2016; SHEEBA, 2017).

A investigação de potenciais agentes infecciosos não foi completamente explorada em pacientes com lesões orais, e muitos agentes ainda não foram avaliados como possíveis causadores ou perpetuadores dessas doenças. Frequentemente, a etiopatogenia das lesões é multifatorial, afeta o sistema imunológico do paciente e inclui fatores infecciosos e não-infecciosos (LYON, 2005; ROLIN et al., 2016). Muitos fatores etiológicos são propostos, entre eles agentes virais como FIV, FeLV, FCV, FHV-1, bactérias gram-negativas da microbiota oral normal, reação imune exagerada a algum agente infeccioso, estresse fisiológico ou ambiental, e predisposição genética (DOWERS, 2010; ROLIN et al., 2016), porém a exata relação da causa não foi identificada (LOMMER, 2013). Anormalidades do sistema imune alteram a resposta individual do paciente e levam a infecções oportunistas, contribuindo para a natureza crônica da doença (LYON, 2005).

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Em humanos, existe uma correlação clara entre a infecção por HIV ou outras causas de imunossupressão com o aparecimento de lesões em cavidade oral, especialmente candidíase oral, leucoplasia pilosa, doença periodontal ulcerativa necrosante e sarcoma de Kaposi (GASPARIN et al., 2009; HIRATA, 2015). Aproximadamente 60% dos indivíduos infectados pelo HIV e 80% daqueles com AIDS apresentam essas manifestações, portanto, a presença de alterações bucais “oportunistas” sugestivas de um estado de imunossupressão deve induzir a investigar a possibilidade de infecção pelo HIV no paciente ou alertar para uma falha imunológica naqueles que tem a doença (GASPARIN et al., 2009). Muitos consideram as lesões orais como marcadores de imunossupressão e progressão da AIDS, o que impacta nas estratégias de intervenção e tratamento. Nos anos 1980 e 1990, o diagnóstico da infecção por HIV foi, muitas vezes, realizado a partir do aparecimento dessas lesões (GASPARIN et al., 2009; HIRATA, 2015).

A associação entre a infecção pelos vírus da imunodeficiência felina (FIV) e da leucemia felina (FeLV) em gatos portadores de lesões orais, principalmente a gengivoestomatite, foi relatada em diversos estudos. Rolim et al. (2017), identificou antígenos da FeLV por imuno-histoquímica no epitélio e infiltrado inflamatório de gatos com gengivoestomatite, e Peralta et al. (2019) correlacionaram a incidência da gengivoestomatite com gatos vivendo em residências multicats e com maior predisposição a doenças infeciosas nestes ambientes, entre elas as retroviroses. Porém, não existem estudos associando micoplasmose não-hemotrópica com doenças da cavidade oral. As citopenias, como neutropenia e linfopenia, são comumente observadas em gatos portadores de retroviroses (FUJINO et al., 2009). Supõe-se que estas alterações leucocitárias podem predispor gatos imunossuprimidos às infecções orais bacterianas, conforme descrito por Costa et al. (2018), com um caso de úlcera necrótica localizada no palato mole e tonsilas, colonizada por grande quantidade de colônias bacterianas na superfície, em um gato portador de FIV e FeLV, apresentando leucopenia (1200 leucócitos totais/µL) com neutropenia grave (276 neutrófilos segmentados/µL).

A bactéria Mycoplasma sp. pode ser considerada comensal da cavidade oral na espécie humana (LEE-FOWLER, 2014) e há poucas pesquisas relacionadas à sua identificação em lesões orais de pacientes imunossuprimidos ou não. Não foram identificados estudos que indiquem espécies de Mycoplasma sp. como potenciais patógenos em cavidade oral de humanos e felinos, assim como essa bactéria não é

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citada como potencial agente ao avaliar-se a utilização de antibioticoterapia em casos de doenças acometendo a cavidade oral. No entanto, a correlação desta bactéria com doenças do trato respiratório cranial e caudal em pacientes felinos tem sido motivo de diversos estudos, os quais tem mostrado grande incidência da infecção (FOSTER et al., 2004; ROBINSON, 2009; REED et al., 2012; LEE-FOWLER, 2014). Porém, provavelmente a infecção seja subdiagnosticada devido às limitações no diagnóstico, pois este microrganismo não cresce nas culturas bacterianas realizadas de rotina (LEE-FOWLER, 2014). Foi encontrado apenas um estudo que buscou sua identificação em pacientes felinos com gengivoestomatite (NAKANISHI et al., 2018), entretanto, apenas um caso foi positivo e outros tipos de lesões orais não foram avaliados. Além disso, dentre os 32 pacientes avaliados, apenas dois eram positivos para FIV. No estudo realizado por Dolieslager et al. (2011), que pesquisou as bactérias encontradas na cavidade oral de gatos com gengivoestomatite, apenas uma amostra foi positiva para uma espécie de Mycoplasma sp. (M. arginini) e em um gato assintomático. Segundo Kornya et al. (2014), 59,9% dos gatos portadores de retroviroses apresentam lesões orais, entre elas a gengivite, a periodontite e a estomatite, ressaltando a importância da investigação das causas primárias e secundárias de doenças orais nestes pacientes.

Muitos gatos são apresentados em clínicas veterinárias frequentemente com histórico de disfagia, anorexia, sialorreia e halitose devido à doença periodontal de diferentes graus, úlceras na língua, gengivas, mucosa oral, palato e lábios; hiperêmicas, contaminadas ou necróticas; assim como proliferações teciduais em região de mucosa caudal, podendo se estender às gengivas, de grau leve a grave, também podendo apresentar sinais de contaminação bacteriana, e ainda, pode-se verificar eventualmente a presença de massas tumorais em língua ou acometendo qualquer parte da cavidade oral. Em geral, essas afecções cursam com dor moderada a intensa, e podem ou não estar relacionadas a alterações sistêmicas, afetando a qualidade de vida dos pacientes. A identificação dos microrganismos relacionados com estes quadros permite que os diagnósticos sejam feitos de maneira correta propiciando um tratamento mais adequado. O objetivo do presente estudo é investigar as principais causas primárias e secundárias envolvidas nas lesões de cavidade oral dos felinos domésticos, avaliando o papel da infecção oral por Mycoplasma sp. e associando-a com a presença de retroviroses em gatos domésticos, de forma prospectiva e sistemática, por meio de uma completa avaliação clínica e laboratorial dos pacientes, exame histopatológico das lesões e PCR para detecção do agente Mycoplasma sp. Os resultados obtidos foram

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analisados visando determinar se o microrganismo Mycoplasma sp. está presente em lesões orais e se a presença deste é mais prevalente em pacientes portadores de FIV e/ou FeLV, obtendo-se seus dados epidemiológicos e avaliando a relevância clínica destes resultados. Acredita-se que esses resultados possam favorecer o prognóstico dos pacientes ao lhes possibilitar alternativas terapêuticas.

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2 ARTIGO CIENTÍFICO

Os materiais, métodos, resultados e discussão serão apresentados a seguir na forma de artigo científico, que será traduzido e submetido ao periódico Journal of Feline Medicine and Surgery, como Artigo Original.

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Associação entre a presença de Mycoplasma sp. e lesões em cavidade oral em gatos infectados por vírus imunodepressores (FIV ou FeLV)

Raquel Redaelli, Carolina Silveira Braga, Aline Borges Kersting, David Driemeier, Fernanda Vieira Amorim da Costa

RESUMO

Objetivo: O objetivo do presente estudo é investigar as principais causas primárias e secundárias envolvidas nas lesões de cavidade oral dos felinos domésticos, avaliando o papel da infecção oral por Mycoplasma sp. e associando-a com a presença de retroviroses em gatos domésticos.

Métodos: Os pacientes selecionados foram gatos encaminhados para profilaxia oral e tratamento periodontal por indicação médico-veterinária no Serviço de Medicina Felina da UFRGS e em uma clínica veterinária particular especializada no atendimento de felinos, no período de junho a dezembro de 2019, nos quais foi realizada avaliação clínica e laboratorial, incluindo exame hematológico, teste rápido imunoenzimático para detecção de anticorpos de FIV e antígenos de FeLV), e coleta de amostras de tecidos orais por biópsia para exame histopatológico e PCR para Mycoplasma sp. durante o procedimento de profilaxia dentária.

Resultados: Foram incluídos no estudo 78 pacientes com lesões orais, com idade média de 7,6 anos (dois a 16 anos) e, dentre elas, as mais prevalentes foram doença periodontal moderada a grave em 57,7% dos gatos, reabsorção dentária em 35,9% e gengivoestomatite crônica em 23% dos pacientes. Dentre estes, 23 (29,5%) eram positivos para infecção por vírus imunodepressores (FIV e/ou FeLV), sendo 12 (15,4%)

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positivos para FIV, 11 (14,1%) positivos para FeLV e apenas um apresentou resultado positivo para as duas retroviroses simultaneamente. Foram encontrados 36 (46,2%) resultados positivos para Mycoplasma sp. A associação entre o diagnóstico clínico e histopatológico de gengivoestomatite crônica, a infecção por FIV e/ou FeLV e a detecção de Mycoplasma sp. foi estatisticamente significativa (p=0,003).

Conclusões e relevância: O presente estudo sugere que gatos infectados por retroviroses apresentam gengivoestomatite crônica mais comumente do que gatos negativos. A bactéria Mycoplasma sp. está presente nas lesões de cavidade oral de gatos, em especial nos casos de gengivoestomatite crônica. Encontrou-se uma associação entre a presença do agente Mycoplasma sp. nos casos de gengivoestomatite crônica em gatos infectados por retroviroses (FIV e/ou FeLV). Sugere-se que mais estudos sejam empregados avaliando o tratamento antimicrobiano contra Mycoplasma sp. no controle da doença destes pacientes.

Palavras-chave: Doença periodontal; gengivoestomatite crônica; imunossupressão; reabsorção dentária; lesões orais; micoplasmose não-hemotrópica, micoplasmose oral.

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INTRODUÇÃO

Disfagia, halitose, anorexia, sialorréia e perda de peso são sinais clínicos encontrados em gatos atendidos com lesões em cavidade oral na rotina clínica.17,21 A investigação de potenciais agentes infecciosos não foi completamente explorada nesses pacientes, e muitos agentes ainda não foram avaliados como possíveis causadores ou perpetuadores de doenças orais. Frequentemente, a etiopatogenia das lesões é multifatorial, afeta o sistema imunológico do paciente e inclui fatores infecciosos e não-infecciosos.31 Em humanos, existe uma correlação clara entre a infecção por HIV ou outras causas de imunossupressão, com o aparecimento de lesões em cavidade oral.14,18

A associação entre a infecção pelos vírus da imunodeficiência felina (FIV) e da leucemia felina (FeLV) em gatos portadores de lesões orais, principalmente a gengivoestomatite, foi relatada em diversos estudos, entre eles, Rolim et al31 em 2016 identificou a presença de antígenos da FeLV por imuno-histoquímica no epitélio e infiltrado inflamatório de gatos com gengivoestomatite, e em 2019 Peralta et al27 correlacionaram a incidência da gengivoestomatite com gatos vivendo em residências multicats e com a maior predisposição a doenças infeciosas nesses ambientes, entre elas

as retroviroses. Porém, não existem estudos associando micoplasmose não-hemotrópica com doenças da cavidade oral.

As citopenias, como neutropenia e linfopenia, são comumente observadas em gatos portadores de retroviroses.13 Supõe-se que estas alterações leucocitárias podem predispor gatos imunossuprimidos às infecções orais bacterianas, conforme descrito por Costa et al5 com um caso de úlcera necrótica localizada no palato mole e tonsilas,

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portador de FIV e FeLV, apresentando leucopenia (1200 leucócitos totais/µL) com

neutropenia grave (276 neutrófilos segmentados/µL).

A cavidade oral contém bactérias comensais que podem ser consideradas parte da microbiota saudável, porém algumas espécies são comumente encontradas quando há alterações clínicas na cavidade oral, consideradas patógenos periodontais.28 Mycoplasma sp. não foi citada entre estas espécies.

A bactéria Mycoplasma sp. pode ser considerada comensal na espécie humana20 e não foi relacionada a sua identificação com lesões orais, em pacientes imunossuprimidos ou não. Não foram identificados estudos que indiquem espécies de Mycoplasma sp. como potenciais patógenos em cavidade oral de humanos e felinos,

assim como Mycoplasma sp. não é citada como potencial agente ao avaliar-se a utilização de antibioticoterapia em casos de doenças acometendo a cavidade oral. No entanto, a correlação desta bactéria com doenças do trato respiratório cranial e caudal em gatos tem sido motivo de diversos estudos, os quais tem mostrado grande incidência da infecção.12,20,29,30 Provavelmente a infecção seja subdiagnosticada devido às limitações no diagnóstico, pois este microrganismo não cresce nas culturas bacterianas realizadas de rotina.20 Foi encontrado apenas um estudo que buscou sua identificação em pacientes felinos com gengivoestomatite,24 e neste, apenas um caso foi positivo e outros tipos de lesões orais não foram avaliados. Além disso, dentre os 32 pacientes avaliados, apenas dois eram positivos para FIV. No estudo realizado por Dolieslager et al7 em 2011, que pesquisou as bactérias encontradas na cavidade oral de gatos com gengivoestomatite, apenas uma amostra foi positiva para uma espécie de Mycoplasma sp. (M. arginini) e em um gato assintomático.

O objetivo do presente estudo é investigar as principais causas primárias e secundárias envolvidas nas lesões de cavidade oral dos felinos domésticos, avaliando o

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papel da infecção oral por Mycoplasma sp. e associando-a com retroviroses em gatos domésticos, de forma prospectiva e sistemática, por meio de uma completa avaliação clínica e laboratorial dos pacientes, exame histopatológico das lesões e PCR para detecção do agente Mycoplasma sp. Os resultados serão analisados visando determinar se o microrganismo Mycoplasma sp. está presente em lesões orais e se a presença deste é mais prevalente em pacientes portadores de FIV e/ou FeLV, obtendo-se seus dados epidemiológicos e avaliando a relevância clínica destes resultados. Acredita-se que esses dados possam favorecer o prognóstico dos pacientes ao lhes possibilitar alternativas terapêuticas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram incluídos na pesquisa gatos com indicação clínica de profilaxia oral por problemas odontológicos, simples ou complexos, no período de junho a dezembro de 2019, atendidos no Serviço de Medicina Felina HCV/UFRGS e na Clínica Veterinária Gatices, localizadas na cidade de Porto Alegre e Caxias do Sul, consecutivamente, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Não houve restrição de sexo e idade, sendo excluídos apenas aqueles que não estavam aptos clinicamente e laboratorialmente ao procedimento cirúrgico e anestésico, e aqueles que haviam recebido tratamentos imunossupressores e antimicrobianos, no período de 15 dias precedentes ao dia do procedimento de coleta.

Os pacientes passaram por avaliação clínica e laboratorial, incluindo coleta de sangue para hemograma completo, proteína plasmática total, dosagem sérica de albumina, ureia, creatinina e glicose, e atividade sérica de ALT e FA e teste imunoenzimático (ELISA) (SNAP FIV/FeLV Combo Test® - IDEXX Laboratories)

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para detecção de anticorpos do vírus da imunodeficiência felina (FIV) e antígeno do vírus da leucemia felina (FeLV), além de posterior coleta de amostras de tecidos da cavidade oral para exame histopatológico e PCR para Mycoplasma sp.

Os procedimentos de profilaxia oral foram realizados por dois médicos veterinários odontologistas, sob anestesia geral inalatória, sendo realizado em todos pacientes avaliação geral de todos os dentes, radiografia dentária intraoral, extração dentária quando indicado pelo diagnóstico clínico e/ou radiológico, raspagem com ultrassom odontológico e polimento com pasta profilática de dentes remanescentes. Foi feita coleta de no mínimo dois fragmentos de 4,0 a 6,0 mm (diâmetro máximo) de tecido oral (conforme acessibilidade) para as análises histopatológica e molecular.

A coleta dos fragmentos foi realizada de locais que não causassem lesão maior que a necessária pelo procedimento odontológico em si. Utilizando lâmina de bisturi tamanho 15, coletou-se tecido gengival remanescente das extrações dentárias, procurando-se os tecidos com maior grau visual de inflamação, proliferações teciduais em gengivas, língua e mucosa oral, áreas de ulceração e com secreção purulenta. Nos pacientes que não apresentaram estas alterações, foram coletados dois fragmentos da mucosa do arco palatoglosso.

Os fragmentos coletados de cada paciente foram acondicionados em dois frascos: um contendo formalina tamponada a 10%, fixado por no mínimo 48hs para análise histológica, e outro contendo solução fisiológica estéril (NaCl 0,9%), imediatamente congelado à 20ºC negativos após a coleta, para realização de PCR para pesquisa do agente Mycoplasma sp., encaminhados para o Setor de Patologia Veterinária da UFRGS.

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Os tecidos fixados em formalina tamponada a 10% foram subsequentemente processados rotineiramente para histologia e corados pela técnica de hematoxilina e eosinapara interpretação histopatológica.

Os fragmentos de tecido armazenados em solução fisiológica foram encaminhados para realização de PCR. As amostras de mucosa refrigeradas foram utilizadas para extração do DNA total através do kit comercial QIAamp DNA Mini Kit (Qiagen®), de acordo com as instruções do fabricante. Em seguida foi realizada a reação de PCR para a identificação do gene 16S de Mycoplasma sp., onde os seguintes primers específicos para o agente foram usados: Primer forward 5’-

GACAGATGGTGCATGGTT-3’ e primer reverso

5’-CATATTGCTTCTCTTTGTACCG-3, descrito por Padmabandu et al25 em 2005. A reação de PCR foi realizada com os seguintes parâmetros: 20 pmol de cada primer, 200 mM de dNTP, 1x do tampão da enzima, 1,5 mM MgCl2, 1 unidade da enzima Taq Polimerase e 1 uL de DNA total extraído. A reação de PCR seguiu os seguintes parâmetros: 95C por 5 min, seguido de 35 ciclos de 95C por 30 seg, 56C por 30 seg e 72C por 45 seg e uma etapa final de 72C por 5 min. As amostras foram submetidas a eletroforese a 120V em gel de agarose 2% por 30 min. Durante a realização da PCR, procedimentos para a prevenção da contaminação foram empregados. Controles negativos e positivos foram incluídos em cada bateria de amostras analisadas.

Utilizando-se do teste de Qui-Quadrado de Pearson, procurou-se verificar a associação da detecção do DNA do agente Mycoplama sp. com as variáveis analisadas:

diagnóstico definitivo da lesão oral, infecção por FIV e/ou FeLV e leucopenia.

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Anexo A).

(27)

RESULTADOS

Foram incluídos no estudo 78 gatos, sendo que destes, três (3,8%) não apresentaram lesões clínicas e foram submetidos à profilaxia dentária simples e os demais apresentaram manifestações clínicas diversas, sendo a maioria lesões inflamatórias e/ou proliferativas. A média de idade dos felinos foi de 7,6 (± 4,0) anos, sendo a idade mínima dois e a máxima 16 anos. A proporção entre machos e fêmeas foi de 45 machos (57,7%) e 33 fêmeas (42,3%), 72 pacientes (93,3%) eram sem ração definida e 6 (7,7%) eram gatos de raça (dois Maine Coon e quatro Persas) e dos animais incluídos no estudo, 100% eram castrados.

Os principais achados clínicos e radiológicos encontrados incluíram doença periodontal (moderada a grave) em 57,7% dos gatos, reabsorção dentária em 34,6% e lesões inflamatórias compatíveis com gengivoestomatite crônica em 23% dos pacientes. A Tabela 1 descreve os diagnósticos clínicos dos pacientes avaliados. Existiram 30 pacientes que apresentaram lesões diversas com mais de um diagnóstico. Os principais achados clínicos identificados ao exame físico dos pacientes estão ilustrados na Figura 1.

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Tabela 1. Descrição dos achados clínicos/radiográficos encontrados nos pacientes após o exame físico e exame radiográfico das lesões orais.

Achados Clínicos e Radiográficos n (%)*

Doença periodontal (moderada a grave) 45 (57,7)

Reabsorção dentária 27 (34,6)

Gengivoestomatite 18 (23,1)

Hiperplasia gengival 5 (6,5)

Profilaxia dentária simples 3 (3,8)

Gengivite juvenil 3 (3,8)

Neoplasia 2 (2,6)

* Porcentagem referente a cada variável isoladamente.

Figura 1. Principais alterações clínicas identificadas ao exame físico da cavidade oral. A. Doença periodontal grave associada com reabsorção dentária. B. Reabsorção dentária (setas). C. Reabsorção dentária identificada na radiografia intraoral. Nota-se densidade dentária diminuída (setas). D. Gengivoestomatite crônica.

1D

1A

1B

(29)

Dos pacientes atendidos, 54 (69,2%) não apresentaram outras alterações clínicas além das relacionadas com a cavidade oral. Nos demais (24 gatos), foram observadas doenças diversas, totalizando 30,8% dos animais. A principal doença concomitante observada foi a doença renal crônica, acometendo 10 gatos (12,9%). Dentre as demais enfermidades, pode-se citar as doenças cutâneas (alergopatia, carcinoma de células escamosas, demodicose, dermatofitose e granuloma eosinofílico), acometendo 9 animais ao todo; entrópio, diabetes mellitus, doença intestinal inflamatória, linfoma alimentar e doença osteoarticular, acometendo sete animais; e doenças do trato respiratório cranial e caudal acometendo três gatos, sendo um com rinite, um com sinusite e um com pneumonia fúngica.

Entre os 78 gatos, foram encontrados 23 (29,5%) positivos para infecção por retrovírus (FIV e/ou FeLV), sendo 12 (15,4%) positivos para FIV, 11 (14,1%) positivos para FeLV e, destes, apenas um apresentou resultado positivo para as duas retroviroses simultaneamente. Foi incluído na pesquisa o mesmo número de pacientes positivos para retroviroses em Caxias do Sul e em Porto Alegre.

Alterações leucocitárias estavam presentes no momento pré-operatório de 30 (38,4%) animais, sendo que em 73,3% deles (22 pacientes) houve linfopenia (linfócitos < 1500/µL). Sete gatos apresentaram leucocitose (leucócitos totais > 19.500/µL), cinco apresentaram leucopenia (leucócitos totais < 5000/µL), e dois apresentaram neutropenia (neutrófilos segmentados < 2500/µL).

Na análise histopatológica, sete pacientes (9%) apresentaram tecido oral saudável, enquanto que em 65 gatos (83,3%) foram diagnosticadas doenças inflamatórias (gengivite neutrofílica, gengivite linfoplasmocitária, gengivoestomatite linfoplasmocitária, hiperplasia gengival e granuloma eosinofílico), 5% (4 gatos) apresentaram alterações compatíveis com fibrose e em 2,6% (2 pacientes) foi

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diagnosticado neoplasia oral (um sarcoma e um carcinoma de células escamosas). O principal diagnóstico histopatológico foi de infiltrado linfoplasmocitário, presente em 69,2% (54) dos gatos. A gengivoestomatite linfoplasmocitária foi diagnosticada em 42 pacientes (53,8%) (Figura 2) e a gengivite linfoplasmocitária, em 12 (15,4%) gatos. A hiperplasia gengival esteve presente em 18 gatos (23,1%).

Figura 2. Fotomicrografias de mucosa oral de gato com gengivoestomatite crônica, positivo para FIV e positivo para Mycoplasma sp. A. Nota-se área focalmente extensa de ulceração da mucosa (asterisco), associada à abundante infiltrado inflamatório e restos celulares. Na mucosa adjacente, há hiperplasia do epitélio (seta). Hematoxilina e eosina, 10x. B. Acentuado infiltrado inflamatório composto predominantemente por plasmócitos e linfócitos, além de ocasionais macrófagos e neutrófilos. Hematoxilina e eosina, 40x.

Foram encontrados 36 (46,2%) resultados positivos para Mycoplasma sp. utilizando o método de PCR. As Tabelas 2 e 3 demonstram a associação entre os principais achados clínicos/radiográficos com a presença de infecção por FIV/FeLV, alterações leucocitárias (considerando valores abaixo do valor de referência) e detecção de Mycoplasma sp. (Tabela 2), e agrupando as variáveis de interesse (Tabela 3), nos quais avaliou-se a associação entre os principais achados clínicos, radiográficos e histopatológicos com FIV e/ou FeLV e leucopenia e com FIV e/ou FeLV e detecção de Mycoplasma sp.

(31)

Tabela 2. Associação dos achados clínicos/radiológicos encontrados com as variáveis infecção por FIV/FeLV, leucopenia e detecção de Mycoplasma sp. por PCR avaliada pelo Teste de Qui-Quadrado de Pearson.

Achados clínicos/ radiográficos n (%) FIV/FeLV n (%) Valor p Leucopenia n (%) Valor p Mycoplasma sp. n (%) Valor p Doença Periodontal 10 (20) 0,17 13 (28,9) 0,89 20 (44,4) 0,72 Gengivoestomatite 10 (55,6) 0,03* 6 (33,3) 0,68 11 (61,1) 0,15 Reabsorção Dentária 6 (22,2) 0,39 9 (33,3) 0,59 13 (48,1) 0,80

FIV - Vírus da Imunodeficiência Felina; FeLV – Vírus da Leucemia Felina; * Valor p estatisticamente significativo.

Tabela 3. Associação dos principais achados clínicos/radiográficos e diagnósticos histopatológicos encontrados com grupos de variáveis de interesse: infecção por FIV e/ou FeLV e leucopenia; infecção por FIV e/ou FeLV e detecção de Mycoplasma sp. por PCR avaliada pelo Teste de Qui-Quadrado de Pearson.

Achados clínicos/radiográficos e histopatológicos FIV/FeLV + Leucopenia n (%) Valor p FIV/FeLV + Mycoplasma sp. n (%) Valor p Doença Periodontal 5 (11) 0,89 4 (8,9) 0,22 Gengivoestomatite 4 (22,2) 0,10 6 (33,3) 0,003* Reabsorção Dentária 2 (7,14) 0,41 2 (7,4) 0,3

FIV - Vírus da Imunodeficiência Felina; FeLV – Vírus da Leucemia Felina; * Valor p estatisticamente significativo.

Foram encontrados 2 (28,6%) resultados positivos na PCR para Mycoplasma sp. em gatos sem alteração histopatológica nas biópsias de cavidade oral (tecido normal) e 33 (47,8%) resultados positivos em gatos com alterações inflamatórias, porém, não houve associação estatística entre essas variáveis. No entanto, em 11 (61,1%) dos gatos com diagnóstico clínico de gengivoestomatite crônica foi identificado Mycoplasma sp. Ainda, o diagnóstico histopatológico no qual observou-se infiltrado linfoplasmocitário

(32)

(gengivite ou gengivoestomatite) apresentou forte associação com pacientes portadores de retroviroses (p = 0,03).

DISCUSSÃO

A maioria dos pacientes encaminhados para tratamento odontológico apresentaram diferentes graus de doença periodontal, sendo os casos moderados a graves identificados em 57,7% dos casos. A reabsorção dentária esteve presente em 34,6% dos pacientes e a gengivoestomatite crônica em 23,1% dos gatos na avaliação clínica.

A reabsorção dentária é comum em gatos acima de seis anos de idade, e há aumento do número de casos com a progressão da idade, afetando entre 28,5% a 67% dos pacientes.15,32 A lesão foi identificada no exame físico e radiografia odontológica intraoral, e a maioria deles (82,1%) estava associada com doença periodontal. Apenas três pacientes apresentaram reabsorção dentária sem associação com a doença periodontal. Foi identificado apenas um caso de reabsorção dentária associado à gengivoestomatite presente no exame físico, estando de acordo com estudos prévios no qual não foi identificada relação significativa entre as doenças.10,21 Pouco é conhecido sobre o envolvimento da microbiota na reabsorção dentária. No estudo realizado por Sheeba et al,32 que pesquisaram a relação entre calicivírus, reabsorção dentária e gengivoestomatite, é proposta a hipótese de que agentes da microbiota oral possam influenciar na resposta imune, o que leva à inflamação, possivelmente devido a alterações gengivais. Segundo Gorrel,15 a etiologia da doença permanece inconclusiva e a reabsorção dentária em gatos pode ter origem tanto inflamatória quanto não inflamatória; no entanto, grande número das lesões são consideradas de origem

(33)

idiopáticas. De acordo com a mesma autora, 72% dos casos inflamatórios apresentam doença periodontal presente.

Gengivoestomatite crônica resulta em lesões ulcerativas na faringe, mucosa oral, língua e gengiva, causando dor na cavidade oral, halitose, disfagia, anorexia e consequente perda de peso,8,9,21,31,33 sendo uma condição clínica séria e frequentemente frustrante.33 Sugere-se que diversos fatores relacionados, como a microbiota bacteriana oral, dieta, hipersensibilidade a antígenos da placa dentária, infecções virais e status imunológico, sejam potenciais contribuintes para a doença oral inflamatória em gatos. No entanto, a exata patogenia desta condição continua pouco esclarecida.19 Anormalidades do sistema imune alteram a resposta individual do paciente e levam a infecções oportunistas, contribuindo para a natureza crônica da doença.22 Na avaliação histopatológica, havia infiltrado linfoplasmocitário em 69,2% dos gatos, indicando que muitos gatos podem apresentar predisposição à doença e se apresentarem no momento do exame físico ainda em condições subclínicas. Farcas10, em 2014, identificou em seu estudo que gatos com gengivoestomatite frequentemente apresentam doença periodontal, e que a periodontite variou de moderada a grave e de semi-generalizada a generalizada, na maioria dos gatos do estudo.

Em humanos, a doença periodontal tem sido identificada como fator de risco para a doença renal crônica, com estreita associação entre as enfermidades.6,11 Pouco é conhecido sobre as implicações sistêmicas da doença periodontal no gato. Um estudo realizado por Greene et al,16 em 2014, identificaram o diagnóstico prévio de doença periodontal como fator de risco para a doença renal crônica no gato, apesar de o estudo estabelecer relação de coexistência, e não de causa e efeito. Os autores declaram que conhecer a doença periodontal promove a oportunidade da detecção da doença renal subclínica e a intervenção precoce e manejo da doença primária, prevenindo danos

(34)

renais futuros.11 No estudo realizado em 2016 por Finch et al11, foram identificados como fatores de risco para o desenvolvimento da doença renal crônica em gatos idosos a vacinação anual ou frequente e a doença periodontal moderada a grave, através de mecanismos como a produção de citocinas inflamatórias ou endotoxemia e resposta imune às bactérias. No presente estudo, 10 gatos (12,9%) apresentaram doença renal crônica concomitantemente à doença periodontal. Segundo Cave et al,3 a doença periodontal avançada em gatos está associada com inflamação local significativa e suspeita-se que haja influência nas respostas sistêmicas e função orgânica em sítios distantes. O estudo realizado por Cave et al3 em 2012 confirma a hipótese de que há alterações sistêmicas mensuráveis associadas com a doença periodontal avançada e que o tratamento periodontal promove redução do número de espécies presentes na cavidade oral e da potencial resposta inflamatória. Após o tratamento, a cicatrização e a redução da inflamação local, espera-se a resolução dos componentes imunomediados.

Os dados obtidos corroboram com os estudos que mostram grande incidência de gengivoestomatite crônica em gatos portadores de retroviroses19,27,31 (identificado em 55,6% do presente estudo). No estudo realizado por Kornya et al19 em 2014, doenças

orais inflamatórias foram significativamente correlacionadas com resultados positivos para FIV ou FeLV, especialmente a gengivoestomatite crônica, quando comparadas a outras doenças orais ou ausência de lesões orais. O aumento da idade foi proporcionalmente associado a uma maior prevalência de doenças orais em animais soronegativos.

Não existem estudos associando leucopenia e lesões orais. No presente estudo, 33,3% dos gatos que apresentaram gengivoestomatite eram portadores de retrovírus (FIV e/ou FeLV) e Mycoplasma sp. concomitantemente; e 22,2% eram portadores de retrovírus (FIV e/ou FeLV) e estavam leucopênicos. Em 95,6% deles, a leucopenia

(35)

estava relacionada com linfopenia. A infecção pelo FIV em fase aguda é caracterizada por neutropenia leve e, em estágios avançados, citopenia variável, especialmente linfopenia.4 A neutropenia é observada em situações onde ocorre aumento no consumo, sequestro vascular (endotoxemia ou anafilaxia), destruição imunomedidada e produção

diminuída ou não efetiva. Em gatos, as retroviroses (FIV e FeLV) são causas

importantes de neutropenia, já que ela ocorre significativamente mais em gatos

positivos para uma ou ambas retroviroses do que naqueles negativos.20 Um estudo

retrospectivo realizado em 2017 por Costa et al4 identificou gatos FeLV positivos com

9% mais chance de apresentar leucopenia do que gatos negativos. A leucopenia estava

presente em 29,1% dos gatos FIV e/ou FeLV positivos, porém, não foi identificada

relevância clínica nestes pacientes durante o acompanhamento clínico. Leucopenia

relacionada à FeLV foi decorrente principalmente de linfopenia neste estudo. Em 2018

foi descrito por Costa et al5 um caso de uma gata portadora de FIV e FeLV com úlcera

necrótica localizada no palato mole e tonsilas, que apresentava leucopenia (1200

leucócitos/µL) com neutropenia grave (276 neutrófilos segmentados/µL). A presença

do vírus da imunodeficiência felina nas lesões foi identificada por imuno-histoquímica,

e havia grande quantidade de colônias bacterianas na superfície das úlceras.

Normalmente, o diagnóstico da gengivoestomatite é realizado através do histórico e achados clínicos, que incluem estomatite caudal, gengivite e mucosite, com ou sem envolvimento do palato, faringe e língua. Raramente, faz-se necessário a realização de biópsia das lesões.10 Pacientes com periodontite e/ou reabsorção dentária isoladamente não apresentam inflamação nas regiões caudais da cavidade oral, porém, as três condições podem acontecer concomitantemente.21 No entanto, é importante ressaltar que a gengivoestomatite crônica, granuloma eosinofílico e neoplasias orais podem ter aparência semelhante no exame físico e, nestes casos, a biópsia é sempre

(36)

indicada.22 O exame histopatológico da gengivoestomatite identifica primariamente infiltrado de plasmócitos na submucosa oral, estando presentes também neutrófilos, linfócitos e macrófagos.22,33 O diagnóstico histopatológico pode ser descrito de formas variáveis, incluído estomatite linfoplasmocítica, gengivoestomatite linfoplasmocítica, estomatite plasmocítica, estomatite paradental ulcerativa crônica, gengivite-estomatite-faringite plasmocítica, estomatite crônica ulcerativa, estomatite necrosante, gengivoestomatite crônica felina e gengivite-estomatite-faucite crônica.22

A bactéria Mycoplasma sp. como agente em doenças do trato respiratório cranial e caudal em pacientes felinos tem sido motivo de diversos estudos, os quais tem mostrado grande incidência da infecção.12,20,29,30 No presente estudo, foram identificadas doenças do trato respiratório em apenas três gatos e Mycoplasma sp. em apenas um deles, sem significado estatístico. A patogênese das doenças causadas por micoplasmas é pouco compreendida; as condições sob as quais estes agentes se tornam patogênicos são multifatoriais, baseadas não apenas na virulência, mas também em fatores ambientais e do hospedeiro.16 Considera-se, nesta pesquisa, que estes agentes possam ter importância também como agentes patogênicos em lesões de cavidade oral de gatos. Nos humanos, muitas espécies de micoplasmas são comensais da orofaringe. Na cavidade oral, estas espécies são isoladas do sulco gengival, placa dentária e saliva, sendo M. salivairum e M. orale mais encontrados que as demais espécies.23

O tratamento antimicrobiano é a principal conduta a ser realizada nas infecções por Mycoplasma sp. No entanto, é igualmente importante identificar e tratar qualquer doença subjacente que possa predispor à infecção. A escolha de antimicrobianos baseada em testes de sensibilidade não é aplicada a este agente pelas dificuldades nos métodos de cultura citados anteriormente. Sendo assim, opta-se por terapia empírica, considerando-se que estes agentes são supostamente sensíveis a tetraciclinas,

(37)

macrolídeos, fluoroquinolonas, lincosamidas, cloranfenicol e aminoglicosídeos. Doxiciclina tem mostrado boa eficácia nos estudos, baseando-se tanto na melhoria dos sinais clínicos quanto na eliminação do organismo, quando avaliado por PCR. Azitromicina também tem sido empregada com sucesso no tratamento de infecções do trato respiratório cranial e caudal de felinos, especialmente quando há envolvimento de Mycoplasma sp. Estima-se um período de tratamento de quatro semanas para qualquer

um dos antimicrobianos citados.20 O uso de tetraciclinas (minociclinas e doxiciclinas) localmente na cavidade oral tem sido estudada em humanos. Este grupo de antibióticos bacteriostáticos apresentam amplo espectro de atividade contra espécies de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, com propriedades anti-colagenase, ajudando a reduzir a destruição do tecido periodontal e reabsorção óssea.2,26,28 O uso tópico de sub-doses de doxiciclina está indicado na medicina felina, pelos mesmos efeitos,1 porém não é feito como rotina.

O único estudo encontrado considerado semelhante à esta pesquisa foi o realizado por Nakanishi et al24 no ano de 2018, que avaliaram os microrganismos associados à gengivoestomatite. Os autores somente encontraram um caso de um gato com gengivoestomatite crônica positivo para Mycoplasma felis, entretanto, outros tipos de lesões orais não foram avaliados e apenas dois pacientes eram positivos para FIV. Os microrganismos foram avaliados a partir de amostras coletadas por swab das lesões e a detecção de M. felis foi realizada por PCR, que resultou na detecção deste agente em 6,9% de gatos assintomáticos e 3,1% dos gatos com gengivoestomatite. De forma complementar ao estudo citado, buscou-se neste trabalho a investigação da presença do agente Mycoplasma sp. em outros padrões de lesões orais além de gengivoestomatite crônica, como inflamações diversas, doença periodontal, proliferações teciduais, lesões necróticas, úlceras e processos neoplásicos, através de biópsia (fragmentos teciduais), e

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sua associação com a infecção por retrovírus nos pacientes avaliados. Pode-se observar a alta frequência de Mycoplasma sp. em gatos com doença periodontal, gengivoestomatite e reabsorção dentária, pois quase metade dos animais estudados (46,2%) apresentaram resultado positivo para Mycoplasma sp., fornecendo novas possibilidades terapêuticas.

Pode-se perceber associação entre diversas variáveis, trazendo relevância clínica para este estudo, colaborando com estudos prévios e permitindo novas opções terapêuticas ao considerar a presença de Mycoplasma sp. em grande parte dos gatos com doenças da cavidade oral. Os resultados deste trabalho de pesquisa sugerem o uso da terapia antimicrobiana contra Mycoplasma sp. em casos de gengivoestomatite crônica, doença periodontal e reabsorção dentária. É importante, porém, que novas pesquisas sejam feitas para avaliar o efeito do uso destes antibióticos nas doenças citadas.

CONCLUSÕES

Doenças da cavidade oral são comuns na clínica de felinos, e as mais frequentes incluem a doença periodontal, a reabsorção dentária e a gengivoestomatite crônica. A bactéria Mycoplasma sp. está presente nas lesões de cavidade oral de gatos, principalmente naqueles com lesões inflamatórias, em especial nos casos de gengivoestomatite crônica. Encontrou-se uma associação entre a presença do agente Mycoplasma sp. nos casos de gengivoestomatite crônica em gatos infectados por

retroviroses (FIV e/ou FeLV). O presente estudo sugere ainda que gatos infectados por retroviroses apresentam gengivoestomatite crônica mais comumente do que gatos

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negativos. Estes dados fornecem informações para novas possibilidades terapêuticas e novos estudos associados a antimicrobianos em pacientes nestas condições clínicas.

CONFLITOS DE INTERESSE

O autor declara não haver potenciais conflitos de interesse sobre a pesquisa, autoria, e/ou publicação deste artigo.

COMITÊ DE ÉTICA

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Anexo A).

CONSENTIMETO LIVRE E ESCLARECIDO

Os tutores foram convidados a incluir seus animais na pesquisa, assinando e recebendo uma via do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o qual fornece todos os dados inerentes ao projeto de pesquisa (Anexo B).

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LEITURA ADICIONAL

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(45)

3 CONCLUSÕES

Baseado no levantamento de dados desta pesquisa, comprova-se a que os casos de doenças da cavidade oral são comuns na clínica de felinos, e são muito frequentes os casos de doença periodontal, reabsorção dentária e a gengivoestomatite crônica (clínica e subclínica, diagnosticado por histopatológico), apresentando relação entre reabsorção dentária com doença periodontal e com gengivoestiomatite crônica (quando incluídos os diagnósticos subclínicos). A bactéria Mycoplasma sp. está presente nas lesões de cavidade oral de gatos com quadros inflamatórios, em especial nos casos de gengivoestomatite crônica. A pesquisa concluiu que existe uma associação entre a presença do agente Mycoplasma sp. nos casos em que gengivoestomatite crônica e retroviroses (FIV e/ou FeLV) acometem os pacientes concomitantemente, fornecendo dados para novas possibilidades terapêuticas e novos estudos associados a antimicrobianos em pacientes nestas condições clínicas.

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