• Nenhum resultado encontrado

RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA - RA Nº 00085/2020 Técnico Administrativa

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA - RA Nº 00085/2020 Técnico Administrativa"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

RESOLUÇÃO ADMINISTRATIVA - RA Nº 00085/2020

Técnico Administrativa

Dispõe sobre Revisão ex-officio de decisão relativa a Reclamação, interposta pelo servidor Aduil Lúcio Borges contra o Despacho nº 2100/2010, emitido pela Presidência do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás – TCMGO – no processo nº 01209/2014, indeferindo licença-prêmio. Lei Estadual nº 10.460/10. Impossibilidade.

O TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE GOIÁS, no uso das atribuições legais e regimentais, e,

Considerando o procedimento administrativo interno visando à anulação da decisão contida na Resolução Administrativa nº 220, de 14 de setembro de 2014, que concedeu licenças-prêmio relativas aos 1º, 2º e 3º quinquênios, em razão de Reclamação interposta pelo servidor Aduil Lúcio Borges, ocupante do cargo de Motorista, contra o Despacho nº 2100/2014, de 11 de março de 2014, da Presidência deste Tribunal, proferido no processo nº 01209/2014, que indeferiu o pedido de licença-prêmio requerido pelo servidor, por entender não foram preenchidos os requisitos necessários para a concessão do benefício pleiteado;

Considerando os motivos da Revisão ex-officio:

1. A Divisão de Recursos Humanos deste Tribunal motiva a revisão na necessidade de se alinhar os mencionados atos com o entendimento consolidado

(2)

no Parecer ADSET nº 005/2017, de 14/8/2017, emitido no Processo nº 11928/2017, e referendado pela Procuradoria Geral do Estado de Goiás (PGEGO), por meio do Despacho “AG” nº 03811/2017 (fls. 18 a 33), sobre o aproveitamento de tempo de serviço público prestado a outros órgãos da Administração Pública estadual e a entes federativos diversos, para fins de concessão de licença-prêmio;

2. Para tanto, sugere a anulação da Resolução Administrativa nº 220/2014, que concedeu o 1º, 2º e 3º quinquênios de licença-prêmio ao servidor, assim como a retificação do Despacho Presidencial nº 8398/2015, no sentido de alterar as datas referentes ao período aquisitivo, passando a ser considerado como o 1º quinquênio de efetivo exercício prestado ao TCMGO;

Considerando a manifestação da Advocacia Setorial do TCMGO:

1) Informa que a Divisão de Recursos Humanos – DRH – propõe a revisão dos atos de concessão de licença-prêmio do servidor interessado, de acordo com a orientação daquela Especializada, aprovada por ato do Exmo. senhor Procurador Geral do Estado de Goiás;

2) Adverte que, “tratando-se de revisão dos atos concessivos dos quatro períodos de licença-prêmio, consoante informado pela DRH, deverão ser invalidados o 1º (primeiro), 2º (segundo) e 3º (terceiro) quinquênios e retificado o ato de concessão do 4º quinquênio, passando então a ser considerado o 1º (primeiro) quinquênio”;

3) Esclarece que: “Consoante esclarecido no Parecer ADSET nº 005/2017, a nova interpretação da norma administrativa não pode retroagir em prejuízo daqueles que se beneficiaram do entendimento anterior para gozar de vantagens ou benefícios pretensamente legais;

4) Segundo a PGE-GO, no Despacho “AG” nº 000596/2013, o ato administrativo exaurido e praticado como resultado do erro de interpretação da Administração Pública presume a boa-fé do servidor público e não permite que se dê vez ao

(3)

retorno à situação anterior, “... não cabendo sequer correspondente reparação financeira ao Erário”;

5) No entanto, quando a errada apuração do quinquênio redundou o reconhecimento do direito à licença-prêmio ainda não gozada, embora presentes igualmente o equívoco da Administração Pública e a boa-fé do servidor, o ato correlato não implica efeitos imediatos, de forma que se permite a sua retificação, sob o rito da Lei nº 13.800, de 18 de janeiro de 2001;

6) De toda sorte, a PGE-GO orienta que a Administração Pública deve adotar as medidas para corrigir os atos administrativos de reconhecimento, concessão e gozo de licença-prêmio que indevidamente reputaram tempo de serviço para a formação do quinquênio, pois a ilegalidade que marca a definição da data do quinquênio não deve perpetuar, gerando sucessivos atos injurídicos;

7) Verificada a ilicitude, é dever da Administração, no exercício do poder de autotutela que lhe é inerente, corrigir as datas de integralização dos lustros que sustentaram os atos já outorgados, o que não trará alteração nos equivalentes benefícios financeiros já deferidos ao servidor;

8) Feitos esses esclarecimentos, antes da prática de qualquer ato decisório, recomendamos que o servidor interessado seja notificado dos termos dos presentes autos, a fim de que, havendo a iminente interferência na esfera do seu patrimônio, possa exercer o pleno direito ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa;

9) Diante do exposto, anuímos com as sugestões propostas pela DRH, para que seja revista a Resolução Administrativa RA n° 00220/14, para invalidar o 1º (primeiro), 2º (segundo) e 3º (terceiro) quinquênios de licença-prêmio, e retificado o Despacho Presidencial nº 8.398/2015, de 9/6/2015, no sentido de considerar o 4º quinquênio de licença-prêmio como o 1º quinquênio, nos termos sugeridos pela a Divisão de Recursos Humanos;

(4)

Considerando as razões apresentadas em defesa prévia, pelo servidor Aduil Lúcio Borges:

a) O servidor alega que a interpretação conferida pela Advocacia Setorial ao termo Estado, contido no caput do artigo 243 da Lei 10.460, de 22 de fevereiro de 1988, é restritiva e não merece prosperar, haja vista que a inicial maiúscula indicaria a divisão territorial da qual faz parte o município e, em sendo assim, como parte integrante do Estado, o período ali laborado deve ser considerado para os fins do indigitado artigo da lei estadual;

b) Relata que, ao assumir o cargo no TCMGO, teria sido informado de que poderia aproveitar o tempo de serviço prestado ao município de Trindade – GO, para fins de concessão de licença-prêmio, o que o fez presumir legítimos os atos da Administração, que, inclusive, segundo ele, teria o costume de conceder o benefício a outros servidores em situação semelhante. Nesses casos, após a manifestação da Assessoria Jurídica da Presidência, o TCMGO teria se posicionado no sentido de que as vantagens adquiridas em cargos anteriores, independente do ente a que estivessem vinculados, deveriam ser transportadas para o atual cargo;

c) Aduz, ainda, que outro aspecto relevante em relação ao aproveitamento do tempo de serviço em outros entes provém do artigo 25, §5º, da Lei 16.894, de 18 de janeiro de 2010, com base no qual o TCMGO teria realizado promoções para o primeiro padrão da classe “C” de servidores do órgão embasadas em comprovada experiência de, no mínimo, 10 anos em órgãos de controle externo da Administração Pública, na área finalística e/ou na coordenação, direta ou chefia, exercida até seu ingresso neste Tribunal.

d) Ressalta que o citado parágrafo foi revogado após 3 (três) anos em vigor, período no qual foram promovidos diversos servidores, não obstante a sólida jurisprudência contrária do STF e do STJ, que não permite a contagem do lapso temporal anteriormente apurado para o efeito de aproveitamento de promoção ou progressão funcional e, conquanto os atos tenham confrontado a jurisprudência, teriam produzido seus efeitos em virtude da previsão legal;

(5)

e) Sustenta que é desarrazoado, por parte do TCMGO, pretender revisar e indeferir os benefícios a ele concedidos, revelando-se venire contra factum proprium, já que, além de estar supostamente amparado pela legislação em face da abrangência do conceito de Estado em sentido amplo, a situação se encontraria consolidada no tempo;

f) Defende que o entendimento da Advocacia Setorial, exposto no Parecer ADSET nº 005/2017, fere o direito adquirido, o princípio da boa-fé, da segurança jurídica, do ato jurídico perfeito, da isonomia e da razoabilidade, pois, enquanto trabalhou na função de motorista no município de Trindade – GO teria adquirido direitos que devem acompanhá-lo no novo cargo de motorista no TCMGO, porquanto os teria agregado a seu patrimônio jurídico, visto que tanto a Lei Municipal quanto a Lei 10.460/1988 preveem a concessão de licença-prêmio;

g) Por derradeiro, alega que “a administração pública é una, sendo

descentralizadas as suas funções, para melhor atender ao bem comum, assim, não se pode restringir o alcance do conceito Estado à mera administração estadual”;

Considerando a manifestação conclusiva da Advocacia Setorial, nos termos do Despacho ADSET nº 089/2019:

A. Preliminarmente, em relação à alegada consolidação no tempo do direito às licenças-prêmios concedidas equivocadamente por meio da Resolução Administrativa RA nº 220/2014, fls. 47 a 52, salienta-se que o poder-dever de este Tribunal anular o referido ato ilegal não se encontra coberto pela decadência;

B. Isso porque a ciência do servidor interessado acerca do provimento parcial do recurso de reclamação por ele interposto se deu em 3 de outubro de 2014, conforme de extrai das fl. 53/v, o que evidencia ainda não ter transcorrido o lustro decadencial previsto no artigo 54 da Lei estadual nº 13.800/2001;

C. Melhor sorte não assiste ao servidor relativamente aos argumentos meritórios propriamente ditos;

D. A interpretação do termo Estado, empregado no caput do artigo 243 da Lei 10.460/1988, que instituiu o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de Goiás

(6)

e de suas Autarquias, não pode partir da premissa proposta pelo servidor, porquanto o fato de o município de Trindade integrar geograficamente o Estado de Goiás não conduz necessariamente à aplicabilidade da lei estadual no âmbito municipal, sobretudo por se tratar de regime estatutário de servidores públicos;

E. É que, conforme exposto no Parecer ADSET nº 005/2017, com o advento da Constituição Federal de 1988 e a vigência da liminar concedida nos autos da ADI nº 2.135/DF, em 2 de agosto de 2007, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a vigência do caput do artigo 39 da Carta Magna, em sua redação dada pela Emenda Constitucional (EC) nº 19/1998, prevaleceu, no ordenamento jurídico pátrio, o princípio de que todos os servidores dos órgãos e entidades da Administração Pública Direta, autarquias e fundações públicas se submetem, no âmbito de cada unidade federada, ao mesmo regime jurídico;

F. Nesse sentido, leis formais federais, estaduais, distritais e municipais devem estabelecer as regras sobre requisitos de investidura, provimento, posse, exercício, vacância, jornada de trabalho, promoção, direitos, vantagens, garantias, obrigações, deveres, responsabilidades e penalidades aplicadas aos servidores pelo ente público a que estejam vinculados;

G. Dessa forma, incorre em erro a defesa de que o emprego do termo Estado, com inicial maiúscula, por si só, estenderia a abrangência do dispositivo aos servidores de outros entes federativos, in casu, aos do município de Trindade;

H. Conquanto a alegada boa-fé, esta não constitui, no presente caso, óbice ao poder-dever de revisão do ato, senão circunstância a ser analisada por ocasião da aferição de eventual dever de ressarcimento ao Erário;

I. Ademais, a concessão da licença-prêmio a outros servidores beneficiados com o mesmo entendimento aplicado no caso em epígrafe está obtendo pareceres desta Advocacia Setorial pela revisão do ato, e, em todos os casos, com recomendação de observância do contraditório e da ampla defesa;

J. No que diz respeito à produção dos efeitos jurídicos dos atos supostamente ilegais de aproveitamento de tempo de serviço prestado a outro ente federativo, para fins de promoção, com base no §5º do artigo 25 da Lei 16.894/2010, verifica-se que a

(7)

temática não possui afinidade com a questão em tela, tampouco legitima a manutenção do ato em revisão, como pretende fazer crer o servidor;

K. Da mesma forma, não carece de razoabilidade, nem ofende o alegado direito adquirido a mudança de postura da Administração ao propor a anulação do ato; trata-se, na verdade, do exercício do poder de autotutela previsto no artigo 53 da Lei 13.800/2001, in verbis:

Art. 53 – A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

L. Nesse sentido, também, é a Súmula 473, do Supremo Tribunal Federal:

A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

M. Dos atos ilegais, portanto, não se originam direitos; daí porque não se há de falar em incorporação do direito ao patrimônio jurídico do servidor;

N. Sentindo-se prejudicado por ter sido, no seu sentir, tolhido de seu direito às licenças-prêmios adquiridas sob a égide da lei estatutária municipal, deve o servidor se reportar ao município com o qual possuiu vínculo pelo que eventualmente entender de direito, e não exigir que o Estado de Goiás assuma o passivo de outro ente federado;

O. Ante o exposto, as razões apresentadas pelo servidor interessado não foram capazes de infirmar as conclusões desta Advocacia Setorial, motivo pelo qual reiteramos os termos do Despacho ADSET nº 0093/2018, pela anulação da Resolução Administrativa RA nº 220/2014;

Considerando tudo que foi exposto, acatando a manifestação da Advocacia Setorial da Procuradoria Geral do Estado que atua neste Tribunal, o voto do Relator é pela anulação da Resolução Administrativa RA n° 00220/14, para invalidar o 1º (primeiro), 2º (segundo) e 3º (terceiro) quinquênios de licença-prêmio;

(8)

Considerando o teor do processo nº 06836/2014;

RESOLVE:

Art. 1º Acolhendo a manifestação do Relator, anular a Resolução Administrativa RA n° 00220/14, que concedeu ao servidor Aduil Lúcio Borges, ocupante do cargo de Motorista, Classe B, Padrão 1, as licenças-prêmios relativas aos 1º (primeiro), 2º (segundo) e 3º (terceiro) quinquênios.

Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE GOIÁS, 5 de agosto de 2020.

Presidente: Joaquim Alves de Castro Neto Relator: Francisco José Ramos.

Presentes os conselheiros: Cons. Daniel Augusto Goulart, Cons. Francisco José Ramos, Cons. Joaquim Alves de Castro Neto, Cons. Fabrício Macedo Motta, Cons. Sérgio Antônio Cardoso de Queiroz, Cons. Valcenôr Braz de Queiroz, Cons. Sub. Flavio Monteiro de Andrada Luna, Cons. Sub. Irany de Carvalho Júnior, Cons. Sub. Maurício Oliveira Azevedo, Cons. Sub. Vasco Cícero Azevedo Jambo e o representante do Ministério Público de Contas, Procurador Henrique Pandim Barbosa Machado. Votação:

Votaram (ou) com o Cons. Francisco José Ramos: Cons. Daniel Augusto Goulart, Cons. Joaquim Alves de Castro Neto, Cons. Sérgio Antônio Cardoso de Queiroz, Cons. Fabrício Macedo Motta, Cons. Valcenôr Braz de Queiroz.

Referências

Documentos relacionados

– A laicização (ou secularização) do direito da família, no du- plo sentido de substituição das fontes canónicas pelas fontes estaduais e da sua aplicação universal, ou

The objective of this study was to evaluate the influence of sorghum silage diets with different grain concentrate levels on ruminal parameters, nutrient intake and

Pretendo, a partir de agora, me focar detalhadamente nas Investigações Filosóficas e realizar uma leitura pormenorizada das §§65-88, com o fim de apresentar e

A utilização de um site como ferramenta no ensino de aprendizagem pode levar à introdução de um novo conceito, o e-portefólio, servindo este espaço de repositório de trabalhos

O Documento Orientador da CGEB de 2014 ressalta a importância do Professor Coordenador e sua atuação como forma- dor dos professores e que, para isso, o tempo e

F REQUÊNCIAS PRÓPRIAS E MODOS DE VIBRAÇÃO ( MÉTODO ANALÍTICO ) ... O RIENTAÇÃO PELAS EQUAÇÕES DE PROPAGAÇÃO DE VIBRAÇÕES ... P REVISÃO DOS VALORES MÁXIMOS DE PPV ...

As questões acima foram a motivação para o desenvolvimento deste artigo, orientar o desenvol- vedor sobre o impacto que as cores podem causar no layout do aplicativo,

Parágrafo Oitavo: Ao final do período de cada 180 (cento e oitenta) dias, haverá um balanço geral das horas lançadas no Banco de Horas, sendo que o saldo positivo será pago