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O PDDE E A RESOLUÇÃO DO FNDE Nº 5/2014: UMA INVESTIGAÇÃO DOS IMPACTOS GERADOS NAS TRANSFERÊNCIAS FINANCEIRAS PARA AS ESCOLAS PÚBLICAS.

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1 O PDDE E A RESOLUÇÃO DO FNDE Nº 5/2014: UMA INVESTIGAÇÃO DOS

IMPACTOS GERADOS NAS TRANSFERÊNCIAS FINANCEIRAS PARA AS ESCOLAS PÚBLICAS.

Pablo Aguiar Castro Batista – PPEB/UFPA/Brasil- admpabloaguiar@yahoo.com.br Aliny Cristina Silva Alves – PPEB/UFPA/Brasil – aliny.alves@gmail.com

Floriana Aguiar Castro Batista – UFPA/Brasil – florianaguiar@gmail.com

RESUMO

Esse estudo de caso visou analisar as implicações da Resolução do FNDE nº 5/2014 para as transferências financeiras dos recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola às escolas da educação básica brasileira. Ele também fez uso de revisão bibliográfica e de pesquisa documental que possibilitou perceber a modificação no montante disponibilizado em comparação com o orçamento previsto. Na pesquisa foram apresentados os valores devidos e os valores pagos dos recursos pelo FNDE para uma escola da rede estadual pública paraense nos anos de 2013, 2014 e 2015. A análise demonstrou que essa Resolução diminuiu a capacidade de aquisições para a escola analisada.

Palavras-chave: Resolução FNDE. PDDE. Transferências de Recursos.

1 – INTRODUÇÃO

O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) é a segunda política de financiamento educacional mais antiga, superada apenas pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e em relação ao volume de recursos, se caracteriza como a quarta em transferência, ficando atrás apenas da complementação do governo federal por intermédio do FUNDEB1, da divisão2 do salário educação entre os entes federativos

e da merenda escolar (MAFASSIOLI, 2017).

Os repasses financeiros do PDDE eram realizados às escolas públicas em uma única parcela (PERONI, 2007). Entretanto essa situação perdurou até o ano de 2013, pois em 2014 entrou em vigor a Resolução FNDE3 nª 5/2014 que passou a dividir os

recursos do programa e de suas ações em duas parcelas (Art. 2). O Acórdão 1.007/2016 do Tribunal de Contas da União (TCU), no item 170, retrata a crise fiscal do Estado brasileiro como causa para a adoção de tal normativa.

Saviani (2008, p. 228) aponta o “atrelamento da prestação de serviços sociais ao desempenho da economia”. Para o autor, tal fato se torna evidente a partir da

1O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da

Educação.

2Mafassioli (2017) retrata que o fato de a divisão do salário educação entre os entes federativos tratar-se

de repartição de receitas, o PDDE passa a se caracterizar como a terceira em montante de transferências.

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priorização da aplicação dos recursos financeiros estatais para o fomento econômico em detrimento da garantia dos direitos dos cidadãos, principalmente no momento em que a atividade econômica diminui o ritmo de crescimento, resultando na adoção de medidas de limitação de recursos para as ações públicas, abrangendo inclusive a educação.

A Resolução nº 5 de 31 de março de 2014 foi uma das medidas adotadas pela União para gerenciar a crise fiscal vivenciada pelo Estado brasileiro nesse período, sendo ela a responsável pela promoção de impactos no repasse de recursos financeiros para o interior da escola pública brasileira, como o observado em uma escola da rede estadual paraense, que aqui foi identificada como Escola Japiim4, a qual teve que

realizar adequações para a nova realidade financeira.

Por isso, esta pesquisa apresenta como objeto de estudo o PDDE e procurou responder a seguinte questão: qual o impacto financeiro causado pela modificação das transferências dos recursos do PDDE no interior da Escola Japiim após a implantação da Resolução nº 5/2014? E deteve como objetivo analisar os repasses dos recursos financeiros desse programa disponibilizados para a Escola Japiim após a implantação da Resolução do FNDE nª 5/2014. A análise do PDDE e de suas modificações se faz necessário, pois ele é o principal meio de disponibilidade financeira das escolas públicas do Brasil.

2 – METODOLOGIA

Essa pesquisa se caracterizou como um Estudo de Caso que apresentou a Escola Japiim como referência para retratar as implicações ocorridas após a implantação da norma jurídica da Resolução do FNDE nª 5/2014 e fez uso da revisão bibliográfica, por intermédio de Saviani (2008) para retratar a prioridade dos recursos públicos para a atividade econômica em relação a garantia dos direitos sociais, Mafassioli (2017) e Peroni (2007) para evidenciar a relevância e as características do PDDE.

Também foi realizada a pesquisa documental como instrumento de análise do programa e fez uso da Resolução do FNDE nº 5/2014 para apresentar a mudança do formato de repasse do programa, do Acórdão 1.007/2016 do TCU que identificou as razões da modificação do formato de transferência do PDDE e as informações das Relações das Unidades Executoras (REX) da Secretária de Estado de Educação do Pará do PDDE de 2013, 2014 e 2015 que contém as informações da Escola Japiim.

4 Esse nome fictício foi adotado em uma alusão à cidade de Castanhal – PA, tendo como interesse

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3 3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Criado pelo governo federal em 1995, o PDDE inicialmente foi denominado de Programa de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (PMDE). Sua norma jurídica foi implantada pela Resolução do FNDE Nº 12 de 1995 e detinha por propósito acelerar o repasse financeiro direto para as escolas. A principal característica do programa estava na adoção de medidas de descentralização financeira por intermédio de ações que reduziram a burocracia na administração pública (PERONI, 2007).

A autora menciona que a substituição do PMDE para PDDE ocorreu pela Medida Provisória nº 1.784/1998 e reafirmada pela Medida Provisória nº 2.100-32/2001. Salienta ainda, que o programa atende as escolas públicas e as instituições privadas sem fins lucrativos que possuem como alvo os alunos da educação especial, além de apontar o Salário Educação, uma das fontes do financiamento da educação nacional, como o responsável pelo seu provimento.

Devido a crise fiscal e o contingenciamento de recursos para fortalecer a atividade econômica, no ano de 2014, o FNDE modificou a forma de repasse dos recursos do programa por intermédio da Resolução n º 5/2014. Tal mecanismo legal foi o responsável pela redução dos recursos financeiros do PDDE que deveriam ser direcionados para as escolas públicas, pois dividiu os recursos em duas parcelas, mas em alguns casos, o repasse destas não se deu no ano programado.

Ao adotar a escola como referência, a nova resolução apresenta impactos substanciais de redução financeira. Na Escola Japiim, a diminuição de recursos do PDDE foi considerável, a tabela a seguir apresenta o cenário oriundo por intermédio da implantação dessa resolução, em que o valor devido representou os recursos planejados de repasses pelo FNDE para à escola e o valor pago caracterizou-se pelos recursos depositados na conta da referida Unidade Executora (UEX).

Tabela 1 – Valores nominais devidos e pagos à Escola Japiim no período de 2013 a 2015

Ano Valor Devido (R$) Valor Pago (R$)

2013 27.720,00 27.720,00

2014 22.200,00 11.100,00

2015 25.240,00 11.100,00

Fonte: Adaptado pelo autor a partir das Relações das Unidades Executoras da Secretária de Estado de Educação do Pará elaboradas pelo FNDE dos anos de 2013, 2014 e 2015, as quais apontam os valores devidos e pagos em sua estrutura.

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Em 2013, antes da entrada em vigor da Resolução 5/2014, os recursos do PDDE eram transferidos em parcela única, nesse caso específico a escola recebeu em sua totalidade o recurso que ela teria direito. Todavia, em 2014 a situação foi alterada com o advento do novo marco legal, do total de R$ 22.200,00 devido pelo FNDE, a referida instituição de ensino recebeu apenas 50% da quantia no referido ano, o que prejudicou de forma significativa o seu poder de aquisições nesse período.

Entretanto, o ano de 2015 apresentou um cenário mais devastador, pois mesmo o FNDE tendo elevado os recursos do valor devido, a escola não recebeu nenhum centavo dos valores definidos no referido ano. No período em questão, a referida instituição foi beneficiada apenas pela segunda parcela de 2014, trazendo a luz o hiato desse marco legal, pois ele não obriga a transferência das parcelas no mesmo ano, o que oportunizou ao FNDE essa ação que prejudicou a escola em análise.

4 – CONCLUSÕES

A prioridade da aplicação dos recursos estatais é no provimento da atividade econômica, isso leva o poder público a adotar medidas que retiram recursos das ações sociais para fortalecer a atividade econômica. A Resolução do FNDE Nº 5 de 31 de março de 2014 que modificou o formato de repasse do PDDE é um exemplo emblemático desse direcionamento, pois retirou recursos financeiros das escolas públicas.

Além de promover a divisão de recursos do PDDE transferidos para as escolas públicas, essa medida adotada pelo FNDE possibilitou a adoção de ações que prejudicaram ainda mais a escola, pois além de fracionar os recursos, gerou a oportunidade de não pagamento dos recursos planejados, situação esta que retirou um montante significativo de recursos financeiros da escola analisada, o que diminuiu a capacidade dela de desenvolver as práticas educativas vigentes dentro desse ambiente.

Sem dúvida alguma tal norma jurídica dificultou ainda mais a conquista da autonomia das escolas, pois a diminuição dos recursos financeiros do programa eleva a dependência desses estabelecimentos aos sistemas de ensino, que em diversas oportunidades, se isentam de cumprir com o papel de suprir as demandas existentes dentro dessas instituições que a eles são vinculados, dificultando desse modo a conquista dos padrões de qualidade tão requisitados pela população brasileira.

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BRASIL. MEC. FNDE. Resolução nº 5, 31 de março de 2014, que dispõe sobre a efetivação das transferências de recursos destinados ao Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e demais ações vinculadas referentes ao exercício 2014.

FUNDO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO. Relação das

unidades executoras da Secretaria de Educação do Estado do Pará do programa dinheiro direto na escola – PDDE 2013 Disponível em: <www.fnde.gov.br>. Acesso em: 01 de jan. de 2017.

_____,.Relação das unidades executoras da Secretaria de Educação do Estado do

Pará do programa dinheiro direto na escola – PDDE2014. Disponível em:

<www.fnde.gov.br>. Acesso em: 01 de jan. de 2017.

_____,.Relação das unidades executoras da Secretaria de Educação do Estado do

Pará do programa dinheiro direto na escola– PDDE 2015. Disponível em:

<www.fnde.gov.br>. Acesso em: 01 de janeiro de 2017.

MAFASSIOLI, Andréia da Silva. Programa Dinheiro Direto na Escola

(Re)formulações e implicações na gestão escolar e financeira da educação básica (1995 – 2015). Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em

Educação, Faculdade em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.

PERONI, Vera Maria Vidal. Programa dinheiro direto na escola: uma proposta de

redefinição do papel do Estado na educação?/ Brasília – Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2007.

SAVIANI, Dermeval. Da nova LDB ao FUNDEB: por outra política educacional. 2ª ed. rev. e ampl. – Campinas, SP. Autores Associados, 2008.

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Acórdão nº 1.007/2016. Plenário. Relator:

Ministro. Ana Arraes. Sessão de 27/4/2016. Disponível em:

<http://www.tcm.pa.gov.br/portal-do-jurisdicionado/docs/resolucoes/Acordao.pdf>.

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