ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM
INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA
LITERATURA
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Resumo: Analisar sobre a os cuidados de enfermagem às crianças e adolescentes com insuficiência renal crônica. Trata-se de uma revisão de literatura integrativa baseada na pesquisa bibliográfica, sendo este um método que permite a reunião de produções científicas acerca da temática, realizada a partir do levantamento de referências teóricas publicadas, no período de 2008 a 2018, em obras, artigos científicos e páginas eletrônicas, permitindo a coleta de informações de trabalhos já publicados. É papel do enfermeiro nefrologista manter uma relação interpessoal entre paciente-família, porque assim é possível humanizar a assistência e oferecer um cuidado individualizado. Diante disso, ressalta-se que a comunicação é fundamental para tornar os clientes mais confiantes e confortáveis para expressar suas angústias, possibilitando uma reflexão positiva ao tratamento. A humanização nas práticas assistenciais consegue permitir sobre o cuidar e o ser cuidado, assim sendo colocar esta população pediátrica em contato com a realidade, apoiando durante o processo de terapêutico, elaborando palestras e cartilhas educativas, informando e orientando sobre sua doença e tratamento, buscando diminuir o sentimento de ansiedade. Descritores: Doença Renal, Enfermeiro, Humanização.
Nursing care for children and adolescents with chronic renal failure: an integrative review of the literature
Abstract: To analyze nursing care in children and adolescents with increased chronic renal pressure. This is a literature review based on bibliographical research, which is a method that allows the accomplishment of a scientific production on the subject, carried out from the survey of published references, from 2008 to 2018, in works, scientific and electronic pages, allowing a collection of information of works already published. The role of the nephrologist nurse maintains an interpersonal relationship between patient-family, because it is thus possible to humanize care and provide individualized care. Therefore, communication is fundamental to make clients more confident and comfortable for their networks, enabling a positive approach to treatment. Humanization in care practices is a tool to support decision making, with emphasis on the therapeutic process, elaborating lectures and educational booklets, informing and guiding about their illness and treatment, seeking to reduce the feeling of anxiety.
Descriptors: Renal Disease, Nurse, Humanization.
Asistencia de enfermería a los niños y adolescentes con insuficiencia renal crónica: una revisión integrativa de la literatura
Resumen: Analizar sobre los cuidados de enfermería a los niños y adolescentes con insuficiencia renal crónica. Se trata de una revisión de literatura integrativa basada en la investigación bibliográfica, siendo este un método que permite la reunión de producciones científicas acerca de la temática, realizada a partir del levantamiento de referencias teóricas publicadas, en el período de 2008 a 2018, en obras, artículos científicos y páginas electrónicas, permitiendo la recolección de informaciones de trabajos ya publicados. Es papel del enfermero nefrologista mantener una relación interpersonal entre paciente-familia, porque así es posible humanizar la asistencia y ofrecer un cuidado individualizado. Por eso, se destaca que la comunicación es fundamental para hacer que los clientes sean más confiados y cómodos para expresar sus angustias, posibilitando una reflexión positiva al tratamiento. La humanización en las prácticas asistenciales logra permitir sobre el cuidar y el ser cuidado, así siendo colocar esta población pediátrica en contacto con la realidad, apoyando durante el proceso de terapéutico, elaborando charlas y cartillas educativas, informando y orientando sobre su enfermedad y tratamiento, buscando disminuir el sentimiento de ansiedad.
Descriptores: Enfermedad Renal, Enfermero, Humanización. Danielle Galdino de Souza
Enfermeira. Especialista em Urgência e Emergência (CEEN). Mestrando em Nanociência e Nanobiotecnologia (UnB). E-mail: danielle.galdino@hotmail.com
Marcia Lopes da Silva
Enfermeira no Hospital Municipal de Porangatu-GO. Especialista em Gestão em Saúde Pública, Coletiva e da Família (FACIMAB). Especialista em Nefrologia (CGESP). E-mail: mar_luzdedeus@hotmail.com
Marina Tomasi
Enfermeira no Hospital Municipal de Porangatu-GO. Especialista em Urgência e Emergência (CEEN). Especialista em Nefrologia (CGESP). E-mail: marinatomasi2017@gmail.com
Milene Maria Ferreira
Enfermeira, Docente PRONATEC, Especialista em Urgência e Emergência. Especialista em Psicopedagogia área clínica e hospitalar. Especialista em Nefrologia (CGESP). E-mail: mileneandrade_2@hotmail.com
Nithya Deyelly Batista Neves Guidão
Especialista em Nefrologia. Especialista em Obstetrícia. E-mail: nithyadeyelly2006@hotmail.com
Sebastião Andrade e Silva
Médico especialista em Ginecologia e Obstetrícia. Médico Ginecologista e Obstetra do Hospital Municipal de Porangatu-GO. Sócio e Diretor técnico da G.O. Diagnósticos. Diretor Geral do Hospital Policlinica Modelo de Porangatu LTDA. E-mail: godiagnosticos@hotmail.com Submissão: 06/09/2018
I n t r o d u ç ã o
As condições crônicas (CC) são consideradas um problema de saúde pública no Brasil, em virtude das consequências que acometem os principais níveis sociais e econômicos. É de fato um aspecto preocupante quando doenças como câncer, diabetes e doenças renais atingem crianças e adolescentes, necessitando, dessa forma, de profissionais cada vez mais capacitados para acolher esses indivíduos que merecem um enfoque especial1.
A insuficiência renal ocorre quando os rins perdem a capacidade de filtrar os resíduos metabólicos do sangue, como a creatinina e a ureia nitrogenada. No entanto, se a insuficiência renal se torna crônica, ocorre o aumento da pressão arterial, assim os rins acabam perdendo a capacidade de produzir quantidades necessárias de hormônio como a eritropoietina, sendo esta importante para estimular a formação de glóbulos vermelhos. Em crianças, esta patologia acaba afetando o crescimento dos ossos,
resultando em ossos frágeis e anômalos,
comprometendo seu desenvolvimento2.
A doença renal crônica (DRC) acomete nos indivíduos uma dependência, manifestada em forma de estresse, distúrbio emocional, perturbação na autoestima e comprometimento da qualidade de vida. A evolução de uma insuficiência renal aguda para uma crônica ocorre em questão de meses ou anos, sendo um processo lento e progressivo, quando não sendo tratado adequadamente3.
A DRC é um diagnóstico caracterizado por ser sindrômico de perda progressiva e, na maioria das vezes, irreversível da função renal, diminuindo a qualidade de vida das pessoas e levando a óbitos. Em
vista disso, a população pediátrica necessita de uma atenção especial, já que enquanto em adultos a patologia acomete em virtude da hipertensão arterial e diabetes mellitus, nas crianças é, geralmente, por anomalias nos rins e trato urinário, nefropatias hereditárias, baixo peso, e até mesmo elevada pressão arterial e obesidade4.
Diante da contextualização, surgiu-se o seguinte questionamento: Como o enfermeiro nefrologista pode lidar no cuidado às crianças e adolescentes com insuficiência renal crônica?
Justifica-se a escolha do tema proposto, com base na necessidade em analisar se os profissionais de enfermagem especializados em nefrologia estão preparados para oferecer uma assistência de qualidade e humanizada às crianças e adolescentes com insuficiência renal crônica.
O objetivo geral do estudo é analisar sobre os cuidados de enfermagem às crianças e adolescentes com insuficiência renal crônica.
M a t e r i a l e M é t o d o
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, cuja coleta de dados foi durante os meses de março a maio de 2018. Este método consiste em permitir a atualização de discussões relacionadas a um tema específico, por meio de uma síntese de estudos publicados.
Foi realizada a partir do levantamento de referências teóricas publicadas, no período de 2008 a 2018, em obras, artigos científicos e páginas eletrônicas, permitindo a coleta de informações de trabalhos já publicados.
A revisão integrativa é composta por seis fases, sendo descritas suas correspondentes ações no estudo.
Identificação do tema ou questionamento da revisão integrativa
A identificação do tema “Assistência de Enfermagem às crianças e adolescentes com insuficiência renal crônica: uma revisão integrativa da literatura” e da questão norteadora “Como o enfermeiro nefrologista pode lidar no cuidado às crianças e adolescentes com insuficiência renal crônica? se deu pela pouca elaboração científica em relação ao tema.
Amostragem ou busca na literatura
Realizou-se uma busca das publicações na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), nas bases de dados da Literatura Latino-Americana do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), na Revista Brasileira de Enfermagem (REBEn), na biblioteca digital Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF).
As palavras-chave utilizadas foram: doença renal, enfermagem, insuficiência renal crônica. Os critérios para a escolha das palavras chave consistiram em pertencer aos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e representar ao menos em parte a temática do estudo.
Como critérios de inclusão dos artigos estabeleceram- se: artigos completos; publicados no período entre 2008 a 2018; disponíveis no idioma português e inglês; indexados nas bases de dados mencionadas; que versassem acerca da atuação do enfermeiro em crianças e adolescentes com insuficiência renal crônica.
Categorização dos estudos
As informações extraídas dos artigos
selecionados se referiram aos seguintes itens: título
do periódico e do artigo; titulação dos autores; ano, local, volume e número da publicação. Além desses itens, nos estudos foram observadas as informações sobre as metodologias utilizadas, os resultados alcançados e as conclusões a que os autores chegaram.
Avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa
Foi realizada a busca inicial pelos resumos dos artigos que respondiam aos descritores adotados e, selecionados aqueles que mencionavam fatores relacionados à atuação do enfermeiro em crianças e adolescentes com insuficiência renal crônica.
Interpretação dos resultados
A partir de repetidas leituras dos resumos selecionados na fase anterior, se extraiu aqueles estudos que versavam a respeito da atuação do enfermeiro em crianças e adolescentes com insuficiência renal crônica. Em relação ao tratamento dos dados, foi aplicado o método de Análise de Conteúdo, que propiciou o agrupamento do conteúdo estudado em categorias temáticas.
A análise de conteúdo foi desenvolvida em três etapas seguidas por:
a) etapa I - pré-exploração do material: nessa etapa foram realizadas leituras flutuantes dos artigos selecionados no intuito de conhecer o contexto e abstrair impressões importantes à construção da próxima etapa;
b) etapa II - seleção das unidades de análise: após a interação dos pesquisadores com o material, foram destacadas sentenças, frase e parágrafos que se apresentavam com maior frequência no objetivo de construir unidades temáticas;
c) etapa III - categorização dos estudos: nessa etapa por meio de leitura profunda do material distribuído nas categorias, foram expressos os
significados e as interpretações abstraídas no intuito de construir novos conhecimentos. Síntese do conhecimento evidenciado nos artigos analisados ou apresentação da revisão integrativa
Após leitura exaustiva do material selecionado, as informações capturadas foram disponibilizadas no quadro 1. Na discussão dos dados, são apontadas duas categorias temáticas: Assistência de enfermagem com ênfase na insuficiência renal crônica e Atuação do enfermeiro na insuficiência renal crônica em crianças e adolescentes.
R e s u l t a d o s e D i s c u s s ã o
Foram identificados 157 artigos, após a leitura dos títulos e resumos e, conforme a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, foram excluídos 146 artigos. Assim, a amostra final foi composta por 11 artigos científicos.
Os 11 artigos selecionados forma divulgados em onze periódicos nacionais diferentes. Os artigos estão sintetizados aleatoriamente no quadro 1, que traz a distribuição das produções publicadas entre 2008 e 2015, segundo tipo de estudo, objetivos, resultados e conclusões dos autores.
Quadro 1. Distribuição das produções publicadas entre 2008 e 2015 sobre a insuficiência renal crônica em crianças e adolescentes.
Estudo/Tipo Objetivo Níveis de evidências dos
estudos Conclusão Estudo 1 Estudo Metodológico Identificar aspectos impactantes da Qualidade de Vida relacionada à saúde de crianças e adolescentes com insuficiência renal crônica
em hemodiálise, sob a ótica de profissionais de
saúde.
Foram identificados sete temas: autocuidado, apoio
familiar, impacto do diagnóstico, expectativa do
transplante renal, evasão escolar, socialização e estigma, agrupados em três
domínios.
Os resultados evidenciaram aspectos que impactam a
qualidade de vida dessa clientela e, portanto, serão
considerados no desenvolvimento do modulo específico DISABKIDSR. Além
disso, esses aspectos são relevantes para elaboração e planejamento de ações direcionadas a crianças e adolescentes renais crônicos. Estudo 2 Estudo Qualitativo Compreender a vivência da criança com insuficiência renal crônica e analisar o significado que ela atribui a
esta vivência.
Foram entrevistadas oito crianças de 7 a 14 anos. Emergiram oito categorias conceituais que delinearam a trajetória da criança perante a
doença: “Descobrindo-se doente”, “Sofrendo mudanças
no dia-dia”, “Sentindo que está prejudicando outrem”,
“Sofrendo com outros problemas”, “Procurando acostumar-se”, “Igualando-se
às demais crianças”, “Não sendo forte o bastante” e “Projetando o futuro”.
A adaptação a uma doença crônica na infância é um processo complexo que se
modifica à medida que a criança e sua família superam enfrentamentos
anteriores. O relato da criança é muito importante
para identificarmos suas necessidades e assegurarmos uma assistência mais humanizada. Estudo 3 Caracterizar o perfil de crianças e adolescentes com insuficiência renal crônica acompanhados em
A principal etiologia foi a glomerulonefrite crônica (34,2%); 88,6% dos pacientes
foram diagnosticados e
Este estudo possibilitou conhecer esse perfil de pacientes, até então desconhecido, e pode
Estudo Quantitativo
unidades de nefrologia do município de Feira de
Santana-BA.
iniciaram o tratamento entre 10 e 20 anos de idade. As
comorbidades mais prevalentes foram hipertensão arterial sistêmica
(51,4%) e diabetes mellitus (48,6%). As principais manifestações clínicas associadas foram hipertensão
arterial sistêmica (51,4%), uremia (48,6%), edema (42,9%) e anemia (31,4%);
97,1% dos pacientes se submeteram a hemodiálise. A
maioria dos pacientes continuava em hemodiálise
(40%) com até 2 anos de tratamento (54,3%).
contribuir com o planejamento de ações assistenciais voltadas a essa
clientela.
Estudo 4
Estudo prospectivo, observacional e descritivo
Avaliar a evolução dos parâmetros antropométricos de crianças e adolescentes com doença renal crônica
(DRC) em tratamento conservador.
Os pacientes menores de dois anos e/ ou que permaneceram menos de três
meses em tratamento foram excluídos deste estudo. Os pacientes foram avaliados pelos escores Z (esc Z) de estatura por idade (E/I) e índice de massa corporal (IMC), sendo classificados em
desnutrição energético-proteica. O estudo totalizou
22 pacientes, sendo 11 do gênero masculino, com intervalo de seguimento de 12
a 41 meses, distribuídos nos seguintes estágios da doença renal crônica: estágio 2 (n=6), estágio 3 (n=7) e estágio 4 (n=9). Na admissão ao tratamento, 13 pacientes (59,1%) apresentaram desnutrição energético-proteica. Observaram-se
variações dos índices antropométricos do início do
tratamento para o final do estudo, principalmente nos estágios mais avançados da DRC, como o estágio 3. O nível
de rejeição da hipótese de nulidade foi fixado em 0,05.
O presente estudo reforça que a desnutrição energético-proteica é um achado comum na DRC e conclui que o acompanhamento multiprofissional e as orientações nutricionais específicas são essenciais
para manutenção e/ou recuperação nutricional da população pediátrica, frente
ao caráter progressivo da DRC. Estudo 5 Discutir os componentes clínicos associados às necessidades de cuidados a crianças e adolescentes acometidos de doença renal
crônica em tratamento dialítico.
Foram avaliados 33 prontuários quanto à identificação, causa da insuficiência renal crônica,
peso, comorbidades e tratamento. Houve um predomínio do sexo feminino
Pacientes em diálise peritoneal apresentaram níveis hematológicos e bioquímicos mais adequados. Os cuidados de enfermagem incluíram monitoramento dos exames,
Estudo Descritivo (60,6%), as principais causas foram as glomerulopatias (39,4%), seguidas das uropatias (36,4%), 51,5% apresentavam peso ≤ P3. As comorbidades mais frequentes foram hipertensão
e cardiopatia. A peritonite (30,3%) foi a complicação mais comum na diálise peritoneal, e a anemia (39,4%) na hemodiálise.
supervisão direta ao paciente e ações educativas relacionadas à prevenção de infecção. Estudo 6 Estudo quantitativo e qualitativo Descrever os cuidados prestados à criança com
doença renal.
Após a elaboração da pergunta norteadora, os dados foram postados em tabela por ordem decrescente
e as informações foram descritas e sintetizadas focando o tema do estudo. Os
enfermeiros devem manter-se atualizados sobre as fontes
de apoio e redes sociais disponíveis para promover a
saúde dessas famílias, pois eles convivem com a
incerteza de que o tratamento e as intervenções
sejam mesmo confiáveis ou necessárias. Em outras palavras, o ser humano é dotado de capacidade de discernimento de seus problemas e procuram solucioná-los através de experiências vividas por
outrem.
Foi concluído que o enfermeiro deve oferecer
segurança ao paciente dentro de seu setor de trabalho, como também dar
apoio aos familiares, diante dessas situações de extremo
estresse. O enfermeiro humanizado busca a provisão de complicações e está sempre preparado para
atender o indivíduo, esclarecendo suas dúvidas e
oferecendo apoio na adaptação ao tratamento.
Estudo 7
Estudo de corte transversal
Avaliar o conhecimento, atitude e prática dos cuidadores de crianças e adolescentes com doença
renal crônica em hemodiálise ou diálise peritoneal e associá-los às
condições socioeconômicas.
As diferenças das médias dos escores, segundo as condições socioeconômicas, foram comparadas através do Teste t de Student ou ANOVA;
considerando como significativo, p <0,05. Os cuidadores apresentaram dificuldades relacionadas ao conhecimento, atitude e prática. Observou-se diferença estatisticamente significativa na dimensão do conhecimento relacionado ao tipo de moradia (p=0,001) e escolaridade (p=0,014). No que se refere à atitude, não
houve significância. Com relação à prática, obteve-se diferença estatística quanto ao piso da moradia (p=0,015).
Condições socioeconômicas estão associadas ao conhecimento e a prática dos cuidadores de crianças e
adolescentes com doença renal crônica em hemodiálise ou diálise
Estudo 8
Estudo descritivo exploratório
Avaliar crianças com insuficiência renal crônica
(IRC) em tratamento hemodiálico; identificar e descrever os diagnósticos
de enfermagem.
Foram avaliadas cinco crianças com IRC em tratamento hemodiálico no período de março e abril de 2009. Os instrumentos de coleta de dados foram: exame
físico, entrevista e aplicação de um questionário referente
aos domínios apresentados pela Taxonomia II da NANDA.
Foram identificados 19 diagnósticos de enfermagem,
sendo encontrados em 100% dos pacientes dentre eles: Risco de infecção e Processos
familiares interrompidos.
Destacam-se algumas contribuições deste estudo
para a prática de enfermagem voltada a
crianças a tratamento hemodiálico. Alguns diagnósticos devem ser mais explorados na assistência de
enfermagem tais como: Risco de infecção (100%), Processos familiares interrompidos (100%), Eliminação urinária prejudicada (80%), Atividades de recreação deficiente (80%), Medo (80%), Intolerância à atividade (80%), Conhecimento deficiente (80%). Para o diagnóstico de enfermagem a literatura a ponta um instrumento útil
no planejamento das intervenções que visam a resolutividade do problema através de ações específicas para planejar cuidados a crianças em hemodiálise, contribuindo para desenvolvimento do profissional e consequentemente a melhoria da qualidade da assistência a estas crianças. Estudo 9
Estudo revisão de literatura
Identificar dificuldades parentais e estratégias utilizadas pelos enfermeiros na minimização do impacto familiar da DP na criança com DRC. A alteração do quotidiano familiar é uma das consequências da doença. Os
pais e, particularmente, as mães são os principais cuidadores destas crianças,
sendo referidas como dificuldades a manutenção do
emprego, limitações financeiras e custos elevados
dos cuidados.
As mudanças exigidas pela doença têm efeitos adversos
na dinâmica familiar e as intervenções do enfermeiro deverão centrar-se na identificação das dificuldades, no processo de adaptação, partilha de cuidados e promoção do bem-estar familiar. Sugerem-se estudos futuros,
centrados na avaliação dos resultados de intervenções de Enfermagem nas famílias
de crianças em DP. Estudo 10 Compreender o significado do transplante renal para
crianças em tratamento dialítico e conhecer suas expectativas em relação a
este tratamento.
Da análise de conteúdo emergiram quatro categorias:
Construindo o conhecimento sobre o transplante; Buscando
entender a espera pelo transplante; Criando expectativas de mudanças; Em contato com a frustração.
O estudo possibilitou compreender que as crianças percebem a realização do transplante
renal como a única possibilidade de voltarem a vivenciar uma vida normal.
Estudo de caso E do desenho estória com tema a categoria: Desvelando os sentimentos
através do desenho. Estudo 11
Estudo Descritivo
Desenvolver uma proposta de cuidado para familiares de crianças com doença renal crônica a partir das dificuldades enfrentadas no domicilio utilizando como referencial teórico as
Necessidades Humanas Básicas e a Classificação Internacional para a Prática
de Enfermagem (CIPE®) para denominar os
diagnósticos e as intervenções de enfermagem.
Na análise do material foram identificados os seguintes diagnósticos de enfermagem:
Ansiedade aumentada; Baixa aceitação do estado de saúde;
Conhecimento sobre a doença e tratamento diminuído; Não aderência ao
tratamento do filho; Rotina familiar prejudicada.
Espera-se que a proposta de cuidado desenvolvido nesta pesquisa proporcione aos pais melhor compreensão da
doença e promoção da continuidade do cuidado
domiciliar
Evidenciou-se que os processos mentais e sociais são fatores que influenciam negativamente a Qualidade de Vida relacionada à saúde (QVRS) de crianças e adolescentes. Dessa forma, se torna um estigma sofrido a insuficiência renal crônica a esta população específica, já que condiz com o fato de interromper as atividades escolares e a socialização1.
A necessidade de oferecer uma assistência de enfermagem mais humanizada condiz com os aspectos que envolvem toda uma estruturação do biopsicossocial do indivíduo. As características individuais e familiares requerem profissionais cada vez mais qualificados e capacitados, a fim de desenvolverem um vínculo entre enfermeiro, família e criança/adolescente. Ao passo de que, dessa maneira, consiga-se facilitar uma comunicação diante do processo saúde-doença, tornando mais seguro e eficiente o tratamento5.
Ao aprofundar os conhecimentos técnicos-científicos em pacientes como crianças e adolescentes com doença renal, possibilitar um desenvolvimento de ações por parte dos profissionais de enfermagem
que não possuem tanta experiência com este público. Assim, atuar com estes indivíduos facilita uma assistência mais individualizada e condicionadora de estratégias que visem a melhoria da qualidade de vida6.
A desnutrição energético-proteica é frequente em pacientes que apresentam a doença renal crônica, em vista disso, as crianças e adolescentes se encontram susceptíveis a desenvolverem essa perda significativa, comprometendo no crescimento e agravando o estado nutricional7.
É necessário que o enfermeiro nefrologista prime por uma assistência mais integralizada, promovendo mudanças como atividades educativas que envolvam os pacientes pediátricos, bem como também a família, principalmente no quesito da alimentação adequada, terapia medicamentosa e acesso à diálise3.
É papel do enfermeiro nefrologista manter uma relação interpessoal entre paciente-família, porque assim é possível humanizar a assistência e oferecer um cuidado individualizado. Diante disso, ressalta-se que a comunicação é fundamental para tornar os
clientes mais confiantes e confortáveis para expressar suas angústias, possibilitando uma reflexão positiva ao tratamento8.
A incidência e prevalência de doenças renais na população pediátrica é menor do que em adultos, entretanto, apesar de não ter tantos casos, ainda merece uma atenção especial, justamente por necessitar que exista um elo entre o enfermeiro e o paciente, indo muito mais além dos aspectos biológicos, por envolver todo um contexto social, psicológico e religioso4.
Na assistência de enfermagem à criança e adolescente com insuficiência renal crônica em tratamento de hemodiálise, os diagnósticos mais explorados são risco de infecção, processos familiares interrompidos, eliminação urinária prejudicada, atividades de recreação deficiente, medo, intolerância à atividade, conhecimento deficiente9.
É fato que os pais estressam mais com as crianças que possuem a patologia renal do que os pais que estão com suas crianças saudáveis, dessa forma são
viáveis aos profissionais de enfermagem
desenvolverem estratégias que minimizem o impacto familiar, por meio de intervenções que facilitem o processo adaptativo das famílias às necessidades das crianças10.
Compreender o indivíduo como um todo, melhora a qualidade assistencial, conduzindo ao reconhecimento da individualidade e da necessidade emocional, dessa forma obter conhecimento sobre as crianças e adolescentes, estando capacitado para desenvolver atividades com este público, possibilita o enfrentamento tanto aos pacientes como aos familiares11.
O enfermeiro nefrologista necessita desenvolver habilidades que não devem ficar apenas inerentes aos processos administrativos e assistenciais, mas sim ações educativas que possam estimular os pacientes com doenças renais e familiares ao autocuidado, tratamento dialítico e estabelecimento de normas e rotinas para prevenção e controle de infecções2.
C o n c l u s ã o
Ao levar em consideração sobre o fato que o enfermeiro nefrologista deve atuar na assistência às crianças e adolescentes com insuficiência renal crônica, é de suma importância determinar que, ao longo do estudo, observou-se que o estabelecimento de um vínculo entre profissional-paciente-família é primordial para que seja desenvolvida a segurança e eficiência no tratamento.
A humanização nas práticas assistenciais consegue permitir sobre o cuidar e o ser cuidado, assim sendo colocar esta população pediátrica em contato com a realidade, apoiando durante o processo de terapêutico, elaborando palestras e cartilhas educativas, informando e orientando sobre sua doença e tratamento, buscando diminuir o sentimento de ansiedade.
R e f e r ê n c i a s
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