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Deformações de cônicas e quádricas por operadores lineares

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Academic year: 2021

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(1)

Universidade Estadual de Campinas

Instituto de Matem´atica, Estat´ıstica e Computa¸c˜ao Cient´ıfica

Disserta¸c˜ao de Mestrado

Deforma¸c˜

oes de Cˆ

onicas e Qu´

adricas

por Transforma¸c˜

oes Lineares

por

Fabiano Pinto Tavares

Mestrado Profissional em Matem´atica - Campinas - SP

Orientadora:

Prof. Dr

a

Sueli Irene Rodrigues Costa

(2)
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(7)

.

(8)

(Plat˜ao)

(9)

.

(10)

´

A Deus, em primeiro lugar, por seus milagres, sua onipotente m˜ao que esteve e est´a sobre mim todos os dias;

`

A minha amada esposa Marcela, pelo seu apoio incondicional;

Aos meus pais, por acreditarem em mim e `a minha irm˜a K´atia, que sempre me apoiou e financiou, sem sua colabora¸c˜ao nada disto poderia ter acontecido;

`

A Profa. Sueli Costa, que como orientadora e amiga soube cobrar, mas

tamb´em n˜ao mediu esfor¸cos em oferecer todas as condi¸c˜oes necess´arias `a rea-liza¸c˜ao do presente trabalho;

Ao prof. Sim˜ao Stelmastchuk pela ajuda na co-orienta¸c˜ao, demonstrando sua generosidade em partilhar seus conhecimentos;

Aos professores Jos´e Pl´ınio Santos e Vilmar Trevisan por participarem da banca de defesa de disserta¸c˜ao e por suas sugest˜oes que sem d´uvidas enriqueceram o presente trabalho.

`

As Universidades Estaduais de Campinas e do Maranh˜ao, conjuntamente com a Capes por propiciarem a realiza¸c˜ao do Mestrado Profissional em Matem´atica.

`

A todos os professores do Curso de Mestrado Profissional em Matem´atica, que de uma forma direta ou indireta contribu´ıram para a realiza¸c˜ao desse trabalho;

Aos meus sogros Maur´ıcio e Flora, pela amizade e carinho; `

A minha cunhada Mˆonyka, por suas palavras prof´eticas e interface entre mim e minha esposa;

Aos “belgas” Murilo e Erenaldo, amigos de todas as horas.

Ao Cristiano, F´elix, Jo˜ao e aos demais colegas do laborat´orio, que me ajuda-ram bastante e me “aturararem” por todos estes dias.

(11)

.

(12)

Neste trabalho focalizamos a deforma¸c˜ao de cˆonicas e qu´adricas por trans-forma¸c˜oes lineares. Deduzimos de forma expl´ıcita os autovalores e autoveto-res ortonormais de matrizes reais 2 × 2 e 3 × 3, para os quais n˜ao h´a quase referˆencias na literatura e nem incorpora¸c˜ao nos programas computacionais de c´alculo simb´olico usuais. Esta determina¸c˜ao levou -nos a estudar um pouco da hist´oria da resolu¸c˜ao das equa¸c˜oes de terceiro grau e das condi¸c˜oes e formula¸c˜oes das ra´ızes reais destas. Os resultados foram utilizados na determina¸c˜ao expl´ıcita das deforma¸c˜oes por transforma¸c˜oes lineares de cˆonicas e qu´adricas, sendo estas discutidas em termos de caracter´ısticas das matrizes associadas.

Palavras-chave: Operadores Lineares, Autovalores, Cˆonicas, Qu´adricas, De-forma¸c˜oes Lineares.

(13)

Abstract

We discuss here the deformations of conics and quadrics under linear map-pings. We set explicitly the eingenvalues and the orthonormal eigenvectors of real symmetric 2 × 2 and 3 × 3 matrices. These expressions are scarce in the litera-ture and not incorporated in symbolic calculus software. The determination of those eigenvalues leaded us to the study of the solution of third degree equations and some of related historical aspects with focus on conditions and expressions for their real solutions Those results are used in the exact determination of the linear deformation of conics and quadrics in terms of the characteristics of their associated matrices .

keywords: Linear Mappings, Eigenvalues, Conics, Quadrics.

(14)

Agradecimentos ix

Resumo xi

Abstract xiii

Introdu¸c˜ao 1

1 Autovalores e Autovetores - uma aplica¸c˜ao geom´etrica 3 1.1 Autovalores e Autovetores. . . 3 1.2 Autovalores e autovetores das matrizes sim´etricas 2 × 2 e 3 × 3 . 7 1.2.1 A ´e uma matriz sim´etrica 2 × 2 . . . 7 1.2.2 A ´e uma matriz sim´etrica 3 × 3 . . . 9 1.3 Uma aplica¸c˜ao geom´etrica. . . 12 1.4 Dedu¸c˜ao e aspectos hist´oricos da equa¸c˜ao do 3o grau - solu¸c˜oes reais 19

1.4.1 Um pouco da hist´oria da equa¸c˜ao do 3o grau . . . . 19

1.4.2 Solu¸c˜ao da equa¸c˜ao do 3o grau . . . . 20

2 Imagem de uma cˆonica segundo uma transforma¸c˜ao linear no

plano 25

2.1 Deforma¸c˜ao da elipse . . . 25 2.1.1 ǫ ´e uma elipse centrada na origem e n˜ao rotacionada e TM

´e o operador nulo . . . 26 2.1.2 ǫ ´e uma elipse centrada na origem e n˜ao rotacionada e TM

´e um operador n˜ao nulo onde posto(M ) = 1 . . . 26 xv

(15)

xvi SUM ´ARIO

2.1.3 ǫ ´e uma elipse centrada na origem e n˜ao rotacionada e TM

´e um operador invert´ıvel . . . 29

2.1.4 ǫ ´e uma elipse qualquer . . . 33

2.2 Deforma¸c˜ao da hip´erbole . . . 38

2.3 Deforma¸c˜ao da par´abola . . . 38

2.3.1 σ ´e uma par´abola com v´ertice na origem e n˜ao rotacionada e TM ´e o operador nulo . . . 39

2.3.2 σ ´e uma par´abola com v´ertice na origem e n˜ao rotacionada e TM ´e um operador n˜ao nulo onde posto(M ) = 1 . . . 39

2.3.3 σ ´e uma par´abola com v´ertice na origem e n˜ao rotacionada e TM ´e um operador invert´ıvel . . . 41

2.3.4 σ ´e uma par´abola qualquer. . . 46

3 Imagem de uma qu´adrica segundo um operador linear no espa¸co. 51 3.1 Deforma¸c˜ao do elips´oide . . . 51

3.1.1 S(0, r) ´e uma esfera centrada na origem e TM um operador onde detM ´e n˜ao nulo . . . 52

3.1.2 ǫ ´e um elips´oide centrado na origem n˜ao rotacionado e TM um operador onde detM ´e n˜ao nulo . . . 55

3.1.3 ǫ ´e um elips´oide qualquer e TM um operador onde detM ´e n˜ao nulo . . . 59

3.1.4 S(0, r) ´e uma esfera centrada na origem e TM um operador onde posto(M ) = 1 . . . 64

3.1.5 S(0, r) ´e uma esfera centrada na origem e TM um operador onde posto(M ) = 2 . . . 68

3.1.6 ǫ ´e um elips´oide qualquer e TM um operador onde detM ´e nulo . . . 77

3.2 Deforma¸c˜ao do parabol´oide . . . 80

3.2.1 ρ ´e um parabol´oide circular com eixo de simetria em z e TM um operador onde detM ´e n˜ao nulo . . . 81

(16)

3.2.2 ρ ´e um parabol´oide el´ıptico centrado na origem ao longo do eixo z e TM um operador onde detM ´e n˜ao nulo . . . 84

3.2.3 ρ ´e um parabol´oide qualquer e TM um operador onde detM

´e n˜ao nulo . . . 86

(17)

Introdu¸c˜

ao

O objetivo desta disserta¸c˜ao, dentro dos prop´ositos deste programa, ´e o estudo e detalhamento de temas de interesse que tenham conex˜ao com as disciplinas de matem´atica do ensino superior. Neste trabalho focalizamos a deforma¸c˜ao de cˆonicas e qu´adricas por transforma¸c˜oes lineares.

No primeiro cap´ıtulo s˜ao introduzidos os conceitos de autovalor e autovetor de operadores e matrizes e o teorema da diagonaliza¸c˜ao das matrizes sim´etricas. Deduzimos de forma expl´ıcita os autovalores e autovetores de matrizes sim´etricas 2 × 2 e 3 × 3. ´E interessante notar que, no caso das matrizes 3 × 3, esta deter-mina¸c˜ao n˜ao tem quase referˆencias na literatura. Esta deterdeter-mina¸c˜ao levou -nos a estudar um pouco da hist´oria da resolu¸c˜ao das equa¸c˜oes de terceiro grau e das condi¸c˜oes e formula¸c˜oes das ra´ızes reais destas equa¸c˜oes. Observamos que, mesmo programas de c´alculo simb´olico potentes como o Maxima e o Mathema-tica n˜ao determinam explicitamente estas ra´ızes reais e novamente as referˆencias na literatura s˜ao escassas, do que pudemos constatar. Os c´alculos de autovalores e autovetores possibilitaram interpretar a deforma¸c˜ao causada por uma matriz sim´etrica num c´ırculo ou esfera.

Nos cap´ıtulos 2 e 3, os resultados do Cap´ıtulo 1 e parametriza¸c˜oes foram utili-zados na determina¸c˜ao exata das deforma¸c˜oes de cˆonicas e qu´adricas, sendo estas discutidas em termos de caracter´ısticas das matrizes associadas. Os resultados do desenvolvimento feito aparecem resumidos em proposi¸c˜oes.

Para c´alculos simb´olicos, num´ericos e gr´aficos foi utilizado o programa Ma-xima, que ´e aberto. Tamb´em utilizamos o programa Geogebra (aberto) para o tra¸cado de gr´aficos no plano. Assim, procedimentos como os que utilizamos aqui podem ser usados livremente, novamente dentro dos objetivos deste tarbalho e

(18)
(19)

Cap´ıtulo 1

Autovalores e Autovetores - uma

aplica¸c˜

ao geom´

etrica

Neste cap´ıtulo introduzimos os conceitos de autovalores e autovetores de um operador linear bem como de uma matriz. Definimos forma quadr´atica, matriz diagonaliz´avel e apresentamos o importante teorema de diagonaliza¸c˜ao das ma-trizes sim´etricas, deduzindo de forma expl´ıcita os autovalores e autovetores de matrizes sim´etricas 2 × 2 e 3 × 3. As referˆencias utilizadas foram [1],[2],[3] [4], [9] e [13]. Na subse¸c˜ao 1.4 colocamos os aspectos hist´oricos da resolu¸c˜ao da equa¸c˜ao do 3o grau e a dedu¸c˜ao da express˜ao das ra´ızes reais desta.

1.1

Autovalores e Autovetores.

Seja V um espa¸co vetorial e T um operador linear definido sobre V. Esta-mos interessados em encontrar vetores em V que s˜ao levados em seus m´ultiplos escalares segundo o operador T.

Defini¸c˜ao 1.1.1. Seja V um espa¸co vetorial e seja T : V → V um operador linear. Caso existam v ∈ V, v 6= 0 e λ ∈ R tal que T (v) = λv, diremos que λ ´e um autovalor de T associado ao autovetor v de T.

Se considerarmos operadores definidos no plano (ou no espa¸co), isto ´e, V = R2

(ou V = R3) temos que a imagem de um autovetor v, caso exista, estar´a sobre

a mesma reta que contˆem v. O autovalor λ por sua vez determina o sentido e o comprimento de T (v).

(20)

Para encontrarmos autovalores e autovetores de um operador linear T : V → V, fixando uma base α para V, podemos reescrever a equa¸c˜ao T (v) = λv na forma matricial A(v) = λv, onde A ´e a matriz do operador T na base α, ou seja, A = [T ]α

αe o vetor v dever´a ser considerado um vetor coluna. Desta forma temos:

A(v) = λv ⇔ (A − λI)v = 0.

A ´ultima equa¸c˜ao representa um sistema linear homogˆeneo e para que exista v 6= 0 que o satisfa¸ca ´e necess´ario e suficiente que det(A − λI) = 0. Logo os autovalores de T ser˜ao as ra´ızes do polinˆomio P (λ) = det(A − λI). Um fato importante ´e que este polinˆomio n˜ao depende da base fixada para o espa¸co V . Com efeito, do estudo das transforma¸c˜oes lineares e matrizes nos ´e garantido que B = C · A · C−1 , onde B ´e a matriz do operador T em uma base β arbitr´aria,

ou seja, B = [T ]ββ, e C ´e a matriz de mudan¸ca da base α para a base β, ou seja, C = [I]α

β. Logo temos:

det(B − λI) = det(C · A · C−1− λI) = det(C · A · C−1− λC · I · C−1)

= det(C(A − λI)C−1) = det(C)det(A − λI)det(C−1) = det(A − λI) = P (λ).

Este polinˆomio P (λ) ´e chamado polinˆomio caracter´ıstico do operador T e suas ra´ızes s˜ao os autovalores de T. Assim para cada λ resolvemos o sistema indeterminado (A − λI)v = 0 para determinarmos os autovetores associados. Na verdade, da solu¸c˜ao do sistema (A−λ1I)v = 0, segue que todo m´ultiplo escalar de

v ´e um autovetor associado a λ. Daqui por diante fica subtendido que quando se diz que v ´e um autovetor associado ao autovalor λ segundo um operador T, ent˜ao todo m´ultiplo escalar de v tamb´em o ser´a. A seguir ilustraremos este processo.

Exemplo 1.1.1. Seja T : R2 → R2 o operador linear definido por T (x, y) =

(x+2y, −x+4y). Fixando a base canˆonica, a representa¸c˜ao matricial do operador nesta base ser´a

(21)

1.1 Autovalores e Autovetores. 5 A =   1 2 −1 4   ,

logo seu polinˆomio caracter´ıstico ´e dado por P (λ) = det(A − λI) = λ2− 5λ + 6.

Resolvendo a equa¸c˜ao P (λ) = 0 encontramos as ra´ızes λ1= 2 e λ2 = 3. A partir

dos sistemas indeterminados (A − λiI)v = 0, i = 1, 2 encontramos os respectivos

autovetores associados v1=  1,1 2  e v2= (1, 1).

Exemplo 1.1.2. Seja T : R3 → R3 o operador linear definido por T (x, y, z) =

(x + y + z, 2y + z, 2y + 3z). Fixando a base canˆonica, a representa¸c˜ao matricial do operador nesta base ser´a

A =      1 1 1 0 2 1 0 2 3     .

Logo seu polinˆomio caracter´ıstico ´e dado por P (λ) = det(A−λI) = (1−λ)2(4−λ).

Resolvendo a equa¸c˜ao P (λ) = 0 encontramos as ra´ızes λ1 = λ2 = 1 e λ3 = 4. A

partir do sistema indeterminado (A − λI)v = 0, onde λ = λ1 = λ2 encontramos

os autovetores LI associados v1 = (1, 0, 0) e v2 = (0, 1, −1). A partir do sistema

indeterminado (A − λ3I)v = 0 encontramos o autovetor associado v3= (1, 1, 2).

Exemplo 1.1.3. O operador linear T : R2 → R2 definido por T (x, y) = (−y, x)

n˜ao possui autovalores e nem autovetores. Com efeito, fixando a base canˆonica, a representa¸c˜ao matricial do operador nesta base ´e

A =   0 −1 1 0   .

Logo seu polinˆomio caracter´ıstico ser´a P (λ) = det(A − λI) = λ2 + 1. Este

po-linˆomio n˜ao possui ra´ızes reais, logo o operador n˜ao tem autovalores e autovetores. Notemos que o operador linear pode ser assim escrito:

(22)

T   x y   =   −y x   =   0 −1 1 0     x y   =   cos 90 o − sin 90o sin 90o cos 90o     x y   .

Isto nos mostra que este operador define uma rota¸c˜ao no plano de 90o

no sentido anti-hor´ario. Por esta raz˜ao nenhum vetor n˜ao nulo ´e levado em um m´ultiplo escalar.

O teorema a seguir nos diz que o conjunto formado pelos autovetores associ-ados a um determinado autovalor e o vetor nulo ´e um subespa¸co vetorial.

Teorema 1.1.1. Seja T : V → V um operador linear e λ um autovalor de T. O conjunto Vλ = {v ∈ V ; T (v) = λv} ´e um subespa¸co vetorial de V. Este conjunto

´e denominado de autoespa¸co de T associado a λ.

Prova: ´E claro que 0 ∈ Vλ pois T (0) = 0 = λ0. Supondo que v1, v2 ∈ Vλ

temos T (v1+ v2) = T (v1) + T (v2) = λv1+ λv2= λ(v1+ v2), ou seja, v1+ v2∈ Vλ.

Supondo agora que v ∈ Vλ e γ ∈ R temos T (γv) = γT (v) = γ(λv) = λ(γv), ou

seja, γv ∈ Vλ. Portanto Vλ ´e um subespa¸co vetorial de V. 

O conceito de autovalores, autovetores e polinˆomio caracter´ıstico pode ser estendido para matrizes quadradas.

Defini¸c˜ao 1.1.2. Seja T : Rn → Rn definida, em rela¸c˜ao a base canˆonica, por

TA(v) = Av. Dizemos que λ ´e autovalor de A e v 6= 0 ´e autovetor de A se

TA(v) = λv. O polinˆomio caracter´ıstico de A ser´a ent˜ao P (λ) = det(A − λI).

Exemplo 1.1.4. Dadas A e B matrizes invert´ıveis, mostremos que os autovalores de AB e BA s˜ao os mesmos. Mostremos ainda que se λ ´e autovalor de AB com autovetor v, ent˜ao λ ´e autovalor de BA com autovetor Bv. Com efeito, suponhamos que P1(λ) e P2(λ) sejam os polinˆomios caracter´ısticos das matrizes

(23)

1.2 Autovalores e autovetores das matrizes sim´etricas 2 × 2 e 3 × 3 7

Calculando,

P1(λ) = det(AB − λI) = det(A(BA − λI)A−1) = det(A)det(BA − λI)det(A−1)

= det(BA − λI) = P2(λ).

Para a outra afirma¸c˜ao seja λ um autovalor de AB com autovetor v, isto ´e, AB(v) = λv. Multiplicando ambos os membros dessa equa¸c˜ao por B resulta que B(ABv) = B(λv). Logo BA(Bv) = λ(Bv). Portanto, λ ´e autovalor de BA com autovetor Bv.

1.2

Autovalores e autovetores das matrizes sim´

e-tricas 2 × 2 e 3 × 3

Nesta se¸c˜ao apresentamos os autovalores e autovetores das matrizes sim´etricas 2 × 2 e 3 × 3.

1.2.1

A ´

e uma matriz sim´

etrica 2 × 2

Considere a matriz sim´etrica

A =   a b b c   .

O polinˆomio caracter´ıstico de A ´e P (λ) = det(A − λI) = λ2− (a + c)λ + (ac − b2).

O discriminante de P (λ) = 0 ´e ∆ = (a − c)2+ 4b2. Como ∆ ≥ 0 segue que A

possui dois autovalores, os quais s˜ao dados por

λ = (a + c) ± p

(a − c)2+ 4b2

2 .

Para encontrarmos os autovetores associados vamos resolver o sistema indetermi-nado (A − λiI)v = 0, o qual ´e representado em forma matricial como:

(24)

  

(a − λi)x + by = 0

bx + (c − λi)y = 0

Aplicando a opera¸c˜ao elementar E : −bL1+ (a − λi)L2 → L2 no sistema acima

obtemos que    (a − λi)x + by = 0 0 + [(c − λi)(a − λi) − b2]y = 0

Notemos que para realizarmos a opera¸c˜ao elementar E devemos ter λi 6= a.

Como λi ´e autovalor de A temos que (c − λi)(a − λi) − b2 = 0, logo encontramos

como solu¸c˜ao do sistema x = b λi− a

y. Portanto se λi 6= a temos que o

auto-vetor associado ao autovalor λi ser´a

 b λi− a

, 1 

, i = 1, 2. Note que neste caso  b λ1− a , 1  e  b λ2− a , 1 

s˜ao ortogonais. Com efeito,

 b λ1− a , 1  ,  b λ2− a , 1  = b 2 (λ1− a)(λ2− a) + 1 = b 2 λ1λ2− (λ1+ λ2)a + a2 + 1 = b 2 (ac − b2) − (a + c)a + a2 + 1 = 0.

Se λi = a ent˜ao b = 0. Com efeito,

λi= (a + c) ± p (a − c)2+ 4b2 2 = a ±p(a − c)2+ 4b2 = a − c (a − c)2+ 4b2 = (a − c)2 b = 0.

Portanto, se λi = a teremos duas situa¸c˜oes: 1a) a 6= c. Aqui a matriz A ´e

(25)

1.2 Autovalores e autovetores das matrizes sim´etricas 2 × 2 e 3 × 3 9

(0, 1) associado ao autovalor c. 2a) a = c. Aqui a matriz A ´e diagonal e m´ultipla

da identidade, ent˜ao todo vetor n˜ao nulo do R2´e autovetor associado ao autovalor

a = c. Desta forma acabamos de mostrar a proposi¸c˜ao que se segue.

Proposi¸c˜ao 1.2.1. Seja A =   a b b c  

sim´etrica. Seus autovalores s˜ao dados por:

λ = (a + c) ± p

(a − c)2+ 4b2

2 .

Temos tamb´em que:

(i) Se λi 6= a, ent˜ao o autovetor associado ao autovalor λi ser´a

 b λi− a , 1  , i = 1, 2. (ii) Se λi= a, temos: 1o

caso: a 6= c. Neste caso (1, 0) ´e o autovetor associado ao autovalor a e (0, 1) ´e o autovetor associado ao autovalor c.

2o

caso: a = c. Neste caso todo vetor n˜ao nulo do R2 ´e autovetor associado

ao autovalor a = c.

1.2.2

A ´

e uma matriz sim´

etrica 3 × 3

Consideremos a matriz sim´etrica

A = (aij)3×3=      a b c b d e c e f     .

O polinˆomio caracter´ıstico de A ´e P (λ) = z3− (trA)z2+

(trA)2Pa2 ij

2

 z − detA. Como A ´e sim´etrica a equa¸c˜ao P (λ) = 0 tem as trˆes solu¸c˜oes reais, as quais s˜ao dadas pelas expres˜oes:

(26)

λ1 = 2 p −Q cos  θ 3  +trA 3 ; λ2 = 2 p −Q cos  θ + 2π 3  +trA 3 ; λ3 = 2 p −Q cos  θ + 4π 3  +trA 3 , onde, θ = arccos pR −Q3 ! ; Q = (trA) 2− 3Pa2 ij 18 ; R = 9(traA) P a2 ij− 5(traA)3+ 54detA 108 .

Os autovalores de A s˜ao as solu¸c˜oes da equa¸c˜ao do 3o grau dadas pela f´ormula

de Cardano (ver subse¸c˜ao 1.3). Para encontrarmos os autovetores associados vamos resolver o sistema indeterminado (A − λiI)v = 0, ou seja,

         (a − λi)x + by + cz = 0 bx + (d − λi)y + ez = 0 cx + ey + (f − λi)z = 0

Aplicando as opera¸c˜oes elementares E1 : −bL1+ (a − λi)L2→ L2 e E2 : −cL1+

(a − λi)L3→ L3 no sistema acima obtemos que

         (a − λi)x + by + cz = 0 [(d − λi)(a − λi) − b2]y + [e(a − λi) − bc]z = 0

[e(a − λi) − bc]y + [(f − λi)(a − λi) − c2]z = 0

Aplicando a opera¸c˜ao elementar E3: −[e(a − λi) − bc]L2+ [(d − λi)(a − λi) −

b2]L

(27)

1.2 Autovalores e autovetores das matrizes sim´etricas 2 × 2 e 3 × 3 11          (a − λi)x + by + cz = 0 [(d − λi)(a − λi) − b2]y + [e(a − λi) − bc]z = 0 Bz = 0 ,

onde B = [(f − λi)(a − λi) − c2][(d − λi)(a − λi) − b2] − [e(a − λi) − bc]2. Ao

realizarmos as opera¸c˜oes elementares E1, E2 e E3, estamos supondo que λi n˜ao ´e

autovalor das submatrizes de A :

A1 =  a  A2 =   a b b d   .

Como λi ´e autovalor de A temos que B = 0, logo encontramos como solu¸c˜ao

do sistema y = [bc − e(a − λi)]z (d − λi)(a − λi) − b2 e x = [cλi+ be − cd]z (d − λi)(a − λi) − b2 .

Portanto, considerando que λi n˜ao ´e autovalor das submatrizes A1 e A2 de A

temos que seu autovetor associado ser´a  cλi+ be − cd (d − λi)(a − λi) − b2 , bc − e(a − λi) (d − λi)(a − λi) − b2 , 1  . Desta forma acabamos de mostrar a proposi¸c˜ao que segue. Proposi¸c˜ao 1.2.2. Seja A = (aij)3×3=      a b c b d e c e f     .

(28)

sim´etrica. Seus autovalores s˜ao dados por: λ1 = 2 p −Q cos  θ 3  +trA 3 ; λ2 = 2 p −Q cos  θ + 2π 3  +trA 3 ; λ3 = 2 p −Q cos  θ + 4π 3  +trA 3 , onde, θ = arccos pR −Q3 ! ; Q = (trA) 2− 3Pa2 ij 18 ; R = 9(trA) P a2 ij− 5(traA)3+ 54detA 108 .

Supondo que λi n˜ao ´e autovalor das submatrizes de A :

A1 =  a  A2 =   a b b d   .

temos ent˜ao que  cλi+ be − cd (d − λi)(a − λi) − b2 , bc − e(a − λi) (d − λi)(a − λi) − b2 , 1  . ´e seu autovetor associado.

1.3

Uma aplica¸c˜

ao geom´

etrica.

As defini¸c˜oes e os teoremas a seguir servem de alicerce para as duas ´ultimas proposi¸c˜oes desta subse¸c˜ao, as quais s˜ao os principais resultados deste cap´ıtulo.

(29)

1.3 Uma aplica¸c˜ao geom´etrica. 13

Defini¸c˜ao 1.3.1. Uma forma quadr´atica nas vari´aveis x e y ´e uma aplica¸c˜ao Q : R2 → R definida por Q(x, y) = ax2+ by2+ cxy. Podemos representar esta

forma quadr´atica matricialmente do seguinte modo:

Q(x, y) = x y   a c 2 c 2 b     x y   .

Uma forma quadr´atica nas vari´aveis x, y e z ´e uma aplica¸c˜ao Q : R3 → R

definida por Q(x, y, z) = ax2+ by2+ cz2+ dxy + exz + f yz. Podemos representar

esta forma quadr´atica matricialmente do seguinte modo:

Q(x, y, z) = x y z       a d 2 e 2 d 2 b f 2 e 2 f 2 c           x y z     .

Defini¸c˜ao 1.3.2. Uma matriz quadrada A ´e dita diagonaliz´avel se existir uma matriz invert´ıvel P tal que P−1AP ´e uma matriz diagonal. Dizemos ent˜ao que a

matriz P diagonaliza A.

Inclu´ımos aqui a demonstra¸c˜ao do pr´oximo teorema, pois esta nos d´a um procedimento para diagonalizar uma matriz. Se A ´e diagonaliz´avel, ent˜ao A = P DP−1, onde as colunas de P s˜ao os autovetores de A e a matriz D ´e formada

pelos respectivos autovalores distribu´ıdos em sua diagonal principal.

Teorema 1.3.1. [1]. Seja A uma matriz quadrada de ordem n, ent˜ao A ´e dia-gonaliz´avel se, e somente se, A tem n autovetores linearmente independentes.

Prova: Suponha que A ´e diagonaliz´avel, ent˜ao existem P invert´ıvel e D diagonal tal que P−1AP = D da´ı AP = P D. Escrevendo

P = p1 ... pn

 ,

onde cada pi ´e um vetor coluna de n cordenadas i = 1, ..., n, obtemos que

AP = Ap1 ... Apn

 .

(30)

Mas P D = p1 ... pn          λ1 0 · · · 0 0 λ2 · · · 0 ... ... ... ... 0 0 · · · λn         = λ1p1 ... λnpn  .

Portanto Api = λipi para todo i = 1, ..., n, ou seja, λi ´e um autovalor de A

associado ao autovetor pi. Os autovetores pi′s s˜ao linearmente independentes j´a

que P ´e invert´ıvel.

Reciprocamente, suponha que A tem n autovalores (λ1, ..., λn) associados,

res-pectivamente, aos autovetores linearmente independentes p1, ..., pn. Escrevendo

a matriz P como P = p1 ... pn  , deduzimos que AP = Ap1 ... Apn  = λ1p1 ... λnpn  = p1 ... pn          λ1 0 · · · 0 0 λ2 · · · 0 ... ... ... ... 0 0 · · · λn         = P D.

Como as colunas de P s˜ao linearmente independentes segue que P ´e invert´ıvel. Logo P−1AP = D. Portanto A ´e diagonaliz´avel. 

Teorema 1.3.2. [13]. Se A ´e uma matriz sim´etrica, ent˜ao A ´e ortogonalmente diagonaliz´avel, ou seja, existe P ortogonal tal que PtAP ´e diagonal.

Enunciaremos e provaremos a seguir duas proposi¸c˜oes que ilustram uma aplica¸c˜ao geom´etrica dos conceitos de autovalores e autovetores.

Proposi¸c˜ao 1.3.1. Seja S(0, r) a circunferencia de equa¸c˜ao x2 + y2 = r2 e

(31)

1.3 Uma aplica¸c˜ao geom´etrica. 15 TM   x y   = M   x y   ,

onde M ´e sim´etrica. Ent˜ao a imagem de S(0, r) segundo o operador TM ´e a elipse

TM(S(0, r)) de equa¸c˜ao e u2 (λ1r)2 + ev 2 (λ2r)2 = 1,

onde λ1 e λ2 s˜ao os autovalores de M e euev ´e o referencial gerado pelos seus

respectivos autovetores ortonormais associados.

Prova: Suponhamos que M seja sim´etrica. Ent˜ao existe P ortonormal e D diagonal tal que M = P DPt. Escrevendo

TM   x y   =   u v   obtemos que   x y   = P D−1Pt   u v   .

Aplicando isto na forma matricial de S(0, r) deduzimos que

 x y   1 0 0 1     x y   = r2  u v  P D−1Pt   1 0 0 1   P D−1Pt   u v   = r2  u v  P D−2Pt   u v   = r2. (1.1) Tomando

(32)

  u v   = P   eu ev   (1.2) e substituindo em (1.1) obtemos  e u ev  D−2   eu ev   = r2. De onde,  e u ev   (λ1)−2 0 0 (λ2)−2     eu ev   = r2.

Portanto concluimos que

e u2 (λ1r)2 + ev 2 (λ2r)2 = 1. (1.3)

Sendo assim TM(S(0, r)) ´e uma elipse cuja equa¸c˜ao ´e dada por (1.3) e euev ´e o

referencial gerado pelos autovetores ortonormais de M. 

Em rela¸c˜ao `a proposi¸c˜ao acima, os autovalores e autovetores de M podem ser encontrados a partir da Proposi¸c˜ao 1.2.1. Ainda em rela¸c˜ao `a mesma proposi¸c˜ao, notamos que a ´area do c´ırculo passar´a de πr2 para πr2λ

1λ2, ou ainda πr2detM.

Na verdade esta deforma¸c˜ao da ´area ´e consequˆencia de um resultado mais geral. Dada uma fun¸c˜ao F : R2 → R2 injetiva, definida por F (x, y) = (u, v) com

derivadas parciais cont´ınuas, temos que uma regi˜ao plana R, fechada, limitada e contornada por um conjunto de curvas regulares ser´a levada para uma regi˜ao F (R) do plano e de ´area dada por

A(F (R)) = ZZ R ∂(u, v)∂(x, y) dx dy,

(33)

1.3 Uma aplica¸c˜ao geom´etrica. 17

onde ∂(u, v)

∂(x, y) ´e o determinante da matriz jacobiana ([5],[12]). Como para trans-forma¸c˜oes lineares no plano T (v) = TM = M v o determinante da matriz jacobiana

ser´a ∂(u, v)

∂(x, y) = detM, teremos que uma regi˜ao plana R nas condi¸c˜oes descritas anteriormente, ser´a deformada por TM numa regi˜ao TM(R) com ´area dada por

A(TM(R)) = |detM| A(R).

Observamos que neste caso a matriz n˜ao precisa ser sim´etrica. Uma an´alise das transforma¸c˜oes lineares que preservam ´areas (detM = ±1) e pode ser encontrada em [6].

Uma transforma¸c˜ao dada por uma matriz sim´etrica preservar´a a ´area, se e s´o se, seus autovalores forem inversos um do outro (a menos de um sinal). Neste caso, temos por exemplo que um c´ırculo ser´a deformado numa elipse com semi-eixos inversos um do outro.

Exemplo 1.3.1. Vejamos a imagem da circunferˆencia x2 + y2 = 1 segundo a

transforma¸c˜ao TM   x y   =   1 2 2 3   .

O gr´afico a seguir foi plotado pelo software GeoGebra, ([7]).

Figura 1.1: Imagem da circunferencia de equa¸c˜ao x2+ y2 = 1 segundo o operador

(34)

Note que a matriz M ´e sim´etrica e que detM 6= 0, logo a imagem do c´ırculo ser´a a elipse de equa¸c˜ao

(eu)2

(2 −√5)2 +

(ev)2

(2 +√5)2 = 1,

onde 2 −√5 e 2 +√5 s˜ao os autovalores de M e euev ´e o referencial gerado pela base dos respectivos autovetores ortonormais de M dada por

( 2 p 5 −√5, √ 2 "1 −√5 2p5 −√5 ! , √ 2 p√ 5 + 5, √ 2 "√5 + 1 2p√5 + 5 !) , ver Proposi¸c˜ao 1.3.1.

A proposi¸c˜ao a seguir ´e uma extens˜ao da Proposi¸c˜ao 1.2.1 para o R3 e sua

demonstra¸c˜ao ´e an´aloga `aquela e portanto ser´a omitida.

Proposi¸c˜ao 1.3.2. Seja S(0, r) uma esfera de equa¸c˜ao x2 + y2 + z2 = r2 e

TM : R3→ R3 um operador linear invert´ıvel definido por:

TM      x y z     = M      x y z     ,

onde M ´e sim´etrica. Ent˜ao a imagem de S(0, r) segundo o operador TM ´e um

elips´oide TM(S(0, r)) de equa¸c˜ao e u2 (λ1r)2 + ev 2 (λ2r)2 + we 2 (λ3r)2 = 1,

onde λ1, λ2 e λ3 s˜ao os autovalores de M e euev ew ´e o referencial gerado pelos seus

respectivos autovetores ortonormais associados.

Em rela¸c˜ao ao teorema acima, observamos que os autovalores de M podem ser facilmente encontrados a partir do que foi feito na Proposi¸c˜ao 1.2.2.

(35)

1.4 Dedu¸c˜ao e aspectos hist´oricos da equa¸c˜ao do 3o

grau - solu¸c˜oes

reais 19

1.4

Dedu¸c˜

ao e aspectos hist´

oricos da equa¸c˜

ao

do 3

o

grau - solu¸c˜

oes reais

As principais referˆencias para esta se¸c˜ao s˜ao [2] e [8].

1.4.1

Um pouco da hist´

oria da equa¸c˜

ao do 3

o

grau

A equa¸c˜ao do 3o grau come¸cou efetivamente a ser estudada no final do

s´eculo XV com a Renascen¸ca. Em 1494, o Frei Luca Pacioli imprimiu o livro Summa de Aritim´etica e Geometria onde afirmava n˜ao existir regra para resolver uma equa¸c˜ao do tipo x3+ px = q. Scipione Ferro (1465-1526) foi o primeiro a

resolver, provavelmente um pouco antes da sua morte, a equa¸c˜ao do 3o grau,

mas n˜ao publicou seu resultado. Comunicou a solu¸c˜ao ao amigo Antˆonio Maria Fiore que recebeu a regra sem demonstra¸c˜ao. Em 1535 Fiore desafia Nicolo Tartaglia (1499-1557). O desafio consistia em lista de problemas trocadas entre os competidores. Tartaglia ent˜ao, a partir dos problemas propostos pelo rival desconfiou que deveria existir uma solu¸c˜ao para a equa¸c˜ao do 3o grau, j´a que

os tais tratavam do assunto. Por conseguinte Tartaglia resolve a equa¸c˜ao do 3o

grau e vence o duelo uma vez que os problemas que seu oponente deveria resolver estavam al´em de sua capacidade, mas assim como Ferro, Tartaglia mantˆem sua solu¸c˜ao em segredo.

Em 1539 Girolmo Cardano (1501-1576), obteve de Tartaglia a regra para resolver a equa¸c˜ao do 3o grau, sob forma de versos enigm´aticos, sem a

de-monstra¸c˜ao. Cardano jurou a Tartaglia que n˜ao divulgaria a regra, ele e seu disc´ıpulo Ludovico Ferrari (1522-1557) demonstraram a regra de Tartaglia para solu¸c˜ao de x3+ px = q. Eles propuseram a mudan¸ca de vari´avel x = y − a

3 em x3+ ax2+ bx + c = 0, al´em de resolverem treze tipos de equa¸c˜oes do 3o grau que

hoje em dia s˜ao uma s´o. Em 1545 Cardano, quebrando o juramento que fizera a Tartaglia, publicou o livro Ars Magna que continha entre outras coisas a solu¸c˜ao

(36)

da equa¸c˜ao de 3o grau.

Finalmente em 1572, no seu livro ´Algebra, Raphael Bombelli percebe de melhor forma os n´umeros complexos e conclui que a equa¸c˜ao do 3o grau possui 3

ra´ızes.

1.4.2

Solu¸c˜

ao da equa¸c˜

ao do 3

o

grau

Considere a equa¸c˜ao

z3+ a2z2+ a1z + a0 = 0. (1.4)

Nosso objetivo nesta subse¸c˜ao ´e encontrar as ra´ızes da equa¸c˜ao (1.4). Note que o coeficiente de z3´e a

3 = 1. N˜ao h´a perda de generalidade aqui, pois se a36= 1

ent˜ao basta dividir a equa¸c˜ao por a3e encontramos uma equa¸c˜ao da forma (1.4).

Fazendo a mudan¸ca de vari´avel z = x − a2

3 e substituindo em (1.4) teremos a equa¸c˜ao: x3+ (3a1− a22 3 )x − ( 9a1a2− 27a0− 2a32 27 ) = 0. (1.5) Definindo p = 3a1− a 2 2 3 , e q = 9a1a2− 27a0− 2a 3 2 27 podemos reescrever a equa¸c˜ao (1.5) como:

(37)

1.4 Dedu¸c˜ao e aspectos hist´oricos da equa¸c˜ao do 3o

grau - solu¸c˜oes

reais 21 Escrevendo Q = p 3, (1.7) R = q 2 (1.8) de (1.6) temos que x3+ 3Qx − 2R = 0. (1.9) A equa¸c˜ao (1.9) tem uma soluc˜ao real, ent˜ao ela pode ser reescrita como (x − r)f(x) = 0, onde f(x) ´e um polinˆomio quadr´atico. Sejam B e C, constantes arbitr´arias. Adicionando C(x − B) a ambos os membros da identidade x3− B3=

(x − B)(x2+ Bx + B2) resulta que:

x3+ Cx − (B3+ BC) = (x − B)(x2+ Bx + (B2+ C))

Agora, vamos denominar os coeficientes C e B3+ BC pela equa¸c˜ao (1.9), C = 3Q

e B3+ BC = 2R. Logo,

B3+ 3QB = 2R. (1.10)

Afirmamos que se existir um B que satisfa¸ca (1.10), ele ser´a escrito como B = (R +pQ3+ R2)13 + (R − p Q3+ R2)13. De fato, como B2= (R +pQ3+ R2)23 + (R − p Q3+ R2)23 − 2Q, deduzimos que B3 = −2QB + ((R +pQ3+ R2)13 + (R − p Q3+ R2)13) ×((R +pQ3+ R2)23 + (R −pQ3+ R2) 2 3) = (R +pQ3+ R2) + (R −pQ3+ R2) + (R +pQ3+ R2)13 (R −pQ3+ R2)23 + (R + p Q3+ R2)23(R − p Q3+ R2)13 − 2QB = −2QB + 2R + (R2− (Q3+ R2))1 3 × ((R + p Q3+ R2)13 +(R −pQ3+ R2)13) = −2QB + 2R − QB = −3QB + 2R

(38)

Isso mostra que B ´e uma raiz da equa¸c˜ao (1.9). Logo a equa¸c˜ao (1.9) ´e reduzida `a equa¸c˜ao quadr´atica

x2+ Bx + (B2+ 3Q) = 0, (1.11) cujas solu¸c˜oes s˜ao

x = 1 2(−B ± p B2− 4(B2+ 3Q)) = −12B ±12i√3pB2+ 4Q. (1.12) Escrevendo A = (R +pQ3+ R2)13 − (R − p Q3+ R2)13, vemos que A2 = (R +pQ3+ R2)23 − 2(R2− (Q3+ R2)) 1 3 + (R − p Q3+ R2)23 = (R +pQ3+ R2)23 + (R − p Q3+ R2)23 + 2Q = B2+ 4Q.

Logo as solu¸c˜oes de (1.11) s˜ao reescritas como x = −1 2B ± 1 2i √ 3A. Com a nota¸c˜ao D = Q3+ R2; S = 3 q R +√D; T = 3 q R −√D;

onde D ´e o discriminante polinomial, temos as seguintes express˜oes para A e B : B = S + T ;

A = S − T. Portanto, as ra´ızes da equa¸c˜ao (1.4) s˜ao dadas por

z1 = − 1 3a2+ (S + T ); (1.13) z2= − 1 3a2− 1 2(S + T ) + 1 2i √ 3(S − T ); (1.14) z3 = − 1 3a2− 1 2(S + T ) − 1 2i √ 3(S − T ); (1.15)

(39)

1.4 Dedu¸c˜ao e aspectos hist´oricos da equa¸c˜ao do 3o

grau - solu¸c˜oes

reais 23

onde a2 ´e o coeficiente de z2 na equa¸c˜ao original (1.4). Estas trˆes equa¸c˜oes s˜ao

as ra´ızes da equa¸c˜ao do 3o grau e s˜ao conhecidas como “f´ormula de Cardano”.

A equa¸c˜ao z1na f´ormula de cardano n˜ao tem o n´umero complexo explicitamente

como no caso de z2 e z3, mas isso n˜ao diz nada sobre o n´umero de raizes reais e

complexas (pois S e T s˜ao em geral complexos). Para determinar quais ra´ızes s˜ao reais, quais s˜ao complexas olhamos o discriminante polinomial D. Com efeito, se D > 0, uma raiz ´e real e duas s˜ao complexas conjugadas, se D = 0, todas as ra´ızes s˜ao reais e pelo menos duas s˜ao iguais, e se D < 0, todas as ra´ızes s˜ao reais e desiguais. Se D < 0, podemos mostrar que as ra´ızes reais s˜ao da forma

z′ 1= 2 p −Q cos  θ 3  − 13a2; (1.16) z′ 2= 2 p −Q cos  θ + 2π 3  − 13a2; (1.17) z′ 3 = 2 p −Q cos  θ + 4π 3  − 13a2; (1.18) onde θ = arccos pR −Q3 ! .

Verifiquemos, por exemplo, que sendo D < 0, z1 = z1′. Com efeito, basta

mostrar que S + T = 2p−Q cos  θ 3  . Definindo, c1 = R + p Q3+ R2 e c 2 = R − p Q3+ R2 temos que S + T = 3 √c 1+√3c2. Mas c1= R + i p −Q3− R2 =p−Q3(cos θ + i sin θ) e c2 = R − i p −Q3− R2 =p−Q3(cos θ − i sin θ) onde θ = arctan p −Q3− R2 R ! = arccos pR −Q3 ! .

(40)

Logo S + T = √3c 1+√3c2 = qp3 −Q3  cos  θ 3  + i sin  θ 3  +qp3 −Q3  cos  θ 3  − i sin  θ 3  = 2p−Q cos  θ 3  .

Analogamente, desde que D < 0, mostramos que z2 = z2′ e z3 = z3′. Tamb´em

´e poss´ıvel provar que as equa¸c˜oes (1.16), (1.17) e (1.18) servem para calcular as ra´ızes da equa¸c˜ao (1.4) quando D = 0. Neste caso, se R > 0 ent˜ao: z1 = z1′,

(41)

Cap´ıtulo 2

Imagem de uma cˆ

onica segundo

uma transforma¸c˜

ao linear no

plano

Neste cap´ıtulo vamos analisar as deforma¸c˜oes de cˆonicas por transforma¸c˜oes lineares. Usaremos a forma param´etrica de uma cˆonica para encontrar a equa¸c˜ao de sua imagem quando o operador linear for associado a uma matriz de posto incompleto. No caso em que o operador linear ´e invert´ıvel, estudaremos os au-tovalores da matriz sim´etrica associada `a forma quadr´atica da cˆonica original e a partir da´ı encontraremos a equa¸c˜ao de sua imagem no referencial gerado pelos autovetores desta matriz. Os resultados obtidos do desenvolvimento aqui apre-sentado s˜ao resumidos nas proposi¸c˜oes 2.1.1, 2.1.2, 2.1.3, 2.3.1, 2.3.2 e 2.3.3.

2.1

Deforma¸c˜

ao da elipse

Nesta se¸c˜ao vamos analisar a imagem de uma elipse segundo um operador linear no plano. Seja TM : R2→ R2 um operador linear definido por:

TM   x y   = M   x y   =   a b c d     x y   ,

e uma elipse qualquer (que pode estar rotacionada e transladada em rela¸c˜ao ao referencial xOy), vamos mostrar que a imagem da elipse segundo TM ser´a uma

elipse ou suas degenera¸c˜oes (ponto ou segmento de reta). Nas subse¸c˜oes 2.1.1 a 25

(42)

2.1.3 estudaremos uma elipse centrada na origem e n˜ao rotacionada, ou seja, de equa¸c˜ao x2 p2 + y2 q2 = 1 (2.1)

onde ser˜ao discutidos todos os poss´ıveis tipos de operadores no plano. Na subse¸c˜ao 2.1.4 estudaremos uma elipse qualquer.

2.1.1

ǫ ´

e uma elipse centrada na origem e n˜

ao rotacionada

e T

M

´

e o operador nulo

´

E claro que neste caso a imagem da elipse ser´a o vetor nulo, j´a que TM(v) = 0

para todo v ∈ R2 . Desta forma a imagem da elipse ´e um ponto (elipse

degene-rada).

2.1.2

ǫ ´

e uma elipse centrada na origem e n˜

ao rotacionada

e T

M

´

e um operador n˜

ao nulo onde posto(M ) = 1

Neste caso temos ad−bc = 0 , logo os vetores   a b   e   c d   s˜ao LD. Vamos supor, sem perda de generalidade, que

  c d   = k   a b   .

Podemos ent˜ao escrever

TM   x y   =   a b ka kb     x y   .

Tomando a representa¸c˜ao param´etrica da elipse temos   x y   =   p cos(t) q sin(t)   , t ∈ [0, 2π]

(43)

2.1 Deforma¸c˜ao da elipse 27 logo TM   x y   = TM   p cos(t) q sin(t)   =   a b ka kb     p cos(t) q sin(t)  

= (ap cos(t) + bq sin(t))   1 k   = x   1 k  

onde x = ap cos(t) + bq sin(t). J´a que x ´e limitada,

x   1 k  

representa a equa¸c˜ao param´etrica de um segmento da reta cujo vetor diretor ´e 

 1 k

  .

Desta forma a imagem da elipse ´e um segmento de reta (elipse degenerada). Vamos determinar tal segmento de reta. O m´aximo e o m´ınimo de x nos permi-tir˜ao encontrar as extremidades do segmento. Derivando x temos dx

dt = bq cos(t)− ap sin(t). Resolvendo a equa¸c˜ao dx

dt = 0 teremos tan(t) = bq

ap caso a 6= 0 (se ti-vermos a = 0 ent˜ao b 6= 0 da´ı ter´ıamos t = π

2). 1o

Caso: ab > 0

Supondo que a > 0 e b > 0 (se a < 0 e b < 0 seria an´alogo) teremos tan(t) = bq

ap > 0. Neste caso a equa¸c˜ao tem solu¸c˜oes para t no 1

o e 3o

qua-drantes. Logo teremos t1 = arctan

 bq ap  e t2 = π + arctan  bq ap 

que s˜ao ar-cos do 1o e 3o quadrantes respectivamente (aqui estamos considerando que a

fun¸c˜ao arco tangente est´a definida no intervalo −π2,π 2 

). Encontrando a de-rivada segunda de x teremos d

2x

dt2 = −(bq sin(t) + ap cos(t)). Como t1 est´a no

1o quadrante,a > 0 e b > 0 temos d2x

dt2(t1) < 0. Logo t1 ´e ponto de m´aximo.

Como t2 est´a no 3o quadrante,a > 0 e b > 0 temos

d2x

dt2(t2) > 0. Segue que

t2 ´e ponto de m´ınimo. Logo o segmento de reta tem extremidades nos

(44)

bq sin(t2), kap cos(t2) + kbq sin(t2)) onde ou P1= Pm´ax e P2= Pm´ın caso k > 0 ou

P1 = Pm´ın e P2= Pm´ax caso k < 0.

2o

Caso: ab < 0

Supondo que a > 0 e b < 0 (se a < 0 e b > 0 seria an´alogo) teremos tan(t) = bq

ap < 0 , neste caso a equa¸c˜ao tem solu¸c˜oes para t no 2

o e 4o

qua-drantes. Logo teremos t1 = arctan

 bq ap  e t2 = π + arctan  bq ap 

que s˜ao ar-cos do 2o e 4o quadrantes, respectivamente. (aqui estamos considerando que a

fun¸c˜ao arco tangente est´a definida no intervalo  π 2, 3π 2  ). Encontrando a de-rivada segunda de x teremos d

2x

dt2 = −(bq sin(t) + ap cos(t)). Como t1 est´a no

2o quadrante,a > 0 e b < 0 temos d2x

dt2(t1) > 0. Logo t1 ´e ponto de m´ınimo.

Como t2 est´a no 4o quadrante, a > 0 e b < 0 temos

d2x

dt2(t2) < 0. Segue que

t2 ´e ponto de m´aximo. Logo o segmento de reta tem extremidades nos

pon-tos P1 = (ap cos(t1) + bq sin(t1), kap cos(t1) + kbq sin(t1)) e P2 = (ap cos(t2) +

bq sin(t2), kap cos(t2) + kbq sin(t2)) onde ou P1= Pm´ın e P2= Pm´ax caso k > 0 ou

P1 = Pm´ax e P2= Pm´ın caso k < 0.

3o

Caso: ab = 0

Da´ı b = 0 j´a que a 6= 0 , sendo assim teremos x = ap cos(t) . Supondo a > 0 (se a < 0 seria an´alogo) teremos t1 = tm´ax = 0 e t2 = tm´ın = π . Logo o segmento

de reta tˆem extremidades nos pontos P1= (ap, kap) e P2= (−ap, −kap) onde ou

P1 = Pm´ax e P2= Pm´ın caso k > 0 ou P1 = Pm´ın e P2 = Pm´ax caso k < 0.

Em qualquer caso os extremos do segmento dados pelos pontos P1 e P2 s˜ao

sim´etricos em rela¸c˜ao a origem e ainda o comprimento deste ´e dado por

P1P2

=p(1 + k2) |ap[cos(t

2) − cos(t1)] + bq[sin(t2) − sin(t1)]| (2.2)

Com isso temos a proposi¸c˜ao que se segue.

Proposi¸c˜ao 2.1.1. Seja M uma matriz 2 × 2 de posto 1, ou seja, M ´e de uma das formas:  a b ka kb   ou   ka kb a b   ,

(45)

2.1 Deforma¸c˜ao da elipse 29

(a, b) 6= (0, 0).

Seja TM : R2 → R2 um operador associado a matriz M na base canˆonica.

Se ǫ ´e uma elipse de equa¸c˜ao x

2

p2 +

y2

q2 = 1 ent˜ao TM(ǫ) ´e o segmento P1P2

da reta cujo vetor diretor ´e (1, k) ou (k, 1) conforme M tenha respectivamente a 1a

ou 2a

representa¸c˜ao dada anteriormente, onde P1 e P2 s˜ao sim´etricos em

rela¸c˜ao a origem. Este segmento tem comprimento dado pela f´ormula (2.2) sendo t1= arctan  bq ap  , t2= π + arctan  bq ap  (caso a 6= 0) ou t1 = π 2, t2= 3π 2 , caso (a = 0).

2.1.3

ǫ ´

e uma elipse centrada na origem e n˜

ao rotacionada

e T

M

´

e um operador invert´ıvel

Seja ǫ a elipse de equa¸c˜ao x

2

p2 +

y2

q2 = 1. Mostraremos que a imagem de ǫ

segundo o operador TM ´e uma elipse cuja equa¸c˜ao determinaremos. Reescrevendo

a equa¸c˜ao de ǫ em forma matricial temos:  x y     1 p2 0 0 1 q2      x y   = 1 (2.3)

Admitindo que TM(x, y) = (u, v) e que TM ´e invert´ıvel temos que

  x y   = M−1   u v   .

Substituindo este resultado em (2.3) obtemos

 u v  (M−1)t    1 p2 0 0 1 q2    M−1   u v   = 1  u v  S   u v   = 1, (2.4)

(46)

onde S = (M−1)t    1 p2 0 0 1 q2    M−1.

Note que S ´e sim´etrica, ent˜ao existe P ortonormal e D diagonal tal que S = P DPt. Desta forma (2.4) pode ser assim reescrita

 u v  P   λ1 0 0 λ2   Pt   u v   = 1  e u ev   λ1 0 0 λ2     eu ev   = 1 λ1(eu)2+ λ2(ev)2= 1, (2.5) onde   u v   = P   eu ev   e D =   λ1 0 0 λ2  

A matriz S ´e dada por

S =   ea eb eb ec   , onde ea = d 2q2+ c2p2 (detM )2p2q2 eb = −b d q2− a c p2 (detM )2p2q2 ec = b 2q2+ a2p2 (detM )2p2q2.

(47)

2.1 Deforma¸c˜ao da elipse 31

Do exemplo 1.1.5 temos que um dos autovalores de S ser´a

λ1=

(ea + ec) + q

(ea − ec)2+ 4eb2

2 .

Mas ea + ec > 0. Logo λ1> 0. O determinante de S ´e

1

(detM )2p2q2 > 0,

da´ı segue que S tˆem os dois autovalores positivos, o que acarreta no fato da imagem de ǫ segundo TM, que ´e dada pela equ˜a¸c˜ao (2.5), ser uma elipse. Com

isso acabamos de demonstrar a proposi¸c˜ao que se segue.

Proposi¸c˜ao 2.1.2. Seja TM : R2 → R2 um operador linear invert´ıvel associado

a matriz M na base canˆonica. Se ǫ ´e uma elipse de equa¸c˜ao x

2

p2 +

y2

q2 = 1 ent˜ao

TM(ǫ) ´e uma elipse dada pela equa¸c˜ao (2.5), onde λ1 e λ2 s˜ao os autovalores da

matriz S = (M−1)t    1 p2 0 0 1 q2    M−1.

e eu ev ´e o referencial gerado pelos respectivos autovetores ortonormais desta ma-triz.

Exemplo 2.1.1. Vejamos a imagem da elipse x

2 4 + y2 9 = 1 segundo a trans-forma¸c˜ao TM   x y   =   1 1 2 2     x y   .

Para isso escrevemos a elipse parametricamente

f (t) =   2 cos(t) 3 sin(t)   , onde t ∈ [0, 2π].

Note que neste caso a imagem da elipse ´e um segmento de reta P1P2cujo vetor

diretor ´e (1, 2), pois detM = 0. O comprimento deste segmento ´e dado por 26 √

5 √

13 , ver Proposi¸c˜ao 2.1.1. O gr´afico a seguir foi plotado pelo software GeoGebra.

(48)

Figura 2.1: Imagem da elipse de equa¸c˜ao x2

4+ y2

9 = 1 segundo o operador T (x, y) =

(x + y, 2x + 2y).

Exemplo 2.1.2. Vejamos a imagem da elipse x

2 4 + y2 9 = 1 segundo a trans-forma¸c˜ao TM   x y   =   1 2 3 4     x y   .

Note que como detM 6= 0, a imagem da elipse ´e uma elipse de equa¸c˜ao

55 − 7√61 72 ! (eu)2+ 7 √ 61 + 55 72 ! (ev)2= 1,

onde euev ´e o referencial gerado pela base

( 3√2 p 5√61 + 61, √ 2 "√61 + 5 2p5√61 + 61 ! , 3 √ 2 p 61 − 5√61, √ 2 "5 −√61 2p61 − 5√61 !) .

(49)

2.1 Deforma¸c˜ao da elipse 33

Figura 2.2: Imagem da elipse de equa¸c˜ao x2

4 + y2

9 = 1 segundo o operador

TM(x, y) = (x + 2y, 3x + 4y).

2.1.4

ǫ ´

e uma elipse qualquer

Uma elipse ǫ qualquer do plano ter´a equa¸c˜ao eex2

p2 +

eey2 q2 = 1

no sistema exOe ′eey que ´e oriundo de uma rota¸c˜ao de ˆangulo θ no sentido anti-hor´ario

do sistema exO′y onde este ´e ultimo ´e a transla¸c˜ao de

O′ =   x0 y0  

do sistema xOy. Se considerarmos, por exemplo, uma elipse de equa¸c˜ao (x − x0)2

p2 +

(y − y0)2

(50)

ent˜ao os sistemas eexO′eey e exO′y coincidem ao passo que se consideramos uma elipsee de equa¸c˜ao x2 p2 + y2 q2 = 1

ent˜ao os sistemas exOe ′eey, exO′ey e xOy coincidem. Desta forma temos que

  ex e y   = Rθ   eex eey   e  x y   =   ex e y   +   x0 y0   onde Rθ=   cos θ − sin θ sin θ cos θ   .

Seja (x, y) um ponto arbitr´ario da elipse ǫ. Vamos mostrar que a imagem (u, v) de (x, y) segundo o operador TM   x y   = M   x y   =   a b c d     x y  

representa as coordenadas de uma elipse ou suas degenera¸c˜oes. Com efeito, (u, v) ´e tal que:

  u v   = M   x y   = M     ex e y   +   x0 y0     = M  Rθ   eex eey   +   x0 y0     = MRθ   eex eey   + M   x0 y0   . Escrevendo M Rθ= fM e tomando M   x0 y0   =   u0 v0  

(51)

2.1 Deforma¸c˜ao da elipse 35 concluimos que   u v   = fM   eex eey   +   u0 v0     u − u0 v − v0   = fM   eex eey   . (2.6)

Tomando u − u0 = eu, v − v0= ev e substituindo em (2.6) temos

  eu ev   = fM   eex eey .   (2.7)

As coordenadas (eu, ev) podem ser encaradas como (u, v) a menos de uma transla¸c˜ao. Da equa¸c˜ao (2.7) conclu´ımos que (eu, ev) representa as coordenadas de uma elipse ou suas degenera¸c˜oes j´a que se trata da imagem da elipse

eex2 p2 +

eey2 q2 = 1

no referencial exOe ′eey pela aplica¸c˜ao

TM   eex eey   = fM   eex eey   +   u0 v0   .

Se a matriz M for tal que detM = 0 teremos como imagem de ǫ uma degenera¸c˜ao da elipse, pois det fM = det(M Rθ) = detM ·detRθ= detM = 0. Se a matriz M for

tal que detM 6= 0 teremos como imagem de ǫ uma elipse, pois detfM = detM 6= 0. Neste ´ultimo caso, pela subse¸c˜ao anterior, TM(ǫ) tem por equa¸c˜ao

λ1(eeu − eeu0)2+ λ2(eev − eev0)2= 1, (2.8)

onde λ1 e λ2 s˜ao os autovalores da matriz

S = ( fM−1)t    1 p2 0 0 1 q2    fM−1

e eueeev ´e o referencial gerado pela base β dos respectivos autovetores ortonormais desta e ( eue0, eve0) s˜ao as coordenadas do vetor (u0, v0) na base β. Com isso acabamos

(52)

Proposi¸c˜ao 2.1.3. Seja TM : R2 → R2 um operador linear invert´ıvel associado

a matriz M na base canˆonica. Se ǫ ´e uma elipse centrada em P (x0, y0) de

semi-eixos p e q assentados nos semi-eixos paralelos aos respectivos vetores (cos(θ), sin(θ)) e (− sin(θ), cos(θ)) ent˜ao TM(ǫ) ´e uma elipse dada pela equa¸c˜ao (2.8), onde λ1 e

λ2 s˜ao os autovalores da matriz

S = (M−1)tR θ    1 p2 0 0 1 q2    R(−θ)M−1,

eeu eev ´e o referencial gerado pela base β dos respectivos autovetores ortonormais desta matriz e ( eue0, eve0) = [TM(x0, y0)]β. Sendo Rθ a matriz de rota¸c˜ao de ˆangulo

θ no sentido anti-hor´ario .

Exemplo 2.1.3. Vejamos a imagem da elipse ǫ dada parametricamente por

u(t) =   cos(60 o ) − sin(60o ) sin(60o ) cos(60o )     4 cos(t) 2 sin(t)   +   1 2   ,

onde t ∈ [0, 2π] segundo a transforma¸c˜ao

TM   x y   =   1 2 3 4     x y   .

Note que como detM 6= 0, TM(ǫ) ´e uma elipse. A elipse ǫ tem semi-eixos p = 4

e q = 2 assentados nos eixos paralelos aos respectivos vetores (cos 60o

, sin 60o

) e (− sin 60o

, cos 60o

) e est´a centrada centrada em (1, 2). Logo TM(ǫ) ter´a equa¸c˜ao

0.0021(eu − 12.0829)e 2+ 1.8553(eev − 0.0676)2= 1. O gr´afico a seguir foi plotado pelo software GeoGebra.

(53)

2.1 Deforma¸c˜ao da elipse 37

Figura 2.3: Imagem da elipse dada pela equa¸c˜ao param´etrica u(t) segundo o operador TM(x, y) = (x + 2y, 3x + 4y).

O referencial eeueev ´e gerado base  2585 s −p13860√3 + 32261  19620√3 − 101396  +962160√3 + 22346626 , −  6√3 − 25 p13860√3 + 32261 + 114√3 + 2110 s −p13860√3 + 32261  19620√3 − 101396  +962160√3 + 22346626  ,  2585 s p 13860√3 + 32261  19620√3 − 101396  +962160√3 + 22346626 ,  6√3 − 25 p13860√3 + 32261 + 114√3 + 2110 s p 13860√3 + 32261  19620√3 − 101396  +962160√3 + 22346626  . Ver Proposi¸c˜ao 2.1.3.

(54)

2.2

Deforma¸c˜

ao da hip´

erbole

O estudo da hip´erbole ´e an´alogo ao da elipse e por este motivo n˜ao ser´a apresentado aqui. Temos que se o operador

TM   x y   = M   x y   =   a b c d     x y   ,

´e tal que detM 6= 0, a imagem de uma hip´erbole da forma

x2

p2 −

y2

q2 = 1 (2.9)

ser´a uma hip´erbole. Se tomarmos uma hip´erbole arbitr´aria (que estaria rotacio-nada e transladada em rela¸c˜ao ao referencial xOy) mostra-se como em 2.14 que sua imagem segundo TM invert´ıvel tamb´em ´e uma hip´erbole. Na verdade existe

uma “dualidade” entre a elipse de equa¸c˜ao (2.1) e a hip´erbole de equa¸c˜ao (2.9), ou seja, hip´erboles v˜ao em hip´erboles e a mesma rela¸c˜ao que existe entre a elipse original e a hip´erbole associada ser´a preservada na deforma¸c˜ao pelo operador linear.

2.3

Deforma¸c˜

ao da par´

abola

Nesta se¸c˜ao vamos analisar a imagem de uma par´abola segundo um operador linear no plano. Seja TM : R2→ R2 um operador linear definido por

TM   x y   = M   x y   =   a b c d     x y   ,

e uma par´abola qualquer (que pode estar rotacionada e transladada em rela¸c˜ao ao referencial xOy). Vamos mostrar que a imagem da par´abola segundo TM

´e uma par´abola ou suas degenera¸c˜oes (ponto, semi-reta ou mesmo uma reta). Nas subse¸c˜oes 2.31 a 2.33 estudaremos uma par´abola com v´ertice na origem e n˜ao rotacionada, ou seja, de equa¸c˜ao y = lx2 onde ser˜ao discutidos todos

(55)

2.3 Deforma¸c˜ao da par´abola 39

os poss´ıveis tipos de operadores no plano. Na subse¸c˜ao 2.34 estudaremos uma par´abola qualquer.

2.3.1

σ ´

e uma par´

abola com v´

ertice na origem e n˜

ao

ro-tacionada e T

M

´

e o operador nulo

´

E claro que neste caso a imagem da par´abola ser´a o vetor nulo, j´a que TM(v) =

0 para todo v ∈ R2. Desta forma a imagem da par´abola ´e um ponto (par´abola

degenerada).

2.3.2

σ ´

e uma par´

abola com v´

ertice na origem e n˜

ao

rota-cionada e T

M

´

e um operador n˜

ao nulo onde posto(M ) =

1

Neste caso temos ad−bc = 0 , logo os vetores   a b   e   c d   s˜ao LD. Vamos supor sem perda de generalidade que

  c d   = k   a b   .

Ent˜ao podemos escrever

TM   x y   =   a b ka kb     x y   .

Tomando a representa¸c˜ao param´etrica da par´abola temos   x y   =   t lt2   , t ∈ R,

(56)

logo TM   x y   = TM   t lt2   =   a b ka kb     t lt2   = (at + blt2)   1 k   = f(t)   1 k  

onde f (t) = at + blt2 . Desta forma f (t)

  1

k 

 representar´a a equa¸c˜ao pa-ram´etrica de uma semi-reta ou de uma reta conforme b 6= 0 ou b = 0 respectiva-mente.

1o

Caso: b 6= 0

Neste caso a fun¸c˜ao f (t) tem m´aximo ou m´ınimo dependendo do sinal de bl, portanto TM(σ) representa uma semi-reta cujo vetor diretor ´e

  1 k   de v´ertice em V =   −a 2 4lb −ka2 4lb   .

Esta semi-reta estar´a “acima” ou “abaixo” de V conforme a fun¸c˜ao kf (t) tenha m´aximo ou m´ınimo respectivamente.

2o

Caso: b = 0

Neste caso a fun¸c˜ao f (t) ´e linear, portanto ilimitada superiormente e inferior-mente. Logo segue que TM(σ) representa uma reta cujo vetor diretor ´e

  1

k   .

(57)

2.3 Deforma¸c˜ao da par´abola 41

Proposi¸c˜ao 2.3.1. Seja M uma matriz 2 × 2 de posto 1, ou seja, M ´e de uma das formas:  a b ka kb   ou   ka kb a b   , (a, b) 6= (0, 0).

Seja TM : R2→ R2 um operador associado a matriz M na base canˆonica. Se σ ´e

uma par´abola de equa¸c˜ao y = lx2 temos:

(i) Caso b 6= 0. TM(σ) ´e uma semi-reta cujo vetor diretor ´e (1, k) ou (k, 1),

conforme M tenha respectivamente a 1a

ou 2a

representa¸c˜ao dada anteriormente. Al´em disto temos:

a)Se (1,k) ´e o vetor diretor, ent˜ao a semi-reta da imagem tem v´ertice dado por V = (−a2

4lb,−ka

2

4lb ) e est´a “acima” ou “abaixo” deste, conforme kbl > 0 ou kbl < 0

respectivamente.

b)Se (k,1) ´e o vetor diretor, ent˜ao a semi-reta da imagem tem v´ertice dado por V = (−ka2

4lb ,−a

2

4lb) e estar´a “acima” ou “abaixo” deste, conforme bl > 0 ou bl < 0

respectivamente.

(ii) Caso b = 0. TM(σ) ´e a reta pela origem cujo vetor diretor ´e (1, k) ou (k, 1)

conforme M tenha respectivamente a 1a

ou 2a

representa¸c˜ao dada anteriormente.

2.3.3

σ ´

e uma par´

abola com v´

ertice na origem e n˜

ao

ro-tacionada e T

M

´

e um operador invert´ıvel

Seja σ a par´abola de equa¸c˜ao y = lx2. Mostraremos que a imagem de σ

segundo o operador TM ´e uma par´abola cuja equa¸c˜ao determinaremos.

Reescre-vendo a equa¸c˜ao de σ em forma matricial temos:  x y   l 0 0 0     x y   + 0 −1    x y   = 0 (2.10)

(58)

  x y   = M−1   u v   .

Substituindo este resultado em (2.10) obtemos  u v  (M−1)t   l 0 0 0   M−1   u v   + 0 −1 M−1   u v   = 0  u v  S   u v   + N   u v   = 0, (2.11) onde S = (M−1)t   l 0 0 0   M−1. e N = 0 −1 M−1

Note que S ´e sim´etrica e ent˜ao existe P ortonormal e D diagonal tal que S = P DPt. Desta forma (2.11) pode ser reescrita como

 u v  P   λ1 0 0 λ2   Pt   u v   + NP Pt   u v   = 0. Tomando  u v   = P   eu ev   e D =   λ1 0 0 λ2   , segue que  e u ev   λ1 0 0 λ2     eu ev   + NP   eu ev   = 0. Escrevendo N P = α β  obtemos que

λ1(eu)2+ λ2(ev)2+ αeu + βev = 0. (2.12)

(59)

2.3 Deforma¸c˜ao da par´abola 43 S =   ea eb eb ec   , onde ea = d 2l (detM )2 eb = −(detM )b d l 2 ec = b 2l (detM )2.

Do exemplo 1.1.5 temos que os autovalores e os respectivos autovetores asso-ciados de S, ap´os serem normalizados, s˜ao

λ1 = (d2+ b2) l (detM )2 λ2 = 0 u1 =  d √ d2+ b2, − b √ d2+ b2  u2 =  b √ d2+ b2, d √ d2+ b2  . Logo a equa¸c˜ao (2.12) pode ser assim reescrita

λ1(eu)2+ αeu + βev = 0, (2.13)

donde conclu´ımos que TM(σ) ´e uma par´abola. Com isso acabamos de demonstrar

a proposi¸c˜ao que se segue.

Proposi¸c˜ao 2.3.2. Seja TM : R2 → R2 um operador linear invert´ıvel associado

a matriz M na base canˆonica. Se σ ´e uma par´abola de equa¸c˜ao y = lx2 ent˜ao

TM(σ) ´e uma par´abola dada pela equa¸c˜ao (2.13), onde λ1 ´e o autovalor n˜ao nulo

da matriz sim´etrica S = (M−1)t   l 0 0 0   M−1,  α β  = 0 −1 M−1P

(60)

e eu ev ´e o referencial gerado pelos autovetores ortonormais de S .

Exemplo 2.3.1. Vejamos a imagem da par´abola y = x2segundo a transforma¸c˜ao

TM   x y   =   5 −3 −10 6     x y   .

Para isso escrevemos a par´abola parametricamente

u(t) =   t t2  

onde t ∈ [−2, 2]. O gr´afico a seguir foi plotado pelo software GeoGebra.

Figura 2.4: Imagem da par´abola de equa¸c˜ao y = x2 segundo o operador

TM(x, y) = (5x − 3y, −10x + 6y).

(61)

2.3 Deforma¸c˜ao da par´abola 45

1 e b 6= 0. Esta semi-reta tem como vetor diretor (1, −2) e est´a “acima” do v´ertice

V =   25 12 −256   , ver Proposi¸c˜ao 2.3.1.

Exemplo 2.3.2. Vejamos a imagem da par´abola y = x2segundo a transforma¸c˜ao

TM   x y   =   1 2 3 4     x y   .

Para isso escrevemos a par´abola parametricamente

u(t) =   t t2  

onde t ∈ [−2, 2]. O gr´afico a seguir foi plotado pelo software GeoGebra.

Figura 2.5: Imagem da par´abola de equa¸c˜ao y = x2 segundo o operador

TM(x, y) = (x + 2y, 3x + 4y).

Neste caso como detM 6= 0, a imagem da par´abola y = x2 ´e uma par´abola, e

(62)

5(eu)2+ 7

2√5eu − 1

2√5ev = 0, onde euev ´e o referencial gerado pela base

 −√2 5, 1 √ 5  ,  1 √ 5, 2 √ 5  , ver Proposi¸c˜ao 2.3.2.

2.3.4

σ ´

e uma par´

abola qualquer.

Uma par´abola σ qualquer do plano ter´a equa¸c˜ao ey = l(ee x)e 2 no sistema eexO′eey

que ´e oriundo de uma rota¸c˜ao de ˆangulo θ no sentido anti-hor´ario do sistema e

xO′y onde este ´e ultimo ´e a transla¸c˜ao de

O′ =   x0 y0  

do sistema xOy. Da subse¸c˜ao 2.1.4 temos que   eu ev   = fM   eex eey ,   (2.14) onde  eu ev   =   u v   −   u0 v0   ,   u0 v0   = M   x0 y0  

e M Rθ= fM . Da equa¸c˜ao (2.14) concluimos que

  eu

ev  

representa as coordenadas de uma par´abola ou suas degenera¸c˜oes, j´a que se trata da imagem da par´abola eey = l(ex)e 2 no referencial exOe ′eey pela aplica¸c˜ao

TMf   eex eey   = fM   eex eey   +   u0 v0   .

(63)

2.3 Deforma¸c˜ao da par´abola 47

Se a matriz M for tal que detM = 0 teremos como imagem de σ uma degenera¸c˜ao da par´abola, pois det fM = detM = 0. Se a matriz M for tal que detM 6= 0 teremos como imagem de σ uma par´abola, pois det fM = detM 6= 0. Neste ´ultimo caso, pela subse¸c˜ao anterior, TM(σ) satisfaz a equa¸c˜ao

λ1(eu − eu0)2+ α(eu − eu0) + β(ev − ev0) = 0, (2.15)

onde λ1 ´e o autovalor n˜ao nulo da matriz

S = ( fM−1)t   l 0 0 0   (fM )−1, e

u ev ´e o referencial gerado pelos autovetores ortonormais de S, ( eu0, ev0) s˜ao as

coordenadas do vetor (u0, v0) na base de autovetores de S e

 α β



= 0 −1 ( fM )−1P,

onde P ´e a matriz cujas colunas s˜ao os outovetores ortonormais de S, com isso acabamos de demonstrar a proposi¸c˜ao que se segue.

Proposi¸c˜ao 2.3.3. Seja TM : R2→ R2um operador linear invert´ıvel associado a

matriz M na base canˆonica. Se σ ´e uma par´abola de equa¸c˜ao ey = l(ee ex)2 no sistema

eexO′eey, o qual ´e oriundo de uma rota¸c˜ao de ˆangulo θ no sentido anti-hor´ario do

sistema exO′ey, que por sua vez ´e a transla¸c˜ao de

O′ =   x0 y0  

do sistema xOy. Ent˜ao TM(σ) ´e uma par´abola dada pela equa¸c˜ao (2.15), onde λ1

´e o autovalor n˜ao nulo da matriz

S = (M−1)tR θ   l 0 0 0   R(−θ)M−1,

os coeficientes α e β s˜ao dados por 

α β 

(64)

eeu eev ´e o referencial gerado pela base eβ de autovetores da matriz S, P = [I]βe canˆonica

e ( eu0, ev0) = [TM(x0, y0)]βe. Sendo Rθ a matriz de rota¸c˜ao de ˆangulo θ no sentido

anti-hor´ario.

Exemplo 2.3.3. Vejamos a imagem da par´abola dada parametricamente por

u(t) =   cos 60 o − sin 60o sin 60o cos 60o     t t2   +   2 3   ,

onde t ∈ [−2, 8], segundo a transforma¸c˜ao

TM   x y   =   1 2 3 4     x y   .

Note que neste caso a imagem da par´abola ´e uma par´abola, pois detM 6= 0. O gr´afico a seguir foi plotado pelo software GeoGebra.

Figura 2.6: Imagem da par´abola de equa¸c˜ao param´etrica u(t) segundo o operador TM(x, y) = (x + 2y, 3x + 4y).

Esta par´abola tem por equa¸c˜ao

25 − 14√3 8 ! e u − 32 √ 3 + 105 √ 2p67 − 2√3 2 − 11 " 2√3 + 1 2√2p67 − 2√3 !  e u − 32 √ 3 + 105 √ 2p67 − 2√3  − 2 "√ 3 + 2 √ 2p2√3 + 7 ! ev + 32 √ 3 + 5 √ 2p2√3 + 7  = 0.

(65)

2.3 Deforma¸c˜ao da par´abola 49

Onde euev ´e o referencial gerado pela base

( 11 p 134 − 4√3, 2√3 − 1 p 134 − 4√3 ! , p 1 4√3 + 14, −2√3 − 1 p 4√3 + 14 !) , ver Proposi¸c˜ao 2.3.3.

(66)

Imagem de uma qu´

adrica

segundo um operador linear no

espa¸co.

Neste cap´ıtulo vamos analisar as deforma¸c˜oes de qu´adricas por transforma¸c˜oes lineares. No caso em que o operador n˜ao for invert´ıvel, restringiremos convenien-temente o dom´ınio deste para encontrarmos a equa¸c˜ao da imagem da qu´adrica. No caso em que o operador linear for invert´ıvel usaremos duas estrat´egias de-pendendo da qu´adrica. A primeira ´e estudar os autovalores da matriz sim´etrica associada `a forma quadr´atica da imagem da qu´adrica, e a segunda ´e baseada no reconhecimento das qu´adricas que ´e feito em [11]. Os resultados obtidos do de-senvolvimento aqui apresentado s˜ao resumidos nas proposi¸c˜oes 3.1.1, 3.1.2, 3.1.3, 3.1.4, 3.1.5, 3.2.1, 3.2.2 e 3.2.3.

3.1

Deforma¸c˜

ao do elips´

oide

Nesta se¸c˜ao vamos analisar a imagem de um elips´oide segundo um operador linear no espa¸co. Seja TM : R3→ R3 um operador linear definido por:

TM      x y z     = M      x y z     =      a b c d e f g h i           x y z     , (3.1) 51

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