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EFICIÊNCIA TÉCNICA DA PRODUÇÃO DE MAMONA NAS REGIÕES OESTE E CENTRO-OCIDENTAL DO PARANÁ

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Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

1 EFICIÊNCIA TÉCNICA DA PRODUÇÃO DE MAMONA NAS REGIÕES OESTE

E CENTRO-OCIDENTAL DO PARANÁ ghsilva@unioeste.br

APRESENTACAO ORAL-Economia e Gestão no Agronegócio

GERSON HENRIQUE DA SILVA1; CARMEM OZANA DE MELO2; MAURA SEIKO TSUTSUI ESPERANCINI3.

1.UNIOESTE, FRANCISCO BELTRÃO - PR - BRASIL; 2,3.UNESP, BOTUCATU - SP - BRASIL.

EFICIÊNCIA TÉCNICA DA PRODUÇÃO DE MAMONA NAS REGIÕES OESTE E CENTRO-OCIDENTAL DO PARANÁ

Grupo de Pesquisa: Economia e Gestão no Agronegócio

Resumo

A importância da mamona no Programa Nacional de Produção de Biodiesel deriva do próprio sistema de produção que, praticado por produtores familiares, é intensivo em mão-de-obra (gera empregos) e pode ser feito solteiro, em consórcio e/ou rotação com outras culturas, aumentando não só a renda do agricultor por hectare, como também equilibrar a produção de alimentos. O objetivo deste trabalho foi verificar a eficiência relativa da produção de mamona das regiões Oeste e Centro-Ocidental do Paraná. Utilizou-se o modelo DEA-CCR orientado a inputs. Os resultados mostraram que dos 22 produtores avaliados, sete tiveram 100% de eficiência (escore de eficiência igual a 1), o que representa menos de um terço dos pesquisados. A eficiência média observada foi da ordem de 0,7493 (74,93%).

Palavras-chave: Eficiência técnica; DEA; Mamona; Agroenergia.

Technical efficiency of the production of castor bean in the Wertern and Middle– Occidental regions of Paraná

Abstract

The importance of the castor bean in the National Program of Production of Biodiesel drift of the proper system of production that, practised for familiar producers, he is intensive in man power (generates jobs) and can be made single, in trust and/or rotation with other cultures, increasing not only the income of the agriculturist for hectare, as well as to balance the food production. The aim of this study was to verify the relative efficiency of the production of castor bean in the western and middle – occidental regions of Paraná. The model DEA-CCR oriented to inputs was used. The results showed that from the 22

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products evaluated, seven obtained 100% efficiency (efficiency score 1). The medium efficiency observed was around 0,7493 (74,93%).

Key words: Technical efficiency; DEA; Castor bean; Agroenergy. 1 INTRODUÇÃO

O crescimento contínuo da demanda energética, as limitações naturais de produção de combustíveis fósseis, especialmente o petróleo, impõem a necessidade de diversificar a atual matriz energética, com prioridade para fontes renováveis e limpas.

No Brasil, com a implementação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), por meio da lei 11.097 de janeiro de 2005, procurou-se introduzir o biodiesel na matriz energética brasileira, fixando percentuais de mistura do combustível vegetal ao fóssil (BRASIL, 2005).

A adoção do Programa aponta para a valorização dos aspectos ambientais, da sustentabilidade dos sistemas energéticos e da inclusão social, capitaneado pela produção deste combustível renovável. Com a lei, o biodiesel necessário para a mistura recebe incentivos para ser produzido preferencialmente a partir de matérias-primas produzidas por meio da agricultura familiar. Neste aspecto, a mamona, por ser uma cultura típica da agricultura familiar é uma das que são previstas para o uso na produção de biodiesel.

A importância da ricinocultura no Programa deriva do próprio sistema de produção da mamona que, praticado por produtores familiares, é intensivo em mão-de-obra (gera empregos) e pode ser feito solteiro, em consórcio e/ou rotação com outras culturas, aumentando não só a renda do agricultor por hectare, como também equilibrar a produção de alimentos.

Segundo Savy Filho (2005), a produção da mamona no Brasil concentra-se, de modo geral, em pequenas propriedades, com uso de agricultura familiar e baixa aplicação de tecnologia, resultando na produtividade média nacional de 500 kg/ha.

No Paraná, em 2005, houve um crescimento de 145,16 % na produção de mamona em relação ao ano de 2003, o que reflete os incentivos governamentais direcionados à cultura. Tal crescimento no período pode ser atribuído aos municípios das regiões Norte Central e Norte Pioneiro do estado. Contudo, já na safra 2006/2007 nota-se um deslocamento da produção deste produto, sendo observada a presença da cultura em municípios das regiões Oeste e Centro Ocidental do Estado. Destaca-se que, de acordo com pesquisa de campo feita por Silva (2008), os produtores destas regiões apontaram como incentivo ao cultivo da mamona a expectativa por aumento de demanda pelo produto, com a implantação do PNPB.

Destaca-se ainda, no caso dos produtores paranaenses, a busca por uma nova alternativa de renda em virtude do aumento de custo de outras lavouras, podendo ser, o cultivo da mamona, uma busca por uma possível complementação de renda.

No que diz respeito ao aspecto energético, estudo realizado por Silva (2008) aponta que, nas regiões oeste e centro-ocidental do Paraná, a cultura apresenta eficiência energética significativa, sendo uma alternativa interessante para o seu uso. Contudo, a mesma pesquisa constata que, do ponto de vista econômico, os produtores se deparam com

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problemas de preços e mercado, o que se traduz numa ineficiência econômica da produção da mamona (SILVA, 2008).

Assim, no sentido de acompanhar e verificar a situação da produção e dos produtores das regiões oeste e centro-ocidental do estado, em recente contato com técnico da Emater-PR daquela região, foi possível constatar que os produtores deixaram a produção da mamona, desestimulados, ao se deparar com os problemas de ordem econômica percebidos e apontados na pesquisa de Silva (2008) (EMATER-PR, 2010, informação pessoal 1).

Sendo assim, entendendo que o desempenho dos empreendimentos rurais é influenciado por um conjunto de variáveis, sendo importante a observação das especificidades, e que muitas das variáveis fogem ao controle da unidade de produção, mas outras estão vinculadas diretamente ao controle do produtor rural, busca-se neste trabalho a avaliação da produção de mamona sob a ótica da eficiência técnica, a fim de compreender e analisar os resultados apresentados pelos produtores, na utilização dos recursos que dispunham para a produção.

Neste contexto, propõe-se neste artigo verificar a eficiência técnica da produção de mamona nas regiões Oeste e Centro-Ocidental do estado do Paraná, com a utilização do modelo DEA (Data Envelopment Analysis).

Avaliar a eficiência com a qual uma unidade produtiva opera tem importância tanto para fins estratégicos (comparação entre unidades produtivas), quanto para o planejamento (avaliação dos resultados do uso de diferentes combinações de fatores) e para a tomada de decisão (como melhorar o desempenho atual, por meio da análise da distância entre a produção atual e potencial). O emprego de modelos DEA em agricultura pode apoiar as decisões dos agricultores, ao indicar as fontes de ineficiência e as unidades que podem servir de referência às práticas adotadas (benchmarks).

Espera-se, com isso, apresentar uma contribuição não apenas ao estudo das explorações agrícolas familiares e seu entorno, mas também servir de subsídio, através de experiências vivenciadas, para a tomada de decisão de agricultores, bem como para políticas públicas que objetivem maior inserção econômica e social e equilíbrio ambiental, tendo como eixo a questão da sustentabilidade.

2 METODOLOGIA 2.1 Produção e eficiência

O estudo de análise de eficiência produtiva em economia baseia-se nos princípios da teoria da produção, mais especificamente, no conceito de função de produção. “A função de produção é a relação que mostra a quantidade física obtida de produto a partir da quantidade física utilizada dos fatores de produção num determinado período de tempo” (VASCONCELLOS E GARCIA, 2008, p. 58).

1 Informação fornecida por Edson José Buzzo, técnico da EMATER-PR, Escritório Regional de Diamante do

Oeste, por telefone, em 18/03/2010. Segundo o informante, o abandono da cultura se estendeu por todos os municípios da região que se dedicava à produção da mamona, em conseqüência das dificuldades de mercado.

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De acordo com Pindyck e Rubinfeld (2002, p.177), “as funções de produção descrevem o que é tecnicamente viável quando a empresa opera eficientemente, ou seja, quando utiliza cada combinação de fatores de produção da melhor forma possível”. Neste mesmo sentido, Vasconcelos e Garcia (2008) apontam que na função de produção, admite-se que o empresário esteja usando a maneira mais eficiente de combinar os fatores de produção e, assim, obter a maior quantidade de produto possível. Desse modo, a função de produção reflete as melhores práticas e, portanto, a eficiência da unidade produtora.

Neste contexto, para Vasconcelos e Garcia (2008), o conceito de eficiência pode ser enfocado do ponto de vista técnico ou econômico. Do ponto de vista técnico, “um método é tecnicamente eficiente (eficiência técnica ou tecnológica) quando, comparado com outros métodos, utiliza menor quantidade de insumos para produzir uma quantidade equivalente de produto” (VASCONCELOS E GARCIA, 2008, p.58).

Tupy et al (2005) afirmam que a eficiência de uma unidade produtiva deve ser entendida como a comparação entre valores observados e valores ótimos de insumos e produtos. Neste mesmo sentido, Soares de Mello et al (2005) apontam que o conceito de eficiência é relativo, ou seja, compara o que foi produzido, dado os recursos disponíveis, com o que poderia ter sido produzido com os mesmos recursos.

No que se refere à forma de avaliar tal eficiência, Soares de Mello et al (2005) esclarecem que há importantes distinções, destacando que “os métodos paramétricos supõem uma relação funcional pré definida entre os recursos e o que foi produzido. Outros métodos, entre os quais a Análise Envoltória de Dados, não fazem nenhuma suposição funcional e consideram que o máximo poderia ter sido produzido é obtido por meio da observação das unidades mais produtivas (SOARES DE MELLO et al, 2005, p. 2522).

Tendo como propósito estimar a eficiência na produção de mamona em regiões do estado do Paraná, este estudo toma como base metodológica o modelo de envelopamento de dados, conhecido como modelo DEA (Data Envelopment Analysis).

A Análise Envoltória de Dados (DEA) é uma técnica não paramétrica que, por meio de programação linear, constrói fronteiras de produção de unidades produtivas que empregam processos tecnológicos semelhantes para transformar múltiplos insumos em múltiplos produtos. As unidades de produção são tratadas como unidades tomadoras de decisão, sendo então chamadas DMUs (Decision Making Units).

Segundo Gomes et al (2006), a Análise de Envoltória de Dados surgiu formalmente com o trabalho de Charnes et al (1978), com o objetivo de medir a eficiência de unidades tomadoras de decisão, podendo-se destacar dois modelos DEA clássicos: CCR (de Charnes, Cooper e Rhodes) e BCC (de Banker, Charnes e Cooper). O modelo CCR considera retornos constantes de escala, isto é, qualquer variação nas entradas (inputs) produz variação proporcional nas saídas(outputs). Já o modelo BCC considera retornos variáveis de escala, isto é, substitui o axioma da proporcionalidade entre inputs e outputspelo da convexidade (GOMES et al, 2006).

Geralmente, são seguidas duas orientações para esses modelos: orientação a inputs, quando se deseja minimizar os recursos disponíveis, sem alteração do nível de produção e orientação a outputs, quando o objetivo é aumentar os produtos, sem alterar os recursos utilizados.

Além de avaliar a eficiência relativa das DMUs, as fronteiras de eficiência servem como referência para o estabelecimento de metas eficientes para cada unidade produtiva. A

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idéia é que existem produtores eficientes e estes estão numa fronteira de eficiência, dada pela sua produção e que os produtores ineficientes estariam próximos à fronteira, sendo sua ineficiência definida pela distância entre o nível de produção da unidade ineficiente em relação à fronteira. Desse modo, fornece o benchmark para as DMUs ineficientes. Esse benchmark é determinado pela projeção das DMUs ineficientes na fronteira de eficiência. A forma como é feita esta projeção determina orientação do modelo: orientação a inputs (quando se deseja minimizar os inputs, mantendo os valores dos outputs constantes) e orientação a outputs (quando se deseja maximizar os resultados sem diminuir os recursos) (GOMES et al, 2006; SOARES DE MELLO et al, 2005).

Segundo Magalhães e Campos (2006, p.698), “o benchmarking é um instrumento valioso para os produtores, facilitando também o trabalho de pesquisa e da extensão rural, pois ao serem identificados os sistemas de produção eficientes ou de fronteira (benchmarks), estarão sendo identificadas as melhores práticas produtivas para as unidades ineficientes”.

Outra importante contribuição do modelo DEA é a indicação dos alvos a serem alcançados. Os resultados dos alvos permitem visualizar os ajustes necessários para orientar as unidades produtoras. Segundo Gomes, Mangabeira e Soares de Mello (2005, p. 615), “em relação aos alvos, destaca-se uma das principais contribuições dos modelos DEA para a agricultura, qual seja, informar ao agricultor quais são as fontes de ineficiência e o que deve ser feito para a busca da eficiência”.

2.2 Fonte dos dados e variáveis selecionadas

Os dados utilizados para a execução deste trabalho são referentes à safra 2006/2007, originários de fontes primárias obtidos com aplicação de questionários junto a 22 produtores de mamona das regiões Oeste e Centro-Ocidental do estado do Paraná, em pesquisa de campo realizada por Silva (2008), no período de fevereiro a julho de 2007.

No presente estudo, cada produtor foi considerado como sendo uma DMU.

Para avaliação dos produtores foram selecionadas, como inputs as variáveis: Área plantada com mamona (hectares); Mão-de-obra (horas gastas na área plantada), Máquinas e Implementos (horas gastas na área plantada) e Insumos (sementes, fertilizantes, formicida, herbicida e calcário, em Kg/área plantada). A quantidade produzida (Kg obtidos na área plantada) é o output.

O modelo usado foi o DEA CCR orientado a inputs. A observação dos sistemas de produção pesquisados norteou a escolha deste modelo. A opção pelo CCR (retornos constates de escala) deveu-se ao fato de ter se observado com frequência semelhantes escalas, em termos de área destinada ao cultivo do produto, entre os pesquisados. Ademais, DMUs eficientes neste modelo são, necessariamente, eficientes no modelo BCC. Já a opção pela orientação a inputs partiu do princípio de que o produtor de mamona pode ter mais controle sobre os fatores de produção, decidindo pela sua utilização, podendo assim minimizar seu uso.

Os resultados foram obtidos com o uso do software SIAD v.2.0 (ANGULO MEZA et al, 2005).

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A análise da eficiência técnica dos produtores de mamona do estado do Paraná, pelo modelo DEA, foi realizada a partir das informações coletadas junto aos produtores, definindo a partir da observação dos itens essenciais para a produção, as variáveis utilizadas no modelo. A Tabela 1 apresenta a estatística descritiva destas variáveis.

Tabela 1 – Estatística descritiva das variáveis utilizadas no modelo DEA-CCR Indicadores Área (ha)

Input 1 Mão-de-obra (horas) Input 2 Máquinas e Implem.(horas) Input 3 Insumos (kg) Input 4 Produção (kg) Output Média 1,65 368,50 19,58 278,09 2273,53 Mediana 1,20 294,59 18,47 246,00 1920,00 Máximo 4,00 820,58 48,00 816,00 8000,00 Mínimo 1,00 114,30 6,00 63,60 750,00 Desvio Padrão 0,83 187,17 10,76 165,89 1597,86

Fonte: Resultados da pesquisa

Observa-se que para todas as variáveis a mediana se mostra menor que a média, indicando que os produtores que estão acima do percentil 50% apresentam valores maiores que aqueles que estão abaixo, elevando assim o valor da média. Percebe-se, também, pelos valores das médias, que a atividade é intensiva em mão-de-obra, uma vez que as horas gastas com este fator apresenta-se bem superior às horas médias gastas com máquinas.

Na Tabela 2 é possível observar os resultados dos escores de eficiência dos produtores de mamona das regiões Oeste e Centro Ocidental do estado do Paraná.

Os resultados obtidos pelo modelo DEA-CCR (Retornos Constantes de Escala) indicam que dos 22 produtores pesquisados, sete mostraram-se tecnicamente eficientes (escores de eficiência igual a 1), o que corresponde a 31,82% do total. São estes os produtores 1, 4, 5, 6, 7, 10 e 22. Neste modelo, a eficiência técnica média foi da ordem de 74,94%, o que significa que, mantendo o mesmo nível de produção, haveria possibilidade de redução de aproximadamente 25,06%, em média, de utilização de recursos produtivos.

Tabela 2 – Medidas de eficiência técnica da produção de mamona nas regiões Oeste e Centro Ocidental do estado do Paraná.

Produtores (DMUs) Eficiência (DEA-CCR) Produtores (DMUs) Eficiência (DEA-CCR) 1 1,0000 12 0,5449 2 0,6529 13 0,4676 3 0,6645 14 0,7819 4 1,0000 15 0,4802 5 1,0000 16 0,8754 6 1,0000 17 0,9059 7 1,0000 18 0,7773 8 0,4693 19 0,7874

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9 0,4024 20 0,4229

10 1,0000 21 0,4728

11 0,7809 22 1,0000

Média 0,7494

Fonte: Resultados da pesquisa

Verifica-se, pela tabela 2, que o menor valor de eficiência observado é da ordem de 0,402431 (DMU 9), o que indica que este produtor deveria, a fim de atingir a eficiência, reduzir a utilização dos inputs (área, mão-de-obra, máquinas e implementos e insumos) em torno de 59,76% mantendo a produção atual. A DMU com este resultado é uma propriedade rural no município de Diamante do Oeste, cujo produtor dedica-se exclusivamente à agricultura, cultivando na ocasião, além de mamona, amendoim e milho. De acordo com informações do agricultor características do solo prejudicavam a lavoura, uma vez que na área ocorria a presença de muita pedra.

No que se refere aos resultados DMUs eficientes identificadas como benchmarks, a Tabela 3 mostra os resultados obtidos para os produtores de mamona do estado do Paraná. Os números, que variam de zero a um, expressam os valores que, para a firma eficiente serão iguais a zero, enquanto que para as ineficientes são os pesos utilizados na combinação linear de outras unidades de produção eficientes, as quais têm influência na projeção da firma ineficiente sobre a fronteira de produção. Quanto maior, mais alta importância da DMU benchmark para a firma ineficiente.

Tabela 3 – Benchmarks da produção de mamona nas regiões Oeste e Centro Ocidental do estado do Paraná

DMU DMUs Benchmarks

1 4 5 6 7 10 1 1 0 0 0 0 0 2 0,28242 0 0 0,04607 0 0,08124 3 0,71790 0,15920 0 0 0 0 4 0 1 0 0 0 0 5 0 0 1 0 0 0 6 0 0 0 1 0 0 7 0 0 0 0 1 0 8 0 0 0 0,20947 0 0,11720 9 0,04041 0 0 0,14090 0 0,20853 10 0 0 0 0 0 1 11 0 0 0,43963 0,07557 0 0 12 0,16779 0,06033 0 0,29888 0 0 13 0,32012 0 0,61514 0 0 0 14 0,07223 0 0 0 0,70817 0,00147 15 0 0 0 0 0 0,30012 16 0 0 0 0,05931 0 0,75669 17 0,63048 0 0 0,23912 0,01803 0,47116 18 0,55365 0 0 0 0 0,22370 19 0 0 0 0 0 0 20 0,20712 0,17044 0 0 0 0 21 0,03696 0 0 0 0 0,43581

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Fonte: Resultados da pesquisa

Verifica-se que das sete DMUs eficientes, seis foram benchmarks. Observa-se aí que a unidade de produção eficiente que aparece o maior número de vezes como referência para as outras é a DMU 1, que é referência para as DMUs 2, 3, 9, 12, 13 ,14, 17, 18, 20 e 21. Trata-se de uma propriedade no município de Diamante do Oeste, região Oeste do estado, cujo produtor dedica-se exclusivamente à agricultura, não possuindo outra atividade. É um pequeno produtor que opera basicamente com mão-de-obra familiar, e possuía, além do cultivo da mamona, outras culturas como feijão, mandioca e amendoim, aproveitando os recursos disponíveis; além de receber assistência técnica. Esta DMU pode servir como exemplo a ser seguido pelas unidades ineficientes.

As práticas adotadas por esta unidade de produção devem ser observadas pelas demais, especialmente por aquelas diretamente influenciadas. Do mesmo modo, as práticas adotadas pelas demais DMUs eficientes identificadas com benchmarks devem ser observadas pelas unidades produtoras que não alcançaram a máxima eficiência.

Os resultados dos alvos permitem visualizar os ajustes necessários para orientar as unidades produtoras na busca da eficiência. Os resultados mostraram que, para as DMUs eficientes, os alvos apresentaram valores iguais aos atuais, ou seja, aos valores utilizados, o que significa que combinam os fatores de produção sem desperdício.

Já para as DMUs ineficientes, os resultados mostraram valores divergentes entre os atuais e os alvos, de modo que verifica-se a ocorrência de folgas. A diferença entre os valores atuais e os alvos indicam a magnitude e o recurso produtivo que está sendo mal utilizado. Neste caso, a unidade produtora, a fim de melhorar a utilização de seus recursos produtivos, deve verificar em que etapa do processo estão ocorrendo problemas com a utilização e alocação dos recursos produtivos.

Na Tabela 4 são apresentados os resultados dos valores atuais e dos alvos das DMUs ineficientes.

Observa-se que no caso da DMU com a menor eficiência, de 40,24% (DMU 9) a recomendação é que ocorra uma redução de aproximadamente 60% dos inputs. Em seu processo de produção esta DMU fez uso de 1,2 ha de área plantada, gastou 270,48 horas de mão-de-obra, 11,28 horas com máquinas, 244,8 kg de insumos. Esta é considerada a situação ‘atual’. Os resultados dos alvos indicam para esta DMU: área: 0,483 ha; 108,85 horas de mão-de-obra; 4,54 horas com máquinas e 98,52 kg de insumos, mantendo a produção na mesma magnitude.

Já no caso da DMU 17, com eficiência de 90,59%, os resultados dos alvos são mais próximos dos valores atuais. Mesmo assim, na busca da eficiência esta DMU deve observar as fontes e a magnitude da ineficiência, ou seja, as quantidades ótimas a serem utilizadas para alcançar a eficiência. Como apontam Gomes, Mangabeira e Soares de Mello (2005), para alcançar a eficiência “o agricultor deve verificar em que etapa de seu processo produtivo (inclusive considerando outras variáveis não incluídas no modelo) ocorrem os gargalos que prejudicam seus resultados” (GOMES et al, 2005, p.615).

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Tabela 4 – Valores atual e alvo das DMUs ineficientes

DMU inefic ATUAL ALVO ÁREA (ha) MDO (h) MAQ (h) INSU (kg) PROD (kg) ÁREA (ha) MDO (h) MAQ (h) INSU (kg) PROD (kg) 2 1,2 287,98 15,98 246,0 1728 0,7835 188,03 10,43 160,63 1728 3 2,4 518,37 31,96 374,4 3000 1,3610 344,48 21,24 248,08 3000 8 1,2 225,60 9,60 184,8 900 0,4819 105,89 4,51 86,74 900 9 1,2 270,48 11,28 244,8 960 0,4829 108,85 4,54 98,52 960 11 2,4 643,20 26,40 252,0 2880 1,8182 420,06 20,62 196,81 2880 12 1,2 292,80 14,40 168,0 1200 0,6324 159,54 7,85 91,54 1200 13 2,4 640,80 45,60 254,4 1920 1,1223 261,47 18,71 118,97 1920 14 1,2 352,80 12,00 246,0 1920 0,9382 235,61 9,38 192,34 1920 15 1,0 214,00 6,00 203,0 750 0,3601 72,03 2,88 91,48 750 16 3,6 820,58 19,94 621,2 4500 2,1727 437,46 17,46 543,85 4500 17 1,8 460,81 22,03 374,9 3600 1,6306 417,44 19,96 339,69 3600 18 1,2 364,40 17,00 308,0 2220 0,9328 254,55 13,22 203,72 2220 19 1,0 114,30 11,38 180,0 1000 0,5000 90,00 6,00 102,00 1000 20 2,0 342,00 24,00 250,0 1300 0,6697 144,64 10,15 105,73 1300 21 1,2 249,60 14,40 313,2 1200 0,5673 118,01 4,92 141,89 1200 Média 1,7 386,51 18,80 281,4 1939 0,9635 223,87 11,46 181,47 1939

Nota: MDO: mão-de-obra;MAQ: máquinas e implementos;INSU: insumos; PROD: produção

Fonte: Dados e resultados da pesquisa

Os resultados médios para as 15 DMUs ineficientes mostram que, no conjunto, a área plantada deveria reduzir de 1,7 para 0,96 ha, as horas gastas com mão-de-obra de

386,51 para 223,87, as horas com máquinas de 18,80 para 11,46 e a quantidade de insumos de 281,4 kg para 181,47 kg.

Tais resultados indicam os gargalos no processo produtivo, que uma vez analisados poderiam servir de subsídio para melhorar o desempenho da unidade produtora.

4 CONCLUSÃO

O índice de eficiência técnica dos produtores permitiu classificá-los como eficientes e ineficientes. Aqueles agricultores que atingiram índices de eficiência técnica na fronteira de produção, ou seja, com valor 1,00 foram classificados como eficientes.

De acordo com os resultados obtidos pelo modelo DEA-CCR (considerando retornos constantes de escala) orientado a inputs, foi verificado que menos de um terço dos produtores estava operando com máxima eficiência e, portanto, sobre a fronteira de produção.

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A eficiência média situou-se em torno de 74% (eficiência média de 0,7494).

Os resultados dos alvos possibilitaram verificar os ajustes necessários para que as unidades produtoras alcançassem a eficiência.

Neste contexto, pode-se concluir que os resultados apontaram indicativos que sugerem a necessidade de uma melhor alocação dos recursos utilizados na produção de mamona no estado do Paraná, diminuindo o uso desnecessário de fatores e subsidiando informações importantes, tanto para o agricultor quanto para os demais agentes envolvidos no processo.

Contudo, cabe ressaltar que a gestão deve ser concebida como um conjunto de atividades (planejamento e controle da produção, custos, logística, comercialização) que requer articulação. Neste aspecto, importância deve ser dada à necessidade de políticas públicas para o setor, que integre o produtor ao mercado, de modo a torná-lo um elo da cadeia, não atuando de maneira isolada, mas participando deste mercado. Especialmente, em se tratando de um segmento que se ‘aventurou’ na produção de um bem em grande parte devido a expectativas geradas pelo próprio setor público, ao anunciar metas para aquisição de produtos advindos da agricultura familiar para atender a propósitos do Programa do Biodiesel.

Afinal, por trás dos números que refletem eficiência ou ineficiência existem pessoas que comprometeram seus recursos, na expectativa de resultados positivos.

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