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Abordagens Descritivas ao Processo Decisório Estratégico: Um Levantamento de
Referencial Teórico com o uso de ARS
Autoria: Luciano Lamb
Resumo
Este trabalho apresenta uma abordagem qualitativa por meio de um levantamento
bibliométrico para identificar os principais trabalhos que possam constituir o “estado da arte”
sobre o tema Processo Decisório Estratégico. Mediante o mapeamento de artigos através de
mecanismos de busca, dentre o referencial teórico de bases de dados eletrônicas de pesquisa
acadêmica, foi realizada uma análise bibliométrica que permitiu identificar os principais
autores e abordagens sobre Processo Decisório Estratégico. Com isso, foi montada uma rede
social via ARS com os autores dos artigos e, depois, realizada uma análise da respectiva rede
que revelou os 31 artigos referenciais sobre o tema.
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1 INTRODUÇÃO
Com relação ao caráter estratégico das decisões organizacionais, de acordo com
Eisenhardt e Zbaracki (1992), sua peculiaridade se deve às decisões tomadas pelos executivos
que têm efeitos críticos na sobrevivência organizacional, levando em conta as ações tomadas,
os recursos envolvidos e os precedentes estabelecidos no processo. Seu caráter não
estruturado e a ausência de um conjunto claro e predeterminado de respostas ordenadas no
âmbito organizacional tornam a decisão estratégica uma situação peculiar para os executivos
dentro das empresas (MINTZBERG, RAISINGHANI e THEORET, 1976; EISENHARDT e
ZBARACKI, 1992). Uma grande quantidade de variáveis pode ser considerada com dados
incompletos ou mesmo ambíguos para interpretá-los. Os processos decisórios estratégicos são
complexos e não-lineares, tendo um horizonte de tempo de longo prazo e foco em problemas
que envolvem a relação da organização com seu ambiente. A organização, normalmente,
começa com pequeno entendimento da situação de decisão que enfrenta ou do meio para sua
solução, o que, na verdade gera uma ideia vaga do que aquela solução poderá ser e como será
avaliada quando for desenvolvida (MINTZBERG et al., 1976).
No que tange às pesquisas empreendidas sobre processos decisórios estratégicos, há
uma gama de estudos tanto empíricos quanto teóricos que referenciam o tema, acrescentando
sendas de entendimentos quanto à forma como se processam as decisões estratégicas, quais
são os pressupostos comportamentais dos tomadores de decisão, quais são as implicações na
formulação e implementação da estratégia e seus efeitos no tempo. Se as organizações são,
em essência, sistemas de decisão (MORGAN, 2007), e levando em conta que tais pesquisas
não encerram, em si, o assunto, e a necessidade, sobremaneira, de compreender o cerne de tais
conceitos a fim de fundamentar pesquisas futuras, este trabalho tem o intuito de estabelecer o
estado da arte das pesquisas sobre o tema, adotando a seguinte questão de pesquisa: qual é o
estado da arte do construto teórico científico sobre processo decisório estratégico e quais são
as principais abordagens encontradas na teoria descritiva do processo decisório estratégico?
2 METODOLOGIA
Para o mapeamento do referencial teórico sobre o tema “Processo Decisório
Estratégico”, adotou-se uma abordagem qualitativa por meio de um levantamento
bibliométrico dos principais artigos em periódicos internacionais (journals) utilizando
metodologia de Análise de Redes Sociais (ARS, ou SNA, expressão do original em inglês
Social Network Analysis) (WASSERMAN e FAUST, 2007). Foi feita uma busca junto às
principais bases de dados eletrônicas de pesquisa acadêmica (ProQuest, EBSCO Host,
CAPES), usando como critério as palavras-chave Strategic Decision Making, Decision
Making, Strategic Decision Process e Organizational Decision. Os resultados preliminares
apontaram cento e vinte seis trabalhos. Cada trabalho foi identificado e codificado
sequencialmente. A etapa posterior envolveu a seleção dos trabalhos, identificando aqueles
que foram publicados em periódicos indexados pelo ISI Web of Knowledge e que constassem
no 2012 JCR Social Sciences Edition. Disso resultaram setenta e nove artigos de periódicos
internacionais. A etapa seguinte envolveu a construção de uma rede social, utilizando o
software Ucinet 6.221 (BORGATTI et al., 2002) para um mapeamento bibliométrico das
principais pesquisas sobre Processo Decisório Estratégico. O resultado do mapeamento foi a
identificação de trinta e um artigos que representam o “estado da arte” sobre “Processo
Decisório Estratégico”. Cada um dos artigos obtidos com o mapeamento foi sintetizado,
constando autores, ano de publicação e journal em que foi divulgado, objetivos do trabalho
estabelecidos pelo(s) autor(es), método de pesquisa empregado e principais contribuições,
conforme conta no Quadro 1.
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Artigo / Autor(es) / Ano /
Journal Questão / objetivos Contribuições do Artigo
The Structure of “Unstructured” Decision Processes
Mintzberg, Raisinghani e Theoret (1976)
Administrative Science Quarterly
Estabelecer um framework que descreve processos decisórios estratégicos não estruturados
Através da análise de vinte e cinco processos decisórios, classifica as decisões estratégicas por tipo de estímulo (oportunidade, crise ou problema) e por tipo de solução (soluções determinadas, prontas, customizadas ou modificadas).
Apresenta um modelo de processo decisório estratégico composto de três fases (identificação, desenvolvimento e escolha), compostas de rotinas não sequenciais (reconhecimento, diagnóstico, busca, design, pré-seleção, avaliação-escolha e autorização), com as quais podem ocorrer loops de acordo com a dinâmica do processo. Os autores também apresentam fatores dinâmicos usados pelos tomadores de decisão para acelerar ou retardar etapas do processo decisório estratégico: interrupções, atrasos programados, atrasos para retroalimentação, sincronizações, ciclos de compreensão e reciclagem de falhas.
Strategic Change: "Logical Incrementalism"
Quinn (1978)
Sloan Management Review
Documentar como empresas estabelecem processos de mudança estratégica, considerando que nem processos estratégicos formais nem coalizões estratégicas bem caracterizam as decisões.
Com base na análise de processos de mudança estratégica em dez empresas, o autor estabelece o processo decisório estratégico através de uma “lógica” por trás da formulação de estratégias, ocorrendo no âmbito de “subsistemas estratégicos” que envolvem tanto aspectos analíticos quanto comportamentais, sugerindo escolhas estratégicas de forma instintiva, construídas com base na aprendizagem e experimentação.
Quinn afirma que as estratégias mais eficazes tenderiam a emergir de ações orquestradas de uma forma disciplinada, mas que seriam combinadas incremental e oportunamente dentro de um padrão coeso que acabaria se tornando a estratégia da empresa.
Judgement under Uncertainty: Heuristics and Biases Tversky e Kahneman (1974)
Science
Descrever três heurísticas, e seus respectivos vieses, que são usadas para avaliar probabilidades e prever implicações.
Com base nos resultados oriundos de diversos estudos feitos com estudantes e profissionais, os autores identificaram três heurísticas (representatividade, disponibilidade de cenários e ajustamento ou ancoragem), e seus respectivos vieses usados nos processos decisórios, capazes de levar alguém a decisões contrárias ao seu próprio interesse econômico, mesmo que o tomador de decisão tenha ciência disso.
De acordo com os autores, contrariando a anterior crença de influência da racionalidade, as pessoas costumam depender de um número limitado de princípios heurísticos para reduzir o esforço em tarefas complexas para avaliar probabilidades e predizer valores em julgamentos simples. Geralmente, as heurísticas se tornam úteis nos processos de decisão, porém podem conduzir os tomadores de decisão a erros sistemáticos de avaliação. Inertia and Creeping Rationality
in Strategic Decision Processes Fredrickson e Iaquinto (1989)
Academy of Management Journal
Avaliar se mudanças nas organizações e equipes executivas têm relação com a abrangência do processo decisório estratégico e com com a performance da empresa ao longo dos anos.
Estudo de caráter longitudinal que apresenta os resultados oriundos de estudos anteriores (Fredrickson e Mitchell, 1984; Fredrickson, 1984) acerca da relação da abrangência dos processos decisórios, decorrente da integração e formalização no planejamento, e a performance das organizações, mantida ao longo dos anos, com pequenas modificações. Para tanto, foram aplicados questionários a quarenta e cinco empresas de dois diferentes ramos de negócio. Basicamente, segundo os autores, em ambientes estáveis, a abrangência do processo decisório
estratégico mantém a racionalidade que o caracteriza inerte ou ligeiramente modificada. Strategic Decision Processes:
Comprehensive and Performance in an Industry with an Unstable Environment
Verificar a relação entre a abrangência do processo decisório estratégico e o desempenho em ambientes
Como resultado da aplicação de questionários a executivos de empresas atuantes em ambientes instáveis, os autores estabeleceram relação negativa entre a abrangência do processo decisório estratégico e a performance de organizações, apontando que processos decisórios racionais não são adequados em ambientes instáveis.
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Fredrickson e Mitchell (1984)Academy of Management Journal
instáveis. as empresas buscam ser inclusivas ou exclusivas na criação ou integração de decisões.
Acrescenta a etapa “integração da decisão” ao modelo de decisão estratégica, composto por três etapas antecedentes: diagnóstico da situação, geração de alternativas e avaliação de alternativas. Com isso, os autores propõem que a integração da decisão permitirá avaliar o quão decisões individuais se integram à abrangência do processo decisório estratégico.
The Comprehensiveness of Strategic Decision Processes: Extension, Observation, Future Directions
Fredrickson (1984)
Academy of Management Journal
Testar a relação positiva entre a abrangência do processo decisório
estratégico e o desempenho de empresas atuantes em ambientes estáveis.
O estudo evidencia a relação positiva entre a abrangência do processo decisório estratégico e a performance de empresas em indústrias com ambiente estável, com base na análise de questionários aplicados a cento e cinquenta e dois executivos de trinta e duas empresas atuantes em ambientes de negócio estáveis. Salienta, também, que processos sinópticos de formulação da estratégia são mais recomendados em ambientes estáveis, ao passo que processos incrementais são mais apropriados em ambientes instáveis.
The Science of “Muddling Through”
Lindblom (1959)
Public Administration Review
Esclarecer e formalizar o método de sucessivas comparações limitadas
(branch method) para
formulação de políticas
O estudo estabelece, mediante revisão bibliográfica, o conceito de Incrementalismo, após o autor analisar a forma como administradores públicos americanos formulavam suas decisões sobre políticas governamentais.
Lindblom argumentou que os tomadores de decisão não costumam têm claros os valores e objetivos da
organização, mas escolhem de forma aparentemente fragmentada e confusa entre opções conjugadas de valores, objetivos e diferentes caminhos, incorporando aspectos de poder e experimentação na decisão.
No Incrementalismo, valores e políticas são escolhidos simultaneamente, num processo marcado pela
interdependência, caracterizando-se pela elevada capacidade de aprimoramento e adaptação. Operando através de um processo de ajustamento mútuo, as políticas seriam mais sensíveis aos diversos grupos de interesse envolvidos e mais adequadas do que processos de negociação, eminentemente políticos.
A Garbage Can Model of Organizational Choice Cohen, March e Olsen (1972)
Administrative Science Quarterly
Descrever um modelo de tomada de decisão em organizações anárquicas, com base na teoria comportamental, considerando o impacto da estrutura organizacional no processo de escolha de alternativas para um problema.
Contrapondo-se a modelos racionais ou políticos de decisão, este estudo apresenta um modelo de decisão em ambientes ambíguos (chamados de “anarquias organizacionais”). A base para o estudo foi a simulação de um modelo em computador, através de trezentos e vinte e quatro situações decorrentes da combinação de quatro dimensões organizacionais.
No modelo Garbage Can (“lata de lixo”), as decisões não são resultado da análise racional, tampouco de coalizões de poder, mas decorrem de uma confluência randômica de eventos. Sob esta abordagem, os problemas que demandam uma solução se encontram dentro de uma virtual “lata de lixo” organizacional.
Ainda segundo os autores, a solução dos problemas ocorre em uma reunião aleatória de escolhas procurando por problemas, problemas procurando por escolhas, soluções buscando problemas para serem empregadas e tomadores de decisão buscando algo para decidir.
Types of Organizational Decision Processes Nutt (1984)
Administrative Science Quarterly
Descrever processos decisórios usados pelas empresas para enriquecer a tipologia existente. Identificar tipos de processos e suas variações
Apresenta um framework com atividades chave organizadas em estágios (formulação, desenvolvimento de conceito, detalhamento, avaliação e implementação) e passos (busca, síntese e análise), usados em cada estágio, que constituem um método normativo.
Segundo o autor, com base na análise de setenta e oito estudos de caso de processos decisórios, cada processo decisório começa com a formulação do problema e termina com a implementação da solução. O que diferencia cada processo são os estágios intermediários.
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que tenham particularimportância no entendimento dos processos decisórios.
A pesquisa apresenta cinco modelos de processo decisório, assim denominados: modelo histórico (e as variações “provincial”, “enriquecida” e “ideia-preferida”), modelo “de prateleira”, modelo de avaliação científico, modelo de busca passiva e modelo nova.
Making Fast Strategic Decisions in High-Velocity Environments Eisenhardt (1989)
Academy of Management Journal
Analisar como as decisões estratégicas rápidas são tomadas por executivos e como estão ligadas à performance da empresa em ambientes de alta velocidade.
Este estudo de oito casos de empresas de tecnologia, com entrevistas feitas com seus principais executivos, relata que tomadores de decisões rápidos se valem de mais informações do que tomadores de decisão mais lentos, uma vez que desenvolvem múltiplas alternativas para solução de um problema. Além disso, salienta a importância do uso da habilidade de resolução de conflitos, como característica política do processo, que acaba influenciando na duração do processo decisório. O uso de conselheiros experientes também contribui para a velocidade das decisões em tais contextos.
Cognitive Simplification Processes in Strategic Decision-Making
Schwenk (1984)
Strategic Management Journal
Apresentar alternativas para a simplificação de processos decisórios estratégicos com base na psicologia cognitiva e na teoria da decisão comportamental, visando lidar com a formulação de problemas e tomada de decisões sob incerteza.
Considerando os estágios de modelos normativos oriundos da literatura, o estudo apresenta uma revisão bibliográfica que estabelece um conjunto de processos cognitivos que visam à simplificação do processo decisório estratégico.
Assim, para o estágio de formulação de objetivos, é sugerido a adoção de vieses hipotéticos prévios, ajustamento e ancoragem, compromisso crescente com a estratégia e raciocínio por analogia.
Para a geração de alternativas estratégicas, o autor propõe que sejam adotados processos de cálculo de resultado único para restrição de alternativas, inferências de impossibilidade, negação de valor de trade-offs e análise de conjuntos de problemas para restrição de alternativas.
Além disso, para o estágio de avaliação e seleção, os processos cognitivos recomendados são representatividade, ilusão de controle e desvalorização de alternativas previamente descritas.
An Integrative Framework for Strategic-Making Processes Hart (1992)
Academy of Management Review
Apresentar um framework integrativo para processos de decisão estratégica baseado nos contraditórios papéis que executivos exercem em tais processos.
Com base na revisão bibliográfica da literatura sobre processo decisório estratégico, a pesquisa delineia um modelo integrativo nos processos decisórios estratégicos que congrega os papéis dos executivos, os estilos de formulação da estratégia e os papéis dos demais membros da empresa.
O framework contempla cinco modos: comando (que provém direção e cobra obediência), simbólico (que promove motivação e demanda resposta a desafios), racional (baseado na avaliação e controle, demandando subordinação), incremental (focado no ajustamento interno e na geração de aprendizado e participação) e orgânico (baseado na iniciativa e empreendedorismo, proporcionando experimentação e assumir riscos). In search of Rationality: The
Purposes behind the use of Formal Analysis in Organizations Langley (1989)
Administrative Science Quarterly
Descrever os resultados de um estudo exploratório dos motivos ligados à análise formal
O estudo apresenta uma classificação de quatro categorias de propósitos por trás da análise formal (informação, comunicação, direção, controle, e finalidades simbólicas para análise). Foram avaliados três estudos de caso e análise de documentação.
Os resultados da pesquisa apontaram que há diferenças no processo decisório por conta de diferentes estruturas organizacionais adotadas, mas que, devido à prática de análise formal, tais organizações tendem a se utilizar processos decisórios eminentemente racionais. Além disso, os tomadores de decisões se valem de racionalidade quando os processos internos não apresentarem conflitos individuais e quando tiverem os mesmos objetivos operacionais. No entanto, quando os tomadores de decisões não chegam a uma conclusão, o processo os leva a procurar alternativas com o grupo. Se houver conflitos entre os grupos, o processo racional deixa de funcionar.
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Prospect Theory: An Analysis ofDecision Under Risk Kahneman e Tversky (1979)
Econometrica
Apresentar um modelo alternativo à Teoria da Utilidade Esperada como modelo descritivo de processos decisórios sob risco.
Este artigo apresenta a Teoria dos Prospectos, que se constitui em um modelo descritivo de comportamento decisório proposto como uma alternativa à teoria clássica normativa de tomada de decisão racional. Foi realizado um experimento de laboratório, no qual um conjunto de problemas financeiros foi apresentado a grupos de estudantes das universidades de Michigan e Stockholm.
Kahneman e Tversky salientam que, em situações de incerteza, as decisões tomadas pelas pessoas diferem conforme o enquadramento que dão ao problema examinado. Por isso, os pressupostos referentes a esses problemas são úteis aos tomadores de decisão, já que frequentemente tomam decisões com base neles, na ausência de certeza. Além disso, as pessoas tendem a perceber os resultados de uma decisão como ganhos ou perdas em relação a uma medida de satisfação pessoal. Desta forma, quando a intensidade da sensação associada à perda de um determinado valor é maior do que a associada a um ganho do mesmo valor, ocorre as decisões são influenciadas pelo que os autores identificaram como “aversão à perda”.
A Behavioral Model of Rational Choice
Simon (1955)
The Quarterly Journal of Economics
Construir um modelo de definições para “escolhas racionais” mais adequado ao comportamento adotado nos processos decisórios reais do que na abordagem eminentemente racional.
De acordo com Simon, circunstâncias complexas, tempo restrito e poder mental de processamento inadequado reduzem o tomador de decisão a um estado de “racionalidade limitada”, contrapondo ao conceito anteriormente vigente de que as pessoas em geral tomariam decisões economicamente racionais se pudessem reunir informações suficientes para isso (conceito de “Homem Econômico”).
Este estudo, com base na revisão de equação representativa de modelo teórico baseado nos conceitos
fundamentados na Teoria dos Jogos, demonstrou que nenhuma escolha organizacional pode ser feita mediante a abordagem econômica normativa. Simon comprovou que, na verdade, as decisões organizacionais ocorrem sob a égide da racionalidade limitada, que envolve conceitos ligados à atenção sequencial a metas, resoluções parciais de conflitos e satisfação de seus objetivos e critérios.
Politics of Strategic Decision-Making in High-Velocity Environments: Toward a Midrange Theory Eisenhardt e Bourgeois (1988) Academy of Management Journal
Avaliar como a política afeta os processos decisórios estratégicos em ambientes dinâmicos, considerando a forma como ela influencia no desempenho
organizacional.
Para a realização deste artigo, foi feito um estudo de casos múltiplos de oito empresas de tecnologia, com entrevistas feitas com os principais executivos das empresas estudadas.
Os autores sugerem que a ocorrência de coalizões políticas estão negativamente relacionadas com a performance organizacional, devido ao uso de ações políticas em processos decisórios estratégicos em ambientes dinâmicos (caracterizados por rápidas mudanças quanto à concorrência, tecnologia ou regulamentação governamental). Isso ocorre por conta do consumo de tempo e restrição a informações acabam por criar barreiras à comunicação e gerar inflexibilidade dentro das equipes.
Eisenhardt e Bourgeois identificaram as relações de confiança e o controle da ansiedade como fatores-chave que influenciam o ritmo de fechamento de uma decisão, denotando o entendimento das emoções como fundamental para a compreensão de tomada de decisões estratégicas.
Strategic Decision Making Eisenhardt e Zbaracki (1992)
Strategic Management Journal
Revisar o referencial teórico sobre decisões estratégicas até então, considerando os focos principais da racionalidade limitada, poder e política e
garbage can.
Eisenhardt e Zbaracki apontam a existência de limitações ao modelo racional, afirmando que as decisões estratégicas são racionais apenas em alguns casos, conforme as características dos envolvidos e da organização, mas principalmente em função da situação-problema a ser analisada.
Além disso, o estudo salientou que aspectos políticos que ocorrem nos processos decisórios estratégicos se devem a desequilíbrios nas relações de poder, com influência negativa na performance organizacional. Os autores sustentam que, nos processos decisórios políticos, as pessoas são individualmente racionais, mas não o são coletivamente. Desta forma, os envolvidos agem visando manter seu status ou aumentar seu poder de influência nas decisões segundo seus próprios interesses.
Por outro lado, sob uma perspectiva de tempo mais longa para a decisão, com prazos removidos e forças institucionais menores, o modelo Garbage Can pode ter melhores resultados. Nestas situações, o escopo das
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decisões pode aumentar, bem como as possibilidades de soluções. De outra forma, com uma perspectiva de tempo menor, as abordagens racional e política tendem a ser mais adequadas para processos decisórios estratégicos. Procedural Rationality in theStrategic Decision-Making Process
Dean e Sharfman (1993a)
Journal of Management Studies
Determinar as condições pelas quais gestores usam procedimentos racionais para fazer escolhas estratégicas
Com base no estudo de cinquenta e sete decisões estratégicas em vinte quatro empresas, os autores apontam que os processos decisórios estratégicos são racionais conquanto forem abrangentes a coleta de informações relevantes para a decisão e o grau de confiança na análise dessas informações para dar suporte à escolha. Assim, a abrangência na busca por informações para a decisão, a análise de informações relevantes para o processo decisório, o uso de técnicas de análise quantitativa nas decisões estratégicas, a influência de aspectos analíticos ou intuitivos no processo decisório estratégico e a eficácia em focar sua atenção em informações relevantes para as decisões dos executivos são aspectos condizentes com a racionalidade no processo decisório estratégico.
Dean e Sharfman afirmam que em empresas presentes em ambientes com pequenas ameaças competitivas, baixo controle externo e escopo de problema bem delimitados, há maior incidência no uso de procedimentos racionais. Conjectures on Cognitive
Simplification in Acquisition and Divestment Decision Making Duhaime e Schwenk (1985)
Academy of Management Review
Avaliar quanto ao uso de vieses cognitivos pelos executivos na definição de problemas pouco
estruturados ligados a processos de aquisição de empresas.
Neste ínterim, o estudo de Duhaime e Schwenk apontou o efeito do uso de analogias e vieses cognitivos dos tomadores de decisão em processos de aquisição de empresas. O raciocínio através de analogias com “visões de mundo”, a ilusão de controle ao superestimar possíveis resultados, o comprometimento crescente, no qual os tomadores de decisão responsáveis pelo processo de aquisição comprometem o uso de recursos, apesar das evidências de resultados fracassados, e cálculo de resultado único, quando alguns tomadores de decisão
inconscientemente ignoram outras alternativas de solução que não são desejáveis, foram evidências encontradas. Tais observações denotam aspectos que envolvem decisões estratégicas e que podem corroborar para seu insucesso, caso não recebam atenção.
Strategic Decision Models: Integrating Different Perspectives Hitt e Tyler (1991)
Strategic Management Journal
Examinar as decisões estratégicas de executivos para compreender seus efeitos nas características do controle externo e nas escolhas estratégicas em relação ao modelo racional.
Os autores deste estudo utilizaram um questionário respondido por sessenta e cinco executivos do sudoeste dos EUA, que apontou que as características da indústria influenciam significativamente o processo de decisão estratégica nas organizações. Além disso, os autores observaram que as abordagens utilizadas pelos executivos nos processos decisórios estratégicos são simultaneamente racionais e intuitivas. Os efeitos ligados a
características como idade, anos de experiência no cargo, experiência funcional e tipo de educação dos executivos do topo influenciam na forma como as decisões estratégicas ocorrem no âmbito das organizações.
The Cognitive Perspective on Strategic Decision Making Schwenk (1988)
Journal of Management Studies
Discutir a importância das cognições nas decisões estratégicas através da análise de pesquisas anteriores, apresentando suas implicações na constituição de modelo integrativo de decisões estratégicas
Schwenk formulou um modelo de processo decisório estratégico baseado na cognição estratégica, com o uso de heurísticas e vieses cognitivos, pressupostos estratégicos, mapas e esquemas cognitivos e analogias e metáforas. Quanto mais bem sucedidas forem experiências anteriores análogas as que são enfrentadas num processo de decisão estratégica, melhor será a definição do problema estratégico e melhores serão as recomendações para sua resolução. Quando as decisões estratégicas são tomadas no âmbito dos grupos, estes podem estar sujeitos a vieses cognitivos associados ao pensamento de grupo. Porém, caso a decisão estratégica envolva um grupo de
estrategistas que possuam diferentes tipos de experiência em um mesmo mercado de atuação, os envolvidos prestarão atenção intuitivamente em diferentes características do problema que está sendo analisado, tendendo a melhorar seu resultado. Isso explica porque as percepções dos indivíduos responsáveis para tomar decisões-chave são vitais no estudo que liga o meio ambiente, estratégia e estrutura organizacional.
Does Decision Process Matter? A Study of Strategic
Decision-Estudo longitudinal para avaliar a eficácia de
Para Dean e Sharfman, as restrições ambientais desempenham uma função importante na definição de escolhas em processo decisório, reduzindo a relevância do processo de escolha. O sucesso de um processo decisório
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Making Effectiveness Dean e Sharfman (1996) Academy of Management Journal decisões estratégicas, verificando se a racionalidade e o comportamento político influenciam no sucesso das decisõesdecorrerá de sua orientação para atingir objetivos organizacionais, de ser baseado em informações precisas vinculadas aos objetivos organizacionais e na análise e compreensão das restrições ambientais. Além do aspecto racional das decisões organizacionais, os autores salientam o comportamento político como um elemento do processo de decisão organizacional. Para eles, as decisões estratégicas são influenciadas pelos interesses individuais tanto no âmbito funcional, hierárquico, profissional, como pessoal. Desta forma, os membros da organização buscam influenciar os resultados das decisões para atender seus próprios interesses, valendo-se de recursos políticos.
Strategic Decision Making Schwenk (1995)
Journal of Management
Apresentar quatro tópicos principais da pesquisa sobre processos decisórios estratégicos e a
identificação de três áreas emergentes de pesquisa.
Schwenk, com base no levantamento do referencial teórico sobre decisões estratégicas, aponta para quatro tópicos relevantes para aprofundamento científico, que envolvem a forma de construção cognitiva do pensamento estratégico dos tomadores de decisão quanto ao entendimento dos problemas estratégicos, as condições ambientais e as influências do ambiente organizacional, a formulação da estratégia nos altos escalões das empresas, o emprego de heurísticas e vieses na decisão estratégica e as características de modelos de decisão estratégica presentes na literatura.
The relationship between Procedural Rationality and Political Behavior in Strategic Decision Making
Dean e Sharfman (1993b)
Decision Sciences
Desenvolver uma abrangente teoria sobre processo decisório estratégico, a fim de compreender a relação entre a racionalidade e o comportamento político nas decisões estratégicas.
Dean e Sharfman realizaram um estudo de sessenta e uma decisões estratégicas em vinte e quatro empresas. Isto permitiu aos autores argumentar que os comportamentos políticos e racionais deveriam ser vistos como duas dimensões distintas do processo de decisão. Não há decisão que não inclua tanto o conhecimento racional para lidar com a complexidade dos problemas quanto para lidar com o potencial político dos resultados.
O comportamento político, decorrente do uso de táticas de influência, pode ser classificado em três grupos. O primeiro está relacionado com as atividades que levam à aquisição e uso do poder, visando interesses e aspirações próprias. O segundo envolve táticas de uso de canais importantes para a propagação da informação. O terceiro se vincula às táticas de uso do tempo e ao oportunismo para construir uma base de poder para as ideias.
Strategic Problem Formulation: Biases and Assumptions Embedded in Alternative Decision-making Models Lyles e Thomas (1988)
Journal of Management Studies
Examinar como a formulação de problemas estratégicos é comumente tratada dentro de cinco modelos de decisão organizacional.
Os autores propõem um modelo para formulação de problemas estratégicos, que apresenta as abordagens racional, evasiva, adaptativa, política e decisiva. A despeito de pesquisas anteriormente desenvolvidas sobre processo decisório estratégico, Lyles e Thomas salientam a existência do modelo evasivo, que pressupõe a manutenção do status quo nos casos em que os sintomas do problema, que mudam constantemente, sejam ignorados, a fim de a situação se resolverá por si mesma, sem despender energia e correr riscos inutilmente. Este modelo, que pode ocorrer em ambientes pouco competitivos, é caracterizado pela intenção de se “evitar” a decisão, semelhante ao que Chester Barnard chama de “decisões negativas”, que ocorrem quando se usa de bom senso e instinto para se evitar o erro em agir.
Rational Choice and the Framing of Decisions
Tversky e Kahneman (1986)
Journal of Business
Apresentar os argumentos que demonstram que os desvios comportamentais em uma escolha não são sustentados pela abordagem normativa de decisão
Os autores afirmam que, a despeito dos argumentos que defendem a abordagem normativa de decisão, esta não consegue abarcar a descrição do comportamento de pessoas reais que tomam decisões sob risco. Tversky e Kahneman argumentam que os indivíduos não seguem os modelos normativos de tomada de decisão, já que as teorias racionais de escolha sob risco e incerteza, como a teoria dos jogos ou a teoria de alocação de portfólio, foram pensadas como modelos que envolvem um tomador de decisão idealizado. A lógica dos modelos normativos permite prever possíveis resultados e riscos, porém são inadequadas para predizer o comportamento das pessoas e recomendar reais cursos de ação, pecando por não fornecem uma base válida para explicar o comportamento dos envolvidos na decisão, demandando o uso de uma teoria descritiva que busque apontar como as pessoas tomam decisões, independente de serem ou não ótimas.
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Making Management Decisions:The Role of Intuition and Emotion
Simon (1987)
Academy of Management Executive
Discutir o processo decisório sob o enfoque da intuição do gestor e a influência das emoções no seu comportamento
Simon afirmou que a essência da intuição está na estruturação do conhecimento para analogia com experiências passadas. Segundo o autor, a intuição é um processo que complementa a razão, em que decisões intuitivas são baseadas em experiências anteriores, privilegiando o conhecimento adquirido por vivências.
Em decisões organizacionais, Simon afirma que não é possível escolher entre abordagem analítica e intuitiva uma vez que o contexto exige uma rápida resposta que, se postergada, pode significar a tomada de uma decisão que pode não ser a mais adequada. Contudo, da mesma forma que as heurísticas e vieses cognitivos, o uso de analogias e metáforas em decisões estratégicas pode gerar simplificações em excesso na definição do problema, restringindo possíveis soluções.
Decision-Making at the Top of Organizations
Hickson (1987)
Annual Review of Sociology
Propor uma revisão teórica sobre decisões estratégicas, considerando como elas ocorrem, a influência da incerteza e dos interesses pessoais no processo.
O autor afirma, com base em suas pesquisas anteriores, que há três principais abordagens a serem consideradas: o incrementalismo, a teoria da Garbage Can e o racionalismo dual (que envolve aspectos tanto racionais quanto políticos de um mesmo contexto decisional). Tais abordagens são, no entanto, complementares e sobrepostas, possibilitando a compreensão posterior de aspectos ainda pouco explorados quanto a esse campo do
conhecimento, tais como a não-decisão, as diferenças de decisões no âmbito das organizações, a importância da composição da decisão, qual é seu melhor funcionamento e as diferenças culturais e sociais que implicam no processo decisório.
Cognitive Biases and Strategic Decision Processes: An Integrative Perspective Das e Teng (1999)
Journal of Management Studies
Propor um modelo integrativo que explore a ocorrência de quatro tipos de vieses cognitivos em cinco diferentes abordagens de processo decisório estratégico
Os autores, baseados em pesquisas anteriores, estabeleceram um modelo integrado de decisão estratégica que contempla quatro vieses que influenciam a qualidade das decisões dos gestores: (i) foco em metas limitadas e hipóteses anteriores (correspondente à etapa de diagnóstico do processo decisório estratégico); (ii) exposição a alternativas limitadas (que corresponde à etapa de geração de alternativas do processo decisório estratégico); (iii) insensibilidade a probabilidades de resultados (que diz respeito à etapa de avaliação de alternativas do processo decisório estratégico); e (iv) ilusão de controle (que está ligada à integração da decisão estratégica). Tais vieses correspondem às etapas do processo decisório estratégico propostas por Fredrickson (1984).
Differences Between
Entrepreneurs and Managers in Large Organizations: Biases and Heuristics in Strategic Decision-Making
Busenitz e Barney (1997)
Journal of Business Venturing
Examinar diferenças na forma como empreendedores e executivos de grandes empresas conduzem processos decisórios estratégicos.
Busenitz e Barney utilizaram um questionário enviado pelos correios, com respostas de cento e setenta e seis empreendedores, e contato com executivos de duas grandes empresas, que permitiu identificar que
empreendedores estão mais sujeitos a usar heurísticas e vieses cognitivos do que executivos de grandes empresas no decorrer de processos decisórios estratégicos. Além disso, os autores afirmam que, em ambientes complexos e instáveis, o uso de vieses cognitivos e heurísticas (particularmente, representatividade e super-confiança) pode ser um orientador eficiente e eficaz nas decisões para superar múltiplos obstáculos e possibilitar o aproveitamento de oportunidades de forma mais efetiva. Tais subterfúgios também podem ser associados à inovação.
Strategy Formulation as a Political Process
Pettigrew (1977)
International Studies of Management and Organization
Apresentar o referencial teórico desenvolvido sobre a formulação da estratégia enquanto um processo de decisão política
Pettigrew salienta que os processos políticos dentro das organizações envolvem tanto aspectos grupais, devido à divisão das atividades, quanto individuais, com a manutenção do sistema de status – decorrendo na criação de subgrupos com interesses específicos quanto à distribuição dos recursos organizacionais. Por conta disso, a capacidade de influenciar os resultados de decisões organizacionais pode ser considerada uma fonte de poder muito reconhecida. Em outras palavras, o processo decisório político pode ser entendido pela resolução de demandas conflituosas de interesses individuais e grupais.
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A busca por identificar o “estado da arte” sobre determinado tema passa pelo desafio
de mapear e de discutir acerca da produção acadêmica em diferentes campos do
conhecimento, a fim de buscar respostas quanto a diversos aspectos e dimensões que vêm
sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas da produção científica (FERREIRA,
2002). A busca pela consistência de um referencial teórico colabora sobremaneira para o
embasamento consistente de pesquisas futuras, permitindo a delimitação mais clara de seu
foco de investigação, a elaboração adequada de proposições e o fornecimento de subsídios à
adequada coleta e análise dos dados. Além disso, o desenvolvimento de um referencial teórico
consistente viabiliza a especificação dos construtos a serem adotados no estudo.
Para identificar aspectos analíticos da utilização da rede social, optou-se por fazer uma
análise de frequência da rede, mediante avaliação de seus indicadores. Uma análise da rede
social possibilita identificar quais artigos e autores foram mais influenciadores e forneceram
elementos fundamentais à construção do conhecimento sobre o assunto (WASSERMAN e
FAUST, 2007). Na referida rede social, representada na Figura 1, os nós em cor azul
representam os artigos de cunho teórico/experimental e totalizam 52% do conjunto analisado,
bem como os nós em cor vermelha correspondem aos artigos decorrentes de pesquisas
empíricas, representando 48% dos artigos da rede. Os números ao lado de cada nó são os
códigos numéricos sequenciais atribuídos a cada artigo no levantamento.
MINTZBERG, RAISINGHANI & THEORET (51) QUINN (90)
TVERSKY & KAHNEMAN (78) LINDBLOM (101)
FREDRICKSON (29) FREDRICKSON & MITCHELL (112)
FREDRICKSON & IAQUINTO (87)
EISENHARDT (23)
COHEN, MARCH & OLSEN (91)
KAHNEMAN & TVERSKY (39)
EISENHARDT & BOURGEOIS (24) NUTT (59)
EISENHARDT & ZBARACKI (25)
HART (110)
SCHWENK (67)
LANGLEY (86)
SIMON (71)
DEAN & SHARFMAN (22)
DEAN & SHARFMAN (85) SIMON (72)
SCHWENK (66)
TVERSKY & KAHNEMAN (79)
DUHAIME & SCHWENK (121) DEAN & SHARFMAN (125)
SCHWENK (83) LYLES & THOMAS (103)
HITT & TYLER (124)
BUSENITZ & BARNEY (17) PETTIGREW (98)
DAS & BING-SHENG (21) HICKSON (126)
Figura 1 - Rede Social dos principais artigos sobre Processo Decisório Estratégico
Segundo Wasserman e Faust (2007), a ARS é uma abordagem que visa o estudo das
relações sociais entre indivíduos, compondo relações expressas através de “nós” ou
interconexões em uma rede como forma de representar os relacionamentos de sujeitos sociais
conectados por algum tipo de relação. Sendo utilizada como ferramenta ao estudo de
fenômenos sociais, a ARS também tem sido utilizada como suporte nas áreas de bibliometria
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e infometria, uma vez que, com a flexibilização do conceito de ator de uma rede social,
pode-se analisar a relação entre artigos científicos de forma que as citações façam o papel de
ligação entre eles (SILVA et al., 2006). Com isso, é possível realizar a identificação dos
principais autores e as relações sociais através das redes de citações bibliométricas.
Uma análise dos indicadores de uma rede social possibilita verificar mais
adequadamente a relação entre seus componentes (ALEJANDRO e NORMAN, 2005). Os
indicadores que podem ser analisados em uma rede social estão discriminados no Quadro 2.
Indicadores Conceito
Densidade (Density degree)
É o número de relacionamentos que ocorreram com relação ao máximo de relacionamentos que poderiam ter ocorrido.
Centralidade (Centrality degree)
Avalia-se o Grau de Entrada (percentual de artigos que referenciam o artigo analisado) e o Grau de Saída (percentual de artigos referenciados pelo artigo analisado).
Centralização (Centralization
index)
Representa a condição em que um determinado artigo tenha uma posição central na rede ao deter o maior número de conexões.
Intermediação (Betweenness
degree)
É o grau que representa o papel de intermediação da comunicação entre as demais conexões que um artigo exerce na rede, agindo como ponte entre os demais.
Alcance (Closeness
degree)
Mede a “distância geodésica” de um artigo com relação aos demais, ou seja, a capacidade de um artigo para chegar até os demais na rede social.
Quadro 2 - Indicadores para Análise de Redes Sociais
Neste caso, a rede social resultante das conexões (“nós”) entre os artigos,
anteriormente representada na Figura 1, permitiu identificar quais autores são basilares no
estudo sobre Processo Decisório Estratégico, servindo de referencial às pesquisas vindouras.
Os resultados obtidos com a análise da respectiva rede social apontaram uma densidade da
rede de 15,59%, ou seja, ocorreram 15,59% do total de conexões possíveis.
Tabela 1
Graus de Centralidade dos Artigos
Cód. Autor/Ano do Artigo Grau de Saída % Saída Grau de Entrada % Entrada
51 Mintzberg, Raisinghani e Theoret (1976) 0 0,00% 26 57,78%
90 Quinn (1978) 2 4,44% 15 33,34% 78 Tversky e Kahneman (1974) 0 0,00% 14 31,12% 87 Fredrickson e Iaquinto (1989) 5 11,11% 11 24,45% 112 Fredrickson e Mitchell (1984) 3 6,66% 11 24,45% 29 Fredrickson (1984) 3 6,66% 11 24,45% 101 Lindblom (1959) 0 0,00% 11 24,45%
91 Cohen, March e Olsen (1972) 0 0,00% 11 24,45%
59 Nutt (1984) 2 4,44% 9 20,00% 23 Eisenhardt (1989) 7 15,55% 7 15,55% 67 Schwenk (1984) 2 4,44% 7 15,55% 110 Hart (1992) 10 22,23% 6 13,34% 86 Langley (1989) 5 11,11% 6 13,34% 39 Kahneman e Tversky (1979) 1 2,23% 6 13,34% 71 Simon (1955) 0 0,00% 6 13,34% 24 Eisenhardt e Bourgeois (1988) 0 0,00% 6 13,34% 25 Eisenhardt e Zbaracki (1992) 12 26,67% 5 11,11% 125 Dean e Sharfman (1993a) 8 17,78% 4 8,89% 121 Duhaime e Schwenk (1985) 3 6,66% 4 8,89%