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A riqueza é em si mesma um valor? Contraposição entre Richard Posner e Ronald Dworkin sobre o valor da riqueza

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Academic year: 2021

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A riqueza é em si mesma um valor? Contraposição entre

Richard Posner e Ronald Dworkin sobre o ‘valor’ da riqueza

Leonardo Goulart Pimenta1

RESUMO: Este texto trata da contraposição entre os autores Richard Posner (análise econômica do direito) e Ronald Dworkin sobre a riqueza enquanto valor autoreferente. Trata de uma discussão axiológica sobre a riqueza e a atuação do direito sobre este pressuposto.

PALAVRAS-CHAVE: Direito, Riqueza, Análise Econômica do Direito, Richard Posner, Ronald Dworkin.

1 INTRODUÇÃO

1.1 PRESSUPOSTOS DA ANALISE ECONÔMICA DO DIREITO

O pressuposto básico da economia que orienta a versão da análise econômica do direito é o de que as todas (com exceção de crianças bem novas e das que sofrem de distúrbios mentais graves) pessoas são maximizadores racionais de suas satisfa-ções. Em toda e qualquer atividade que implica uma escolha, o indivíduo busca maximizar sua satisfação entre as diversas formas de agir. Como essa definição abrange o criminoso que decide se vai comete outro crime, o litigante que decide se vai entrar em acordo ou levar um caso ao juízo, o legislador que decide se vai votar contra ou a favor de uma lei, o juiz que decide como dar seu voto num caso, a parte de um contrato que decide se vai quebrá-lo, o motorista que decide se deve ou não acelerar seu carro, e o pedestre que decide com que grau de ousadia vai atravessar uma rua, bem como os agentes econômicos habitu-ais, como homens de negócios e consumidores, é evidente que a maior parte das atividades, quer as reguladas pelo sistema jurídico, que as que ocorrem no seu interior, são úteis e proveito-sas para o analista econômico (POSNER, 2007, p. 474).

A análise econômica do direito entende que a conduta legal ou ilegal de um indivíduo é decidida a partir de seus interesses e dos incentivos que encontra para efetuá-la ou não. Parte-se da premissa de que os sujeitos irão se conduzir diante do direito de forma a realizar a escolha que incorra em uma melhor relação quantitativa entre os custos e riscos envolvidos e os possíveis benefícios.

Com efeito, o direito deve tratar justamente de intervir nesta capacidade de escolha no sentido de determinar ação do indi-viduo em direção a uma maximização da riqueza. Para a análise econômica, o direito é entendido como um instrumento de maxi-mização da riqueza a partir do momento que atua na capacida-de capacida-de escolha racional pertinente a todos os indivíduos.

Nesta perspectiva, “maximização de riqueza” pode muito bem ser definida, ou alcançada, quando bens e outros recursos estão nas mãos dos que a valorizam mais. E alguém valoriza mais um bem se puder e estiver disposto a pagar mais em di-nheiro (ou no equivalente do didi-nheiro) para possuí-lo.

Richard Posner ilustra bem este conceito.

Se A estiver do disposto a pagar até $ 100 pela cole-ção de selos de B, ela vale $ 100 para A. Se B estiver disposto a vender a coleção de selos a qualquer preço acima de $90, ela vale $90 para B. Portanto, se B vender a coleção de selos para A (digamos por $100, mas qua-litativamente a análise não é afetada por nenhum preço entre $90 e $100 – e é somente dentro desses limites de variação que a transação vai ocorrer), a riqueza da sociedade aumentará em $10. Antes da transação, A ti-nha $100 em espécie, e B titi-nha uma coleção de selos valendo $ 90 (um total de $190); de pois da transação, A tem uma coleção de selos que vale $100 e B tem $100 em espécie (um total de $200). (POSNER, 2007, p. 477) Observa-se que “um indivíduo maximiza sua riqueza quan-do aumenta o valor quan-dos recursos que possui; sempre que ele consegue, por exemplo, adquirir algo que valoriza por algum soma menor que o máximo que estaria disposto a pagar por ela. Seu valor para ele é medido pelo dinheiro que pagaria se fosse necessário; se pode pagar, digamos, $4 pelo que pagaria $5 se fosse necessário, sua riqueza foi aumentada em $1”(DWORKIN, 2001, p. 352). Uma sociedade maximiza sua riqueza quando to-dos os recursos dessa sociedade são distribuíto-dos de tal manei-ra que a soma de todas as valorizações individuais é tão elevada quanto possível.

Estes pressupostos podem se aproximar algumas vezes do “ótimo de Pareto”. Segundo essa premissa teórica, uma situa-ção econômica é ótima se não for possível melhorar a situasitua-ção,

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ou, mais genericamente, a utilidade, de um agente sem degra-dar a situação ou utilidade de qualquer outro agente econômico. Numa estrutura ou modelo econômico podem coexistir diversos ótimos de Pareto. Um ótimo de Pareto não tem necessariamen-te um aspecto socialmennecessariamen-te benéfico ou aceitável. Por exemplo, a concentração de rendimento ou recursos num único agente pode ser ótima no sentido de Pareto.

No entanto, tal aproximação é negada tanto pelos autores da análise econômica do direito quanto por Dworkin. Tal proximi-dade acabou por causar alguns problemas conceituais que po-deriam ser resolvidos com uma maior apuração na linguagem.

Assim, a teoria da maximização da riqueza não só é di-ferente da teoria da eficiência de Pareto como também mais prática. A análise econômica do Direito, que torna central o conceito de maximização de riqueza, deve, portanto ser distinguida da analise do Direito dos eco-nomistas, isto é, da aplicação a contextos jurídicos da noção de eficiência dos economistas, que é a eficiência de Pareto. Quando o economista pergunta uma norma de Direito é eficiente, geralmente quer saber se a situ-ação produzida pela norma é eficiente segundo Pareto, não se ela promove a maximização da riqueza. Muita confusão poderia ser sido evitada se Posner e outros não tivessem usado as palavras “econômico” ou “efi-ciente” na descrição do seu próprio trabalho. Os econo-mistas não teriam ficado tão preocupados em assinalar que essas palavras obviamente não são usadas em seu sentido técnico normal. Não teriam, então, suposto que Posner e seus colegas haviam cometido alguns erros conceituais simples (DWORKIN, 2001, p.356).

O grande arauto da análise econômica do direito é o juiz do tribunal de Apelações da justiça federal norte-americana e professor da escola de Chicago Richard Posner. Em sua profí-cua produção acadêmica, destacam-se obras como “Economic Analysis of Law” (“Análise Econômica do Direito”), em sua 7ª edição em 2007; “Law and Literature” (“Direito e Literatura”); “Law and Legal Theory in England and America” (“Direito e Fi-losofia do Direito na Inglaterra e nos EUA”) (1996). Esta teoria que mescla conceitos da economia e direito tem cada vez mais inserção dentro do meio acadêmico e prático do direito.

2 A ANÁLISE ECONOMICA DO DIREITO EM QUESTÃO

No entanto, as premissas da analise econômica direito não passam ilesas a diversas criticas. Vários problemas foram levanta-dos e discutilevanta-dos, especialmente por autores relacionalevanta-dos à filoso-fia do direito e à hermenêutica jurídica. Ronald Dworkin, em obras

como “A Matter of Principle” (“Uma questão de princípio”) (1977), “Taking Rights Seriously” (“Levando os direitos a sério”) (1986), destaca-se na linha crítica da análise econômica do direito.

Umas das questões que Ronald Dworkin apresenta aos pressupostos da analise econômica de Richard Posner é: uma sociedade é melhor do que outra se tem mais riqueza2? Em

ou-tros termos, a riqueza é algo que por si só vale a pena ter? Se, para a análise econômica defendida por Richard Posner, o direi-to deve caminhar no sentido de se maximizar a riqueza, então deve tratar de demonstrar que uma sociedade (ou uma situa-ção) com mais riqueza é melhor que outra que tenha menos.

Se a análise econômica do direito afirma que as ações ju-diciais devem ser decididas de modo a aumentar a rique-za social, definida do modo descrito, deve demonstrar por que uma sociedade com mais riqueza, por essa úni-ca razão, é melhor ou está em melhor situação que uma sociedade com menos riqueza (DWORKIN, 2001, p. 359) Para Dworkin, não resta claro por que a riqueza social é um objetivo digno.

Agora porém, vem o cerne do problema. A análise eco-nômica sustenta, em seu aspecto normativo, que a maximização da riqueza social é um objetivo digno, de modo que as decisões judiciais deveriam tentar maxi-mizar a riqueza social atribuindo, por exemplo, direitos aos que os comprariam, não fossem os custos da tran-sação. Mas não está claro por que a riqueza social é um objetivo digno. Quem pensaria que uma sociedade que tem mais riqueza, tal como é definida, é melhor ou está em melhor situação que uma sociedade que tem menos, a não ser alguém que cometeu o erro de perso-nificar a sociedade e, portanto, pensou que uma socie-dade está em melhor situação se tem mais riqueza, da mesma maneira que ocorre com qualquer individuo? Por que alguém que não cometeu esse erro deveria pensar que a maximização da riqueza social é um objetivo dig-no? (DWORKIN, 2001, p. 356)

Veja-se, no entanto, que uma resposta adequada a esta questão implica necessariamente em uma teoria do valor. Se a análise econômica afirma que se uma sociedade muda, no sen-tido de aumento da riqueza, isto provoca um aumento no valor, mesmo que não haja outras mudanças que também constituam um aumento no valor, e mesmo que a mudança represente, em outros aspectos uma queda no valor, resta saber se tal mudança (de aumento na riqueza social) constitui realmente um aumento

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no valor por si só. Em outros termos, se uma sociedade apenas maximizar a riqueza, há um aumento no valor?

Ocorre que Dworkin aponta que essa é uma questão de filo-sofia moral, no seu sentido mais amplo, e não de como a anali-se econômica funciona na prática (DWORKIN, 2001, p.359). Ou seja, o argumento de que a analise econômica é a única forma eficiente de mudar comportamentos não cabe aqui, pois busca--se discutir o valor subjacente a um determinado comportamen-to, i.e., a que valor se direciona determinado comportamencomportamen-to, determinado ou não pelo cálculo racional de custos e riscos.

Assim torna-se possível saber se a riqueza social é um componente no valor. “Se resposta a pergunta é não – um mero progresso na riqueza social não é um aumento no valor -, a afir-mação de que a riqueza social é um componente do valor não se sustenta a afirmação normativa da análise econômica precisa de outro apoio” (DWORKIN, 2001, 359).

Em primeiro lugar, Dworkin aponta uma situação de lógi-ca econômilógi-ca desconsiderada em geral pela teoria econômilógi-ca Posner. Segundo Dworkin, para maioria das pessoas há uma diferença entre a soma que estriam dispostas a pagar por algu-ma coisa que não têm e a soalgu-ma que receberiam em troca dela se já a tivessem. “Quando tenho a sorte suficiente para com-prar ingressos para Wimbledon por $5 na loteria anual, não vou vendê-los por digamos, $50, embora certamente não vá pagar $20 para comprá-los quando perco na loteira” (DWORKIN, 2001, p. 353). A análise econômica do direito supõe estipulações de racionalidade que excluem a diferença de valor entre “pegar ou largar” um bem. Nem Posner nem outros proponentes da análise econômica do Direito parecem incomodar-se muito com alguma dessas possibilidades. “Podemos dizer que o objetivo da ma-ximização da riqueza só é alcançado por uma transferência ou distribuição especifica quando esta transferência aumentar a ri-queza social medida pelo que as pessoas em cujas mãos o bem cai pagariam para adquiri-lo se fosse necessário, e também pelo que aceitariam para separa-se dele” (DWORKIN, 2001, p.353)

Voltando à questão principal, para explicar suas objeções, Dworkin utiliza do seguinte exemplo hipotético. Derek tem um livro que Amartya quer. Derek venderia o livro a Amartya por $2 e Amartya pagaria $3 para ele. T (o tirano encarregado) toma o livro de Derek e o dá para Amartya com menos gasto de dinheiro ou equivalente do que seria consumido em custos de transação se os dois fossem regatear a distribuição do valor excedente de $1. A transferência forçada de Derek para Amartya produz um ganho de riqueza social, embora Derek tenha perdido algo que valoriza sem nenhuma compensação. (DWORKIN, 2001, 360). Dworkin chama de “Sociedade 1” a situação que ocorreu antes da transferência forçada e de “Sociedade 2” a que ocorreu

de-pois dela.

Sendo assim, resta saber: a sociedade 2 é superior a so-ciedade 1 em qualquer aspecto? Não se está perguntando se o ganho de riqueza é superado pelo custo em justiça ou igual-dade de tratamento, ou em qualquer outra coisa, mas se o ga-nho em riqueza, considerado por si só, chega a ser um gaga-nho. Para Dworkin, de forma quase intuitiva ou, na melhor das hipó-teses, notória, a sociedade 2 não é melhor em nenhum aspecto. (DWORKIN, 2001, p. 360). Com efeito, se a sociedade 2 não é superior em nenhum aspecto à sociedade 1, não é possível pensar que a riqueza é um componente do valor.

Poderia-se objetar que a maximização da riqueza é melhor atendida em um sistema jurídico que atribua direito de posse às pessoas e mantenha o princípio de que ninguém perca aquilo que tenha direito senão por meio de uma transação voluntária. Como no exemplo de Amartya de Derek: “se presumirmos que Derek tem direito ao livro em um sistema de direitos calculado para maximizar a riqueza, então tomar o livro sem nenhuma compensação ofende, ao invés de promover, a maximização da riqueza” (DWORKIN, 2001, p. 361).

Trata-se de um argumento adequado ao exemplo. No en-tanto, pressupõe uma inversão dentro da análise econômica do direito. Qual seja: alguém só tem direito na medida em que isto contribua na dinâmica de maximização da riqueza. Em outros termos, a instituição de direitos, e as atribuições de direitos, são justificados apenas na medida em que promovem a rique-za social com mais eficácia que outras instituições (DWORKIN, 2001, p. 362). O conjunto de direitos atribuído a alguém como Derek deve servir apenas para maximizar a riqueza social. Por-tanto, se o direito de Derek a ter o livro impede ou atrapalha a maximização da riqueza social, pode muito bem ser afastado. Às vezes, um ato que viola o que a maioria pensa que são direi-tos – como tomar o livro de Derek e dá-lo a Amartya – aumenta a utilidade total.

Mas outra objeção pode ser feita ao exemplo. No fim da his-tória, o bem está nas mãos de quem pagaria mais para té-lo. Se Derek aceitaria apenas $2 pelo livro e Amartya pagaria $3, o livro então dará mais satisfação a Amartya do que a Derek.

No entanto, para que a objeção tenha sentido pressupõe-se que além da riqueza se está aumentando a utilidade do bem. Para Amartya o livro é, em termos gerais, mais útil, portanto, ela pagaria mais por ele.

Mas para Posner, a riqueza é conceitualmente independen-te da utilidade. Como aponta Dworkin, “ele agora reconhece que comparações interpessoais de utilidade fazem sentido e susten-ta que aumentos na riqueza podem produzir decréscimo na uti-lidade e vice-versa” (DWORKIN, 2001, p. 363).

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Para ilustrar ainda mais seu argumento, Dworkin exacerba seu exemplo. Derek é pobre, doente e infeliz, e o livro é um de seus poucos confortos. Ele só está disposto a vendê-lo por $2 porque precisa de medicamentos. Amartya é rico e satisfeito. Está disposto a gastar $3 pelo livro, o que representa uma par-cela bem pequena de sua riqueza, com base na possibilidade fortuita de algum dia poder lê-lo, embora saiba que provavel-mente não o fará (DWORKIN, 2001, p. 364).

Se o tirano forçar a transferência, sem compensação, a utili-dade total se reduzirá muito, pois o livro, extremamente útil para o enfermo Derek, apresenta pouca ou nenhuma utilidade para Amartya. Mas para Posner, mesmo havendo decréscimo na uti-lidade geral, o livro deve ser transferido, pois haverá um acrésci-mo na riqueza total, tal coacrésci-mo definida de anteriormente. A partir deste exemplo, Dworkin conclui que, separada da utilidade, a riqueza social perde toda a plausibilidade.

Ainda neste sentido, Dworkin apresenta outro argumento: Os puritanos às vezes argumentam que, do mesmo modo que um individuo está necessariamente em me-lhor situação se tem mais felicidade ao longo de toda a sua vida, apesar de ter menos em dias específicos, as-sim também uam sociedade deve estar em melhor situ-ação se tem mais felicidade distribuída entre seus mem-bros, apesar de muitos deles terem menos. (DWORKIN, 2001, p. 364)

Mas novamente o autor levanta duas objeções a este argu-mento. Primeiramente, não é verdade que um indivíduo esteja necessariamente em melhor situação se tem mais felicidade to-tal ao longo de sua vida a despeito da distribuição. Em outros termos, é plenamente plausível um indivíduo preferir uma vida com menos prazer a uma vida de miséria com um mês de in-tenso prazer. Em segundo lugar, a sociedade não se relaciona com as pessoas como o indivíduo se relaciona com seus dias de vida. Em outros termos, o exemplo é uma forma de “não levar a sério a diferença entre os indivíduos” (DWORKIN, 2001, 364).

Ainda no sentido de sustentar que a riqueza não deve ser considerada independente da utilidade, Dworkin é enfático a di-zer: “é falso mesmo que um indivíduo esteja necessariamente em melhor situação se tem mais riqueza” (DWORKIN, 2001, p.365).

Se Posner reconhece que mais riqueza não conduz neces-sariamente a mais felicidade, deveria também reconhecer a pos-sibilidade contrária: que mais riqueza conduz a uma perda na felicidade, pois, como ele mesmo diz, as pessoas querem outras coisas além da riqueza, e essas preferências adicionais podem ser colocadas em risco pelo aumento da riqueza.

Dworkin é bastante incisivo em sua argumentação:

Esta é, no final das contas, uma afirmação básica da ficção sentimental e de contos de fadas nem um pouco sentimentais. Suponho, portanto, que o indivíduo tenha de escolher entre uma vida que o fará ais feliz (ou mais satisfeito, mais bem sucedido a seus olhos, ou seja o que for) e uma vida que o tornará mais rico em dinheiro ou no equivalente a dinheiro. Sria irracional de sua par-te escolher a segunda. Tampouco, e isto é crucial, ele perde ou sacrifica qualquer coisa de valor aos escolher a primeira. Não que deva preferir a primeira, reconhe-cendo que, na escolha, sacrifica algo de valor na segun-da. O dinheiro ou seu equivalente é útil na medida em que capacita alguém a levar um ávida mais valiosa, mais bem sucedida, mais feliz ou mais moral. Qualquer um que o considere mais valioso é um fetichista das verdi-nhas. (DWORKIN, 2001, p. 365)

A história a de Derek e Amartya demonstra o insucesso da teoria da riqueza social como um componente do valor, pois a história demonstra não apenas que um ganho de riqueza pode ser contrabalançado por perdas de utilidade, e prova ainda que um ganho de riqueza social, considerado por si só e separa-damente de seus custos ou de outras conseqüências, boas ou más, não é absolutamente um ganho.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como teoria de grande relevância para compreensão do di-reito contemporâneo, a análise econômica do didi-reito entendida a partir dos ensinamentos paradigmáticos de R. Posner, enfren-ta grandes criticas, especialmente de Ronald Dworkin, ao buscar afirma a riqueza como um valor em si mesmo.

4 REFERÊNCIAS

DWORKIN, Ronald M. Levando os direitos a sério. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

DWORKIN, Ronald M. O império do direito. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

DWORKIN, Ronald M. Uma questão de princípio. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

POSNER, Richard A. Problemas de filosofia do direito. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

POSNER, Richard A. The problematics of moral and legal theory.

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RYERSON, James. The Outrageous pragmetism of Judge Richard Pos-ner. Língua Franca, v. 10, nº 4, may, 2000.

NOTAS DE RODAPÉ

1 Mestre e Doutor em Teoria do Direito pela Pontifícia Universidade

Cató-lica de Minas Gerais. Professor de Filosofia do Direito, Direito Romano e História do Direito da Puc/Minas.

2 Dworkin apresenta dois tipos de resposta a esta questão:(a) a versão

imodesta – sustenta que a riqueza social é o único componente do va-lor social. Argumenta que o único aspecto e que uma sociedade pode ser melhor ou estar em melhor situação é o da riqueza social (b) a ver-são modesta argumenta que a riqueza é um componente entre outros da valor social. Uma sociedade, pro tanto, é melhor que outra se tem mais riqueza, mas pode ser pior, de modo geral, quando outros com-ponentes são levados em conta, inclusive comcom-ponentes da distribuição. (DWORKIN, 2001, p. 356)

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