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CENTRO UNIVERSITÁRIO DR. LEÃO SAMPAIO UNILEÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO MARIA ELZA VIEIRA DE SOUZA SANTOS

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DR. LEÃO SAMPAIO – UNILEÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

MARIA ELZA VIEIRA DE SOUZA SANTOS

A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO ÂMBITO ESCOLAR NO QUE TANGE A ACESSIBILIDADE

Juazeiro do Norte – CE 2018

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MARIA ELZA VIEIRA DE SOUZA SANTOS

A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO ÂMBITO ESCOLAR NO QUE TANGE A ACESSIBILIDADE

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Graduação em Direito do Centro Universitário Dr. Leão Sampaio, como requisito para a obtenção do grau de bacharelada em Direito.

Orientador (a): Me. Cristóvão Teixeira Rodrigues Silva

Juazeiro do Norte - CE 2018

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MARIA ELZA VIEIRA DE SOUZA SANTOS

A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO ÂMBITO ESCOLAR NO QUE TANGE A ACESSIBILIDADE

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Graduação em Direito do Centro Universitário Dr. Leão Sampaio, como requisito para a obtenção do grau de bacharelada em Direito.

Orientador(a): Me. Cristóvão Teixeira Rodrigues Silva

Data de aprovação: ___/___/___

Banca Examinadora

_______________________________________________ Prof.(a) Me. Cristóvão Teixeira Rodrigues Silva

_______________________________________________ Prof.(a) Me. Danielly Pereira Clemente

_______________________________________________ Prof.(a) Me. Carolina Maria Campos de Saboya

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Aos meus pais, aos meus filhos Elves Jonathan e Heloísa Jennifer e aos professores que me ajudaram na construção do conhecimento e nessa longa caminhada.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo dom da vida, pela capacidade de raciocínio e aos meus filhos Elves Jonathan e Heloísa Jennifer pelo apoio e incentivo ao longo dessa caminhada rumo a realização deste grande sonho.

Agradeço também a minha mãe, por ser minha fonte infinita de amor.

Ao meu orientador, professor Cristóvão por estar me ajudando na construção desse trabalho que não é fácil e por sempre está disponível para sanar todas as dúvidas existentes.

Aos membros da banca por terem aceitado o convite, pela disponibilidade e atenção em participarem desse momento ímpar em minha vida.

Por fim, agradeço a todos que de alguma maneira contribuíram para que eu chegasse até aqui;

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RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo averiguar quais são os direitos inerentes à criança e ao adolescente que são violados na escola. A elaboração desse trabalho ocorreu através de uma revisão bibliográfica de legislações, livros e trabalhos científicos, disponíveis em meios físicos e virtuais, estabelecendo pesquisa de cunho dedutivo e com abordagem qualitativa. Com intuito de mostrar quais são os direitos inerentes a crianças e adolescentes que são violados no âmbito escolar no tocante a acessibilidade, o trabalho apresenta a educação como direito fundamental, a escola como contexto de desenvolvimento humano e sua função social e o que é direitos sociais e o Princípio da Reserva do Possível. Discutiu-se também como a educação está inserida no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), a partir do Princípio da Primazia do interesse de criança e adolescente. Em seguida foi analisado o que é educação especial e inclusiva, analisando quais os direitos que são violados e quais são os mecanismos de combate. Aponta-se como resultado da pesquisa realizada que mesmo havendo inúmeras conquistas, a educação/ambiente escolar ainda tem muito que avançar no que diz respeito a inclusão de crianças e adolescentes com deficiência, pois os principais problemas na inclusão estão na ausência de acessibilidade e educadores preparados. Para esses estudantes, há grave violação aos direitos presentes no nosso ordenamento jurídico que regem a demanda.

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ABSTRACT

The present work of course completion aims to ascertain what are the inherent rights of the child and the adolescent who are violated in the school. The elaboration of this work occurred through a bibliographical review of legislation, books and scientific works, available in physical and virtual media, establishing research of deductive and qualitative approach. In order to show the inherent rights of children and adolescents who are violated in the school context regarding accessibility, work presents education as a fundamental right, school as a context of human development and its social function and what is social rights and the principle of reservation of the possible. It was also discussed how education is inserted in the Statute of the Child and Adolescent (ECA) and the Law of Guidelines and Bases of Brazilian Education (LDB), based on the principle of the primacy of the interest of children and adolescents. Next, we analyzed what is special and inclusive education, analyzing what rights are violated and what are the combat mechanisms. It is pointed out as a result of the research carried out that although there are countless achievements, education / school environment still has much to advance regarding the inclusion of children and adolescents with disabilities, since the main problems in inclusion are in the absence of accessibility and educators prepared. For these students, there is a serious violation of the rights in our legal system governing the lawsuit.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 08

2 CONSTRUÇÃO JURÍDICA/SOCIAL DA EDUCAÇÃO COMO DIREITO FUNDAMENTAL... 11

2.1 DIREITO FUNDAMENTAL À EDUCAÇÃO... 11

2.2 A ESCOLA COMO CONTEXTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO E SUA FUNÇÃO SOCIAL... 14

2.3 DIREITOS SOCIAIS E A RESERVA DO POSSÍVEL... 17

3 DO RISCO À PROTEÇÃO: EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA DO PLENO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE... 23

3.1 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DO INTERESSE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO... 23

3.2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E EDUCAÇÃO ESPECIAL... 27

4 DESAFIOS E PERSPECTIVAS NO ÂMBITO ESCOLAR... 34

4.1 VIOLAÇÕES E MECANISMO DE COMBATE... 34

5 CONCLUSÃO... 42

REFERÊNCIAS... 44

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1 INTRODUÇÃO

A presente Monografia Jurídica intitulada “A violação dos direitos da criança e do adolescente no âmbito escolar no que tange a acessibilidade”, foi elaborada por ser um assunto que vem ganhando mais enfoque dentro da sociedade, por conta dos inúmeros direitos violados no ambiente escolar, no que diz respeito a direitos inerentes a crianças e ao adolescente no tocante a educação especial e inclusiva.

O direito à educação encontra-se designado na Constituição Federal de1988, a partir dos artigos 205 e seguintes, e é considerado como um Direito Social, essencial e de cunho fundamental, ou seja, a educação é importante como qualquer outro direito assegurado no texto legal, uma vez que é parte intrínseca ao cidadão.

O Direito Fundamental no quesito de acesso à educação é bastante questionado quanto a sua efetividade, levando em considerando a realidade brasileira na questão ao respeito dos direitos fundamentais dos cidadãos. Em todo o país existe e são bastante nítidas as dificuldades quanto ao acesso e a permanência na escola por conta das diversas barreiras encontradas em decorrência de diversos fatores.

Diante dessa realidade, o presente trabalho tem como temática a violação dos direitos da criança e do adolescente no âmbito escolar no tocante a acessibilidade, levantando a seguinte reflexão, será que os direitos da criança e do adolescente resguardados na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente estão em consonância com a realidade no âmbito escolar?

Nesse sentido, elege-se como hipótese de pesquisa a afirmativa: crianças e adolescentes com deficiência têm seus direitos desrespeitados no âmbito escolar ou existe de fato na prática uma educação especial e inclusiva, sendo definido como objetivo deste trabalho averiguar quais são os direitos inerentes à criança e ao adolescente que são violados na escola.

O método estabelecido para efetivação desse trabalho consiste em pesquisa dedutiva, partindo da premissa de que existem direitos inerentes as crianças e adolescentes sendo desrespeitados no âmbito escolar, analisando de modo mais específico quais são esses direitos e quais são os mecanismos de combate para tais violações.

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Elegendo-se um viés qualitativo utilizando-se como instrumentos de coleta e análise de informações a pesquisa de cunho bibliográfico de materiais científicos disponibilizados em bibliotecas físicas e virtuais, como também leituras de diversas leis referentes ao direito à educação.

A pesquisa bibliográfica feita em meios virtuais, foram utilizadas plataformas acadêmicos com a utilização de buscadores: direito à educação, direito fundamental, direitos sociais e violação aos direitos das crianças e adolescentes, sendo selecionados trabalhos e artigos científicos atuais.

Diante de tantas discussões acerca da violação aos direitos da criança e adolescente no âmbito escolar no que tange a acessibilidade, afirma-se a importância de se abordar a temática com o intuito de trazer e mostrar todos os aspectos relacionados ao direito à educação e como este direito ocorre de fato na prática e quais são as dificuldades encontradas por jovens e crianças com algum tipo de deficiência, pois a prática é bem diversa da teoria e não é efetivamente cumprido aquilo que a lei determina de forma expressa.

A violação de direitos no ambiente escolar é um tema que gera enorme discursão por envolver diversos fatores tendo como exemplo fator econômico, por isso, foi escolhido esse assunto com intuito de mostrar a sociedade quais são as dificuldades, tanto de crianças e adolescentes como de educadores em geral, para cumprir e efetivar os direitos pertencentes a todas as crianças e adolescentes resguardados nas mais variadas leis, sem qualquer tipo de distinção ou discriminação.

Esse trabalho encontra-se dividido em três capítulos. No qual, o primeiro capítulo vem abordar a construção jurídico/social da educação como direito fundamental, subdividido em três tópicos sendo o primeiro o direito fundamental, abordando tudo o que engloba a educação como direito e sua previsão legal. O segundo tópico vem mostrando a escola como contexto de desenvolvimento humano e sua função social, estabelecendo o que é direito à educação, o papel da escola na vida de crianças e adolescentes e qual a função social da escola. O terceiro tópico diz respeito aos direitos sociais e o princípio da reserva do possível.

O segundo capítulo vem abordar do risco à proteção: educação como ferramenta do pleno desenvolvimento da criança e do adolescente. Inicialmente se discute como o direito a educação encontra-se discutidos nos respectivos diplomas ECA, Princípio da Primazia do Interesse da Criança e do Adolescente e Lei de

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Diretrizes e Bases da Educação - LDB, mostrando o que cada um traz acerca do assunto em comento, depois serão abordadas no que consiste a educação inclusiva e a especial.

No último capítulo são apresentadas de maneira mais específica quais são os desafios e as perspectivas existentes no âmbito escolar, mostrando assim quais são os direitos violados no âmbito escolar e posteriormente quais são os mecanismos de combates, para então chegarmos ao objetivo deste trabalho que é saber quais os direitos que são efetivamente desrespeitados no ambiente escolar.

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2 CONSTRUÇÃO JURÍDICA/SOCIAL DA EDUCAÇÃO COMO DIREITO FUNDAMENTAL

Nos termos do preâmbulo da Constituição Federal/1988, foi instituído um Estado Democrático, considerada como guardiã da ordem social e dos preceitos legais, quais sejam: o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça (LENZA, 2012).

Nesta concepção, será abordado o que é educação e consequentemente no que consiste o direito à educação prevista na Constituição Federal/1988 como um direito fundamental e social, bem como no que consiste a Reserva do Possível.

2.1 DIREITO FUNDAMENTAL À EDUCAÇÃO

Os Direitos Fundamentais consistem naqueles direitos intrínsecos ao ser humano. E sua história é completamente diferente da história que deu surgimento ao Estado Constitucional Moderno, pois sua finalidade e razão estão pautadas no reconhecimento e na proteção da dignidade da pessoa humana e nos direitos fundamentais do homem (GLITZENHIRN, 2015).

Direitos Fundamentais são conceituados através de suas características peculiares, onde são indispensáveis à pessoa humana, essenciais para proporcionar a todos uma existência digna, livre e igual, devendo o Estado materializá-los, não ficando apenas no mero reconhecimento (PINHO, 2015).

Os direitos fundamentais, segundo Vieira (2006, p.36) são a “denominação comumente empregada por constitucionalistas para designar o conjunto de direitos da pessoa humana expressa ou implicitamente reconhecidos por uma determinada ordem constitucional.”.

O direito fundamental pode ser conceituado como sendo um direito que possui garantias nomeadas e especificadas no instrumento constitucional (BONAVIDES, 2017). Corrobora Pinho que os

Direitos fundamentais são os considerados indispensáveis à pessoa humana, necessário para assegurar a todos uma existência digna, livre e igual. Não basta ao Estado reconhecê-los formalmente; deve buscar concretizá-los, incorporá-los no dia-a-dia dos cidadãos e de seus agentes. (PINHO, 2015, p. 67).

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Ao falarmos em educação como um direito fundamental nos deparamos com um princípio muito importante que é a Dignidade da Pessoa Humana e quando o Estado retira de um “cidadão” o direito a uma educação digna, ele está suprimindo a dignidade daquele indivíduo.

Andrade (2012, p. 13), esclarece direitos fundamentais dizendo que: “[...] são direitos absolutos imutáveis e intemporais, inerentes à qualidade de homem e seus titulares, e constituem um núcleo restrito que se impõe a qualquer ordem jurídica [...]”, ou seja, o direito fundamental está ligado ao homem e sem ele não seria possível viver adequadamente, pois ocorreria ofensa à integridade física ou moral do ser humano.

Para Fonte (2015, p. 220):

desenvolvimento da personalidade humana garantido, inicialmente, pela educação básica, correspondente aos ensinos infantil e fundamental, direito que restou positivado pelo constituinte originário na forma de regra art. 8, incisos e § 1°, da CF/88). A Constituição Federal de 1988 deu aos direitos fundamentais um elevado grau de garantia, segurança e imutabilidade, pois só pode ocorrer modificação mediante emenda constitucional (BONAVIDES, 2017).

Para Marmelstein (2011) os Direitos Fundamentais estão intrinsicamente ligadas aos preceitos da dignidade da pessoa humana, onde alicerçam todo Ordenamento Jurídico brasileiro.

Os direitos fundamentais são aqueles direitos que sem eles as pessoas não conseguem sobreviver, haja vista eles se constituir essenciais aos seres humanos e sem eles os outros direitos e garantias não conseguem realizar-se, eles evoluem e são ampliados com o decorrer do tempo, são intransferíveis, não deixam de ser exigíveis e são irrenunciáveis mesmo que não esteja sendo usufruído (ANTÃO, 2013).

Nos moldes de Miranda:

Os direitos fundamentais caracterizam-se pela historicidade, inalienabilidade, imprescritibilidade e irrenunciabilidade. A historicidade recebe este nome, pois os direitos fundamentais sofreram mudanças ao longo do tempo, de acordo com o aspecto de cada época. A inalienabilidade decorre do fato de que o cidadão não pode indispor dos seus direitos fundamentais e nem transferi-los para terceiro. Os direitos fundamentais podem ser requeridos a qualquer tempo, assim ele se torna imprescritível. A característica da irrenunciabilidade torna o direito, como o próprio nome já diz

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irrenunciável, assim o cidadão não pode abrir mão de seus direitos fundamentais. (MIRANDA, 2012, p. 16).

São estabelecidos com fundamentais os direitos atrelados ao ser humano apenas pelo fato de este ser considerado como tal, pois traz em sua essência os atributos da universalidade, da imprescritibilidade, da irrenunciabilidade e da inalienabilidade (ALEXY, 2011).

Os direitos fundamentais são considerados cláusula pétrea, a educação é um desses direitos, reconhecido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, no seu art. 26. A educação é reconhecida como um direito humano por diversas outras Declarações, cabendo destacar aqui o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, a Convenção sobre os Direitos da Criança e do Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em Matéria de Direitos Humanos Econômicos, Sociais e Culturais, dos quais o Brasil é signatário (GLITZENHIRN, 2015).

Os direitos fundamentais são prerrogativas e instituições que estabelecem garantias a uma convivência digna, livre e igual para todas as pessoas, ou seria como os casos jurídicos que sem o ser humano não se realiza, não convive e na maioria das vezes, nem sobrevive (SILVA, 2005).

Compreende Moraes (2006) que os Direitos Fundamentais é um conjunto de direitos e garantias instituídos ao ser humano que possuem a função de garantir o respeito a sua dignidade como pessoa, um mecanismo de garantia das condições mínimas de vida e de desenvolvimento humano.

Para Peres

Os direitos fundamentais são a base do Estado. Através deles o Estado individualiza e também pluraliza o indivíduo no convívio com o todo. Foram incluídos na Constituição Federal de nosso país após uma longa trajetória na história da humanidade. Registros de colonizações, organizações feudais, escravidão, fascismo e outros contribuíram para que houvesse inúmeros problemas sociais onde se verificou a necessidade de limitar ou positivar a ação do Estado conforme a situação. (PERES, 2008, p. 15).

Na Carta Magna de 1988 os direitos fundamentais receberam um grau bastante elevado na questão de garantia, segurança e imutabilidade, pois este depende de emenda Constituição para sua modificação (BONAVIDES, 2017).

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A Constituição Federal de 1988 estabeleceu a seguinte divisão para os direitos e garantias fundamentais: direitos individuais e coletivos; direitos sociais; nacionalidade; direitos políticos e partidos políticos.

2.2 A ESCOLA COMO CONTEXTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO E SUA FUNÇÃO SOCIAL

O direito à educação é um tema bastante antigo, pois o ser humano sempre demonstrou um interesse em buscar o desconhecido. Estando o direito a educação as margens da sociedade, sendo uma atividade árdua a sua implementação de maneira eficaz (QUEIROZ, 2013). Compreende Brandão que,

A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. Formas de educação que produzem, e praticam, para que elas reproduzem, entre todos os que ensinam e aprendem o saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de condutas, às regras do trabalho, os segredos da arte ou religião, do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reivindicar, todos os dias, a vida do grupo e de cada um de seus sujeitos, através de trocas que existem dentro do mundo social onde a própria educação habita, e desde onde ajuda explicar – às vezes a ocultar, às vezes a inculcar – de geração a geração, a necessidade da existência de sua ordem. (BRANDÃO, 2007, p.10).

Frente a isso, a educação é algo de suma importância para o desenvolvimento do ser humano, na formação pessoal e profissional. A Carta Magna de 1988 preceitua em seu art. 6º a educação com um dos principais direitos sociais ao ser humano, onde preceitua

Quanto ao direito à educação, uma situação que também caracteriza-o de maneira especial em meio aos demais direitos sociais diz respeito à qualidade do direito subjetivo público no ensino obrigatório. Portanto, nesse aspecto, deve-se considerar que o Estado tem o dever, tem a obrigação jurídica de oferecer e manter o ensino público obrigatório e gratuito. Trata-se do mínimo em matéria de educação. (MALISKA, 2001, p. 154).

A educação é um direito próprio do cidadão, porque decorre da simples existência do indivíduo, que começa com seu nascimento e só termina com sua morte. Tal direito não se refere apenas à liberdade de aprendizagem, porém caracteriza-se como Direito Social, pois toda população pode cobrar do Estado à

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efetivação de serviços públicos para atendê-los, caracterizado como um direito absoluto, intransmissível, irrenunciável e inextinguível.

A educação é considerada um direito de todos e consequentemente é um dever do Estado e da família, pois tem como propósito o pleno desenvolvimento do indivíduo preparando-o para o exercício da cidadania e o ingresso no trabalho (CURY, 2008).

A responsabilidade da escola hoje em dia vai muito além da transmissão de conhecimento, a escola possui uma função social muito mais abrangente e profunda. Tem a missão de educar crianças e adolescentes para que estes tenham uma vida plena e uma formação profissional no futuro, a escola tem o condão de contribuir para melhoria da sociedade, pois tem o dever de formar cidadãos para o futuro, além de ajudar da inclusão social de indivíduos especiais para estes também tenha uma formação no futuro e que sejam inseridos dentro da sociedade, pois estes também possui o direito à educação. Como afirma Torres (2008, p. 29): [...] “uma das funções sociais da escola preparar o cidadão para o exercício da cidadania vivendo como profissional e cidadão.”.

A educação é caracterizada como uma fase de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral não só das crianças, mas também dos indivíduos em geral, dirigida à sua melhor integração individual e social. A educação representa uma prática contínua e intermitente de se construir e receber informações, que se vão fortalecendo com o tempo e por elas as pessoas vão sendo influenciada, e isso proporciona desenvolvimento no meio de convivência e também a si próprio (GLITZENHIRN, 2015).

Nesse mesmo sentido Elias estabelece que,

A educação é sumamente necessária ao desenvolvimento do ser humano. Assim sendo, às crianças e aos adolescentes deve-se propiciar, da melhor forma possível, oportunidade de recebe-las (sic). No caso, o termo educação deve ser entendido como o trabalho sistematizado seletivo e orientador, pelo qual ajustamos à vida de acordo com as necessidades ideais e propósitos dominantes. Há, portanto, um vínculo muito intimo entre tal direito e a escola, pois é precipuamente por meio desta que aquele se concretiza. Daí porque o poder público e a família, de modo especial, são responsáveis para que tal direito – o de escolarização – concretize-se na vida de cada menor. (ELIAS, 2005, p. 79, grifo nosso).

A educação é um direito que assiste a cada cidadão, que possui uma enorme esperança de transformação. A educação consiste em um interesse não só do ser

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humano de forma individual, mas sim um direito coletivo, da própria sociedade como um todo.

A educação é de suma importância por conta da sua amplitude, pois consegue abarcar e proporcionar o desenvolvimento da capacidade tanto física como mental, psicológica e moral, ou seja, promove o desenvolvimento integral do ser humano (ARADO, 2009).

Os direitos à educação e o de aprender caracterizam-se como um direito de todas as pessoas sejam adultos, crianças ou adolescentes, ou seja, uma educação de qualidade sem qualquer tipo de discriminação.

A Constituição Federal de 1988 elenca em seu texto de lei o direito à educação como sendo um direito social fundamental e com isso garante a educação básica, gratuita e universal a todas às crianças e adolescentes sem nenhuma distinção, mas mesmo com essa garantia, a realidade escolar no Brasil ainda é distante para algumas crianças e adolescentes (MORAES, 2014).

Neste sentido, temos a Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989, sendo confederada uma Carta Magna para todas as crianças de todo o mundo, instrumento posteriormente, no ano seguinte, oficializado como uma Lei Internacional e mais aceito em âmbito universal, onde foi ratificado por 196 países. Em seu art. 28, itens 1 e 2, da primeira parte da Convenção, preceituam sobre a educação no sentido que

Art. 28

1 – Os Estados Partes reconhecem o direito da criança à educação e, a fim de que ela possa exercer progressivamente e em igualdade de condições esse direito, deverão especialmente: a) tornar o ensino primário obrigatório e disponível gratuitamente

para todos;

b) estimular o desenvolvimento do ensino secundário em suas diferentes formas, inclusive o ensino geral e profissionalizante, tornando-o disponível e acessível a todas as crianças, e adotar medidas apropriadas tais como a implantação do ensino gratuito e a concessão de assistência financeira em caso de necessidade; c) tornar o ensino superior acessível a todos com base na capacidade e por todos os meios adequados; d) tornar a informação e a orientação educacionais e profissionais disponíveis e acessíveis a todas as crianças; e) adotar medidas para estimular a freqüência regular às escolas e a redução do índice de evasão escolar. 2 – Os Estados Partes adotarão todas as medidas necessárias para assegurar que a disciplina escolar seja ministrada de maneira compatível com a dignidade umana e em conformidade com a presente Convenção. (UNICEF,1989, online).

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A educação no Brasil deve ser oferecida de forma gratuita, em estabelecimentos oficias, é defeso ao Poder Público cobrar das pessoas vantagens pecuniárias pelo oferecimento à educação em locais próprios, ou seja, em escolas públicas, pois é um dever do Estado fornecer estrutura adequada para que todos tenha acesso a educação, vejamos o que diz Duarte 7, p. 7 5), “está intimamente ligado ao problema da democratização do acesso à educação e constitui um direito, não um a concessão ou um favorecimento.”.

Nesta concepção, o art. 205 da Constituição Federal/88 assegura a educação como sendo um direito de todos e um dever do Estado, devendo ser obrigatória e gratuita nos termos do art. 208 do mesmo diploma legal. Ou seja, o direito a educação é um direito de todos e por isso deve ser oferecido pelo Poder Público, em contra partida existem milhares de pessoas que não possuem condições de arcar com uma educação privada, com isso é necessário que o Estado qualifique os profissionais para receberem todas as crianças e adolescentes sejam eles com deficiência ou não, pois o direito a educação não possuem restrições, ou seja, abrange a todos sem distinção.

A educação é compreendida como um direito em si mesmo e um meio indispensável para o acesso a outros direitos. A educação ganha, portanto, mais importância quando direcionada ao pleno desenvolvimento humano e às suas potencialidades, valorizando o respeito aos grupos socialmente excluídos. Essa concepção de educação busca efetivar a cidadania plena para a construção de conhecimentos, o desenvolvimento de valores, atitudes e comportamentos, além da defesa socioambiental e da justiça social. (BRASIL, 2007, p.25).

O acesso à educação é considerado uns dos direitos mais eficazes para obtenção do primordial direito que é a dignidade da pessoa humana (ANTÃO, 2013). O desígnio da educação encontra-se embasado em um processo de atuação conjunta com a cidadania, em prol de um desenvolvimento humano projetado para um futuro promissor (SILVA, 2017).

Depreende-se com base na análise do Direito à Educação como um Direito Constitucional previsto na Carta Magna de 88, onde cabe ao Estado administrar a aplicação da educação para todos de forma eficaz, levando em consideração a educação como ferramenta de combate a desigualdade social, não permitindo restringir direitos legalmente previstos, promovendo ao mesmo tempo o desenvolvimento humano da geração presente.

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2.3 DIREITOS SOCIAIS E A RESERVA DO POSSÍVEL

Os Direitos Sociais recebe o nome também de direitos de status positivo, pois conforme Alexy (2011) o Estado reconhece pra ele a capacidade jurídica para recorrer ao aparato estatal e usufruir das instituições estatais, ou seja, quando estabelece ao indivíduo pretensões positivas.

Morais (2010, p. 197), conceitua direitos sociais como sendo:

(...) direitos fundamentais do homem, caracterizando-se como verdadeiras liberdades positivas, de observância obrigatória em um Estado Social de Direito, tendo por finalidade a melhoria de condições de vida aos hipossuficientes, visando à concretização da igualdade social (...).

O direito à educação é um direito fundamental que está ligado aos direitos sociais estabelecidos no art. 6º da Constituição Federal de 1988, que traz não só a educação como direito social mais também a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.

Os direitos sociais se originou através do Princípio da Igualdade, que estabelece que todos devem ter o mesmo acesso, ou seja, todos possui direitos iguais no que diz respeito ao rol de direitos sociais existentes, e a educação tem um forte papel dentro da sociedade, que consiste em educar as pessoas com a finalidade especifica de atingir o desenvolvimento humano, ajudando assim a erradicar as desigualdades econômicas, sociais, raciais, intelectuais, políticas e de gênero que existem no país.

Compreende neste sentido o Supremo Tribunal Federal

Educação de deficientes auditivos. Professores especializados em libras. Inadimplemento estatal de políticas públicas com previsão constitucional. Intervenção excepcional do Judiciário. (...) Cláusula da reserva do possível. Inoponibilidade. Núcleo de intangibilidade dos direitos fundamentais. Constitucionalidade e convencionalidade das políticas públicas de inserção dos portadores de necessidades especiais na sociedade. [ARE 860.979 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 14-4-2015, 2ª T, DJE de 6-5-2015.]. (BRASIL, 2015).

A educação não tem o condão de resolver todos os problemas, mas com toda certeza um importante instrumento para superar dificuldades e fornecer oportunidades aos mais necessitados como melhores condições de emprego,

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inclusão social e diminuição do preconceito (PERES, 2008). Os direitos sociais para Bulos (2011) são instrumentos que tutelam os direitos dos menos favorecidos, dando-lhes condições mais condignas para a sobrevivência humana de forma justa e igualitária.

Os direitos sociais constitui posições jurídicas que credência pessoas a exigir do Estado uma postura ativa, estabelecendo que seja colocado à disposição dos seres humanos, prestações de natureza jurídica ou material, consideradas essenciais para implementar as condições fáticas que possibilitem o eficaz exercício das liberdades fundamentais e que permitem realizar a igualização dos diferentes casos sociais, permitindo melhores condições de vida aos que não possuem recursos materiais (CUNHA JÚNIOR, 2013).

Os direitos sociais detém coercibilidade, porque uma vez reconhecidos, não podem ser violados, pois se isso ocorrer deve o Estado reestabelecer coercitivamente, mesmo que o indivíduo transgressor seja agente ou órgão do próprio Estado (RIBEIRO, 2016).

O direito à educação é um dos direitos sociais que mais gera reclamações perante os Tribunais, apenas perde para o direito à saúde, que é o direito mais reclamado atualmente por conta da saúde precária existente no país (BARROS, 2015).

A efetividade dos direitos sociais está atrelada, de alguma maneira, a uma ação por parte do Estado, que mesmo estando estabelecida na Carta Magna de 1988, como direito fundamental, a finalidade específica dos direitos sociais necessita de uma conduta positiva por parte do Estado e também de particulares, tanto no âmbito econômico como no social, ou seja, a influência do Estado é imprescindível para a sua implementação (QUEIROZ, 2013).

Segundo Freitas Júnior (2016, p. 7), “a primeira vista a promulgação da Constituição [...] pareceu justificar a suposição de que o problema da necessidade e da conveniência de previsão constitucional dos direitos sociais estaria [...] erradicado da agenda do debate político e da investigação jurídica.”. Por m o simples fato dos direitos sociais estarem previstos na Constituição Federal de 1988 não garantem sua concretude de modo automático.

Como é típico de cada direito social, o direito à educação tem o condão de impor ao Estado à obrigação de fornecer a todas as pessoas interessadas o acesso à educação em especial aqueles que não possuem condições financeiras de custear

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uma educação particular. Os direitos sociais têm como prioridade de abrangência aqueles indivíduos carentes (DUARTE, 2007).

Compreende Rezende (2015) que os direitos sociais estão embasados e sustentados pelos direitos fundamentais, no qual se identifica a garantia do direito à educação constitucionalmente prevista na Carta Magna de 1988.

A Reserva do Possível surgiu mediante um julgamento realizado pelo Tribunal Constitucional Alemão, em decisão intitulada como Numerus Clausus (número restrito) (SOUZA, 2013). A reserva do possível é uma maneira para limitar a responsabilidade civil por parte do Estado no tocante à implantação de políticas públicas para a efetivação dos direitos sociais.

O Princípio da Reserva Legal configura-se com a presença de recursos públicos, ou a sua inexistência, com a finalidade de cumprir com os ditames legais trazidos na Carta Magna de 88, corrobora Carvalho Filho (2017, p. 66), ao preceituar que “[...] por vários motivos, nem todas as metas governamentais podem ser alcançadas, principalmente pela costumeira escassez de recursos financeiros.”.

O Princípio denominado de Reserva do Possível pode ser usado como argumentação e fundamentação pela Administração Pública, para sua inércia em relação as políticas públicas, que deveriam ser garantidos à população por serem Direitos Fundamentais inerentes a todos os seres humanos sem qualquer tipo de distinção (MIRANDA, 2012).

Neste sentido o Supremo Tribunal Federal compreende que

A educação é um direito fundamental e indisponível dos indivíduos. É dever do Estado propiciar meios que viabilizem o seu exercício. Dever a ele imposto pelo preceito veiculado pelo art. 205 da Constituição do Brasil. A omissão da administração importa afronta à Constituição. [RE 594.018 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 23-6-2009, 2ª T, DJE de 7-8-2009.]. (BRASIL, 2009, grifo nosso).

EMENTA Agravo regimental no agravo de instrumento. Acesso à

educação. Direito fundamental. Controle judicial. Ato administrativo ilegal. Possibilidade. Precedentes. 1. A educação é direito fundamental do cidadão, assegurada pela Constituição da República, e deve não apenas ser preservada, mas, também, fomentada pelo Poder Público e pela sociedade, configurando a omissão estatal no cumprimento desse mister um comportamento que deve ser repelido pelo Poder Judiciário. 2. O Poder Judiciário pode efetuar o controle judicial dos atos administrativos quando ilegais ou abusivos. 3. Agravo regimental não provido. [AI 658.491 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 20-3-2012, 1ª T, DJE de 7-5-2012.]. (BRASIL, 2012).

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Apesar da sua indiscutível importância, o mínimo existencial precisa de requisitos materiais para que seja efetivado. No Brasil, o mínimo existencial tem sido esquecido pelas autoridades estatais, no que diz respeito ao direito fundamental denominado educação, cuja parcela integrativa do mínimo existencial não existe apenas para atender aos ditames legais da Constituição Federal de 1988, mas porque a educação um pr -requisito para a efetivação dos demais direitos fundamentais (SOUSA, 2010).

O Princípio da Reserva do Possível também chamado de Princípio da Reserva de Consistência é uma construção jurídica germânica que se originou de uma ação judicial que tinha como objetivo possibilitar que determinados estudantes cursasse o ensino superior da modalidade pública baseada na garantia da livre escolha do trabalho, ofício ou profissão. Com isso, ficou estabelecido pela Suprema Corte Alemã que, só se pode requerer do Estado a prestação que se encontra em benefício do interessado, desde que obedecidos os limites de razoabilidade (LIMA; MELO, 2011).

Os direitos sociais exigem uma prestação de fazer ligada à reserva do possível no tocante aquilo que o ser humano, de forma racional, pode aguardar da sociedade, ou seja, justificativa para a limitação do Estado em razão de suas condições socioeconômicas.

A concretização dos direito sociais está condicionada de forma direta ao Princípio da Reserva do Possível, ou seja, à quantidade de recursos disponíveis, correndo o risco de priorizar apenas um dos direitos e suprimindo os demais (SOUZA, 2013).

Pena, entende que o Princípio da Reserva do Possível

O instituto da reserva do possível no Brasil recebeu um cunho financeiro, significando que a efetividade dos direitos sociais à prestações materiais condiciona-se a reserva das capacidades financeiras do Estado, uma vez que os direitos fundamentais dependem de prestações financiadas pelos cofres públicos. Todos os direitos fundamentais podem implicar em custo ao Estado. Na atual conjuntura brasileira, não se pode negar a existência de limitações às prestações reconhecidas pelas normas definidoras de direitos fundamentais sociais, haja vista o endividamento público e a escassez de recursos. (PENA, 2011, p. 8).

O Princípio da Reserva do Possível é sempre abordado nas discussões acerca das restrições aos Direitos Fundamentais, pois o Estado utiliza-se desse

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fundamento para fazer somente aquilo que encontra-se ao alcance dele, porque sempre existem “brechas” para que os Direitos Fundamentais sejam garantidos em sua totalidade (Miranda, 2012).

Sobre o tema, assim se posiciona Barcellos:

(...) é importante lembrar que há um limite de possibilidades materiais para esses direitos. Em suma: pouco adiantará, do ponto de vista prático, a previsão normativa ou a refinada técnica hermenêutica se absolutamente não houver dinheiro para custear a despesa gerada por determinado direito subjetivo. (BARCELLOS, 2011, p. 232). Mesmo a doutrina majoritária defenda que a reserva do possível está intimamente relacionada de maneira muito tênue com as relações orçamentárias, os Tribunais tem deixado de lado a Teoria do Financeiramente Possível, em razão da justificativa de falta de recursos, onde esta não pode e não deve afastar o Estado de suas obrigações no que diz respeito à concretização dos direitos sociais (SOARES, 2017).

Deve-se evitar que a reserva do possível passe a ser um justificante para desídia estatal. Até porque a captação de recursos pelo Estado tem como objetivo o gasto com políticas públicas para formalização dos direitos fundamentais encontrados no texto constitucional, dentre eles a educação (HELOU, 2008).

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3 DO RISCO À PROTEÇÃO: EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA DO PLENO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Para ocorrer o pleno desenvolvimento da criança e do adolescente, é necessário que a educação fornecida seja de qualidade e sem qualquer tipo segregação, com ampla dignidade devendo ser levado em conta o rol de direitos humanos existentes sendo eles: direitos pessoais, direitos políticos, direitos civis, direitos econômicos e o direito de participar da vida cultural em comunidade (CLAUDE, 2005).

Neste capítulo será abordada a educação como ferramenta ao pleno desenvolvimento da criança e do adolescente, mostrando como a educação está inserida no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Principio da Primazia Infantil e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, onde também será abordado em que consiste a educação especial e inclusiva e sua aplicabilidade.

3.1 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, PRINCÍPIO DA PRIMAZIA INFANTIL E LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO

O direito inerente a todos ao acesso à educação está devidamente preceituado na Carta Magna de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9394/96, sendo responsabilidade do Estado e da família promovê-la. O objetivo da educação é o pleno desenvolvimento do ser humano, seu aprimoramento para o exercício a cidadania e sua preparação para o trabalho (ROGALSKI, 2010).

O direito da criança e adolescente no território brasileiro foi por diversos anos, ignorados pelo sistema jurídico, pois o Estado não demonstrava qualquer tipo de atenção, proteção ou cuidado para com as pessoas com idade inferior a 18 (dezoito) anos. Após a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estado passou a valorizar os direitos das crianças e adolescentes, visto que a esses seres pertencem o futuro do país.

Tendo assim, que ser proporcionada e possibilitada uma formação em ambiente sadio e adequado, para que sejam devidamente preparados e adaptados para a vida adulta. Toda criança ou adolescente possui direitos garantidos, e o descumprimento destes, por qualquer indivíduo, ocasionará uma punição, porque os

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direitos fundamentais inerentes ao ser humano jamais pode ser desrespeitados e violados (PONTES, 2015).

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, no que diz respeito à questão da educação escolar, os principais direitos inerentes a criança e ao adolescente são: a) Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; b) Atendimento em creches e pré-escolas as crianças de zero a seis anos de idade e c) Serem preparado para o exercício da cidadania, e a preparação para o trabalho (BRASIL, 1990).

O Estatuto da Criança e do Adolescente nos diz:

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - direito de ser respeitado por seus educadores; (BRASIL, 1990, grifo nosso).

A educação deve ser fornecida de maneira gratuita e de forma qualificada, em todos os níveis de escolaridade existentes, respeitando e realizando o devido atendimento educacional especializado para os indivíduos portadores de algum tipo de deficiência, possibilitando o desenvolvimento integral no que diz respeito ao pleno exercício da cidadania e a qualificação propícia, preparando a criança e o adolescente para o ingresso ao mercado de trabalho (MILANO FILHO, 2002).

O Direito à educação é imprescindível no que se diz respeito ao desenvolvimento integral de todas as crianças e adolescentes. O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece na sua base o dever do Estado quanto à educação em seu art. 54, in verbis:

Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;

II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um (BRASIL, 1990, grifo nosso).

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A condição especial de pessoa em fase de desenvolvimento dada a todas as crianças e adolescentes foi uma enorme conquista, pois além de gozarem de todos os direitos referentes aos adultos, possui também os direitos inerentes a idade de cada um, ou seja, possui direitos intrínsecos a categoria de indivíduo em fase de desenvolvimento (COSTA, 1990).

Nos moldes de Guimarães, o Estatuto da Criança e do Adolescente tem como base:

[...] a proteção integral à criança e ao adolescente, sem discriminação de qualquer tipo. As crianças e os adolescentes são vistos como sujeitos de direitos e pessoas com condições peculiares de desenvolvimento. Esse é um dos polos para o atendimento destes indivíduos na sociedade. O ECA é um mecanismo de direito e proteção da infância e da adolescência, o qual prevê sanções e medidas de coerção àqueles que descumprirem a legislação (GUIMARÃES, 2014, p. 21).

A proteção integral voltada para crianças e adolescentes deve ser pautada no cuidado ao desenvolvimento correto, pois esses indivíduos encontram-se em fase de formação de identidade e maturação, pensando não somente no desenvolvimento biológico, como também no desenvolvimento social, cultural, educacional e psicológico, levando em consideração a realidade de cada indivíduo e sua história de vida.

Todos os programas e ações direcionados para a infância e a adolescência deveriam pensar a partir de teorias do desenvolvimento que estabelecem os elementos e mecanismos que possibilita pensar nos processos educativos como processos de emancipação dos jovens (FONSECA, 2013).

Mesmo com todas as medidas de proteção estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente/Lei 8.069/1990, existe outra lei no que diz respeito à educação, denominada de Lei de Diretrizes e Bases da Educação - Lei 9.394/96, a qual regulamenta o sistema educacional brasileiro.

A Lei 9.394/1996 não estabelece uma solução para os problemas referentes a questão da educação, porém preceitua fundamentos importantes no processo de implantação da educação de qualidade no Brasil (SILVA, 2013).

De acordo com Saviani a Lei 9.394/1996 preceitua que:

[...] embora a lei não tenha incorporado dispositivos que claramente apontassem na direção da necessária transformação da deficiência estrutural educacional brasileira, ela, de si, não impede que isso

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venha a ocorrer. A abertura de perspectivas para a efetivação dessa possibilidade depende da nossa capacidade de forjar uma coesa vontade política capaz de transformar os limites que marcam a conjuntura presente. Enquanto prevalecer na política educacional a orientação de caráter neoliberal, a estratégia da resistência ativa será a nossa arma de luta. Com ela nos empenharemos em construir uma nova relação hegemônica que viabilize as transformações indispensáveis para adequar a educação às necessidades e aspirações da população brasileira. [...] (SAVIANI, 2008, p. 238). A educação é um direito de todos e dever do Estado, é necessário que estejamos orientados por princípios basilares que encontram-se como diretrizes norteadoras do ensino. Os princípios basilares referentes a educação, estão preconizados no dispositivo 206 da Constituição Federal/88, repisados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação/Lei 9.394 de 1996 em seu dispositivo 3º, onde os três objetivos básicos são: 1) pleno desenvolvimento da pessoa; 2) preparo para a cidadania; 3) qualificação da pessoa para o trabalho (ALEXY, 2011).

O direito à educação é caracterizado como um direito fundamental social, e constitui cláusula de condição essencial ao desenvolvimento humano, por isso foi atribuída atenção especial pelo sistema jurídico brasileiro, através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação a Lei 9.394/96.

A Lei 9394/96 preceitua em seu artigo 1° que:

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais (BRASIL, 1996).

O objetivo da educação básica, elencada pela LDB, através do seu artigo 226, é o desenvolvimento do educando de maneira plena, e a segurança a formação comum essencial para desempenhar o efetivo exercício da cidadania, por intermédio do fornecimento de meios para evoluir no trabalho e em estudos posteriores

Nos moldes da pedagogia moderna a criança possui uma titulação de inocência original, por conta disso a educação tem o dever de proteger o natural infantil, preservando a criança e o adolescente de qualquer tipo de corrupção vinda por parte da sociedade e defendendo a sua pureza. A educação não tem por base a autoridade do adulto, mas sim a liberdade da criança e do adolescente e sua espontaneidade (GLITZENHIRN, 2015).

A prioridade absoluta ou primazia infantil estabelecida a toda criança e adolescente é levada em consideração porque esses seres são pessoas em fase de

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desenvolvimento e detém uma maior fragilidade do que um adulto. Tal prioridade deve ser assegurada pela “família, comunidade, sociedade em geral e Poder Público” AMIM in MACIEL, 14, p. 61).

Por fim, é por meio da educação que o ser humano aprende, transforma-se e evolui. E também entende as possíveis possibilidades de mudar o mundo para melhor. É através da educação, que o ser humano aprende a entender o mundo, a vida, por meio de recursos e maneiras mais eficientes, ampliando assim sua percepção de mundo. O legítimo processo educacional possibilita a formação do ser humano e o cidadão. A educação possibilita alternativas para transformação e a realização da pessoa naquilo que se pretende e sonha ser (GLITZENHIRN, 2015).

É mediante a utilização da educação como ferramenta de realizações de sonhos e de formação do ser humano como pessoa, que se faz necessário um amparo maior nas técnicas desenvolvidas pelas diretrizes escolares, onde se aplicam como mecanismos de aproximação do aluno que carece de maior suporte no ambiente escolar a educação especial e a educação inclusiva como recursos de tratamento igualitário para todas as crianças e adolescentes que vão em busca de transformar seus sonhos por meio de uma educação inclusiva e para todos.

3.2 EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A infância é a primeira fase da vida de todos os indivíduos, sem exceção, e é justamente nessa etapa que se infere valores que são levados para a vida. As crianças e os adolescentes são indivíduos possuidores de direitos e deveres, porém é importante refletir sobre a fase de vida denominada de infância em sua pluralidade, no âmbito escolar e também, pensar nos espaços que têm sido atribuídos para que as crianças e adolescentes possam viver essa etapa da vida com todos os direitos e deveres assegurados, sem qualquer tipo de violação (ROSA, 2013).

Conforme Glat e Fernandes:

[...] a Educação Especial que por muito tempo configurou-se como um sistema paralelo de ensino, vem redimensionando o seu papel, antes restrito ao atendimento direto dos educandos com necessidades especiais, para atuar, prioritariamente como suporte à escola regular no recebimento deste alunado. (GLAT; FERNANDES, 2005, p. 01).

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A educação especial adveio sob a ótica médico e clínico, com um mecanismo de ensino para crianças com deficiência mental elaborado pela médica Maria Montessori de origem italiana, no início do século XX. O mecanismo Montessori (nome dado a esse método de ensino), baseado no ritual diário e na ação funcional, objetivando a estimulação sensório-perceptiva e autoaprendizagem. Trabalhando com um rico e diversificado material didático como: blocos, cubos e barras em madeira, objetos variados e coloridos, material de encaixe e seriação, letras grandes em lixas dentre outros.

O mecanismo de Montessori é conhecido mundialmente e até hoje é usado, não apenas no Brasil, mas em outros países, no âmbito da educação nas séries pré-escolares de crianças sem nenhum tipo de deficiência.

As novas diretrizes nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, de 2001, orientam e normatizam a inclusão na educação básica, uma vez que reafirmam o direito de todos à educação, inclusive das crianças e dos jovens que não encontram no sistema de ensino em função de suas necessidades educacionais especiais, o que os diferencia da maioria dos alunos. Tais políticas estabelecem que sejam asseguradas “a igualdade de oportunidade” e a “valorização da diversidade”, ao mesmo tempo em que tende a neutralizar as diferenças, afirmando que ser diferente é normal. (UNESCO, 2013, online).

A formação de profissionais da educação, de maneira mais especifica os professores, também sofrem pelas transformações existentes na sociedade, no trabalho e na econômia do país. A educação especial é o resultado das mudanças existentes na maneira de pensar de uma sociedade, ou seja, de suas visões quanto ao progresso das políticas públicas e dos movimentos sociais que estimulam o Estado na solidificação de seus direitos como pessoas sociais (ANACHE, 2011).

A Educação Especial é uma forma de ensino na qual a sua aplicabilidade atravessa todo o sistema de educação do país e tem como foco principal proporcionar ao indivíduo com algum tipo de deficiência a promoção de suas capacidades, o desenvolvimento pleno de sua personalidade, a participação de maneira ativa dentro da sociedade e no mundo do trabalho, como também a aquisição e a obtenção de conhecimentos (FUMEGALLI, 2012).

[...] a educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e

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orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular. (BRASIL, 2008, p. 7).

A educação especial adveio de inúmeras lutas, organizações e leis que auxiliam os deficientes, a educação inclusiva passou a obter forças com a Declaração de Salamanca de 1994, no momento da promulgação da Constituição Federal de 1988 e da Lei de Diretrizes Básicas da Educação de 1996 (ROGALSKI, 2010). Para compreendermos o conceito de necessidades especiais educativas, é importância entender que possuir uma deficiência é antes de qualquer coisa, um produto social, cultural e não apenas uma incapacidade que não pode ser revertida.

Porém, um indivíduo é considerado com deficiência, a partir do instante em que sua distinção com outros seres humanos possui significativas diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais. Seres humanos com deficiência possuem diferenças e necessitam de ajuda para se desenvolver e amenizar suas dificuldades, sendo que essas ajudas devem ser realizadas no âmbito educacional, como base, com providências pedagógicas, que na maioria das vezes são consideradas desnecessárias para muitas pessoas (FOSSI, 2010).

Nos moldes de Burkle:

A Educação Especial, desta forma, é reafirmada como serviço de essencial importância para a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais, servindo de apoio e/ou suporte (BURKLE, 2010, p. 19).

Ensinar é estabelecer um compromisso para com o outro e a inclusão escolar traz, basicamente, uma mudança de comportamento perante o outro, esse que não é mais uma pessoa qualquer, com a qual encontramos em nossa existência ou que convivemos a um determinado tempo de nossas vidas. Porém é aquele alguém que é de suma importância para nossa construção como pessoa e como profissional e que nos estabelece nossos limites e nos faz ir muito além do que podemos (FREIRE, 1999).

A Educação Especial, de acordo com Batista (1997), organizou-se de maneira tradicional com o atendimento no âmbito escolar de forma especializado, substituindo o ensino comum, inovando com diferentes compreensões, terminologias e métodos que levaram a formação de instituições especializadas, como escolas e classes para indivíduos com deficiência.

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A educação inclusiva tem sido conceituada como um processo de educar conjuntamente de maneira incondicional, nas classes do ensino regular, alunos ditos normais com alunos deficientes ou não, que apresentam necessidades educativas especiais. A inclusão beneficia a todos, uma vez que sadios sentimentos de respeito à diferença, de cooperação e de solidariedade podem se desenvolver. (BRASIL, 1999, p.38).

A Educação Inclusiva tem como finalidade amenizar as pressões que levam a exclusão e a desvalorização dado aos alunos, seja em conformidade com sua incapacidade, rendimento cognitivo, raça, gênero, classe social, estrutura familiar, estilo de vida ou sexualidade (CARVALHO, 1998).

Conforme preceitua Carvalho

Uma escola inclusiva não prepara para a vida. Ela é a própria vida que flui devendo possibilitar, do ponto de vista político, ético e estético, o desenvolvimento da sensibilidade e da capacidade crítica e construtiva dos alunos - cidadãos que nela estão, em qualquer das etapas do fluxo escolar ou modalidade de atendimento educacional oferecidas. Para tanto, precisa ser prazerosa, adaptando-se as necessidades de cada aluno, promovendo a integração dos aprendizes entre si com a cultura e demais objetos do conhecimento, oferecendo ensino aprendizagem de boa qualidade para todos, com todos para a vida. (CARVALHO, 1998, p.35).

A educação inclusiva é resultado de uma educação de todos, democrática e transgressora, tendo em vista que a mesma traz uma crise escolar, que atinge a identidade dos professores e faz com que a mesma seja dada uma nova identidade ao aluno. Por isso, a educação para todos sem qualquer distinção tem como finalidade especifica realizar seu dever de abarcar todas as crianças na escola e proteger valores como a ética, justiça e o direito de acesso ao saber e à formação pessoal (MANTOAN, 2015).

Carvalho (2000) resguarda a inclusão de maneira responsável, estabelecendo-a como uma metodologia, direito a igualdade, com equidade de oportunidades. No mesmo sentido Mantoan (2015) compreende ao preceituar que,

A educação inclusiva deve ser entendida como uma tentativa a mais de atender as dificuldades de aprendizagem de qualquer aluno no sistema educacional e com um meio de assegurar que os alunos, que apresentam alguma deficiência, tenham os mesmos direitos que os outros, ou seja, os mesmos direitos dos seus colegas escolarizados em uma escola regular (MANTOAN, 2015, p. 97). A educação inclusiva é uma realidade, e não se admite mais que seja ignorada, sendo assim imprescindível ocorrer uma reconsideração da escola,

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deixando para trás o padrão considerado para ser aluno ideal e buscando o acatamento do diferente. “Somos diferentes e queremos ser assim e não uma cópia malfeita de modelos considerados ideais. Somos iguais no direito de sermos inclusive, diferentes” CARVALH , 8, p. 3, grifo nosso).

A maior barreira para uma educação inclusiva são os desafios existentes no decorrer do processo educacional, sendo importante destacar aqui a escassez de adaptação das escolas regulares e dos professores que não tem uma formação adequada para receber os alunos com deficiência em sala de aula, como também a discriminação e o preconceito percebido na própria sociedade e, na maioria das vezes, na própria família. Sendo que quando se trata do direito à educação, é imprescindível que seja feita uma reforma estrutural e organizacional no âmbito escolar, com intuito de reaver o tempo ficado para trás (FONSECA, 2005).

A Educação Inclusiva consiste em um complexo de processos educacionais, efeitos da execução de políticas articuladas proibitivas de qualquer maneira de segregação e de isolamento. Essas políticas tem o intuito de elas tecer o alcance à escola regular, aumentando a participação e assegurando a continuidade de todos os alunos nela, independentemente de suas peculiaridades. Do ponto de vista prático, a educação inclusiva propicia a todas as crianças o acesso ao Ensino Fundamental, nível a qual é obrigatório a todo ser humano no território brasileiro (CARNEIRO, 2011).

A educação inclusiva:

“ ...) não apenas a simples colocação em sala de aula, significa a criação de uma escola onde pessoas com e sem deficiência possam conviver e estudar em ambientes onde os indivíduos aprendem a lidar com a diversidade e com a diferença” RÉUS; CAVALARI, 2010, p. 203).

O objetivo da implantação da educação inclusiva é despertar não apenas nos educadores, como também na sociedade em geral, os anseios da atualidade em ter uma educação mais do que inclusiva, que aceita as diferenças e faz delas um instrumento de suma importância para as pessoas, ou seja, ressalta as pessoas com necessidades especiais onde necessitam da inclusão para que possam realizar seus direitos com igualdade (FONSECA, 2005).

Para Mills 1999, p. 5) o princípio que rege a educação inclusiva : “o de que, todos devem aprender juntos, sempre que possível, levando-se em

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consideração suas dificuldades e diferenças.”, ou seja, de maneira totalmente igualitária sem qualquer tipo de discriminação ou violação de direitos.

A educação inclusiva é aquela na qual possibilita um ensino apropriado às diferenças e às necessidades de cada indivíduo quanto aluno e não deve ser colocada de forma isolada, mas, como parte integrante do sistema regular de ensino (SILVA, 2017).

Sassaki estabelece que,

Educação inclusiva é o conjunto de princípios e procedimentos implementados pelos sistemas de ensino para adequar a realidade das escolas à realidade do alunado que, por sua vez, deve representar toda a diversidade humana. Nenhum tipo de aluno poderá ser rejeitado pelas escolas. As escolas passam a ser chamadas inclusivas no momento em que decidem aprender com os alunos o que deve ser eliminado, modificado, substituído ou acrescentado nas seis áreas de acessibilidade, a fim de que cada aluno possa aprender pelo seu estilo de aprendizagem e com o uso de todas as suas múltiplas inteligências. (SASSAKI, 2003, p.15). A educação inclusiva é acima de qualquer coisa uma discussão referente aos direitos humanos, pois defende que não se pode segregar a nenhum tipo de pessoa por conta de sua deficiência ou de sua dificuldade de aprender, do seu gênero ou até mesmo se esta for integrante de uma minoria étnica, ou seja, é uma questão que vai contra aos direitos humanos (SILVA, 2015).

Um Sistema Escolar denominado de Inclusivo é aquele no qual a comunidade educativa tem o dever de realizar de maneira satisfativa a generalidade de seus alunos, independente de sua diferença, e mesmo assim consiga obter sucesso na aprendizagem dos mesmos (CORREIA, 2014).

A inclusão é a garantia de que todos os seres humanos vão ter acesso de forma contínuo a vida dentro da sociedade, que deve estar direcionada para as relações de acolhimento às diversidades das pessoas, pelo esforço no âmbito coletivo na equidade das oportunidades de desenvolvimento, com ampla qualidade em todas as etapas da vida (RAMOS, 2016).

Compreende Mantoan em seu posicionamento que,

A inclusão é uma inovação que implica um esforço de modernização e de reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas (especialmente as de nível básico), ao assumirem que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam, em grande parte, do modo como o ensino é ministrado e de como a aprendizagem é concebida e avaliada. (MANTOAN, 2015, p. 32).

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Neste sentido, os sistemas de ensino brasileiro necessitam adequar o acesso aos espaços e os recursos pedagógicos a comunicação, para com isso facilitar a promoção para a aprendizagem e a valorização das diferenças existentes entre o alunado, de forma propícia a atender as necessidades educacionais de todos os alunos, independentemente de qualquer situação ou diferença (CORREIA, 2014).

Pelo exposto, é possível compreender que a Educação Especial e a Educação Inclusiva percorrem juntas para um processo mobilizador, o qual infere indivíduos com necessidades especiais educativas na modalidade escolar regular de ensino. Porém, a educação especial se reporta a uma modalidade de ensino e a educação inclusiva faz um atendimento de maneira especializado propiciando que os seres humanos com necessidades especiais estejam incorporados em diferentes níveis de educação básica ou superior dentro do nosso território brasileiro e fora dele (SILVA, 2015).

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4 DESAFIOS E PERSPECTIVAS NO ÂMBITO ESCOLAR

A educação é um direito basilar que irradia e proporciona os demais direitos, sendo imprescindível em todas as modalidades sociais. Sem a educação não podemos falar em desenvolvimento da pessoa. E é por esse motivo que a educação está diretamente relacionada à dignidade da pessoa humana (CAIADO, 2017).

A declaração da educação a todos estabeleceu contribuições de suma importância não apenas para que as crianças e adolescentes tenham acesso e permaneçam no âmbito escolar, mas para que obtenha uma escola com qualidade, e que valorize as diferenças de cada um de maneira peculiar e inclusiva.

Diante dessa perspectiva, podemos cogitar a inclusão de crianças e adolescentes com deficiência no sistema educacional regular, processo que engloba diferentes agentes, cenário e a dinâmica na escola. O terapeuta ocupacional pode ser inserido neste ambiente, ajudando na busca e na construção de uma espaço com mais acessibilidade para todas as crianças e adolescentes (BRIANT, 2008).

Diante disso será abordado quais são os direitos inerentes as crianças e aos adolescentes que são violados no âmbito escolar no tocante a acessibilidade, bem como quais são os mecanismos de combate a essas violações.

4.1 VIOLAÇÕES E MECANISMO DE COMBATE

O surgimento do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, no ano de 1990, aprimorou a construção e lapidou os marcos normativos e regulatórios tanto nacionais quanto internacionais na efetivação dos direitos das crianças e adolescentes, combatendo as violações e o desrespeito desses direitos. Porém, ainda existem dezenas de casos de violação aos direitos das crianças e adolescentes, principalmente no âmbito escolar quando diz respeito a questão da acessibilidade dos indivíduos especiais (ELESBÃO, 2014).

Quando falamos em violação aos direitos das crianças e adolescentes, estamos nos reportando ao desrespeito de direitos conquistados e devidamente assegurados diante do marco normativo legal. Sua violação pode ocorrer de diversas maneiras por meio de violência e também negligência, as violações podem ser feitas por parte da família, do Estado e até mesmo da própria sociedade, ou seja, aqueles que possuem o dever de proteger as crianças e adolescentes são os que

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