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APREENSÃO DO ESPAÇO PARA PESSOAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS (VISUAL) ATRAVÉS DE MAPA TÁTIL

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Academic year: 2021

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APREENSÃO DO ESPAÇO PARA PESSOAS COM

NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS (VISUAL)

ATRAVÉS DE MAPA TÁTIL

Rivani Oliveira Ferreira1 Lorena Cardoso Silva2

RESUMO

O presente trabalho se fundamenta em uma reflexão acerca da conjuntura educacional brasileira no que confere ao acesso a pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, avaliando que não há de fato uma política de inclusão no âmbito das escolas regulares. A ênfase das discussões giram em torno do ensino de geografia para pessoas com necessidades especiais visuais, mostrando que trata-se de uma ciencia de suma importancia para a apropriaçao do espaço, mas que não vem sendo inserida no processo de formação das pessoas com problemas visuais. Neste sentido é proposto o mapa tátil como uma possiblidade de concretização do ensino cartográfico dentro do ensino de geografia de forma a permitir um maior compreensão do espaço que os cercam. São apresentado ainda alguns procedimentos metodológicos de como se trabalhar a espacialidade com estas pessoas no uso do mapa tátil.

Palavras-chave: Educação, Necessidades especiais, mapa tátil

ABSTRACT

This work is based on a reflection about the Brazilian educational situation in which gives access to people with special needs, considering that there is in fact a policy of inclusion within mainstream schools. The emphasis of the discussions revolve around the teaching of geography for people with visual disabilities, showing that it is a science of great importance for the appropriation of space, but that has not been inserted in the process of training people with visual impairments . In this sense the tactile map is proposed as a possibility of realization of cartographic education in the teaching of geography in order to allow a greater understanding of space around them. They are still presented some methodological procedures of how to work with these people spatiality in the use of tactile map.

Keywords: Education, Special Needs, tactile map

1 Licenciada em Geografia – Universidade Estadual da Bahia – Professora de Geografia do Ensino Básico – Aluna especial do programa de pós-graduação em Solos e Qualidade de Ecossistemas da UFRB. 2

Licenciada em Geografia – Universidade Estadual da Bahia – Professora de Geografia do Ensino Básico.

Entrelaçando - Revista Eletrônica de Culturas e Educação

Caderno Temático VI: Educação Especial e Inclusão

Nº. 8 p. 17-24, Ano IV (Junho/2013) ISSN 2179.8443

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1 INTRODUÇÃO

A compreensão do espaço, sobretudo no que diz respeito à questão de localização e, portanto, de orientação espacial é algo que sempre fez parte do cotidiano dos seres humanos. Neste processo, a geografia tem assumido um papel fundamental, auxiliando na compreensão e apreensão do espaço de vivencia pelos diferentes sujeitos.

Contudo, a apreensão do espaço e também de outros conhecimentos não ocorre de forma uniforme entre os indivíduos, havendo dessa maneira a necessidade de tempo e também de mecanismos bastante diferenciadas no processo de efetivação da aprendizagem. Sobre estas heterogeneidades da construção do conhecimento emerge as pessoas com problemas visuais, as quais, assim como outras pessoas com necessidades especiais carecem de um estimulo maior e metodologias mais especificas e adequadas que facilitem a construção desses conhecimentos.

Neste sentido, verificando a necessidade de se trabalhar a geografia de forma diferenciada com as pessoas com necessidades especiais visuais é que este artigo busca discutir a possibilidade de inserção de mapas táteis no contexto das aulas de geografia, enquanto uma ferramenta de auxílio pedagógico que possa facilitar e potencializar o aprendizado dessas pessoas e, principalmente, assegurar à essas pessoas a apropriação desse tipo de conhecimento.

Além disso, levando em consideração a importância de entender o espaço, a fim de se apropriar efetivamente dele, bem como partindo do pressuposto de que a noção de espaço faz parte de uma necessidade cotidiana, enquanto mecanismo de referencia espacial para deslocamento e ambientação, é que surge a preocupação de que as crianças com Necessidades Especiais tenham, também, acesso a esse tipo de conhecimento e o qual pode vir a contribuir na melhoria da qualidade de vida deles.

2 EDUCAÇÃO E NECESSIDADES ESPECIAIS NO BRASIL

A conjuntura da educação no Brasil como um todo é bastante frágil, seja nos aspectos técnicos, pedagógicos ou estrutura física. Em termos de disciplina e conteúdos, esta situação é agravante, em que muitas vezes as questões importantes na formação do

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19 sujeito ou são deixadas de lado ou são trabalhadas de forma descontextualizada sem levar em consideração a realidade dos estudantes e suas especificidades.

Em se tratando das Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (PNEE) essa situação da educação é ainda mais precária, uma vez que nem a escola, nem os professores nem os demais estudantes e funcionários da escola, estão aptos a trabalharem com as crianças com necessidades especiais, nem mesmo no que diz respeito as relações pessoais com as mesmas. Tais condições inapropriadas é resultado também da falta de uma politica efetiva que possa assegurar uma formação aos docentes e a disponibilização de materiais adequados ao trabalho com essas pessoas.

Nesta perspectiva, as atividades educacionais para as pessoas com necessidades especiais estão atribuídas apenas a organizações, entidades e associais que visando contemplar e amenizar tais exclusões as quais vem propondo ações educativas no sentido de suprir essa carência existente nas escolas regulares.

No que diz respeito à Geografia essa condição não é diferente, pouco ou nada se tem de conhecimento sobre o ensino da geografia para as pessoas com necessidades educacionais especiais, sobretudo as com problemas visuais. Entretanto, é sabido que as noções espaciais são fundamentais para a vida das pessoas, e que se inicia nos primeiros meses de vida, e isto se estende a essas pessoas com necessidade especiais visuais, que por não contar com a possibilidade de enxergar os elementos que compõe o seu espaço de locomoção e vivencia, necessita de outras referências que possam facilitar sua vida.

Logo, este trabalho, propõe enquanto ferramenta e metodologia para se trabalhar com crianças e jovens com NEE (visual) a construção de mapas táteis a partir de texturas que possam diferenciar os respectivos espaços demonstrados em mapas e croquis, sobretudo, relacionados aos espaços de vivencia dos estudantes, os quais permite a estes indivíduos uma maior orientação espacial e consequentemente maior domínio sobre o espaço.

3 ESPACIALIZAÇÃO PARA PESSOAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS (VISUAL) ATRAVÉS DE MAPA TÁTIL

Um dos principais desafios encontrados no meio educativo é a inclusão de pessoas com necessidades especiais na sociedade. Contudo, algumas medidas podem ser tomadas a fim de facilitar o aprendizado dessas pessoas, favorecendo a vivência de

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20 experiências significativas, fortalecendo a autoestima e ensinando-o a lidar com seus próprios limites e frustrações.

Mas afinal, quem são esses sujeitos com Necessidades Especiais? Para Elizabet Dias de Sá, especialista em Psicologia Educacional pela PUC/MG, são “indivíduos em suas singularidades por apresentarem limitações físicas, motoras, sensoriais, cognitivas, linguísticas ou ainda síndromes variadas, altas habilidades, condutas desviantes”. (BRASIL, 2007)

Complementando essa ideia Marchesi e Martin (1993) dizem que Portadores de Necessidades Educacionais Especiais:

apresentam algum problema de aprendizagem ao longo de sua escolarização e que exige uma atenção mais especifica e maiores recursos educacionais do que os necessários para alguns colegas de sua idade” (MARCHESI E MARTIN, 1993, p. 11)

Desta forma, uma pessoa que apresente a falta de visão seja ela parcial ou total pode e deve ser considerada com Necessidades Educacionais Especiais, já que esse entrave compromete a capacidade da pessoa de se orientar e se mover no espaço com segurança e independência, neste caso a deficiência visual ou cegueira pode ser definida como

uma alteração grave ou total de uma ou mais das funções elementares da visão que afeta de modo irremediável a capacidade de perceber cor, tamanho, distância, forma, posição ou movimento em um campo mais ou menos abrangente. Pode ocorrer desde o nascimento (cegueira congênita), ou posteriormente (cegueira adventícia, usualmente conhecida como adquirida) em decorrência de causas orgânicas ou acidentais.(GIL, 2000, p.10)

Essa alteração na visão faz com que essas pessoas tenham dificuldade em se movimentar e assim para que possam compreender melhor os meios sociais que o cerca e interagir nos ambientes frequentados por eles é necessário conhecer que “a configuração do espaço físico não é percebida de forma imediata por alunos cegos, tal como ocorre com os que enxergam. Por isso, é necessário possibilitar o conhecimento e o reconhecimento do espaço físico e da disposição do mobiliário”. Nessa busca pelo reconhecimento do espaço essas pessoas utilizam o toque, cheiro ou som, pois os deficientes visuais desenvolvem uma sensibilidade acima do normal para o tato, a

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21 audição e o olfato. Sendo assim, a Geografia tem um importante papel na socialização dessas pessoas

buscado práticas pedagógicas que permitam colocar aos alunos as diferentes situações de vivência com os lugares, de modo que possam construir compreensões novas e mais complexas a seu respeito. (PCN, 1996, p.30).

Baseado na ideia do PCN é que esse projeto procura orientar a criação de mapas táteis do espaço entorno das escolas e própria escola onde há pessoas com necessidades visuais para que essas pessoas possa fazer o reconhecimento do trajeto que fazem diariamente pela escola e seu entorno. Além disso, esse mapa servirá de base para explorar os elementos do seu espaço de vivência, concretizando dessa forma a função do geógrafo no papel de socialização do espaço e de construção da criticidade dessas pessoas

daí que o olhar geográfico deve ir além de uma lógica formal reducionista em si, mas deve ser dialetizado, cotidianizado de forma crítica, ampliado pelo diálogo com outras esferas do saber, fazendo com que o ensino de geografia não seja uma reprodução de conceitos, mas que seja a recriação dos mesmos pelo sentido da vida que se busca melhor entender (FERRAZ, 2001, p. 45).

Ou seja, a construção desse mapa tátil não deve ficar apenas na construção, mas mostrar como esse mapa servirá de base para sua espacialização nesse local além de reconhecer e ter uma noção pelo tato da estrutura real que o cerca de uma maneira mais ampla e completa.

Nesta perspectiva, o trabalho com o mapa tátil possibilita que as pessoas com necessidades visuais, possam se apropriar do espaço em que vivem e ao mesmo tempo se reconhecerem neste espaço, a partir dos laços de aproximação e pertencimento com o mesmo.

Além disso, por se tratar de uma representação de um dos lugares de vivencia deles, neste caso a escola, os fazem resgatar as questões de identidade e os vínculos afetivos que os ligam a este lugar. Corroborando com esta ideia Sá afirma que “Compreender o lugar onde se vive, nesse sentido, contribui para que o sujeito - no caso a criança – construa e conheça a sua história” (2007, p. 18).

Vale ressaltar ainda que o se trabalhar o mapa tátil com crianças com necessidades visuais é preciso levar em consideração elementos essenciais como orientação e

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22 mobilidade espacial, a partir das três dimensões espaciais: largura, comprimento e altura.

3.1 Proposta Metodológica de Trabalho com o Mapa Tátil

O desenvolvimento de qualquer atividade requer o estabelecimento das técnicas a serem empregadas as quais devem ser adequadas e suficientes para atingir os objetos a que são propostos. No contexto do processo formativo, formal, não formal e informal, não é diferente, em que é necessário definir a metodologia empregada e dentro desta as técnicas que facilitem esse processo de ensino-aprendizado.

No âmbito das Necessidades Educacionais Especiais, é importante considerar os limites, o tempo necessário dos indivíduos com necessidades especiais no processo de aprendizado no momento de se estabelecer os mecanismos de trabalho educacional com os mesmos.

Assim, considerando tais especificidades, a nossa proposta de atuação se fundamenta na construção de mapa tátil voltados para as questões de orientação espacial, capaz de atender as necessidades dos diferentes indivíduos com necessidades especiais visuais. O desenvolvimento dessa prática pedagógica de trabalho pode ser direcionada a partir dos seguintes momentos:

 No primeiro momento busca-se a base técnica (mapas e plantas) dos lugares a serem representados.

 No segundo momento faz-se a ampliação dessas imagens para que os mesmos possam ser compreendidos por meio do tato.

 No terceiro momento escolhem-se texturas diferentes para cada elemento representado no mapa, estabelecendo uma legenda equivalente.

 No quarto momento, tendo o mapa já construído é necessário fazer uma abordagem oral sobre as principais noções espaciais como (norte, sul, leste, oeste), utilizando o próprio corpo como mecanismo de orientação.

 No quinto momento é preciso fazer um resgate do conhecimento primário do estudante, solicitando-o que descrevam a trajetória

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23 espacial de locomoção dentro do espaço escolar a partir do mapa mental que já possuem;

 No sexto momento apresentar um mapa tátil de representação do espaço físico do ambiente escolar ou outro espaço escolhido, solicitando que os estudantes façam o reconhecimento da área a partir do tato e utilizando-se a legenda.

 No sétimo momento solicitar que descrevam novamente o espaço físico do ambiente escolar, verificando as novas descobertas ou dúvidas a respeito do espaço representado.

Vale lembrar que este tipo de mapa pode ser construído com materiais simples do dia-a-dia sem onerar custos na confecção e possibilitando ainda uma maior acessibilidade as instituições sem muitos recursos. Os trabalhos podem seguir uma ordem crescente de espaços a serem trabalhados, começando pelos espaços de vivência até a construção de mapas regionais, e nacionais.

4 CONCLUSÃO

A apreensão do espaço é um mecanismo que se inicia desde o nascimento, uma vez que somente a partir dele é que todas as demais atividades podem ser realizadas. Logo, o domínio do espaço em que se vive é fundamental na manutenção da vida e principalmente na socialização entre os indivíduos, mas, quando se trata de pessoas com necessidades especiais visuais, costumeiramente é deixado de lado tal importância, sendo negligenciado o direito de locomoção delas e principalmente de apropriação e compreensão deste espaço.

Nesta mesma perspectiva ocorrem as ações educativas, em que na grande maioria das vezes por falta de ferramenta ou preparo dos profissionais, a questão do espaço nas ações educativas com estas pessoas é deixado de lado. Assim, a proposta apresentada nesse projeto é uma oportunidade de desmistificação desta realidade, pois mostra que existe possibilidades, não muito difíceis de trabalhar as questões de localização e consequentemente domínio do espaço vivido por parte destas pessoas com necessidades especiais visuais.

É possível perceber a partir das discussões que de maneira geral a educação precisa em muito ser modificada para atender de fato as demandas da realidade dos

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24 estudantes e que no contexto das pessoas com (NEE) isto é ainda mais carente. Mas é notório, entretanto, que não há um único responsável para mudar essa conjuntura, sendo preciso começar por iniciativas pessoais como a disponibilização de algum tempo para construir ferramentas mais adequadas ao trabalho em sala de aula, tal como o mapa tátil. Além disso, deve-se conceber que as ações educativas que visem facilitar a inclusão de pessoas com necessidades especiais visuais, devem perpassar as diversas áreas do conhecimento, por isto que construir e trabalhar com mapas táteis é uma das possibilidades de inserir estas pessoas no ensino de geografia, de modo a oportunizá-las certo domínio do espaço em que vive.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Rosângela Doin de. PASSINE, Elsa Yasuko. O Espaço Geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 1991.

BRASIL. Parâmetros Curriculares de Geografia. São Paulo, 1993

FERRAZ, C. O Ensino de Geografia Para Além da Geometrização do Espaço - apontamentos entre o redondo e as retas. CPG, n. 23, Presidente Prudente, AGB, 2001. GIL, Marta (org.). Deficiência visual – Brasília: MEC. Secretaria de Educação a Distância, 2000.

SÁ, Marcelo Torreão. Enxergando o mundo com outros olhos: alfabetizando crianças cegas através do ensino de noções espaciais geográficas. Salvador, 2007.

Referências

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