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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS SÍNTESE DETALHADA

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

SÍNTESE DETALHADA

CAGLIARI, Luiz Carlos e GIOVANI, Fabiana. Letras e textos. Reflexões sobre o fracasso escolar na alfabetização. São Paulo, 2015, 186p. (pág. 13-33)

No texto intitulado Reflexões sobre o fracasso escolar na alfabetização, Cagliari traz à tona a ideia de que o fracasso escolar é considerado como algo inevitável na atualidade diante dos problemas apresentados durante o processo de alfabetização. O autor propõe uma discussão sobre o uso de um “bom” material didático e o “bom” professor, tratando de um questionamento há tempos discutido: pode um material didático de qualidade substituir a prática pedagógica de um professor por si só ou tornar este coadjuvante daquele?

Para iniciar a discussão, expõe-nos a visão da escola sobre o mundo e a vida. Incansáveis foram as buscas pela escola de meios para evitar o fracasso escolar dos alunos até a presente década, mas sem o sucesso desejado. Em âmbito escolar, perpassam diferentes tipos de pessoas e realidades. Na vida, essas diferenças não são menos desajustadas. Somos frutos de nossas escolhas sejam elas boas ou ruins e nenhum ser humano está plenamente satisfeito sobre suas conquistas sociais, mas todos ambicionamos, movidos pela esperança, por dias melhores.

A escola apresenta menores expectativas nesse sentido, pois tem uma visão de mudanças e resultados imediatistas, utilizando a prova como principal gerenciador dessa visão. Para Cagliari (p. 15), “O fracasso escolar não está nas notas baixas, mas no modo como o aluno recebe os conteúdos programáticos pela escola”, aponta que os maus resultados obtidos são consequências e que as verdadeiras causas devem ser buscadas fora do perímetro escolar.

Antigamente, a função da escola era a preparação para a vida e os resultados pragmáticos eram evidenciados, bons ou ruins, socialmente. Já a escola moderna prima pela erudição e não mais pela formação técnica ou profissional. O ensino das habilidades da leitura e da escrita, na antiguidade, foram desenvolvidas com propriedade através do auxílio

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de um professor que garantia o sucesso no processo de aprendizagem através de um método interativo entre professor e aluno mesmo sem o uso de referenciais teóricos.

Os conhecimentos populares são repassados com sucesso, de geração em geração, pela humanidade, este não é alcançado tão facilmente com os conhecimentos puramente científicos, mas as pessoas precisam e buscam os dois. No processo de alfabetização encontramos essa dicotomia, de um lado os métodos científicos e do outro a interatividade do professor com o seu fazer docente, buscando incessantemente o sucesso no letramento de seus alunos. Cagliari aponta que o linguista investiga a complexidade da linguagem e seus usos, utilizando-a com sofisticação e não como um falante comum.

Na Idade Média, com advento da imprensa, possibilitou as publicações em larga escala e os portugueses criaram as cartilhas. O autor nos apresenta, através de dados históricos, João de Barros, historiador e o responsável pela primeira versão da gramática e cartilha em Língua Portuguesa, ressaltando que estas não foram criadas para os alunos e sim, para os professores. O historiador se preocupou mais com a ortografia da língua do que precisamente com o sistema sonoro de produção. Naquela época o ato de escrever era vislumbrado somente como um pretexto para que se aprendesse a ler. Posteriormente, viu-se a necessidade da criação do Manual do Professor, as cartilhas eram tidas como guias para o professor em sua didática, cabendo a este, as adaptações necessárias para o pleno desenvolvimento pedagógico das práticas docentes.

O material didático tem como objetivo a organização do processo de ensino, de aprendizagem e servir para o professor como referencial teórico, entretanto, seu aparecimento, com as ampliações das escolas, do número de alunos e profissionais do saber surgiram também grandes problemas à estrutura escolar. A escola passou a dar maior importância ao material didático que ao professor e os estudiosos com suas teorias que creditavam os problemas relacionados ao fracasso escolar à falta dos conhecimentos necessários por parte dos professores e às deficiências apresentadas pelos alunos.

Métodos e teorias enraizaram a prática docente e os professores, apesar de se esforçarem, deparavam-se com o fracasso escolar. A repetência foi o grande agravo da utilização dos materiais didáticos. A escola passou a cobrar dos autores a elaboração de materiais simplificados, métodos de mais fáceis acessoe soluções rápidas e com isso, as causas dos problemas escolares asseveravam como responsáveis apenas aos alunos que não atingiam os resultados esperados pela rigidez dos métodos adotados. Com a persistência das

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reprovações, a escola troca a pedagogia pela psicologia, apregoando este mal às deficiências mentais dos alunos e à ação fracassada dos professores.

Concomitantes, ocorreram a degradação do ensino e das escolas. Problemas nas estruturas físicas, pedagógicas e profissionais culminaram na má formação dos alunos. Diante deste quadro, surge o Construtivismo Psicogenético na década de 1980, com as ideias da psicolinguista Emilia Ferreiro que a priori foram encaradas com admiração pelos educadores, mas contestadas pelos linguistas que insistiam numa maior importância aos saberes populares que na ortografia e na produção de textos espontâneos desde o início do processo de alfabetização. A escola encarou o construtivismo como a solução para o problema dos fracassos escolares, contudo, a história aponta rumos desastrosos na súmula deste, não o coloca como o único causador, mas a sua implantação muito preponderou para esse calamitoso desenlace.

Segundo Ferreiro (1985), na teoria da Psicogênese da Língua Escrita, incide em suposições de que são necessários um encadeamento de processos reflexivos acerca da linguagem para acontecer a escrita. Nessa teoria, a escrita é caraterizada pelas interatividades e experienciações de cada indivíduo, enquanto aprendiz, atuando como o protagonista na construção do seu próprio conhecimento. Seguindo essa teoria o professor é apenas um coadjuvante no processo de ensino e de aprendizagem, cabendo aos alunos a verdadeira busca pelo conhecimento, tendo o professor como seu guia. Buscou-se, erroneamente (grifo meu), igualar todos os alunos enquanto aprendizes em etapas na aquisição da escrita e da leitura, sem levar em consideração as diversas realidades sociais e individualidades de cada um. Desse modo, o aluno passaria primeiro pela fase pré-silábica, estabelecida antes da alfabetização, a criança ainda não relaciona as letras aos sons da fala, a segunda fase já introduzida na alfabetização, silábica a criança a seu modo interpreta e dá valor às sílabas, na terceira fase, a silábico-alfabética, a criança consegue estabelecer corretamente as sílabas com parte das palavras e na quarta fase, o aluno apresenta o domínio necessário na associação plena de sons, letras e sílabas. O engendramento dessas fases para toda e qualquer criança constituiu o grande equívoco dessa teoria, pois sabemos que o ritmo e conhecimento de mundo de cada criança é individual e são traçados pela sua trajetória do nascimento até à alfabetização. Outra discordância na teoria é a negação da memorização, mas um simples estudo, evidencia o uso desta, naquela.

O professor se tornou, segundo essa teoria, um mero aplicador de métodos, mas que não possuíam os conhecimentos necessários para tal, assim, não apresentando a autonomia

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para a criação de materiais didáticos adequados a sua prática docente. Essa prática ocasionou, mais uma vez o fracasso escola, que se arrastou por mais de duas décadas, desde a alfabetização até à universidade.

Cagliari anuncia que além do construtivismo, outros métodos com deficiências são escolhas possíveis para as escolas. O mais tradicional deles é o uso dos métodos cartilhescos, onde o professor adapta o material didático à realidade de sala de aula, porém apresenta sérios problemas quando o professor se depara com alunos com deficiências na aprendizagem, o material não atinge essa parcela e o não há preparação do educador para resolver tal problema e a reprovação, como forma de punição, é o caminho mais certo.

Para Cagliari, ao contrário do construtivismo é preciso que o professor ensine a ler e não escrever. Requerendo para tal, que este tenha as noções básicas sobre a escrita e a fala de acordo com a linguística moderna e realça a importância da utilização de um método educacional, com ênfase em quem o aplica e não em quem a ele se submete. O autor assinala que o método deve servir como abalizador de sua prática pedagógica, mas não como um único meio para os fins educacionais, pois as individualidades devem sempre ser levadas em consideração.

O autor afirma que os alunos com dificuldades de aprendizagem demandam atenção especial, cabendo ao professor, através de conversas pedagógicas, faça-os entender, linguisticamente as razões dos seus erros e ou de suas deficiências. As notas utilizadas pela escola como meio abalizador dos conhecimentos, adquiridos ou não, por parte dos alunos, na realidade avaliavam não só os alunos como também o professor, o método utilizado e por consequência, a própria escola. Cagliari afirma que nos últimos anos presenciamos uma tímida reformulação do sistema escolar, focado na ação de educar o cidadão, através de ambientes realmente educativos e impulsionado pelas inovações tecnológicas. Em contraponto, o autor assevera que “A verdadeira educação científica que prepara para a vida profissional está longe das realizações educativas da escola” (Cagliari, 2015, p. 31), o ENEM é o grande exemplo citado como uma forma de avaliar conhecimentos pouco elucidativos do fazer docente, pois os alunos são preparados para este através do uso de questões de provas rígidas, deixando de lado os conhecimentos apropriados que formam o cidadão.

A escola então, não reconhece o seu verdadeiro papel na “educação” dos alunos e isso ocorre precisamente porque não há a atualização dos métodos por parte desta e consequentemente dos professores. A estes últimos, cabe a tarefa e buscar o seu aperfeiçoamento profissional, pois ao concluírem suas graduações percebem que a realidade

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é muito diferente da teoria. Nesse sentido, voltamos a atenção às universidades que devem possibilitar em suas grades curriculares o pleno desenvolvimento desses profissionais da educação, munindo-os dos conhecimentos científicos necessários para alcançarem sucesso na docência.

Diante de todo o quadro educacional exposto, retomamos o questionamento inicial: pode um material didático de qualidade substituir a prática pedagógica de um professor por si só ou tornar este coadjuvante daquele? e, concluímos que, não. Os números alarmantes do fracasso escolar no sistema educacional brasileiro só começarão a ser elucidados a partir do momento que o fracasso do professor seja colocado em primeiro plano como justificativa do fracasso dos alunos. É imprescindível que o protagonismo do educador seja desvelado e que as universidades assumam o seu papel na formação científica e profissional dos futuros professores. No texto, Cagliari relata que o fracasso do aluno deve ser visto também como o fracasso do professor, da escola, dos métodos de ensino e do material didático, vou além desta afirmação do autor, pois a partir dos meus estudos até esta etapa no curso de mestrado, credito às universidades a sua parcela de culpabilidade no insucesso dos alunos, pois profissionais malformados ou sem os conhecimentos científicos necessários para exercerem plenamente sua função enquanto professores alfabetizadores, não conseguirão promover a educação inclusiva que vê e reconhece nos erros possibilidades de acertos para o sucesso educacional dos alunos.

Referências

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