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ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA: METODOLOGIA DE ENSINO E PRÁTICAS PEDAGOGICAS ABEL AMADO DE LIMA OLIVEIRA

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ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA: METODOLOGIA DE ENSINO E PRÁTICAS PEDAGOGICAS

ABEL AMADO DE LIMA OLIVEIRA MARIA AURÉLIA SARMENTO** Certa vez uma caneta foi passear lá no sertão, Encontrou-se com uma enxada, fazendo uma plantação, A enxada, muito humilde, foi lhe dar a saudação, mas a caneta soberba

Não quis pegar na sua mão e ainda por desaforo lhe passou uma repreensão. Disse a caneta pra enxada: - não vem perto de mim, não,

Você está suja de terra, de terra suja do chão. Sabe com quem está falando? veja sua posição e não se esqueça da

distância da nossa separação. Eu sou a caneta dourada que escreve nos tabelião. Eu escrevo pros governos a lei da Constituição. Escrevo em papel de linho, pros “ricaço” e pros “barão”, só ando na mão

dos mestres, dos homens de posição. A enxada respondeu: - De fato eu vivo no chão pra poder dar o que comer e

vestir o seu patrão. Se vim no mundo primeiro, quase no tempo de Adão, se não fosse o meu

sustento ninguém tinha instrução. Vai-te, caneta orgulhosa, vergonha da geração, A sua alta nobreza não passa de pretensão, você diz que escreve tudo, tem uma coisa que não, é a palavra bonita que se chama educação! (Autoria de Capitão Balduíno e Teddy Vieira, gravação de Zico e Zeca)

INTRODUÇÃO

A música interpretada por Zico e Zeca é uma fabula que fala do comportamento de uma enxada e uma caneta, como metáfora das relações hierárquicas entre campo e cidade. A enxada e a caneta são também símbolos que representam o ensino nas Escolas Famílias Agrícolas (EFAs). O alunado com o uso da caneta aprende a teoria e com o uso da enxada o mesmo aprende a lidar com a terra. Na pedagogia da Alternância não há hierarquia entre eles, teoria e a prática estão ligadas e são indissociáveis. Como aluno egresso da Escola Família Agrícola Avaní de Lima Cunha, localizada na zona rural do município de Valente-Bahia,

Graduando em licenciatura em Historia pela Universidade do Estado da Bahia

** Graduada em História, Especialista em Literatura e Estudos Culturais e Mestre em Educação. Professora substituta do Colegiado de História da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, campus XIV

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a motivação para o desejo em refletir sobre metodologias de ensino e as práticas pedagógicas da EFA.

Este trabalho propõe analisar as práticas de ensino da/na escola do campo, para jovens do campo a partir da pratica da Pedagogia da Alternância, especialmente, o Ensino de História, para tanto buscamos entender a Pedagogia da Alternância e alguns importantes aspectos das práticas de ensino de história da Escola Família Agrícola Avaní de Lima Cunha. A educação do campo, ao longo dos anos, tem sido colocada à margem na construção de políticas públicas, na maioria das vezes, tratada como política compensatória. Nesse cenário de exclusão a educação para os jovens do campo vem sendo trabalhada a partir de discursos, identidades, perfis e currículos essencialmente marcados por conotações urbanas e, geralmente, deslocado das necessidades da realidade local e regional de onde esse se encontra. Ramofly Bicalho (2009), em A Historia da Educação do Campo, diz que é possível perceber que, diante do cenário de descomprometimento, as políticas públicas para a chamada “educação rural”, historicamente, têm como objetivo principal sua vinculação a projetos conservadores e tradicionais de ruralidade para o país.

Em meio a esse cenário de desvalorização da educação do campo, ainda assim algumas instituições resistem, insistem e batalham para conseguir sua permanecia, proporcionando a educação para jovens do campo, no campo. E como exemplo de instituições e escolas que ainda lutam pela “sobrevivência” da educação do campo, como exemplo, estão as Escolas Famílias Agrícolas (EFAs).

A EFAs como escolas do campo, para jovens do campo, começa a partir da necessidade em proporcionar aos jovens do campo acesso ao ensino. Foi assim que um padre francês, por volta de 1935, buscou criar um modelo de escola que pudesse proporcionar aos filhos de agricultores rurais uma educação no campo onde estes viviam e dessa forma permanecer em suas comunidades de origem. Mas para além de estudar e permanecer no campo o modelo criado propunha que esses alunos pudessem compartilhar com pais e demais membros da comunidade os conhecimentos adquiridos na escola, principalmente os saberes relacionados ao cuidar do campo (GIMONET, 1999).

No Brasil, a primeira unidade de ensino semelhante a esse modelo de escola do campo foi criada no Espírito Santo, como uma expansão de um projeto bem sucedido criado pelo sacerdote francês em seu próprio país, como afirma o autor Burghgrave (2002, p. 54), em seu livro Origens da Pedagogia da Alternância no Brasil.

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PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA

A Pedagogia da Alternância consiste numa metodologia de organização do ensino escolar que conjuga diferentes experiências formativas distribuídas ao longo de tempos e espaços distintos, tendo como finalidade uma formação profissional. Como já dissemos, tal método de ensino começou a tomar forma, em 1935, a partir das insatisfações de um pequeno grupo de agricultores franceses com o sistema educacional de seu país, o qual não correspondia com as especificidades da educação para os jovens do meio rural e com a ajuda de um padre. No Brasil, a experiência da Pedagogia da Alternância surge juntamente com a implantação do primeiro modelo de Escola Família Agrícola no país, por volta de 1968, no interior do Espirito Santo. Embora exista há quase 50 anos essa pratica pedagógica ainda não é suficientemente discutida no meio acadêmico.

Segundo Jean Claude Gimonet (1999), as EFAs baseiam-se em quatro pressupostos: o desenvolvimento do meio, a formação integral do educando, a associação de pais e a Pedagogia da Alternância. Estes quatro elementos, chamados pelo autor de “pilares” constituem a marca indenitária das EFAs, já que estão presentes desde as primeiras instituições. Esses pilares não poderiam ser desenvolvidos de forma isolada. Ao contrário, o bom funcionamento de uma EFA e, consequentemente da Pedagogia da Alternância, só é possível por meio de uma ação que tenha por base uma articulação entre esses elementos, como demonstra o esquema abaixo:

Fig. 01 Os Quatros Presupostos das EFAs. GIMONET,2007, P 15. Para GIMONET (1999), é através dos instrumentos pedagógicos que é possível perceber que a Pedagogia da Alternância fundamenta-se na cooperação e na partilha do poder educativo, já que a alternância diversifica e multiplica os co-formadores: pais, responsáveis,

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mestres de estágios e tutores, monitores e outros intervenientes, mas também os alternantes do grupo. Segundo Edival Teixeira (2008), no Brasil, atualmente, existe diversas experiências de educação escolar que utilizam a pratica de Pedagogia da Alternância como método. Dentre as experiências mais conhecidas cabe citar as praticas desenvolvida pelas Escolas Família Agrícola (EFAs) bem como por Casas Familiares Rurais (CFRs). Não obstante, tendo em vista a proximidade de propósitos, as entidades que articulam essas organizações educacionais, bem como diversos pesquisadores da área, vêm utilizando uma terminologia genérica para se referir às instituições que praticam a alternância educativa no meio rural: Centros Familiares de Formação por Alternância (CEFFAs).

A Pedagogia da Alternância atribui grande importância à articulação entre momentos de atividade no meio sócio profissional do jovem e momentos de atividade escolar propriamente dita, nos quais se focaliza o conhecimento acumulado, considerando sempre as experiências concretas dos educandos. Por isso, além das disciplinas escolares básicas, a educação nesse contexto engloba temáticas relativas à vida associativa e comunitária, ao meio ambiente e à formação integral nos meios profissional, social, político e econômico (GIMONET, 1999, p33.)

Erialdo Augusto Pereira (2002) afirma que a Pedagogia da Alternância como metodologia de ensino consiste na formação do indivíduo utilizando espaços e tempos diferentes divididos entre o meio sócio profissional (família, comunidade e trabalho) e o meio escolar em internato (com monitores e colaboradores) guiado por uma proposta que visa à formação integral do educando e o desenvolvimento no meio o qual ele está inserido.

Esse processo passa a ser formativo, posto que o sujeito fica um período na escola e um período em casa. No tempo escolar permitem a valorização dos aspectos humanos, bem como a consolidação dos hábitos sociais. No período familiar, a vivência na comunidade e o trabalho como as práticas agrícolas, desenvolvidos pelo educando, são vistos como uma maneira de consolidar trocas de informações trazidas da escola para a vida e da vida para a escola. Segundo Jean Claude Gimonet,

Esta pedagogia se inscreve na logica explicada por Jean Piaget na formula praticar e compreender. Praticar quer dizer a ação, a experiência eu temos das coisas, compreender significa a explicação, a teorização, a conceitualização e a abstração que se pode extrair da pratica ou que pode resultar dela. A pedagogia da alternância, nos centros familiares de formação por alternância, da prioridade a experiência familiar, social, profissional, ao mesmo tempo como fonte de conhecimento, ponto de partida e de chegada do processo de aprendizagem, e como caminho educativo” (GIMONET 1999, p. 26).

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Portanto, o processo de alternância é o movimento alternado em dois espaços (família/comunidade e escola) e com três momentos distintos e interligados: o observar, o refletir e o experimentar e transformar, sucessivamente, como nos mostra a figura:

Fig. 02 - Demonstra o processo da alternância dos espaços e tempos. Fonte: PUIG-CALVÓ, 2005, p. 29.

E neste movimento pedagógico alternado que está organizado em instrumentos pedagógicos que se apresentam como uma estrutura de trabalho capaz de possibilitar a formação integral dos jovens do campo.

ESCOLA FAMILIA AGRICOLA DE VALENTE-BA

Fundada em fevereiro de 1996, a Escola Família Agrícola Avani de Lima Cunha foi trazida para Valente/BA, na região sisaleira, por meio das constantes buscas dos movimentos sociais para implantar no município um modelo de escola que proporcionasse uma educação do campo para jovens no campo. De acordo com o registro de fundação da escola a Associação de Pequenos Agricultores do Estado da Bahia também (conhecida como APAEB) foi a idealizadora desse projeto piloto no município, com o apoio de lideres comunitário a exemplo da senhora Avani de Lima Cunha, esta que foi homenageada com o nome da escola.

A partir de um levantamento feito nos registros de matriculas de alunos da instituição, no primeiro ano de execução, em1996, a escola começou a funcionar apenas com uma única turma de alunos da 5ª série, a época, estes que eram filhos de agricultores do campo de diversos municípios como, por exemplo: Santa luz, Retirolândia, São Domingos e Valente. Anos depois a escola passa a ser conhecida por ser um projeto piloto que deu certo, com isso a procura por parte dos pais e mães agricultores famílias, para ter seus filhos fazendo parte da

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instituição, se intensificou. Assim, o numero de alunos começou a aumentar. Porém, para fazer parte desse novo modelo de ensino não bastava apenas interesses de pais e filhos, para fazer parte do quadro de alunos este passavam e passam, até os dias atuais, por um processo de adaptação, ferramenta essa que através de uma seleção selecionam aqueles que adequem ao perfil de escola do campo com praticas e rotinas no campo.

A escola funciona, simultaneamente, como espaço que possibilita o acesso sistematizado a um conjunto de conhecimentos científicos, como espaço de experiência prática, como espaço de desenvolvimento de atitudes e valores que vão fortalecer o capital social da região, tais como: respeito, responsabilidade, valorização do trabalho em comunidade. Por outro lado, a escola opera como centro de pesquisa voltado ao desenvolvimento e à difusão de técnicas simples e de baixo custo que viabilizem o desenvolvimento sustentável no semiárido sisaleiro da Bahia, ao tempo em que funciona como preparação para o trabalho. A integração escola-comunidade permite que os alunos atuem como agentes transformadores da propriedade familiar e da vizinhança. (TEIXEIRA E FREIXO, 2010, p. 09) A EFA de Valente faz parte da rede de escolas famílias agrícolas que se adequam a pratica de Pedagogia da Alternância e acolhe alunos do segmento de Ensino Fundamental II. As turmas estudam integralmente durante uma semana, de forma intercalada. Em uma semana a escola recebe alunos de 6º e 7º ano ficando em regime de internato na escola, ou seja, dormem e acordam, fazem as refeições diárias enquanto que, nesse mesmo período, alunos do 8º e 9º ano permanece em seu meio familiar, retornando a escola na semana seguinte enquanto as outras duas turmas retornam para as comunidades e passam a semana seguinte em casa.

No período de tempo escolar os alunos ficam responsáveis em desenvolver atividades que garantem a limpeza e a higiene do espaço. Juntos fazem tarefas “domésticas” nos espaços da escola, tais como, limpeza da sala de aula, dormitórios, refeitório, lavar a louça e cuidar dos setores produtivos da escola dando alimentação e fazendo a limpeza dos galpões dos animais como, por exemplo, dos suínos, aves, caprinos e ovinos.

A partir da Pedagogia da Alternância, a orientação do trabalho na EFA tem se organizado basicamente em 5 eixos que visam ao enraizamento da população jovem na região, trazendo para a dinâmica da escola a realidade cotidiana das famílias de pequenos agricultores, num movimento de formação crítica que incorpora os nexos entre o local-regional-global. Os eixos estão assim estruturados: a) um primeiro eixo está no Planejamento Pedagógico Temático, que permite articular o programa oficial da Secretaria de Educação e Cultura com as questões relacionadas à realidade regional, seja nas atividades teóricas, seja nas atividades práticas; b) a definição dos Temas de Estudo embasa um segundo eixo do trabalho pedagógico, que são os Planos de Estudo (PE). Esses planos orientam as atividades que o aluno deve desenvolver durante os intervalos em que permanece na comunidade e atuam como elemento que contribui para uma maior interação entre a comunidade e a escola. Os planos estimulam os alunos à observação e à intervenção sobre a realidade de suas comunidades

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a partir da reflexão realizada na EFA, sendo acompanhados do registro escrito individual, que servirá de fundamento para a discussão em classe e para a construção da Síntese Temática que fica a cargo do professor; c) um terceiro eixo são as Viagens de Estudo, precedidas de pesquisa exploratória que viabiliza uma maior articulação entre teoria e prática; d) um quarto eixo está nos Serões, aqui entendidos como tempo livre ao final do dia, quando alunos e monitores se encontram no salão para conversas informais, brincadeiras, assistir a filmes, etc.; e) o quinto eixo se refere às Assembleias com os pais dos alunos, em que o desenvolvimento e os resultados do trabalho são discutidos e avaliados. A combinação entre os eixos norteadores do Planejamento Pedagógico garante que o trabalho da EFA esteja em sintonia com as ações educativas da APAEB, visando à melhoria das condições de vida para o homem do semiárido e a difusão do conhecimento entre diferentes gerações. (APAEB, 1996, p.18)

PLANO DE ESTUDO E HISTORIA

O plano de estudo, ou simplesmente o P.E, está dentro da proposta teórico-metodológica de ensino da Escola Família Agrícola de Valente, podendo ser considerada uma das atividades de retorno uma vez que os alunos devolvem para a escola o que foi obtido em sua comunidade. O alunado em seu período escolar elabora questionamentos a cerca de temas que variam de acordo com a série de cada um e de acordo com a realidade que estes alunos vivenciam, desde cultura e tradições locais, origem genealógica da família, movimentos sociais, e a partir destes fazem o levantamento das respostas na sua comunidade de origem. A elaboração desses questionamentos implica no conhecer alguns aspectos de sua comunidade e buscam conhecer as culturas, as tradições, as maneiras de viver e a organização do seu meio, bem como a história de sua família.

Com isso o ensinar e aprender história, não se limita apenas na disciplina como componente curricular, esta que por vez segue aos Parâmetros Curriculares Nacionais de Historia, os assuntos utilizados pelos professores da área segue ao modelo do livro didático utilizado em todas as escolas.

A aprendizagem escolar da historia e acima de tudo a aprendizagem da identidade coletiva mais ampla, aprender historia é, portanto um ensino voltado para a formação do cidadão, com uma identidade politica da modernidade, o ensino de historia hoje esta posto diante do desafio de trabalhar as identidades para além da formação da cidadania. (CERRI 2011, p 24.)

Através do instrumento pedagógico plano de estudo torna-se possível analisar os fatos históricos da comunidade, da família de cada aluno, e através do retorno dessa atividade na comunidade e possível analisar e conhecer as tradições e os costumes locais de cada aluno.

Ao levantar tais questionamentos em sua comunidade o aluno passa a conhecer uma história local que muitas vezes lhe era desconhecida. Baseando-se nas respostas obtidas, o

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indivíduo elabora uma redação narrando os fatos encontrados na sua comunidade, essas informações ficam registradas em um objeto de estudo denominado “Caderno da Realidade”. E através desse P. E., que faz parte do currículo escolar das Escola Família Agrícola, o aluno passa a conhecer não somente aspectos da história de sua comunidade, como também dos colegas.

a História pode contribuir para diversas discussões sem ter obrigatoriamente uma função preestabelecida, seja ela de formar cidadãos, civilizar, valorizar a pátria, como se acreditou durante muito tempo. A cidadania, por exemplo, é um elemento importante, mas por si só não determina a presença e a importância da História na escola. Nesse sentido, a disciplina tem um papel de ensinar a refletir e a ler o mundo a partir de uma orientação histórica. Contribui na medida em que ajuda os alunos a entenderem noções como o tempo, as permanências, as mudanças, o contexto e, a partir disso, serem capazes de selecionar e criticar as informações do seu dia a dia. (MORAES e FRANCO, 2009, p. 104).

Com essa atividade, aprender História na EFA não se limita às aulas ministradas em sala de aula. Segundo Marilene bispo a atual diretora da unidade escolar em uma entrevista realizada 2017, o plano de estudo é uma porta onde liga a comunidade com o alunado e os campos dos saberes da EFA.

O plano de estudo, ou simplesmente o P.E, como agente das EFAs costumamos chamar, é um instrumento pedagógico que serve para que os alunos através das perguntas elaboradas por eles em coletivo possam conhecer a realidade da comunidade em que vive, e ao chegar a escola os alunos apresentam as respostas do questionário obtidas na comunidade e assim a equipe escolar passa a conhecer sobre a realidade desses alunos e do meio em que estes vivem (BISPO, 2017).

Assim, aprender e ensinar Historia ultrapassa as salas de aulas, onde alunos e professores são construtores de historias, é possível dizer que a aprendizagem histórica começa a partir do momento que alunos investigam em suas comunidades os fatos marcantes delas e partindo dessa investigação os alunos constroem conhecimentos.

De maneira geral os alunos, além de se apropriarem dos relatos construídos pelos velhos, também direcionaram o olhar para sua família e comunidade. As vozes dos velhos, diluídas num conjunto de representações da comunidade, conduziram os próprios jovens à reflexão num movimento em que lembranças do passado se entrecruzam com as experiências de um tempo presente constantemente revisitado. Buscamos, assim, compreender como as famílias e as comunidades representam seu ambiente e as questões apontadas – a sua origem, a questão da água, a propriedade e a educação popular, focando nas vozes dos velhos, relatadas pelos alunos em seus PEs.(TEIXEIRA E FREIXO, 2010, p 20.)

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A metodologia de ensino das Escolas Famílias Agrícolas nos permitiu constatar que o Ensino de História não é e não deve acontecer apenas através da disciplina como componente obrigatório, mas através dos instrumentos pedagógico adotado pelas EFAs, estes que consolidam cada vez mais como meios de conhecimentos históricos. É notório o esforço empreendido pela equipe de professores e estudantes da EFA Avani de Lima Cunha, com o objetivo de resgatar a história da região e da luta de seus associados por melhores condições de renda e de vida.

REFERENCIAS

APAEB, jornal folha do sisal, 1996.

BISPO, Marilene. Diretora da escola Família Agrícola. Entrevista sobre plano de estudo, Concebida em 26 de julho 2017.

BURGHGRAVE, Thierry. Origens da pedagogia da alternância no Brasil. UNEFAB 2002 CERRI, Luís Fernando. Ensino de historia e consciência histórica. Rio de janeiro: FGV, 2011

DEMARCO, D. J. Uma análise do projeto Escola do Campo – Casa Familiar rural como iniciativa de profissionalização e escolarização de jovens rurais do Estado do Paraná. 2001. 188 p. Dissertação (Mestrado)- Universidade de São Paulo, São Paulo. 2001

FERREIRA, Marieta Moraes; FRANCO Renato. Aprendendo Historia reflexão e ensino. São Paulo.2009

GIMONET, Jean Claude. Pedagogia da Alternância. Petrópolis RJ, ed vozes, 1999.

PEREIRA, Erialdo Augusto. Pedagogia da Alternância como metodologia de ensino. UNEFAB, 2002

SILVA, J. A. F. Alternância no Currículo: uma proposta para a inclusão escolar e social – um estudo da Escola Família Agrícola da Perimetral Norte/AP. 1998. 178 p. Dissertação (Mestrado)- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. 1998

TEIXEIRA, Ana Maria Freitas; FREIXO, Alessandra Alexandre. Escola Família Agrícola de Valente: Uma experiência rumo à Educação do Campo na região Sisaleira da Bahia. Disponível em www.apaeb.com.br/memoriasdorural/publicacao2.pdf. Acesso

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