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Tipografia e Moda em Revista : Parâmetros para a observação e análise tipográfica 1

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Academic year: 2021

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“Tipografia e Moda em Revista”: Parâmetros para a observação e análise tipográfica1

Márlon Uliana Calza2

1. Introdução

Desdobramento da pesquisa “Tipografia e Moda em Revista: Imagem e (I)legibilida-de”, o resumo resgata e evidencia parâmetros para a observação e análise tipográfica nas revistas de moda. Considera, assim, o interesse pelo (i) entendimento do modo como os atributos da tipografia conformam conteúdos de ordem editorial e comercial, constituindo uma narrativa visual e processos de leitura particulares; e, a (ii) problematização da função dos tipos nas publicações, em razão de intervenções realizadas em seu desenho e/ou com-posição, que possibilitam a sua articulação ou equiparação às imagens publicadas nos edi-toriais de moda (CALZA, 2015), mas também em outras matérias jornalísticas do segmento.

Ao traduzirem os interesses da pesquisa, os parâmetros assumem a forma de rotei-ros ou instrumentos analíticos que contemplam, inicialmente, uma abordagem associada à microtipografia, ou seja, centrada em aspectos relacionados à legibilidade3 e ao “design de

tipos” (FARIAS, 1998, p.12), para, em seguida, adotarem um viés articulado à macrotipo-grafia, ou àquilo que Farias denomina como “design com tipos”, e que articular-se-ia à leitu-rabilidade. Parte-se da premissa, então, que a tipografia caracteriza, nas publicações do segmento, modos específicos de leitura (e de legibilidade) que reconfiguram a materialida-de, a dimensão e o lugar dos elementos verbais e/ou visuais nas composições.

2. Metodologia

Os instrumentos propostos para a identificação e análise dos dados, a partir de uma abordagem qualitativa, são construídos através de procedimentos que envolvem a pesquisa

1 Resumo expandido apresentado ao XIV Colóquio de Pesquisa e Pós-Graduação.

2 Doutor em Comunicação e Informação (PPGCOM/UFRGS); Coordenador e Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Design - Mestrado em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter). E-mails: marlon_calza@uniritter.edu.br; marloncalza@gmail.com.

3 De acordo com Gruszynski (2007, p.151), a legibilidade, de modo geral, compreende “as qualidades e atributos inerentes à tipografia que possibilitariam ao leitor distinguir, reconhecer e compreender as formas e os arranjos dos tipos com maior facilidade”, segundo a sua familiaridade. Entretanto, ainda segundo a autora, no vocabulário inglês, o termo distinguir-se-ia daquele associado à leiturabilidade. A legibilidade (legibility), para Gruszynski (2007, p.152), estaria relacionada ao “reconhecimento de cada caractere na sua relação com os outros”, em uma determinada fonte. Já a leiturabilidade (readability) teria relação com o “agrupamento de tipos em palavras, frases, parágrafos, de modo que a informação verbal seja o mais facilmente apreendida”, sendo condicionada pela composição, mas também pelo “texto em si, seu vocabulário, estrutura frasal, etc.” (GRUSZYSNKI, 2007, p.152).

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bibliográfica (GIL, 2010), por meio da revisão da literatura técnica e teórica produzida por autores – abaixo referenciados – que discutem temas relativos ao Design Gráfico, ao Design Editorial, à tipografia e à Comunicação Visual; além das pesquisas documental (GIL, 2010) e exploratória (BONIN, 2011). Considera-se, assim, a realização de um tensiona-mento e/ou aproximação entre objetos teórico e empírico, com vistas à sistematização e tradução dos aportes conceituais em categorias de análise passíveis de identificação e aplicação no projeto gráfico das revistas do segmento de moda.

3. Resultados e Discussão: Apresentação dos Instrumentos

Partindo de aspectos associados à configuração material ou ao desenho tipográfico, o instrumento abarca quatro eixos, relativos: (a) ao reconhecimento da(s) família(s) e fonte(s) utilizada(s), através de ferramentas online ou da consulta à repositórios digitais/ bibliográficos relacionados aos tipos4; (b) à análise da anatomia, priorizando-se aspectos

que favoreçam a distinção entre os tipos, e a leitura (NIEMEYER, 2006; WILLBERG, FORSSMAN, 2007); (c) à análise das propriedades/variações estruturais e da legibilidade (FRUTIGER,1999; NIEMEYER, 2006; WILLBERG, FORSSMAN, 2007); e (d) ao estilo tipo-gráfico (NIEMEYER, 2006; SILVA, FARIAS, 2005), e sua relação com os conteúdos.

MICROTIPOGRAFIA: Desenho, propriedades, estilo e legibilidade dos tipos

Identificação Anatomia e legibilidade

Propriedades dos tipos e legibilidade Estilo tipográfico e relação com o tema Família

tipográfica

Altura-X Peso Light Romanos Humanistas

Aberturas Regular Garaldos

Fonte tipográfica

Ascendentes Semibold Transicionais

Descendentes/ Ganchos inferiores

Bold Didones

Eixo Racionalista Mecanizados Italianos

Humanista Clarendon Caracteres em caixa-baixa (a, l, g) Contraste de inclinação Regular Egipcianas

Itálico Lineares Grotescos

Oblíquo Neo-grotescos Caracteres em caixa-alta (A,E, O) Contraste de espessura Baixo Geométricos Médio Humanistas Alto Incisos Contraste de Largura

Extracondensado Manuais Decorativos

Condensado Brush

Regular Manuscritos Script

Expandido Cursivo Corpo tipográ-fico / relação com leitor Adoção de tipô- metro: Sistema Anglo-americano Góticos Não latinos

Quadro 01: Observação e análise microtipográfica. Fonte: elaborado pelo autor a partir das pesquisas bibliográfica, documental e exploratória.

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A partir da análise do desenho das letras, parte-se para a problematização de as-pectos relativos ao “desenho com tipos” (FARIAS, 1998, p.12). A ênfase recai, assim, sobre a composição tipográfica, priorizando-se cinco eixos/aspectos que afetariam a legibilidade, mas também a leiturabilidade: corpo, espaçamentos, entrelinha, alinhamentos e grid (CLAIR; BUSIC-SNYDER, 2009; WILLBERG, FORSSMAN, 2007; SAMARA, 2015):

MACROTIPOGRAFIA: critérios para a observação e análise da composição tipográfica

Corpo tipográfico Espaçamento entre caracteres

Entrelinhas Alinhamento Grid

*Recupera dados observados e analisados através do instrumento anterior Adoção de tipômetro (régua tipográfica): Sistema Anglo-americano (pontos e paicas) À direita Modular Ao centro Retangular Justificado Colunas (2, 3, 4, 5) Justificado total Hierárquico

Acompanha a imagem / contorno

Quadro 02: Critérios para a análise da composição tipográfica. Fonte: elaborado pelo autor a partir das pesquisas bibliográfica, documental e exploratória.

Uma vez analisada a composição tipográfica a partir de critérios associados à diagra-mação dos textos (e da mancha tipográfica), propõe-se a análise a partir de seu caráter visual, problematizado em relação às imagens (pictóricas ou fotográficas) publicadas. Explora-se, assim, os seguintes aspectos relativos aos dois elementos, cotejados: (a) a identificação de seu esquema formal/pictórico (RIBEIRO, 2007); (b) a análise de sua posi-ção na página (RIBEIRO, 2007); (c) a análise da relaposi-ção entre os elementos formais, no que concerne à simetria e à assimetria, associadas à gramática e/ou aos princípios de compo-sição visual (RIBEIRO, 2007; HURLBURT, 2002), conforme observa-se no quadro abaixo.

MACROTIPOGRAFIA: Relação entre a composição tipográfica e as imagens

Identificação do esquema formal/pictórico

(composição/mancha

tipográfica x imagem)

Posição dos elementos

(composição/mancha tipográfica

x imagem)

Relação entre os elementos na composição (composição/mancha tipográfica x imagem)

Ponto de atenção / Centro geométrico

Simétrica Equilíbrio simétrico (balança ordinária)

Ponto de atenção / Centro ótico Assimétrica Equilíbrio Assimétrico (balança romana / de fulcro) Estrutura fundamental / pontos

de interesse Proporção / Leis de relação

Composição dinâmica Simplicidade e redução de

focos Ritmo Movimento

Contraste Tom e cor Tamanho Quadro 03: Critérios para a análise da relação entre a composição tipográfica e as imagens. Fonte: elaborado pelo autor a partir das pesquisas bibliográfica, documental e exploratória.

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Na relação estabelecida entre a mancha tipográfica e as imagens fotográficas ou pictóricas veiculadas pelas revistas prioriza-se a dimensão visual dos elementos, incluindo-se aqueles verbais. Resgata-incluindo-se e valoriza-incluindo-se, assim, o argumento proposto por Gruszynski (2007, p.15) segundo o qual a retórica tipográfica seria definida pelas noções "de transpa-rência, que prioriza a leitura do signo verbal", mas também "de opacidade (em alguns casos de ilegibilidade), onde a ênfase está no desenho da letra do alfabeto, [ou seja, no] caráter imagético do signo tipográfico", ou da própria composição (tipográfica), neste caso.

4. Conclusões

O objeto ao qual se refere o presente resumo expandido refere-se a uma proposta de roteiro para a coleta e análise tipográfica, não tendo como pretensão o uso generalizado. Antes, propõe uma reflexão acerca de possibilidades de operacionalização de definições técnicas ou teóricas da tipografia (e do próprio Design), em seus aspectos formais, estru-turais e compositivos, associados às dimensões verbal e visual dos elementos de análise.

De outro modo, esclarece-se que, na aplicação dos instrumentos, devem ser consi-derados os diversos níveis de texto articulados à estrutura editorial/jornalística das revistas (GRUSZYNSKI, CALZA, 2013): observa-se, assim, a necessária divisão entre capa e miolo, identificando-se, na face externa, a marca do periódico e as chamadas, por exemplo; e, internamente, nas diversas seções, os títulos, subtítulos, olhos ou legendas. Ademais, re-conhece-se a aplicabilidade dos instrumentos nas análises sincrônica e/ou diacrônica, res-guardadas as devidas adequações em razão de possíveis diferenças na natureza e carac-terização dos projetos gráficos de produtos editoriais publicados ao longo da história.

5. Palavras-chave

Revistas de moda; projeto gráfico; metodologia; identificação e análise tipográfica.

6. Referências bibliográficas

BONIN, Jiani. Revisitando os bastidores da pesquisa: práticas metodológicas na construção de um projeto de investigação. In: MALDONADO, Alberto Efendy et al. Metodologias de

pesquisa em comunicação: Olhares, trilhas e processos. Porto Alegre: Sulina, 2011.

CALZA, Márlon Uliana. A identidade visual no projeto gráfico de revistas de moda. 2015. 355p. Tese (Doutorado em Comunicação e Informação). Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre [2015].

CLAIR, Kate; BUSIC-SNYDER, Cynthia. Manual de tipografia. A história, a técnica e a arte. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.

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FARIAS, Priscila L. Tipografia digital: o impacto das novas tecnologias. 3. ed. Rio de Janeiro: 2AB, 1998.

FRUTIGER, Adrian; JANNINI, Karina (Trad.). Sinais e símbolos: desenho, projeto e significado. São Paulo: Martins Fontes, 1999. 334 p.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2010.

GRUSZYNSKI, Ana Cláudia; CALZA, Márlon Uliana. Projeto gráfico: a forma de um conceito editorial. In: SCHWAAB, Reges, TAVARES, Frederico. (Org.). A Revista e Seu Jornalismo. Porto Alegre, Editora Penso, 2013, p. 203-220.

GRUSZYNSKI, Ana Cláudia. A imagem da palavra: retórica tipográfica na pós-modernidade. Teresópolis, RJ: Novas Idéias, 2007.

HURLBURT, Allen. Layout. O design da página impressa. São Paulo: Nobel, 2002.

NIEMEYER, Lucy. Tipografia. Uma apresentação. Rio de Janeiro: 2AB, 2006.

RIBEIRO, Milton. Planejamento visual gráfico. 10. ed. Brasília: LGE, 2007. 497 p.

SAMARA, Timothy. Grid: Construção e desconstrução. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

SILVA, Fabio Luiz Carneiro M., FARIAS, Priscila. Um panorama das classificações tipográficas. In: Estudos em Design, v. 11, n. 2, p. 67-81, 2005.

WILLBERG, Hans P.; FORSSMAN, Friedrich. Primeiros socorros em tipografia. São Paulo: Rosari, 2007.

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