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Chegou a hora de trabalhar? Vera e Danilo Nogueira

©Vera Nogueira e Danilo Nogueira 2005

http://www.nogueiratranslations.com.br/chegou_a_hora_de_trabalhar.htm

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Chegou a hora de ser tradutor profissional? Parabéns. É disso que estamos precisando: tradutores profissionais. Não de gente que brinque de tradutor ou “faça traduções para ajudar no orçamento”. Agora, diga você já pensou nos aspectos jurídicos do trabalho? Porque ser tradutor profissional é um pouco mais do que sair por aí traduzindo. Precisa traduzir de acordo com a lei.

A profissão não é regulamentada, sabemos, e, pedimos licença para dizer que, em nossa opinião, a regulamentação não traz vantagem nenhuma para nós, mas isso é outra conversa, para outra hora. Entretanto, mesmo sem regulamentação, há coisas a pensar.

Formal ou informal?

Você pode trabalhar formal ou informalmente. Se trabalhar formalmente, pode trabalhar com ou sem vínculo empregatício. “Com vínculo empregatício” quer dizer como

empregado de uma empresa, ou como se diz informalmente “com carteira assinada”. Se trabalhar sem vínculo empregatício, pode trabalhar como pessoa física ou pessoa jurídica. Se trabalhar como pessoa jurídica pode trabalhar como firma individual ou coletiva. Confuso? Talvez arrumado assim fique mais claro:

• Com vínculo empregatício:

- Empregado de uma empresa (com carteira assinada) • Sem vínculo empregatício:

- Como pessoa física: trabalhador autônomo - Como pessoa jurídica:

- Firma individual - Firma coletiva

Trabalho informal

Você pode trabalhar informalmente, claro, ao arrepio da lei. Quer dizer, pega o serviço, faz, pega o dinheiro, enfia no bolso e ponto final. Uma maravilha: nada de impostos, nada de papelada, nada de burocracia, não tem que pagar contador. Você traduz, que é o que quer fazer na vida, e acabou a história. O trabalho informal, entretanto, tem mais desvantagens que vantagens.

Como trabalhador informal, você não pode pagar INSS. Hoje, você acha uma maravilha, porque sobra mais dinheiro no bolso, mas, com o avanço da idade, vai começar a pensar se valeu a pena. O INSS é uma poupança forçada que você faz e,

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pouco, pouco, uma aposentadoria sempre ajuda um pouco. O chopinho que você não tomou hoje pode ser o feijão que você vai comer amanhã.

Depois, tem o imposto sobre a renda. Quem trabalha informalmente, não paga imposto de renda. Uma maravilha, certamente. Mas talvez nem tanto. Nem tanto porque um dia o leão pega. Você compra um carro, mas não pagou nada de imposto de renda e, um dia, aparece uma amável notificação da Receita Federal perguntando como é que um sujeito que não ganha um tostão na vida conseguiu o dinheiro para comprar um carro. Não pense que essas coisas acontecem só no Brasil. Al Capone foi preso exatamente por isso: o IRS americano, que tem algumas das funções da nossa Receita Federal, deu uma olhadinha na declaração de imposto de renda do Mr. Capone e, digamos, ficou curioso. E imagina os advogados e amigos que o homem tinha. Sim, existem mil truques, mas não é coisa fácil.

Além disso, trabalhando informalmente, você dificilmente vai ganhar grande coisa como tradutor. Os melhores clientes são as pessoas jurídicas, quer dizer, as empresas. E empresas querem recibos e notas fiscais, por causa do imposto de renda delas. Se você não se estabelecer formalmente, vai ter que prestar serviços exclusivamente a pessoas físicas. E pessoas físicas não gostam de pagar tradutores. Ou esperam serviços grátis, ou querem pagar muito pouco.

Sem se estabelecer, você só pode prestar serviços a empresas por intermédio de um outro tradutor. Existem duas possibilidades aí. A primeira é o outro tradutor pegar o serviço e repassar a você. Excelente, se você for inexperiente e ainda estiver

“amaciando a carta”. Mas vai receber muito pouco pelo serviço e, claro, ficar na

dependência do colega. A segunda possibilidade é você sair por aí pegando serviço e, na hora de cobrar, comprar uma nota fiscal de um colega.

Comprar e vender notas, de qualquer maneira que a operação seja vista ou estruturada, é crime contra a ordem tributária. Se você fez o serviço e o colega emitiu nota, de acordo com a lei, você prestou o serviço ao colega que emitiu a nota e tem que emitir um RPA ou uma nota para ele. Se não emitiu, é crime contra a ordem tributária e acabou a história. Se emitiu RPA, ele vai ter que pagar os encargos sobre o valor do RPA e, evidentemente, deduzir do que pagou a você.

Nem aqui nem em nenhum outro lugar do mundo o leão perdoa essas coisas. Eu sei, tem muita gente que faz e nunca aconteceu nada. Tem muita coisa que muita gente faz e nunca aconteceu nada e nós não fazemos nem acendendo vela para São Jerônimo. Agora vê lá você o que faz da vida.

Comprar nota tem um outro problema: você está fazendo propaganda do colega. Quer dizer, se você usasse uma nota fiscal nossa (nem pense em pedir, não vendemos de jeito nenhum), o seu cliente vai ficar sabendo que existe um casal, a Vera e o Danilo

Nogueira, que tem um site na internet, uma longa experiência e tal e coisa. Quando o cliente quiser um servicinho barato, vai falar com você. Quando tiver um serviço especial, bom, aí, quem sabe seria melhor alguém mais experiente, mais firmemente estabelecido, quem sabe aqueles dois lá da nota… Não vale a pena. Sabe como é, quem não se arrisca, não vira petisco.

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Com vínculo empregatício

Você pode arranjar um emprego de tradutor. Provavelmente, seus pais vão ficar

satisfeitos de saber que você tem carteira assinada e não é um simples biscateiro, como o filho do vizinho, coitado, que não deu em nada na vida. Mas não sei se é a melhor coisa para você. A maioria das empresas não tem serviço de tradução com a

regularidade e volume suficiente para justificar a contratação de tradutores e, por isso, prefere encomendar o serviço para gente de fora. O resultado disso é que, se você perder o emprego, pode demorar muito para achar outro. Além disso, talvez na sua cidade não haja uma empresa que precise de tradutores e você tenha que mudar para outro lugar, o que pode ser uma maravilha ou não, dependendo do caso.

Por outro lado, se trabalhar por conta própria, pode viver em qualquer lugar onde tenha uma conexão razoável com a Internet. Se tiver banda larga, então, é a glória.

Há alguns poucos escritórios de tradução que empregam vários tradutores. Um emprego num escritório desses é um excelente modo de começar, porque você aprende uma porção de coisas. O pagamento pode não ser grande coisa, mas a experiência adquirida compensa de longe.

Mas a maioria dos empregos para tradutores está fora dos escritórios de tradução, está em empresas industriais e comerciais. Essas empresas podem ter desde um

departamento de tradução altamente estruturado, com chefe, subchefe, tradutores sênior e júnior, revisores e o que mais seja, até um só e único tradutor, que, por falta de

serviço, ainda tenha de desempenhar outras funções. Muitas vezes, uma mulher que é tradutora combinada com secretária e medianeira da fé. Ser a única pessoa que faz tradução numa empresa pode ser um problema grave para alguém inexperiente, porque na hora do sufoco não se tem a quem recorrer. Quando há vários tradutores, os mais experientes podem ser casmurros e mal-educados, mas a responsabilidade é menor. Se você trabalhar numa empresa, mas não tiver “carteira assinada”, está no mercado informal. Entretanto, mesmo assim, se conseguir provar que, mesmo sem “carteira assinada” era, de fato, um funcionário da empresa, pode reclamar seus direitos em juízo. Mas é sempre bom evitar encrencas.

Sem vínculo empregatício

A maioria dos tradutores trabalha sem vínculo empregatício, quer dizer, não é empregado de ninguém. É o que se chama em inglês freelance. Sem vínculo

empregatício, você pode trabalhar como pessoa física ou pessoa jurídica. Veja que nem todos os tradutores sem vínculo empregatício são autônomos.

Pessoa física: trabalhador autônomo

O conceito de trabalhador autônomo surgiu para trazer para a previdência social uma porção de gente que não era empregado de ninguém, mas era pequena demais para ter sua empresa própria, como os pedreiros e encanadores. Na aparência, é muito simples.

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Você tem que se registrar na prefeitura do seu município e no INSS, que, dependendo de onde você mora, pode só ter agência em outro município. De modo geral, é mais sensato pedir que um contabilista faça isso. É relativamente barato e perfeitamente legal. Durante muito tempo, trabalhei nesse regime. O cálculo de imposto de renda pode ser meio complicado, mas nada que não se possa resolver dentro dos limites da lei. O cliente retém imposto de renda na fonte, você recolhe INSS e ISS todo mês. O ISS, também conhecido como ISSQN é o imposto municipal a que os prestadores de serviços (como os tradutores) estão sujeitos. A alíquota, quer dizer, a porcentagem, varia de um município para o outro. Precisa ver qual se aplica à sua cidade.

Você pode mandar imprimir um talão de notas fiscais, mas não é necessário. O autônomo não é obrigado a emitir nota fiscal. Pode simplesmente passar numa

papelaria, comprar um talão de RPA (Recibo de Pagamento a Autônomo) e preencher com os dados corretos. Se não souber, seu contador ensina; se não tiver contador, o próprio pessoal do cliente ajuda. Isto é, caso o cliente aceitar RPA, um assunto que vamos analisar mais abaixo.

Se quiser emitir nota fiscal, mas não quiser se dar ao trabalho e despesa de mandar imprimir talões de notas fiscais personalizados, pode simplesmente ir à prefeitura de sua cidade e adquirir uma nota fiscal “genérica”. A prefeitura vai ter um setor de finanças, que pode ter nomes diferentes conforme a cidade, mas sempre emite essas notas. A prefeitura exige o recolhimento do ISS e uma taxa de emissão do documento, mas pode valer a pena num ou noutro caso. Mas isso não transforma você em pessoa jurídica, outro assunto que vamos ter que deixar para analisar mais adiante.

O problema do regime de trabalhador autônomo é que ocorreram abusos. Para reduzir seus próprios impostos, muitas empresas começaram a fazer acordos com seus

empregados: eram demitidos, pegavam o FGTS, se estabeleciam como autônomos e voltavam a trabalhar normalmente, como sempre tinham feito, na mesma mesa, fazendo as mesmas coisas e usando as mesmas máquinas. Quer dizer, eram empregados sem ser. Esse procedimento causa tremendos problemas para a previdência social. Para

desencorajar o procedimento, hoje o trabalho do autônomo sofre uma pesadíssima carga tributária, o terceiro assunto que vamos ter de deixar para uma análise mais tarde.

Pessoa jurídica

Como pessoa jurídica, você opera “como firma”. Para operar como pessoa jurídica, você precisa se registrar no INSS, na prefeitura (porque presta serviços e, portanto, está sujeito ao ISS) e num cartório. Para tudo isso, precisa de um contador, que

evidentemente, vai cobrar por seus serviços profissionais. E o cartório também cobra. E há mais mil impostos e despesas. Você pode se estabelecer como firma individual – que não tem nada que ver com “trabalhador autônomo” – ou em sociedade com outros. A firma individual é você só. A sociedade pode ser com qualquer um, mesmo que nunca tenha traduzido uma linha na vida nem vá traduzir. Pode ser seu pai, por exemplo. Ou um outro tradutor. Ou vários tradutores. Se você se associar a outros tradutores, pode dividir o custo com eles, o que é uma grande vantagem, porque os custos são altos. Por outro lado, se tiver outros sócios tradutores, o problema é que você tem que escolher

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muito bem com quem se associa.

Pessoas jurídicas são obrigadas a emitir notas fiscais e você não será a exceção. Para isso, precisa mandar fazer notas fiscais numa gráfica. A gráfica precisa de uma

autorização da prefeitura, que é dada sem problemas, se a sua documentação estiver em ordem.

Os mal-entendidos

Agora, cremos, é hora de discutirmos aqueles pontos que ficaram em suspenso. Como eu disse, para evitar que as empresas mantivessem seus empregados como se fossem autônomos, o governo federal impôs uma série de encargos adicionais sobre os serviços prestados por autônomos.

Vamos entender como isso funciona. O custo de um serviço para o cliente é a soma do que ele paga ao prestador de serviço, no nosso caso, o tradutor e o que o cliente tem que pagar ao governo, com relação ao mesmo serviço. Quando o cliente compra um serviço de pessoa jurídica, seu custo é o que consta na nota fiscal. Se comprar de autônomo, o custo sobe muito, em razão dos encargos. Isso sem contar a trabalheira de contabilizar os pagamentos a autônomos. Por isso, empresas querem trabalhar com empresas, não com autônomos nem com informais.

O problema, aí, é a linguagem O cliente normalmente não pergunta se você é autônomo ou tem empresa: pergunta se você “dá nota fiscal”, talvez sem se dar conta de que também os autônomos podem dar nota fiscal.

Você sabe que pode comprar uma nota na prefeitura, responde que sim. Na hora de entregar o serviço, passa na prefeitura, compra a nota fiscal e entrega ao cliente. A encrenca pode começar aí, ou mais tarde. Começa aí, se o funcionário do cliente for esperto e notar que sua nota é de pessoa física e aí reclamar que nota fiscal comprada da prefeitura é legal e tal, mas não isenta o cliente do pagamento dos encargos de

autônomo e, portanto, não serve. Ou então, começa mais tarde, no dia em que um fiscal notar que a empresa compra serviços de pessoas físicas e trata como se fosse de pessoas jurídicas, caso em que vai exigir todos os encargos, com multa e correção monetária. Ou seja, um dia, a casa cai. Reze para não cair em cima de você.

A guisa de conclusão

Não somos contadores. Somos tradutores como você, só que veteranos. O que está escrito aí em cima é nossa experiência pessoal, não a voz do contador profissional. Quando chegar a hora de trabalhar, ou você arranja um emprego numa empresa ou então consulte um contabilista antes de oferecer seus serviços ao primeiro cliente. A classe dos contabilistas inclui contadores e técnicos em contabilidade, que os antigos ou mais conservadores ainda chamam os “guarda-livros”. Pergunte a algum comerciante amigo quem cuida “da escrita” dele e vá pedir orientação para o profissional indicado. Vale a pena. Muito do teu sucesso profissional vai depender da qualidade da orientação contábil que você receber.

Referências

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