Passado, Presente e perspectivas para o futuro
Aníbal Cabral Pires
Presidente da Associação de Natação do Norte de Portugal
Ao aceitar o convite da Associação de Estudantes do Instituto Superior da Maia, por intermédio das mestras Paula Santana e Teresa Figueiras, para participar no Dia da Natação, fi-lo com a convicção de que o meu contributo, embora modesto, servirá para dar a conhecer, de forma sintética, o passado, o presente e as perspectivas para o futuro da Associação de Natação do Norte de Portugal.
A Associação de Natação do Norte de Portugal sucede à Associação de Natação do Porto, que por sua vez é sucessora da Associação Portuense de Natação, designada anteriormente por Liga Portuguesa de Clubes de Natação, Delegação do Porto e ainda Liga Portuguesa dos Amadores de Natação.
A Associação de Natação do Norte de Portugal, filiada na Federação Portuguesa de Natação, é uma instituição de carácter associativo com sede na cidade do Porto.
Uma das principais pretensões do passado sempre foi colocar a natação nortenha como a maior do País. E se em 1932 se viveu o maior apogeu da natação, com um elevado número de praticantes e adeptos, as décadas que se seguiram, com a falta de piscinas, foram negras, que levou ao desaparecimento de atletas e espectadores. Os únicos refúgios são as margens do Rio Douro e a bacia de Leixões.
Com a construção de piscinas, como as do Fluvial Portuense e FC Porto, a natação nortenha volta a entrar nos «trilhos», a que se acresce o reaparecimento do pólo aquático, nos anos 70, e da natação sincronizada, nos anos 80.
A Associação de Natação do Norte de Portugal é hoje a maior do País e o sonho do passado é, por isso, uma realidade.
Associação de Natação do Norte de Portugal -Passado, Presente e Perspectivas para o Futuro
Passado
1920-1949
- O entusiasmo e o gosto pela prática da natação leva à criação, em 1920, da Liga Portuguesa dos Amadores de Natação, que passa a ser designada, em 1930, por Delegação no Porto da Liga Portuguesa dos Clubes de Natação.
- Um dos clubes fundadores é o Real Clube Fluvial Portuense, clube propulsor da Natação. Com a sua vida ligada à beira-rio, o Fluvial Portuense é o maior organizador de provas no Rio Douro, como por exemplo a Travessia do Porto a nado (8.300 metros) ou a Travessia «Sacadura Cabral-Gago Coutinho» (12.000 metros or estafetas).
- Com um elevado número de praticantes e adeptos, a natação vive o seu apogeu em 1932. Nun’Álvares, Escola Náutica, Sport, Fluvial Portuense e FC Porto são os clubes em maior evidência na disputa de títulos regionais e em competição com grupos de Aveiro e Lisboa.
- Realizam-se periodicamente provas de velocidade. As Travessias do Douro e o Water Polo (pólo aquático) constituem motivo de maior interesse e entusiasmo para as multidões que se aglomeram nas bermas do Rio Douro ou em volta da Piscina do Carvalhido, em que se assiste também à exibição de saltos. O Centro Social do Barredo cede, como apoio logístico, as suas instalações para os atletas
- O desaparecimento da Piscina do Carvalhido, que dá lugar à construção da «Casa dos Pobres», tem um impacto muito negativo. Como únicos refúgios as margens do Rio Douro e a bacia de Leixões, a natação entra em decadência: diminuiu o número de praticantes e espectadores que animavam as praias do Aurélio ou do Borges.
- Nasce então a ideia de construir uma Piscina. Pensa-se inicialmente na Foz, depois no centro da cidade, mas sem efeito. A Câmara Municipal do Porto, presidida por Alfredo Magalhães, resolve tomar conta do assunto em Dezembro de 1934. Escolhe o Palácio de Cristal. O projecto é ambicioso. É um Complexo de medidas internacionais (piscina de competição com 33 metros de comprimento e 18 metros de largura, Prancha de Saltos, etc.) com o custo de 681 mil escudos. Nunca viria a concretizar-se. Voltaria a falar-se no assunto, em 1952, inserida no Projecto do Pavilhão dos Desportos. Mas nada se faria.
- Ao longo deste período, a Liga Portuguesa dos Amadores de Natação, designada por Delegação no Porto da Liga Portuguesa dos Clubes de Natação, passaria a ser chamada de Associação Portuense de Natação. O órgão portuense voltaria a sofrer, em 1949, nova designação, para Associação de Natação do Porto, que tem sede na Direcção Geral do Desportos (sede de todas as Associações do Porto).
1949-1974
- A crise que assola a natação tem reflexos nos órgãos dirigentes da Associação de Natação do Porto (ANP). São frequentes as divisões entre o presidente e os restantes membros da Direcção, formada por dirigentes dos clubes. Do mesmo se pode dizer dos clubes relativamente à Associação de Natação do Porto. De 12 clubes inscritos em 1952, apenas dois ou três participam em provas oficiais organizadas pela ANP. Os clubes preferem organizar as suas próprias provas.
- A época abre a 1 de Junho. Realizam-se as Provas de Abertura nas piscinas descobertas de Avis, Granja e Espinho e o s Torneios de Preparação decorrem na Cantareira
- A prova «Entre-Pontes», em que participam clubes como o FC Porto, Pejão, Fluvial Portuense e Salgueiros, o «Circuito do Molhe (prova de mar)», organizada pelo Galitos da Foz e em que participam o Vianense, Barcelinhos, Salgueiros, Galitos da Foz e Fc Porto, que também leva nadadoras, os Festivais de Natação (Piscina de Oliveira de Azeméis), em que são disputadas provas dos Campeonatos Regionais (os campeões apuram-se para os Nacionais), o «Dia
Popular de Natação», organizado pelo «Diário do Norte» e destinado a concorrentes, representantes das freguesias do Concelho do Porto, nunca inscritos em qualquer Associação do País, o «Dia das Estafetas», os Campeonatos Corporativos, a Prova de 1.000 metros entre a Aguada e a prancha do Fluvial, a Prova «Triângulo do Douro» ou a Prova de Barca d’Alva ao Porto são algumas das competições que se realizam neste período
- Realização do Curso de divulgação dos métodos de salvamento – Socorros a Náufragos, na sede dos Bombeiros Voluntários do Porto
- Criação de uma Comissão Regional de Árbitros e Cronometristas de Natação
- Aparecimento de novos clubes como o Clube Fluvial Vilacondense e do Clube de Propaganda de Natação e a construção de uma piscina-jangada (25 por 15 metros), junto à Praia do Aurélio, na sequência da contratação do olímpico João Franco do Vale para o FC Porto
- A ANP promove a apresentação da famosa equipa argentina «Gimnasia y Esgrima» na Piscina de Espinho
- Os árbitros da ANP criam, em 1966, a Ordem do Apito, num encontro em que discutiam os assuntos de arbitragem
- Belmiro de Azevedo (Sonae) é, nos anos 70, presidente da Associação de Natação do Porto
- A elevação da natação nortenha ao nível de Lisboa é o eterno sonho dos desportistas nortenhos durante este período de 1949 a 1974
1974-1983
- Rolando Ferreira, que saíra do Clube Fluvial Portuense em choque com Laureano Barrosa, é eleito presidente da Associação de Natação do Porto no ano da Revolução (1974), colocando importantes medidas em prática: Abolição de taxas de incrição e tempos de acesso a provas de preparação, dando possibilidade de participação a todos os nadadores; abertura de provas com a participação de nadadores de Lisboa, competições que passariam a denominar por Operação Rodagem, Operação Consolidação, Provas de Primeira Linha, Provas de Segunda Linha, etc.;
- Apesar do aumento do número de provas, FC Porto, Leixões, Clube Fluvial Portuense e CDUP são os únicos clubes filiados na Associação de Natação do Porto
- As Piscinas do Fluvial e do FC Porto são os palcos das provas de natação
- A ANP, seguindo a política desportiva que o País ia desenvolvendo nos primeiros anos de democracia, tem um papel decisivo na criação da Comissão de Técnicos – que mais tarde passaria a designar-se como Director-Técnico Regional - e Comissão de Nadadores.
Em 1975, no único Encontro Nacional de Natação, realizado na Figueira da Foz, a ANP toma a liderança de todo o evento e consegue que as Comissões de Técnicos e Nadadores passem a fazer parte das Associações como órgãos de consulta.
- A Comissão de Técnicos da ANNP é constituída pelos treinadores de clubes, enquanto a Comissão de Nadadores é composta por atletas em competição
- A ANP participa, pela primeira vez, em 1976, numa competição internacional, ao levar uma equipa de 15 nadadores a um Torneio na Alemanha. Até então só o FC Porto competia no estrangeiro
- O Pólo Aquático renasce em Portugal, concretamente no CDUP e por intermédio de José Manuel Soares. A ANP faz força junto da Federação Portuguesa de Natação para que pudesse colocar em prática a modalidade. Após o sucesso do Torneio Internacional de Natal, iniciado em 1978, realizar-se-ia o primeiro Campeonato Nacional, em 1984.
1983-2005
- A ANP, liderada por Luís Ribas, organiza, pela primeira vez, em Junho de 1983, na Piscina do Clube Fluvial Portuense, o Meeting Internacional do Porto, integrado nas Festas de Comemoração da cidade do Porto, que sucede à Taça Cidade do Porto. É uma competição realizada em moldes inéditos e que significa um salto qualitativo da natação portuguesa. Integrado no calendário da Liga Europeia de Natação, o Meeting Internacional do Porto, que a partir da segunda edição passa a ser em definitivo na Piscina de Campanhã, é a maior prova internacional no nosso País. Este evento tem trazido até à nobre cidade do Porto alguns do mais sonantes nomes da natação mundial. O russo Alexander Popov figura como a principal «estrela» do Meeting, que já vai na sua 23.ª edição.
- Renasce, em 1984, a Natação Sincronizada em Portugal, concretamente através do Grupo Desportivo Sopete, da Póvoa de Varzim, orientado pela técnica Isolina Peixoto.
- Realização das habituais provas do calendário regional, a que se juntam outras competições, organizadas pelos clubes, como por exemplo o Torneio S. João (Clube Fluvial Portuense), Torneio S. Pedro (Póvoa de Varzim) ou o Troféu Speedo (FC Porto)
- Dado o aparecimento de um numeroso número de clubes na Zona Norte do País, a Associação de Natação do Porto passa a ser denominada de Associação de Natação do Norte de Portugal, em 1996, ano em que Paulo Trindade (FC Porto) passa a ser o nadador, desta Associação, com mais participações em Jogos Olímpicos (Seul 1988, Barcelona 1992 e Atlanta 1996)
- Luís Ribas é designado Presidente honorário da ANNP
- Assiste-se em 2002 às eleições mais disputadas de sempre, que põe frente-a-frente Rolando Ferreira e Aníbal Pires. A vitória sorri a Aníbal Pires (actual presidente) por uma margem mínima de votos.
- É precisamente em 2005 que a ANNP, filiada na Federação Portuguesa de Natação, comemora 85 anos de vida. Grandes atletas, grandes treinadores, grandes dirigentes, que escreveram em linhas de «ouro» a vida daquela que é hoje a maior Associação de Natação do País e que adquiriu, em 2004, com toda a legitimidade e justiça, o Estatuto de Utilidade Pública.
Perspectivas para o Futuro
- Manter a Associação de Natação do Norte de Portugal como a maior do País - Aumentar o número de filiados e atletas
- Integração do Meeting Internacional do Porto de natação pura no Circuito Marenostrum - Integração do Meeting Internacional do Porto de pólo aquático no Calendário da Liga
Europeia de Natação
- Desenvolvimento da natação sincronizada na área da Associação de Natação do Norte de Portugal
- Organização e colaboração em grandes eventos internacionais - Reactivar o projecto do Centro de Treino de Alto Rendimento
- Criação da nova sede da Associação de Natação do Norte de Portugal - Para quando os Saltos para a água?