• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA"

Copied!
49
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

SUSANE NAIARA DE CASTRO

Antecipação e Análise de Riscos na Gestão de Projetos e Plantas Funcionais.

Lorena - SP

(2)

SUSANE NAIARA DE CASTRO

Antecipação e Análise de Riscos na Gestão de Projetos e Plantas Funcionais.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo como requisito parcial para conclusão da graduação em Engenharia Industrial Química.

Orientador: Prof. Dr. Francisco José Moreira

Chaves

Lorena - SP 2019

(3)

CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizado da Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

de Castro, Susane Naiara

Antecipação e Análise de Riscos na Gestão de Projetos e Plantas Funcionais. / Susane Naiara de Castro; orientador Francisco José Moreira Chaves. -Lorena, 2019.

48 p.

Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão de Graduação do Curso de Engenharia Industrial Química - Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo. 2019

1. Antecipação de riscos. 2. Avaliação de riscos. 3. Gestão de projetos. I. Título. II. Chaves,

(4)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, o Bem Maior, que durante toda a jornada até aqui me guia, me dá forças e não me deixa duvidar dos planos maiores que existem em minha vida.

Agradeço aos meus pais, Clemilde e Dimas, pelo amor incondicional, pela crença eterna na criança que saiu para voar, mas que sempre teve o ninho pronto esperando com aconchego em casa.

Agradeço aos meus irmãos de sangue e de alma, Sula, Fano e Tom, presentes dessa vida, companheiros pra todas as horas, exemplos e porto forte, bem como seus companheiros, Re, Tati e Lu, que fazem parte da expansão dessa irmandade. Aos sobrinhos Bia, Arthur e Alice, que sempre trouxeram a alegria mais pura ao coração.

Agradeço ao companheiro de vida, de caminhada, Túlio, que nos momentos mais difíceis me mostrava os significados mais sutis das situações e me tirava da ilusão do bem e o do mal, com todo amor.

Agradeço aos amigos da faculdade que trouxe para a vida, principalmente Josi, Lê, Suzana, Ju e Camila, pelos compartilhamentos de alegrias e dificuldades diárias e por serem minha família longe de casa.

Ao início da caminhada, os amigos do CASD, de onde veio toda a inspiração e suporte para a vida acadêmica.

As amizades que trouxe do Ciências sem Fronteiras para a vida e para o coração, Carol, Ana Olívia, Maria Cecília, Luana, Ketley, Flávia e Rodrigo, agradeço pelos ótimos momentos vividos juntos e pela conexão que existe entre nós.

Como tudo que se constrói e se desconstrói na vida, este trabalho é um resultado de muitas experiências vividas junto a cada um de vocês. Obrigada pelo companheirismo, amor e carinho.

(5)

RESUMO

DE CASTRO, S. N. Antecipação e Análise de Riscos na Gestão de Projetos e Plantas

Funcionais. 2019. 48p. Monografia (Trabalho de Graduação em Engenharia Industrial

Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2019.

A legislação trabalhista brasileira impõe, através de seu sistema regulatório, leis que valem tanto para as grandes empresas, quanto para aquelas de pequeno e médio porte. O que se observa no cenário empresarial é que enquanto as grandes empresas já estão um passo à frente em relação à forma como atendem a tal legislação, as menores ainda enfrentam dificuldades relativas a recursos financeiros ou, até mesmo, barreiras culturais, limitando seu acesso a soluções flexíveis que as possibilitem estar em conformidade com as obrigações regulatórias e, ainda, se valer da lei para otimizar seus processos. Sendo assim, o presente trabalho visou realizar um estudo sobre o estado da arte dos métodos utilizados por grandes empresas para atender à legislação trabalhista brasileira, focando no que diz respeito à antecipação e avaliação de riscos. Dentre estes métodos foram discutidos, por exemplo, o método Hazop, a APR e o FMEA. Ao final do trabalho foi proposta uma metodologia híbrida e flexível que possa ser facilmente utilizada por empresas brasileiras de pequeno e médio porte.

(6)

ABSTRACT

DE CASTRO, S. N. Risk Anticipation and Analysis in the Management of Projects

and Functional Plants. 2019. 48p. Monography (Essay of graduation in Chemical

Engineering) – Engineering College of Lorena, University of São Paulo, Lorena, 2019.

The Brazilian legislation put up, through its regulatory system, laws which apply for big companies, as well as for the smaller and medium ones. What has been observed in the business scenario is that while the big companies are already a step in advance in terms of how they attend this legislation, the smaller ones still have shown some difficulties related to financial supplies or even cultural barriers, restricting its access to flexible solutions that would permit them to be in conformity with the regulatory obligations, using it even to optimize its processes. This work aimed to perform a study about the state of art of the methods that are used by the big companies in order to attend the Brazilian employment Legislation, focusing on risk anticipation and analysis subject. Among those methods there were studied the Hazop, APR and FMEA. At the end this monography, it was proposed a hybrid and flexible methodology which could be easily used by medium and small Brazilian companies.

(7)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Resultado de pesquisa global sobre fatores de risco para empresas. ... 18 Figura 2- Níveis de Utilização das Metodologias de Gerenciamento dos Projetos ... 20 Figura 3 -Frequência de problemas relacionados ao cumprimento dos prazos estabelecidos

... 21

Figura 4 - Documentos e Práticas utilizadas nas Metodologias de Gerenciamento de

Projetos. ... 22

Figura 5 - Percentual de desvio médio no orçamento dos projetos. ... 23 Figura 6 - Frequência de problemas relacionados ao cumprimento da qualidade

estabelecida. ... 23

Figura 7 - Problemas mais frequentes em projetos. ...27 Figura 8 - Visão Geral do Gerenciamento dos riscos do projeto. ... 28 Figura 9 - Contribuição do processo de avaliação de riscos para o processo de gestão de

riscos. ... 29

Figura 10 - Matriz de Classificação de Riscos Usada em APR. ... 35 Figura 11 - Classificação de Risco em APR. ... 36

(8)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Planilha de APR ... 33

Quadro 2 - Classificação da frequência dos riscos ... 34

Quadro 3 - Categorias de severidade dos eventos ... 34

Quadro 4 - Palavras-guia ... 37

Quadro 5 - Parâmetros de processo combinados com palavras-guia. ... 38

Quadro 6 - Exemplo de modelo de planilha Hazop ... 38

Quadro 7 - Exemplo de formulário para aplicação FMEA. ... 39

Quadro 8 - Sumário do escopo das ferramentas estudadas. ... 40

Quadro 9 - Quadro de correspondência entre variáveis dos métodos analisado. ... 41

Quadro 10 - Proposta de Planilha Híbrida para Análise de Risco ... 41

Quadro 11 - Categorias de Severidade dos Eventos ... 42

Quadro 12 - Categoria de Frequências para Planilha Híbrida ... 43

Quadro 13 - Proposta de Planilha Híbrida com exemplos práticos de um processo de extrusão de filmes plásticos. ... 44

(9)

LISTA DE TABELAS

(10)

LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ABR Auditoria Baseada em Riscos

APR Análise Preliminar de Risco CLT Consolidação das Leis do Trabalho EIU Economist Intelligence Unit FMEA Failure Mode and Effect Analysis Hazop Hazard and Operability Studies IQA Instituto de Qualidade Automotiva KPMG Klynveld Peat Marwick Goerdeler NBR Normas Brasileiras

NR Normas Regulamentadoras

PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PMBOK Project Management Body of Knowledge

PMI Project Management Institute

PPRA Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais PT Permissão de Trabalho

(11)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 12 1.1 OBJETIVOS ... 13 1.1.1OBJETIVO GERAL ... 13 1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 13 2. METODOLOGIA ... 15 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 15 3.1EVOLUÇÃO HISTÓRICA ... 15

3.2LEGISLAÇÃO TRABALHISTA BRASILEIRA ... 16

3.3EXIGÊNCIAS REGULATÓRIAS... 17

3.4AS NORMAS REGULAMENTADORAS (NR) ... 18

3.4.1NORMAS REGULAMENTADORAS E ANÁLISE DE RISCOS ... 18

3.5A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE PROJETOS ... 19

3.6GERENCIAMENTO DE RISCOS ... 25

3.6.1O CONCEITO DE RISCO ... 25

3.6.2GERENCIAMENTO DE RISCOS EM PROJETOS ... 26

3.6.3O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE RISCO ... 29

3.6.3.1IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS ... 29

3.6.3.2ANÁLISE DE RISCOS ... 30

3.6.3.3AVALIAÇÃO DE RISCOS ... 30

3.6.4ANÁLISE DE RISCOS EM PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS ... 30

3.6.4.1PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS ... 30

3.6.4.2GERENCIAMENTO DE RISCOS NAS PMES ... 31

3.7AANTECIPAÇÃO DE RISCOS ... 32

3.8FERRAMENTAS TRADICIONAIS PARA AVALIAÇÃO E ANÁLISE DE RISCOS ... 32

3.8.1ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS (APR) ... 32

3.8.2HAZOP– HAZARD AND OPERABILITY STUDIES ... 36

3.8.3FMEA–ANÁLISE DE MODO DE FALHA E SEUS EFEITOS... 39

(12)

4 CONCLUSÃO ... 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 46

(13)

1. Introdução

É comum observar-se nos dias de hoje, principalmente em novos empreendimentos ou em pequenas e médias empresas, um nível significativo de negligência em relação à segurança do trabalhador e até mesmo às questões mais sutis relacionadas aos riscos inerentes aos processos produtivos. Na maior parte das vezes, a atenção fornecida à análise e gerenciamento de riscos somente acontece para cumprimento cartorial da legislação trabalhista ou, invariavelmente, depois que algum dano maior já ocorreu sem subsequentes tomadas de decisão efetivas, já que o risco envolvido na atividade/processo não havia sido identificado previamente, de maneira que pudesse ter sido estabelecida uma resposta rápida ao acidente, mitigando a gravidade dos danos gerados.

O risco, fator intrínseco às atividades de trabalho, pode ser entendido como função da probabilidade de ocorrência de um perigo e de sua possível gravidade, sendo o perigo definido como a fonte de potencial dano (GUERRA, 2008). Nesse contexto, a análise de risco aparece como fator imprescindível a ser considerado no escopo das organizações, já que o risco, por mais sério que seja, pode ser tratado de forma a gerar uma consequência positiva para a empresa, sendo transformado em vantagem competitiva.

Na ótica da legislação trabalhista brasileira, muitas vezes é percebida a exigência da realização da análise de risco nas empresas. As Normas Regulamentadoras (NRs), geradas em decorrência da emissão da Portaria 3.214, de 8 de junho de 1978, por exemplo, citam frequentemente a necessidade de execução de uma Análise Preliminar de Riscos (APR) por parte das organizações. A APR é uma das ferramentas utilizadas para se identificar a fonte e a relevância dos perigos, consistindo na análise prévia e qualitativa dos riscos associados a cada processo do sistema (RODRIGUES, 2015).

Dessa maneira, analisando-se o tema ainda da perspectiva de atendimento à legislação brasileira, existem algumas NRs específicas que atuam no âmbito da garantia da saúde e segurança do trabalhador através da exigência de que sejam apresentados, pelas empresas, programas voltados para essas finalidades, como por exemplo, o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) e o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais).

Uma questão em comum entre esses programas, e que em alguns casos aparece até mesmo como uma requisição, é que é de suma importância que seja trabalhada a antecipação dos riscos envolvidos nos processos. No entanto, é possível observar que quando essa antecipação é realizada, a execução se faz somente para o cumprimento da lei,

(14)

13 perdendo-se assim a oportunidade de se utilizar dessa exigência para fins de otimização na gestão de projetos.

Sendo assim, outra maneira de se trabalhar na antecipação de riscos seria por meio dos resultados da metodologia de Auditoria Baseada em Riscos (ABR), a qual visa avaliar até que ponto uma abordagem robusta de gestão de riscos é adotada e aplicada em toda a organização para reduzir riscos a um nível aceitável (CICCO, 2010)

Atualmente, algumas empresas de grande porte têm demonstrado uma tendência em se valer da participação em programas robustos de auditoria, como por exemplo, o programa Responsible Care (Atuação Responsável) para trabalhar nas questões relacionadas à análise de riscos, havendo até mesmo a possibilidade de se englobar a ABR nesse contexto. No entanto, empresas menores tendem a agir de maneira a cumprir as exigências de antecipação e análise de riscos apenas de maneira cartorial, perdendo oportunidades de sucesso a nível gerencial para o negócio.

Dessa maneira, o presente trabalho teve por intuito realizar um estudo sobre o estado da arte em relação à questão da antecipação e análise de riscos em projetos ou plantas funcionais, bem como as nuances de sua execução, atualmente de maneira “cartorial” ou gerencial clássica, trazendo à luz do conhecimento as vantagens de sua realização, principalmente por empresas de menor porte. Para tanto, ao final do trabalho, foram propostas maneiras de possibilitar que essas empresas menores possam realizar a antecipação e análise de riscos, utilizando ferramentas com nível de complexidade condizente com seus processos, mas ao mesmo tempo tão completos quanto são aquelas que atendem às empresas maiores.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Promover um estudo sobre o estado da arte no que diz respeito à antecipação e análise de riscos em projetos e plantas funcionais.

1.1.2 Objetivos Específicos

a) Realizar uma revisão bibliográfica sobre as exigências da legislação brasileira relativas à antecipação e análise de riscos.

(15)

b) Realizar uma revisão bibliográfica sobre as metodologias que podem ser utilizadas para realização da antecipação e análise de riscos;

c) Verificar como tem sido realizada a antecipação e análise de riscos atualmente nas empresas, comparando a realidade das empresas de grande e pequeno porte.

d) Propor uma metodologia que possibilite às empresas de pequeno porte realizar antecipação e análise de riscos em um nível de complexidade condizente com suas condições, mas eficaz em resultados.

(16)

15

2. Metodologia

O presente trabalho caracteriza-se como uma Pesquisa Bibliográfica, abordando o tema de maneira qualitativa através da busca pela compreensão profunda acerca do material já publicado sobre o assunto por meio da revisão da literatura. Essa revisão foi realizada com base em leitura de teses, dissertações, livros, artigos de periódicos científicos e informações atualizadas disponíveis em portais online. Todo esse material foi acessado através de bases de dados como, por exemplo, Sciensce Direct, Scielo e Scopus, além de mecanismos de busca como o Google Scholar (www.scholar.google.com)

Primeiramente, foi realizado um levantamento bibliográfico preliminar, para que então fosse executada sua leitura de maneira explanatória e objetiva, a fim de verificar se este material seria adequado ao tema escolhido. Após essa etapa, foi realizada uma leitura seletiva, com um nível de aprofundamento maior, para que o tema e os objetivos da pesquisa fossem delineados de maneira clara. A partir desse ponto, a leitura foi feita de maneira analítica, para que as informações fossem organizadas de maneira lógica, agregando ideias-chave para que, por fim, pudesse ser realizada uma leitura interpretativa.

3. Revisão Bibliográfica

3.1 Evolução Histórica

No período histórico anterior a Revolução Industrial, artesãos e trabalhadores autônomos eram gestores de seu ambiente de trabalho.

A relação entre homem e trabalho se deu, ao longo da história, das mais diversas formas. Nos primórdios, era através da caça e do cultivo que o homem trabalhava para sua subsistência. Na Antiguidade, o regime escravista tomava para si o poder de trabalho do homem, sem qualquer tipo de lei que pudesse defender as mínimas condições saudáveis durante as atividades realizadas pelos escravos. Após esse período, uma nova época para as relações de trabalho se inicia. É quando surge o feudalismo, apresentando um cenário trabalhista com a figura do servo, mas ainda sem muitas marcas de leis que pudessem garantir a segurança daqueles que trabalhavam para seus senhores em troca de suprimentos para sobrevivência. Mais tarde, com o surgimento das corporações de ofício, o trabalho passa a ser remunerado, embora ainda não se configurasse nenhuma forma de trabalho livre (MAROSTICA, 2017).

(17)

Por ser uma época em que a própria dinâmica do trabalho se encontrava em pleno desenvolvimento, não era atribuída a devida importância aos riscos associados às atividades, o que acarretava na ausência de técnicas baseadas na observação das causas de acidentes, para que estes pudessem ser evitados.

Então, é no século XV que a burguesia comercial rompe com o sistema feudal e financia a fundação dos Estados Modernos até que no século XVIII essa mesma burguesia financia o nascimento da Revolução Industrial.

É no contexto histórico da segunda fase da Revolução Industrial que surge o Direito do Trabalho, já que durante a primeira fase o que existia era uma formatação bem primitiva, com pactos caracterizados por relações abusivas e repressão aos movimentos trabalhistas. Foi a partir de 1850 que os direitos trabalhistas começaram a se intensificar e através de vários eventos se tornaram marcos históricos para o Direito do Trabalho. (VASCONCELLOS; OLIVEIRA, 2011)

3.2 Legislação Trabalhista Brasileira

No Brasil, o trabalho livre surge em 1888 com a abolição da escravatura. Mas, foi por volta do ano de 1891, aproximadamente vinte anos após a instalação da primeira fábrica da indústria têxtil no país, que surgiu um dos primeiros dispositivos legais relativos à proteção do trabalho. O Decreto 1.313/1891 foi considerado um marco da Inspeção do Trabalho no país. Em 1943, já na “Era Vargas”, foi promulgada a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), um Decreto de Lei o qual visa somente consolidar leis esparsas, ao contrário de um Código, que é caracterizado como um ordenamento sistematizado. (CAMISASSA, 2015)

As seções que norteiam a CLT são as que contemplam os direitos individuais, os direitos coletivos, o direito processual do trabalho e fiscalização do trabalho pelo Ministério Público. (MAROSTICA, 2017)

Mesmo em meio ao período de regime militar brasileiro, época de fortes restrições à liberdade de imprensa, foi no ano de 1968 que foram divulgadas estatísticas do número alarmante de acidentes do trabalho, o que forçou o governo da época a gerar medidas para que não sofresse sanções por parte de outros órgãos de grande importância nas relações politica e econômica. Foi então que surgiram as Normas Regulamentadoras como sendo uma das estratégias no rol da revisão dos marcos legais trabalhistas que tratavam da saúde no trabalho. O governo militar promulga então a Lei 6.514, de 22 de dezembro de 1977, modificando o capítulo V do Título II da CLT, texto que trata de tal regulamentação.

(18)

17 Pouco tempo depois, é emitida a Portaria 3.214, de 8 de junho de 1978, delineando melhor as Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho (NR). (VASCONCELLOS; OLIVEIRA, 2011).

Outro marco, ainda durante a década de 70, foi o surgimento da figura do engenheiro de segurança do trabalho dentro das empresas, devido a uma exigência das leis governamentais. Em sua configuração inicial, o engenheiro de segurança atuava mais como um fiscal, atuando apenas de maneira corretiva. No entanto, com o passar do tempo, o profissional integrou outras atribuições como, por exemplo, o planejamento e desenvolvimento da implantação de técnicas relativas ao gerenciamento e controle de riscos. Sua atuação deixa de ser apenas corretiva para também ser preventiva.(BITENCOURT; QUELHAS, [s.d.])

3.3 Exigências Regulatórias

Uma pesquisa da KPMG (2013) demonstrou através dos resultados de uma pesquisa global, como mostra a Figura 1, que a maior parte das empresas entrevistadas consideram a pressão regulatória e/ou mudanças no ambiente regulatório o fator de maior ameaça para as indústrias, ou seja, maior risco.

(19)

Figura 1 - Resultado de pesquisa global sobre fatores de risco para empresas.

Fonte: KPMG (2013).

Esses dados demonstram o quão impulsionada é a realização da análise de riscos nas organizações motivada pelas exigências regulatórias.

As constantes transformações no ambiente regulatório podem, a priori, ser encaradas como obstáculos desvantajosos ao negócio. No entanto, ao chamar a atenção da alta liderança, essas novas regulamentações tornam-se oportunidades de melhoria, uma vez que todos as outras companhias estão na mesma situação, mas poucas delas enxergam uma vantagem competitiva. (KPMG, 2013)

3.4 As Normas Regulamentadoras (NR)

As Normas Regulamentadoras (NRs) se configuram como orientações trabalhistas que determinam procedimentos obrigatórios relacionados à saúde e segurança do trabalhador. O conjunto é composto por 36 normas que as empresas, no Brasil, devem seguir para atuar na legalidade. Toda empresa que possui empregados sob o regime CLT deve seguir as normas regulamentadoras (CAMISASSA, 2015).

3.4.1 Normas Regulamentadoras e Análise de Riscos

Segundo Miranda (2017), em sua maioria, as Normas Regulamentadoras exigem que os empregadores efetuem a análise de riscos relacionados às atividades que possam comprometer a saúde e segurança do trabalhador. Em algumas das NRs é possível perceber que é imposto o uso de uma metodologia específica para tal finalidade, a Análise

(20)

19 Preliminar de Riscos (APR). Exemplos dessa citação são demonstrados de acordo com as NRs (BRASIL, 2015):

NR18-CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

8.37.7.4 As tarefas envolvendo soluções alternativas somente devem ser iniciadas com autorização especial, precedida de Análise Preliminar de Risco - APR e Permissão de Trabalho - PT, que contemplem os treinamentos, os procedimentos operacionais, os materiais, as ferramentas e outros dispositivos necessários à execução segura da tarefa.

NR20-SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO COM

INFLAMÁVEIS E COMBUSTÍVEIS

20.10.3 Nas instalações classe I, deve ser elaborada Análise Preliminar de Perigos/Riscos (APP/APR).

NR34-CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, REPARAÇÃO E DESMONTE NAVAL

34.2.1 Cabe ao empregador garantir a efetiva implementação das medidas de proteção estabelecidas nesta Norma, devendo:

d) providenciar a realização da Análise Preliminar de Risco - APR e, quando aplicável, a emissão da Permissão de Trabalho - PT;

No entanto, a execução da Análise Preliminar de Risco vai além de sua realização somente para atendimento à norma. Para entender essa importância, há de se compreender primeiro a ferramenta e discutir alguns conceitos.

3.5 A importância da gestão de projetos

Segundo o Guia PMBOK® 6ª edição (PMI, 2017), gerenciamento de projetos é “a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de cumprir os seus requisitos.”. É a gestão de projetos que permite que as organizações executem seus projetos de maneira mais eficaz e eficiente.

Para Oliveira & Guimarães (2016), diferente do que ocorria no passado, quando a conclusão de um projeto já era um significado de sucesso, hoje em dia as empresas exigem que cada vez mais fatores sejam atendidos dentro da complexidade do gerenciamento de projetos. Respeitar a data limite, os custos estimados e a qualidade prevista são apenas alguns desses fatores.

(21)

Nesse sentido, é crescente a busca das organizações por práticas que garantam o sucesso dos resultados de seus projetos. No entanto, nem sempre os profissionais envolvidos no gerenciamento de projetos utilizam as técnicas e ferramentas mais adequadas que os levam a alcançar os resultados esperados. A ocorrência de desvios, principalmente relacionados a prazos e custos, é o que geralmente culmina na falência de um projeto.(MELO; OLIVEIRA; SILVA, 2017)

Dessa forma, são desenvolvidas pesquisas e estudos que apontam para as empresas as melhores formas de se estruturar um projeto a fim de alcançar o resultado desejado. Exemplo disso, é a pesquisa anual realizada pelos voluntários do Project Management Institute Chapters, que através do PMSURVEY.ORG, disponibilizam os resultados de uma pesquisa anual sobre o cenário mundial de gerenciamento de projetos nas organizações, fornecendo às empresas uma visão geral sobre o nível de despendimento de seus esforços durante a gestão de projetos, e, o mais importante, possibilitando à elas que identifiquem pontos de falha e janelas de melhoria durante as etapas de execução.

A Figura 2 mostra o grau de utilização de metodologias de gerenciamento de projetos pelas empresas entrevistadas no Brasil em 2013. Nela, observa-se que apenas 3% das empresas não utilizam alguma metodologia.

Figura 2- Níveis de Utilização das Metodologias de Gerenciamento dos Projetos

Fonte: PMSURVEY.ORG 2013 Edition, p.61

Mesmo observando, de acordo com a Figura 4, que uma grande parcela das organizações entrevistadas (88,9%) responderam que a principal prática utilizada no gerenciamento de projetos é o cronograma, podemos notar ainda, a partir dos dados fornecidos pela Figura 3, que apenas essa prática não sustenta o sucesso para o

(22)

21 cumprimento de prazos de um projeto, como responderam 47% das empresas entrevistadas, relatando enfrentar problemas relacionados ao cumprimento dos prazos de execução pré-determinados.

Figura 3 -Frequência de problemas relacionados ao cumprimento dos prazos estabelecidos.

(23)

Figura 4 – Documentos e Práticas utilizadas nas Metodologias de Gerenciamento de Projetos.

FONTE: PMSURVEY.ORG 2013 Edition, p.63

Além dos atrasos nos prazos de entrega dos projetos, pode-se ainda observar no gráfico da Figura 5 o percentual significativo de empresas que estouraram em até 10% o orçamento planejado (33%). Já o percentual de empresas que ultrapassaram o orçamento em um valor maior que 10% do planejado foi de 24%.

(24)

23 Figura 5 - Percentual de desvio médio no orçamento dos projetos.

FONTE: PMSURVEY.ORG 2013 Edition, p.92

Em relação aos resultados de qualidade estabelecida no projeto, a maior parte das organizações pesquisadas (61%) disseram ter enfrentado poucos casos que apresentassem problemas nesse quesito, como mostra a Figura 6.

Figura 6 - Frequência de problemas relacionados ao cumprimento da qualidade estabelecida.

FONTE: PMSURVEY.ORG 2013 Edition, p.90

Apesar de os maiores problemas no gerenciamento de projetos apontados pela pesquisa realizada com as empresas serem relacionados ao cumprimento de prazos e ao atendimento ao orçamento planejado, podemos relacionar todos os outros fatores ao sucesso ou insucesso do resultado final de um projeto.

Por isso, o Guia PMBOK (PMI, 2017), por exemplo, trabalha em cima de um leque abrangente de áreas de conhecimento, sendo eles:

(25)

1) Integração do projeto; 2) Escopo do projeto; 3) Cronograma do projeto; 4) Custos do projeto; 5) Qualidade do projeto; 6) Recursos do projeto; 7) Comunicações do projeto; 8) Riscos do projeto; 9) Aquisições do projeto;

10) Partes interessadas do projeto.

É interessante observar ainda como algumas pesquisas na área de conhecimento estão sendo desenvolvidas. Uma das vertentes promove estudos relacionados ao gerenciamento de projetos em empresas sustentáveis. Segundo Barbieri (2010), não basta, para esse tipo de empresa, inovar constantemente, mas inovar considerando as três dimensões da sustentabilidade, sendo elas a dimensão social, ambiental e econômica. Nesse tipo de projeto, inovador e sustentável, o desafio de gerenciamento é ainda maior. Conforme Barbieri (2007), atender a demanda por novos produtos, seguindo as três dimensões da sustentabilidade, pode sim beneficiar o meio ambiente, mas os ganhos podem ser neutralizados ou até superados.

Existem ainda outros fatores que geram incertezas na administração dos negócios. Segundo a KPMG (2017), esses fatores podem ser representados pelo dinamismo das cadeias produtivas, pelas crises ambientais e pela metamorfose constante pela qual passam os sistemas financeiro e regulatório global. Todos estes, entre outros, podem determinar o grau de sucesso dos investimentos de uma companhia. O mercado se mostra cada vez mais volátil, complexo e imprevisível, exigindo que as organizações estejam atentas às mudanças de cenário e preparada para ter uma rápida resposta e, até mesmo alterar o curso de suas ações frente à desafios. E todo desafio envolve algum grau de risco que pode, simultaneamente, apresentar uma ameaça ou uma oportunidade de inovação aos negócios. É nesse contexto que o desenvolvimento de um gerenciamento de risco eficiente será o diferencial competitivo no gerenciamento do projeto de uma organização.

(26)

25

3.6 Gerenciamento de Riscos

O gerenciamento de riscos pode ser entendido como um processo sistemático que define, analisa e responde aos riscos do projeto, procurando elevar ao máximo a probabilidade de ocorrência e impacto de eventos considerado positivos, chamados também de oportunidades, e minimizar situações de eventos negativos, também denominadas como ameaças. (MARSSIÉRE BIRCHAL et al., 2007)

Antigamente, os riscos eram tratados independentemente através do que era chamado “risk management in silo”. Cada especialista, nos vários departamentos de uma organização, era responsável por identificar tais riscos.(BEASLEY; CLUNE; HERMANSON, 2005) Atualmente, com uma interrelação mais complexa entre os riscos, os executivos enfrentam a necessidade de mobilizar recursos para identificar a gama de riscos antes mesmo de efetuar sua avaliação (BEN-AMAR; BOUJENOUI; ZÉGHAL, 2014). Caldwell (2012), por exemplo, realiza uma distinção entre as diversas categorias de riscos: estratégico, operacional, financeiro, liderança, ambiental, não-conformidade, imprevisíveis, perda de reputação e externo, sendo possível que todas elas se relacionem.

3.6.1 O conceito de risco

Para entender-se melhor o cenário discutido, é relevante a conceituação da palavra risco. O risco, segundo Souza (1995) pode ter como significado o resultado inesperado de uma ação atrelado a probabilidade de que este ocorra.

Conforme Bastias1 (1977, apud SOUZA, 1995), o risco é entendido como uma ou mais condições de uma variável as quais são potenciais da degradação de um sistema, seja por meio da interrupção ou desvio de metas, em termos de produto, parcial ou totalmente, requerendo maiores esforços que aqueles programados em termos de pessoal, equipamentos, instalações, materiais, recursos, etc. Os riscos são capazes de apontar a probabilidade de perdas dentro de um determinado período de atividade, podendo ainda ser considerado como sendo a probabilidade de ocorrência de danos e/ou acidentes às pessoas ou até mesmo no que diz respeito a prejuízos financeiros.

São inúmeras as tentativas para se estabelecer uma definição para os termos chave relacionados ao campo da análise de riscos. Fato é que existe sempre um conjunto de ideias que quando agrupadas possuem sentido. No entanto, sozinhos, os termos tendem quase sempre a criar a possibilidade de múltiplas conceituações. Nesse sentido, se torna

1

BASTIAS, Hernán Henríquez. Introducción a la ingeniería de prevención de perdidas. São Paulo: Conselho Regional do Estado de São Paulo da Associação Brasileira para a Prevenção de Acidentes, 1977, 290 p.

(27)

interessante tomar por base uma definição que permita diferentes perspectivas sobre os conceitos fundamentais, fazendo a distinção entre definições mais generalistas e suas medidas associadas. Pode-se usar como exemplo a definição de probabilidade, a qual se torna pouco significativa se não for associada aos seus diversos aspectos (subjetiva, clássica,...). No entanto, uma definição geral como “a medida que representa ou expressa incerteza, variação ou crenças, seguindo as regras de cálculo de probabilidade”, faz-se extremamente pertinente.

Sendo assim, o Comitê de Fundamentos de Análise de Riscos estabelece um glossário que traz uma explanação didática para a terminologia do conceito de risco:

Consideramos o risco como uma atividade futura, interpretado em um vasto senso para também cobrir fenômenos naturais, como por exemplo um sistema de operações, e definimos risco em relação às consequências (efeitos e implicações) dessa atividade que diz respeito a algo que o ser humano valoriza. As consequências são frequentemente vistas em relação à alguns valores de referência (valores planejados, objetivos, etc), e o foco é frequentemente nas consequências negativas e indesejáveis. Existe sempre pelo menos um resultado que é negativo ou indesejável.

Definições gerais qualitativas:

a) Risco é a possibilidade de uma ocorrência infeliz;

b) Risco é o potencial para a realização de consequências indesejáveis e negativas de um evento;

c) Risco é a exposição a proposição, por exemplo de uma perda, da qual alguém está duvidoso;

d) Risco é a consequência da atividade e dúvidas associadas;

e) Risco é a incerteza e severidade sobre as consequências de uma atividade relativa a algo que o ser humano valoriza;

f) Risco é a ocorrência de alguma consequência específica de uma atividade e incertezas associadas;

g) Risco é o desvio de um valor referência e incertezas associadas. (AVEN et al., 2015, tradução nossa)

3.6.2 Gerenciamento de riscos em projetos

Conforme Caldwell (2012), não há dúvidas de que existe, hoje em dia, uma relação entre o crescimento de uma companhia ou uma de suas divisões, os riscos envolvidos e os resultados obtidos.

De acordo com os dados da pesquisa realizada pelo PMSURVEY.ORG, como mostra a Figura 7, a avaliação incorreta de riscos é listada como uma das fontes de ocorrência mais frequente de geração de problemas em grande parcela das empresas (44,5%).

(28)

27 Figura 7 – Problemas mais frequentes em projetos.

Fonte: PMSURVEY.ORG 2013 Edition, p.92

A gerência de riscos, segundo Marsiére Birchal et al. (2007), constitui-se da cultura, processos e procedimentos de uma organização ou indivíduo no trato das incertezas visando a minimização de ameaças e maximização das oportunidades quanto ao alcance de um objetivo estabelecido.

O Guia PMBOK® 6ª edição (2017) classifica as etapas de gerenciamento dos riscos do projeto em :

a) Planejamento e gerenciamento dos riscos; b) Identificação dos riscos;

c) Realização da análise qualitativa dos riscos; d) Realização da análise quantitativa dos riscos; e) Planejamento das respostas aos riscos; f) Implementação das respostas aos riscos; g) Monitoramento dos riscos

(29)

Figura 8 - Visão Geral do Gerenciamento dos riscos do projeto.

Fonte: PMBOK® (2017).

A KPMG demonstrou em um de seus estudos com mais de 1000 executivos da EIU (Economist Intelligence Unit) que poucas são as organizações que definem o apetite ao risco, bem como sua estrutura, compliance e auditoria (KPMG, 2013), reafirmando a necessidade de melhoria nas práticas de governança corporativa e gerenciamento de riscos.

(30)

29

3.6.3 O processo de avaliação de risco

Segundo a norma ISO 31010:2009, o processo de avaliação de riscos é o processo global de identificação de riscos, análise de riscos e avaliação de riscos, como mostra a Figura 9.

Figura 9 - Contribuição do processo de avaliação de riscos para o processo de gestão de riscos.

Fonte: Projeto 63:000.01-002 (ISO/IEC 31010)

3.6.3.1 Identificação de riscos

É caracterizada como o processo de encontrar, reconhecer e registrar os riscos. Assim que o risco é identificado, cabe à organização estabelecer o tipo de controle utilizado para tal. Esse processo inclui a identificação das causas e fontes do risco, eventos situações ou circunstâncias que podem ter um impacto material sobre os objetivos, bem como a natureza deste impacto. Entre os métodos de identificação utilizados, podemos citar aqueles que baseiam-se em evidências, como as listas de verificação e análises críticas de dados históricos; abordagens sistemáticas realizadas pelas equipes através de um conjunto estruturado de instruções e perguntas ou técnicas de raciocínio intuitivo, tais como o Hazop.(ABNT, 2011)

(31)

3.6.3.2 Análise de riscos

Ainda de acordo com a norma ABNT 31010/2009, a análise de riscos diz respeito ao entendimento do risco. É nessa etapa que será decidido se os riscos necessitam ser tratados e sobre as estratégias e métodos de tratamento mais adequadas.

A análise de riscos geralmente vai incluir uma estimativa de um rol de consequências potenciais de surgir a partir de um evento, bem como suas probabilidades associadas, obtendo-se assim a possibilidade de mensuramento do nível do risco. (ABNT, 2011)

3.6.3.3 Avaliação de riscos

O item de avaliação de riscos, dentro do processo como um todo, consiste em comparar os níveis estimados de risco com os critérios inicialmente definidos quando o contexto foi estabelecido. Essa comparação têm a finalidade de determinar o impacto do nível e tipo de risco.

A compreensão do risco, realizada durante a análise de riscos, é utilizada para a tomada de decisões sobre ações futuras. Essas decisões vão definir, por exemplo, se um risco necessita de tratamento, quais as prioridades para o tratamento, a viabilidade de realização de uma atividade e os caminhos a serem seguidos. (ABNT, 2011)

3.6.4 Análise de Riscos em pequenas e médias empresas

As pequenas, micro e médias empresas atuam no mesmo ambiente de negócios que

as grandes organizações. No entanto, não contam com os mesmos benefícios como, por exemplo, capital suficiente para investimentos e força de trabalho. (AGRAWAL, 2016)

Ainda segundo Agrawal (2016), diferente das grandes companhias, onde a tomada de decisão é baseada na objetividade e em uma análise pura, nas pequenas e médias empresas essa tomada de decisão é majoritariamente baseada na subjetividade e no julgamento dos proprietários que, na maioria das vezes, restringem as técnicas de gestão de risco à recusa e transferência do risco.

3.6.4.1 Pequenas e Médias Empresas

As Pequenas e Médias Empresas (PMEs) têm mostrado uma participação cada vez mais significativa na economia brasileira. Segundo dados do SEBRAE (2018), no Brasil existem 6,4 milhões de empresas. Desse total, 99% são micro e pequenas empresas que respondem por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado.

(32)

31 As micro e pequenas empresas podem ser classificadas de acordo com o número de empregados e com o faturamento bruto anual. A Tabela 1 mostra a definição de porte de estabelecimentos segundo o número de empregados.

Tabela 1-Definição de porte de estabelecimentos segundo o número de empregados

Fonte: SEBRAE (2013)

Segundo Passos (2008), as PMEs são aquelas que, geralmente, apresentam-se mais vulneráveis aos efeitos do ambiente. Isso acontece devido ao seu limitado volume de recursos financeiros e humanos, que faz com que elas levem mais tempo para se ajustarem às turbulências e tomarem ações preventivas ou ações de controle efetivo. Devido à essas e outras questões, o processo de gerenciamento de riscos nas PMEs se faz tão necessário e, ao mesmo tempo, complexo de ser implementado.

3.6.4.2 Gerenciamento de Riscos nas PMEs

Apesar de o gerenciamento de riscos se mostrar uma ferramenta essencial para o planejamento e tomada de decisões, Doi (2017) relata que ainda é raro encontrar PMEs que deem a devida importância ao tema. Ele entende que a implementação de um programa de riscos, por si só, é insuficiente. Sob uma nova perspectiva, sua abordagem deve ser realizada de uma maneira integrada e holística, alinhada às estratégias e às regras de governança empresariais.(BROMILEY et al., 2014) Ainda segundo Doi (2017), existem muitas pesquisas realizadas sobre o tema. No entanto, a maioria delas está voltada à aplicação à grandes corporações.

De acordo com Watt (2007, apud Doi, 2017, p.41) a gestão de riscos em pequenas e médias empresas normalmente é reflexo da forma como os donos agem perante as ameaças e oportunidades, o que não significa que os riscos não estão sendo administrados. No entanto, essa administração é realizada de uma maneira mais empírica e simplista.

Em seu estudo, Verbano & Venturini (2013) constataram a realização de um grande número de estudos recentes sobre gerenciamento de riscos em PMEs, nos quais o foco é

Porte Comércio e Serviços Indústria

Microempresa (ME) Até 9 empregados Até 19 empregados

Empresa de Pequeno Porte (EPP) De 10 a 49 empregados De 20 e 99 empregados

Empresa de Médio Porte De 50 a 99 empregados De 100 a 499 empregados

(33)

direcionado principalmente nos instrumentos de identificação e avaliação de riscos, existindo um gap no que diz respeito ao tratamento de riscos.

Por outro lado, Siregar (2014) identificou em seu estudo sobre gerenciamento de riscos em pequenas e médias empresas da Indonésia que estas possuem pouco conhecimento no que se trata a respeito de identificação dos riscos e práticas de gerenciamento de riscos. Neste mesmo estudo, o autor deixa claro ainda a necessidade que as PMEs têm de desenvolver diretrizes para a identificação de riscos, adaptando o gerenciamento de riscos para versões mais simplificadas, adequando-os às necessidades desse tipo organização.

Desse modo, faz-se pertinente um estudo sobre os tipos de ferramentas mais utilizadas hoje em dia no mercado, focando no módulo de antecipação e análise preliminar de riscos no gerenciamento de projetos, bem como sua aderência no que diz respeito ao atendimento das necessidades das PMEs. Adiante, serão expostos as principais ferramentas, assim como suas funcionalidades.

3.7 A Antecipação de Riscos

A antecipação de riscos é parte fundamental na etapa de projeto de uma unidade ou um novo processo. Ela consiste na análise de outros projetos para que sejam constatados novos riscos diferentes dos já existentes. Visa também descobrir a possibilidade de que essas modificações venham aumentar os riscos que já existem. A minimização dos riscos pode ser realizada, por exemplo, através da aplicação de novas tecnologias de máquinas, métodos de produção ou equipamentos. (FARIAS, 2016).

Tomando-se por base as ferramentas estudadas neste trabalho, é possível observar que elas tratam a antecipação de riscos como parte fundamental em seu escopo. Adiante serão descritos cada um desses processos para que, por fim, possa ser realizada uma correlação entre eles e demonstrada sua potencial aplicabilidade no contexto das pequenas e médias empresas, bem como suas respectivas vantagens e desvantagens.

3.8 Ferramentas Tradicionais para Avaliação e Análise de Riscos 3.8.1 Análise Preliminar de Riscos (APR)

Segundo Silva et al. (2012), a Análise Preliminar de Riscos (APR) é uma técnica militar adaptada da norma americana MIL-STD-882, de 1969. Em suas origens, o uso de tal técnica foi requerido como uma revisão a ser realizada em novos sistemas de mísseis

(34)

33 projetados para uso de combustíveis líquidos. A finalidade da análise era evitar o uso desnecessário de materiais, projetos e procedimentos de alto risco e, ainda, assegurar medidas preventivas.

Em sua essência, esse método é utilizado para uma análise inicial qualitativa do ambiente de trabalho. No entanto, também se mostra muito útil como uma ferramenta de revisão geral de segurança, evidenciando aspectos que poderiam passar despercebidos. (FARIA, 2011)

Como explica AMORIM (2010), os resultados coletados para a Análise Preliminar de Riscos devem ser registrados em uma planilha, conforme mostra o Quadro 1, para cada etapa do processo:

Quadro 1 - Planilha de APR

Fonte: Adaptada de Amorim, 2010

Para determinar-se a frequência dos riscos, utiliza-se a relação mostrada no Quadro 2, abaixo:

(35)

Quadro 2 - Classificação da frequência dos riscos

Fonte: Adaptado de Amorim (2010).

A classificação dos cenários de acidentes em categorias de severidade fornecem uma indicação qualitativa do grau de severidade das consequências para cada um dos cenários identificados, conforme mostra o Quadro 3, abaixo. (Amorim, 2010)

Quadro 3 - Categorias de severidade dos eventos

(36)

35 Por fim, combinando-se as categorias de frequência com as de severidade, é gerada a matriz de riscos que, conforme a Figura 10, fornece uma indicação qualitativa do nível de risco em cada cenário. O resultado dessa matriz permite a visualização dos cenários de acidente com maior impacto para segurança do processo e a Figura 11 traz a classificação qualitativa do risco, gerada pela combinação entre o grau de severidade e frequência atribuídos a ele. (AMORIM, 2010)

Figura 10 - Matriz de Classificação de Riscos Usada em APR.

(37)

Figura 11 - Classificação de Risco em APR.

Fonte: (AMORIM, 2010)

De acordo com Sella (2014), a APR se trata de uma análise onde eventos indesejáveis podem ser identificados, bem como suas causas, consequências e métodos para sua detecção. A análise engloba tanto riscos existentes para pessoas, quanto para o meio ambiente e o patrimônio, por exemplo. A APR visa reduzir riscos e gastos expressivos além do planejado.

A APR visa analisar todos os possíveis eventos perigosos da unidade, incluindo falhas intrínsecas de equipamentos, instrumentos e materiais e, até mesmo, erros humanos.

Sendo assim, um dos grandes atrativos da metodologia APR é que ela se encaixa muito bem na fase de concepção de projetos, principalmente aqueles de inovação tecnológica, já que não possuem maiores informações sobre os riscos envolvidos.

3.8.2 HAZOP – Hazard and Operability Studies

Segundo Aguiar (s.d.), como o próprio nome já diz, a metodologia Hazop visa identificar os problemas de operabilidade de uma unidade de processo, através de uma revisão metódica do projeto da instalação. É realizado através de um procedimento que gera perguntas estruturadas e sistêmicas através do uso apropriado de um conjunto de palavras-guia aplicadas a pontos críticos do sistema em questão.

A autora ainda explicita que uma vez expostas as condições normais de operação, a metodologia Hazop investiga minuciosamente cada segmento do processo a fim de descobrir possíveis desvios, identificando as causas destes, bem como suas consequências. Após essa etapa primordial, são propostas medidas para eliminar ou controlar o perigo.

(38)

37 Essa técnica também pode ser utilizada na fase de projeto de novos sistemas/unidades de processo, mas somente quando já se dispõe dos fluxogramas de engenharia e de processo da instalação. Pode ainda ser utilizada durante modificação ou ampliação de um sistema/unidade de processo que já se encontra em fase de operação. (AGUIAR, [s.d.])

Os Quadros 4 e 5 apresentam palavras-guias e desvios de parâmetros do processo, respectivamente:

Quadro 4 - Palavras-guia

Fonte: Adaptado de Crowl e Louvar (2001)

Palavras guias Significado

Nenhum (Não) Negação da intenção do projeto

Mais (Maior) Aumento quantitativo de uma propriedade física ou química Menos (Menor) Diminuição quantitativa de uma propriedade física ou química

Tanto quanto Aumento qualitativo (mais coisa do que deveria haver) Parte de Diminuição qualitativa (composição diferente do que deveria ser)

Reverso Oposto lógico da intenção do projeto

Em vez de Substituição completa

Antes de (mais cedo do que) Muito adiantado ou em ordem errada de acontecimento Depois de (mais tarde do que) Muito atrasado ou em ordem errada de acontecimento

(39)

Quadro 5 - Parâmetros de processo combinados com palavras-guia.

Fonte: Adaptado de Crowl e Louvar (2001)

No Quadro 6 é mostrado um exemplo de planilha de análise Hazop.

Quadro 6 - Exemplo de modelo de planilha Hazop HAZOP Sistema:

Parâmetro: Nó:

Palavra-guia Desvio Causas Detecção Consequências Providências Responsável

Fonte: Adaptado de (OLIVEIRA et al., 2011)

Parâmetro Palavra guia Fluxo ou vazão Não

Maior Menor Tanto quanto Parte de Reverso Em vez de Não Menor Parte de Tanto quanto Reverso Em vez de Menor Maior Menor Maior Menor Maior Menor Maior Não Menor Maior Tanto quanto

Reverso Reação reversa Tempo Pressão Temperatura Nível Viscosidade Reação

Viscosidade mais baixa Viscosidade mais alta

Nenhuma reação Reação incompleta Reação descontrolada

Reação secundária Pressão mais baixa Pressão mais alta Temperatura mais baixa

Temperatura mais alta Pressão mais baixa

Nível mais alto Faltou ação Demorado ou atrasado

Passo para trás Ação extra Volta à ação anterior

Tempo errado Desvio Sem fluxo Mais fluxo Menos fluxo Concentração maior Concentração errada Fluxo reverso Fluxo errado

(40)

39

3.8.3 FMEA – Análise de Modo de Falha e seus Efeitos

De acordo com o IQA (2008), a ferramenta FMEA pode ser definida como sendo uma metodologia analítica a qual é capaz de considerar problemas ou falhas potenciais ao longo do desenvolvimento de um produto ou processo. Ela é considerada uma técnica a ser trabalhada em longo prazo, podendo ser otimizada, analisada e, se possível, modificada continuamente.

É interessante notar a análise realizada por Zambrano & Martins (2007) sobre o uso do método FMEA em empresas de pequeno porte no Brasil para fins de avaliação de risco ambiental de processos produtivos. Levando-se em consideração que, geralmente estes empresários não possuem recursos financeiros para atender aos padrões da NBR ISO 14.001, por exemplo, o FMEA surge como um método de fácil utilização e capaz de dar suporte na definição de ações para mitigação de riscos ambientais.

A seguir, o Quadro 7 mostra o exemplo de uma planilha FMEA.

Quadro 7 - Exemplo de formulário para aplicação FMEA.

Fonte: (TOLEDO; AMARAL, 2006)

De acordo com Toledo (2006), durante a fase de avaliação dos riscos, utilizando-se a metodologia FMEA, são definidos os níveis de severidade (S), ocorrência (O) e detecção (D) para cada causa de falha, sempre em consonância com os critérios previamente definidos. Após isso, são calculados os coeficientes de prioridade de risco ®, multiplicando-se os outros três itens.

3.9 Proposta de Planilha Híbrida

Observando-se a finalidade primeira de cada ferramenta de maneira isolada, é possível a estruturação de uma proposta de planilha híbrida que atenda não somente a uma, mas ao conjunto das necessidades que cada uma pode suprir no que diz respeito à antecipação e análise de riscos.

S O D R

S-Severidade O-Ocorrência D-Detecção R-Riscos

Análise do Tipo e Efeito de Falha

Cod_pec: Nome da Peça: Data: Folha N. _______de_______ FMEA de Processo FMEA de Processo Controles Atuais Causa da Falha em Potencial Efei to de Falha Potenci al Ti po de Fal ha Potencial Função(ões) do produto Descrição do Produto/ Processo Indices Indices Atuai s Ações de Melhoria Medi das Impl antadas Responsável/ Prazo Ações Recomendadas R D O S

(41)

No Quadro 8, abaixo, é realizado um sumário do escopo de cada uma das ferramentas, baseado nas explicações de Amorim (s.d.), para que possa ser entendido de maneira clara a proposta da integração das ferramentas a fim de atender de uma maneira simples, mas completa, as pequenas e médias empresas, que são o público-alvo ao qual se sugere o uso dessa nova ferramenta.

Quadro 8 - Sumário do escopo das ferramentas estudadas.

Fonte: o autor (2019)

Com base no sumário exposto no quadro acima, é possível realizar uma análise comparativa que permite verificar a complementariedade entre as ferramentas. A ferramenta APR, por exemplo, apresenta um escopo simples e direto, de antecipação e avaliação de riscos, o que não deixa de ocorrer nas outras duas ferramentas, mas somente é tratado de uma maneira mais prática no uso da ferramenta APR. As ferramentas Hazop e FMEA são, respectivamente, focadas nas falhas relacionadas a operabilidade, cobrindo toda variação de parâmetro impactante no processo, e de equipamentos. Por isso, essas duas ferramentas são aqui consideradas complementares se integradas em uma só ferramenta, já que do ponto de vista de avaliação e antecipação de riscos, quanto mais abrangente a ferramenta, melhor.

Dessa maneira, será aqui proposta uma planilha híbrida que engloba a prática das três ferramentas. Para tanto, foram considerados aspectos em comum que poderiam ser

APR Hazop FMEA

Escopo

Antecipaçao de prerigos. Problemas de operabilidade. Falha de componentes.

Âmbito de Aplicação

Fase inicial de concepção e desenvolvimento das plantas de processo.

Fase de projeto

razoavelmente consolidado. Novas plantas,quando o projeto já está estável e documentado. Remodelamento de plantas. Etapa de projeto, construção e operação. Vantagens Identificação com antecedência e

conscientização dos perigos em potencial.

Revisão sistemática e completa.

Avaliação das consequências dos erros operacionais. Prognóstico de eventos. Melhoria da eficiência da planta.

Melhor compreensão dos engenheiros e operadores com relação a operação da planta.

Revisão sistemática dos modos de falha de componentes e determinação de suas consequências. Fácil aplicação. Sumário do escopo das ferramentas estudadas

(42)

41 mesclados e representados por uma só coluna na planilha, atendendo ao escopo das três ferramentas.

Para aqueles parâmetros interessantes para avaliação, mas que não são comuns a todas as ferramentas, estes foram mantidos, sempre em consonância com a proposta da ferramenta híbrida, que é a de integrar e sincronizar APR, Hazop e FMEA, sem que os elementos de um descaracterize elementos essenciais dos outros mas que, ao contrário, sejam complementares.

Vale, mais uma vez, aqui ressaltar que o intuito dessa proposta é aproveitar e trabalhar com o objetivo primordial de cada ferramenta e não trazer suas complexidades à tona.

A correspondência entre os elementos de cada ferramenta foi realizada e é demonstrada no Quadro 9, abaixo:

Quadro 9 -Quadro de correspondência entre variáveis dos métodos analisado.

Fonte: o autor (2019)

Abaixo, no Quadro 10, é exposta a proposta da planilha híbrida elaborada.

Quadro 10 - Proposta de Planilha Híbrida para Análise de Risco

Fonte: o autor (2019)

Método APR Hazop FMEA

Etapa do processo Nó Descrição do produto

- Parâmetro

-- Palavra-guia Função do produto

Perigo Desvio Tipo de falha

Causa Causa Causa

Efeito Consequência

-Medidas de controle Detecção Controles atuais

Avaliação de risco - Índices

Gerenciamentos necessários Providências Ações de melhoria

- Responsável

-- - Índices atuais

Correspondência entre variáveis dos métodos analisados

Variável analisada

S O R S O R

Área de Acompanhamento (Avaliação de risco)

Proposta de Planilha Híbrida

Etapa do Processo Parâmetro/

Peça (função) Palavra-guia Desvio Causa Efeito

Medidas de Controle atuais

Avaliação de

(43)

Para utilização da ferramenta proposta, foram adaptadas as relações de categoria de severidade e de frequência expostas, respectivamente, nos Quadros 11 e 12. Para realizar a classificação do risco, serão consideradas as relações anteriormente apresentadas nas Figuras 10 e 11 neste trabalho.

Quadro 11 - Categorias de Severidade dos Eventos

Fonte: Adaptado de Amorim (s.d.)

Categoria Denominação

I Desprezível

II Marginal

III Crítica

IV Catastrófica

Danos irreparáveis ao processo, aos equipamentos, à propriedade ou ao meio ambiente (reparação lenta ou impossível);

Provoca mortes ou lesões graves em várias pessoas (empregados, prestadores de serviços ou em membros da comunidade).

Sem danos ou com danos insignificantes para o processo, equipamentos, propriedade ou meio ambiente.

Não ocorrem lesões/morte de funcionários, terceiros (não funcionários) e/ou pessoas (indústrias e comunidade); o máximo que pode ocorrer são casos de primeiros socorros ou tratamento médico menor.

Categorias de Severidade dos eventos

Descrição

Danos leves ao processo, aos equipamentos, à propriedade ou ao meio ambiente (os danos materiais são controláveis ou de baixo custo de reparo);

Lesões leves em empregados, prestadores de serviços ou em membros da comunidade.

Danos severos ao processo, aos equipamentos, à propriedade ou ao meio ambiente. Lesões de gravidade moderada em empregados, prestadores de serviço ou em membros da comunidade (probabilidade remota de morte);

(44)

43 Quadro 12 - Categoria de Frequências para Planilha Híbrida

Fonte: Adaptado de Amorim (s.d.)

Abaixo, é apresentada no Quadro 13, a planilha híbrida preenchida com alguns exemplos analisados em um processo de extrusão de filmes plásticos.

Categoria Denominação Descrição

A Extremamente remota

Extremamente improvável de ocorrer

durante o processo.

B Remota Não deve ocorrer

durante o processo.

C Improvável

Pouco provável que ocorra durante o

processo.

D Provável

Esperado ocorrer até uma vez durante o

processo.

E Frequente

Esperado ocorrer várias vezes durante o

processo. Categoria de Frequências para Planilha Híbrida

(45)

Quadro 13 - Proposta de Planilha Híbrida com exemplos práticos de um processo de extrusão de filmes plásticos.

Fonte: o autor (2019) S O R S O R Não transporta/ plastifica/ mistura/ homogeneiza Desgaste natural devido ao atrito com material. Baixa produtividade e problemas no filme formado./ Cisalhamento insuficiente II D 3 Temperatura mais alta Aumento do cisalhamento (atrito elevado) ou resistências com defeito. Material degradado, gerando problemas no filme; aumento da fluidez, prejudicando o cisalhamento; impacto nas propriedades mecânicas do produto. III E 5 Não filtra a massa polimérica. Tela encaixada na posição incorreta, devido à desatenão do operador. Saída do material pelo lugar errado, o que gera perdas e o processo não flui

II D 3 Pressão mais alta. Tela entupida devido à falta de troca no período estipulado ou excesso de material retido na tela Aumento de pressão e aumento de temperatura, o que gera problemas no filme formado (faixa por exemplo) e no equipamento; furos de balão. III C 3 Dosagem mais alta. Desatenção do operador ao definir os parâmetros de dosagem do equipamento Mistura com composição incorreta. Impactos no processo e produto final. III E 5 Não succiona material para reservatório. Problemas na bomba por falta

de manutenção periódica. Dificuldade de succionar a MP, podendo causar a falta de material no dosador. III D 4

Traçar um método que monitore melhor a

periodicidade de manutenção através de

uma análise preditiva.

Estabelecer um programa da qualidade

que realize inspeções periodicas que verifiquem se a frequência de troca de

telas está sendo seguida. Extrusão Temperatura Maior

Atenção a manutenção das peças do redutor e das trocas de tela, e nas variáveis da

produção (temperatura em

cada zona)

Troca-Tela Pressão Maior

Conscientização do operador para realizar a troca do conjunto com atenção. Estudar, de maneira analítica, quais os fatores que influenciam

a ocorrência de erros durante a troca de telas

e trabalhar na geração de um procedimento de troca de telas a ser seguido rigorosamente

pelos operadores.

Desenvolver projeto de automatização do processo que direcione até mesmo o set up do equipamento à uma sala

de controle. Geração de um rígido programa da qualidade que acompanhe a execução das manutenções periódicas

e proponha ações para as causas de falhas. Realização de manutenção periódica./ Acompanhamento dos parâmetros de produção quanto à queda de produtividade. Efetuar as trocas com frequência estipulada corretamente e atenção aos parâmetros de produtividade Conscientização do operador para se atentar às instruções propostas na OP. Acompanhamento e execução das manutenções periódicas. Proposta de Planilha Híbrida

Avaliação de risco Acompanhame nto (Avaliação de risco) Etapa do

Processo Ações de Melhoria

Extrusão Troca-Tela Dosagem Dosagem Não Não Maior Não Medidas de Controle atuais Efeito Causa Desvio Palavra-guia Parâmetro/ Peça (função) Rosca (transporte/ plastificação /mistura/ homogeneização) Tela (filtragem da massa polimérica) Dosagem Bomba de sucção (succionar a matéria-prima para outro reservatório)

Ação sobre causas que podem estar acelerando o desgate natural da

(46)

45 No exemplo acima, é possível observar a aplicabilidade da ferramenta a um processo de extrusão de filmes plásticos, representando sua possível aplicação em outros processos tanto da indústria química, tão complexos quanto o demostrado no exemplo acima, quanto de outros setores da indústria.

Para o preenchimento dos campos de palavras-guia, sugere-se tomar por base a relação de palavras-guia descrita aqui, mas adaptada à necessidade específica do processo analisado. Ademais disso, a priori, não seriam necessárias maiores adaptações que fujam da proposta exposta neste trabalho. No entanto, essa hipótese somente será verdadeira mediante validação experimental in loco da ferramenta proposta, tema este para um próximo trabalho.

4. Conclusão

O presente trabalho se mostrou importante por trazer um esclarecimento do cenário atual no que diz respeito à abordagem do tema de avaliação e análise preliminar de riscos, propondo, ainda, uma ferramenta alternativa para sua execução nas PME’s. Em suma, é possível dizer que o presente trabalho realizou:

A revisão bibliográfica sobre as exigências da legislação brasileira relativas à antecipação e análise de riscos;

A revisão bibliográfica sobre as metodologias que podem ser utilizadas para realização da antecipação e análise de riscos;

A verificação sobre a dinâmica da realização da antecipação e análise de riscos atualmente nas empresas, trazendo à tona a comparação entre a realidade das empresas de grande, médio e pequeno porte;

Proposição de uma metodologia que possibilite às empresas de médio e pequeno porte realizar antecipação e análise preliminar de riscos em um nível de complexidade condizente com suas condições, mas ainda muito eficaz em resultados.

A proposta de planilha híbrida, criada neste trabalho, é pertinente de validação de sua aplicabilidade em próximos trabalhos.

(47)

Referências Bibliográficas

ABNT. ABNT/CEE-63 PROJETO ISO/IEC 31010:2009. Disponível em: <https://iso31000.net/norma-iso-iec-31010/>. Acesso em: 20 jan. 2019.

AGRAWAL, R. ‘ ENTERPRISE RISK MANAGEMENT ’ ESSENTIAL FOR SURVIVAL AND SUSTAINABLE DEVELOPMENT OF MICRO , SMALL AND

MEDIUM ENTERPRISES. [s.l: s.n.].

AGUIAR, L. A. DE. METODOLOGIAS DE ANÁLISE DE RISCOSRio de Janeiro, [s.d.]. Disponível em:

<http://files.visaosegura.webnode.com/200000056-584dc5947a/APP_e_HAZOP.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2018

AMORIM, E. L. C. DE. Ferramentas de Análise de Risco. Apostila do curso de

Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Alagoas.AlagoasCTEC, , 2010.

AVEN, T. et al. Society for Risk Analysis Glossary. [s.l: s.n.]. Disponível em:

<http://www.sra.org/sites/default/files/pdf/SRA_glossary_20150622.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2018.

BARBIERI, J. C. Organizações inovadoras sustentáveis: uma reflexão sobre o futuro das organizações. São Paulo: Editora Atlas, v. 1a ed, 2007.

BARBIERI, J. C. et al. Inovação e sustentabilidade: novos modelos e proposições. Revista

de Administração de Empresas, v. 50, n. 2, p. 146–154, 2010.

BEASLEY, M. S.; CLUNE, R.; HERMANSON, D. R. Enterprise risk management: An empirical analysis of factors associated with the extent of implementation. Journal of

Accounting and Public Policy, p. 521–531, 2005.

BEN-AMAR, W.; BOUJENOUI, A.; ZÉGHAL, D. The Relationship between Corporate Strategy and Enterprise Risk Management: Evidence from Canada. Journal of

Management and Strategy, v. 5, n. 1, 2014.

BITENCOURT, C. L.; QUELHAS, O. L. G. HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DOS

CONCEITOS DE SEGURANÇA. [s.l: s.n.]. Disponível em:

<http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep1998_art369.pdf>. Acesso em: 8 ago. 2018. BRASIL. NORMAS REGULAMENTADORAS. v. 1, n. 1, 2015.

BROMILEY, P. et al. Enterprise Risk Management : Review , Critique , and Research Directions. Long Range Planning, p. 1–12, 2014.

CALDWELL, J. E. A Framework for Board Oversight of Enterprise RiskRisk

Oversight and Governance-Chatered Professional Accountants of Canada, 2012.

CAMISASSA, M. Q. Segurança e Saúde no Trabalho: NRs 1 a 36 Comentadas e

DescomplicadasSão PauloEditora Método, , 2015. Disponível em:

<http://www.norminha.net.br/Normas/Arquivos/NR-1-36Comentadaedescomplicada.pdf.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2018

CICCO, F. DE. Por que sua organização deve implementar a ABR - Auditoria Baseada em Riscos. n. 11, 2010.

DE OLIVEIRA, J. P. N.; GUIMARÃES, J. A. C. BOAS PRÁTICAS EM

GERENCIAMENTO DE PROJETOS : UM ESTUDO DE CASO USANDO CORRENTE CRÍTICA COM GERENCIAMENTO DO VALOR AGREGADO. Revista Eletrônica

Referências

Documentos relacionados

Na busca por esse objetivo, iremos contextualizar o cenário legal e institucional que insere a política de formação continuada na agenda das políticas

A Escola W conta com uma equipe gestora composta por um diretor, dois vices-diretores e quatro coordenadores. Essa equipe demonstrou apoio e abertura para a

Esta organização da gestão empreendida na EMBN faz parte da organização cultural que a equipe gestora utiliza no gerenciamento cotidiano da escola em estudo. É

Não obstante a reconhecida necessidade desses serviços, tem-se observado graves falhas na gestão dos contratos de fornecimento de mão de obra terceirizada, bem

Para Oliveira (2013), a experiência das universidades a partir da criação do Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras – PAIUB e mais

Na experiência em análise, os professores não tiveram formação para tal mudança e foram experimentando e construindo, a seu modo, uma escola de tempo

Dessa forma, diante das questões apontadas no segundo capítulo, com os entraves enfrentados pela Gerência de Pós-compra da UFJF, como a falta de aplicação de

Janaína Oliveira, que esteve presente em Ouagadougou nas últimas três edições do FESPACO (2011, 2013, 2015) e participou de todos os fóruns de debate promovidos