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CONCORDÂNCIA VERBAL E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: UM ESTUDO NA FALA DE MORADORES DA CIDADE DE UBERABA- MG

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CONCORDÂNCIA VERBAL E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: UM

ESTUDO NA FALA DE MORADORES DA CIDADE DE

UBERABA-MG

Bruna Loria Garcia (UFTM)1 brunaloria@gmail.com Juliana Bertucci Barbosa (UFTM)2

julianabertucci@gmail.com

RESUMO: O Português Brasileiro (doravante PB), como toda e qualquer língua natural, possui

fenômenos em constante variação linguística. Entre esses fenômenos, no PB, podemos destacar a concordância verbal. A variação no processo de concordância verbal é caracterizada pela presença da marca de plural (Os menino comem) e ausência (os meninos come), ou seja, existem duas formas de se expressar uma mesma ideia (pluralidade) sem trocas ou confusões semânticas. A escolha de usar tanto uma quanto outra variante (presença ou ausência de concordância) se dá de acordo com alguns fatores que sistematizam esse tipo de variação. Desta forma, seguindo os preceitos da Sociolinguística Variacionista, este artigo objetiva descrever e analisar o uso da concordância verbal na fala da variedade do português mineiro da cidade de Uberaba, contribuindo, por conseguinte, no panorama geral de descrição do português brasileiro.

PALAVRAS-CHAVE: Variação Linguística; Concordância Verbal; Sujeito; Verbo.

RESÚMEN: El Portugués Brasileño (en adelante PB), como en toda y cualquier lengua natural, posee

fenómenos en constante variación lingüística. Entre estos fenómenos, en el PB, es posible destacar la concordancia verbal. La variación en el proceso de concordancia verbal es caracterizada por la presencia de la marca de plural (los niños comen) y por la ausencia (los niños come), o sea, existen dos formas de expresar una misma idea (la pluralidad) sin trocas o confusiones semánticas. La elección de utilizar tanto una cuanto la otra variable (presencia o la ausencia de la concordancia) se hace de acuerdo con algunos factores que sistematizan a ese tipo de variación. De esta manera, siguiendo los preceptos de la Sociolingüística Variacionista, este artículo objetiva describir y analizar el uso de la concordancia verbal en el habla de la variedad del portugués “mineiro” de la ciudad de Uberaba, contribuyendo, así, en el panorama general de la descripción del portugués brasileño.

PALABRAS-CLAVE: Variación Lingüística; Concordancia Verbal; Sujeto; Verbo.

1

Mestranda em Linguística e Língua Portuguesa pela UNESP/Araraquara, Graduada no curso de Licenciatura em Letras – Português e Espanhol pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), bolsista CAPES. brunaloria@gmail.com

2

Professora Doutora de Língua Portuguesa e Linguística no curso de Letras da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS) da UFTM. julianabertucci@ielachs.uftm.br

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1.Introdução

A Sociolinguística, área que guia este estudo, nada mais é, de acordo com Labov (1976), que a própria Linguística, pois, para este autor, é impossível pensar a língua isolada da sociedade: Uma língua só existe se houver quem a utilize. No entanto, a Sociolinguística se consolidou assim nomeada para indicar uma área da linguística que estuda a língua efetivamente em uso pelas comunidades linguísticas, unindo aspectos sociais e linguísticos. Assim, a língua, seja ela qual for, é sempre heterogênea e nunca está acabada, pronta, como um objeto que pode ser usado por um falante e guardado sem alterações; pelo contrário: as línguas são vivas, mudam, variam e sofrem influências da sociedade a todo momento.

A variação linguística é temática recorrente nos estudos dessa área e assegura que há alternância entre diferentes formas linguísticas disponíveis aos falantes, sem que as referidas formas possuam diferenciações semânticas entre si. As formas variantes são usadas pelos falantes de acordo com fatores sociais e linguísticos, sendo estes fatores as causas dos empregos que um falante faz de determinada variável, o que comprova que a variação é ordenada, sistêmica e tem regularidade, constituindo-se como objeto linguístico de descrição e análise, não um princípio caótico, como pregam os gramatiqueiros.

Essas diferentes alternativas que expressam um mesmo significado são chamadas de variantes, enquanto que o fenômeno de alternar as variantes é chamado de variável. As variáveis de uma língua podem estar estáveis ou em processo de mudança. Neste último, há duas possibilidades de transformação em uma das variantes: ou ela desaparece completamente do uso dos falantes ou seu sentido muda (abrangendo ou restringindo significados), fazendo com que a outra variante dessa variável seja sempre empregada para designar o que significava antes.

Na variação linguística em estado estável, a eleição por usar tanto uma quanto outra variante é, muitas vezes, inconsciente e ocorre de acordo com alguns fatores que

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sistematizam esse tipo de variação. Esses fatores que influenciam ou determinam a variante de uma variável linguística são considerados forças que agem em uma variável; sobre elas, Guy (1981, p. 32-33 apud BORTONI-RICARDO, 2011, p171) diz:

Há dois tipos de forças coercitivas sobre a regra variável: as linguísticas e sociais. As primeiras ocupam-se do item linguístico sob estudo; as últimas, do falante. Os fatores linguísticos resultam da relação entre o item estudado e outros itens linguísticos que operam em níveis variados do sistema gramatical. Os sociais estão relacionados tanto à estrutura social da comunidade de fala quanto aos processos sociais (GUY, 1981, p. 32-33 apud BORTONI-RICARDO, 2011, p171)

Não é, no entanto, o objetivo deste estudo se ocupar de fenômenos em mudança; objetiva-se, aqui, investigar um fenômeno ainda considerado em variação estável: a marcação da concordância verbal (CV) da fala de moradores da cidade Uberaba. Dessa forma, este trabalho pretende responder o seguinte questionamento: como se dá a marcação de plural na CV da fala urbana de Uberaba, MG?

2.Concordância verbal

A concordância verbal é um fenômeno linguístico morfossintático descrito pelos linguistas como a propriedade do verbo de concordar em número com o sujeito da oração, ou seja, num caso em que há a presença de concordância de verbo na oração, o sintagma verbal está concordante ao número do sintagma nominal de um enunciado, como podemos exemplificar a partir dos seguintes enunciados:

(01) Os meninos comeram muito.

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Em (01) o verbo comeram encontra-se no plural, concordante ao sujeito da oração: os meninos. O mesmo acontece em (02) em que o verbo foram concorda em número com o sujeito elas. Dessa forma, os sintagmas verbais das orações têm a presença da marcação da concordância verbal, consoante ao número dos sintagmas nominais das orações em questão.

Isso ocorre na sintaxe, pois sujeito e verbo são elementos sintáticos que mantém algum tipo de relação em um sintagma. É também fenômeno que depende da morfologia, pois a concordância verbal de número é exposta nos verbos através das desinências verbais, temas estudados na estrutura morfológica da língua.

No entanto, no dia-a-dia, é possível perceber que a concordância verbal nem sempre é realizada e que a não-marcação deste tipo de concordância não faz com que o sentido da oração fique incompleta. Não há faltas quanto à semântica dos enunciados que não concordam o verbo e o sujeito, como podemos entender a partir dos seguintes exemplos:

(03) Os meninos comeram muito.

(04) Os meninos comeuØ muito.

Em (03) há a presença da concordância verbal, como já foi observado anteriormente. Todavia, em (04) o verbo comeu não possui marcas de plural e, portanto, não concorda com o sintagma normal os meninos. Apesar de serem dois enunciados distintos, o sentido de (03) e o presente em (04) é o mesmo e pode ser entendido por todo e qualquer falante do português brasileiro – seja ele mineiro, ou não: os meninos são sujeitos agentes da atividade de comer e fizeram-no em grande quantidade, comendo juntos, em grupo, ou individualmente. Nenhum falante do Português Brasileiro (PB) poderia encontrar outro(s) sentido(s) para essas orações, o que comprova que a concordância verbal é um elemento não-obrigatório para a

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Assim sendo, de acordo com a perspectiva sociolinguística, pode haver a concorrência de duas regras para um mesmo fenômeno, sendo assim possível utilizar de duas maneiras uma mesma ocorrência, o que torna esse fenômeno como uma variável linguística. É o caso da concordância verbal, em que, de acordo com o contexto linguístico ou social podemos utilizar preferencialmente uma variante ou outra. Quando os sujeitos estiverem em situação que exige maior formalidade, é necessário o emprego da concordância do verbo com o sujeito. No entanto, quando estiverem em situação mais informal, o uso da concordância verbal não é obrigatório, pois não há mudanças semânticas no enunciado, como pudemos perceber com os exemplos dados.

Marcar ou não o plural nos verbos depois de sujeitos de primeira ou terceira pessoa do plural é um ato, portanto, de posicionamento social em que quem concorda sujeito e verbo se coloca em posição de prestígio e quem não o faz acaba por ser estigmatizado e, muitas vezes, por sofrer preconceito linguístico.

A partir desses apontamentos, percebemos a relevância do presente trabalho, que pretende verificar o uso real do fenômeno da concordância verbal do Português Mineiro na fala de cidadãos da cidade de Uberaba, uma vez que há a necessidade de registrar e analisar a língua portuguesa brasileira em todo o território nacional, formando assim, um quadro geral da língua que falamos.

2.1 Estudos (sócio)linguísticos versus gramáticas normativas

A linguística e as gramáticas normativas trabalham com o mesmo objeto de estudo: a língua. Entretanto, suas abordagens, motivações e objetivos são completamente diferentes. Enquanto estas prescrevem regras, traçam normas e tentam formalizar a língua, tornando-a um objeto perfeito e sem desvios, aquela é ciência que sistematiza e explica a língua que está efetivamente em uso e que sofre interferências

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sociais, ou seja, está viva. De acordo com Martinet (1972, p.3 apud CAMACHO 2013, p. 39):

No caso da linguística, importa especialmente insistir no caráter científico e não prescritivo do estudo: como o objetivo dessa ciência constitui uma atividade humana, é grande a tentação de abandonar o domínio da observação imparcial para recomendar determinado comportamento, de deixar de notar o que realmente se diz para passar a recomendar o que deve dizer-se. A dificuldade de distinguir a linguística científica da gramática normativa lembra a de extrair da moral uma autêntica ciência dos costumes (MARTINET, 1972, p.3 apud CAMACHO, 2013, p. 39)

Vejamos como algumas gramáticas tradicionais tratam o fenômeno da concordância verbal: na gramática normativa Nova Gramática do Português Contemporâneo de Cunha e Cintra (2013, p. 510), os autores afirmam que o fenômeno da concordância verbal é conceituado como “a solidariedade entre o verbo e o sujeito, que ele faz viver no tempo (...) a variabilidade do verbo para conformar-se ao número e à pessoa do sujeito” (2013, p.510). Também é dito que a concordância “evita a repetição do sujeito, que pode ser indicada pela flexão verbal e a ele ajustada” (2013, p.510).

Há vários tipos de regras gerais para esse fenômeno nesta gramática: quando a oração tem um só sujeito o verbo deve concordar em número e pessoa com seu sujeito, que pode estar subentendido ou claramente exposto; quando a oração possui mais de um sujeito, o verbo deve ir para o plural e, para a primeira pessoa do plural quando um dos sujeitos figurar na primeira pessoa, para a segunda pessoa do plural quando não há presença de um sujeito da primeira pessoa e há um de segunda pessoa, e para terceira pessoa caso os sujeitos forem da terceira pessoa, dizem Cunha e Cintra (2013).

Após a normatização da concordância verbal, os autores passam a apresentar os casos particulares e as normas que devem ser seguidas nessas “exceções”. Como exemplificação, a seguir, algumas prescrições às particularidades: quando a oração possui um só sujeito e sendo ele constituído por uma expressão partitiva o verbo pode ir

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tanto para o singular quanto para o plural. Quando esse único sujeito “é formado de um número plural precedido das expressões cerca de, mais de, menos de e similares, o verbo vai normalmente para o plural” (CUNHA; CINTRA, 2013, p.513).

As particularidades expostas na gramática normativa de Cunha e Cintra (2013) são tantas que perdem aspecto de particularidade, uma vez que as regras gerais são quantitativamente menos numerosas que as que têm caráter de exceção. Ao todo são oito particularidades para as regras em orações com um só sujeito e oito para as regras em orações com mais de um sujeito, sendo importante ressaltar que há observações ou “subparticularidades” na maioria das pontuações acerca da concordância verbal em cada caso que foge à regra geral.

Além disso, a abordagem que os gramáticos normativos fazem da concordância verbal é tida como redundante pelos linguistas, afinal, se não há mudanças semânticas e se a oração estiver completa de sentido não há motivos para a obrigatoriedade da marcação do plural mais que uma vez na oração. A obrigatoriedade se dá, portanto, por fatores de denotação valorativa, fatores sociais e discriminatórios, pois, ao falar “os meninos comem alface” ou “os meninos come alface” temos a mesma informação sem mudança significativa alguma. A marca de concordância verbal se dá de forma redundante no português brasileiro e sua não marcação é totalmente estigmatizada e discriminada.

Assim, de acordo com os tradicionalistas, em uma oração em que há sujeito posposto composto por nomes no plural, o verbo deve ir para o plural, construção que raramente vemos no dia-a-dia. O que é visto, então, como erro na gramática normativa é completamente explicado e aceito pelo viés linguístico: o verbo fica no singular nestes casos, pois estamos diante da ordem V-SN (verbo-sintagma nominal) e, portanto, deixamos de tratar o SN como sujeito e passamos a tratá-lo como objeto, uma vez que, inconscientemente, percebemos que aquele é o lugar do objeto e não concordamos sujeito e verbo já que esse sujeito é visto pelos falantes como objeto.

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Essa discussão é pertinente, também, de acordo com Vieira e Brandão (2013), pois, nos casos de sujeito posposto, o cancelamento da marca de concordância verbal é mais frequente, chegando quase que à totalidade, o que demonstra o uso efetivo da concordância, marcada ou não, nas falas e escritos da língua portuguesa do Brasil. Para Scherre (2005, p. 19-20) isso é evidente:

[...] estudos diversos têm mostrado que, na modalidade falada do português brasileiro, a concordância de número plural nem sempre ocorre. Mesmo pessoas escolarizadas deixam de colocar todas as marcas formais de plural em construções diversas [...] (SCHERRE, 2005, p. 19-20)

É pertinente, também, ressaltar que em todo o ensino regular oferecido pela escola, seja no ensino fundamental ou médio, a gramática que se tem contato é a normativa, tanto pelos livros didáticos utilizados quanto pelos professores. Destarte, todos nos formamos com a ideia de que a língua portuguesa do Brasil dos anos 2000 é a mesma que a de Gregório de Matos, escritor brasileiro dos anos 1600. Obviamente hoje já não nos expressamos da mesma forma que os antigos escritores: o modo de falar, a maneira com que escrevemos, as finalidades e até mesmo os meios de comunicação mudaram e continuarão mudando.

Esse contraste visível entre o que aprendemos sobre gramática e o português do dia-a-dia parece não existir na escola e assim, não somos incentivamos a pensar na língua, em sua estrutura, em seu poder e em suas finalidades. Somos condicionados, simples e puramente, a obedecer às regras ali prescritas para provarmos nossa competência como seres pensantes.

Desta maneira e corroborando as ideias de Possenti (1996), assim como as de Vieira (2013), a abordagem que se faz nas escolas com a única visão de que gramática é a gramática normativa, sem discussões ou reflexões que pensem verdadeiramente na língua viva, é fortemente criticada hoje e deve mudar e dar espaço a outras formas de

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abordagem que pensem não somente em “erros”, “acertos” e normas, mas em uma língua variável.

3.Panorama de pesquisas sociolinguísticas em concordância verbal

Com a finalidade de ampliar os resultados científicos, vários linguistas sistematizam o fenômeno da concordância, tanto verbal quanto nominal, construindo um vasto panorama no qual este estudo se apoia. De acordo com Scherre (2005, p.18), a concordância de número (verbal ou nominal) não ocorre em todas as orações produzidas pelos falantes do PB:

Estudos linguísticos de fenômenos estigmatizados podem ter, portanto, como consequência imediata, a possibilidade de evidenciar que o certo considerado inerente, em termos de linguagem, não tem razão de ser (por mais óbvio que isso possa parecer). Certo é tudo o que está conforme às regras ou princípios de um determinado grupo dentro dos limites do próprio grupo. Considerando isto, a falta de concordância de número pode ser errada para um grupo que domina uma variedade linguística que tem essa regra ou este mecanismo. Mas para um grupo que não apresenta mecanismos de concordância em sua variedade, o errado é exatamente uma construção que exibe todas as marcas formais explícitas de concordância (SCHERRE,2005, p.18)

Diferentemente do que acontece na gramática normativa, Bagno (2013, p.219) caracteriza concordância verbal como “fenômeno dos mais estudados em nossa língua” sobre o qual já foi comprovado que praticamente ninguém faz todas as concordâncias verbais previstas pela gramática normativa, tanto na língua falada quanto na escrita; “há mais regras de concordância do que as previstas pela tradição gramatical” (BAGNO, 2013, p.219) e “as regras de concordância previstas pela tradição gramatical dependem dos usos dos escritores consagrados e, mesmo assim, só dos usos que os filólogos consideram ‘exemplares’“(BAGNO, 2013, p.219). Além disso, o sociolinguista afirma que a não concordância verbal é o fenômeno linguístico mais discriminado e

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estigmatizado dos falantes menos letrados, fato que deve ser levado em consideração, tendo em vista que a não concordância não interfere na mensagem semântica do enunciado, como já dito e corroborado.

Após isso, Bagno (2013) desconstrói a prescrição dos normativos ao dizer que a regra geral da gramática tradicional (normativa) faz análise inadequada do fenômeno concordância verbal. Explica:

Sendo o verbo o núcleo de todo enunciado linguístico complexo, é ele que impõe suas propriedades aos demais constituintes da sentença, de modo que, na realidade, é o sujeito que deveria ser considerado como concordando com o verbo. No entanto, a concordância não se faz entre o sujeito e o verbo, nem entre o verbo e o sujeito, mas é provocada, isso sim, por traços morfossintáticos presentes em outros constituintes da sentença ou do texto (BAGNO, 2013, p. 219)

Ainda sobre concordância verbal, Bagno (2013) faz outra crítica à gramática normativa que prega que o verbo deve ficar no singular se o sujeito for posposto e também for composto por nomes no singular. A crítica é feita, afinal, já é considerada como regra firmada do português culto brasileiro que se mantenha o verbo no singular quando a relação se dá entre o verbo e um sujeito posposto, seja ele simples ou composto. Qualquer falante da norma culta usaria a não concordância nestes casos.

Scherre (2005, p.20), uma das linguistas mais conceituadas da área, estudiosa do fenômeno da concordância, explica:

Quem deixa de fazer concordância de número é normalmente chamado de burro, ignorante, porque, afirma-se, “não saber falar”. Somos então às vezes inteligentes e às vezes burros? Somos “variavelmente” inteligentes? Repito: a variação da concordância de número no português brasileiro está seguramente instalada na língua falada [...] (SCHERRE, 2005, p.20)

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Vieira e Brandão (2013) citam o levantamento de Vieira (1995), estudo intitulado “Concordância verbal: variação em dialetos populares no norte fluminense”, que mostra quais contextos influenciam na marcação ou não da concordância no verbo. Os fatores que mais influenciam para a não marcação são: sujeitos pospostos, a distância entre o núcleo do sujeito e o verbo, o menor número de marcas explícitas de plural no sujeito, a animacidade do sujeito, o paralelismo discursivo, a saliência fônica e o tempo verbal e a estrutura morfossintática.

Cabe destacar um trabalho pioneiro sobre CV, “Restrições sintáticas e semânticas no controle da concordância verbal em Português”, de Scherre e Naro (1998a), que já apontavam que a concordância entre verbo e sujeito no português falado do Brasil, em geral, é controlada pelas dimensões da saliência na relação entre verbo e sujeito e na oposição singular/plural, além de verificar que o traço humano, de maior animacidade no sujeito, é variante que influencia no fenômeno da concordância.

Em outro trabalho, “O papel do tipo de verbo na concordância verbal do Português Brasileiro” Scherre, Naro e Cardoso (2008) fizeram pesquisas que verificassem a marcação ou não de concordância entre o verbo e o sujeito da terceira pessoa do plural e obtiveram como resultados algumas variantes que influem nestes casos. O verbo da oposição singular/plural mais saliente favorece a marcação de concordância e o contrário (menos saliente), desfavorece. O sujeito com traço semântico humano (traço de animacidade) favorece a concordância e a não animacidade desfavorece. Por último, o sujeito à esquerda do verbo favorece a marcação da concordância e o sujeito à direita (posposto) desfavorece.

Monte (2007), em sua dissertação sobre a variação da concordância na cidade de São Carlos –SP, afirma com os resultados de sua pesquisa que a saliência fônica é o fator que mais influencia a concordância verbo-sujeito: quanto mais saliência oposicional entre singular e plural do verbo, maior a concordância. O paralelismo formal no nível oracional influencia a marca de concordância verbal quando a forma de plural está presente no ultimo ou único elemento do sintagma nominal. O mesmo autor

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afirma que a presença do que relativo inibe a marca explícita de plural nos verbos, enquanto que o sujeito na posição anteposta imediatamente ao verbo, favorece a concordância.

Assim, os resultados das pesquisas citadas comprovam a importância e a veracidade da influência de diferentes fatores que podem influenciar a presença ou ausência da CV. Por isso, parece-nos justificável uma análise que descreva o funcionamento desse fenômeno no português de Uberaba, região urbana, e aponte os fatores condicionantes da variação (ou não) da CV nessa comunidade de fala.

4. Procedimentos Metodológicos

Este estudo se dividirá em 4 etapas. Na primeira, será feita uma revisão bibliográfica sobre a Teoria da Variação Linguística e sobre a concordância verbal. Na segunda, será montado um corpus constituído por entrevistas feitas a cidadãos da zona urbana da cidade de Uberaba – MG, selecionados a partir de variáveis extralinguísticas que dizem respeito à escolaridade e à faixa etária (roteiro de entrevista semi-estrutrada – Apêndice II). Após sua constituição, esse corpus será transcrito (normas Apêndice III) e serão selecionadas, na terceira etapa, as ocorrências de orações de 3ª pessoa do plural que concordem ou não o sujeito e o verbo de seus enunciados em cada uma das entrevistas.

A distribuição dos falantes/informantes foi a seguinte:

Perfil Informante Número de Informantes

10-14 anos - (início da vida escolar Ensino Fundamental)

(13)

15 – 19 anos - (término do Ensino Fundamental, cursando Ensino Médio);

2

20-25 anos - (pós conclusão do Ensino Médio)

2

30-60 anos -(mercado de trabalho). 2

Total 8

Quadro I: Os informantes da pesquisa

Fonte: desenvolvido pelas autoras.

Para a inclusão dos informantes na pesquisa foram usados como critérios a escolaridade e a faixa etária dos indivíduos, além do critério básico que diz respeito à cidadania uberabense dos informantes, tendo nascido e morado na cidade pela maior parte de sua vida.

Numa quarta etapa, essa seleção será classificada e analisada de acordo com os pressupostos teórico-metodológicos da teoria da variação de Labov (1972) e de acordo com as diferentes variáveis linguísticas e extralinguísticas que mais influenciam neste tipo de construção, explicitando a sistematização dessas orações que concordam ou não sujeito e verbos no plural, sendo elas compostas pelos seguintes fatores:

(A) VARIÁVEL DEPENDENTE:3 presença vs. ausência da marca de concordância verbal (CV) em construções na terceira pessoa do plural,4 por exemplo:

3Tarallo (1986, p. 08) afirma que: "variantes linguísticas são diversas maneiras de se dizer a mesma coisa

em um mesmo contexto e com o mesmo valor de verdade. A um conjunto de variantes dá-se o nome de variável linguística". Essas variáveis subdividem-se em variáveis linguísticas dependentes e independentes. A variável dependente, segundo Lucchesi e Araújo (2007), é o fenômeno que se pretende estudar; por exemplo, a aplicação da regra de concordância nominal, as variantes seriam então as formas

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(a). Eles corriam sem parar.

(b). Os mais altos conseguem alcançar aquilo.

(a’) Eles corriaØ sem parar.

(b’) Os mais altos consegueØ alcançar aquilo.

(B) VARIÁVEIS INDEPENDENTES: os fatores linguísticos (estruturais) e sociais (extralinguísticos) investigados foram:

(B’) Variáveis independentes linguísticos:

a) Grau de saliência fônica da oposição entre as formas verbais do singular e do plural: de acordo com a escala de Naro e Lemle (1977 apud MONTE, 2007) há seis graus diferentes em que um verbo no singular pode se opor a um no plural. Há o caso dos verbos regulares (ex.: fala/falam) e dos verbos com vogal final átona (ex.: quer/querem), que são os níveis com menor saliência fônica. Há também as oposições de maior saliência fônica que são a dos verbos com elemento vocálico tônico oral no singular em oposição a um ditongo tônico nasal no plural (ex.: vai/vão), as oposições do Pretérito Perfeito regulares (ex.: falou/falaram) e as formas distintas entre singular e plural (ex.: é/são).

b) Ausência ou presença do sujeito pronominal: há três possibilidades de categorizar esta variante; a primeira acontece quando há um sujeito pronominal

que estão em competição: a presença ou a ausência da regra de concordância nominal. O uso de uma ou outra variante é influenciado por fatores linguísticos (estruturais) ou sociais (extralinguísticos). Tais fatores constituem as variáveis explanatórias ou independentes.

4Camacho (1993 p.105) afirma que “a ausência de concordância na 3a pessoa (...) tem frequência mais

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explícito (ex.: eles vão nadar). A segunda acontece quando há um sujeito não-pronominal na oração (ex.: as meninas são bonitas). A última possibilidade diz respeito à situações em que o sujeito pronominal é nulo (ex.: as meninas são legais ... abraça todo mundo).

c) Ausência ou presença do pronome que relativo enquanto elemento interveniente entre o sujeito e o verbo: há a influência na marcação da concordância no que diz respeito à presença (ex.: os menino que corre) ou ausência (ex.: os menino corre) do pronome relativo “que”.

d) Posição/distância do sujeito em relação ao verbo: o sujeito pode estar de posicionado de três maneiras em uma oração – anteposto imediatamente ao verbo, anteposto de forma distante ou posposto.

e) Distância entre sujeito e verbo em número de sílabas: as unidades silábicas foram escolhidas por Naro e Scherre (1999ª apud MONTE, 2007) como material de análise pois levam relativamente o mesmo tempo para serem pronunciadas, diferentemente de palavras, por exemplo. Assim, pode haver zero, uma, duas, três ou mais sílabas separando essas duas unidades oracionais, o que influencia a marcação ou não do plural nos verbos.

(B’’) Variáveis independentes extralinguísticas:

a) faixa etária e escolaridade: A concepção de mudança, formulada

pela sociolinguística laboviana (LABOV, 1994 apud MONTE, 2007), segue, em essência, a doutrina do uniformitarismo — oposta à teoria da catástrofe — segundo a qual todos os fenômenos geológicos podem ser explicados como resultantes de processos observáveis que operam de maneira uniforme.5

5

Essa teoria, tomada de empréstimo à geologia, teve como seu precursor, na linguística, William Dwight Whitney (1867, apud Labov) tendo influenciado significativamente a corrente neogramática.

(16)

Assim, o princípio uniformitário é uma pré-condição necessária, tanto para a reconstrução histórica, quanto para o uso do presente para explicar o passado, pois permite inferir pela observação de processos em curso aqueles que operaram no passado. A proposta de Labov, derivada dessa concepção, parte do pressuposto de que é possível captar mudanças em progresso através da análise distribucional-quantitativa de variáveis em diferentes faixas etárias. Isso constitui o que se convencionou chamar análise em tempo aparente. O termo tempo aparente6 representa, assim, o estado atual da língua falada por um indivíduo adulto, podendo refletir o estado da língua adquirida – no processo de aquisição da linguagem – quando o falante tinha aproximadamente 15 anos de idade. As formas das curvas de distribuição indicariam se se trata de variação estável ou de mudança em curso (implementação ou perda de um processo). A distribuição, porém, por faixas etárias pode não representar mudanças na comunidade, mas sim constituir um padrão característico de gradação etária que se repete a cada geração. As faixas etárias consideradas aparecem no Quadro I acima. Cabe lembrar que A variável extralinguística é considerada um fator social que influencia na marcação ou não marcação da concordância entre verbo e sujeito da oração em questão. A hipótese é de que conforme maior o número de anos escolares vividos e mais alta sua faixa etária, maior o número de ocorrências de marcação da concordância verbal como no português culto brasileiro.

6 O tempo aparente possui uma escala que é adquirida pelo meio de pesquisa com falantes de idades

diversificadas, dessa forma, a fala de uma pessoa de 70 anos, hoje, representa a língua de 55 anos atrás. Já uma pessoa de 30 anos, hoje, possui uma fala de apenas 15 anos atrás. Esse modelo de escala de tempo aparente é denominado de "gradação etária", ela também se baseia na hipótese clássica, a uma escala de mudança real. O jovem pesquisador Gauchat, em 1905, foi o pioneiro nos estudos de campo com as técnicas de tempo aparente em uma determinada aldeia na suíça. Ele notou que as pessoas de mais idade usavam a lateral palatal [λ] - escrito lh em português – já os mais jovens preferiam [y], diferentes dos falantes de idade intermediária, que utilizavam ambos os sons. De maneira semelhante aos falantes de mais idade que pronunciavam o som [θ], a exemplo a palavra inglesa think, os mais jovens usavam [h], os de meia idade oscilavam entre uma variante e outra. O jovem postulou, então, que os sons [λ] e [θ] estava sendo substituídos do dialeto daquela aldeia pelos sons [y] e [h]. Vinte e cinco anos depois, outro

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Após a análise das ocorrências selecionadas em nosso corpus segundo os grupos de fatores descritos acima, para alcançar os resultados quantitativos, utilizamos o programa GOLDVARB 2001, uma versão para ambiente Windows do pacote de programas Varbrul - do inglês Variable Rules Analysis. Esse pacote “é um conjunto de programas computacionais de análise multivariada, especificamente estruturado para acomodar dados de variação sociolinguística” (GUY; ZILLES, 2007, p.105).

O GoldVarb 2001 foi desenvolvido na Universidade de York, como um projeto colaborativo entre o Departamento de Língua e Linguística e o Departamento de Ciências da Computação. (ROBINSON, LAWRENCE, TAGLIAMONTE, 2001). Os resultados da análise obtidos através do GoldVarb 2001 apontam evidências que nos auxiliam a confirmar ou não sua hipótese inicial.

A fase final da análise variacionista consiste na interpretação qualitativa dos resultados numéricos (dos gráficos e tabelas), buscando não só identificar e explicar os fatores linguísticos e extralinguísticos condicionantes para a não realização da CV, mas também comparar os resultados com as definições já existentes sobre CV. É importante frisar que o projeto foi aprovado, sendo cadastrado no Comitê de Ética com o número de protocolo 2767 e que as autorizações foram coletadas segundo o apêndice I.

5. Análise dos dados

Após a montagem do corpus descrita na seção 4 deste artigo, coletamos os casos de “ausência e presença da marca de concordância verbal” em orações de terceira pessoa do plural.7 Chegamos a um total de 62 ocorrências7 (Apêndices V e VI), assim distribuídas:

7Foram excluídas do corpus e da análise dos dados, assim como em Monte (2012, p.66), as ocorrências de

verbos em que o singular e o plural se distinguem apenas graficamente; essas ocorrências fazem parte de um grupo de “formas verbais que no singular e no plural não se distinguem na pronúncia por serem homófonas: tem/têm, vem/vêm”.

(18)

No ocorrências %

Presença de Concordância Verbal 35 56% Ausência de Concordância Verbal 27 44%

TOTAL 62 100%

Tabela I: Ausência vs. Presença da marca de Concordância Verbal

Graficamente:

Gráfico I: Ausência vs. Presença da marca de Concordância Verbal

Como podemos observar na Tabela I e Gráfico I acima, no Português Mineiro de Uberaba, apesar de todo o estigma social que está atrelado à imagem do mineiro, há maior ocorrência da marcação de concordância verbal que o esperado pelo senso-comum, que acredita que não fazer a concordância é característica da fala “caipira” mineira.

Além disso, os resultados apontam para um caso de variação. O total de 62 ocorrências de terceira pessoa do plural analisadas aparece assim dividido: a porcentagem da presença da marcação da concordância verbal (totalizando 56% das

(19)

ocorrências) é maior que a de ausência de marcação do mesmo fenômeno (46% do corpus utilizado), números que demonstram que a presença da marca de CV é bastante superior à ausência dessa marcação.

É necessário mencionar ainda que apesar de 56% das ocorrências estarem de acordo com a marcação normativa de concordância verbal, há um número muito expressivo de ocorrências em que não há esse tipo de marcação (44%). Tal dado revela que a não marcação de concordância é algo que já faz parte da fala do uberabense escolarizado e confirmando a constatação de Scherre (2005, p.20), já citada no início deste trabalho: “[...] Mesmo pessoas escolarizadas deixam de colocar todas as marcas formais de plural em construções diversas [...]”.

O resultado também difere de outras pesquisas na área, já que neste estudo selecionamos apenas informantes escolarizados e moradoras da região central da cidade de Uberaba, o que comprova a influência das variáveis extralinguísticas na marcação de plural. Para exemplificar os resultados trazemos algumas ocorrências:

(05) eles oferecem curso (pejai0s)

(06) esses negocio de feijoada não ta com nada (amnad1s)

Em (05), o verbo aparece com a marcação de plural “-m”, concordando com o sujeito pronominal “eles” da oração. Já em (06), o verbo estar aparece sem a marcação de plural, além de suprimido. Esse verbo em questão não concorda com o sintagma “esses negocio” em que a marcação de plural aparece apenas no determinante, configurando um caso de ausência de concordância verbal e nominal.

No trabalho de Monte (2012), por exemplo, que inclui informantes não-alfabetizados e que descreve o português paulista de São Carlos, 48,2% das 1.422 ocorrências aparecem com a presença de concordância verbal marcada e 51,8% das ocorrências, ausência de plural marcado nas orações em terceira pessoa do plural.

(20)

Após essa análise geral dos dados, com o auxílio do Programa estatístico GOLDVARB, verificamos quais fatores influenciam nos resultados descritos na Tabela e Gráfico I. Analisando o único fator extralinguístico (faixa etária e escolaridade), obtivemos: Leitura Vertical da Tabela Presença de Concordância Verbal No ocorrências / % Ausência de Concordância Verbal No ocorrências / % 10-14 anos - (início da vida escolar Ensino

Fundamental)

10 / 29% 04 / 15%

15 –19 anos - (término do Ensino Fundamental, cursando Ensino Médio)

2 / 06% 08 / 30% 20-25 anos - (pós conclusão do Ensino Médio) 18 / 51% 09 / 33% 30-60 anos - (mercado de trabalho) 05 / 14% 06 / 22% TOTAL 35 / 100% 27 / 100%

(21)

Para a análise da faixa etária e da escolaridade é necessário saber que os dois informantes de 30 a 60 anos que estão no mercado de trabalho e que foram entrevistados, possuem, como escolaridade, apenas o ensino fundamental completo.

Diversos estudos levam em conta as variáveis escolaridade e faixa etária como fatores que influenciam nos fenômenos sociolinguísticos. Em alguns dos estudos, em relação à faixa etária dos informantes, havia a ideia inicial de que os mais jovens usariam mais a ausência de concordância enquanto que os mais velhos usariam mais a marcação do plural. No entanto, com os resultados de diversas pesquisas, pôde-se confirmar que, na verdade, a postura conservadora esperada dos informantes mais velhos e a postura inovadora esperada dos informantes mais jovens não se sustentou, como afirma Silva (2005, p. 234):

[...] a pesquisadora (Monguilhott, 2001) pôde verificar que os

informantes mais velhos e os mais novos apresentaram

comportamento semelhante, tendendo à marcação do plural nos verbos, contrapondo-se aos informantes de meia-idade. Ao cruzar a escolaridade com a idade, a autora chegou à conclusão de que entre os pouco escolarizados (com 4 anos de escolarização) são os mais jovens

que apresentam maior frequência na concordância verbal

(SILVA,2005, p. 234)

Assim, a partir das ideias dos autores referidos, percebemos que os resultados desse trabalho vão no mesmo sentido: 25% das ocorrências dos mais jovens (10 -14 anos) está entre o total de construções em que a marcação do plural é feita no verbo. Para os mais velhos (30 – 60 anos) a diferença entre marcar ou não o plural parece não ter sido muito influenciada por nenhum dos fatores extralinguísticos já que os falantes dessa faixa etária produziram 5 ocorrências com a presença de CV e 6 ocorrências sem a CV – quocientes equilibrados.

A escolaridade parece ter sido fator determinante para a presença de marcação do plural apenas na faixa etária dos 20 a 25 anos, idades que, neste trabalho, representam a faixa etária com maior grau de escolaridade e apresentaram 51% de suas ocorrências com a marca de plural no verbo.

(22)

Conforme o grau de escolaridade dos indivíduos aumentou, o número de ocorrências com a ausência de plural marcado também aumentou, fato que contradiz os resultados esperados, mas que demonstram que, provavelmente, os fatores extralinguísticos não sejam tão determinantes para o uso da concordância verbal marcada na variedade mineira de Uberaba, que parece utilizar a não-marcação da CV em seu dia-a-dia, fazendo a escolha por usar ou não esse tipo de marcação de acordo com os fatores linguísticos, o que pode ser exemplificado com alguns exemplos do corpus:

(07) eles tinhauma banda (aejai0s)

(08) eles não levava a gente pra aquilo entendeu (aejad1s)

Vemos que (07) e (08) são exemplos em que a fala produzida não possui a marcação de concordância verbal, apesar de que essas são construções produzidas por indivíduos com o maior grau de escolaridade (33% com a ausência de CV nessa faixa etária/escolaridade, ou seja, um número significativo).

Além do fator extralinguístico, analisamos cinco fatores linguísticos: (a) grau de saliência fônica da oposição entre as formas verbais do singular e do plural; (b) ausência ou presença do sujeito pronominal: (c) ausência ou presença do pronome que relativo enquanto elemento interveniente entre o sujeito e o verbo; (d) posição/distância do sujeito em relação ao verbo: o sujeito pode estar de posicionado de três maneiras em uma oração – anteposto imediatamente ao verbo, anteposto de forma distante ou posposto e (e) distância entre sujeito e verbo em número de sílabas. Em relação ao grupo (a), observamos o seguinte resultado:

(23)

Leitura Vertical da Tabela Presença de Concordância Verbal No ocorrências / % Ausência de Concordância Verbal No ocorrências / % Menor saliência fônica 20 / 57% 18 / 67% Maior saliência fônica 15 / 43% 09 / 33% TOTAL 35 / 100% 27 / 100%

Tabela III: Concordância Verbal vs. Grau de saliência Fônica

A partir dos dados da Tabela III é possível perceber que para a presença de concordância verbal, os diferentes graus de saliência fônica (o maior e o menor) aparece equilibrado. O mesmo não acontece com os casos em que há a ausência de CV: é possível depreender da tabela que o menor grau de saliência fônica (67% dos casos) é fator preponderante para a ausência de concordância verbal. Dessa forma, quanto menor o grau de saliência fônica, temos um número menor de ocorrências de não marcação do plural em orações de terceira pessoa do plural.

Em seu artigo sobre a saliência fônica, Chaves (2014) retoma as ideias de Naro e Lemle (1976, 1977), propondo que a oposição entre as formas singular e plural dos verbos influenciariam na concordância verbal. Nesse sentido, nossos dados corroboram as ideias citadas que afirmam que “a falta de concordância ocorre mais frequentemente naqueles casos em que a diferença entre o singular e o plural é menor, ou menos saliente” (LEMLE; NARO, 1977, p. 42 apud CHAVES, 2014, p.528), o que demonstra que a saliência fônica entre as formas verbais no singular e plural é fator determinante

(24)

para o uso da concordância verbal. Os exemplos a seguir ilustram a influência da saliência fônica na CV:

(09) as pessoas daqui são muito mal informadas (pmnad2t)

(10) eles não levava a gente pra aquilo entendeu (aejad1s)

Em (09), o verbo ser aparece em sua forma plural, que difere bastante no que diz respeito à saliência fônica de sua forma singular, concordante ao sujeito da oração, confirmando que um maior grau de saliência fônica influencia para a marcação de plural no verbo. Já em (10), o verbo levar, não concorda com o sujeito “eles”; isso acontece porque esse verbo não possui grande grau de saliência fônica entre as formas singular e plural, o que influencia à não concordância verbal.

Já sobre a propriedade do sujeito, verificamos:

Leitura Vertical da Tabela Presença de Concordância Verbal No ocorrências / % Ausência de Concordância Verbal No ocorrências / % Sujeito Pronominal 16 / 46% 06 / 22% Sujeito Não Pronominal 16 / 46% 16 / 60% Sujeito Pronominal Nulo 03 / 8% 05 / 18% TOTAL 35 / 100% 27 / 100%

(25)

Na Tabela IV, verificamos que a presença da CV aparece em maior quantidade numérica quando o sujeito está marcado na oração (92%), seja ele pronominal ou não pronominal, informação que pode ser depreendida da porcentagem equilibrada de ocorrências que utilizaram a marcação do plural tanto no sujeito pronominal quanto no não pronominal, sendo as duas porcentagens igualdades numéricas de 46% desse tipo de caso.

É possível ver ainda na tabela IV, que, nos casos em que o sujeito da oração é não pronominal, houve um equilíbrio numérico de ocorrências com ou sem a marcação de plural no verbo – 16 ocorrências com ausência e 16 ocorrências com a presença de CV. A seguir estão alguns exemplos de ocorrências deste estudo:

(11) eles diviam brincar mais na rua (pejai0f)

(12) as crianças passo a dar mais valor na vida (amnai0m)

(13) eles falam que (eles) não fazem (pmsad3s)

Outro fator linguístico analisado foi a posição e a distância do sujeito em relação ao verbo pode influenciar na marcação da CV:

(26)

Leitura Vertical da Tabela Presença de Concordância Verbal No ocorrências / % Ausência de Concordância Verbal No ocorrências / % Anteposto 17 / 49% 09 / 33% Anteposto distante 14 / 40% 12 / 45% Posposto 04 / 11% 06 / 22% TOTAL 35 /100% 27 / 100%

Tabela V: Concordância Verbal vs. Distância do sujeito do verbo

Na Tabela V observamos que, predominantemente, quando o sujeito aparece na forma canônica, anteriormente ao verbo, ou seja, anteposto, existe um maior número de ocorrências com a marca de CV (49%). Já o sujeito posposto e o sujeito distante do verbo (22% e 33%, respectivamente) são fatores determinante para a não marcação do plural no verbo. Tal resultado corrobora as ideias de Scherre e Naro (1998b, p. 08-09):

sujeito anteposto ao verbo ou imediatamente a ele mais próximo favorece a variante explícita e sujeito anteposto distante ou posposto ao verbo 9 a desfavorece. Este efeito é sempre uniforme, independendo do grau de escolarização dos falantes (SCHERRE E NARO, 1998b, p. 08-09)

Os dizeres podem ser confirmados também de acordo com os exemplos a seguir, que demonstram casos em que, quando há sujeito anteposto imediatamente ao verbo, a concordância é feita e, quando o sujeito está posposto ao verbo, há maior chances de não haver a marcação de CV:

(27)

(14) eles falavamassim (pejai0s)

(15) acredito que existe mundos paralelos (aenao0s)

(16) tinha uns 3... 4 meninos que repetia e eu não dava moleza (penao0s)

Outro ponto a ser destacado á o baixo número de ocorrências em que temos o sujeito posposto com ausência da marca de CV – o que indica que, na fala uberabense, não é recorrente o uso do verbo como unidade anterior ao sujeito da oração. Também é interessante verificar que o número de não marcação de plural cresce nos casos de sujeito anteposto distante, fato que ocorre devido a o material interveniente entre sujeito e verbo.

Para complementar a análise do último fator, verificamos ainda se a distância entre sujeito e verbo em número de sílabas é um fator condicionante para a presença ou ausência da marcação da CV. Vejamos:

Leitura Vertical da Tabela Presença de Concordância Verbal No ocorrências / % Ausência de Concordância Verbal No ocorrências / % zero sílabas 20 / 57% 16 / 60% 01 sílaba 07 / 20% 03 / 11% 2 sílabas 03 / 9% 02 / 7% 03 ou mais sílabas 05 / 14% 06 / 22% TOTAL 35 /100% 27 / 100%

(28)

É perceptível que é mais comum, na fala, a utilização de construções em que não há material interveniente entre sujeito e verbo. No entanto, vemos que, quando sujeito (S) e verbo (V) estão separados por alguma ou algumas sílabas, a quantidade de unidades silábicas não é determinante para a marcação ou não da CV, mas o fato de haver alguma sílaba distanciando o verbo da oração do sujeito – fatos que podemos observar através da Tabela VI em que houve a presença de marcação de concordância em 57% dos casos nos quais não havia distância nenhuma entre S-V contrastados aos 43% de ocorrências distanciadas por alguma partícula. Vejamos nos exemplos:

(17) eles tinha uma banda (aejai0s)

(18) eles não levava a gente pra aquilo (aejad1s)

(19) hoje as crianças quase não brincam mais na rua né (penad3f)

Como foi possível perceber, o fato de haver distanciamento entre S-V é mais importante do que a distância em número de sílabas entre S-V, assim, para refinarmos a análise sobre a distância entre sujeito e verbo e posição do sujeito em relação ao verbo, realizamos ainda um cruzamento de dados, com auxílio do GOLDVARB: "distância do sujeito ao verbo" e "distância em número de sílabas entre sujeito e verbo". A Tabela VII abaixo mostra os resultados:

(29)

Leitura Vertical da Tabela Presença de Concordância Verbal No ocorrências / %

Ausência de Concordância Verbal

No ocorrências / % Anteposto imediato Anteposto Distante Posposto Anteposto imediato Anteposto Distante Posposto zero sílabas 17 / 100% - 03 / 85% 10 / 100% - 06 / 100% 01 sílaba - 07 / 50% - - 03 / 25% - 2 sílabas - 02 / 14% 01 / 25% - 02 / 17% - 03 ou mais sílabas - 05 / 35% - - 06 / 50% - Subtotal 17 / 100% 14 / 100% 04 / 100% 10 / 100% 11 / 100% 06 / 100% TOTAL 35 /100% 27 / 100%

Tabela VII: Cruzamento de dados

Com base nos resultados do cruzamento de dados, foi possível confirmar nossas hipóteses: a ausência de concordância verbal cresce conforme a posição do sujeito em relação ao verbo, mas não tanto conforme o distanciamento em número de sílabas. Quando o sujeito está imediatamente anterior ao verbo, o número de casos em que não há marcação de CV é pequeno (10/27), enquanto que, quando o sujeito está afastado do

(30)

verbo, não importa de que maneira, o número de casos em que não se faz a CV cresce (17/27).

Por fim, como mencionado anteriormente, como há autores (cf. NARO, SCHERRE, 2003; MONTE, 2012; etc.) que afirmam pode haver a influência na marcação (presença ou ausência) da concordância verbal devido a presença do pronome relativo QUE. Por isso, resolvemos também investigar se esse fenômeno linguístico. Vejamos a tabela abaixo:

Leitura Vertical da Tabela Presença de Concordância Verbal No ocorrências / % Ausência de Concordância Verbal No ocorrências / % Ausência do QUE 29 / 83% 26 / 96% Presença do QUE 06 / 17 % 01 / 4% TOTAL 35 / 100% 27 / 100%

Tabela VIII: Concordância Verbal vs.Pronome QUE

De acordo com os resultados explícitos na Tabela VIII, vemos que houve a predominância da ausência do QUE, ou seja, as construções frasais sem a estrutura “que” aparecem em um número muito superior às construções em que temos a presença do “que” – do total de 62 ocorrências, 55 construções aparecem sem o uso de “que”.

Os resultados expressos delatam que o “que” com função de sujeito é uma construção rara na fala do português de Uberaba, já que foram apenas 7 entre 62 ocorrências, como vemos através de alguns exemplos de ocorrências:

(31)

(20) o seus pais que estão pagando o curso (pmnqd1s)

(21) que treis passaram e um não (pmnai0s)

A partir desses dados, é necessário ressaltar que, dentre as 07 únicas sentenças introduzidas com QUE de todo o corpus, apenas uma ocorrência apresentou a ausência de marca de CV – o que não confirma os resultados de outros trabalhos, como no de Monte (2012) em que o autor, na análise do PB, notou que “com a presença do ‘que’, as chances de cancelamento da marca de plural são maiores (0,344) do que quando o ‘que’ está ausente (0,526)” (MONTE, 2012, p.133).

Considerações finais

Os resultados deste artigo corroboram as ideias iniciais do estudo de Teixeira; Lucchesi e Mendes (2013, p. 256) que, apoiados em outros autores, afirmam que:

Naro & Scherre (1997) observaram que a variação na concordância no português falado no Brasil já faz parte da competência linguística dos falantes (está em suas mentes), é uma característica de sua fala, e é sistemática, sendo, desse modo, previsíveis as situações (sociais e linguísticas) em que os falantes tendem a aplicar ou não as regras de concordância prescritas pela gramática tradicional (TEIXEIRA; LUCCHESI E MENDES, 2013, p. 256)

Assim sendo, verificamos que são fatores condicionantes para a ausência da CV na fala urbana de moradores de Uberaba, MG, os fatores linguísticos: menor grau de saliência fônica, a existência de material interveniente entre sujeito e verbo (seja esse material maior ou igual a distância de uma sílaba) e a posposição do sujeito. Além disso, pudemos perceber que, na fala dos cidadãos uberabenses escolarizados, a não marcação de plural nos verbos parece fazer parte de suas construções orais, sendo os fatores extralinguísticos menos determinantes que os linguísticos na escolha entre marcar ou não o plural.

(32)

Entretanto, a faixa etária parece ter sido determinante somente no grupo de menor idade, influenciando para o aumento da marcação de plural. No maior grau de escolarização analisado, a escolaridade pareceu ser motivadora para o aumento da presença de concordância verbal.

Dessa forma, é pertinente dar continuidade a esta pesquisa, para que seja possível analisar mais a fundo as relações entre o fenômeno da concordância verbal variável do português mineiro de Uberaba e as influências dos fatores extralinguísticos e os linguísticos. É necessário saber, a partir de uma pesquisa mais ampla, quanto desse falar é, já, parte do português mineiro de indivíduos urbanos e escolarizados e quanto dele é influenciado pelo grau de escolaridade, pela faixa etária e outros fatores sociais. Afinal, ainda que a porcentagem da presença de marcação de concordância verbal tenha sido superior à de ausência desta marcação, a porcentagem de ocorrências em que não houve a CV de forma canônica é muito alta (44%), considerando que todos os informantes eram escolarizados.

Cabe mencionar que os estudos sobre o português falado muito contribuíram para a descrição do Português Brasileiro como um todo. Em Minas Gerais, mais especificamente na região do Triângulo Mineiro, esses dados ainda precisam ser mais explorados, o que contribuiria na produção de um mapa linguístico e na caracterização do português desta região que, como qualquer outro, tem suas particularidades.

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Recebido Para Publicação em 19 de abril de 2016. Aprovado Para Publicação em 28 de julho de 2016.

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