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A MÚSICA NO ENSINO DA LITERATURA

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II COLÓQUIO DE PRÁTICAS DOCENTES

Método e Metodologias do Ensino: teoria e prática em sala de aula 09 e 10 de fevereiro de 2017

Unioeste – Câmpus Marechal Cândido Rondon

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A MÚSICA NO ENSINO DA LITERATURA

Rafael Araujo Gariani (UNIOESTE)1 Letícia Schach (Orientadora - UNIOESTE)2

Resumo: Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a utilização do gênero textual

música no ensino da Literatura Brasileira. Esta reflexão tem como base a experiência de Estágio Supervisionado em Língua Portuguesa e Literatura, no ano de 2016, efetivado na 3ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Marechal Rondon. Os contos de Dalton Trevisan foram o tema para a realização desse estágio. Durante o decorrer das aulas, pôde-se perceber que os alunos assimilaram melhor o conteúdo de um dos contos quando o relacionaram ao tema de uma música, proporcionando-lhes, assim, uma melhor interpretação e compreensão dos sentidos e significados presentes nele. Desta forma, ficou claro que a música em sala de aula é um instrumento pedagógico eficaz, uma vez que, assim como a Literatura, ela é uma forma de expressão que reflete valores e pensamentos da sociedade, tornando-se um ótimo instrumento de análise, comparação e relação.

Palavras-chave: Literatura. Música. Estágio Supervisionado.

Considerações iniciais

O principal enfoque deste trabalho é proporcionar uma reflexão sobre a utilização do gênero textual música em sala de aula, especificamente voltado ao ensino da Literatura. O cerne motivador desta reflexão foi a experiência obtida durante o período do Estágio Supervisionado em Língua Portuguesa II e Literatura, que foi realizado no Colégio Estadual Marechal Rondon – Ensino Fundamental e Médio, na 3a série A do Ensino Médio.

É no estágio que se realiza a junção entre a teoria e a prática, e o resultado desse período contribui significativamente para a transformação dos acadêmicos estagiários em

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Graduando do 4º ano do curso de Letras – Português/Espanhol (Licenciatura) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Câmpus Marechal Cândido Rondon. E-mail: rafael.gariani@hotmail.com. 2 Docente do curso de Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Câmpus Marechal Cândido Rondon. Bacharel em Letras – Português e Alemão pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Licenciada em Letras – Português e Alemão pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). E-mail: leticiaschach@gmail.com.

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Unioeste – Câmpus Marechal Cândido Rondon

2 professores, capazes de analisar, utilizar e modificar diferentes modelos didáticos e adequá-los às características de seus alunos.

Durante as quatro aulas de observação, pude presenciar o comportamento dos alunos da 3ª série e como se dá o andamento das aulas, bem como constatei o comportamento diferenciado de diversos alunos e como cada um tem sua própria reação frente aos conteúdos propostos. Com base nesse processo de observação, foram selecionados os materiais e preparadas as sequências didáticas para a realização da regência, levando em consideração as peculiaridades dos alunos, como, por exemplo, a falta de comprometimento de alguns deles com os exercícios propostos, tanto para a sala de aula como para casa, e, também, a dispersão deles em relação ao conteúdo aplicado. Diagnosticados tais itens, percebe-se que “há a necessidade de articular os conhecimentos com as necessidades, reais ou imaginárias, da transmissão destes conhecimentos”. (GERALDI, 2013, p. 88)

Levando em consideração os acontecimentos durante a observação, os planos de aula foram preparados buscando chamar a atenção dos alunos de forma dinâmica e com auxílio de recursos tecnológicos audiovisuais, selecionados cuidadosamente para este fim. Conforme orientam os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998),

Havendo, na escola, acesso a revistas, jornais, livros, TV, vídeo, gravador, computador etc., típicos do mundo fora da sala de aula, tais recursos podem ser usados na elaboração de tarefas pedagógicas, para deixar claro para o aluno a vinculação do que se faz em sala de aula com o mundo exterior as pessoas estão no seu dia-a-dia envolvidas na construção social do significado; as possibilidades que existem fora da sala de aula de se continuar a aprender Língua Estrangeira. (PCNs, 1998, p. 87)

Deste modo, o planejamento se faz de suma importância, uma vez que “o plano deve ter objetividade, ou seja, deve condizer com a realidade da aplicação”. (LIBÂNEO, 1994) E, ainda,

antes de se fazer qualquer plano, é preciso saber para quem se vai fazê-lo, quais são as possibilidades de dar certo e as condições que se tem para executá-lo. Não adianta fazer planejamento bonito, bem feito, mas que não pode ser executado ou que não traz resultados proveitosos. É preciso conhecer a realidade. (KARLING, 1991, p. 306)

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3 Assim, observando algumas aulas e os alunos, e levando em consideração os conhecimentos prévios da turma, foram confeccionados os planos de aula.

A música no ensino da Literatura

Iniciando a aula a ser aqui descrita, distribuí o conto Balada do Vampiro de Curitiba, de Dalton Trevisan, e solicitei aos alunos que realizassem a leitura de modo silencioso. Após os alunos terminarem a leitura, iniciou-se uma discussão acerca do tema do conto. Para auxiliá-los na compreensão do tema destacado no conto, reproduzi e entreguei-lhes cópia impressa de três músicas (“Carimba que é top”, MCs Pikeno e Menor; “Fofinha delícia”, Sorriso Maroto, e “Roupa não é convite”, Mc Medrado) que abordavam o mesmo tema, contudo cada uma com uma visão diferente quanto ao assunto.

Realizada a leitura do conto e das letras das músicas, chegou o momento da discussão sobre o conteúdo. Como os alunos se mostraram apreensivos e até mesmo espantados com algumas situações descritas no conto (como o fato de o eu lírico se revelar um depravado, um tarado, muitas vezes desrespeitoso com as mulheres; e a forma como ele as trata ser de modo vulgar, julgando serem todas iguais; e que, devido à roupa, “já se sabe o que as mulheres querem”), tudo isso serviu de estopim, causando agitação na sala de aula e uma grande discussão entre os alunos – o que, claro, já estava previsto. A partir disso, foi permitido que os alunos se manifestassem livremente.

Levando em consideração que o conhecimento que surge em sala de aula se dá de ambos os lados, transitando de professor para aluno e de aluno para professor, é necessário que se tenha uma boa interação com os alunos e é preciso ouvi-los. Como clarifica Libâneo (1994),

o professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e opiniões mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem, também, para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades. (LIBÂNEO, 1994, p. 250)

Para auxiliar na interpretação do conto, bem como para dar suporte às discussões a respeito dele, o gênero textual música foi de grande importância, visto que somente o conto

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4 na sua íntegra não seria de tão fácil compreensão para os alunos, pois eles tinham muitas dúvidas sobre o tema e sobre como o autor o abordou. A partir da proposta de leitura das letras das três músicas e sua execução, para que os alunos as relacionassem com o conto, eles começaram a se indagar como se daria isso. Ao trabalhar as músicas, houve grande concentração dos alunos tanto durante a reprodução sonora como na leitura das letras das mesmas. A maioria dos alunos conhecia ao menos partes das mesmas. Contudo, o que mais impressionou foi justamente a atenção dada por parte dos alunos aos trechos que não conheciam das músicas, e quão grande foi o efeito disso na discussão do conto.

Isto posto, vale destacar que a linguagem utilizada nas músicas era uma linguagem mais acessível para os alunos, e isso colaborou para que os alunos entendessem melhor o texto, uma vez que estes utilizavam a música como ponte para o tema abordado no texto. Os alunos necessitam do uso de outro recursos para lhes proporcionar diversas formas de aprendizado. Segundo Moran (1998),

A educação escolar precisa compreender e incorporar mais as novas linguagens, desvendar os seus códigos, dominar as possibilidades de expressão e as possíveis manipulações. É importante educar para usos democráticos, mais progressistas e participativos das tecnologias que facilitem a educação dos indivíduos. (MORAN, 1998, p. 36)

A necessidade de se manter a atenção dos alunos é um grande desafio para os docentes, e a utilização da música em sala de aula é uma ferramenta notável, pois a música, com destaque para a música popular, está presente na realidade dos alunos. Seja na linguagem ou nas letras, a música consegue sensibilizar e despertar nos adolescentes interesse, pois é também uma forma de arte, e isso instiga a participação – o que por sua vez auxilia na compreensão dos alunos, seja de um tema literário ou não.

Considerações finais

Desta forma, ficou claro que a música em sala de aula é um instrumento pedagógico eficaz, uma vez que, assim como a Literatura, ela é uma forma de externar valores e pensamentos da sociedade, tornando-se um ótimo instrumento de análise, comparação e relação. Como o Literatura, a música é uma forma de expressão, e através dela podemos proferir sentimentos e características de uma sociedade. A música se torna

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5 grande aliada no ensino da Literatura, pois esta também é uma forma de expressão cultural, através da qual podemos analisar e compreender certas ações e reações presentes na sociedade.

Isto posto, a música em sala de aula ainda tem mais uma função, que é a de aproximação entre professor e aluno, e com isso surge um vínculo entre ambos. Este vínculo, por sua vez, possibilita a troca de conhecimento, conforme esclarece Haydt:

(o) diálogo é sempre desencadeado por uma situação-problema ligada à prática. O professor transmite o que sabe, partindo sempre dos conhecimentos manifestados anteriormente pelo aluno sobre o assunto e das experiências por ele vivenciadas. Assim, ambos podem chegar a uma síntese esclarecedora da situação-problema que suscitou a discussão. (HAYDT, 2000, p. 59)

Uma vez que o aluno se abre à participação em uma situação-problema, ele se abre também a possibilidades de resolução destes, participando mais das aulas e se envolvendo com o conteúdo aplicado.

Como a música faz parte do cotidiano da maioria dos alunos, estes trazem para a aula sua participação e sua bagagem cultural, que pode, e deve, ser aproveitado pelo professor não somente nas aulas de Literatura, mas em toda a grade de ensino.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.

Parâmetros curriculares nacionais: língua estrangeira. Brasília: MEC/SEF, 1998.

GERALDI, J. W. Portos de passagem. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995. HAYDT, R. C. C. Curso de didática geral. São Paulo: Ática, 2000.

KARLING, A. A. A didática necessária. São Paulo: IBRASA, 1991. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

MORAN, J. M. Mudar a forma de ensinar com a Internet: transformar aula em pesquisa e comunicação. Brasília, MEC: Salto para o futuro, 1998.

Referências

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