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HIP HOP NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA – UEPG

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA – PIBID

FELIPE ALEXANDRE DR. ALFREDO CESAR ANTUNES (Orientador)

HIP HOP NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

A cultura Hip Hop está cada vez mais presente no cotidiano e contexto escolar, e como essa manifestação tem emergido e sendo contextualizado para adolescentes em idade escolar, o presente tem como objetivo analisar qual o motivo da cultura hip hop e suas vertentes não serem trabalhadas nas escolas da rede pública de ensino na cidade de Ponta Grossa- PR, visto que a Educação Física tem como propósito abordar questões relacionadas a cultura de seus alunos e de temas relacionadas a cultura corporal do movimento representada por atividades como o break, grafite e rap, elementos que compõem o Hip Hop, essa atividade torna-se essencial no prática pedagógica do docente na vida escolar. Além disso, também em documentos oficiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) que apontam a questão da pluralidade cultural, que permite que a Educação Física com possibilidades diferentes práticas corporais advindas das mais diversas manifestações culturais. Como base no presente estudo, utilizo o livro “Estabelecidos e Outsiders” de autoria de (Nobert Elias 2000) e Jhon L. Scotson que retrata as relações de poder a partir de uma estigmatização e exclusão dos indivíduos considerados inferiores com ações cotidianas. Para alcançar tal objetivo utilizou-se de uma revisão bibliográfica a partir de artigo, teses e dissertações, também a aplicação de um questionário para os professores de Educação Física das escolas públicas da cidade, confrontando o método do Discurso do Sujeito Coletivo (Lefevre & Lefevre 2000) que busca descrever e interpretar representações sociais. Como o estudo continua em andamento, pretende-se apresentar os resultados no estudo posteriormente.

Palavras chave: Hip hop, Contexto escolar, cultura corporal.

PROBLEMA: Porque professores não trabalham temáticas relacionadas a cultura hip hop nas aulas de Educação Física?

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Introdução:

A escola é um lugar de formação, interação, contextualização em que seu principal objetivo é ensinar, desenvolvendo as capacidades intelectuais e reflexivas dos alunos em face da complexidade do mundo moderno, da influência forte da mídia e em conjunto de problemas sociais que afetam a juventude.

Para que esse ensino seja transmitido aos alunos necessita que o professor, que é o mediador de conhecimento, organize suas aulas e conteúdos a partir das informações, vivências e características individuais, sociais, culturais e também partindo do pressuposto que o professor não pode desconhecer que o aluno vem a escola com uma variedade muito grande de saberes fora dela e que a escola não detêm o monopólio do saber.

Levando em consideração que o aluno de hoje já traz uma gama de conhecimento a partir de experiências do seu cotidiano fora da escola, é dever do professor, que no caso do meu estudo, o profissional de Educação Física esteja ciente da importância de se trabalhar temas relacionados à sua realidade fora dos muros da escola.

A partir deste sentido em que o Hip Hop, que é o tema central de meu estudo, chega a escola não somente como forma de dança e divertimento e sim uma contextualização das periferias em que nosso alunos estão inseridos. Então depois desta colocação busco em meu trabalho identificar o motivo pelo qual professores da rede de ensino público da cidade de Ponta Grossa-PR não trabalham essa temática em suas aulas de Educação física.

O Hip Hop é um movimento cultural oriundo dos guetos nova-iorquinos com intuito de representação social e manifestações advindas de suas classes, em que seus participantes ao longo desse processo buscaram a partir da arte, dança, expressões corporais reivindicarem seus direitos como cidadão cuja manifestação chegou ao Brasil por volta da década de 70-80 num período muito recente pós ditadura militar de revitalização da esfera pública e da sociedade civil em que estava sendo reestruturada a constituição e redemocratização política e que surgiu como caráter contracultural que segundo Fochi (2007) um movimento social caracteriza-se por uma “reunião de pessoas com um propósito ou causa em comum com fins para uma transformação social”.

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A versão academicamente mais aceita revela que o movimento Hip Hop surgiu na periferia dos bairros dos Estados Unidos, mais especificamente no Bronx da cidade de Nova York por volta da década de 1960 e ele não era somente uma manifestação da periferia nova-iorquina, era muito mais do que isso como afirma (SOUZA 2010) “O Hip Hop não é uma simples expressão oriunda dos guetos norte americanos. Com o passar dos anos esta prática social foi transformada numa manifestação cultural politicamente engajada.”Assim justifica-se que seus integrantes, por terem sido marginalizados durante o processo de desenvolvimento do país, se agruparam em torno de um objetivo comum, a luta de classes.

No fim da década de 1960, a cultura Hip Hop passou a buscar um objetivo: a valorização da cultura negra e hispânica, que segundo (ANDRADE 1999) representavam a maioria nesse bairro, o qual é considerado o berço da Cultura Hip Hop. Sendo assim, seus participantes adotaram o termo “cultura de rua” cuja estrutura é formada por três elementos principais baseados na dança, na música e nas artes plásticas, representada pelo BREAK o RAP e o GRAFITE.

O RAP (ritmo e poesia) é representado pelo Mestre de Cerimônia (MC’s) responsável por passar sua mensagem por meio da oralidade assim contextualiza.

O jamaicano Kool Herc levou uma espécie de canto falado para os bailes da periferia de Nova York e o DJ americano Afrika Baambataa encarregou-se de expandir esse novo gênero musical. Juntos criaram o RAP (MIGLIORINI, 2010 p. 17).

O BREAK é a dança que possuía o intuito de retrair a exclusão social e enfatizar sua cultura por meio de movimentos rápidos e de difícil execução, [...] onde havia garotos que marcavam seus passos de dança na quebra da música, ou seja, no break da música, sendo que paulatinamente esses garotos passaram a ser chamados de B.boys (SOUZA 2010).

O GRAFITE é uma manifestação por meio da arte onde o hip hop se desencadeia em estruturas das cidades como muros, fachadas de prédios, vagões de trens, enfim, qualquer espaço onde a valorização da cultura da rua seja vista e admirada. Por muito tempo o grafite foi discriminado e confundido com o a pichação que é a banalização da arte de grafitar.

Quando o hip hop chega ao Brasil por volta dos anos de 1980 e a primeira vertente a chegar foi o Break com passos estranhos e roupas folgadas e de cores chamativas usadas por

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negros, que inicialmente nos EUA simulavam movimentos de feridos e instrumento da guerra do Vietnã. Mas no Brasil o break não teve essa conotação, a diversão foi argumento encontrados para a prática.

As práticas corporais desses jovens eram totalmente diferentes, passando a serem vistos, possivelmente, como “problemas” para a população, levando à repressão policial que costumeiramente terminava em violência. Portanto, qualquer atividade que envolvesse os elementos já conhecidos pela polícia, era subitamente reprimida, sendo os indivíduos obrigados a pararem com suas práticas (SOUZA 2010 p. 21).

Foi a partir daí em que a cultura brasileira absorveu uma criticidade mais elaborada estabelecendo ligação com valores ideológicos adotados nos Estados Unidos, que foi concretizado e contextualizado nas periferias das cidades brasileiras onde pessoas advindas de uma mesma classe social começaram a contestar socialmente por meio do rap, do break, sobre isso (SOUZA 2010) nos retrata:

Esses atores sociais passaram a engendrar uma nova maneira de contestação social, transformando a música em muito mais que versos cantados, tornando-a um instrumento concreto de ação e representação da população residente nas periferias [...] (p.33).

E isso, evidentemente, acaba refletindo no contexto escolar, pois a escola possui o papel de desenvolver a criticidade de seus formandos e de analisar assuntos pertinentes ao seu contexto sociocultural fora dela.

Cabe aos professores, em especial os de Educação Física tratarem em suas aulas temas relacionados à essa ascensão cultural, como exemplo disso temos o movimento Hip Hop que trata muito bem a luta de classes, cultura da periferia e em especial cultura corporal representada pelo break, grafite e rap, esses quais essenciais no desenvolvimento do docente na vida escolar, e como está presente em documentos oficiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) que apontam a questão da pluralidade cultural, que permite que a Educação Física vivencie diferentes práticas corporais advindas das mais diversas manifestações

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culturais e ainda afirmações no que diz respeito ao contexto sociocultural vivenciado pelo aluno que deveria abordar os conteúdos da educação física como expresso de produções culturais, como o conhecimento historicamente acumulados e socialmente transmitidos.

A primeira vertente do Hip Hop a se manifestar no Brasil assim como nos EUA foi o break, mas não com caráter de repressão à guerras, mas sim como forma de arte nas praças das cidades, por suas vestimentas chamativas e coloridas os breakers como eram chamados não eram bem vistos pela sociedade sofrendo preconceitos, essa perseguição foi levemente diminuída pois videoclipes como o de MICHAEL JACKSON e filmes como FLASHDANCE estouravam mundialmente e a dança passou a ser mais reconhecida e não apenas vista como modismo.

Junto com as letras de rap outra arte passou a retratar o questionamento social a partir de desenhos mais elaborados, o Grafite, que nada mais é que uma arte plástica, diferente da pichação que é a banalização da arte, que retrata o contexto social de seu idealizador, o grafiteiro.

No estudo analisado por (FOCHI 2007) que tenta diagnosticar a cultura Hip Hop sendo um movimento social que possui a característica de tribo urbana, que pessoas passam a conviver em conjunto por estética sendo a beleza, o estilo fatores fundamentais para a consistência do grupo, deste modo justifica-se:

“A beleza provoca sentimentos e emoções, causa empatia, e tudo passa a se construir de acordo com normas estéticas. Além disso, há a predominância do hedonismo na vida cotidiana, que fortalece os laços sociais, aproxima as pessoas e cria novos grupos. O mundo contemporâneo é composto por uma infinidade de estilos, onde cada estilo compõe, agrupa, une um grupo de adeptos.” (FOCHI 2007)

A partir disto houve a consolidação do movimento Hip Hop, pois além de confrontarem com o governo em suas manifestações também possuíam características na forma de falar com gírias e vocabulário próprio como nas vestimentas que só fortaleciam o movimento.

Sendo a escola responsável pela formação e contextualização do educando em abordagens sociais dentro e fora dos limites da escola, em especial a Educação Física, cabe desenvolver temáticas que relacionem o contexto sociocultural do aluno com sua realidade escolar, e essa possibilidade é encontrada no currículo da educação física que será discutido no

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decorrer do trabalho, como o Hip Hop aborda três vertentes (rap, grafite, break) que poderiam facilmente se encaixar nas aulas durante a educação física, como em temas interdisciplinares, fator muito importante na formação dos educandos.

Como exemplo o break, que é a manifestação através da dança do movimento Hip Hop podemos trabalhar essa temática de diversas maneiras, uma delas é usando o termo cultura corporal do movimento expressa nos PCN’S - Ed. física em que o break é a dança expressa a partir de um contexto social como visto anteriormente.

Partindo do pressuposto que se deveria trabalhar a cultura hip hop nas escolas, estudos vêm demonstrando que a dificuldade de aceitação com relação a equipe diretiva do colégios juntamente com uma parcela de professores de Educação Física de se trabalhar/questionar essa cultura marginalizada, pois estes em síntese é a representação do poder do Estado.

“[...] escola não é só constituída pelo entrechoque de pequenos poderes, mas também pelo jogo de posições ocasionado pelo fato de culturas marginais, entendida como aquelas que de alguma forma resistem e enfrentam padrões culturais hegemônicos, estarem adentrando, no sentido de empurrar [...] ocupando o espaço escolar. (JOVINO & ABRAMOWICZ)

Diante desse cenário salientado, podemos afirmar que a direção é a elite e é ela que rege por intermédio do profissional de Educação Física o que acontece em todo contexto escolar, e os alunos são subordinados a isso e compartilham de um mesmo contexto sociocultural, pois segundo (ELIAS 2000) os Estabelecido possuem uma relação de poder para com os outsiders afirmando “ o poder é um atributo das relações sociais, é um fruto de contato entre os indivíduos e das suas ações a todo instante[...]” por isso consideramos que a equipe diretiva possui o poder em relação aos alunos devido a posição profissional e social para que se possa exercer o papel dela.

Em seu estudo (ELIAS 2000) retrata as relações de poder a partir de uma estigmatização e exclusão dos indivíduos considerados inferiores com ações cotidianas simples, como restrição ao lazer e também coloca como fofoca, que ao meu ver nada mais é que a afirmação dos estabelecidos e rejeição dos outsiders, pois quem está no poder que manter esse status e “protege-lo” para que outros não possam reivindica-lo.

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O CURRICULO:

O currículo é a maneira pela qual as instituições transmitem a cultura de uma sociedade, ele é organizado e apresentado de uma forma singular que são colocados para se apropriar para um determinado grupo de alunos ou níveis de ensino, é uma orientação pedagógica sobre o conhecimento a ser desenvolvido na escola ou mera lista de objetivos, métodos e conteúdos necessários para o desenvolvimento dos saberes escolares.

Segundo (Coletivo de Autores 2008) pode-se dizer que o objetivo do currículo é a reflexão do aluno cuja amplitude dessa reflexão denomina-se eixo curricular que delimita o que a escola pretende explicar aos alunos até onde a reflexão se efetiva, que a partir disto delimita o quadro curricular, que nada mais é as matérias, disciplinas ou ainda atividades curriculares.

“O currículo capaz de dar conta de uma reflexão pedagógica ampliada e comprometida com os interesses das camadas populares tem como eixo a constatação, a interpretação, a compreensão e a explicação da realidade social complexa e contraditória.”(COLETIVO DE AUTORES 2008, p. 30)

Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCE’s) intensificou-se a necessidade de discussões contínuas sobre o papel do ensino básico no projeto de sociedade que se quer para o país, pois a escola pública brasileira passou a atender um numero cada vez maior de alunos advindos das classes populares que contribui para determinar o tipo de participação que lhes caberá na sociedade, por isso, as reflexões sobre currículo têm, em sua natureza, um forte caráter político, assim justifica-se:

“Assumir um currículo disciplinar significa dar ênfase à escola como lugar de socialização do conhecimento, pois essa função da instituição escolar é especialmente importante para os estudantes das classes menos favorecidas, que têm nela uma oportunidade, algumas vezes a única, de acesso ao mundo letrado, do conhecimento científico, da reflexão filosófica e do contato com a arte” (PARANÀ 2008).

Os conteúdos disciplinares devem ser manipulados de maneira contextualizada com relação às experiências já arreigadas aos alunos afim de estabelecer relações interdisciplinares e colocando em “cheque” a tradicionalidade e rigidez com que o

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currículo se apresenta, tal perspectiva diz respeito aos conhecimentos historicamente sistematizados e selecionados para a construção do mesmo.

Para os DCE’s a escola deve incentivar a pratica pedagógica fundamentada em diferentes metodologias, valorizando a concepção de ensino, aprendizagem e de avaliação.

Podemos observar que o currículo acima demonstrado não funciona como uma simples receita de bolo, onde seguindo suas orientações chegamos a um modelo único e redondo, mas sim um caminho para que o conhecimento chegue ao aluno não limitado à hegemonia e singularidade que encontramos atualmente em relação ao currículo e sim como uma ferramenta que escola, professores e entidade que estrutura esse currículo não delimite as condições de aprendizagem do aluno, fazendo com que ganhe dimensão e contextualização historicamente acumulada a função do aluno na escola.

METODOLOGIA:

Para alcançar a proposta do presente estudo utilizou-se de uma revisão bibliográfica – Artigos publicados em periódicos, monografias, dissertações e teses, disponibilizados no Portal da Capes e análise e interpretação de um questionário a partir do Discurso do Sujeito Coletivo (Lefèvre e Lefèvre, 2000), tendo como fundamento a teoria da Representação Social e seus pressupostos sociológicos, a proposta consiste basicamente em apresentar uma fala singular de um conceito de uma coletividade, agregar depoimentos sem reduzi-los a quantidades. Contendo cinco questões abertas o questionário foi aplicado conforme a acessibilidade aos colégios da cidade de Ponta Grossa, aplicado para os professores de educação física dos colégios estaduais e confrontando com o que há na literatura à respeito de não se trabalhar a cultura e seus elementos do movimento Hip Hop no contexto escolar. Neste sentido seguiu-se alguns passos para a interpretação do DSC-.

Primeiramente houve a construção de um questionário, que além de ser objetivo e compreensível, deve propiciar a prática discursiva e não induzir a resposta. Posteriormente o questionário deve ser analisado em grupo, para avaliar se o contexto está adequado.

O segundo passo é a realização da coleta de dados propriamente dita, quanto maior for a população estudada, mais relevante será o estudo, Posteriormente são eleitas as expressões-chave (ECH), que são pedaços preponderantes da entrevista e na sequência são estabelecidas as

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idéias centrais (IC), que mostram o contexto principal das expressões-chave. Nesta etapa se pode visualizar ideologias internalizadas, o que Lefévre e Lefévre (2000) categorizaram de ancoragens do discurso;

Na sequência são criadas categorias, de acordo com a aproximação das idéias centrais (IC);

O último passo é a construção do DSC, este sendo uma narrativa na 1a pessoa do singular, ou seja, a expressão do grupo. O DSC é a união das expressões-chave, categorizadas de acordo com as ideias centrais.

RESULTADOS E DISCUÇÕES:

Para analisar os dados da pesquisa foi interpretado a partir do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) a partir de um questionário que foi elaborado contendo cinco questões abertas, entre elas:

1- Ano e instituição que se formou em educação Física; 2- Defina hip hop;

3- Em sua formação acadêmica ou na sua vida, você já teve algum tipo de contato com o hip hop? Como foi? O que achou?;

4- Você já trabalhou esse tem em suas aulas? De que forma? Por quê?

5- Há possibilidade de se trabalhar essa temática na educação física escolar? Por quê? OBS: As etapas da análise do DSC, não foram demonstradas no trabalho devido ao numero limite de páginas sugerido pelo evento.

As categorizações a seguir foram elaboradas a partir das perguntas iniciais do questionário, em que foram delimitadas em quatro como demonstrado em A;B;C;D; onde foram retiradas as expressões chave e ideia central de cada categoria para o formulação do DSC propriamente dito:

Após analisar e descrever as ECH e IC dos discursos, podemos descrever em primeira pessoa do singular um único discurso que remete ao pensamento de um grupo de pessoas, sendo ele:

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“O Hip Hop é uma dança ou estilo musical que apresenta ritmo com batidas sonoras diferenciadas, misturada com rap e break com movimentos corporais expressivos que acompanha protestos e críticas relacionados com problemas sociais.

Em minha formação acadêmica não tive contato direto com essa temática o pouco conhecimento que possuo sobre o hip hop é vindo da televisão e internet e também com cursos de capacitação/formação de professores ofertado pelo estado, achei muito interessante.

Não trabalho diretamente o hip hop em sala de aula, mas uma vertente que é a dança quando trabalho é com caráter de apresentação de grupos de dança em seminários durante o ano letivo.

Acredito que há possibilidade de se trabalhar essa temática no contexto escolar, pois ela expressa os movimentos corporais com cunho social, devido ao pouco conhecimento sobre o assunto a não pratica desse tema deve também a falta de capacitação por parte dos professores e entidades que podem ofertar isso na graduação, pois com a aquisição do conhecimento daria para trabalhar esse tema nas aulas de educação física”.

Portanto esse foi o discurso final encontrado para descrever através de um único discurso o pensamento de uma coletividade.

Passamos para análise do discurso em que confrontamos os resultados da categoria A, onde pergunta-se uma definição do termo Hip Hop, que segundo o resultado da pesquisa na maioria das vezes professores confundem o termo Hip Hop com um estilo de musica Break dance, uma das vertentes já abordadas em meu estudo, pois foi essa vertente que Souza (2010) relata que foi uma das primeiras a ganhar força no período de ressignificação dessa cultura quando chega ao Brasil em um período de pós ditadura, mas que ainda sofriam represaria por conta das roupas chamativas e passos alternativos:

Naquele tempo, os jovens que dançavam nas ruas eram considerados marginais, por executarem uma prática socialmente desconhecida e, acima de tudo, pelo preconceito que recaía sobre eles. As práticas corporais desses jovens eram

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totalmente diferentes, passando a serem vistos, possivelmente, como “problemas” para a população, levando à repressão policial que costumeiramente terminava em violência. Portanto, qualquer atividade que envolvesse os elementos já conhecidos pela polícia, era subitamente reprimida, sendo os indivíduos obrigados a pararem com suas práticas. (SOUZA 2010).

Por ter sido a dança que por meio da rebeldia que demonstrava, foi a vertente que mais tomou força também na mídia, fato que embasa o discurso de que o Hip Hop é apenas dança e é tratado como complemento das aulas.

Partindo do pressuposto que o discurso alegou que professores não tiveram contato direto com essa cultura durante seu período de capacitação, nos reflete a uma pergunta: Se durante o processo de graduação do curso de educação física tanto em professores que se formaram, segundo o questionário na década de 70 e também na década de 2000, cerca de trinta anos aproximadamente se passaram e não houve mudança com relação ao Hip Hop, como professores que estão se graduando em 2014, como meu caso, está preparado para fomentar e aplicar uma aula sobre a cultura hip hop e suas vertentes sócio-politico-sociais de maneira satisfatória?

Para almejar uma resposta a nível acadêmico, encontrei na literatura documentos responsáveis no que se diz respeito aos conteúdos e práticas utilizadas na formação do currículo que grosso modo é a maneira pela qual as instituições transmitem a cultura de uma sociedade para seu publico alvo:

Assumir um currículo disciplinar significa dar ênfase à escola como lugar de socialização do conhecimento, pois essa função da instituição escolar é especialmente importante para os estudantes das classes menos favorecidas, que têm nela uma oportunidade, algumas vezes a única, de acesso ao mundo letrado, do conhecimento científico, da reflexão filosófica e do contato com a arte. (PARANÁ 2008 p. 14).

Como o documento foi elaborado pelo estado com intuito de concepção de currículo para Educação Básica que foi fruto de longo processo de discussão coletiva se apresentam como fundamento para o trabalho pedagógico na escola.

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O currículo base, documento que foi resultado um intenso processo de discussão coletiva que envolveu professores da rede estadual de ensino, segundo Paraná (2008) as discussões que culminaram na elaboração do currículo básico ocorreram no contexto de reabertura política, na segunda metade dos anos 1980, quando o Brasil recém encerra um período de 20 anos de ditadura, documento que vigorou até o fim dos anos 90 e que foi parte do currículo escolar e de formação acadêmica de muitos professores hoje atuantes nas escolas da rede publica de ensino da cidade de Ponta Grossa.

Por fim abordaremos as possibilidades descritas pelos entrevistados com relação a prática dessa cultura durante as aulas de educação física, que de modo geral no discurso apresentou-se como possível mas desde que esteja o professor preparado e habilitado e tenha total conhecimento do Hip Hop para fomentar suas aulas.

Diferentemente das respostas encontradas com relação ao trabalho do Hip Hop nas aulas, onde os professores abordam ainda que superficialmente a dança como um complemento de um seminário ou parte de uma apresentação artística, afirmo que a cultura hip hop pode ser trabalhada em diversas maneiras.

Como exemplo pegamos o RAP que no sentido liberal da palavra significa “ritmo e poesia” e que não foi citado por nenhum entrevistado e que de maneira geral que se estabelece a partir de junções de palavras que no ritmo das batidas características do Hip Hop cria uma fluência na fala, desenvolvendo assim o rap. Não seria possível de se trabalhar com alunos a formulação dessas letras que em sua maioria relata a luta de classes vivenciadas pelos rappers com o auxilio e colaboração de professores de Língua Portuguesa para formulação da mesma, e outra, em conjunto com a professora de História, não podemos analisar e discutir as raízes dessa cultura a partir da redemocratização politica vivida pelo Brasil ao fim da ditadura na década de 70-80.

E ainda sem falar nas outras vertentes do Hip hop como o Break e o Grafite, este ultimo que possui o caráter artístico dessa cultura, que é a manifestação das lutas de classes, reinvindicações sociais através da arte, não poderia um professor de Artes em conjunto com o professor de Educação física desenvolver atividades que contemplem as duas disciplinas?

Assim coloco a importância de se trabalhar com a interdisciplinaridade na escola:

A interdisciplinaridade é uma questão epistemológica e está na abordagem teórica e conceitual dada ao conteúdo em estudo, concretizando-se na articulação das disciplinas cujos conceitos,

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teorias e práticas enriquecem a compreensão desse conteúdo. (PARANÁ 2008 p. 27).

Para o documento elaborado em 2008 a interdisciplinaridade que a partir das disciplinas estabelecem relações de conceito, teoria e prática cuja discussão auxilia na compreensão de outra disciplina, que ao tratar de uma disciplina em específico busca-se quadros conceituais de outras disciplinas que possibilitem uma abordagem mais abrangente desse objeto

No ensino dos conteúdos escolares, as relações interdisciplinares evidenciam, por um lado, as limitações e as insuficiências das disciplinas em suas abordagens isoladas e individuais e, por outro, as especificidades próprias de cada disciplina para a compreensão de um objeto qualquer. Desse modo, explicita-se que as disciplinas escolares não são herméticas, fechadas em si, mas, a partir de suas especialidades, chamam umas às outras e, em conjunto, ampliam a abordagem dos conteúdos de modo que se busque, cada vez mais, a totalidade, numa prática pedagógica que leve em conta as dimensões científica, filosófica e artística do conhecimento. (PARANÁ 2008 p.27).

Após analisarmos os resultados e confronta-los com a literatura, observou-se que existe a possibilidade de se trabalhar a cultura Hip hop no contexto escolar através do currículo que rege a disciplina de mais de uma maneira seja utilizando a cultura corporal ou a interdisciplinaridade e que reforça a situação de comodismo por parte dos professores da rede pública em buscar novos horizontes para mediarem o conhecimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Portanto sendo a escola responsável pela formação e contextualização do educando em abordagens sociais dentro e fora dos limites da escola, em especial a Educação Física, cabe desenvolver temáticas que relacionem o contexto sociocultural do aluno com sua realidade escolar. De acordo com as análises realizadas, defende-se que o Hip Hop aborda três vertentes (rap, grafite, break) que poderiam ser desenvolvidas como conteúdo nas aulas de Educação

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Física, como temas interdisciplinares (transversais), fator muito importante na formação dos educandos.

Há também a questão relatada no estudo com relação ao currículo que grosso modo é a maneira pela qual as instituições transmitem a cultura de uma sociedade e que reflete diretamente no que o aluno dentro da escola irá aprender pois a estrutura e os conteúdos programados nesse documento ao meu ver deixa uma margem significativa para que o professor trabalhe temas relacionados com a cultura Hip Hop, que em contrapartida esses mesmo professores afirmam que para trabalhar com a cultura deve-se ter mais conhecimento e preparo na graduação. Então fica claro que não é apenas um único motivo que impede que essa manifestação cultural seja trabalhada no contexto escolar.

Outra questão é a pluralidade cultural, que permite ao aluno, por meio da Educação Física vivenciar diferentes práticas corporais advindas das mais diversas manifestações culturais. Ainda, afirmações no que diz respeito ao contexto sociocultural vivenciado pelo aluno, que deveriam abordar os conteúdos da educação física como expressão de produções culturais, como conhecimentos historicamente acumulados e socialmente transmitidos.

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Referências

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