TEOR DE ÓLEO ESSENCIAL EM MANJERONA COLETADOS EM
DIFERENTES HORÁRIOS.
Flávia Dionísio Pereira1; Suzan Kelly Vilela Bertolucci1; José Eduardo Brasil P. Pinto1;
Fabiano Guimarães Silva2; Helen Cristina de Arruda Rodrigues1; Luciana Domiciano
Silva Rosado1; Érika Santos Reis1; Ricardo Monteiro Corrêa1; Roseane Rodrigues de
Souza1. 1UFLA/DAG - Laboratório de Cultura de Tecidos e Plantas Medicinais. Lavras – MG. 37200-000.
flaviad@ufla.br; 2CEFET – Laboratório de Cultura de Tecidos. Rio Verde – GO. 75900-000.
RESUMO
O teor de óleo essencial de manjerona (Origanum majorana) foi determinado por meio de extrações feitas em quatro diferentes horários de coleta. As coletas foram efetuadas no Horto de Plantas Medicinais da UFLA situado em Lavras-MG, os horários de coleta foram às 8, 11, 14, 17 horas. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com 4 repetições utilizando-se folhas frescas e inflorescências. De acordo, com as avaliações não ocorreram diferenças significativas entre os tratamentos. Conclui-se, portanto que quando se pretende utilizar a matéria fresca, a manjerona pode ser coletada em qualquer horário do dia.
Palavras-chave: Origanum majoranana; planta medicinal; hidrodestilação.
ESSENTIAL OIL CONTENT IN SWEET MARJORANA HARVEST IN DIFFERENT TIME ABSTRACT
The essential oil content sweet marjorana (origanum majorana) studied by means of extractions done at four different collection times. The collections were performed in the medicinal plant Garden of the UFLA situated at Lavras MG. The collections times were at 8,11,14 and 17 hours. The experimental design utilized was completely randomized with four replicates utilizing fresh leaves and inflorescence. According to the evaluations, no signficant differences occurred among the treatments. One can conclude that, when seeking the essencial oil content of Sweet marjorana, the collections may be performed at any time of the day, when fresh matter is employed.
Keywords: Origanum majorana; medicinal plant; hidrodistillation.
Nos óleos essenciais estão muitos princípios ativos conhecidos; são produzidos pelas plantas em resposta às necessidades biológicas e para o seu desenvolvimento. Para estes
óleos existe um mercado bastante promissor sendo porém necessário que se tenha quantidade, qualidade e regularidade no fornecimento dos mesmos.
O fato dos óleos essenciais serem produtos do funcionamento do metabolismo secundário das plantas pode implicar grandes variações em termos de quantidade e composição de acordo com fatores como: parte da planta, horário e época de colheita, ataque de patógenos e, ou, pragas, regime hídrico, dentre outros (Castro, 1998).
Quanto ao fator horário de colheita tais variação tem sido relatada para várias espécies onde foram avaliados os teores e ou rendimentos do óleo essencial e seus constituintes (Silva et. al., 2002; Correa et al 2002; Costa et al 2003-1; Costa et al 2003-2).
A manjerona (Origanum majorana) é um dos temperos mais utilizados na culinária e que, apesar do seu alto valor medicinal, hoje pouco tem sido empregado na medicina popular. Os produtos identificados como manjerona são, geralmente, compostos das folhas e das copas floridas secas. No óleo essencial de manjerona são encontrados isômeros terpênicos fenólicos, carvacrol e timol. Outros compostos incluem triacontano, sitosterol, ácido oleanólico e ursólico, ácido rosmarínico, flavanóides, hidroquinonas, taninos e glicosídeos fenólicos (arbutina e metilarbutina) (Feltrow e Ávila, 2000; Rodrigues; Caramão; Zini, 2003). Atualmente, seu óleo essencial vem despertando interesse por possuírem atividade biológica (antibacteriana, antifúngica e antioxidante). Na indústria de alimentos, o óleo destilado tem larga aplicação, levando em conta sua grande estabilidade de conservação e ausência de contaminação microbiológica (Rodrigues; Caramão; Zini, 2003; Blanco, 2004; Oka; Roperto, 2004.).
O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do horário de colheita no teor do óleo essencial de plantas de manjerona cultivadas no Horto de Plantas Medicinais da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
MATERIAL E MÉTODOS
O material vegetal foi coletado no dia 26/02/2004 (Figura 1). Os dados climatológicos deste dia foram fornecidos pela Estação Climatológica do Departamento de Engenharia Agrícola da UFLA apresentados na tabela (1).
Foram coletadas folhas e inflorescência de plantas de manjerona cultivadas no Horto de Plantas Medicinais da UFLA em diferentes horários (8:00, 11:00, 14:00, 17:00 horas). Posteriormente, as folhas foram levadas para o laboratório, onde previamente à extração realizou-se uma seleção do material vegetal. Para a extração dos componentes voláteis, amostras de 30g de folhas e inflorescência frescas foram coletadas aleatoriamente, de cada
região da planta. A técnica de extração de óleos essenciais utilizada foi a hidrodestilação em aparelho de Clevenger modificado por 50 minutos. Utilizaram-se balões volumétricos de 1000ml.
O solvente utilizado para lavagem do hidrolato foi o diclorometano, 90mL em cada amostra, sendo este dividido em 3 lavagens. O diclorometano foi evaporado em evaporador rotatório a uma temperatura de 40ºC e pressão de 200mm Hg.
Os extratos orgânicos provenientes deste fracionamento foram reunidos e secos com uma pequena porção de sulfato de magnésio anidro. O sal foi removido por filtração simples e solvente evaporado à temperatura ambiente em capela de exaustão de gases. Após a completa evaporação do solvente, os óleos foram pesados e determinou-se o teor percentual de óleo.
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições (4 extrações para cada horário) e quatro tratamentos (horários de coleta). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey.
Figura 1- Manjerona cultivada no Horto de plantas medicinais da UFLA. UFLA, Lavras/MG, 2004.
Tabela 1- Dados climatológicos do dia 26/ 02/2004 fornecidos pela Estação Climatológica do departamento de Engenharia agrícola da UFLA.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Embora existam diversos trabalhos que relatam variações quanto aos teores de óleo essencial durante o horário de coleta, neste caso, de acordo com os dados da análise estatística não se observou diferença no teor de óleo para os diferentes tratamentos e nem entre as repetições (Tabela 1 e Figura 2).
Resultados semelhantes foram encontrados por Costa et al (2003)-1, o qual
trabalhando com extração de óleo essencial Hyptys pectinata (sambacaitá) obteve teores de 0,504; 0,477; 0,511 ml/ 100g folha secas coletadas as 8:00, 12:00 e 16:00 horas respectivamente.
Horas (TMG) 12:00 h 18:00 h 24:00 h Média
Temperatura (0C) Bulbo seco 19,6 25,4 18,8 20,5
Bulbo úmido 19,0 22,0 18,6 Umidade relativa (%) 95 74 98 91 Vento Velocidade 21 28 13 Direção E E W Nebulosidade (0-10) 10 08 03 Precipitação Pluviométrica (mm) 10,8
Temperaturas Extremas Máxima (Tx) Mínima (Tn)
Costa et al (2003)-2 os quais trabalhando com Cymbopogon winterianus (capim
citronela) coletados as 09:00, 12:00 e 15:00 horas, obtiveram melhores resultado de teor de óleo para os cortes feitos as 9:00 (2,59 ml/ 100g) e 12:00 horas (2,38 ml/ 100g).
Correa et al (2002) trabalhando com Cordia verbenaceae (erva baleeira) coletadas as 6:00; 9:00; 12:00; 15;00 e 18:00 obtiveram maior teor do óleo quando as folhas foram colhidas as 6:00 horas.
Estudos realizados no Ceará com a espécie Cymbopogon flexuosus (capim-limão), demonstraram que o melhor horário de colheita para essa espécie é às 7h e que para os demais horários testados (9, 11, 13, 15 e 17 horas) não houve diferenças significativas para o teor de óleo essencial (Silva et. al., 2002).
Nas condições testadas, quando se busca o teor de óleo essencial para manjerona às coletas podem ser realizadas em qualquer horário do dia, quando utilizada matéria fresca. Quadro 1- Análise de variância para teor de óleo essencial em Manjerona
CV (%) = 19,67
ns- Não significativos a 5% pelo teste F.
Figura 2- Teor médio de óleo essencial de manjerona. UFLA, Lavras/ MG, 2004.
FV GL QM Fc Tratamento 3 0.000060 2.547ns Repetição 3 0.000025 1.060ns 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 08:00 11:00 14:00 17:00 Horário de coleta T e o r d e ó le o (% )
LITERATURA CITADA
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1-COSTA, A. G.; MANN, R. S.; ALVES, P. B.; ARRIGONI-BLANK, M. F.; . SANTANA FILHO,
L. G; CARVALHO FILHO, J. L. S.; OLIVEIRA, A. S.; SANTOS, M. F.; DANTAS, I. B.; AZEVEDO, V G.; MENDONÇA, M. C.; BLANK, A. F. Influência do horário de colheita e de secagem na produção de óleo essencial de sambacaitá (Hyptis pectinata L. Poit). Disponível no site: www. hortciencia.com.br. Acesso em março de 2004.
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AGRADECIMENTOS