Uso de luz LED na produção
de flores
Márcia M. Rabelo Guimarães Kobori Agrônoma – Doutoranda ESALQ
Sumário
- Conceito - Histórico - Mercado
- Fisiologia das plantas - Vantagens
- Evolução das lâmpadas - Características
- Espectro da luz
- Comprimento de onda - Efeito nas plantas
- Aplicações
- Resultados de pesquisa - Problemas
Conceito de LED
- LED: light-emitting diode = diodo emissor de luz
- É um dispositivo semicondutor em estado sólido, que quando energizado emite luz
- Transforma energia elétrica em energia luminosa
Histórico do LED
- Década 20: inventado (vermelho)
- Década 60: desenvolvido (vermelho) pela General Electric - Década 70: lançamento laranja, amarelo e verde
Primeiros ensaios com LED
- LED vermelho e azul em alface - Nasa – desde final década 80 - Bula et al. 1991, HortScience
- Resultados: similares a fluorescente e incandescente
Porque LEDs não foram aplicados inicialmente?
- Custo elevado
- Não viáveis em larga escala - Dificuldade de fabricação - Desempenho irregular
LEDs evoluíram, são mais eficientes. E agora após 27 anos? - Uso sob cultivo protegido
Luz: fonte de energia
para plantas no processo
fotossíntese
Resposta da planta: depende intensidade, comprimento de onda e direção da luz emitida. Desafio: controle da luz visando desenvolvimento planta
Em que situações usar a luz suplementar?
- Melhorar disponibilidade de radiação luminosa dias nublados, chuvosos, outono/inverno
- Substituição da luz natural (Lab. e cultivo em multicamadas) - Aumento do comprimento do dia
Vantagens do uso de luz artificial
- Minimizar o auto-sombreamento das plantas - Aumento da taxa fotossintética
- Uniformidade no porte
- Ganho em produtividade, com qualidade - Precocidade
Evolução uso de lâmpadas no cultivo de
plantas na Noruega (Moe et al., 2006)
- Final década 20 e início 30: Incandescentes - 1950: Fluorescente
Ideia do uso de lâmpada elétrica em plantas
- Alemão, Inglês há 138 anos atrás
- 1 ano após Thomas Edison (norte americano) criar luz elétrica (incandescente), disse:
“O horticultor terá os meios de se tornar
profissionalmente independente da luz solar para produzir uma fruta de alta qualidade em todas as estações do ano”.
As fontes de radiação mais comuns usadas em plantas: - Fluorescentes
- Iodetos metálicos - HPS
- Incandescentes
Foram desenvolvidas para iluminação de ambientes humanos, por isso não são ideais e tem limitações, pois os fotorreceptores são diferentes. As lâmpadas fluorescentes emitem amplo espectro (350-750nm), incluindo parte que não promove crescimento das plantas.
O que regula a fisiologia da planta?
- Qualidade da luz (comprimento de onda)
- Intensidade da luz (µmol m-2 s-1)
- Comprimento onda LEDs: 250 – 1000 nm (picos)
- Fotossíntese (RFA/PAR): 400/500 e 600/700 nm (picos)
- Fotorreceptores: clorofila (a e b), carotenóides, fitocromos - Produtividade com qualidade da cultura
- LEDs não emitem calor pelo feixe luminoso (não tem IV) - Mas emitem calor pela potência aplicada
- Precisa ter os dissipadores internos de calor - Risco de danificar o chip da LED
- Diminui a durabilidade da LED
- Pode levar a degradação do fluxo luminoso, alterando sua energia - Risco esquentar o ambiente
- A luz do LED é fria
- As diferentes cores dependem da composição dos semicondutores e da tensão aplicada
- A tendência é o uso de Leds com menor proporção de azul pois gastam mais energia e são mais caros
Energia solar
- Menos de 5% energia solar transforma em CHO na planta
- Radiação PAR (400-700nm): 85% absorvida: menos 5% CHO na planta calor, fluorescência
15% refletido ou transmitido
- Tricomas, cera nas folhas: diminuiu 40% absorção e aumenta reflexão - Sombra: menos de 20% PAR
Vantagens do uso de LED
- Menor consumo de energia elétrica - Vida útil longa
- Alta conversão da energia em luz (e não em calor) - Lâmpadas frias
- Emitem mais luz (alta eficiência)
- Seleção de espectros ou combinações - Não emitem UV e IV
- Usa baixa voltagem
- Pode ser instaladas perto das plantas - Sem filamento, sem vidro
Aplicações LED
Laboratório cultura de tecido: - Área menor
- Menores investimentos Ambiente protegido
Disposição das LEDs
- Topo
- Na parte mediana de plantas com porte alto (Não queima mesmo perto das plantas)
LED no campo aberto
Equador
Holanda
LED GreenPower
Laboratório
LED Refletor (Penzel)
Efeito nas plantas
- Luz vermelho (620-700nm)
- Luz vermelho-distante (710-850nm): - Luz azul (400-500nm):
- 90% absorção luz pelas folhas: vermelha e azul Eficazes na produção de fotoassimilados
- PAR: 400-700nm
- Luz verde: 500-580nm, parte é refletida - Luz branca: 460-560nm
Influência da luz azul nas plantas
- Nas relações hídricas - Nas trocas gasosas
- Abertura dos estômatos - Na síntese de clorofila
- No desenvolvimento cloroplasto
- Promove ou reduz crescimento e produção - depende da espécie - Variação muito grande de respostas fisiológicas nas plantas
- Usada em combinação com vermelho, pois é mais onerosa
Influência da luz vermelha nas plantas
- Muitas plantas produzem com luz monocromática vermelha, mas precisa testar se produz melhor em combinações com outras fontes especialmente com azul
- Eficientes na otimização da fotossíntese - Aumento da parte aérea
Alface Outredegous (mais antocianina com a azul).
Adaptado Stutte et al., 2009
Resultados de pesquisas
- Azul (450nm): mudas mais compactas, menor área foliar, melhor enraizamento - Vermelho (660nm): mudas mais vigorosas, mais altas, maior área foliar, maior
diâmetro
- Precisa equilíbrio entre diferentes comprimento de onda para ter qualidade - Manipulação da morfologia e estatura da muda
Entraves no uso de LED
- Pouca pesquisa no Brasil: selecionar melhores combinações e melhor manejo por cultura
- Custo elevado (LEDs específicos para planta): produto importado, preço tende diminuir quando aumentar demanda
Cultura PPF (µmol/m2/s) PAR (h/dia) DLI (mol/m2/dia) Produção hastes/m2/ano Autor
Rosa de Corte 230 18-24 25 300-400 Mortense et al. 1992a Rosa de Vaso 200 20-24 12 a 14 Mortense, 2004 Lisianthus de Corte 200-240 início: 10 final: 24 10 a 20 Islam, 2002 Lisianthus de Vaso 240 início: 10 final: 24 10 a 25 Kangus, 2005
Alstroemeria (Corte) 180-200 18-20 15 Bakken & Baevre, 1999
Gérbera de Corte 200 20 (3-4 semanas 10) 15 400 Utne, 1996 Gérbera de Vaso 200 10 10 a 12
Poinsetia (Vaso) 150 10 15
Crisântemo de Corte 150 11 15 Baevre, 1996 Crisântemo de Vaso 200 10 a 11 15
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
Royal magenta - Estaca/planta
10:02 Test 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 White - Estacas/planta 08:04 Test
0 20 40 60 80 100 120 10:02 09:03 08:04 06:03:03 Test Estaca/planta White
1-6a 7-12a 13-17a
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 10:02 09:03 08:04 06:03:03 Test
Estaca/planta Royal Magenta
0 50 100 150 200 250 10:02 09:03 08:04 06:03:03 Test
Estacas White (119 dias)
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 10:02 09:03 08:04 06:03:03 Test
38 40 42 44 46 48 50 52 10:02 09:03 08:04 06:03:03 Test
Royal Magenta 1-6a
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 10:02 09:03 08:04 06:03:03 Test
Royal Magenta 7-12a
0 10 20 30 40 50 60 70 10:02 09:03 08:04 06:03:03 Test
- UFV: Crisântemo (corte, vaso) (Milanez, 2017) Tango, Hipérico (Assis, 2015)
Milanez, 2017 (UFV)
Crisântemo cv. Rage 60 dias LI = luz incandescente 100W A = LED 18W 2 m altura B = LED 18W 1m altura SL = sem iluminaçãoMilanez, 2017 (UFV)
Crisântemo cv. Rage 57 dias LI = luz incandescente 100W LED 18W: 0,0; 0,5; 1,0; 1,5 e 2 m (horizontal) SL = sem iluminaçãoZanotelle, 2009 (UFV)
Crisântemo Yoko Ono
A: LED 8W (660nm) C: LED 2W (660nm)
B: Incandescente 100W (1/7 m2)
Objetivo: não florescimento PDC (abaixo 13h luz floresce)
Zanotelle, 2009 (UFV)
Crisântemo Yoko Ono
LEDs: 2, 4, 6 e 8 W
LEDs: 660nm (vermelha) Altura: 1,8m 4h luz
9 distâncias dos vasos até centro luz: 0,0 - 3,2m
LED 2W (2X2m): 2 anos retorno com economia energia.
Custo benefício: 2,3
Paradiso et al. (2011)
Scientia Horticulturae
Rosa Akito Holanda LED e HPS: 150 w/m2 16 h/dia Philips Fotossíntese máxima: 640-680nm (vermelho)Aumento fotossíntese LED comparado HPS:
Folhas verdes: 12%
Folhas vermelhas: 17% (devido antocianina)
Terfa et al. (2013)
Physiologia Plantarum
Rosa Toril
Univ. Noruega
Câmaras crescimento 20h/dia 100 µmol m-2 s-1HPS 5% azul: ciclo igual
LED 80% vermelho (630nm) e 20% azul (465nm): maior peso seco, 20% aumento
fotossíntese, maior no. células paliçádicas mais alongadas e mais estômatos
Terfa et al. (2013)
Physiologia Plantarum
Rosa
Terfa et al. (2013)
Physiologia Plantarum
Rosa
Ouzounis et al. (2014)
Universidade Dinamarca
J. Plant Physiology
Rosa; Out./Inv. 200 µmol m-2 s-1 16 h/dia; PhilipsA: LED 100% Vermelho – folha anormal B: LED Branco (32/46/22% = blue/green/vermelho) – menor biomassa C: LED 40/60%: Azul/Vermelho – Porte menor D: LED 20/80%: Azul/Vermelho 450-485nm e 650-670nm
Ouzounis et al. (2014)
Universidade Dinamarca
J. Plant Physiology
Rosa; Out./Inv.
Condutância estomática: Quanto mais fechados estiverem os estômatos, maior será a chamada resistência estomática e menor será a condutância estomática
Ouzounis et al. (2014)
Universidade Dinamarca
J. Plant Physiology
Campanula em vaso; Out./Inv. 200 µmol m-2 s-1
16 h/dia; Philips
A: LED 100% Vermelho
B: LED Branco (32/46/22% = blue/green/vermelho)
C: LED 40/60%: Azul/Vermelho: porte menor, menor área foliar
Ouzounis et al. (2014)
Universidade Dinamarca
J. Plant Physiology
Crisântemo
Roni et al. (2017)
Univ. Japão
Câmaras crescimento: 85-125
µmol m-2 s-1
Lisianthus Voyage 2 pink 16h/dia
LED azul (410-550nm): folhas maior espessura, comprimento, largura, maior clorofila, maior fotossíntese,
LED vermelho (580-670nm) LED branco (420-750nm)
Roni et al. (2017)
Akbarian, 2016
Problemas Fisiológicos:
- Zinnia: epinastia com LED red - Gerânio: com aumento Azul
Wollaeger, 2013
Problemas Fisiológicos:
Marigold: ponto roxo escuro folhas
LED: 80% vermelha
Currey & Lopez, 2013.
Considerações finais
- LEDs têm muitas vantagens como fonte radiação para plantas, mas dificuldades retardam sua implementação
- Eficiência varia entre os espectros de luz e suas combinações com as espécies e cultivares de plantas
- Necessário maior incentivo nos estudos para melhor ajuste da tecnologia