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PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA DIRETORIA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR

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PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA

DIRETORIA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR

1 Recurso nº: 001/2012

Processo Administrativo nº 0112.000.680-0 Cidade: Mariana-MG

Recorrente: DIGIBRAS indústria do Brasil S/A Recorrido: Procon Municipal de Mariana-MG

RELATÓRIO

O Procon Municipal de Mariana considerou que a reclamação apresentada pelo consumidor é considerada como fundamentada, por se tratar de notícia de lesão ou ameaça a direito previsto nos artigos 4º, 6º, 18 parágrafo primeiro, inciso II do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, eis que adquiriu um produto da marca CCE, que apresentou vício, sem lograr êxito no conserto, no prazo legal, sendo firmado acordo de restituição do valor pago corrigido monetariamente e não cumprido. Assim aplicou-lhe a pena de multa no valor de R$ 636.751,41(seiscentos e trinta e seis mil e setecentos e cinqüenta e um reais e quarenta e um centavos).

Inconformada, a empresa interpôs recurso a este Órgão, requerendo a mudança do polo passivo da demanda DIGIBRAS INDÚSTRIA DO BRASIL S/A, alegou que não obstante o inadimplemento tardio da obrigação, é certo que a empresa de fato cumpriu o acordo de restituição do valor pago pelo produto corrigido monetariamente, anteriormente à decisão administrativa definitiva, inexistindo ofensa aos dispositivos apontados, pelo que considerou insubsistente,

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2 absurda e exorbitante a aplicação da multa, com fincas no princípio da proporcionalidade e razoabilidade. Por fim, não sendo acolhidas as suas razões recursais, requereu a redução da multa aplicada.

Eis, em síntese, o relatório.

Mariana, 24 de outubro de 2012

___________________________________ Emanuel R. Maia Camacho Gerente do Procon Municipal de Mariana

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3 Recurso n.º 001/2012

Processo Administrativo n.º 0112.000.680-0 Cidade : Mariana

Recorrente : DIGIBRAS indústria do Brasil S/A Recorrido : Procon Municipal de Mariana-MG

DECISÃO ADMINSITRATIVA INSTÂNCIA RECURSAL

Vistos etc., decide o Gerente do PROCON Municipal de Mariana-Minas Gerais, na conformidade de sua decisão, incorporando neste o relatório de fls.01, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO.

Mariana, 24 de outubro de 2012.

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4 Gerente do PROCON Municipal de Mariana-MG

V O T O

PRODUTO. INADEQUAÇÃO POR VÍCIO DE QUALIDADE. SUBSISTÊNCIA DA INFRAÇÃO. CONFIRMAÇÃO. PROVIMENTO PARCIAL.

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso.

O presente processo administrativo foi instaurado contra a empresa CEMAZ INDÚSTRIA ELETRONICA DA AMAZONIA S/A, uma vez que forneceu um produto com vício de qualidade, não tendo sanado-o, no prazo legal (fls. 01 e 02), a posteriori firmara acordo com o consumidor de proceder à restituição do valor pago pelo produto com correção monetária (fl.24), sem cumpri -lo (fl. 26) no prazo estabelecido (fls. 26/27). Assim, configurada a lesão ou ameaça a direito previsto nos artigos 4º, 6º, 18 parágrafo 1º, inciso II do Código de Proteção e Defesa do Consumidor.

Notificada a empresa sem apresentação de defesa, sobreveio a Decisão de fls. 29/35, que julgou subsistentes as infrações e aplicou-lhe a pena de multa no valor de R$ 636.751,41 (seiscentos e trinta e seis mil reais e setecentos e cinqüenta e um reais e quarenta e um centavos).

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5 Inconformada, a Recorrente interpôs recurso a este Órgão, aduzindo preliminarmente que no dia 21 de Dezembro de 2006, houve a alteração da denominação social CCE da Amazônia, para CEMAZ INDÚSTRIA ELETRONICA DA AMAZONIA S/A e que em 05 de outubro de 2004, com o objetivo de industrializar, importar e exportar eletroeletrônico e afins, iniciou a DIGIBRAS INDÚSTRIA DO BRASIL S/A, pelo que requereu que esta figurasse no pólo passivo da demanda.

Passando, a análise do mérito, a Recorrente expôs em suas razões recursais que depositou intempestivamente o valor do acordo, no dia 24/09/2012, anexando documento e, que não obstante o inadimplemento tardio da obrigação, cumpriu o acordo de restituição do valor pago pelo produto com correção monetária, anteriormente à decisão administrativa, inexistindo ofensa ao art. 18 do CDC.

Rechaçou ainda a Recorrente a ofensa aos artigos 4º e 6º, sob a argumentação de que no caso em tela, não há subsunção específica dos fatos aos comandos legais apontados como violados, bem como não há nos autos qualquer elemento que denote da conduta da CCE, capaz de desrespeitar aos princípios contidos nestes dispositivos.

Ainda no que concerne à infringência ao art.6º do CDC, a Recorrente assevera que nada há no caso que gerou a abertura do processo administrativo sancionatório em tela, que caracterize violação a qualquer dos direitos insculpidos neste artigo, bem como não se encontra qualquer especificação e individualização dessas condutas, pelo que entende ser insubsistente a aplicação da multa.

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6 Ademais, alega que não restou provado qualquer vício na fabricação do produto e não há provas acerca da inadequação deste e que a fixação da multa encontra-se em desarmonia com os critérios do art. 57 do CDC, sendo em valor exorbitante e absurdo, desrespeitando, pois os princípios da proporcionalidade e razoabilidade.

Com esses argumentos, pretende a Recorrente, que seja modificada a decisão recorrida e julgados insubsistentes os fatos descritos na peça inaugural.

No entanto, tais alegações devem prosperar parcialmente.

Em sede, de preliminar, devido às razões expostas pela Recorrente, dou provimento ao requerimento de modificação do pólo passivo da demanda. Deste modo, figure-se no pólo passivo da demanda, a empresa DIGIBRAS INDÚSTRIA DO BRASIL S/A, conforme alteração de ata de assembléia juntada aos autos

Prosseguindo à análise dos argumentos, registre-se que contrariamente ao alegado, a Recorrente não procedeu à regularização posterior da infração, haja vista que até a presente data (25/10/2012), não realizou o depósito do valor em litígio, na conta informada pelo consumidor, como comprova extrato do período de 01 a 30/09/2012 e declaração do titular da conta, acostados às fls. 60/63.

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7 Contudo, mesmo que houvesse o adimplemento tardio da obrigação, este não tem o condão de eximir o fornecedor da sua responsabilidade e de desconstituir a lesão já consumada.

Neste diapasão, não há que se falar que inexiste a ofensa ao artigo 18, tendo em vista a consumação da infração, acrescida pelo descumprimento do acordo.

Assim, vale transcrever o disposto no inciso XXIV, do art. 13 do decreto 2.181/97:

Art. 13. Serão consideradas, ainda, práticas infrativas, na forma dos dispositivos da Lei nº 8.078, de 1990:

XXIV - deixar de trocar o produto impróprio, inadequado, ou de valor diminuído, por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso, ou de restituir imediatamente a quantia paga, devidamente corrigida, ou fazer abatimento proporcional do preço, a critério do consumidor.

Desse modo, mantenho a decisão quanto ao artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor e ratifico com o art. 13 do decreto 2181/97.

É preciso considerar que o Código de Proteção e Defesa do Consumidor elenca em seus artigos 4º e 6º, respectivamente, os princípios norteadores das relações de consumo e os direitos básicos do consumidor. Ora, se o Recorrente forneceu um produto que apresentou vício de qualidade, não sendo sanado no prazo legal e ainda descumpriu o acordo celebrado com o consumidor de restituir o valor pago pelo produto com correção monetária, de sorte que desrespeitou os princípios extraídos do art. 4º do CDC e não observou os Direitos básicos do

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8 Consumidor previstos no art. 6º. Para elucidar, eis alguns dos princípios e direitos, in casu, não observados pela Recorrente:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:

d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho;

III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores: V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.

Dessa forma, subsistem as infrações aos dispositivos legais retro mencionados e, por conseguinte a pena aplicada com fincas nestas lesões.

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9 Insta destacar que o vício consubstancia no problema de qualidade apresentado pelo produto, impedindo seu regular funcionamento, sendo que o simples fato de, em detrimento do vício, o produto não poder ser utilizado para o fim a qual se destina, por si só, comprova que é impróprio ao consumo, não carecendo de demais provas, com substrato no art. 18, parágrafo 6º, inciso III, in verbis:

6° São impróprios ao uso e consumo:

III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.

Este assunto já foi discutido pelo Ministério da Justiça e assentado na nota técnica nº 20/2009, ipis litters:

Configura-se o vício do produto quando este se torna impróprio ou inadequado ao consumo. Segundo Cláudia Lima Marques, o vício deve ser compreendido em sentido amplo e caracteriza-se pela inadequação objetiva do produto. O vício, enquanto instituto do chamado direito do consumidor, é mais amplo e seu regime mais objetivo: não basta a simples qualidade média do produto, é necessária a sua adequação objetiva, a possibilidade de que aquele bem satisfaça a confiança do que o consumidor nele depositou, sendo o vício oculto ou aparente.” Dessa forma, percebe-se que o vício é a inadequação do produto aos fins a que se destina e às expectativas legítimas do consumidor. Sob essa interpretação ampla, basta a

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10 imprestabilidade do produto para a configuração do seu vício, independentemente de quais são as partes viciadas, de quais os motivos da inadequação.

Assim sendo, a pena deve ser mantida, no que se refere à disponibilização de produto com vício no mercado e comprovadamente inadequado ao consumo.

De outra sorte, no que pertine à fixação da pena, mediante os critérios previstos no art. 57 do CDC, de fato esta deverá ser atenuada, eis que na sua aplicação os requisitos (a gravidade da infração, a vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor) devem ser observados com proporcionalidade e razoabilidade.

In casu análogo, o Desembargador Osvaldo Cruz, assim manifestou, nos autos da Apelação Cível n° 2011.005563-8, no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte.

"E, no caso concreto, diante da atitude abusiva da apelante e do grau da infração, bem como do seu poderio econômico, a meu sentir, os princípios da razoabilidade e proporcionalidade foram observados quando da fixação da penalidade. Portanto, entendo não merecer acolhimento a arguição da recorrente de que a multa aplicada é excessiva.Ademais, a sanção deve ser suficiente para coibir a conduta lesiva por parte da prestadora do serviço. Em outras palavras, a multa aplicada, além de sua natureza sancionatória, deve desestimular, pelo menos sob o prisma econômico, a repetição da prática tida por ilegal".

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Desta forma, passo a rever o cálculo da multa, no seguintes termos: a empresa se enquadra em Empresa Médio porte, devido a receita bruta na monta de R$ 3.459.255,00(três milhões, quatrocentos e cinqüenta e nove mil e duzentos e cinqüenta e cinco reais ) conforme capital social publicado no diário oficial no dia 11/07/2011, pg. 14, art. 5º; modifico a natureza da infração do grupo III, pra o grupo I, considerando a gravidade da infração e a vantagem não auferida.

Infere ainda mencionar que foram observadas as circunstâncias atenuantes e agravantes, insculpidas nos artigos 24, 25 e 26 do decreto nº 2.181/97 combinado com os artigos 41 ,42, 43, 44 e 45 do decreto municipal nº 6.346/2012.

Assim sendo, entendo que a pena aplicada deverá ser atenuada, visto que a priori totalizava R$ 636.751,41 (seiscentos e trinta e seis mil reais e setecentos e cinqüenta e um reais e quarenta e um centavos), modificando para R$ 1.941,36(um mil novecentos e quarenta e um reais e trinta e seis centavos ), sendo esta a multa- base R$ 3.882,71(três mil, oitocentos e oitenta e dois reais e setenta e um centavos ) composta por PE+ (REC BRUTA/12x 0,01)x (Nat) x (VAN ) reduzida em 50%(cinqüenta por cento), com fulcro no art. 44 da Lei 6.346/2012, conforme planilha anexada nos autos.

Ex positis, dou parcial provimento ao recurso, no sentido de modificar o pólo passivo da demanda e julgar subsistente as infrações aos artigos 4º, 6º, 18 parágrafo primeiro, inciso II do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, cumuladas com o artigo 13, inciso XXIV do decreto 2.181/97, fixando o valor da multa para R$1.941,36 (um mil, novecentos e quarenta e um reais e trinta e seis centavos).

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12 Dê ciência ao Recorrente da decisão de grau recursal, para que proceda ao recolhimento do valor da multa aplicada R$1.941,36(um mil, novecentos e quarenta e um reais e trinta e seis centavos) ao Fundo Municipal de Defesa do Consumidor(FMDC),Prefeitura Municipal de Mariana, CNPJ:18.295.303/0001-44, Banco do Brasil, Agência 2279-9, Conta 11029-9, (Decreto Federal nº 2.187/1997, art. 9º do Decreto Municipal nº 6.346/2012).

Publique-se na imprensa oficial. Registre-se.Intime-se.Remeta-se cópia do inteiro teor desta decisão por correspondência eletrônica, ao responsável pelo Setor de Relações Institucionais do PROCON Estadual, disponibilizando-a no site deste órgão.

Cumpra-se na forma legal.

Certifiquem-se às partes interessadas.

Mariana, 24 de outubro de 2012.

___________________________ EMANUEL R. MAIA CAMACHO

Referências

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