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Revista Brasileira de Teleodontologia

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Revista Brasileira de Teleodontologia

ISSN 1809 - 0745

Pesquisa Ensino

Avaliação Laboratorial: A Influência da Manipulação do Material Restaurador.

Laboratorial Evaluation: The influence of the manipulation of Restoration Material.

Ana Flávia TEIXEIRA 1

Fernanda de Carvalho Panzeri PIRES-DE-SOUZA 2 Daniela Rodrigues FERNANDES 3

Luciana Assirati CASEMIRO 4 Osvaldo ZANIQUELLI 5

_____________________________________________________

TEIXEIRA, A.F. et al Avaliação Laboratorial: A Influência da Manipulação do Material Restaurador. Rev. Bras. Teleodonto. v.2, n.6, p.15-21, nov./dez 2006

RESUMO

Avaliou-se o ato de manipular (alunos da Graduação, Técnico em Higiene Dental e Cirurgião-Dentista) três tipos de materiais odontológicos e inseridos em matriz para teste de cargas (máquina universal). O resulta-do demonstrou que não houve concordância unânime nos testes de avaliação da resistência à compressão com variação significante (testes estatísticos) em fun-ção dos diferentes operadores. Concluiu que a resis-tência à compressão, dos materiais pode variar em função dos operadores.

UNITERMOS

Ensino; Aprendizado; Cirurgião-Dentista; Materiais Dentários.

____________________________________________________________ 1 Aluna do Curso de Pós-Graduação

Curso de Mestrado em Odontologia. Universidade de Franca - Brasil

2 Profa Dra Departamento de Materiais Dentários e Prótese

Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo - Brasil.

3

Profa Dra

Faculdade de Odontologia de Odontologia Universidade de Franca - Brasil.

4

Profa Dra

Faculdade de Odontologia de Odontologia Universidade de Franca - Brasil.

5

Prof. Dr Departamento de Materiais Dentários e Prótese Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto

Universidade de São Paulo - Brasil

ABSTRACT

The act was evaluated of manipulating (students of the Graduation, Technician in Dental Hygiene and Dentist) three types of materials dentistry and inserted at head office for test of loads (universal machine). The result demonstrated that there was not unani-mous agreement in the evaluation tests of the resis-tance to the compression with significant variation (statistical tests) in function of the different operators. it Concluded that the resistance to the compression, of the materials can vary in function of the operators.

UNITERMS

Teaching; Learning; Pedagogic; Dentist; Materials Dentistry

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INTRODUÇÃO

A manipulação dos materiais odontológicos res-tauradores, envolve, freqüentemente, a mistura de dois componentes (pó e líquido).

Apesar das recomendações dos fabricantes, mui-tas vezes, os materiais odontológicos restauradores são dosados de maneira descuidada ou com o auxílio de sistemas imprecisos, propiciando grandes variações na quantidade do material, tendo como resultado, a com-posição final da mistura incorreta.

Cumpre ressaltar que a composição final da mis-tura incorreta seguramente poderá produzir mudanças nas propriedades físicas, químicas, biológicas e mecâ-nicas do material odontológico.

Em relação aos cimentos odontológicos fato a destacar é que, dependente do agente que está manipu-lando (“operador”), pois a maneira e o modo como é realizado pelo agente operador proporcionando, por exemplo as gotas de líquido e pó pode influenciará na qualidade final do material odontológico (FLEMING et al., 1999).

A forma e a força de manipulação no momento da manipulação são também outros fatores que dependem do operador.

Infelizmente, as técnicas empregadas, durante a manipulação e a inserção de muitos materiais restaura-dores, na prática clínica, muitas vezes diferem das re-comendadas fornecidas pelos fabricantes, portanto, não exercem adequadamente as propriedades.

Fato a destacar é o que se observa, em algumas restaurações de amálgama, sem o devido isolamento absoluto, sendo que, o contato direto com a saliva pro-duzira as alterações de suas propriedades.

Assim, o material restaurador que é manipulado e utilizado está suscetível à variações clínicas adicionais. Na tentativa de padronizar essas variáveis de dosagem e a manipulação, alguns fabricantes disponibilizaram esses cimentos em cápsulas.

Para FLEMING et al (1999 e 2001), o cimento de fosfato de zinco é o cimento mais suscetível à variáveis de manipulação e o mais difícil de ser preparado.

O cimento de óxido de zinco e eugenol não apre-sentam variáveis de manipulação tão críticas, sendo in-dicado na prática Odontológica, e para a adequação do meio bucal, antes da realização do tratamento restaura-dor definitivo.Por isso, é importante que os materiais de-vem ser corretamente manipulados (obedecendo às ori-entações dos fabricantes) para alcançar as melhores propriedades físicas, químicas, biológicas e mecânicas

Como um dos procedimentos, das atividades re-lacionadas com Tratamento Odontológico é a manipula-ção dos Materiais Restauradores Odontológicos. Este material pode ser manipulado pelo Cirurgião-Dentista ou pelo Técnico em Higiene Bucal (THD).

Portanto, os procedimentos de Manipulação do Material Odontológico deve obedecer, rigorosamente, todas as recomendações dos fabricantes quanto a sua dosagem e a manipulação, pois o inadequado procedi-mento poderá influenciar na resistência e nas proprie-dades dos materiais, tais como a resistência.

REVISÃO DA LITERATURA

No Curso de Graduação, em Odontologia, os con-teúdos programáticos das disciplinas laboratoriais orien-tam os alunos quanto às propriedades e a manipulação correta dos materiais restauradores, destacando a ne-cessidades da observância às instruções dos fabrican-tes.

O objeto destas ponderações visa atingir e obter, como resultado final, as propriedades físicas, químicas, biológicas e mecânicas, tendo como meta final o suces-so do tratamento dental e a saúde bucal.

Fato a destacar que, na rotina dos consultórios, até o presente momento, o Amálgama é um dos mate-riais restauradores mais utilizado no tratamento das le-sões de cárie.

Tem sido demonstrado que as propriedades físi-cas e mecânifísi-cas do Amálgama são influenciadas por vários fatores, e dentre este se destacam: a manipula-ção; a dosagem (relação liga / mercúrio); o tempo de tri-turação e a pressão de condensação.

Em relação ao Amálgama, clinicamente, é muito importante determinar esses fatores de que interferen-tes, especialmente aqueles que tem efeito marcante em suas propriedades, tais como o isolamento do campo de atuação (JOKSTAD e MJOR, 1990).

Em relação ao uso do isolamento absoluto e a Técnica de Restauração. Mas, dentre todos os fatores, segundo NAKAI et al. (1970), o mais significante é a pressão de condensação sobre os materiais.

Para OHASHI (1981), a pressão de condensação é um fator de manipulação extremamente importante para o Amálgama composto de ligas do tipo limalha, mas não para as ligas esféricas

Quanto a manipulação do material restaurador o Cirurgião-Dentista pode influenciar nas propriedades (SPANAUF et al., 1976).

Os trabalhos de LETZEL et al. (1987) e JOKSTAD e MJOR (1990) demonstraram que os operadores têm podem influenciar sobre a integridade marginal da res-tauração.

Para OSBORNE et al (1977) a resistência à com-pressão do Amálgama aumenta a medida que o tempo de trituração e a pressão de condensação aumentam.

Os cimentos odontológicos, que são materiais restauradores muito utilizados na prática clínica diária, sendo geralmente apresentados na forma de pó / líquido e são manipulados por 6 a 8 minutos manualmente até alcançar uma consistência de pasta para formar uma massa friável.

As proporções relativas de pó e de líquido são dispensadas com a ajuda de dosadores e esse volume é extremamente dependente do operador (FLEMING et al., 1999).

A maneira como o operador proporciona as gotas de líquido com o conta-gotas também depende da incli-nação do frasco. (FLEMING et al., 1999)

Cumpre ressaltar que a forma e a força de mani-pulação, no momento da manipulação dos Materiais Odontológicos são também outros fatores que depen-dem dos operadores.

Infelizmente, as técnicas de manipulação empre-gadas na manipulação de muitos materiais restaurado-res Odontológicos na atividade clínica muitas vezes

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dife-rem daquelas recomendadas pelo fabricante para pro-duzir materiais com propriedades padronizadas pode al-terar co resultado final (FLEMING et al., 1999)

Na tentativa de padronizar a Técnica de Manipu-lação dos Materiais Odontológicos alguns fabricantes disponibilizaram os cimentos odontológicos em cápsulas (dosagem padronizada).

Estudo realizadas visando a comparar o cimentos fosfato de zinco encapsulados e sua manipulação me-cânica com o cimento convencional e sua manipulação manual, demonstrou que o cimento encapsulado apre-sentou-se com menor resistência à compressão e sua matriz extremamente porosa (FLEMING et al, 2002).

Para FLEMING et al (1999 e 2001), o cimento de fosfato de zinco é o cimento mais suscetível à variáveis de manipulação e o mais difícil de ser preparado.

O Cimento de Óxido de Zinco e Eugenol (ZOE) é o mais indica para a correta adequação do meio bucal, como meta de início de tratamento, antes da realização do tratamento restaurador definitivo.

A correta manipulação dos Materiais cos contribui para o sucesso do Tratamento Odontológi-co, por isso a observação das recomendações dos fa-bricantes de ser criteriosamente obedecida.

Um dos fatores críticos de sucesso é a a manipu-lação do Material Odontológico há necessidade de veri-ficar se existe interferência na resistência do material em função do operador estando relacionado com a habi-lidade manual e o tempo de experiência profissional.

PROPOSIÇÃO

Portanto existe a necessidade de verificar de veri-ficar se existe interferência da performance do operador na manipulação do material restaurador (Cimento Fosfa-to de Zinco; CimenFosfa-to Óxido de Zinco e Eugenol e Amál-gama) e a relação entre habilidade manual e tempo de experiência com o material..

MATERIAL E MÉTODOS

Para a realização desse trabalho de pesquisa la-boratorial foram utilizados os seguintes materiais que estão listados na Tabela 1 (Nome do Material e Procedência).

TABELA 1- Materiais Restauradores Odontológicos e as Pro-cedências.

Materiais Procedências Cimento Fosfato de Zinco (SSWhite

Rio de Janeiro - Brasil); Cimento de Óxido de Zinco e

Euge-nol

(SSWhite

Rio de Janeiro - Brasil) Amálgama em cápsulas GS-80- SDI

Victoria - Austrália

Empregou-se o amalgamador mecânico (Astronmix - Dabi Atlante - Ribeirão Preto - SP - Brasil) para o Amálgama.

Para participar, voluntariamente, foram seleciondos, aleatoriamente, operadores (agentes) conforme a-presentado a relação dos participante expressos na Ta-bela 2.

Na tabela 2 constam dos seguintes participantes voluntários:

- Alunos do Curso de Graduação em Odontolo-gia;

- Técnico em Higiene Dental - Cirurgião-Dentista (Profissional)

TABELA 2- Agentes Operadores*

Agentes (Operadores)s Quantidades Aluno do 10. Ano – Odontologia (I) 1 Aluno do 20. Ano – Odontologia (II) 1 Aluno do 30. Ano – Odontologia (III) 1 Aluno do 40. Ano – Odontologia (Iv) 1 Técnico em Higiene Dental (THD) 1 Cirurgião- Dentista - Clínico Geral (CD) 1 *“Participação voluntária

No laboratório, durante a manipulação dos cimen-tos, foram observados os tempos gasto para realizarem a manipulação de cada porção, a área da placa utilizada para a mistura e se as quantidades de pó e líquido fo-ram respeitadas.

No ato da condensação do amálgama na matriz, foi observada a forma de utilização do condensador de amálgama e se todo o material foi utilizado para obten-ção das amostras.

Ao término da manipulação dos materiais, as ma-trizes eram preenchidas completamente.

Após o tempo de presa do cimento e o tempo de cristalização do amálgama, todos foram retirados das matrizes e para que todos os corpos-de-prova apresen-tassem bases paralelas evitando pontas ou qualquer ir-regularidade que pudesse favorecer a sua ruptura, suas extremidades foram regularizadas com uma lixa (lixa d'água 200). Em seguida, os corpos-de-prova foram submetidos a cargas de compressão (500 KgF), com ve-locidade de 1mm/min, em uma máquina universal de ensaios (EMIC - São José dos Pinhais - PR - Brasil)

A cada um dos operadores (Agente) foi solicitado que manipulasse os materiais odontológicos “à sua ma-neira”, e a única exigência feita foi que todos utilizas-sem os mesmos instrumentais e materiais.

Foram respeitarem a proporção definida pelos pesquisadores e o tempo de trituração do amálgama pe-lo amalgamador (7 segundos). Cumpre salientar que, para a padronização das proporções, foram obedecidas às orientações dos fabricantes dos materiais odontológi-cos.

Para a obtenção dos corpos-de-prova com os ci-mentos, foi utilizada uma matriz de teflon medindo 1 cm de altura e 6 mm de diâmetro. Para obtenção dos cor-pos-de-prova com amálgama, foi utilizada uma matriz plástica medindo 1 cm de altura e 5mm de diâmetro.

Cada operador participante do trabalho obteve cinco corpos-de-prova de cada material.

RESULTADOS

Para interpretação dos resultados houve a neces-sidade da confecção de um “ Protocolo de Avaliação”,

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Os resultados foram anotados em protocolos de pesquisa para confecção das Tabelas e Gráficos para a análise e interpretação dos resultados.

Após a aplicação da carga em todos os corpos realizou-se o cálculo das médias para cada operador (participantes da pesquisa ´laboratorial).

Os valores das obtidos foram submetido a testes estatísticos (ANOVA/TUKEY - nível de significância de 5% - p < 0,05).

Os resultados podem ser observados nos Qua-dros 1 a 3 e a suas correspondências gráficas (Gráfi-cos 1 a 3).

Fosfato de Zinco

A avaliação do Cimento Fosfato de Zinco a-pós sua manipulação e avaliação encontra-se no Quadro 1 e no Gráfico 1.

Quadro 1 – Valores das Médias (MPa) da Resistência à Com-pressão do Cimento Fosfato de Zinco – Agentes: Alunos (I a IV); THD e Cirurgião-Dentista

Agentes Médias – MPa (Desvio Padrão) I 38,35 (±13,21) a II 20,87 (±11,45) a,b III 14,42 (±3,42) b IV 31,28 (±15,02) a,b THD 16,50 (±6,53) b Cirurgião-Dentista 19,14 (±9,80) a,b

Letras iguais indicam ausência de diferença estatisticamente signifi-cante (p > 0,05). Letras diferentes indicam diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05).

Gráfico 1 - Representação gráfica dos resultados obtidos no ensaio de resistência à compressão do Cimento de Fosfato de Zinco manipulado por diferentes operadores

Pode-se observar na Tabela 1 e no Gráfico 1 que não existiu uma unanimidade das médias vari-ando de 38,35 a 14,42 MPa, pondervari-ando pela ana-lise estatística.

Cimento Fosfato de Zinco

O Cimento Fosfato de Zinco após sua mani-pulação pelos agentes e a avaliação encontra-se no Quadro 2 e no Gráfico 2.

Quadro 2 – Valores das Médias (MPa) da Resistência à Com-pressão do cimento fosfato de zinco – Agentes: Alunos (I a IV); THD e Cirurgião-Dentista

Agentes Médias (Desvio Padrão) I 8,26 (±1,65) a,b II 14,63 (±5,89) a III 10,40 (±3,81) a,b IV 8,39 (±3,85) a,b THD 15,26 (±5,56) a Cirurgião-Dentista 4,15 (±1,07) b

Letras iguais indicam ausência de diferença estatisticamente

signifi-cante (p > 0,05). Letras diferentes indicam diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05)

Gráfico 2: Representação gráfica correspondente a avaliação do Cimento Fosfato de Zinco.

A Tabela 2 e o Gráfico 2 apresentam total unanimidade das médias (4,15 a 14,63 MPa).

Amálgama

O Amálgama após a sua manipulação e a avaliação está no Quadro 3e no Gráfico 3

Quadro 3 – Valores das Médias (MPa) da Resistência à Com-pressão do Amálgama e os Agentes

Agentes Médias (Desvio Padrão) I 82,40 (±17,39) a,b II 36,38 (±16,80) a III 87,19 (±28,34) b IV 98,18 (±38,16) b THD 86,99 (±12,32) b Cirurgião-Dentista 73,81 (±18,46) a,b

Letras iguais indicam ausência de diferença estatisticamente signifi-cante (p > 0,05).. Letras diferentes indicam diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05).

Observar na Tabela 3 e no Gráfico 3 que não existiu uma unanimidade das médias, variando de 82,40 a 36,38 MPa, conforme as ponderações rea-lizada pela análise estatística.

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Gráfico 3: Representação gráfica correspondente a avaliação das Médias (MPa) da Resistência à Compressão do Amálga-ma e os Agentes

DISCUSSÃO

Analisando as médias de resistência à com-pressão para o cimento de fosfato de zinco verifi-cou-se que a maior resistência à compressão ocor-reu quando o cimento foi manipulado por um aluno do 1º ano, sendo que, esse resultado foi estatisti-camente semelhante aos resultados obtidos com alunos dos 2º e 4º anos e o clínico.

Houve diferenças estatisticamente significan-tes entre os alunos do 1º e 3º anos além do THD. Além disso, os valores para desvio-padrão apre-sentaram-se muito altos, o que demonstra que pa-ra o mesmo opepa-rador não houve uma homogenei-dade nos corpos-de-prova.

Com relação ao cimento de óxido de zinco e eugenol, o pior desempenho quanto à resistência à compressão ocorreu quando a manipulação foi rea-lizada pelo clínico.

Esse resultado foi estatisticamente seme-lhante aos resultados obtidos quando o cimento foi manipulado por alunos do 1º, 3º e 4º anos, apesar de numericamente obterem valores numéricos maiores.

O maior valor para resistência à compressão ocorreu quando o cimento de óxido de zinco e eu-genol foram manipulados pela THD, seguido do a-luno do 2º ano, resultados semelhantes estatisti-camente. Para o amálgama, o pior desempenho fi-cou com o aluno do 2º ano, de forma que o materi-al apresentou vmateri-alores de resistência à compressão muito inferior aos demais agentes condensadores. O maior valor de resistência à compressão ocorreu quando o material foi condensado pelo aluno do 4º ano. Estatisticamente, esses valores foram seme-lhantes aos valores encontrados para os demais agentes, com exceção do aluno do 2º ano. Mais uma vez, os desvios-padrão registrados para esse material foram altos, o que determina heterogenei-dade na obtenção dos corpos-de-prova. resistente.

Há anos, várias tentativas têm sido feitas para correlacionar resultados obtidos em traba-lhos laboratoriais às situações clínicas.

Gráfico 3 - Representação gráfica dos resultados obti-dos no ensaio de resistência à compressão do Amálga-ma. Porém, nesses estudos, muitas propriedades são estudadas sem considerar os operadores co-mo um fator que poderiam influenciar essas propri-edades.

A habilidade manual do operador pode in-terferir nas propriedades finais dos materiais.

O cimento de fosfato de zinco é um mate-rial apresentado na forma de pó e líquido que devem ser manipulados de maneira criteriosa pois suas propriedades sofrem a interferência da técnica de manipulação (FLEMING et al, 1999).

A técnica de manipulação do cimento de fos-fato de zinco envolve a adição incremental de pó sobre o líquido, em um período de 90 segundos, de forma que, após a sua manipulação, a massa plástica resultante deveria se apresentar com par-tículas não reagidas de óxido de zinco. Entretanto, se durante a espatulação, força insuficiente for a-plicada para a manipulação, aglomerados de par-tículas de óxido de zinco, sem formação de matriz, se formarão na massa plástica produzindo um ma-terial poroso, o que determinaria uma menor resis-tência à compressão.

A mesma observação vale para o cimento de óxido de zinco e eugenol, material muito versá-til e muito uversá-tilizado na clínica odontológica. Sua manipulação de forma descuidada proporciona, após sua presa final, um material também poroso e que tem sua solubilidade aumentada. Os resul-tados enfatizam a visão de que uma resistência à compressão proporciona uma avaliação da quali-dade do cimento. Os Cimentos de fosfato de zinco com resistência à compressão menor que 70MPa foram classificados como insatisfatórios e deficien-tes (FLEMING et al, 1999) de forma que não a-presentam propriedades físicas, mecânicas e bio-lógicas ótimas para sua utilização.A degradação marginal de uma restauração de amálgama tam-bém depende do operador que a realiza. O meca-nismo dessa dependência não está bem estabele-cido (JOKSTAD, MJOR, 1990).

O objetivo da condensação é forçar o amál-gama para dentro da cavidade de forma a adaptá-lo às paredes cavitárias.

Além disso, diminui a porosidade e o conte-údo de mercúrio residual da restauração. Assim, sugere-se que a condensação do material pode ser um importante fator para a ocorrência dessa falha.

As diferenças com relação ao operador não são dependentes do tipo de condensador utilizado (LETZEL et al, 1987). Estão relacionados à força

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de condensação (OSBORNE et al, 1977). Um aumento de 4% na porosidade pode causar uma redução na resistência à compressão na ordem de 50% e um amálgama com 25% de porosidade tem somente 5% da resistência à compressão de um material não poroso (JORGENSEN, 1983).

Este trabalho partiu da premissa que quanto maior o tempo de experiência com o material, ou seja, quanto maior seu treinamento, mais habili-dade manual seria desenvolvida pelo operador e, conseqüentemente, obter-se-ia materiais com me-lhores propriedades.

Nos cursos de Odontologia, a disciplina que proporciona o primeiro contato dos alunos com esses materiais é a Disciplina de Materiais Dentá-rios, geralmente, ministrada nos primeiros dois anos do curso. O trabalho objetivava verificar se o conteúdo aprendido no início do curso estava sendo considerado nos anos seguintes da forma-ção do aluno.Conforme os resultados encontra-dos, pôde-se verificar que o clínico, que teorica-mente apresentava mais experiência na manipu-lação de todos os materiais, não proporcionou os melhores resultados de resistência à compressão para nenhum dos materiais, indicando não haver relação entre experiência x habilidade.

Porém, quanto ao aprendizado, verifica-se bons resultados de resistência à compressão do cimento fosfato de zinco e amálgama quando tra-balhados por alunos do primeiro ano indicando cuidado na manipulação dos materiais por parte desses alunos, indicando que o conteúdo da dis-ciplina de Materiais Dentários ainda era conside-rado no momento em que era solicitado. Houve uma exceção com relação ao cimento de óxido de zinco e eugenol.

Este apresentou uma resistência à com-pressão baixa quando manipulado por esses alu-nos, com valores maiores somente aos valores obtidos quando o material foi manipulado pelo clí-nico. Há de se considerar que esse material não apresenta recomendações rígidas quanto a dosa-gem, de maneira que o pó que o compõe freqüen-temente é incorporado a uma quantidade de líqui-do adequada até atingir uma consistência boa pa-ra o procedimento manual. Quanto maior a quan-tidade de pó incorporada mais resistente é o ma-terial, sendo que sua resistência à compressão pode variar de 3 a 55 MPa, dependendo do uso a que se destina (ANUSAVICE, 2005).

Dessa forma, a manipulação pode variar se-gundo a conveniência do operador, o que poderia explicar os resultados encontrados. Esta pesquisa foi de fundamental importância para destacar a importância da manipulação dos matérias odonto-lógicos: Cimento Fosfato de Zinco; Cemento de Zinco e Eugenol e o Amálgama.

CONCLUSÃO

Nesta pesquisa laboratorial conclui:

1. Existe interferência de atuação do opera-dor na manipulação de cimentos de fosfato de zin-co e de óxido de zinzin-co e eugenol e na zin- condensa-ção do amálgama entre o aluno e o Cirurgião-Dentista.

2. Existe diferença estatisticamente diferente em relação às habilidades manuais entre os alu-nos.

3. Observa-se que existe diferença em rela-ção o tempo de experiência profissional (cirurgião-dentista) para manipulação dos materiais odonto-lógicos.

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ENDEREÇO (Address)

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14040 - 904 - Ribeirão Preto - SP BRASIL E-mail: ferpanzeri@forp.usp.br Fone: +55 (016) 2602 40 81 Recebido: 12/08/2006 Correção do Relator: 15/08/2006 Reformulado: 20/09/2006 Aceito: 25/08/2006 Publicação Online: 03/11/2006

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