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Marília Ramalho Domingues Nessralla Mestranda em Educação Tecnológica CEFET MG

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Academic year: 2021

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EDUCAÇÃO PROFISSIONAL COM A EDUCAÇÃO BÁSICA NA  MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE J OVENS E ADULTOS.  Marília Ramalho Domingues Nessralla  Mestranda em Educação Tecnológica  CEFET­MG  I. Intr odução 

Este  artigo  analisa  o  impacto  da  implantação  do  Programa  Nacional  de  Integração  da  Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e  Adultos –PROEJA­ instituído em âmbito federal, via Decreto Nº 5.840/2006. 

O  lócus  de  investigação  é  um  campus  de  uma  Instituição  Federal  de  Educação  Profissional e Tecnológica. 

Os procedimentos metodológicos utilizados foram estudo de caso, englobando os dados  do Processo Seletivo da instituição, referentes ao período de 2005 a 2008, ou seja, dois  anos anteriores e posteriores à implantação do Programa e análise do discurso dos textos  oficiais, quais sejam Decretos N os 5.840/2006, 5.478/2005 e 2.208/1997, os Documentos  Base  PROEJA  2005  e  2007  e  o  Relatório  do  Planejamento  Estratégico  do  PROEJA  2007. 

De acordo com os dados apresentados nos Documentos­Base do PROEJA, apenas 13%  do  total  da  população  brasileira  havia  concluído  o  ensino  médio  em  2003.  Assim,  o  PROEJA  objetiva  a  universalização  da  educação  básica,  aliada  à  formação  para  o  mundo  do  trabalho,  com  acolhimento  específico  a  jovens  e  adultos  com  trajetórias  escolares  descontínuas.  A  opção  pela  Rede  Federal  de  Educação  Profissional  e  Tecnológica  deu­se  pelo  fato  da  baixa  expectativa  de  inclusão  de  jovens  de  classes  populares  entre  os  atendidos  pelo  sistema  público  de  educação  profissional,  e  às  experiências  já  desenvolvidas  em  educação  profissional  com  jovens  e  adultos  por  algumas instituições da Rede. ( PROEJA, Documento Base, 2007 ). 

No  entanto,  a  procura  desse  público por  essa  modalidade  de  curso têm  sido  inferior  à  oferta de vagas da instituição. 

Dessa  forma,  este  artigo  busca  contribuir  com  a  análise  da  questão,  apresentando  os  seguintes  questionamentos:  em  termos  de  inclusão/  exclusão,  houve  avanços  com  a

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mudança  da  legislação?  Quais  hipóteses  são possíveis  de  se  levantar?  O  que os dados  apresentados demandam em termos de investigação futura? 

II. Histór ico do PROEJ A 

É importante salientar que o Decreto Nº 2.208/1997, ao regulamentar o parágrafo 2º do  artigo 36 e os artigos 39 a 42 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, define  que  “a  educação  profissional  de  nível  técnico  terá  organização  curricular  própria  e  independente  do  ensino  médio,  podendo  ser  oferecida  de  forma  concomitante  ou  seqüencial  a  este.”  Dessa  forma,  ficou  impossibilitada  a  oferta  do  ensino  técnico  articulado 1 ao ensino médio.  As críticas a  esse Decreto voltavam­se para  o seu caráter  dual, o qual reforçou a tradição da dualidade histórica brasileira do sistema de educação  básica:  cursos  técnicos  profissionalizantes  para  a  classe  trabalhadora  e  formação  propedêutica para a elite. 

Com a revogação do Decreto Nº 2.208/1997 e a  publicação do Decreto Nº 5.154/2004  que possibilita  a oferta  do curso integrado e que, de acordo com Frigotto (2005),  esse  Decreto  foi  um  compromisso  do  governo  do  presidente  Lula  com  os  educadores  progressistas,  a  escola,  consoante  com  o  seu  Plano  de  Desenvolvimento  Institucional  (PDI,  2006),  reinicia  a  oferta  da  Educação  Profissional  Técnica  de  nível  médio  integrada 2 ao ensino médio no turno diurno, mantendo a modalidade de concomitância  externa 3 no noturno. 

Com  a  publicação  do  Decreto  Nº  5.478/2005,  institui­se,  no  âmbito  das  instituições  federais  de  educação  tecnológica, o  Programa  de  Integração  da  Educação  Profissional  ao Ensino Médio na  Modalidade de  Educação de Jovens e  Adultos – PROEJA, o qual  estabelece em seu artigo 2º que 

Os  cursos  de  educação  profissional  integrada  ao  ensino  médio,  no  âmbito  do  PROEJA  serão  ofertados  obedecendo  ao  mínimo  inicial  de  dez  por  cento  do  total  das  vagas  de  ingresso,  tendo  como  referência  o  quantitativo de vagas do ano anterior. (Decreto Nº 5.478/2005).  1  Emprega­se o termo articulado em função da indicação do artigo 40 da LDB 9394/96 para que se  estabeleça a articulação entre educação profissional técnica e ensino médio.  2  Essa nomenclatura refere­se à determinação da Resolução CNE/CEB Nº 1, de 03 de fevereiro de 2005.  3  Concomitância externa: curso técnico oferecido aos alunos matriculados no ensino médio em outras  escolas.

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O Decreto Nº 5.840/2006, que revogou o Decreto Nº 5.478/2005, manteve em seu artigo  2º  essa  mesma  exigência,  ao  definir  que  “As  Instituições  Federais  de  educação  profissional  deverão implantar cursos e programas regulares de  PROEJA  até o ano de  2007”. 

No seu parágrafo 1º, o Decreto Nº 5.840/2006 estabelece que 

As  instituições  referidas  no  caput  disponibilizarão  ao  PROEJA,  em  2006,  no  mínimo  dez  por  cento  do  total  das  vagas  de  ingresso  da  instituição, tomando como referência o quantitativo de matrículas do  ano anterior, ampliando essa oferta a partir do ano  de 2007. (Decreto  Nº 5.840/2006). 

Portanto,  apesar  de  nas  duas edições  do  Documento  Base  (2005  e  2007) do PROEJA  constar que “O Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, convida ( grifo  meu)    a  Rede  Federal  de  Educação  Profissional  e  Tecnológica  para  atuar  como  referência  na  oferta  do ensino médio integrado à educação profissional  na  modalidade  EJA”,  a instituição teve que se adequar às exigências do novo Decreto. 

Conforme  esclarecido  anteriormente,  o  Decreto  Nº  5.478/2005  foi  revogado  pela  promulgação  do  Decreto  Nº  5.840/2006,  o  qual  trouxe  algumas  mudanças  para  o  programa,  tais  como  a  inclusão  do  ensino  fundamental  e  a  admissão  dos  sistemas  de  ensino  estaduais  e  municipais  e  entidades  privadas  nacionais  de  serviço  social,  aprendizagem  e  formação  profissional,  vinculadas  ao  sistema  sindical  (  “Sistema  S”),  passando  a  ser  denominado  Pr ograma  Nacional  de  Integr ação  da  Educação  Pr ofissional  com  a  Educação  Básica  na  Modalidade  de  Educação  de  J ovens  e  Adultos. ( PROEJA, Documento Base, 2007). 

Outro  aspecto  importante  que  o  Decreto  Nº 5.840/2006  alterou  foi  a  carga  horária  do  curso,  estabelecendo em seu artigo 4º que “Os cursos de educação profissional técnica  de  nível  médio  do  PROEJA  deverão contar  com carga horária mínima de  duas  mil  e  quatrocentas  horas”,  (grifos meus), enquanto que o  Decreto Nº 5.478/2005 estabelecia  em  seu  artigo 4º que  “  Os  cursos de  educação profissional  técnica  de  nível  médio,  no  âmbito  do  PROEJA,  deverão  contar  com  carga  horária  máxima  de  duas  mil  e  quatrocentas horas”(grifos meus).  No que diz tange à carga horária específica de cada  área, o Decreto Nº 5.840/2006 assegura , em seu artigo 4º, incisos I e II “ a destinação  de,  no  mínimo,  mil  e  duzentas  horas  para  a  formação  geral  e  a  carga  horária  mínima  estabelecida  para  a  respectiva  habilitação  profissional  técnica.”  No  caso  específico  da  instituição estudada, os cursos oferecidos possuem,  no mínimo, 1200 horas, de  acordo

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com a Resolução CNE/CEB Nº 04/99, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais  para a Educação Profissional de Nível Técnico. 

Essa  mudança  foi  importante  porque  possibilitou  à  instituição  manter  uma  matriz  curricular similar ao curso integrado diurno, pois a carga horária total desses cursos é de  3700  horas,  mais  480  horas  de  estágio  orientado  da  profissão.  Para  a  implantação  do  PROEJA,  o  curso  conta  com  carga  horária  de  3300  horas,  mais  a  carga  horária  específica do estágio. 

Outra  diferença  do  Decreto  Nº  5.840/2006  em  relação  ao  Decreto  Nº  5.478/2005  é  a  possibilidade de oferta da modalidade concomitante, pois o Decreto anterior só  abria a  possibilidade  para  a oferta  da  modalidade  integrada. Tal  indicação  de  ofertas variadas  de modalidade também é  assegurada pelo Decreto Nº 5.154/2004. 

Anterior  a  esses  Decretos,  o  Parecer  CNE/CEB  11/2000,  que  trata  das  Diretrizes  Curriculares  Nacionais  para  a  Educação  de  Jovens  e  Adultos,  enfatiza  a  função  reparadora,  equalizadora  e  qualificadora  da  EJA­  Educação  de  Jovens  e  Adultos.  De  acordo com esse Parecer, a EJA possui função reparadora por ser 

não só a entrada no circuito dos direitos civis pela restauração de um  direito  negado:  o  direito  a  uma  escola  de  qualidade,  mas  também  o  reconhecimento  daquela  realidade  ontológica  de  todo  e  qualquer  ser  humano; 

sua  função é equalizadora com vistas a garantir 

a  reparação  corretiva,  ainda  que  tardia,  de  estruturas  arcaicas,  possibilitando  aos    indivíduos  novas  inserções  no  mercado  do  trabalho,  na  vida  social,  nos  espaços  da  estética  e  na  abertura  dos  canais de participação; 

sua  função  qualificadora,  que [...]  “é  o  próprio  sentido  da  EJA[...].  Ela  é  um  apelo  para  a  educação  permanente  e  criação  de  uma  sociedade  para  o  universalismo,  a  solidariedade,  a  igualdade e a diversidade.” ( Parecer CNE/CEB 11/2000). 

A perspectiva descrita nesse Parecer também é encontrada nos princípios do Documento  Base do PROEJA, quais sejam a inclusão da população de jovens e adultos nas ofertas  educacionais  da  Rede  Federal  de  Educação  Profissional  e  Tecnológica;  a  inserção  orgânica  da  modalidade  EJA  integrada  à  educação  profissional  nos  sistemas  educacionais  públicos,  a  ampliação  do direito  à  educação básica,  pela  universalização  do ensino médio; o trabalho como princípio educativo; a pesquisa como fundamento da

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formação  e  as  condições  gerenciais,  de  gênero,  de  relações  étnico­raciais  como  fundantes da formação humana e dos modos como se produzem as identidades sociais.(  PROEJA, Documento Base, 2007). 

III. Inclusão no plano for mal e de fato 

Em atendimento, portanto,  à  nova legislação educacional,  a  unidade passa  a ofertar 40  vagas  para  a  Educação  Profissional  Técnica  Integrada  de  Nível  Médio  para  Jovens  e  Adultos  no  curso  de  Edificações  a  partir  de  2007.  É  importante  salientar  que,  no  ano  anterior, o departamento de  ensino da unidade realizou uma pesquisa  nas duas escolas  da  cidade  que  desenvolvem  a  educação  de  jovens  e  adultos  de  forma  presencial  e  regular, incluindo, na enquete, a opção pelo curso mais desejado pelos alunos, conforme  estabelece o Decreto Nº 5.840/2006, art. 5º, § único: 

As  áreas  profissionais  escolhidas  para  a  estruturação  dos  cursos  serão,  preferencialmente,  as  que  maior  sintonia  guardarem  com  as  demandas  de  nível  local  e  regional,  de  forma  a  contribuir  com  o  fortalecimento  das  estratégias  de desenvolvimento socioeconômico  e  cultural. ( Decreto 5840, 2006) 

Em  uma  dessas  escolas,  o  curso  de  edificações  aparece  como  o  segundo  de  maior  interesse  dos  alunos.  No  entanto,  quando  são  abertas  as  inscrições,  o  número  de  candidatos  é  inferior  ao número de  vagas  ofertadas.  Observa­se  que,  anteriormente  ao  Decreto Nº 5.840/2006, ou seja, na vigência do Decreto Nº 2.208/1997, quando o curso  não  era  oferecido  na  modalidade  integrada,  o  número  de  candidatos  era  superior  ao  número de  vagas  ofertadas,  conforme  demonstram  os  dados da  Comissão  Permanente  de  Vestibular  da  Instituição  –  COPEVE,  compilados  no  quadro  abaixo.  A  título  de  comparação,  foram  inseridos  os  dois  anos  anteriores  e  os  dois  anos  posteriores  à  implantação do PROEJA. 

Conforme pode­se observar, em 2005, a relação candidato/vaga foi de 3,28 %, passando  para 1,97% em 2006, e reduzindo para 0,8% em 2007 e 0,85% em 2008. 

No  mesmo quadro,  foi  acrescentada  a  relação  candidato/vaga  do  Processo  Seletivo  de  Transferência para a 2ª Série dos Cursos da Educação Profissional Técnica Integrada de  Nível  Médio  no  turno  noturno  que,  conforme  consta  no  Edital  Nº  020/2008  da  Instituição,  foi  realizado  “visando  regulamentar  o  preenchimento  de  vagas  existentes  nos  cursos  da  Educação  Profissional  Técnica  Integrada  de  Nível  Médio...  geradas  por

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desistência, transferência, desligamento ou abandono de cursos.” Observa­se, portanto,  uma  importante  iniciativa  da  instituição  em  sanar  o  problema  das  vagas  ociosas  nos  cursos integrados ofertados.  Processo Seletivo  Relação Candidato / Vaga ( %)  Ano  2005  2006  2007  2008  2008  Concomitância  Externa  3,28  1,97  ______  _______  _______  PROEJA/Integrado  Noturno  ______  _______  0,8  0,85  ______  Modalidade/  Curso de  Edificações  PROEJA –  Processo Seletivo  de Transferência  para a 2ª série  ______  _______  ______  ______  1,l4  Fonte: Comissão Permanente de Vestibular.  Cumpre esclarecer que a Instituição optou pela mudança no nome PROEJA para curso  técnico noturno, conforme Resolução CE 152/06, de 14/12/2006.  Nota­se uma procura maior pelo curso – 1,14 candidatos/vaga, no Processo Seletivo de  Transferência  para  a  2ª  Série,  superando,  assim,  a  oferta.  Pergunta­se,  então,  o  que  levou essas pessoas a procurarem mais o curso a partir da segunda série? 

Analisando­se o perfil dos 28 alunos ingressantes na segunda série do curso, obtêm­se  os seguintes dados: 

Gr au  de  escolar idade  dos  alunos  ingr essantes  no  Pr ocesso  Seletivo  de  Tr ansfer ência  par a  a  2ª  série/  2008­  PROEJ A 

Númer o  de  alunos 

ingr essantes: 28  %   1ª série  03  10,7  2ª série  10  35,7  3ª série  01  3,6  Ensino Médio Completo  13  46,4  Curso Superior  01  3,6  Fonte: Setor de Registro Escolar

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Observa­se,  portanto,  que  dos  alunos  ingressantes  no  Processo  Seletivo  para  a  2ª  série/2008, apenas três alunos, que correspondem a 10,7%  possuem a 1ª série; os outros  alunos  já  concluíram a  2ª  série  – 35,7%, ou a 3ª  série  –  3,6%, sendo que  a  maioria  já  possui o ensino médio completo – 46,4%. Cumpre salientar a presença de um aluno que  tem curso superior, o que corresponde a 3,6%. 

Importa,  em  termos  deste  estudo,  esclarecer  que  o  perfil  dos  ingressantes  para  a  primeira  série  desta  mesma  turma,  ou  seja,  quando  da  implantação  do  PROEJA  em  2007, era o seguinte: 

Gr au  de  escolar idade  dos  alunos  ingr essantes  no  Pr ocesso Seletivo  do  1º  Semestr e Letivo de 2007/ 1ª Sér ie 

Númer o  de  alunos 

ingr essantes: 30  %  

Ensino Fundamental  15  50 

Ensino Médio Completo  14  46,7 

Curso Superior  01  3,3 

Fonte: Núcleo de Apoio ao Ensino: Perfil dos Ingressantes – PROEJA/2007. 

Observa­se,  assim,  que  50%  dos  alunos  ingressantes  possuem  apenas  o  ensino  fundamental,  ou  seja,  é  o  grau  de  escolaridade  exigido para  o  ingresso  nos  cursos  de  educação profissional técnica de nível médio. No entanto, 14 alunos, que correspondem  a  46,7%  já  possuem  ensino  médio  completo,  e  01  aluno,  que  corresponde  a  3,3%  já  possui curso superior. 

Analisando­se  esses  dados,  pergunta­se:  é  esse  o  público  para  o  qual  se  destina  o  PROEJA? 

De acordo com o Documento Base do PROEJA, “segundo dados da Pesquisa Nacional  por Amostra de Domicílios ( PNAD/ IBGE), em 2002, o Brasil possuía 23.098.462 de  jovens  com  idade  entre  18  e  24  anos...  apenas  5.388.869,  cerca  de  23,3%  dos  jovens  dessa  faixa  etária  tinham  emprego  no  mercado de  trabalho  formal  no  mesmo  ano.”  O  documento  ainda  analisa  que,  em  2003,  de  acordo  com  os  dados  de  escolaridade  da  PNAD/IBGE 2003,  “  cerca de 23 milhões de  pessoas possuíam 11 anos de  estudo,  ou  seja, haviam concluído o ensino médio.  Esse contingente representava apenas 13% do  total  da  população  do  país.  Dessa  forma,  o  PROEJA    tem  por  objetivo  contemplar  a  educação de jovens e adultos como política pública de educação continuada, prevendo a

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elevação da  escolaridade  com profissionalização,  com  vistas  a  um projeto  nacional  de  desenvolvimento  soberano  frente  aos  desafios  de  inclusão  social  e  da  globalização  econômica, sendo imprescindível, portanto, a universalização da educação básica, aliada  à  formação para  o  mundo do trabalho,  com  acolhimento  específico  a  jovens  e  adultos  com trajetórias escolares descontínuas, tendo como horizonte a condição humanizadora  da educação, que não se restringe a “tempos próprios” e “faixas etárias”, mas se faz ao  longo da vida. Por esse entendimento, não se pode subsumir a cidadania à  inclusão no  “mercado de trabalho”, mas assumir a formação do cidadão que produz, pelo trabalho, a  si e o mundo ( PROEJA, Documento Base, 2007). 

Aproximando­se  das estatísticas oficiais,  a  faixa  etária  da  maioria  dos  ingressantes  na  primeira turma do PROEJA em 2007 na instituição estudada,  conforme se observa pela  tabela abaixo, foi 80%, englobando os alunos com menos de 20 anos e de 20 a 25 anos.  Já  para  os  ingressantes  pelo  Processo  Seletivo  de  Transferência  para  a  2ª  série,  a  porcentagem para  a  faixa  etária com menos de 20 anos e de 20 a 25 anos foi de 55%.  Vale  esclarecer  que  o  número  de  alunos  se  refere  ao  número  de  respondentes  do  questionário aplicado pelo Núcleo de Apoio ao Ensino da unidade, e não exatamente ao  número de alunos da turma. 

Ano de Ingr esso / Númer o de Alunos 

Faixa Etár ia  2007  Número de Alunos: 30  2008  Número de Alunos: 20  Menos de 20 anos  17  9  20 a 25 anos  7  2  26 a 30 anos  2  3  31 a 40 anos  2  5  Acima de 40 anos  2  1  Fonte: Núcleo de Apoio ao Ensino: Perfil dos Ingressantes – PROEJA /2007 e 2008.

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Para tentar compreender a baixa procura pelo curso oferecido na modalidade PROEJA,  nesse  contexto,  curso  integrado  noturno,  buscou­se  conhecer  a  taxa  de  escolarização  líquida 4 do município onde se localiza o campus da Instituição. De acordo com os dados  dos  Indicadores  Demográficos  e  Educacionais  do  Ministério  da  Educação,  a  taxa  de  escolarização  líquida,  que  identifica  o  percentual  da  população  em  determinada  faixa  etária matriculada  no nível de ensino adequado a essa faixa etária, é de 53,3% ­ dados  de  2000­  IBGE  (  MEC,  Indicadores  Demográficos  e  Educacionais,  2007).  Ou  seja,  pouco  mais  de  50%  da  população  do  município  está  na  faixa  etária  considerada  adequada para o ensino médio. Outro fator no mesmo documento que chama a atenção,  é  que  não  está  clara  a  existência  de  escolas  rurais  municipais  ou  estaduais  de  ensino  médio, o que nos leva a crer que a população do campo ainda pode estar “esquecida” no  processo de escolarização. O documento não especifica os dados quanto à população de  jovens e adultos em processo de escolarização. 

Já  os  dados  sobre  matrícula  efetiva  de  alunos  no  município/  2007  da  Secretaria  Municipal  de  Educação  mostram  que  dos  22.542  alunos  das  Redes  Municipal  e  Estadual,  816  destes,  que  correspondem  a  3,62%  estão  matriculados  em  escolas  que  oferecem educação de  jovens e  adultos nos níveis fundamental e médio.  Pelo relatório  da  Secretaria  Municipal  de  Educação,  não  existem  escolas  rurais  municipais  ou  estaduais  de  ensino  médio.  Ou  seja,  estes  dados  analisados  isoladamente  não  nos  permitem ainda compreender, de forma ampla, as razões da baixa procura pelos cursos  do  PROEJA,  tendo  em  vista  que  a  taxa  de  escolarização  líquida  do  município  ser  de  apenas 53,3%. 

IV. PROEJ A: de progr ama a política pública 

Observando­se a história educacional brasileira, percebe­se que a legislação educacional  está  sempre  baseada  em  decretos.  Nos  últimos  dez  anos,  a  legislação  educacional  referente  à  educação profissional  passou por muitas mudanças. A maior delas, alvo de 

Taxa de Escolar ização Líquida: Trata­se de um indicador  do Instituto Brasileiro de  Geografia e Estatística – IBGE, que identifica o percentual da população em 

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contundentes  críticas,  foi  a  provocada  pelo  Decreto  Nº  2.208/1997,  que  não  previa  elevação de escolaridade, mas apenas a profissionalização. 

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB­ em seu capítulo III – com o  novo título Da Educação Profissional e Tecnológica, devido às alterações dadas pela Lei  11.741  /  2008,  diz  que  “A  educação  profissional  e  tecnológica,  no  cumprimento  dos  objetivos  da  educação  nacional,  integra­se  aos  diferentes  níveis  e  modalidades  de  educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia.” 

Saviani ( 2006),  referindo­se a  este  Capítulo III da  LDB – da Educação Profissional,  afirma que  “em verdade, esse capítulo parece  mais uma  carta  de  intenções do que um  documento  legal,  já  que  não  define  instâncias,competências  e  responsabilidades.”  Observe­se que esta análise do autor é anterior às alterações promovidas pela Lei 11.741  / 2008; no entanto, sua análise ainda é pertinente, pois mesmo com as alterações, a LDB  continua  a  não  definir  as  instâncias,  competências  e  responsabilidades  da  educação  profissional. 

Com as alterações ocorridas na  LDB, no caso da educação profissional, através da Lei  11.741,  de  2008,  a  educação  profissional  é  subdividida  em  Da  Educação  Profissional  Técnica  de  Nível  Médio  –  Seção  IV­  A,  inserida  logo  após  a  Seção  IV­  do  Ensino  Médio, como um apêndice desse nível de ensino. Assim, ficam estabelecidas as formas  de oferta da educação profissional técnica de nível médio, quais sejam, articulada com o  ensino médio – nas formas integrada ou concomitante­ e subseqüente, em consonância  com o Decreto Nº 5.154/2004.  Em relação à Educação de Jovens e Adultos, foi incluído no artigo 37, o parágrafo 3º,  que prevê que “A Educação de Jovens e Adultos deverá articular­se, preferencialmente,  com  a  educação  profissional,  na  forma  do  regulamento”.  Percebe­se  que,  neste  caso,  houve um avanço para a implementação do PROEJA como política pública, e não mais  como programa.

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O  Relatório  do  Planejamento  Estratégico  do  PROEJA  /  2007:  de  Programa  a  Política  Pública  traz  importantes  contribuições  para  a  transformação  do  PROEJA  em  política  pública, através da adoção de diversas estratégias, que incluem: 

1) estratégias de atendimento, “com o objetivo de favorecer o ingresso de estudantes nos  cursos  oferecidos  pelo  PROEJA”,  tais  como  ampla  publicização,  envolvendo  eventos  para a divulgação dos cursos PROEJA; constituição dos critérios para ingresso dos que  compõem  os  grupos  destinatários  do  programa;  realização  de  diagnóstico  regional  de  interesses e demandas, conforme previsto no artigo 5º do Decreto 5840/2006; 

2) estratégias pedagógicas, “visando à consolidação das ofertas formativas inerentes ao  PROEJA.  Um  aspecto  importante  que  se  destaca  nesse  item  é  a  valorização  da  experiência  historicamente  acumulada  pela  comunidade,  ou  seja,  consideram­se  os  sujeitos que vão atuar diretamente no PROEJA: professores, gestores, funcionários. Há  também a sugestão de publicação de “memorial descritivo das experiências do PROEJA  que vêm acontecendo nas diversas regiões e registro­resgate­histórico.” Acrescente­se a  isso, as sugestões sobre o currículo integrado que incluem “apropriação e disseminação  do  desenvolvimento  do  currículo  integrado  no  Brasil  e  no  exterior,  respeitando­se  as  características locais e especificidades regionais;” 

3) estratégias de financiamento, pois “a perspectiva de otimizar a aplicação dos recursos  públicos  passa,  inexoravelmente,  pelo  controle  e  avaliação  da  coerência  dos  investimentos com as propostas planejadas.” 

Muito  importante,  nesse  item,  também,  é  a  inclusão  da  “disponibilização  de  recursos  humanos  e  físico­materiais  para  as  ações  do  PROEJA,”  pois  de  acordo  com  o  Documento Base do PROEJA, “a  execução do Plano de Trabalho poderá  ser realizada  com pessoal próprio da proponente ou das instituições parceiras. A responsabilidade da  escolha  do  pessoal  participante  no  processo  é  da  instituição  proponente.”  Ou  seja,  a  escola que teve de oferecer o PROEJA por força do Decreto Nº 5840/2006 é que tinha  de encontrar as soluções para a falta de professores. 

V. À guisa de conclusão 

Conclui­se  que,  pelos  dados  apresentados  do  Processo  Seletivo  da  Instituição,  em  termos de inclusão social,  não houve, até o momento, na instituição estudada, avanços  com a mudança da legislação via Decreto. Em um primeiro olhar, os dados de demanda  do  PROEJA  do  MEC  e  os  dados  institucionais  são  contraditórios.  São  necessários  estudos  mais  aprofundados  que  levem  em  conta  a  realidade  regional,com  diagnóstico

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preciso da situação de escolarização dos jovens e adultos do município e da região, para  que a instituição decida a melhor forma de oferecer a educação profissional. 

Levar  em  conta  as  experiências  anteriores  dos  docentes,  gestores,  para  que  sejam  estudadas  novas  formas de  organização  do  trabalho  escolar.  Estes  podem  ser  também  passos importantes para a melhoria do processo. 

Refer ências 

1. BRASIL. Ministério da Educação.Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica.  Pr ograma  Nacional  de  Integração  da  Educação  Pr ofissional  com  a  Educação  Básica  na  Modalidade  de  Educação  de  J ovens  e  Adultos –  PROEJ A­  Documento  Base. Brasília: MEC/SETEC, 2007.71 p. 

2. BRASIL. Ministério da Educação.Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica.  Pr ograma  de  Integr ação  da  Educação  Pr ofissional  Técnica  de  Nível  Médio  ao  Ensino  Médio  na  Modalidade  de  Educação  de  J ovens  e  Adultos  –  PROEJ A­  Documento Base, 2005. Brasília: MEC/SETEC, 2005.66 p. 

3. BRASIL. Ministério da Educação.Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica.  Departamento de Políticas e Articulação Institucional. Relatór io do Planejamento  Estr atégico do PROEJ A 2007: de Pr ogr ama a Política Pública. Brasília:  MEC/SETEC, 2007. 38 p. Disponível em 

http://portal.mec.gov.br/setec/index.php?option=com_content&task=view&id=687. 

Acesso em: 19 jun. 2008. 

4.  BRASIL. Decr eto Nº. 5.840, de 13/07/2006. Institui, no âmbito federal, o Programa  Nacional  de  Integração  da  Educação  Profissional  com  a  Educação  Básica  na  Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA e dá outras providências.  5.  BRASIL.  Decr eto  Nº  5.478,  de  24  de  junho  de  2005.  Institui,  no  âmbito  das  instituições  federais  de  educação  tecnológica,  o  Programa  de  Integração  da  Educação  Profissional    ao  Ensino  Médio  na  Modalidade  de  Educação  de  Jovens  e  Adultos  –  PROEJA. 

6. BRASIL. Decr eto Nº 5.154, de 23 de julho de 2004. Regulamenta o parágrafo 2º do  art. 36 e os arts.  39 a 41 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece  as  diretrizes e bases da educação nacional e dá outras providências 

7. BRASIL. Decr eto Nº 2.208, de 17 de abril de 1997. Regulamenta o parágrafo 2º do  art. 36 e os arts.  39 a 42 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece  as  diretrizes e bases da educação nacional e dá outras providências. 

8.  BRASIL.  Ministério  da  Educação.  Conselho  Nacional  de  Educação.  Par ecer   CEB  11/2000.  Institui  as  Diretrizes  Curriculares  Nacionais  sobre  a  Educação  de  Jovens  e  Adultos.

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9. BRASIL. Ministério da Educação. Indicador es Demográficos e Educacionais.  Disponível em  http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=8866&Itemid=  &sistemas=1#hfr=4420. Acesso em 29 jul. 2008.  10. BRASIL. Ministério da Educação. Lei  Nº 9.394/ 1996. Estabelece as diretrizes e  bases da educação nacional.  Disponível em 

http://www.planalto.gov.br /ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em 29 jul 2008. 

11.  CEFET­MG.  Comissão  Permanente  de  Vestibular.  Pr ocesso  Seletivo  do  Ensino  Técnico. Relação Candidato/Vaga. Belo Horizonte: CEFET­MG, 2008.  12. CEFET­MG. Conselho de Ensino. Resolução CE 152/06, de 14/12/2006. Aprova as  diretrizes para elaboração do Edital do Processo para o Ingresso dos Alunos dos Cursos  Técnicos de Nível Médio na Modalidade de Educação para Jovens e Adultos e dá outras  providências.  13. FRIGOTTO, Gaudêncio. Concepções e mudanças no mundo do trabalho e o ensino  médio. In: FRIGOTTO, G., CIAVATTA, M., RAMOS, M. Ensino Médio Integr ado –  concepções e contr adições. 1.ed. São Paulo : Cortez, 2005. cap.2, p.57­82. 

14. NESSRALLA, M. R.D. Ensino Noturno: Possibilidades da Oferta do Curso Técnico  Integrado.  In:  Simpósio  Inter nacional  de  Educação  e  IV  Fór um  Nacional  de  Educação­  For mação,  Ética,  Políticas  Públicas  e  Constr ução  Social  do  Conhecimento, 1, 2007, Torres: ULBRA, 2007. 1 CD­ROM. 

15.  SAVIANI,  Dermeval.  A  Nova  Lei  da  Educação  –  LDB:  tr ajetór ia,  limites  e  per spectivas.  10  ed.  Campinas,  SP:  Autores  Associados,  2006.  242  p.  Coleção  Educação Contemporânea. 

16. SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. Matr ícula Efetiva de Alunos no  Município / 2007. Araxá, 2007. Mimeo. 

17.  SILVA,  B.A.;  BRUNACCI,  M.I.;  OLIVEIRA,  M.R.N.S.;  OLIVEIRA,  N.  H.;  MELO,  S.  D.  G.  (Org.)  Plano  de  Desenvolvimento  Institucional­  PDI:  política  institucional: 2005­2010. Belo Horizonte: CEFET­MG, 2006.

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