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Ideação suicida e sintomatologia psicopatológica em indivíduos toxicodependentes

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Academic year: 2021

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Rute Denise Pontes Meireles Pinto

Ideação Suicida e Sintomatologia

Psicopatológica em Indivíduos

Toxicodependentes

Departamento de Ciências da Educação e do Património Mestrado em Psicologia

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Rute Denise Pontes Meireles Pinto

Ideação Suicida e Sintomatologia

Psicopatológica em Indivíduos

Toxicodependentes

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde

Trabalho realizado sob a orientação da Professora Doutora Ana Conde

Departamento de Ciências da Educação e do Património Mestrado em Psicologia

Especialização em Psicologia Clínica e da Saúde Novembro, 2011

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Anexo 1

DECLARAÇÃO Nome:

Rute Denise Pontes Meireles Pinto

Nº. do B. I.: 12674471 Tel/Telem.: 925660393 e-mail: Rutempinto@gmail.com Curso de Pós-Graduação:

Doutoramento □

Área do doutoramento: ___________________________________ Ano de conclusão: __-__-____

Mestrado □

Designação do mestrado: __________________________________________________ Ano de conclusão: __-__-____

Título da tese / dissertação

Ideação Suicida e Sintomatologia Psicopatológica em Indivíduos Toxicodependentes Orientador (es):

Prof. Doutora Ana Conde

Declaro, para os devidos efeitos, que concedo, gratuitamente, à Universidade Portucalense Infante D. Henrique, para além da livre utilização do título e do resumo por mim disponibilizados, autorização, para esta arquivar nos respectivos ficheiros e tornar acessível aos interessados, nomeadamente através do seu repositório institucional, o trabalho supra-identificado, nas condições abaixo indicadas:

[Assinalar as opções aplicáveis em 1 e 2]

1. Tipo de Divulgação:

□ Total. □ Parcial.

2. Âmbito de Divulgação:

□ Mundial (Internet aberta)

□ Intranet da Universidade Portucalense.

□ Internet, apenas a partir de □ 1 ano □ 2 anos □ 3 anos – até lá, apenas Intranet da UPT

Advertência: O direito de autor da obra pertence ao criador intelectual, pelo que a subscrição desta

declaração não implica a renúncia de propriedade dos respectivos direitos de autor ou o direito de a usar em trabalhos futuros, os quais são pertença do subscritor desta declaração.

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O presente projecto de investigação intitulado “Ideação suicida e Sintomatologia Psicopatológica em Indivíduos Toxicodependentes” insere-se na linha de investigação em Desenvolvimento Humano do Centro de Investigação em Educação da Universidade Portucalense. Este projecto, orientado pela Prof. Doutora Ana Conde tem como principais objectivos comparar a ideação suicida e o nível de sintomatologia psicopatológica entre indivíduos abstinentes (ausência de consumo de heroína e cocaína há mais de 30 dias) e indivíduos que apresentaram estes consumos durante o período referido entre indivíduos sujeitos a diferentes tipos de tratamento (metadona, buprenorfina, nenhum).

Os dados recolhidos foram registados e organizados no Centro de Investigação em Educação e analisados no âmbito da dissertação em Psicologia – especialização em Psicologia Clínica e da Saúde.

O Centro de Investigação em Educação está integrado no Departamento de Ciências da Educação e do Património da Universidade Portucalense e envolve os estudantes de 1º, 2º e 3º ciclo que desenvolvem projectos, dissertações e teses em temas de especialidade dos quais se salientam: a avaliação e a gestão das organizações educativas, educação especial, educação social, a supervisão, as metodologias de ensino, as TIC e questões relativas ao desenvolvimento humano.

Data: 3 de Novembro de 2011 Mestranda:

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a realização desta investigação.

À Professora Doutora Ana Conde, pelo apoio, incentivo, partilha de conhecimentos e dedicação.

À Professora Doutora Catarina Canário, pelo carinho, dedicação e atenção. À Dra. Isabel Torres, pelo carinho, auxílio e partilha de conhecimentos.

Aos utentes que participaram neste projecto, o meu muito obrigada porque sem eles não seria possível a realização do mesmo.

Aos meus pais, porque são o melhor que tenho na vida. Aos meus irmãos pelo carinho, apoio e motivação.

Ao Mike, pela coragem e força que sempre me transmitiu. À Beatriz, ao Martim e ao Tomás por serem tão especiais. Aos meus amigos por todo o apoio.

A toda a equipa do CRI Matosinhos, pelo carinho que me acolheram e pela ajuda na recolha da amostra, nomeadamente:

Dra. Agostinha, Dra. Sílvia Brandão, Dra. Regina Brandão, Enf. Fátima, Enf. Célia, Dr. Francisco Andrade, Dra. Ana Peixoto, à equipa de técnicos de serviço social, à Maria Rocha, Fernando Ribeiro, Dilma Silva, Mónica Gonçalves e Rosa Moreira.

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Resumo

O presente estudo teve por objectivo avaliar a existência de ideação suicida, bem como a sintomatologia psicopatológica em indivíduos toxicodependentes. Mais especificamente, o estudo visou avaliar a existência de ideação suicida e o nível de sintomatologia psicopatológica entre indivíduos abstinentes (ausência de consumo de heroína e cocaína há mais de 30 dias) e indivíduos consumidores de heroína e cocaína no mesmo período, sujeitos a diferentes tipos de tratamento (metadona, buprenorfina ou nenhum).

Para o efeito, foram avaliados 100 indivíduos do Centro de Respostas Integradas de Matosinhos, aos quais foi administrado um questionário sócio-demográfico, o Questionário de Ideação Suicida de Beck (Cunha, 2001) e o Inventário de Sintomatologia Psicopatológica (Canavarro, 2007).

Quanto à ideação suicida não foi possível verificar diferenças significativas entre os indivíduos consumidores e abstinentes, assim como, nos diferentes tipos de tratamento.

Relativamente à sintomatologia psicopatológica, o nível de hostilidade e psicoticismo foi, em média, superior no grupo de indivíduos com consumos de cocaína e heroína há mais de 30 dias comparativamente com o grupo de indivíduos abstinentes.

Diferenças significativas foram identificadas entre os grupos de tratamento de metadona e de buprenorfina, sendo que os indivíduos no tratamento de metadona apresentavam um Índice de Sintomas Positivos mais elevado.

Conclui-se que os indivíduos que apresentam consumos há menos de trinta dias apresentam maior sintomatologia psicopatológica face aos indivíduos que se encontram abstinentes.

Palavras-chave: toxicodependência, ideação suicida, sintomatologia psicopatológica, tratamento.

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Abstract

This study aimed to evaluate the existence of suicidal ideation, as well as psychopathological symptoms in people addicted to drugs. More specifically, the study was to evaluate the existence of suicidal ideation and the level of psychopathological symptoms among individuals abstinent (no consumption of heroin and cocaine for more than 30 days) and individual consumers of heroin and cocaine in the same period, subject to different types of treatment

(methadone, buprenorphine or none).

To this end, 100 individuals were evaluated at the CRI of Matosinhos, who were administered a sociodemographic questionnaire, the Beck Scale for Suicide Ideation (Cunha, 2001) and the Inventory of psychopathological

symptomatology (Canavarro, 2007).

Suicidal ideation didn´t present significant differences between consumers and abstinent individuals, as well as in different types of treatment.

With regard to psychopathological symptoms, the level of hostility and psychoticism was on average higher in the group of individuals with cocaine and heroin for more than 30 days compared with the group of abstinent individuals.

Significant differences were identified between treatment groups of methadone and buprenorphine, and individuals in methadone treatment had a positive symptom index higher.

We conclude that individuals have intakes less than thirty days are more psychopathological symptoms compared to individuals who are abstinent.

Keywords: drug abuse, suicidal ideation, psychopathological symptoms, treatment.

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Índice

Introdução ... 12 1- Enquadramento Teórico ... 13 2- Método ... 21 2.1- Amostra ... 21 2.2- Instrumentos ... 24

2.2.1- Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI, Canavarro, 2007) ... 24

2.2.2- Escala de Ideação Suicida de Beck ... 25

2.2.3- Questionário Sóciodemográfico ... 25

2.3- Procedimento ... 26

2.4- Procedimento Estatístico ... 27

3- Resultados ... 28

4- Discussão dos Resultados ... 31

Conclusão ... 35

Bibliografia... 37

Anexos ... 45

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Índice de Tabelas

Tabela 1 Características Sócio-demográficas ………....20 Tabela 2 História de Consumos………..22 Tabela 3 Proporção de indivíduos inseridos em tratamento………..28

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Abreviaturas

BSI- Inventário de Sintomas Psicopatológicos CRI- Centro de Respostas Integradas

IGS- Índice Geral de Sintomas ISP- Índice de Sintomas Positivos

OEDT- Observatório Europeu da droga e da Toxicodependência SPSS- Statistical Package for Social Sciences

TSP- Total de Sintomas Positivos WHO- World Health Organization

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Introdução

Este estudo pretende dar um contributo para o conhecimento sobre a ideação suicida e sintomas psicopatológicos em toxicodependentes consumidores de heroína e cocaína. Mais especificamente, procuramos perceber se a presença de ideação suicida e sintomatologia psicopatológica é mais elevada em indivíduos que apresentam consumos de heroína e cocaína à menos de trinta dias ou em indivíduos abstinentes há mais de trinta dias destas substâncias. De igual forma, procuramos perceber estas mesmas diferenças, comparando indivíduos em tratamento de substituição opiácea, nomeadamente indivíduos que estejam inseridos num programa de metadona, indivíduos que estejam em tratamento com buprenorfina e indivíduos que não estejam inseridos em nenhum tratamento.

Para a realização deste estudo, foram avaliados cem indivíduos do Centro de Respostas Integradas de Matosinhos, com aplicação do Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI), a Escala de Ideação Suicida de Beck e o Questionário Sócio-Demográfico, realizado para o efeito.

O presente trabalho, inicia-se com o seu enquadramento teórico e com a apresentação dos principais conceitos em análise.

Segue-se a apresentação dos objectivos do estudo, a caracterização da amostra, os resultados obtidos das análises efectuadas às variáveis em estudo, a discussão dos resultados e respectiva conclusão.

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1-

Enquadramento Teórico

Segundo o DSM-IV (2006), o conceito de dependência refere-se a um conjunto de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos que o indivíduo experiencia mas continua a consumir, mesmo tendo a noção que esta lhe é prejudicial. Segundo Canário e Ricou (2007), “apesar de se tratar de um

ser racional, quando num quadro de adição, o Ser Humano age sobretudo pela satisfação do impulso imediato, em busca do prazer físico e psicológico despoletado pela substância utilizada”.

Podemos definir dois tipos de dependência, a dependência psíquica e a dependência física.

A dependência psíquica pode ser definida como o desejo de voltar a consumir novamente a substância que causou a sensação de prazer, bem-estar e satisfação. Esse desejo de consumo é designado de craving, ou seja, o impulso, o desejo de consumir determinada substância (Rahioni & Reynaud, 2008).

A dependência física define-se pela necessidade urgente de consumir a substancia de forma a evitar a síndrome de privação (idem).

Das várias substâncias existentes, optamos por incidir o estudo sobre a dependência de heroína e cocaína.

Assim, a heroína apresenta-se com o aspecto de pó branco ou castanho e a forma de consumo pode ser fumada, inalada ou injectada, sendo um opiáceo que após ser administrado atinge o sistema nervoso central transformando-se em morfina em cerca de vinte minutos (Jólluskin & Nunes, 2007).

Após o consumo, os seus efeitos surgem rapidamente e tem a duração de três a quatro horas independentemente da sua forma de administração (Aragão & Sacadura, 2002). Os efeitos provocados por esta substância são de euforia, bem-estar e ausência de dor (Dupont, 2005).

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Os riscos que o toxicodependente corre a nível físico prendem-se com as doenças que adquirem de forma directa ou indirecta através dos consumos, destacando-se o VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana) e os diferentes tipos de Hepatite, associadas à partilha de material e às relações sexuais desprotegidas. São de referir também doenças associadas ao consumo endovenoso, como as flebites, tendinites, tromboses, embolias, enfartes, amputações, em suma, uma deterioração física global. Os riscos de degradação social passam pelo abandono dos laços sociais, como por exemplo, a família, os amigos, o emprego, entre outras. (Patrício, 2002).

A cocaína consiste numa droga estimulante e apresenta-se sob a forma de um pó branco. Pode ser consumida por via nasal, fumada ou injectada. Os principais efeitos desta substância são euforia, labilidade emocional, delírio de grandiosidade, hiper-vigilância, agitação, insónias, anorexia, aumento da libido e tendência a demonstrar um comportamento violento (Becoña, 2002).

O consumo de cocaína pode levar à sua dependência num curto espaço de tempo, verificando-se que quando um sujeito tem dificuldade em não resistir ao consumo desta, tal poderá ser um indicador de dependência (DSM-IV, 2006). Distingue-se dois tipos de consumo desta substância, nomeadamente o consumo episódico e o consumo crónico. O consumo episódico realiza-se pontualmente, como por exemplo, dias de festa, fins-de-semana, etc. O consumo crónico realiza-se diariamente (Becoña, 2002).

O uso contínuo da cocaína não tem como finalidade evitar a síndrome de abstinência, mas produzir os efeitos que a própria substância causa (Becoña & Durán, 2009).

É pela ausência de consumos de substâncias que surge o síndrome de abstinência, caracterizada por manifestações físicas ou psicológicas.

Quando o indivíduo cessa os consumos de drogas, o organismo começa a regressar ao seu funcionamento normal. Durante esse tempo, respostas anormais serão evidenciadas na forma de sintomas de abstinência, e o paciente ficará vulnerável tanto física como psicologicamente (idem).

Segundo Becoña (2002), na síndrome de abstinência de opiáceos podem ser distinguidos três tipos: a síndrome de abstinência aguda, a síndrome de abstinência tardia e a síndrome de abstinência condicionada.

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A síndrome de abstinência aguda consiste num conjunto de sintomas e sinais orgânicos e psíquicos que aparecem imediatamente após a interrupção do consumo de opiáceos de pessoas dependentes.

A síndrome de abstinência tardia ocorre entre 4 a 12 dias depois da síndrome de abstinência aguda. Caracteriza-se por um conjunto de disfunções do sistema nervosos neurovegetativo e das funções psíquicas básicas, que persistem durante um longo período de tempo, meses ou anos, depois de ter passado pela primeira fase.

A síndrome de abstinência condicionada consiste no aparecimento da sintomatologia típica de uma síndrome aguda em indivíduos que não tenham consumido drogas. Assim, ao expor-se aos estímulos ambientais que foram condicionados ao consumo da substância de que era dependente, o indivíduo através de um processo de aprendizagem do tipo pavloviano, experiencia períodos de grande ansiedade e medo ao reviver a situação que seguiu a abstinência. Esta situação é também conhecida por flashback.

Os sinais e sintomas de abstinência de heroína aparecem cerca de oito horas após o último consumo. Atinge o seu ponto mais alto em 2 ou 3 dias e desaparece em 7 a 10 dias. Os mais relevantes são semelhantes a uma gripe forte, designadamente, suores, lacrimejos, bocejos e rinorreia. Seguido de diarreia, dores generalizadas nas articulações, vómitos, dilatação das pupilas e perda de peso (idem).

No caso da cocaína, os sintomas de abstinência incluem humor disfórico, a fadiga, distúrbios do sono, alterações do apetite e irritabilidade (Kapman, 2005).

Segundo o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT, 2010), estima-se que a prevalência do consumo problemático de opiáceos nos países europeus, durante o período de 2003-2008 varia entre um a oito casos por mil habitantes entre os 15 e os 64 anos. O número de mortes devido ao consumo de heroína tem vindo a aumentar desde 2008, segundo os dados fornecidos pela maioria dos países europeus Estima-se que por ano, morrem entre 25.000 e 27.000 pessoas devido ao consumo de droga. Uma das causas de morte associada a cerca de 7000 mortes nos países europeus (OEDT, 2010), é por overdose, isto é, “uma reacção tóxica que surge quando

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um indivíduo toma uma tal quantidade de droga que os sinais vitais do organismo não conseguem funcionar adequadamente” (Schuckit, 1998, p. 16).

De entre as várias causas de morte, encontramos a morte por suicídio. Nos últimos 45 anos, as taxas de suicídio aumentaram 60% em todo o mundo, estando este facto, entre as três principais causas de morte, com idade compreendidas entre 15-44 anos.

Em Portugal, registou-se, desde 2004 até 2008, um decréscimo significativo do número de suicídios em ambos os sexos, diminuído de 11.5% para 9.8% por cada 100.000 habitantes.

As causas de morte por suicídio apontam para a presença de álcool e outras substâncias ilícitas encontradas em exames toxicológicos em sujeitos que cometeram o suicídio. (Karch, 2008).

O suicídio é complexo, envolvendo factores psicológicos, sociais, biológicos, culturais e ambientais.

Podemos diferenciar o suicídio de ideação suicida na medida em que o primeiro é definido como a intenção do indivíduo terminar com a sua própria vida (Gale Encyclopedia of Mental Disorders, 2003) e pela existência de desejos correntes e planos para cometer o suicídio (Beck et al., 1972, cit in Pinninti, Steer, Rissmiller, Nelson, & Beck, 2002), numa continuidade de pensamentos ou ideia acerca do suicídio até aos seus planos e execução (Cassorla, 2004, Meleiro & Bahls, 2004, cit in Gil, 2006).

A ideação suicida está intimamente relacionada com o risco de suicídio pois estima-se que 60% dos indivíduos que se suicidaram, tinham previamente ideação suicida (Fawcett, Clark, & Bush, 1993 cit in Silva, Oliveira, Botega, Léon, Barros, & Dalgalarrondo, 2006), o que comprova um estudo realizado com 10.641 sujeitos, em que 16% dos participantes revelaram ideação suicida ao longo da vida, e sendo que, 12% tentou o suicídio no período de um ano (Pirkis et al, cit in Silva, Oliveira, Botega, Léon, Barros, & Dalgalarrondo, 2006).

A relação entre abuso de substâncias e comportamento suicida tem sido mais extensivamente estudado para o alcoolismo do que para o abuso de drogas, existindo evidências de uma relação entre o consumo do álcool e a ideação ou tentativa suicida (Kranzler & Korsmeyer, 2009).

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Para além do consumo do álcool, a presença de determinados transtornos mentais, nomeadamente, a depressão, a esquizofrenia e o abuso de drogas são considerados factores de risco para o suicídio.

Segundo Beck (1997), os indivíduos deprimidos demonstram ideação suicida, na medida em que por um lado pretendem terminar com a própria vida, e por outro, pretendem viver. Também representam factores de risco, a impulsividade do próprio sujeito (Carr & McNulty, 2006).

Acrescentando a todos estes factores, estão também presente nos indivíduos com ideação suicida sentimentos como, a culpa, a vergonha, a hostilidade, a vingança, o medo ou o sacrifício (Saraiva, 2006).

Nos jovens, também é possível verificar esta relação entre consumo de substâncias e o risco de suicídio. Numa amostra de 948 jovens, 30% pensou cometer o suicídio e 12% já tentou o suicídio. A presença de transtornos psiquiátricos nestes jovens surge como um factor preditivo para a ideação ou risco de suicídio em jovens em tratamento para abuso de substâncias (Ramchand, Griffin, Harris, McCaffrey, & Rand, 2008).

Segundo a literatura, a ideação suicida revela-se mais significativa, quando os indivíduos se encontram no início do tratamento com metadona (Chapman et al, 1995, cit in Mino, Bousquet, & Broers, 1999).

Uma investigação envolvendo uma amostra de 438 indivíduos em tratamento com cloridrato de metadona, revelou que 55 indivíduos apresentaram ideação suicida durante o tratamento, tendo os resultados apontado para a presença de sintomatologia psicopatológica, risco de suicídio, e falta de suporte familiar no presente e na infância (Chatham, Knight, Joe, & Simpson, 1995).

No caso do tratamento de substituição opiácea existem dois sub-tipos, o tratamento de substituição com cloridrato de metadona e o tratamento de substituição com buprenorfina.

Quanto ao primeiro, este apresenta efeitos semelhantes ao do ópio, da morfina e da heroína. O seu efeito tem a duração de 24 horas e o seu tratamento tem como objectivo a substituição de outra droga pelo efeito da metadona evitando que o dependente consuma drogas de rua assim como, evitar a ressaca (Patrício, 2006).

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A vantagem da utilização do cloridrato de metadona é a capacidade de bloquear os efeitos dos opiáceos, tendo como objectivo a redução do consumo de heroína, o crime, as mortes, as doenças, entre outras (Torres, 2007).

Os objectivos deste programa consistem em alcançar a abstinência, a diminuição das possibilidades de recaída e melhorar o funcionamento do indivíduo. Assim como, reduzir o crime, as doenças e as várias consequências negativas associadas ao consumo.

No que concerne o tratamento com buprenorfina, este, é um opiáceo semi-sintético com efeitos agonista parcial e antagonista dos receptores opiáceos, anula os sintomas de privação opiácea, retirando a necessidade de consumir heroína (Patrício, 2002).

A toma desta medicação é mais eficaz se for por via sublingual. É também necessário que haja um responsável pela vigilância na toma dos fármacos para que sejam respeitados os horários das tomas e para prevenir a sua errada administração, como por exemplo, via administração injectável.

Comparando os resultados de ensaios clínicos sobre a eficácia do cloridrato de metadona e buprenorfina para o tratamento de manutenção agonista de opióides, as duas medicações proporcionam bons resultados na maioria dos casos (WHO, 2009).

Os tratamentos têm como objectivo ajudar os indivíduos a cessar o consumo de drogas, contudo a prevalência das perturbações ligadas ao abuso de substâncias em pessoas que sofrem de doenças psiquiátricas é mais alta do que na população em geral (Regier, Farmer, Rae e col., cit in Rahioni & Reynaud, 2008), simetricamente, os indivíduos que são portadores de perturbações mentais exibem uma forte apetência pelas drogas (Farges, 1998

cit in Angel, Richard, & Valleur, 2002).

Por conseguinte, verifica-se comorbilidade, isto é, quando dois transtornos ocorrem simultaneamente na mesma pessoa, associando-se o uso de substâncias psicoactivas e a presença de sintomatologia psicopatológica.

Segundo Karsh (2008), a comorbilidade não implica causa e efeito, mas é uma das várias possibilidades. O uso de substâncias e transtornos psiquiátricos podem coexistir, ou seja, o uso de substâncias pode causar transtornos psiquiátricos, assim como, os transtornos psiquiátricos podem

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causar o uso da substância ou por último, um terceiro factor pode mediar tanto uso de substâncias e os transtornos psiquiátricos.

Do mesmo modo, já havia sido assinalado por Farges (1998, cit in Angel, Richard & Valleur, 2002) as mesmas razões apontadas por Karsh (2008), ambos apontam para o facto do uso de substâncias despoletarem determinados transtornos e vice-versa ou simplesmente não haver qualquer relação entre estas situações, acrescentando o facto de os transtornos psicopatológicos e o consumo de substâncias psicoactivas serem a expressão de uma vulnerabilidade comum (genética, psicopatológica, ambiental).

Da mesma forma, a comorbilidade psicopatológica tem sido evidenciada em indivíduos toxicodependentes em tratamento (Santos, Calado, Coxo, Trindade & Parente, 2011). As investigações sugerem que a existência de comorbilidade conduz mais rapidamente os indivíduos à procura de tratamento do que os indivíduos sem comorbilidade psicopatológica (Grant, 1997 cit in Torres, 2007).

Existem estudos a nível mundial acerca de sintomas psicopatológicos e ideação suicida em toxicodependentes. Contudo, desconhecem-se estudos acerca destas variáveis em indivíduos consumidores e em indivíduos abstinentes.

Foi neste sentido, que pretendemos perceber se a ideação suicida ocorria enquanto consumidores ou quando se encontravam abstinentes. Assim, tornou-se imprescindível, nesta população, avaliar a sintomatologia psicopatológica e a ideação suicida simultaneamente, na medida em que estas variáveis encontram-se interligadas (Peixoto & Azenha, 2006). Assim como, as diferenças destas no tipo de tratamento (metadona, buprenorfina ou sem tratamento de substituição opiácea) em que se encontram os indivíduos.

Evidências empíricas no domínio em estudo revelam ideação suicida em dependentes de opiáceos inseridos num programa de tratamento. Esta ideação suicida associa-se a eventos negativos que ocorreram recentemente, a problemas de saúde mental (depressão), alucinações, perda de emprego e conflitos familiares. (Thompson et al., 2006).

Assim sendo, o objectivo geral do presente estudo consiste em avaliar a ideação suicida e o nível de sintomatologia psicopatológica em indivíduos

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De forma particular, pretende-se:

• Comparar a ideação suicida e o nível de sintomatologia psicopatológica entre indivíduos abstinentes (ausência de consumo de heroína e cocaina) há mais de 30 dias e indivíduos que apresentaram estes consumos durante este período;

• Comparar a ideação suicida e o nível de sintomatologia psicopatológica entre indivíduos sujeitos a diferentes tipos de tratamento (metadona, buprenorfina, nenhum).

As questões de investigação surgiram pelo facto da heroína ser considerada a principal droga em mais de 50% do total dos pedidos de tratamento para a toxicodependência, e a cocaína, a segunda droga ilícita mais consumida na Europa, daí o nosso interesse por estas substâncias.

Hipotetiza-se que os indivíduos que apresentam consumos há menos de 30 dias apresentam maior ideação suicida e maior nível de sintomas psicopatológicos comparativamente aos utentes que se encontram abstinentes. A segunda hipótese pretende verificar se os indivíduos que se encontram a realizar o tratamento com metadona revelam maior ideação suicida e maior nível de sintomas psicopatológicos em relação aos utentes que se encontram a realizar o tratamento com buprenorfina.

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2- Método

2.1- Amostra

A amostra deste estudo é constituída por 100 participantes de um Centro de Respostas Integradas que acederam participar voluntariamente nesta investigação.

Tal como podemos verificar pelo quadro seguinte (Tabela 1), a grande maioria dos participantes era do género masculino, tinha a idade mínima de 19 anos e a idade máxima de 59 de nacionalidade portuguesa.

Quanto às habilitações literárias, grande parte da amostra situava-se entre o ensino primário e o ensino básico. Em relação ao estado civil, mais de metade da amostra estava solteira, divorciada ou separada.

Quanto à coabitação dos participantes, grande maioria vivia com os pais ou com outros familiares. No entanto, apenas um participante referiu viver na rua, residindo a grande maioria na cidade.

A maioria dos participantes encontra-se sem emprego.

Tabela 1 Características Sóciodemográficas Características N= 100(%) Idade 19-30 18 31-40 42 41-50 32 51-59 8 Género Masculino 80

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Feminino 20 Habilitações Literárias Ensino primário 32 Ensino Básico 47 Ensino secundário 15 Ensino Superior 6 Estado Civil Solteiro 52

Casado 15 União de facto 8 Divorciado 19 Separado 4 Viúvo 1 Coabitação Pais 43 Irmãos 3 Avós 1 Companheiro (a) 18 Sozinho (a) 14 Filhos 3 Mais do que um membro familiar 18

Estatuto ocupacional Empregado 38 Desempregado 60

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Reformado 2 Residência Aldeia 12

Cidade 82

Vila 6

A média das idades em que os participantes iniciaram os consumos de heroína e cocaína é de 21 anos, sendo a idade mínima de 10 anos e a idade máxima 51 anos.

A média da duração de consumos de heroína e cocaína é de 14 anos.

Tabela 2 História de Consumos Heroína Cocaína Idade mínima 10 10 Idade máxima 51 42 Média 21 21 DP .72 .67

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2.2- Instrumentos

2.2.1- Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI,

Canavarro, 2007)

O inventário de sintomas psicopatológicos, versão portuguesa do Brief Symptom Inventory, traduzida e adaptada por Canavarro (1995), avalia nove dimensões de psicopatologia e três índices globais (avaliação sumárias de perturbação emocional). O Indice de Sintomas Positivos (ISP) oferece a média da intensidade de todos os sintomas que foram assinalados. O Total de Sintomas Positivos (TSP) é o resultado da soma de todos os itens assinalados com resposta positiva, ou seja, maior que zero. O Índice Geral de Sintoma (IGS), representa uma pontuação combinada que pondera a intensidade do mal-estar experienciado com o número de sintomas assinalados. O BSI é constituído por 53 itens, com uma escala que varia de “nunca” a “muitíssimas vezes”, onde o individuo descreve o grau em que cada problema o afectou durante a última semana (Canavarro, 2007).

As dimensões que são avaliadas referem-se à somatização, obsessões-compulsões, sensibilidade interpessoal, depressão, ansiedade, hostilidade, ansiedade fóbica, ideação paranóide e psicoticismo.

A sub-escala da Somatização é constituída por sete itens (2, 7, 23, 30, 33 e 37), obsessões-compulsões é constituída por 6 itens (5, 15, 26, 27, 32 e 36), sensibilidade interpessoal é constituída por 4 itens (20, 21, 22 e 42), depressão é constituída por 6 itens (9, 16, 17, 18, 35 e 50), ansiedade é constituída por 6 itens (1, 12, 19, 38, 45 e 49), hostilidade é constituída por 5 itens (6, 13, 40, 41 e 46), ansiedade fóbica é constituída por cinco itens (8, 28, 31, 43 e 47), ideação paranóide é constituída por 5 itens (4, 10, 24, 48 e 51), por último a sub-escala do psicoticismo é constituída por 5 itens (3, 14, 34, 44 e 53).

Os itens 11, 25, 39 e 52 não pertencem a nenhuma sub-escala, mas são considerados nos três índices.

(25)

As características psicométricas da BSI revelam valores de alfa de Cronbach aceites, situando-se no intervalo .7 e .8, excepto as escalas de ansiedade fóbica e psicoticismo, que apresentam valores ligeiramente inferiores (Canavarro, 2007).

2.2.2-

Escala de Ideação Suicida de Beck

A escala de ideação suicida de Beck, versão portuguesa de Beck Scale for Suicide Ideation (BSI; Beck & Steer, 1991), traduzida e adaptada por Cunha (2001), detecta a presença de ideação suicida e mede a extensão da motivação e planeamento de um comportamento suicida. É composta por 21 itens e as afirmações variam entre 0 a 2.

Os primeiros 19 itens avaliam a ideação suicida, designadamente o desejo de viver, desejo de morrer, razões para viver ou para morrer, tentativa de suicídio activa, tentativa de suicídio passiva, duração dos pensamentos suicidas, frequência da ideação suicida, atitude perante a ideação suicida, controlo sobre a ideação suicida, obstáculos na tentativa de suicídio, razoes das tentativas de suicídio, especificidade dos planos, disponibilidade e oportunidade para a execução do plano suicida e a capacidade para levar avante a tentativa de suicídio. Os itens 20 e 21 questionam acerca do número anterior de tentativas de suicídio.

Ao nível da consistência interna, os estudos psicométricos revelam um coeficiente alfa de Cronbach .96 (Cunha, 2001).

2.2.3-

Questionário Sóciodemográfico

O questionário sóciodemográfico foi elaborado especificamente para este estudo, de forma a recolher informação mais detalhada do participante.

Deste questionário constam informações acerca de cada participante, nomeadamente: idade, género, habilitações literárias, estado civil, agregado

(26)

familiar, estatuto ocupacional, idade de início de consumos, duração dos consumos e há quanto tempo fez o último consumo.

2.3- Procedimento

Após autorização por parte da Direcção da instituição de acolhimento para a implementação da presente investigação, a recolha de informação dos participantes foi efectuada presencialmente, após o seu consentimento informado, aquando do recurso dos indivíduos aos serviços prestados pelo CRI.

O presente estudo é natureza quantitativa tendo sido utilizados como instrumentos de recolha de dados a Escala de Beck para a Ideação Suicida (BSS), o Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI) e um questionário sócio-demográfico. Na Escala de Ideação Suicida de Beck, apenas nos interessou para este estudo a informação acerca de presença ou não de ideação suicida, ou se já realizou tentativas anteriores de suicídio. Não tendo sido avaliada a severidade dos desejos, atitudes e planos suicidas. No inventário de sintomas psicopatológicos (BSI) e no questionário sócio demográfico foi analisada toda a informação. Os instrumentos foram aplicados uma única vez.

Os indivíduos foram contactados presencialmente no Centro de Respostas Integradas, antes ou após as consultas de Psicologia.

Os critérios de inclusão para a participação deste estudo contemplavam a dependência de heroína e/ou cocaína em tratamento com cloridrato de metadona, buprenorfina ou em nenhum tratamento. Não foi possível comparar os tratamentos agonista/antagonista devido ao tamanho reduzido da amostra de indivíduos que se encontravam a realizar tratamento com antagonista.

Contemplou também, como critério de inclusão o facto de o indivíduo estar efectivamente a consumir ou abstinente. Considerou-se mais de 30 dias de abstinência para evitar avaliar os sintomas que ocorrem nos primeiros dias

(27)

de cessação de consumos e não confundir sintomas típicos desses primeiros tempos.

A aplicação dos questionários demorou cerca de 20 a 30 minutos. Antes de iniciar a aplicação destes, foi explicado aos participantes em que consistia o estudo, a natureza voluntária da sua participação, o tipo de informação que se pretendia recolher, foi garantida a confidencialidade das informações prestadas e esclarecidas quaisquer dúvidas existentes.

Durante a aplicação dos questionários, dois participantes recusaram continuar a responder aos questionários alegando que “não estavam com

cabeça para isso”, e alguns não pretenderam participar porque “não tinham tempo”.

A recolha da amostra decorreu entre 31 de Março de 2011 e 31 de Agosto de 2011.

Após o preenchimento dos questionários, os dados foram inseridos numa base de dados, criada especificamente para esta investigação.

2.4- Procedimento Estatístico

Para a análise estatística dos resultados utilizou-se o programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) na versão 19.0 para o Windows.

Para o primeiro objectivo, destinado a analisar a associação em estar a consumir ou abstinente das substâncias heroína e cocaína e a ideação suicida ou tentativa suicida foi usado o teste Qui-quadrado.

Para a comparação entre os grupos de indivíduos com consumos e abstinentes em termos do IGS (Índice Geral de Sintomas), ISP (Índice de Sintomas Positivos) e TSP (Total de Sintomas Positivos) foi utilizado o teste da ANOVA a um factor (one way).

A MANOVA factorial (Análise de Variância Multivariada) foi seleccionada para explorar as diferenças entre os grupos referenciados no que diz respeito às diferentes sub-escalas do BSI.

(28)

O mesmo tipo de análises estatísticas foi aplicada para a exploração do segundo objectivo, com a única diferença que o factor agora considerado corresponde ao tipo de tratamento em que o indivíduo está inserido (para comparação de três grupos: metadona, buprenorfina e ausência de tratamento). Todos os testes estatísticos se reportam a um nível de significância ≤ α= 0,05.

3- Resultados

Através do teste Qui-quadrado, avaliou-se a associação entre ser abstinente (n= 70) ou consumidor (n=30) e a detecção de ideação suicida, não se tendo encontrado resultados significativos (x2 (1) = .093; p = .760) , assim como, também não existe significância estatística quando se analisam as tentativas anteriores de suicídio (x2(2)= .261; p = .878).

Quando comparamos o grupo de consumidores e abstinentes em termos da sintomatologia psicopatológica verificam-se diferenças significativas ao nível IGS (F (1, 97) = 4.38 ; p= .03), mas não nos restantes índices, o ISP (F(1, 97) = 2.63 ; p= .11) e TSP (F (1, 98) = 3.38 ; p= .07).

Os indivíduos que se encontram a consumir revelam maior nível de IGS (M= 1.27; DP= .61) face aos indivíduos que se encontram abstinentes

(M= .99; DP= .61).

Efectuou-se também uma análise de variância multivariada (MANOVA) para avaliar se o factor em estudo teve um efeito estatisticamente significativo sobre cada uma das sub-escalas da BSI.

(29)

Os resultados obtidos revelaram que nos testes multivariados o facto de ser consumidor ou estar abstinente de cocaína e heroína tem um efeito significativo na sintomatologia psicopatológica (F (1, 97) = 2.53; p= .013). O teste dos efeitos inter-sujeitos para cada uma das sub-escalas mostra resultados significativos para as sub-escalas Hostilidade (F (1, 97)= 9.89 ; p= .002) e Psicoticismo (F (1, 97)= 11.71 ; p= .001): nestas sub-escalas os indivíduos que apresentam consumos à menos de trinta dias obtêm, em média, níveis de (hostilidade (M= 1.41 ; DP= .85), e psicoticismo (M= 1.47; DP= .83) superiores aos indivíduos que não apresentaram qualquer consumo de heroína e cocaína durante este período (hostilidade (M = .89; p = .73) e psicoticismo (M = .88; p = .75)

Quanto ao segundo objectivo deste estudo, onde se pretende comparar a ideação suicida e a existência de tentativas anteriores de suicídio em indivíduos inseridos em diferentes tipos de tratamento, não se observaram resultados estatisticamente significativos para nenhuma das variáveis em análise (x2(2)= .32 ; p= .85) e (x2 (4)= 2.00 ; p= .73), respectivamente.

Tabela 3

Proporção de indivíduos inseridos em tratamentos

Tipo de Tratamento N= (%)

Metadona 47

Buprenorfina 34

Nenhum 18

Quando analisamos o efeito do tipo de tratamento no ISP, verificamos a existência de resultados significativos (F (2, 98) = 3.21; p = .04). Análises post

(30)

o grupo de tratamento de Metadona e o grupo de tratamento Buprenorfina (Mean difference = .35; DP = .14; p = .035), com os indivíduos do primeiro grupo a apresentarem resultados mais elevados no ISP (M = 1.11; DP = .67) do que os indivíduos do segundo grupo (M = 1.05; DP = .59).

Nos restantes índices não foi possível verificar diferenças significativas IGS (F (2, 96) = .12 ; p= .89) e o TSP (F (2,97) = .75 ; p= .48).

Efectuou-se também uma análise de variância multivariada (MANOVA), para avaliar se o factor em estudo teve um efeito estatisticamente significativo sobre cada uma das sub-escalas da BSI. Os resultados estatísticos obtidos não são significativos (F (2, 96)= 1,00 ; p= .46).

(31)

4- Discussão dos Resultados

Os consumidores de drogas ilícitas são particularmente vulneráveis ao desenvolvimento de pensamentos e comportamentos suicidas (Vazzari, Bradford, O´Leary, Abdallah, & Cottler, 2011) e comprova-se uma maior incidência de ideação suicida em toxicodependentes em relação à população em geral (Mino, Bousquet, & Brouers, 1999).

Do mesmo modo, num estudo realizado com uma amostra de reclusos, verificou-se uma maior ideação suicida nos consumidores de substâncias em relação aos que não consomem (Moreira, 2009). No entanto, os resultados da presente investigação apontam para a inexistência de uma associação entre estar abstinente há mais de trinta dias ou existirem consumos há menos de trinta dias de cocaína ou heroína e ideação suicida. Tal resultado pode ser justificado pelo tamanho da amostra, que sendo pequeno poderá não caracterizar devidamente a potencial associação entre ideação suicida e os comportamentos aditivos.

O estudo das variáveis psicopatológicas nos indivíduos que consomem substâncias psicoactivas foi por diversas vezes tido em consideração em estudos desenvolvidos neste domínio. Da mesma forma que foi identificado em investigações anteriores, os resultados deste estudo indicam que os indivíduos que se encontram a consumir heroína e cocaína apresentam maior sintomatologia psicopatológica em relação aos indivíduos que se encontram abstinentes. Este facto, pode ser devido ao consumo das próprias substâncias, uma vez que estas apresentam consequências negativas para o indivíduo em todos os seus domínios de funcionamento.

A hostilidade e o psicoticismo foram as medidas de sintomatologia psicopatológica perante as quais se evidenciaram diferenças estatisticamente significativas, apresentando médias superiores em indivíduos a consumir face aos indivíduos abstinentes.

O IGS apresenta uma pontuação combinada que pondera a intensidade do mal-estar experienciado com o número de sintomas positivos (Canavarro,

(32)

2007), que se constata nos nossos resultados mais evidente em indivíduos a consumir em relação aos indivíduos abstinentes.

Num estudo onde se comparou indivíduos que se encontravam abstinentes há mais de cinco anos com indivíduos abstinentes há menos de cinco anos, constatou-se uma diminuição da sintomatologia psicopatológica no primeiro grupo, o que indica que a sintomatologia psicopatológica está associada ao consumo contínuo das substâncias (Herbeck, Hser, Lu, Stark, & Paredes, 2006).

Nos diversos estudos realizados até à data, os resultados diferem acerca do tipo de sintomatologia psicopatológica em indivíduos consumidores de substâncias psicoactivas, por exemplo, no nosso estudo, os resultados evidenciam a hostilidade e o psicoticismo como significativos, no entanto, noutros estudos, a depressão major, os transtornos bipolares e os transtornos de personalidade anti-social são os sintomas mais evidentes (Rounsaville & Carrol, 1991). O transtorno bipolar e as fobias estão presentes de forma mais significativa em indivíduos consumidores de cocaína face aos indivíduos consumidores de heroína (Ziedonis, Rayford, Bryant e Rousaville, 1994).

Podemos ainda referir a existência de sintomatologia psicopatológica ao nível do género, em que o transtorno de personalidade está mais presente nos homens e a depressão mais presente nas mulheres (Marlowe, Kirby, Festinger, Husband & Platt, 1997). No nosso estudo não foi possível comparar as diferenças de género devido ao tamanho da amostra.

De uma forma geral, a sintomatologia mais evidenciada nos consumidores de heroína e cocaína é a depressão, as fobias, os transtornos obsessivo-compulsivo, bipolar, ansiedade, défice de atenção e esquizofrenia (Martinez, 2006, Miranda & Gómez, 2007).

Estas diferenças ao nível da sintomatologia psicopatológica em indivíduos toxicodependentes podem dever-se ao tipo de amostra, às vias de administração, ao tipo de metodologia aplicada, entre outros factores (Martinez, 2006).

Em relação à análise efectuada acerca das dimensões da sintomatologia psicopatológica em indivíduos em tratamento, não se verificaram resultados significativos, vai ao encontro de um estudo realizado com participantes em

(33)

níveis de sintomatologia em função do tratamento (Santos, Calado, Coxo, Trindade, & Parente, 2011).

No entanto, estes resultados contrastam com um estudo realizado com indivíduos que se encontravam a realizar o tratamento com metadona, onde constataram uma incidência elevada de sintomatologia psicopatológica, nomeadamente, ansiedade (Milby, Sims, Khuder, Schumacher, & Huggins, 1996).

Duran e Becoña (2007), compararam dois grupos, um inserido num tratamento para a dependência de tabaco e outro grupo num tratamento para a dependência de cocaína, neste estudo os resultados obtidos evidenciaram que as pessoas que estão inseridas num programa de tratamento apresentam maior sintomatologia depressiva em relação à população normal, o que se deve, segundo estes autores, à presença de um mal-estar devido aos consumos, resultando assim na constante procura de tratamento.

Apesar de não termos obtido resultados significativos em relação às dimensões da sintomatologia psicopatológica, foi possível verificar que os indivíduos que se encontravam a realizar o tratamento com metadona apresentam maior ISP em relação ao indivíduos que se encontravam a realizar o tratamento com buprenorfina.

O ISP refere-se ao número de sintomas que os indivíduos assinalam no BSI como preponderantes, ou seja, todas as afirmações que assinalam como significativas, às quais é atribuída uma pontuação diferente de zero. Significa que os indivíduos que realizam tratamentos de metadona são mais sensíveis aos itens avaliados no questionário, mesmo que as pontuações obtidas pelo cálculo dos scores totais não sejam suficientes para apresentar a diferença em função das diferentes escalas de sintomatologia avaliadas pelo BSI.

Na presente investigação o tamanho amostral impediu que fosse realizada a análise da interacção entre estar a consumir e estar abstinente e os diferentes tipos de tratamentos.

Os resultados obtidos não evidenciaram diferenças no âmbito dos objectivos propostos, nomeadamente, comparar a ideação suicida entre indivíduos abstinentes (ausência de consumo de heroína e cocaína) há mais de 30 dias e indivíduos que apresentaram estes consumos durante este período

(34)

psicopatológica entre indivíduos sujeitos a diferentes tipos de tratamento (metadona, buprenorfina ou em nenhum tratamento). Consideramos que tal possa ter sido influenciado pelo facto de não ter sido comprovada a abstinência dos indivíduos.

(35)

Conclusão

Em virtude do anteriormente apresentado, podemos inferir que os dados obtidos acerca da ideação suicida nos participantes que se encontravam a consumir drogas ou abstinentes das mesmas não foram conclusivos. Como tal, julgamos que seja importante explorar melhor este estudo, considerando-se uma mais-valia para a área clínica.

Não obstante as limitações que referimos anteriormente, as conclusões deste estudo confirmam a relação entre consumos de substâncias e sintomatologia psicopatológica mais elevada em indivíduos que mantêm o comportamento aditivo, designadamente a hostilidade e o psicoticismo.

Assim como, diferenças significativas foram identificadas nos diferentes tipos de tratamento, onde podemos verificar que os indivíduos que se encontram a realizar o tratamento com metadona revelam maior ISP face aos indivíduos inseridos no tratamento com Buprenorfina.

Assumimos que para esta investigação talvez fosse necessária informação mais detalhada acerca de cada indivíduo, como por exemplo, tempo em que o indivíduo se encontra em tratamento, que outros tratamentos realizou, há quanto tempo os indivíduos se encontram a consumir cocaína e heroína, há quanto tempo se encontram abstinentes, para aqueles que reportam ideação suicida, há quanto tempo se encontram com essa ideação. Desta forma, o estudo seria mais detalhado e obteríamos mais informação.

Apesar destas limitações, este estudo apoia as descobertas anteriores referenciadas na literatura, ou seja, a existência de comorbilidade psicopatológica em indivíduos que consomem substâncias psicoactivas.

A ideação suicida deve ser avaliada nesta população, na medida, em que a literatura refere a existência de ideação suicida associada ao consumo de substâncias psicoactivas ou à presença de sintomatologia psicopatológica.

Pretendemos com este estudo contribuir para a melhoria da prática clínica nesta população, dado que a ideação suicida era verbalizada pelos indivíduos em contexto de consulta de psicologia. Pretendemos adequar a

(36)

intervenção terapêutica a esta problemática, contribuir para um conhecimento mais aprofundado desta população em diferentes tratamentos.

(37)

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Links

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(45)
(46)
(47)

BSS

Nome ________________________________________ Estado Civil __________ Idade _____ Sexo __ Data ___/___/___ N.º Processo _____/___

INSTRUÇÕES: Por favor leia cuidadosamente cada grupo de afirmações abaixo. Assinale a questão, em cada grupo, que melhor descreve como se tem sentido na última semana, incluindo hoje. Tenha a certeza de ler todas as afirmações em cada grupo antes de fazer uma escolha.

Parte 1

1. 0 Eu tenho um desejo moderado a forte de viver

1 Eu tenho um desejo fraco de viver 2 Eu não tenho qualquer desejo de viver

2. 0 Eu não tenho qualquer desejo de morrer 1 Eu tenho um desejo fraco de morrer 2 Eu tenho um desejo moderado a forte de

morrer

3. 0 As minhas razões para viver superam as

minhas razões para morrer

1 As minhas razões para viver e morrer são

ambas iguais

2 As minhas razões para morrer superam as minhas razões para viver

4. 0 Eu não tenho qualquer desejo de me matar 1 Eu tenho um desejo fraco de me matar 2 Eu tenho um desejo moderado a forte de

me matar

5. 0 Eu tentaria salvar a minha vida se me

encontrasse numa situação de ameaça de vida

1 Eu deixaria ao acaso viver ou morrer se

me encontrasse numa situação de ameaça de vida

2 Eu não tomaria os passos necessários para

evitar a morte se me encontrasse numa situação de ameaça de vida

Se assinalou as afirmações zero em ambos os grupos 4 e 5 acima, avance para o grupo 20. Se marcou um 1 ou 2, quer no grupo 4 quer no 5, então vire a página e vá para o grupo 6.

20. 0 Eu nunca tentei o suicídio 1 Eu tentei o suicídio uma vez

2 Eu tentei o suicídio duas ou mais vezes

Se anteriormente tentou o suicídio, por favor continue com o próximo grupo de afirmações. 21. 0 O meu desejo de morrer, durante a última

tentativa de suicídio era baixo

1 O meu desejo de morrer, durante a última

tentativa de suicídio era moderado

2 O meu desejo de morrer, durante a última

tentativa de suicídio era elevado

_______ SUBTOTAL PARTE 1 _______ SUBTOTAL PARTE 2 _______ PONTUAÇÃO TOTAL

(48)

Parte 2

6. 0 Eu tenho breves períodos de pensamento acerca de me matar, que passam rapidamente

1 Eu tenho períodos de pensamento acerca de

me matar, que duram um tempo moderado

2 Eu tenho longos períodos de pensamento

acerca de me matar

7. 0 Eu raramente ou apenas ocasionalmente

penso acerca de me matar

1 Eu tenho pensamentos constantes acerca de

me matar

2 Eu penso continuamente acerca de me matar

8. 0 Eu não aceito a ideia de me matar

1 Eu não aceito nem rejeito a ideia de me

matar

2 Eu aceito a ideia de me matar

9. 0 Eu consigo conter-me de cometer suicídio 1 Eu estou incerto de que consigo conter-me

de cometer suicídio

2Eu não consigo conter-me de cometer

suicídio

10. 0 Eu não me mataria por causa da minha

família, amigos, religião, danos possíveis de uma tentativa não sucedida, etc.

1 Eu estou algo preocupado acerca de me

matar por causa da minha família, amigos, religião, danos possíveis de uma tentativa não sucedida, etc.

2 Eu não estou preocupado ou apenas um

pouco acerca de me matar por causa da minha família, amigos, religião, danos possíveis de uma tentativa não sucedida, etc.

11. 0 As minhas razões para querer cometer

suicídio são apontadas primariamente a influenciar outras pessoas, como a vingar-me de pessoas, fazer pessoas mais felizes, fazer prestarem-me atenção, etc.

1 As minhas razões para querer cometer

suicídio não estão apenas apontadas a influenciar outras pessoas, mas também representam um meio de resolver os meus problemas

2 As minhas razões para querer cometer

suicídio são baseadas primariamente em escapar aos meus problemas

12. 0 Eu não tenho um plano específico acerca

de como me matar

1 Eu tenho considerado formas de me matar,

mas não trabalhei os detalhes

2 Eu tenho um plano específico para me

matar

13. 0 Eu não tenho acesso a um método ou a

uma oportunidade para me matar

1 O método que eu usaria para cometer

suicídio demora tempo, e eu realmente não tenho uma boa oportunidade para usar este método

2 Eu tenho acesso ou antecipo ter acesso ao

método que eu escolheria para me matar e também tenho ou terei a oportunidade para o usar

14. 0 Eu não tenho a coragem ou a habilidade

para cometer suicídio

1 Eu estou incerto de que tenho a coragem

ou a habilidade para cometer suicídio

2 Eu tenho a coragem ou a habilidade para

cometer suicídio

15. 0 Eu não espero fazer uma tentativa de

suicídio

1 Eu estou incerto de que farei uma

tentativa de suicídio

2 Eu estou certo de que farei uma tentativa

de suicídio

16. 0 Eu não fiz quaisquer preparativos para

cometer suicídio

1 Eu fiz alguns preparativos para cometer

suicídio

2 Eu quase acabei ou completei os meus

preparativos para cometer suicídio 17. 0 Eu não escrevi uma nota de suicídio

1 Eu pensei acerca de escrever uma nota de

suicídio ou comecei a escrever uma, mas ainda não a completei

2 Eu completei uma nota de suicídio

18. 0 Eu não fiz quaisquer preparativos para o

que acontecerá após eu ter cometido suicídio

1 Eu pensei acerca de fazer alguns

preparativos para o que acontecerá após eu ter cometido suicídio

2 Eu fiz preparativos definitivos para o que

acontecerá após eu ter cometido suicídio 19. 0 Eu não escondi o meu desejo de me matar

das outras pessoas

1 Eu contive-me de contar às pessoas acerca

de querer matar-me

2 Eu tentei esconder, ocultar, ou mentir

acerca de querer cometer suicídio Vá para o grupo 20.

(49)
(50)
(51)
(52)
(53)

Questionário Sóciodemográfico

ID _______

1. Idade ___ 2. Data de Nascimento___/___/___

3. Sexo F M

4. Habilitações Literárias Completas

1º Ciclo___ 2º Ciclo ____ 3º Ciclo ____ Grau Universitário ___

5.Nacionalidade _______________

6.Estado civil: Assinale com uma cruz (X) a situação

7- Coabitação do utente

Pais_____ Irmãos _____ Avós _____ Companheiro (a)____ Amigo (a)(s)____ Sozinho ___ Filho (s)____ Outros familiares____

8- Tipo de alojamento

Familiar clássico___ Serviço de saúde___ Centro de abrigo___ Hóteis, pensões____ Estrutura de reinserção de toxicod.____ Rua___ Barraca/ Casa rudimentar___

9. Estatuto ocupacional: Assinale com uma cruz (X) a sua situação

Empregado ___ Desempregado____ Estudante____ Reformado _____ Solteiro/a Casado/a União de facto Divorciado/a Separado/a Viúvo/a

(54)

10- Se assinalou Empregado ou Desempregado refira há quanto tempo se

encontra nesta situação ___________ (meses / anos: riscar o que não interessa).

11- Profissão ____________________

12- Reside em: Assinale com uma cruz (X) a sua situação

Aldeia ____ Cidade ____ Vila _____

13- Problemas de abuso de álcool/drogas:

14- Qual o tratamento que está a realizar neste momento?

_____________________________________________ Substância Idade 1º

uso

Longo da vida

Quando é que foi o último consumo Álcool Heroína Outros opiáceos/ analgésicos Barbitúricos Cocaína Anfetaminas Cannabis Alucinogéneos Inalantes Outro

(55)

Imagem

Tabela 1   Características Sóciodemográficas   Características   N= 100(%)  Idade   19-30  18  31-40                                                                                                42   41-50
Tabela 2  História de Consumos  Heroína  Cocaína  Idade mínima  10  10  Idade máxima  51  42  Média  21  21  DP  .72  .67

Referências

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