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Empreendedorismo no meio rural: o caso de Vila Pouca de Aguiar

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Academic year: 2021

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Empreendedorismo no meio rural: o caso de Vila Pouca de Aguiar

Dissertação de Mestrado em Empreendedorismo

SUSANA MARISA RODRIGUES ALVES Orientador: Professor Doutor Carlos Fonseca

(2)

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Empreendedorismo no meio rural: o caso de Vila Pouca de Aguiar

Dissertação de Mestrado em Empreendedorismo

Susana Marisa Rodrigues Alves

Orientação:

Professor Doutor Carlos Fonseca

Composição do Júri:

-

Professora Doutora Carla Marques -Professor Doutor Mário Sergio Teixeira

-

Professor Doutor Carlos Fonseca

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Plano de Tese / Projeto apresentado à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Empreendedorismo.

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Dedicatória

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Agradecimento

Redigir a dissertação de mestrado, foi possivelmente o maior desafio da minha vida. A elaboração desta investigação jamais teria sido possível sem o magnífico contributo de um conjunto de pessoas que irei mencionar a seguir.

Em primeiro lugar queria agradecer ao meu orientador o Professor Doutor Carlos Fonseca pela sua disponibilidade e paciência.

Ao Sr. Rodrigo Reis, ao Sr. Norberto Pires, à Srª Janin Moreira pela sua disponibilidade, paciência e simpatia que demonstraram mal foram contactados.

Queria agradecer também aos meus amigos por terem estado sempre ao meu lado nos momentos bons, mas também nos momentos mais difíceis e a todas as pessoas que me ajudaram na concretização desta dissertação.

Por último, queria também agradecer aos meus pais e à minha irmã pelo carinho e pelo apoio que sempre me deram, bem como por terem sempre acreditado em mim.

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Resumo

A presente dissertação analisa a relação entre o empreendedorismo e o desenvolvimento rural sustentável, tendo como objeto de estudo o concelho de Vila Pouca de Aguiar.

O empreendedorismo é um conceito que, ao longo dos tempos, tem suscitado um elevado interesse, levando um grande leque de autores das mais diversificadas áreas a explorar esta temática. No entanto, o impacto que o empreendedorismo tem no desenvolvimento rural sustentável tem sido pouco aprofundado, verificando-se aí uma necessidade de explorar mais as suas ligações.

Os vários autores que estudaram a temática do empreendedorismo têm verificado que o empreendedorismo é uma peça fundamental para o desenvolvimento económico, através da criação de emprego. O empreendedorismo é visto como uma estratégia positiva para criar emprego, riqueza e proporcionar bem-estar à sociedade.

Ao longo desta investigação vão ser analisadas as políticas de apoio e estratégias que podem ser adotadas para promover o desenvolvimento rural sustentável, estudos de caso de empresas de sucesso do concelho de Vila Pouca de Aguiar nomeadamente a AgroAguiar, a Hortijales e a Água das Pedras e o impacto que os empreendedores têm no desenvolvimento. Estas empresas, são empresas com grande potencial e relevantes, dado que, para além de criarem emprego, também têm um papel crucial no crescimento e desenvolvimento económico e social da sua região.

Apesar da ligação entre o conceito de empreendedorismo e de desenvolvimento rural sustentável ainda ser pouco explorado, os autores que investigam esta temática chegaram à conclusão de que o empreendedorismo é importante no desenvolvimento de uma região, sendo mais ou menos significativo dependendo da zona, e das características do local onde este é implementado.

Palavras-chave: Empreendedorismo, empreendedores, desenvolvimento rural sustentável, Vila Pouca de Aguiar.

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Abstract

This dissertation analyzes the relationship between entrepreneurship and sustainable rural development, having as object study the municipality of Vila Pouca de Aguiar.

Entrepreneurship is a concept which over the years has sparked a large interest, leading a great range of authors of the most diverse areas the explore this theme. However, the impact that entrepreneurship has in sustainable rural development has been little explored, verifying whether there is a need to further explore more their links.

The various authors who have studied the theme of entrepreneurship have found that entrepreneurship is a part fundamental to economic development through job creation. Entrepreneurship is seen as a positive strategy to create employment, wealth and provide welfare to society.

Throughout this research will be analyzed supportive policies and strategies that can be adopted to promote sustainable rural development, case studies successful of business of municipality of Vila Pouca de Aguiar namely the AgroAguiar , the Hortijales and the Water Stones and the impact that the entrepreneurs have in the development. These companies are companies with great potential and relevant since, for beyond create employment, also have play a crucial role in the growth and economic and social development of their region.

Despite the connection between the concept of entrepreneurship and sustainable rural development be still little explored, the authors that investigating this theme arrived to the conclusion that entrepreneurship is very important in the development of a region, being more or less significant depending on the area, and the characteristics the place where it is deployed.

Keywords: Entrepreneurship, entrepreneurs, sustainable rural development, Vila Pouca de Aguiar.

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Índice

Capítulo 1: Enquadramento, problema e objetivos da investigação….…………...1

1.1- Fundamentação... 2

1.2- Problema e objectivos... 3

1.3- Importância deste estudo... 4

1.4- Organização da investigação... 5

Capítulo 2: Enquadramento contextual e teórico: conceito de rural, caracterização das zonas rurais e evolução do conceito de empreendedorimo ... 6

2.1- Enquadramento Contextual... 7

2.1.1- Definição e caracterização das áreas rurais... 7

2.1.2- Desenolvimento rural... 10

2.2- Enquadramento teórico ... 13

2.2.1- Empreendedorismo ... 13

2.2.2- Empreendedorismo sustentável ... 17

2.2.3- Motivos para empreender... 19

2.2.4- Perfil do empreendedor ... 21

2.2.5- Empreendedorismo rural... 24

Capítulo 3: Metodologia...27

Capítulo 4: Descrição dos estudos de caso e discussão dos resultados ...31

4.1- Enquadramento do estudo de caso ... 32

4.2- Descrição dos estudos de caso ... 33

4.2.1- AgroAguiar... 33

4.2.2- Hortijales ... 36

4.2.3- Água das Pedras... 38

4.3- Análise dos resultados obtidos ... 41

Capítulo 5: Conclusões e recomendações ...45

5.1- Conclusões ... 46

5.2- Limitações do estudo ... 49

5.3- Sugestões e recomendações para estudos futuros ... 50

Capítulo 6:Referências bibliográficas...52

Anexos ...61

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Índice de Figuras

Fig 1: Distribuição das áreas rurais de Portugal de acordo com a definição de rural

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Índice de quadros

Quadro 1: As diferenças mais significativas entre rural e urbano………9 Quadro 2: Necessidade vs Oportunidade………....20 Quadro 3: Outras motivações para empreender………...…...20 Quadro 4: Características psicológicas e cognitivas dos empreendedores………….……23 Quadro 5: Fatores que contribuem para o sucesso do desenvolvimento do empreendedorismo

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Lista de siglas utilizadas

AMU – Áreas Medianamente Urbanas APR – Áreas Predominantemente Rurais APU – Áreas Predominantemente Urbanas CEE – Comunidade Económica Europeia

ESDP – European Spatial Development Perspective

IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação IFAP – Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas

INE – Instituto Nacional de Estatística

LEADER – Ligações Entre Ações de Desenvolvimento da Economia Rural OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico p. – página

PAC – Política Agrícola Comum

POPH – Programa Operacional de Potencial Humano PR – Predominantemente Rurais

PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural PU – Predominantemente Urbanas

SEM – Sistema Superior de Estatística SR – Significativamente Rurais

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Capítulo 1:

Enquadramento, problema e objetivos da

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1.1-Fundamentação

Em Portugal continental as zonas rurais detêm um elevado peso no território, dado que abrangem uma percentagem significativa do território global, vivendo aí mais de um terço da população (Instituto Nacional de Estatística [INE], 2010). A maioria da população das zonas rurais vive confrontada com sérios problemas, como por exemplo problemas demográficos e socio-económicos, o envelhecimento, o desemprego, as dificuldades no acesso à educação e à informação, entre muitos outros.

As áreas rurais, nas regiões menos favorecidas e menos desenvolvidas, são em grande parte dependentes da agricultura, sendo esta atividade para muitos indivíduos a única fonte de rendimento. Apesar de tudo, a agricultura tem uma valiosa contribuição para o desenvolvimento sócio-económico das zonas rurais bem como para a concretização do seu potencial de crescimento.

A União Europeia (UE) está cada vez mais preocupada com o desenvolvimento das zonas rurais, promovendo políticas de desenvolvimento rural, que se centram essencialmente na melhoria da educação e formação, investigação e desenvolvimento e na progressão da inovação e sustentabilidade.

Em relação às políticas de desenvolvimento rural a UE chegou à conclusão que investir no capital humano e nas suas capacidades é crucial, tanto para explorar novos negócios tornando-os em oportunidades, como para criar emprego nas zonas rurais, assumindo-se assim o empreendedorismo como essencial para o desenvolvimento de uma zona rural.

O termo empreendedorismo passou a ser um tema central do universo académico, social, e científico, tendo-se tornado uma área de estudo central em diversas áreas científicas. Apesar de o empreendedorismo ser um conceito relativamente recente, ganhou grande relevância quando Schumpeter, nos meados do século XX, associou este conceito à inovação, e ao contributo que este dava para o desenvolvimento económico de uma região, passando assim a ser visto cada vez mais como uma peça fundamental, para o desenvolvimento de uma região (Sarkar, 2010).

Como a maioria dos investigadores (e.g. Schumpeter (1950), Fillion (1999)) apenas associavam o conceito ao crescimento económico, e perante as características apresentadas no início do século XXI, marcado por desigualdades e carências sociais, surgiu a necessidade de passar a dar uma maior ênfase a um tipo de empreendedorismo baseado nas potencialidades

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locais, e na articulação das experiências das organizações com as da sociedade, de forma a promover-se um modelo de desenvolvimento sustentável, com efeitos benéficos nas condições económicas, sociais e ambientais das regiões.

O conceito de empreendedorismo e de desenvolvimento sustentável estão cada vez mais interligados, dado que o desenvolvimento de uma sociedade depende do empreendedorismo sustentável, pois, um empreendedorismo empresarial para ser considerado positivo não pode ter apenas bons resultados a nível económico, mas também ao nível social e ambiental (Delgado, Cruz, Pedrozo & Silva, 2008).

Segundo Degen (2009), os empreendimentos terão um papel crucial no futuro do planeta, e as pessoas envolvidas nesses processos empresariais são responsáveis pelo desenvolvimento sustentável, o que implica acatar as necessidades do presente sem comprometer o bem-estar das gerações futuras. O empreendedorismo e a proteção do meio ambiente estão interligados. Para que se tenha qualidade de vida é necessário satisfazer as necessidades do ser humano, sem destruir o meio ambiente.

Apesar de existirem cada vez mais estudos sobre a temática abordada nesta investigação, ainda são poucos os autores que ligam o conceito de empreendedorismo ao desenvolvimento sustentável de uma zona rural.

O nosso estudo pretende focar-se na relação que existe entre o empreendedorismo e o desenvolvimento de uma área rural, mais precisamente do concelho de Vila Pouca de Aguiar. Iremos averiguar principalmente algumas das estratégias que foram adotadas por diferentes empreendedores para dinamizar os seus negócios, bem como o efeito que isso teve no desenvolvimento da região.

1.2-Problema e objetivos

Neste estudo assume-se como tema central de análise o impacto do empreendedorismo em meio rural, tomando-se como exemplo o concelho de Vila Pouca de Aguiar, com o objetivo de chamar à atenção para a importância que o empreendedorismo pode ter no desenvolvimento local sustentável.

De acordo com o problema de investigação definimos os seguintes objetivos de estudo:

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- Identificar estratégias e ações de empresas e de empreendedores em meio rural que se têm adaptado aos mercados de forma competitiva;

- Identificar algumas características que os empreendedores de sucesso em zonas rurais apresentam;

- Perceber o impacto que os empreendedores têm no desenvolvimento rural sustentável. Com este estudo pretende-se contribuir para um melhor conhecimento da relação que existe entre o empreendedorismo e o desenvolvimento de uma região rural, bem como descobrir caminhos para a definição de instrumentos de avaliação e apoio ao empreendedorismo nas zonas rurais com resultados mais eficazes.

1.3 - Importância deste estudo

Este estudo pretende ser uma contribuição para um campo de investigação que ao longo dos últimos anos, tem vindo a suscitar muito interesse, o da ligação entre o empreendedorismo e o desenvolvimento de uma região rural, levando um número considerável de investigadores a analisar esta questão. Estes investigadores não têm sido muito consensuais no estabelecimento dum quadro concetual que permita perceber de que modo funciona a relação entre empreendedorismo e desenvolvimento das áreas rurais, embora todos cheguem à conclusão de que, de facto, o empreendedorismo é uma peça fundamental para esse desenvolvimento.

Pelo que se pôde apurar ainda não existem muitos estudos que se refiram a esta temática para regiões com caraterísticas tão específicas como as da região que se vai estudar, nem que englobe as variáveis que vão ser analisadas. Esta investigação é também importante uma vez que, com ela, se pretende produzir novo conhecimento sobre a temática do empreendedorismo, ao analisar uma realidade pouco estudada com as variáveis em questão.

Um outro motivo para a elaboração deste trabalho, é o facto de se verificar cada vez mais o interesse em avaliar de forma objetiva o impacto que os empreendedores têm no desenvolvimento sustentável de uma área rural, bem como as estratégias que podem ser adotadas para o seu desenvolvimento e para a concretização de empreendimentos inovadores. Por último, este estudo pretende ajudar, em termos práticos, autarquias, empresas e populações destas regiões uma vez que serão apresentadas: (1) algumas estratégias e ações para um desenvolvimento mais eficaz, (2) a importância que os empreendedores têm para o

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desenvolvimento da região, (3) a forma como agem as maiores empresas da região, bem como (4) as características que um empreendedor de sucesso apresenta.

1.4-Organização da investigação

A presente investigação é composta por seis capítulos que vão ser mencionados a seguir.

No primeiro capítulo é feito um enquadramento ao tema e problemática de investigação e definem-se os principais objetivos de análise. O segundo capítulo é composto por duas componentes que integram a revisão da literatura, o enquadramento contextual e o teórico, onde se vai enquadrar a definição das áreas rurais e a sua caracterização, e analisar o conceito de empreendedorismo e a sua evolução, as motivações e o perfil do empreendedor, bem como a ligação que existe entre os conceitos de empreendedorismo, de desenvolvimento sustentável e de desenvolvimento rural.

No terceiro capítulo é abordada a metodologia de investigação para concretizar os objetivos definidos, recorrendo a uma análise qualitativa, a partir dos estudos de caso a três empresas de sucesso. Para a elaboração destes estudos recorreu-se à entrevista com perguntas abertas de forma a obter informação mais aprofundada.

No capítulo quatro procedeu-se à descrição dos estudos de caso, bem como à apresentação dos principais resultados obtidos.

No capítulo cinco são apresentadas as conclusões obtidas no estudo, as principais limitações, bem como recomendações e sugestões para futuras investigações.

No último capítulo são apresentadas as referências bibliográficas que são utilizadas ao longo desta investigação.

(17)

Capítulo 2:

Enquadramento Contextual e Teórico:

conceito de rural, caracterização das zonas

rurais e evolução do conceito de

empreendedorismo

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2.1-Enquadramento Contextual

Em seguida será realizada uma breve apresentação do conceito de rural e de caracterização das áreas rurais para um melhor enquadramento da temática deste estudo.

2.1.1-Definição e caracterização das áreas rurais

O conceito de rural apareceu na Europa no século XIX, como o oposto ao urbano. O conceito rural é geralmente confundido com a agricultura, uma vez que esta é a principal atividade destas áreas, mas atualmente esta confusão deixa cada vez mais de fazer sentido, começando a perceber-se que não existe uma definição exata de rural (Rolo, 2006).

O meio rural tornou-se objeto de diversas intervenções de desenvolvimento, tornando-se num espaço alvo de variadas interposições de crescimento, em que tornando-se cruzam atores variados, endógenos e exógenos, tendo em vista valorizar as “velhas” atividades rurais e desenvolver outras, investigando as oportunidades e os fatores de competitividade que existem em cada região (Cristóvão, 2007).

O meio rural do nosso país está a evoluir cada vez mais de modo dissemelhante, com grandes desenvolvimentos ao nível do bem-estar social, mas com uma evolução negativa no que se diz respeito à demografia e economia (Vieira, 2008).

As definições do rural têm sido sustentadas em diversos parâmetros, geralmente tentando interligar requisitos de carácter quantitativo, como a densidade populacional, a dimensão territorial e o emprego agrícola e outros indicadores de natureza económica e social.

Já vários autores tentaram dividir o território nacional rural, utilizando como critério de estudo a densidade populacional, de forma a conseguirem caracterizar melhor cada região, Novais, Lourenço e Baptista, (2000) é um deles e divide Portugal Continental em quatro tipos diferentes de rural:

 Rural Urbano, regiões com densidades populacionais superiores a 100 habitantes/ Km2 tendo a indústria como atividade predominante;

 Rural Assente na Indústria e nos Serviços, são regiões que têm densidades populacionais superiores a 30 habitantes/ Km2 e iguais ou inferiores a 100 habitantes/ Km2, tendo a indústria e os serviços como atividades predominantes;

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 Rural Agrícola, são as regiões onde as densidades populacionais são superiores a 30 habitantes/ Km2 e iguais ou inferiores a 100 habitantes/ Km2, tendo como atividade dominante a agricultura;

 Rural de Baixa Densidade, são as regiões onde as densidades são iguais ou inferiores a 30 habitantes/ Km2; a este tipo de regiões corresponde uma maior extensão no território nacional.

Estes diferentes tipos de rural não são consensuais pois, por exemplo o Sistema Superior de Estatística [SEM], 1998 divide Portugal continental numa tipologia diferente. Apesar de também utilizar como critério de estudo a densidade populacional, este recorre a uma metodologia que divide as freguesias em três tipos diferentes de áreas:

 Áreas predominantemente urbanas (APU), que aglomeram freguesias com densidades populacionais superiores a 500 habitantes/ Km2 ou uma população residente superior a 5.000 habitantes.

 Áreas Medianamente Urbanas (AMU), que abrangem freguesias semi-urbanas com densidades populacionais superiores a 1.00 habitantes/ Km2 ou populações residentes entre 2.000 e 5.000 pessoas;

 Áreas Predominantemente Rurais (APR), que são aquelas que apresentam uma população inferior a 2000 pessoas.

As zonas rurais da UE são uma peça fundamental da geografia e da sua identidade.

Mais de 91% do território da UE é “rural” e este, acolhe mais de 56% da sua população (Programa política de desenvolvimento rural, 2007). Atualmente muitas das zonas rurais estão a enfrentar grandes desafios, que são cruciais para estas zonas, pois algumas explorações agrícolas e silvícolas tem de conseguir fortalecer a sua competitividade, e na atualidade não é fácil conseguir atingir esse objetivo. De uma forma geral, nas zonas rurais, o rendimento médio por pessoa é inferior ao das zonas urbanas, tal como o nível de qualificações é inferior e o setor dos serviços está menos desenvolvido.

Em contrapartida, as zonas rurais da Europa têm muitas coisas importantes para oferecer, como matérias-primas, espaços esbeltos, onde se pode descansar, recuperar as energias, praticar atividades de lazer, ou apreciar paisagens magníficas. Há cada vez mais pessoas que se sentem atraídas pela ideia de viver e exercer a sua profissão numa área rural, desde que tenham acesso a serviços e a infra-estruturas adequadas.

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Quadro 1. As diferenças mais significativas entre rural e urbano

Características Rural Urbano

Atividade principal Agricultura Indústria/Serviços Formação social principal Comunidade Associação Dimensão dos aglomerados Pequenos

aglomerados

Grandes aglomerados Fonte: Poças (2006)

A definição das zonas rurais mencionada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) é a única reconhecida internacionalmente (União Europeia [UE], 2006). Em Portugal, muitos documentos de referência, adoptam esta definição como sendo a mais correcta. OCDE (2009) caracterizou as zonas rurais ao nível das NUT III como:

(1) Predominantemente Urbanas (PU) – onde menos de 15% da população vive em freguesias com densidade demográfica inferiores a 150 hab/km2.

(2) Significativamente Rurais (SR) – onde apenas 15 a 50% da população habita em freguesias com densidade demográfica inferior a 150 hab/km2.

(3) Predominantemente Rurais (PR) – onde mais de 50% da população vive em freguesias com densidade demográfica inferior a 150 hab/km2.

No entanto, esta definição não permite, ter em conta a população que vive em zonas rurais com maior densidade, designadas por zonas «peri-urbanas» (UE, 2006).

Baptista e Cristóvão (2003) são mais dois autores que fazem referência a uma publicação das Comunidades Europeias de (1988) onde as zonas rurais são qualificadas de acordo com o grau de envolvimento nas economias nacionais, classificando aquelas em três categorias:

(1) Zonas Rurais Integradas: são regiões que contêm populações em crescimento e empregos assentes no setor secundário e terciário, onde a atividade da agricultura é a principal utilização da terra; são áreas próximas das cidades e que se são vistas como zonas residenciais de regiões urbanas;

(2) Zonas Rurais Intermédias: caracterizam-se por serem regiões distantes dos centros urbanos, estando as suas principais atividades relacionadas com os setores primários e secundários;

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(3) Zonas Rurais Isoladas: caracterizam-se por regiões com densidades populacionais e níveis de rendimentos muito baixos. São também caracterizadas por terem populações envelhecidas e que dependem da agricultura.

Tal como acontece com a definição do conceito rural, também na caracterização das zonas rurais, cada autor qualifica as zonas rurais de uma forma diferente, sendo possível concluir-se que a caracterização deste tipo de zonas depende muito daquilo que se pretende investigar.

Para uma melhor percepção da classificação de rural e urbano, apresenta-se, em seguida, um mapa onde se pode verificar as regiões que, em Portugal, são rurais, significativamente rurais e as que são urbanas.

Figura 1: Distribuição das áreas rurais de Portugal de acordo com a definição de rural apresentada pela OCDE Fonte: Costa (2010)

2.1.2- Desenvolvimento rural

O conceito de desenvolvimento rural surge no final da segunda guerra mundial, quando são empreendidas políticas de reconstrução dos países que foram destruídos e políticas de superação do subdesenvolvimento para os países que se libertaram do colonialismo.

Predominantemente rurais Predominantemente urbanas Significativamente rurais

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O desenvolvimento das áreas rurais constitui um dos pilares fundamentais da Política Agrícola Comum (PAC), com estas zonas a serem entendidas como um espaço de regulação (preservação de recursos e qualidade ambiental, conservação da natureza), de informação (manutenção da identidade e património cultural) e de suporte (e.g. lazer, turismo, qualidade de vida).

O desenvolvimento rural está diretamente ligado ao desenvolvimento económico, sendo impensável falar de políticas de desenvolvimento rural independentes de políticas de desenvolvimento económico.

Vieira (2008) refere que actualmente existem políticas de desenvolvimento especialmente dirigidas para a revitalização da situação socioeconómica dos espaços rurais, para que valores como tradições culturais e produtos alimentares de características únicas, que só estas regiões lhes podem conferir, se preservem e sejam valorizados.

Atualmente, o desenvolvimento rural também está diretamente ligado ao conceito de sustentabilidade e não pode ser analisado fora do âmbito do desenvolvimento sustentável. É impossível não ligar o desenvolvimento rural à sustentabilidade uma vez que se está a observar o surgimento de uma nova promessa de desenvolvimento rural com enfoque nas diferentes dimensões da sustentabilidade (económica, social, política, cultural, ambiental e territorial).

O desenvolvimento rural de uma região para ser consumado de forma eficiente e eficaz, deve ser realizado de forma sustentável, incidindo fundamentalmente em dois pilares: o desenvolvimento de uma perspectiva autónoma e o desenvolvimento endógeno (European Commission [EC], 1999).

Para Schimitt (1995) a noção de desenvolvimento rural sustentável surge com a necessidade de reconhecimento da insustentabilidade ou até mesmo com a falta de adequação económica, social e ambiental do modelo de desenvolvimento adotado pelas sociedades atuais.

Sepúlveda (2003) vai ao encontro do que menciona Schimitt (1995) e afirma que o desenvolvimento rural deve ter como ponto de partida a análise dinâmica global das dimensões: económicas, socioculturais, ambientais e político-constitucionais. O seu principal objetivo é fomentar o bem-estar da sociedade rural, potenciando a sua contribuição estratégica para o desenvolvimento sustentável da sociedade (Gastal, 2008).

O desenvolvimento rural sustentável procura ainda a formulação de estratégias e ferramentas de políticas públicas que levem ao desenvolvimento territorial sobretudo nas

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regiões rurais em que se procuram corrigir desequilíbrios, taxas reduzidas de crescimento a nível de produção, padrões inadequados de movimento de bens, bem como o uso insustentável dos recursos naturais (Sepúlveda, 2003 apud Gastal, 2008).

Existem diversos programas com o intuito de desenvolver as áreas rurais, de que são exemplos o programa LEADER e o PRODER. Todos estes programas têm como objetivo desenvolver estas áreas de uma forma sustentável, de modo a conseguirem o bem-estar das sociedades residentes nestas áreas, e até mesmo conseguirem construir um mundo mais sustentável.

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2.2 - Enquadramento teórico

2.2.1- Empreendedorismo

O conceito de empreendedorismo tem vindo ao longo dos últimos séculos a ter cada vez mais relevância, sendo este utilizado em várias áreas, e estudado por um grande número de investigadores demonstrando assim o grau da sua importância na nossa sociedade.

Atualmente tem havido discussões entre os vários autores para perceber se o empreendedorismo constitui um campo próprio de pesquisa (Shane & Venkataraman, 2000; 2001) ou se os seus objetos de investigação já estão incluídos em correntes disciplinares mais antigas e estruturadas, como a gestão estratégica (Rimoli, Andreassi, Gouvea & Brito, 2004).

O conceito de empreendedorismo provém da palavra francesa _”entrepreneur”_, que no século XVIII passou a indicar uma pessoa que cria um negócio e assume riscos. Vários autores de diferentes áreas tentaram explicar o fenómeno de empreendedorismo, tornando-o num estudo multidisciplinar. Foram assim apresentadas abordagens diferentes atendendo à proveniência da área específica em que estes investigam (Sexton & Landström, 2000 apud Palma, Cunha & Lopes, 2007).

Os primeiros autores a tentarem explicar o conceito de empreendedorismo foram os economistas Cantillon em (1755), Adam Smith em (1776), Say em (1816) e Schumpeter em (1934), pois estes queriam perceber o impacto e a função que o empreendedor tinha na economia (Fillion, 1999). Segundo Schumpeter (1954), Cantillon foi um dos primeiros a diferenciar um empreendedor de um capitalista, começando a partir deste momento a dar-se uma grande importância ao conceito de empreendedorismo (Fillion, 1999). Para Cantillon (1755), os empreendedores são pessoas que compram matérias-primas e depois as transformam para futura venda, vendo aí uma oportunidade de negócio e assumindo riscos futuros.

Knight (1921) vem contradizer parcialmente Cantillon ao distinguir os conceitos de risco e incerteza, ao considerar que um bom empreendedor deve assumir incertezas mas nunca riscos.

Já para Smith (1776) o conceito de empreendedorismo não existia, pois este acreditava que o desenvolvimento da sociedade se focava em três variáveis: (1) mão-de-obra barata, (2) matéria-prima abundante e (3) capital disponível para investir. Say (1816), vai para além

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destes primeiros e é considerado um dos criadores do empreendedorismo (Filion, 1999), começando por afirmar que o desenvolvimento económico é uma consequência do surgimento de novos negócios, começando-se já aí a associar o empreendedorismo à inovação e à mudança. Foi porém Schumpeter quem formalizou definitivamente o conceito, quando ligou definitivamente o empreendedorismo à inovação, apontando-a como crucial para o desenvolvimento económico (Filion, 1999).

Em 1930 surge uma nova visão de empreendedorismo pelo comportamentalista Weber, que identificou os valores humanos como um elemento crucial para a justificação do comportamento do empreendedor, afirmando também que os empreendedores são indivíduos inovadores (Fillion, 1999). Todavia o autor que realmente se destacou nas ciências do comportamento foi McClelland (1961) que vem fundamentar mais um pouco a teoria de Knight, ao afirmar que o ser humano não está disposto a correr grandes riscos, mas que quanto mais a sociedade valorizar o conceito de empreendedorismo positivamente, mais empreendedores haverá. McClelland (1972) foi também dos primeiros autores a salientar o papel dos empresários na sociedade e a contribuição que estes davam para o desenvolvimento económico.

Depois de Weber (1930), e McClelland (1961), outros investigadores têm estudado a influência das necessidades de realização pessoal, mas ainda sem conclusões definitivas que liguem diretamente estas ao sucesso dos empreendedores. Alguns investigadores consideram que a necessidade de realização não é razão para a execução de novos empreendimentos, enquanto outros salientam que as necessidades de realização não são suficientemente credíveis para explicar o êxito dos empreendedores.

Drucker (1987) foi outro investigador que explicou o conceito de empreendedorismo, ao afirmar que os empreendedores são pessoas que usufruem de uma oportunidade para desenvolverem mudança ou até mesmo inovação. Este autor defende que o empreendedor não se deve fundamentar apenas no seu talento e inteligência, mas também procurar recursos no exterior de forma a haver uma maior interdisciplinaridade do conhecimento e a alcançar os objectivos de uma forma mais rápida e eficaz.

Já para Carton, Hofer e Meeks, (1998) empreendedorismo é a procura de uma oportunidade descontinuada envolvendo a criação de uma empresa, com o intuito de criar valor para os agentes envolventes (Sarkar, 2010).

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Timmons (1999) vai ao encontro de Carton et al., (1998) e define empreendedorismo como geração e distribuição de valor, tendo benefícios tanto para o próprio indivíduo, como para as organizações, como para a sociedade.

Já para Wennekers e Thurik (1999) o empreendedorismo é a capacidade e vontade dos indivíduos em trabalhar por conta própria, criando novas oportunidades económicas, introduzindo as suas ideias no mercado face à incerteza, tomando decisões sobre a localização, a forma como os recursos vão ser utilizados bem como o tipo de entidade que vai ser implementada.

Shane e Venkataraman (2000) vêm o empreendedorismo como uma máquina de criar valor, através da descoberta e exploração de novos negócios, mesmo em situação de incerteza. Para estes autores o empreendedorismo é uma peça fundamental no desenvolvimento económico.

Já para o GEM (2006:15), empreendedorismo é “qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou novo empreendimento, como, por exemplo, uma atividade autónoma, uma nova empresa, ou a expansão de empreendimento existente, por um indivíduo, grupos de indivíduos ou por empresas já estabelecidas”.

Hisrich e Peters (2004) vão mais longe e chegaram à conclusão de que a principal razão para uma pessoa se tornar empreendedor é a independência. Para estes dois autores a vontade de ser o próprio patrão leva os empreendedores a lidar com todos os riscos que possam estar envolvidos, para além da dedicação e de tempo investido e da audácia para suportar as adversidades.

Bratnicki (2005) vê o empreendedorismo como um processo ou uma progressão, que inclui uma sequência de oportunidades e de comportamentos. Dornelas (2005), vai ao encontro de Bratnicki (2005) e defende que o termo empreendedorismo indica o envolvimento de pessoas e de processos que, em conjunto, levam à concretização das ideias, transformando-as em oportunidade. Dornelas (2008) vem complementar a sua definição de empreendedorismo mencionada anteriormente, defendendo que este conceito implica fazer algo novo e diferente, tendo como foco a inovação e a criação de valor.

Segundo Baron e Shane (2007), empreendedorismo é um campo de estudo que busca entender como surgem as novas oportunidades para criar novos produtos ou serviços, novos mercados, processos de produção ou formas de organizar as tecnologias existentes e como são descobertas por pessoas específicas, que então usam meios para explorá-las ou desenvolvê-las. As pessoas que reconhecem essas oportunidades são chamadas de empreendedores.

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Já o Entrepreneurship Center da Universidade de Miami citado por Sarkar (2010) define empreendedorismo como “um processo de identificação, desenvolvimento e captação de uma ideia para a vida. A visão pode ser uma ideia inovadora, uma oportunidade ou simplesmente uma forma melhor de fazer algo. O resultado final deste processo é a criação de uma nova empresa, formada em condições de risco e de uma incerteza considerável” (Sarkar, 2010, p.31). O conceito formulado por esta instituição vai de encontro ao dos autores mencionados anteriormente, condensando as várias definições afirmadas por estes numa só, pois para ela o empreendedorismo vai muito além da simples criação de empresas, refletindo também uma forma diferente de ver e executar coisas onde a criatividade e a inovação são fundamentais para criar valor para os agentes envolvidos.

Para além da preocupação com uma definição clara do conceito de empreendedorismo, os investigadores também se têm preocupado em inseri-lo e diferenciá-lo nas diferentes escolas de pensamento.

Segundo Cunningham e Lischeron (1991) o empreendedorismo está inserido em seis escolas de pensamento, que apesar de se complementarem têm, cada uma, as suas características particulares. A primeira escola é “a escola do grande indivíduo” que inclui autores como Silver (1985) e Garfield (1986), considera que os empreendedores são pessoas intuitivas, e descreve um empreendedor de sucesso como sendo altamente motivado, com vista à obtenção da sua independência e sucesso. A segunda escola é a “escola de características psicológicas” que afirma que os empreendedores são pessoas com valores e atitudes únicas, destacando a propensão ao risco. A terceira escola é a “escola clássica” que afirma que a inovação é a característica central do empreendedor indo de encontro a Schumpeter. O empreendedorismo, nesta perspectiva, refere-se essencialmente ao processo de criação de uma oportunidade. A quarta escola é a “escola de gestão” que não vê os empreendedores apenas como pessoas que inovam, mas também que organizam, gerem e assumem riscos. A quinta escola é a “escola de liderança” que tem algumas semelhanças com a “escola das características psicológicas”, pois foca a sua atenção na influência da liderança empreendedora, considerando a capacidade de adaptação uma mais-valia para os líderes empreendedores. Por último, a sexta escola é a “escola do intraempreendedorismo” que apresenta o empreendedor como o grande influenciador do desempenho de uma organização.

De todos os estudos feitos sobre empreendedorismo, existem duas escolas de pensamento que sobressaem dando ênfase à inovação e ao perfil do empreendedor, sendo elas a “escola económica”, a qual se divide na escola clássica, onde os seus fundadores Smith

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(1985), Mill (1986) e Say (2002) defendiam que os empreendedores são pessoas que têm a responsabilidade de produzirem da melhor maneira, para que o seu esforço resulte num produto final lucrativo, e na escola neoclássica, onde Marshal (1982) e Schumpeter (1985), defendem que um empreendedor é um individuo que está apto para mudanças radicais e inovação, assumindo riscos para criar condições financeiras e laborais que possibilitem a concretização do seu negócio. O empreendedor é visto como uma pessoa com características únicas (Simpeh, 2011).

A segunda escola é a “escola comportamental”, liderada por McClelland (1961) que defende que a motivação é a característica fulcral para se ser um bom empreendedor, uma vez que o que faz de um indivíduo um bom empreendedor são as suas características psicológicas.

2.2.2- Empreendedorismo sustentável

O conceito de empreendedorismo sustentável é um conceito ainda muito recente, mas que já é um motivo de investigação importante, representando uma contribuição adicional para a formulação do conceito de empreendedorismo, dado que, para além de ter em conta o desenvolvimento económico, também dá ênfase à parte ambiental e social (Shaper, 2012).

O empreendedorismo sustentável é visto atualmente como uma peça fundamental para o desenvolvimento económico, uma vez que vai criar empregos, aliviar a carga fiscal, aumentar a competitividade e acelerar o crescimento (Naudé, 2008 e Cuervo, Ribeiro & Roig, 2007) dado que produz bens e serviços para a sociedade, introduz novas tecnologias ou melhora-as e diminui saídas de custos (Carree & Thurik, 2002).

Vários autores (e.g. Cohen & Winn, 2007; Hall & Vredenburg, 2003) identificaram o empreendedorismo como um meio fundamental para combater as lacunas existentes no mercado, a nível económico, ambiental e social de forma a melhorar estas vertentes. No entanto, apesar do conceito de empreendedorismo ser cada vez mais citado como um elemento importante para uma sociedade mais sustentável, ainda existe uma considerável incerteza sobre a natureza do papel que este tem no desenvolvimento sustentável de uma sociedade e qual é a sua contribuição real, uma vez que nem todo o tipo de empreendedorismo é positivo. Daí a necessidade de se focar em todas as vertentes de crescimento, desde a económica, à psicológica, social, cultural e ambiental (Hall et al., 2010).

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Delgado et al., (2008) é um dos autores que defende que o empreendedorismo não serve só para o desenvolvimento económico, mas também para melhorar a qualidade ambiental e social. Enquanto que o empreendedorismo se foca apenas no desenvolvimento económico (Shane & Venkataraman, 2000), o empreendedorismo sustentável acrescenta a esta finalidade o desenvolvimento sustentável e os benefícios sociais e ambientais que este trás (Jacobs, 1995).

Esta nova visão de empreendedorismo, que liga o empreendedorismo ao desenvolvimento sustentável (Delgado et al., 2008) e a função que este tem na resolução dos problemas sociais e ambientais, tem vindo a ter cada vez maior importância, tornando assim esta vertente de empreendedorismo cada vez mais numa área de pesquisa interdisciplinar (Dean & McMullen, 2007) essencial para definir mais claramente o conceito de empreendedorismo.

Lan (2005) é dos primeiros autores a ver o empreendedorismo numa vertente sustentável, afirmando que qualquer negócio deveria estar focado na realização dos objetivos sociais, ambientais e económicos de forma a colaborar para o desenvolvimento sustentável da sua sociedade e da região onde está implementado.

Dolabela (2006) é outro dos investigadores que não vê apenas o empreendedorismo na perspetiva económica, pois para ele o empreendedorismo está ligado essencialmente ao desenvolvimento social, à realização dos sonhos, à criatividade e à inovação, afirmando até que o empreendedorismo nunca pode ser visto como um instrumento de enriquecimento pessoal nem pode servir para um maior agravamento das diferenciações sociais.

Savitz (2007) declara que cada vez mais investidores escolhem as oportunidades de investimento com suporte nos precedentes ambientais e sociais das empresas, tornando-os assim em investimentos socialmente responsáveis.

De uma forma mais clara pode-se afirmar que o empreendedorismo sustentável foca-se esfoca-sencialmente na sociedade e nos benefícios sociais e ambientais (Ahmed & Mcquaid, 2005) bem como na criação de organizações direcionadas, com o intuito de contribuir para o progresso ambiental e social do mundo em que vivemos, de forma a melhorar a qualidade de vida da sociedade (Parresh, 2008).

No âmbito deste estudo é possível definir empreendedorismo, como a identificação e criação de uma ideia, vendo aí uma oportunidade para torná-la num negócio inovador que contribua para o desenvolvimento sustentável da sociedade. Empreendedorismo pode ser também entendido como o processo de criação de novos negócios, produtos ou processos e o

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bom funcionamento dos mesmos, e que implica correr riscos para melhorar o desenvolvimento económico, ambiental e social.

2.2.3- Motivos para empreender

O conceito de motivação neste contexto é visto como um método psicológico de relativa complexidade, uma vez que se trata de um facto não diretamente observável e que ajuda na explicação e numa melhor compreensão das divergentes acções e escolhas individuais (Borges, 2004 apud Fiorin, Machado & Marques, 2010).

Segundo Falcão (2008), há pelo menos quatro motivos para o empreendedorismo, sendo eles: 1º- por necessidade, que é quando as pessoas não têm liberdade de escolha; 2º- empreendedorismo por vocação que surge quando existe liberdade de acesso às oportunidades de mercado; 3º- empreendedorismos por inércia, que é quando o ambiente organizacional é fraco e as empresas enriquecem com base nas relações interpessoais dos seus dirigentes. Por último empreendedorismo com conhecimento e consciência que é sem dúvida a melhor forma de empreender futuramente.

As motivações que levam os indivíduos ao ato de empreender têm uma grande importância para a caracterização de um empreendedor. No quadro seguinte, podemos verificar que vários autores identificaram ao longo das últimas décadas a necessidade e a oportunidade como motivações cruciais para que um indivíduo se torne empreendedor. Quando os empreendedores são motivados pela percepção de um nicho de mercado potencial fazem-no por oportunidade, quando estão motivados pela falta de opções aceitáveis de trabalho e salarial denomina-se necessidade (GEM, 2007 apud Fiorin et al., 2010).

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Quadro 2: Necessidade vs Oportunidade

Autores Necessidade Oportunidade

Smith (1967) Smith & Minner, (1983) Woo, Cooper & Dunkelberg, (1991)

Shane &Venkataraman (2000) Gaglio & Katz, (2001) Minniti, Arenius & Langowitz, (2005)

Tang, Tang & Lohrke, (2007) Marques, Santos, Gerry & Gomes, (2011)

X X X X X X X X X X X X X X X X Fonte: Marques (2011)

No quadro abaixo, podemos observar mais alguns motivos que levam as pessoas a empreender para além daqueles que foram mencionados no quadro anterior, nomeadamente motivações mais específicas. Estas características estão de certo modo relacionadas com as motivações principais mencionadas no quadro anterior. As motivações mais referidas pelos autores são: criação de riqueza, desafio, realização pessoal, segurança pessoal e independência.

Quadro 3: Outras motivações para empreender

Autores Criação de riqueza Desafios Realização pessoal Independência Estatuto social/ reco- nhecimento Dificuldade de progressão Segurança familiar Hisrich & Brush, (1985) X Cromie, (1987) X X X X X Degen (1989) X X X X Birley e Westhead (1990) X X X X

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Quadro 3: Outras motivações para empreender (Continuação) Autores Criação de riqueza Desafios Realização pessoal Independência Estatuto social/ reco- nhecimento Dificuldade de progressão Segurança familiar Buttner & Moore, (1997) X X X X X X Caputo & Kolinsky, (1998) X X X X X X Kuratko (1998) X X X Lin (1999) X X X X Díaz Garcia, (2000) X X X X X X Kets e Vries (2001) X X Carter (2003) X X X X Dornelas (2005) X X Dolabela (2007) X X X Marques, Santos, Gerry & Gomes, (2011) X X X X X X

Fonte: Elaboração própria com base nos autores mencionados

2.2.4-Perfil do empreendedor

Nas últimas décadas tem-se vindo a verificar um grande interesse em estudar as características psicológicas do empreendedor. Esta questão tem sido abordada por investigadores, das mais variadas áreas que estudam o conceito de empreendedorismo, principalmente nas áreas da psicologia e comportamental (Sarkar, 2010). É sabido que as características psicológicas não são suficientes para fazer com que os indivíduos explorem oportunidades empreendedoras; no entanto, elas influenciam a decisão de explorá-las (Shane, 2003). Para Shane e Venkataraman (2000) as características psicológicas seriam a explicação para a tomada de diferentes decisões mesmo em situações onde existe correspondência de informações e competências.

Gartner (1989) foi outro autor que também estudou as características do empreendedor, chegando à conclusão de que o sucesso está dependente do que o

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empreendedor faz e não propriamente das suas características psicológicas, uma vez que é difícil determinar o perfil de um individuo pois cada pessoa tem uma personalidade.

Chiavenato e Sapiro (2003) defendem que as características dos empreendedores são as mais diversas possíveis, pois cada empreendedor tenta obter o maior sucesso possível no seu negócio através delas. Para os autores citados anteriormente o empreendedor é uma pessoa que consegue fazer com que as coisas aconteçam, tem grande capacidade de visão para os negócios e capacidade para identificar oportunidades onde os outros não as vêm.

Vários autores (e.g. Boyd, 1987; Green et al., 1996) tentaram identificar as diferenças que existiam entre os indivíduos empreendedores e a população em geral, tendo para tal baseado estes estudos em algumas características de personalidade, como por exemplo: necessidade de realização, autonomia, poder, controle e propensão ao risco.

Apesar das características psicológicas de um indivíduo serem cada vez mais investigadas, nota-se uma grande dificuldade em chegar a uma conclusão comum, não se conseguindo assim definir o perfil dum empreendedor, devendo-se esta dificuldade à falta de consenso em volta das características predominantes. Como não conseguem chegar a uma conclusão consensual alguns autores (e.g. Shaver, 1995; Baron, 1998; Mitchell et al., 2000) começaram também a analisar as características cognitivas. A conjunção das características psicológicas e cognitivas gera os comportamentos individuais.

Com a abordagem cognitiva consegue-se uma compreensão mais clara, sobre como o empresário pensa e os porquês das suas acções, bem como o impacto e a intensidade do seu comportamento (Mitchell et al., 2002). Shaver (1995) é um dos autores que não liga apenas o sucesso de um empreendimento às características psicológicas, mas também às cognitivas, afirmado até que estes dois tipos de características podem ser alcançados ao longo da vida através da exercitação das mesmas.

Gartner e Cárter (2004), foram mais além e chegaram mesmo à conclusão de que os empreendedores para além das características psicológicas, precisam também de características demográficas e cognitivas, aumentando desta forma a probabilidade de sucesso do seu novo empreendimento (Sarkar, 2010).

No quadro abaixo encontra-se um resumo das características psicológicas e cognitivas que foram identificadas ao longo do século XX e XXI, por alguns dos vários autores que estudam o empreendedorismo. As características mais notórias são: inovação, necessidade de realização, criatividade, propensão ao risco e autonomia.

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Quadro 4: Características psicológicas e cognitivas

Fonte: Elaboração própria com base nos autores mencionados

Autores Características psicológicas e cognitivas

Schumpeter (1934) e Drucker (1985) McClelland (1961) Hornaday e Bunker (1970) Khilstrom e Laffont (1979) Mescon e Montanari (1981) Sexton e Bowman (1985) Aldrich e Zimmer (1986) Timmons (1989)

Carland, Carland e Hoy (1992)

Filion (1999)

Inovação. Necessidade de realização.

Necessidade de reconhecimento, criatividade, iniciativa, autoconfiança, liderança, necessidade de realização, poder.

Capacidade para fazer frente à incerteza. Reconhecimento, autonomia, resistência, locus of control.

Tolerância à ambiguidade.

Internal locus of control, pouca aversão ao risco, agressividade,

ambição e alta necessidade de reconhecimento. Assume riscos calculados, orientação para oportunidade, persistência na resolução de problemas, tolerância à incerteza.

Necessidade de realização, inovação, propensão ao risco. Inovação, otimismo, liderança, iniciativa, independência, tolerância à ambiguidade e à incerteza, orientação para os resultados, assunção

de riscos, criatividade, necessidade de realização.

Mintzberg et al, (2000)

Shane&Venkataraman (2000)

Dornelas (2001)

Neto&Froes (2002)

Chiavenato & Sapiro (2003)

Hisrich &Peters (2004)

Dolabela (2006)

Baron &Shane (2007)

Neto (2008)

Autonomia, inovação, assunção ao risco, agressividade competitiva e criatividade.

Busca de oportunidade, centralização de poder, capacidade para lidar com o risco; necessidade de realização.

Motivação, ousadia, criatividade, riscos calculados, e conseguir criar valor.

Criatividade e liderança.

Ambição; independência; autodeterminação; perspicácia para negócios; visão antecipatória; dedicação; vontade de assumir riscos;

necessidade de auto-realização; criatividade e inovação. Criatividade, independência, inovador e capacidade de assumir

riscos.

Iniciativa, criatividade, autonomia, auto-confiança, optimismo, realização de visões e necessidade de realização.

Motivação, capacidade de reconhecer oportunidades, criatividade, inteligência e habilidade de formular novas ideias. Criatividade, sensibilidade, autoconfiança, desejo de independência

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2.2.5- Empreendedorismo rural

O empreendedorismo começa hoje em dia a ser visto como uma alavanca para o desenvolvimento de uma região, seja ela rural ou urbana. Segundo Dolabela (1999), o empreendedorismo é um fenómeno fundamental para o desenvolvimento regional, estando dependente da cultura, das necessidades, e dos costumes da região que está a ser desenvolvida.

Ao longo dos anos o estudo das questões ligadas ao empreendedorismo rural tem vindo a ter uma maior relevância levando um grande número de investigadores a estudarem esta temática. Wortman (1990) foi um dos que investigou esta questão e afirmou que o conceito de empreendedorismo rural pode ser definido como a criação de uma nova entidade que insere um novo produto num ambiente rural, servindo ou criando aí um novo mercado e utilizando uma nova tecnologia.

Mackenzie (1992) define empreendedorismo rural como o motor de arranque para impulsionar o desenvolvimento económico, ou seja, o bem-estar económico nas áreas rurais. Assim sendo, segundo ele, novos empreendimentos são cada vez mais importantes nestas áreas de forma a diversificar a economia local e aumentar o bem-estar da sociedade.

Já Stathopoulo, Psaltopoulos e Skuras (2004) definem empreendedorismo rural como a criação de novas oportunidades de emprego nas zonas rurais, através da geração de novos empreendimentos.

Tal como para Mackenzie (1992) também para Moreira e Carvalho (2009) o conceito de empreendedorismo rural pode ser definido como uma peça crucial para o desenvolvimento económico das áreas rurais, uma vez que este vai criar empregos, rendimento e riqueza, conseguindo assim combater os principais problemas a nível económico nas comunidades rurais.

Ahmad, Yusoff, Noor e Ramin (2012) vão ao encontro dos autores mencionados anteriormente e definem empreendedorismo rural, de uma forma muito simples, como um elemento que contribui e é essencial para o desenvolvimento económico de um país.

Para Petrin, (1994) o conceito de empreendedorismo rural está mais direcionado para a agricultura, afirmando que este pode ser visto como o alargamento dos recursos utilizados na agricultura, ou seja, procurar novos recursos que possam ser utilizados na agricultura de forma a aumentar as aplicações disponíveis para a agricultura, com o intuito de obter resultados mais eficazes e eficientes. Apesar deste autor direcionar o empreendedorismo rural

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para a agricultura, considera que o empreendedorismo é um mecanismo de promoção e de intervenção estratégica na aceleração do processo de desenvolvimento rural, tanto para as instituições, como para os indivíduos, os políticos, os agricultores ou as mulheres.

O empreendedorismo é fundamental nas áreas rurais para as instituições e para as pessoas, uma vez estas veem que ligando o conceito de desenvolvimento ao empreendedorismo, conseguem obter empregos com maior potencial. Para os políticos a junção destes dois conceitos é visto como uma estratégia para conseguir combater o excesso de desemprego existente nas áreas rurais na Europa. Também os agricultores veem a ligação entre desenvolvimento e empreendedorismo como um instrumento para melhorar os seus rendimentos na agricultura. Para as mulheres, é a oportunidade para obter um emprego perto das suas residências e para se tornarem autónomas e independentes (Petrin, 1994).

Para todos os grupos mencionados anteriormente, o empreendedorismo é um elemento essencial para melhorar a qualidade de vida de todos os indivíduos, famílias e comunidades bem como para desenvolver as economias locais.

Porém, o assumir da importância do empreendedorismo como uma força crucial para o crescimento e desenvolvimento económico não é suficiente, nem conduzirá, por si só ao desenvolvimento rural e ao progresso das empresas rurais. Para que haja desenvolvimento rural, é necessário que exista um ambiente que potencie o empreendedorismo. A existência de tal ambiente depende, essencialmente das políticas de promoção existentes para o empreendedorismo rural. A eficácia de tais políticas depende essencialmente do quadro concetual sobre o empreendedorismo, ou seja, o que é e de onde vem (Petrin, 1994).

Apesar dos autores anteriormente mencionados afirmarem que é o empreendedorismo que faz com que haja desenvolvimento, Higgins e Savoie (1997) chegaram à conclusão que não é fácil determinar exatamente se é o empreendedorismo que provoca o desenvolvimento ou se é o desenvolvimento que provoca a necessidade de se empreender, reconhecendo, porém que ambos estão interligados.

Gülümser, Levent, Nijkamp e Poot (2012) afirmam que o empreendedorismo rural depende fundamentalmente de cada tipo de capital rural, não existindo assim uma definição exata deste conceito, mas apesar de tudo conclui que as atividades dos empreendedores rurais são a força impulsionadora da aglomeração de capital rural.

Para se conseguir escolher a definição de empreendedorismo mais adequada no contexto de um espaço rural, é imprescindível ter em conta todas as competências empresariais que serão fundamentais para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos,

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famílias e comunidades bem como para sustentar uma economia e um ambiente saudável (Tyson, Petrin & Rogers, 1994).

No quadro 5 apresentam-se alguns dos principais fatores que contribuem para o desenvolvimento do empreendedorismo rural, com efeitos positivos no desenvolvimento das regiões rurais.

Quadro 5: Fatores que contribuem para o sucesso do desenvolvimento do empreendedorismo rural

Autores Fatores

Petrin, 1994

Wortman, 1990

Lee, 1997

Smallborne, 2006 apud Ahmad et al 2012 Mohar, 2007

Apoio institucional e programas inovadores desenvolvidos pelos empresários. Apoio de programas fornecidos pelo governo para

promover as pequenas empresas. Motivação e atitudes inovadoras dos empresários

Adaptação do negócio ao local.

Mentalidade inovadora por parte dos empresários. Fonte: Elaboração própria com base nos autores mencionados

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Capítulo 3:

(39)

Neste capítulo definem-se as metodologias que vão ser utilizadas, de forma a se conseguir dar resposta à problemática definida neste estudo “ o impacto que o empreendedorismo tem no desenvolvimento sustentável no concelho de Vila Pouca de Aguiar”, bem como cumprir com os restantes objetivos indicados inicialmente.

Segundo Demo (1995) a metodologia é uma preocupação instrumental que trata dos procedimentos, ferramentas e caminhos a seguir para a elaboração de um estudo. Já para Jones (1993) citado por Gomes, Romaniello e Silva (2006) a “metodologia diz respeito ao processo de produção de conhecimento” (Gomes et al., 2006, p.397).

Para a análise desta problemática utilizou-se uma metodologia qualitativa de pesquisa e análise, tendo como instrumento principal o estudo de caso.

Para Stake, (1994) o estudo de caso não é propriamente uma escolha metodológica, mas sim um objeto a ser estudado. O estudo de caso pode ser simples ou complexo, pode ser feito a um único indivíduo desenvolvendo uma única ação ou a vários indivíduos, desenvolvendo várias ações, mas a sua principal vantagem é que através desta ferramenta consegue-se examinar em profundidade o desenvolvimento das ações no seu próprio ambiente (Alencar, 2003).

Godoy (1995) vai ao encontro de Stake (1994) e considera que o estudo de caso é essencial para fazer uma análise aprofundada de um ambiente, de um simples sujeito, ou até mesmo de uma situação em particular, uma vez que este tem como intenção a pesquisa e análise intensiva de uma organização.

Segundo Yin (1994) o estudo de caso é o instrumento mais correcto para este tipo de investigação. Neste caso é essencial um instrumento de pesquisa que permita recolher informações fiáveis e aprofundadas, de forma a conseguir-se obter resultados mais alargados e satisfatórios. A presente investigação também procura contribuir para o aprofundamento de aspetos do quadro teórico do empreendedorismo.

Tal como para Yin (1994) também Latorre (1996) afirma que “o estudo de caso é a forma mais pertinente e natural das investigações ideográficas realizadas desde uma perspectiva qualitativa e deve considerar-se como uma estratégia encaminhada à tomada de decisões” (Nascimento, 2009, p.126)

Para a realização dos estudos de caso, foram pesquisadas e analisadas três empresas do concelho em estudo.

(40)

Numa primeira fase fez-se a revisão da literatura, onde foram aprofundados os principais conceitos sobre o tema, bem como a sua evolução ao longo dos anos, recorrendo a diferentes estudos e autores que, de alguma forma, deram destaque a este assunto.

Numa segunda fase recorreu-se a dados secundários, baseados principalmente em fontes governamentais, como dados do INE, IFAP, PRODER para caraterizar a região analisada.

Numa terceira fase, para a realização dos estudos de caso, recorreu-se à realização de entrevistas com perguntas abertas aos fundadores/dirigentes das três empresas estudadas (anexo I).

Segundo Bogdan e Biklen (1994), existem distintos tipos de entrevistas, que se diferenciam de acordo com o seu grau de estruturação, pois estas podem ser entrevistas estruturadas, entrevistas semiestruturadas e entrevistas abertas (ou livres) (Nascimento, 2009). De acordo como Denzin e Lincoln (1994) a entrevista é “a ferramenta metodológica favorita do investigador qualitativo, fundamentalmente uma conversação na e durante a qual se exercita a arte de formular perguntas e escutar respostas” (Nascimento, 2009, p.36).

Assim sendo, é possível afirmar que uma entrevista consiste numa conversa premeditada, geralmente entre duas pessoas, embora possa envolver mais elementos, dirigida por uma das pessoas com o intuito de obter informações sobre algo em concreto. Através desta, consegue-se recolher os dados pretendidos por via de uma interação verbal direta ou indireta entre as pessoas envolvidas. Contudo, a entrevista é um processo de comunicação entre o entrevistador e o entrevistado, processo esse que pode ser influenciado por uma das partes, ou até mesmo por ambas, influenciando-se mutuamente (Nascimento, 2009).

As empresas analisadas não foram escolhidas de forma aleatória. Para a sua seleção foram levados em conta critérios como: 1) empresas que tivessem uma atuação distinta nos seus setores e regiões; 2) fossem empresas com mais de cinco anos de idade para se poder observar o seu efeito neste concelho; e 3) empresas com empreendimentos de sucesso.

Para complementar a base de informações utilizadas para a construção dos casos, foram também consultados, sempre que possível, dados secundários sobre as empresas, tais como informações disponíveis nas páginas da empresa na internet, notícias que tenham sido publicadas sobre as empresas e boletins informativos elaborados pela própria instituição.

Em seguida, procurou-se averiguar de que forma é que o perfil do empreendedor e as características deste contribuíram para o desenvolvimento das empresas.

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O impacto que o empreendedor tem no desenvolvimento rural sustentável, analisou-se ao nível dos empregos criados, direta ou indiretamente, do apoio e serviços prestados à comunidade e da divulgação realizada para a região e para os seus produtos nomeadamente em eventos e conferências.

Os resultados das entrevistas e dos documentos analisados são apresentados no capítulo seguinte, onde se irá descrever cada um dos estudos de caso.

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Capítulo 4 :

Descrição dos estudos de caso e discussão

dos resultados

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4.1 – Enquadramento do estudo de caso

Um estudo de caso é uma estratégia de estudo que procura descrever e compreender casos ou situações particulares ou de grupo, podendo posteriormente fazer comparações com outros casos e até mesmo por vezes generalizar determinadas características (Nascimento, 2009).

Para a realização destes estudos de casos foram pesquisadas três empresas no concelho de Vila Pouca de Aguiar pertencente à região do Alto-Tâmega. A escolha deste concelho não foi feita de forma aleatória, tendo-se atendido ao facto de ter uma densidade empresarial bastante elevada para esta região. O concelho de Vila Pouca de Aguiar é o segundo concelho do tecido empresarial do Alto – Tâmega com maior concentração de empresas de elevado potencial.

Vila Pouca de Aguiar é um concelho com 13167 habitantes (INE, 2011), com a sua população a diminuir de forma significativa nas últimas décadas. Tem uma área de 432,68 km², subdividida em 18 freguesias, e uma densidade populacional de 30 hab/km². O município é limitado a norte por Chaves, a leste por Valpaços e Murça, a sul por Alijó, Sabrosa e Vila Real, a oeste por Ribeira de Pena e a noroeste por Boticas. Este concelho tem um tecido empresarial de 1060 empresas, sendo o concelho onde as microempresas têm menor peso: apenas 55% das empresas de elevado potencial são micro empresas (Competinov, lda, 2007).

Este concelho é considerado predominantemente rural segundo a definição da OCDE (2009) uma vez que mais de 50% da sua população vive em freguesias com densidades populacionais inferiores a 150hab/km². Um grande número de habitantes vive do setor primário, mais precisamente da agricultura uma vez que existem no concelho terrenos adequados à sua prática.

Neste capítulo ir-se-ão apresentar três empresas de sucesso como já foi mencionado anteriormente. De acordo com Rimoli et al., (2004), Timmons (1994) defende que o que diferencia um negócio de sucesso de um mal sucedido são as características dos empreendedores. Timmons (1994) refere ainda algumas das características imprescindíveis para a obtenção de bons resultados num negócio, sendo elas: responsabilidade e determinação; disciplina e grande dedicação; liderança; busca intensa por oportunidades, o que reflete orientação para o mercado; tolerância ao risco, à ambiguidade e à incerteza, com

Imagem

Figura 1: Distribuição das áreas rurais de Portugal de acordo com a definição de rural apresentada pela OCDE  Fonte: Costa (2010)

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