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COOPERATIVISMO AGROPECUÁRIO E DESENVOLVIMENTO LOCAL NA REGIÃO DO SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO: O CASO DA COOPEVASF NO MUNICÍPIO DE OROCÓ-PE

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COOPERATIVISMO AGROPECUÁRIO E DESENVOLVIMENTO LOCAL NA REGIÃO DO SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO: O CASO DA COOPEVASF NO

MUNICÍPIO DE OROCÓ-PE1

Resumo

Este artigo tem por objetivo mostrar como o trabalho associativo pode contribuir para o desenvolvimento local sustentável, principalmente pela modo pelo qual as cooperativas agropecuárias vem desempenhando papel de elemento de transformação social junto às comunidades onde encontram-se inseridas, dinamizando as economias locais através da geração de renda dos atores envolvidos no processo. Utilizou-se como metodologia a pesquisa de campo, mediante adoção de procedimentos das técnicas de coleta e análise dos dados, junto a cooperativa, objeto do estudo, e seus cooperados. Os resultados apresentados pela pesquisa pode-se constatar os benefícios gerados pelo empreendimento associativo, além de mencionar as vantagens de motivar os cooperados para que eles aumentem a produção deles e os rendimentos da própria cooperativa.

Palavras-chave: Geração de renda. Desenvolvimento Local. Cooperativa. Abstract

This article aims to show how voluntary work can contribute to sustainable local development, especially by the way in which agricultural cooperatives has played a role element of social change in the communities where they are inserted, stimulating local economies by generating income of the actors involved in the process. It was used as a field research methodology by adopting procedures of collection techniques and data analysis, along with cooperative object of study, and their members. The results presented in the survey could confirm the benefits generated by the project associative, besides mentioning the advantages of cooperative members to motivate them to increase their production and income of the cooperative.

Keywords: Income generation. Local Development. Cooperative.

1. INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos, pode-se perceber o acirramento entorno das discussões acerca de como promover o desenvolvimento rural sustentável na região semiárida brasileira. O principal gargalo para que isto ocorra consiste em identificar quais oportunidades econômicas que se apresentam para os agricultores familiares, constituindo-se como grande desafio para autoridades, entidades governamentais e não governamentais, e demais segmentos da sociedade. Os empreendimentos de economia solidária ganharam notoriedade a partir do início da década de 1990, devido a convergência de três fatos que levaram a precarização das relações de trabalho, fazendo com que muitos trabalhadores perdessem seus empregos formais migrando para informalidade, são eles: i) o processo de globalização, com destaque para o avanço tecnológico e financeira, levando ao acirramento dos mercados; ii)

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Kleber Ávila Ribeiro, professor substituto da Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF e professor auxiliar da Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina – FACAPE e Mestrando em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social pela Universidade Católica do Salvador – UCSal. Email: kleberavilar@gmail.com. Deise Cristiane do Nascimento, professora auxiliar da Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina – FACAPE e Mestranda em Desenvolvimento Regional e Urbano pela Universidade Salvador – UNIFACS. Email: deise.nascimento@facape.br. Any Tatiane Barbosa da Silva, graduanda em Administração de Empresas pela Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina – FACAPE. Kate Pedroza da Silva, graduanda em Administração de Empresas pela Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina – FACAPE. Email: kate_tj@hotmail.com.

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reestruturação da cadeia produtiva nacional, para fazer frente a concorrência externa provada pela abertura comercial iniciada no governo Collor, e; iii) por fim, o evento das privatizações que culminou com a eliminação de inúmeros postos de trabalho.

Estudos revelam que apesar da definição de objetivos sociais e ecológicos que contemplem as discussões sobre a sustentabilidade no desenvolvimento rural sustentável, é recorrente a operacionalização de objetivos econômicos de forma a fragilizar as dimensões sociais e ecológicas na implementação de programas estatais. Surge assim, a necessidade de repensar o desenvolvimento rural sustentável para além dos interesses econômicos hegemônicos, buscando como fundamento a valorização da cultura, da dinâmica da natureza e os interesses legítimos das comunidades locais no processo produtivo.

Este artigo tem por objetivo mostrar como os empreendimentos economicamente solidários, em especial, as cooperativas agropecuárias podem atuar junto às comunidades onde encontram-se inseridas, atuando como elemento de transformação social no semiárido nordestino, buscando promover o desenvolvimento local e territorial sustentável tendo por objetivo mitigar a pobreza, por intermédio da geração de emprego e renda. O objeto de estudo foi a COOPEVASF – Cooperativa dos Pequenos Produtores Rurais do Vale do São Francisco – no município de Orocó-PE, visto que as cooperativas são entidades de livre adesão de pessoas que estejam aptas para participar do objeto que foi constituída, desta forma, as cooperativas exercem grande influência local, sobretudo no meio rural, contribuindo para a evolução dos seus associados em duas grandes dimensões, a econômica e a social. Na dimensão econômica com o incremento da renda através da melhor disponibilidade do produto ou serviços do cooperado para o mercado consumidor. Na dimensão social através da inclusão social e da disponibilização, ao cooperado, de novos conhecimentos, além de aproximá-lo de uma rede de contato com outros cooperados.

Portanto, faz-se necessário entender como as cooperativas surgiram e quais métodos de gestão que estão sendo praticados poderão contribuir para a economia e o desenvolvimento da região, em especial a do submédio do Vale do São Francisco.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

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O desenvolvimento das cooperativas, mesmo com tais leis nacionais implementadas, variou muito de região para região. Na região Nordeste ocorreu o desenvolvimento das cooperativas da seguinte forma: as cooperativas nordestinas se desenvolveram principalmente no setor agrícola, assim como nas outras regiões.

Algo que caracterizou esse crescimento, e continua a refletir na grande maioria das cooperativas, é a influencia de uma classe dominante. “Constata-se que, no caso das cooperativas do Nordeste, a autoridade e o poder foram exercidos historicamente pelos dirigentes e não pelo conjunto dos seus associados”. (BAGAÇO, 2004, p.24).

Esse tipo de gestão causou um grande impacto nas cooperativas agrícolas do nordeste. Como resultado direto disto, vemos que as cooperativas que seguem esse padrão, ignorando as características já alistadas acima, sofrem bastante para se manterem operacionais. Grande parte dos cooperados acaba desistindo, haja vista as dificuldades e os poucos benefícios recebidos pela contribuição na cooperativa.

Para combater essa tendência e buscar meios eficazes de melhoria, vários estudos foram feitos. Esses estudos indicaram que mesmo com a dificuldade imposta pelo contexto sociopolítico da região é possível fazer mudanças significativas e elevar as cooperativas da região a um nível de igualdade com os concorrentes.

Para tal feito às cooperativas precisam adotar um estilo cooperativista diferenciado do usual na região, em que o enfoque passa a ser o de mais cooperativismo com elementos do arranjo empresarial. “Introdução de novas tecnologias, ampliação de oferta do produto no mercado e adequação às exigências ditadas por clientes internacionais e aprimoramento nos processos de qualidade e sanidade dos produtos”. (BAGAÇO, 2004, p. 25).

Com a aplicação de tais medidas, as cooperativas nordestinas começam dando passos significativos para mudar o conceito geral de cooperativismo centralizado na diretoria, que acabou adquirindo com o passar do tempo.

Ainda, para Bagaço (2004, p. 25) as cooperativas devem observar “o nível de participação dos cooperados bem como seus compromissos” com relação à cooperativa provavelmente são “os fatores mais decisivos no sucesso do empreendimento”.

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A partir do momento em que as cooperativas se empenharem em fazer sua parte, os cooperados também farão o melhor para ajudar e ser ajudados pela cooperativa, mantendo a qualidade de entendimento. Pois deverá ocorrer a troca de informações entre os diferentes setores e áreas de atualização do sistema, permitindo assim o pleno funcionamento desta instituição e seu crescimento como competidora.

2.2 EXPANSÕES VERTICAIS E HORIZONTAIS

Para fomentar o crescimento das cooperativas Crúzio (2001, p.75) destaca a importância de se utilizar “expansões vertical e horizontal”. A principal vantagem desta primeira “é que as cooperativas podem aproveitar a mesma matéria-prima, os mesmos maquinários, à mesma mão de obra, etc., reduzindo com isso os custos com contratação destes”.

Em contra partida a essas vantagens, a expansão vertical torna a cooperativa muito dependente de “uma única linha de produtos”. O perigo nesta expansão é estar muito sujeito as mudanças que podem ocorrer no mercado como, “mudança de preferências dos consumidores, alterações de preços, restrições de matéria-prima, controle governamentais etc.” Crúzio (2001, p.75).

A expansão horizontal vem para contrabalancear as desvantagens da expansão vertical. Quando há uma fraca atividade econômica da cooperativa, esta procura “outras que tenham melhores condições de comercialização e venda no mercado”. Crúzio (2001, p.76).

Ao aplicar a expansão horizontal, algumas cooperativas crescem de forma desordenada sem conseguir executar as novas operações com qualidade e segurança necessárias. Isso leva as cooperativas a contratar o serviço de terceiros ou a elevar os custos de produção devido ao desperdício.

Investir na atividade principal da cooperativa levando-se em conta a qualidade dos produtos ou dos serviços prestados, a redução custos gerais, o aumento das vendas ou da prestação de serviços a terceiros, bem como a qualidade do atendimento aos consumidores ou tomadores de serviço da cooperativa, conforme pedidos, prazos etc. (CRÚZIO, 2001, p. 77).

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Este problema surge devido à outra situação muito comum na aplicação da expansão horizontal. As maiorias das cooperativas que ingressam em diferentes atividades comerciais fazem isso sem que os seus cooperados tenham o necessário treinamento técnico e/ou operacional e, por isso, reduzem sua eficiência e a eficácia junto ao mercado consumidor. Para evitar isto as cooperativas devem:

Só ingressar em outra frente de trabalho ou atividade quando a atividade principal da cooperativa estiver garantida financeira e economicamente, e mediante concordância da Assembleia Geral dos Sócios, com votos de pelo menos a metade mais um dos associados inscritos na cooperativa. (CRÚZIO, 2001, p. 77).

Por fim, um dos maiores riscos que uma cooperativa pode correr usando esses métodos é fugir de seu objetivo principal, impedindo assim que ela cumpra com sua obrigação primaria de reunir os cooperados de um segmento a fim de melhorar as condições de trabalho e sua qualidade de vida.

Só abandonar a atividade principal da cooperativa ou expandi-la com o apoio da Assembleia Geral dos Sócios, a fim de discutir e aprovar decisões de mudanças, adaptações etc. com base no voto de pelo menos a metade mais um dos associados inscritos na cooperativa. (CRÚZIO, 2001, p. 77).

Portanto, essas soluções tornam possível que as cooperativas consigam superar as dificuldades abordadas de modo mais eficaz e de um modo que todos os cooperados e diretores de cooperativa possam interagir.

2.3 MODELO DE GESTÃO DAS COOPERATIVAS

Modelo de gestão nas cooperativas baseia-se na representatividade da realidade, no seu todo ou em parte, e assim desenvolver um processo interativo que vise orientar e coordenar os cooperados nas suas responsabilidades. Este modelo de gestão busca adequar às expansões verticais e horizontais, neste sentido ele é conceituado da seguinte maneira:

Processo estruturado, interativo e consolidado de desenvolver e operacionalizar as atividades de planejamento, organização, direção e avaliação dos resultados, visando ao crescimento e ao desenvolvimento da cooperativa. (OLIVEIRA, 2001, p.68).

Um modelo de gestão, que segue de perto o conceito citado acima, consegue auxiliar as cooperativas a impetrar seus objetivos e continuar progredindo na utilização de outros métodos, todos estes gerenciados por esse modelo. Neste sentido, Oliveira (2001, p.69)

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menciona os seguintes aspectos para a gestão de uma cooperativa que deseja engajar no mercado competitivo:

Logo um sistema administrativo auxiliar ─ como a expansão horizontal ─ que recebe auxílio de outro instrumento administrativo da cooperativa pode se interar com os outros instrumentos e assim chegar á qualidade total dos diversos sistemas administrativos da cooperativa.

Isso é possível, pois o modelo de gestão e seus instrumentos administrativos contribuem para o desenvolvimento das partes boas do sistema administrativo por meio de cada um desses instrumentos. As partes ruins são eliminadas. Como Oliveira (2001, p. 70) diz, "fica evidente que esse processo interativo evita que se considere cada caso como um caso".

Usar metodologias como essas podem ajudar a mudar a imagem geral das cooperativas da nossa região visando o fortalecimento e para conseguirem lidar melhor com os desafios do agronegócio de modo a beneficiar todos os cooperados, tendo eles mesmos uma participação significativa nesses processos.

Portanto, em um modelo de gestão extremamente bem elaborado e escrutinamente revisado não garantem um fim das dificuldades. Antes, indica que podem surgir novos problemas a serem suportados e que o processo precisa continuar a ser refeito vez após vez. A citação a seguir destaca ainda outras duas dificuldades enfrentadas pelas cooperativas ao aplicar o modelo de gestão devido à antiga Lei nº 5764/71.

1. Dificuldade de capitalização eficiente e eficaz pelas cooperativas, que só podem realizar essa capitalização pela chamada de capital de seus sócios cooperados - geralmente descapitalizados -, pela alocação de eventuais resultados de sobras das atividades cooperativas - geralmente reduzidas ou nulas -, ou pelo acesso - problemático e caro - a empréstimos bancários;

2. Dificuldade de realizar alianças estratégicas com empresas não cooperativistas, como decorrência da impossibilidade da distribuição, aos sócios cooperados ou não, dos resultados dessas alianças estratégicas. (OLIVEIRA, 2001, p.69).

Deste modo os itens abordados anteriormente propendem a alertar dos problemas que surgirão ao passo que os benefícios a curto/longo prazo são estabelecidos e alcançados. As cooperativas e seus cooperados podem usufruir de muitas vantagens deste modelo de gestão. Há, porém, outra área que tem crescido e se tornado um modelo para investimentos futuros.

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2.4 AUTOGESTÃO NO COOPERATIVISMO ─ UMA VISÃO DO FUTURO

Algo que pode ajudar a mesa diretora da cooperativa a equilibrar e fortalecer as relações de todos os cooperados, bem como aumentar sua eficácia, é aplicar a autogestão do conhecimento. Baseia-se nas cooperativas organizarem em rede o principio da educação, treinamento e informação. O que se avalia agora é uma aplicação especializada dessa característica de modo a beneficiar diretamente as decisões das cooperativas.

As cooperativas proporcionam educação e treinamento aos sócios, dirigentes eleitos, administradores, e funcionários, de modo a contribuir efetivamente para o seu desenvolvimento. Eles deverão informar o publico em geral, particularmente os jovens e os lideres formadores de opinião, sobre a natureza e os benefícios da cooperação. (CRÚZIO, 2006, p.93).

É importante então que a cooperativa reconheça sua base do conhecimento, que deriva não apenas dos associados diretores, que vem da experiência e aprendizado pratico dos cooperados individualmente e também deles como um coletivo. Deste modo a organização pode empregar tais conhecimentos de modo a beneficiar todos os envolvidos melhorando assim as relações entre eles e a eficácia da cooperativa no seu ramo de serviço. “Em outras palavras, o conhecimento abrange tanto as instruções, as regras ou teorias sobre a tomada de decisões, quanto às crenças, as atitudes e os hábitos pessoais nos relacionamentos ou situações organizacionais”. (CRÚZIO, 2006, p. 93).

Tendo esse conceito em mente fica fácil ver quão pratico é a autogestão do conhecimento, em especial com essa base de conhecimento já formada. Quanto mais à organização age com base nesse aprendizado, desenvolvendo competências profissionais e organiza referencias coletivas para lidar com as dificuldades que surgem na cooperativa de modo ágil e pratico, diz-se que ouve uma aprendizagem organizacional.

Segundo Crúzio (2006, p. 94) "a autogestão do conhecimento nas cooperativas objetiva a própria intervenção na base do conhecimento organizacional". Cria-se assim um ciclo construtivo que visa o desenvolvimento de habilidade para lidar com situações desafiadoras e a satisfação sentida por todos os cooperados ao ver como seu conhecimento e experiência, quer individual quer coletivo, contribuiu para o crescimento da organização a qual ele pertence.

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É essa satisfação pessoal que do significado aos esforços deles, tanto melhorando sua qualidade de vida como ajudando eficazmente à cooperativa. Esta visão simbiótica, ambos os lados sendo ajudados a alcançar um objetivo em comum, é o que torna a autogestão do conhecimento uma peça fundamental para todas as cooperativas se engajarem no mercado cooperativo e desenvolverem métodos cada vez mais eficazes de produção.

Para aplicar a autogestão faz-se necessário mudar o conceito geral da Administração dos Recursos Humanos (ARH). Tal conceito visa:

O sistema de liderança funcional, baseado nos mecanismos estímulo-resposta, que foi planejado para controlar pessoas relativamente não instruídas, em função do trabalho rudimentar de tarefas mecânicas e repetitivas. (CRÚZIO, 2006, p.97).

É comum que a ARH das cooperativas hierárquicas vejam seus colaboradores apenas como recursos substituíveis, que foi inserido no sistema cooperativo e que pode ser trocado se este não for mais necessário para esta. Tal conceito se deriva das ARH de empresas em geral, conceito esse que mesmo entre essas está sendo substituído - com certa dificuldade por parte de algumas.

Essa mudança é necessária, pois a autogestão do conhecimento considera todos os integrantes da organização como o ativo de maior valor. Deste modo, recompensa os cooperados por suas habilidades, discernimento, ideias e energia.

Além disto, a autogestão visa o aprendizado permanente de seus integrantes. Isso possibilita que esses possam, com o tempo, desenvolver qualificações mais amplas e complexas com base nas necessidades da cooperativa. Isso se faz necessário, pois as mudanças econômicas e o conhecimento da sociedade podem mudar, requerendo assim que as cooperativas se adaptem as novas circunstancias imposta.

Para tanto se faz obrigatório observar, e procurar colocar em pratica se possível todos os objetivos da autogestão nas cooperativas, que segundo Crúzio (2006, p.101 – 102) são:

 Socializar o conhecimento dentro e fora da cooperativa;

 Transformar a cooperativa numa organização de ensino e aprendizagem;  Ajudar a cooperativa a alcançar suas missões social, política e econômica;  Proporcionar competitividade à cooperativa;

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 Aumentar a satisfação e auto-realização no trabalho;  Desenvolver e manter a qualidade de vida no trabalho;

 Manter políticas éticas e comportamentos socialmente responsáveis;  Administrar mudanças organizacionais e administrativas.

A aplicação desses objetivos, junto com a busca para desenvolver capacidades e habilidades cognitivas, é indispensável para a atitude do saber ser. Junto com as capacidades de raciocínio e autoaprendizagem tornam possível à mudança necessária para que a autogestão do conhecimento seja aplicada. Junto com essas habilidades, faz-se necessário o uso de criatividade e inovação sempre aberto as mudanças que podem ocorrer e tendo a motivação correta ao se empenhar nesta área abrangente.

Portanto, depois de analisar tantos pontos acerca das cooperativas, fica evidente o quão interessante e empolgante essas organizações podem ser. Seu modo equitativo de lidar com os cooperados, a maneira de encarar de forma unida e justa as dificuldades do mercado sem se deixar levar pela mercantilização e a possibilidade de cada membro da cooperativa poder ser um gestor, com direito a voto e com isso participação nas decisões da cooperativa, faz dessa uma ferramenta indispensável para a qualidade de vida de seus integrantes, além de uma excelente maneira das famílias agrícolas lidarem com as dificuldades da nossa região.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia adotada foi à bibliográfica junto com a descritiva. A pesquisa bibliográfica foi essencial para a elaboração deste artigo, haja vista a necessidade de se obter informações precisas e abalizadas sobre a situação atual da cooperativa e de seus cooperados.

Ter esse conceito em mente ajuda a avaliar melhor a importância desta primeira pesquisa. De fato, com base nela, foi possível avaliar melhor a situação atual das cooperativas como um todo e ver como seu crescimento influenciou a região já descrita. Destaca-se ainda que por meio desta pesquisa foi possível analisar soluções eficazes e práticas para as cooperativas.

A pesquisa descritiva também foi muito utilizada no processo. Por meio dela tornou-se possível analisar na pratica o que acontecia com os cooperados e ver os benefícios que eles tiveram por se juntarem a cooperativa. Isso se mostrou bem pratico, pois possibilitou

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visualizar certas características que a pesquisa bibliográfica não pode fornecer. Não é por menos que Cervo (2007, p. 61) destaque a importância de se colher dados no "hábitat natural" tornando possíveis registros corretos e cabalmente ordeiros.

Outros tipos de pesquisa que foram realizados são as pesquisas qualitativas e quantitativas. Essas se baseiam na importância de qualidade versos quantidade. Esses aspectos foram bem abordados no artigo e ajudou a traçar um meio termo que é essencial para as cooperativas.

Já o estudo de caso foi bem pontuado, visto que o caso abordado foi de proveito para muitas cooperativas que surgem na região. Além disso, segundo Severino (2007, p. 121), a consideração representativa “de um conjunto de casos análogos” permitirá “ser apto a fundamentar uma generalização para situações análogas, autorizando inferências”.

Por fim, a pesquisa de campo foi outro ponto chave deste trabalho. Ela permitiu a coleta de dados nas condições naturais sem intervenção e manuseio do pesquisador. Junto com essa entrou em cena a pesquisa explicativa que pôde identificar as causas dos fenômenos observados.

Para alcançar os objetivos deste trabalho também foi necessário o uso de algumas técnicas que permitiu a coleta de dados importantes. Dentre essas ferramentas uma que foi bem utilizada foi à entrevista. Outra técnica de pesquisa utilizada foi o questionário. Este permitiu que levantasse informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados. Esses dados ajudaram a entender melhor a opinião dos entrevistados. Os tipos de questionários foram abertos e fechados aplicados com todos os cooperados da cooperativa em estudo. Segundo Severino (2007, p. 125) "as questões devem ser objetivas, de modo a suscitar respostas igualmente objetivas, evitando provocar dúvidas, ambiguidades e respostas lacônicas".

Já o espaço utilizado para a pesquisa foi a COOPEVASF, Cooperativa dos Pequenos Produtores Rurais do Vale do São Francisco. Foi visto neste local o modo como são desenvolvidas as atividades dos cooperados.

4. O PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS COOPERADOS DA COOPEVASF

De acordo com estudo de caso feito na COOPEVASF em Orocó-PE, foi constatado que de forma direta cento e dez agricultores familiares são atendidos pela cooperativa, dos quais

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vinte e seis pertencem ao quadro de associados. De acordo com o questionário aplicado na pesquisa, a COOPEVASF não é cadastrada junto à OCB ( Organização das Cooperativas Brasileiras). A pesquisa mostrou que a maioria dos cooperados é do sexo masculino com 71,43%, contra 28,57% de mulheres, conforme o gráfico 01.

Gráfico 1: Cooperados entrevistados por sexo

Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração dos autores, 2012

Conforme o gráfico 2, observa-se que 57,14% dos cooperados tem faixa etária, entre 40 a 50 anos, visando à melhoria de renda e qualidade de vida dos agentes envolvidos.

Gráfico 2: Faixa etária dos cooperados

Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração dos autores,2012

Com relação ao nível de escolaridade, constatou-se que cerca de 57,14% dos entrevistados possuem o ensino fundamental, 28,57% possuem o ensino médio e 14,29% possuem ensino superior. Esses números demonstram que os beneficiados pela COOPEVASF, possuem

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apenas uma formação básica, presumindo que tenham apenas conhecimento prático sobre a atividade exercida. Como mostra o Gráfico 3, referente à escolaridade das pessoas:

Grafico 3: Cooperados entrevistados por nível de escolaridade

Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração dos autores, 2012.

O gráfico 4 identifica que todos os cooperados entrevistados possuem propriedades própria.

Gráfico 4:Situação da propriedade dos cooperados

Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração dos autores, 2012.

Com relação ao nível de renda média mensal, pode-se verificar uma diversidade, ficando a grande parte com renda entre R$1.866,00 até R$2.488,00, como demonstra o gráfico 5, o que é considerado uma boa renda para os padrões locais, comparado aos níveis de desemprego e os baixos salários pagos no mercado em que encontra-se inserida a cooperativa em estudo. Apenas a minoria dos associados possuem renda inferior a R$ 1.244,00, cabendo ressaltar que antes de tornarem-se cooperados, cada agricultor familiar vivia com uma renda que variava

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entre R$ 600,00 e R$ 800,00, visto que tinham que vender sua produção aos intermediários para revende-la em outros mercados.

Gráfico 5: Renda familiar mensal dos cooperados

Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração dos autores, 2012.

Conforme o gráfico 06 observa-se que 100% dos entrevistados ganham mais que anteriormente. Isso é importante, pois evidencia um aumento na qualidade de vida familiar desse cooperado e um crescimento da própria cooperativa com esses resultados alcançados com esforço árduo.

Gráfico 6: Situação atual dos cooperados

Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração dos autores, 2012.

O gráfico 07, identifica que 71,43% dos cooperados possuem de 3 a 4 hectares enquanto apenas 28,57% possuem de 1 a 2 hectares. Esse é um ponto importante, tendo em vista que demonstra que a maioria dos cooperados possui uma grande quantidade de terras para trabalhar.

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Tal situação indica que, mesmo entre aqueles que têm bastantes hectares de terra, esses não deixam de se associar nas cooperativas. Isso indica que eles confiam nesta e que desejam continuar produzindo mais, gerando emprego e renda para outros e para o próprio município.

Gráfico 7: Tamanho de propriedade rural dos cooperados

Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração dos autores, 2012.

A pesquisa mostrou que a maioria dos cooperados entraram para a cooperativa para eliminar os atravessadores com 42,86% dos entrevistados, 28,57% com comercialização própria e 28,57% de insumos, como mostra o gráfico 8.

Gráfico 8: Motivos de entrada na cooperativa

Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração dos autores, 2012.

Com relação aos bens que os cooperados possuem podemos observar que no gráfico 11, 100% deles possuem televisor, 70% possuem moto, 60% possuem computador e 20% possuem carro. O fato das motos virem em segundo lugar mostra um dado importante na realidade desses agricultores familiares. Indica um uso elevado dessas para quase tudo que se

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faz na fazenda tendo em vista o baixo custo de manutenção e a facilidade de obtenção destas motos.

Gráfico 11: Bens que dispõe o cooperado (após) entrada na Coopevasf

Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração dos autores, 2012.

Como podemos observar no gráfico 12, depois da implantação da Coopevasf na cidade houve uma mudança de 100% para toda a cidade, e principalmente para os pequenos e médios produtores da cooperativa. Inclui-se nessas melhorias a geração de novos empregos e o aumento da circulação de capital devido as transações comerciais.

Gráfico 12:Condições de vida dos cooperados

Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração dos autores, 2012.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo teve como objetivo principal analisar como a COOPEVASF contribui para melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares e crescimento econômico na região do submédio do Vale do São Francisco, em especial, no município de Orocó/PE.

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Na pesquisa identificaram-se as melhorias geradas por tal iniciativa e relataram-se os grandes benefícios do cooperativismo na região, além de mencionar as vantagens de motivar os cooperados para que eles aumentem a produção deles e os rendimentos da própria cooperativa.

Segundo o AMUPE – Anuário dos municípios pernambucanos (2011), a renda mensal per capita da população de Orocó era de R$ 98,88. Esse dado apresenta a importância da COOPEVASF na região como meio para organizar os agricultores familiares e melhorar suas rendas. Na pesquisa realizada, conforme os gráficos 5 e 6 indicam, que todos os cooperados relataram um bom aumento nos seus rendimentos após a implantação da Cooperativa dos Pequenos Produtores Rurais do Vale do São Francisco - COOPEVASF na localidade, proporcionando incremento da ordem de 57,14% na renda dos agricultores familiares vinculados à cooperativa, este incremento na renda gira em torno de 3 a 4 salários mínimos.

Como resultado dos maiores rendimentos obtidos foi relatado um aumento considerável dos bens dos associados. Segundo o gráfico 11, 70% dos cooperados possuem moto e 60% deles tem computadores em casa. Vale destacar ainda que 100% deles possuem casa própria.

Pode-se perceber que com a implantação da Cooperativa dos Pequenos Produtores Rurais do Vale do São Francisco – COOPEVASF, não houve tão somente melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares associados, mas também das cidades circunvizinhas. Isto se deve a necessidade de se contratar mais trabalhadores para atuarem nas pequenas propriedades rurais, contribuindo para a geração de emprego e renda, além de propiciar o crescimento econômico na região do submédio São Francisco.

Por fim, não se pode esquecer a forte influência desta cooperativa no desenvolvimento da agricultura na região, visto que esta sendo implantada, mediante a concessão de incentivos, uma agroindústria para agregar valor à cooperativa através do processamento e beneficiamento das frutas produzidas na região do submédio São Francisco. Além de ações que levam ao aumento da renda de seus associados, a COOPEVASF tem buscado capacitá-los mediante cursos, assistência técnica e treinamento para que possam contribuir no desenvolvimento da produção.

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Com a implantação da cooperativa, os produtores familiares evitam a comercialização de seus produtos através dos atravessadores, visto que através da cooperativa conseguem comercializar seus produtos com melhores preços e introduzi-los em outros mercados.

Com esta pesquisa pode-se concluir que a COOPEVASF apresentou-se como importante instrumento na produção de resultados na agricultura da região do submédio São Francisco, apresentando-se como ferramenta indispensável para a melhor qualidade de vida de seus associados. Isso indica que Cooperativa dos Pequenos Produtores Rurais do Vale do São Francisco – COOPEVASF pode desenvolver-se ainda mais, seja através do aumento do número de associados, da intercooperação com outras cooperativas visando a comercialização de seus produtos em outros mercados, da implantação de uma agroindústria para agregar valor ao seu negócio e, por fim, promover o desenvolvimento de novas parcerias para promover a sustentabilidade da própria cooperativa.

6. REFERÊNCIAS

ABRANTES, José. Associativismo e Cooperativismo: Como a União de Pequenos Empreendedores Pode Gerar Emprego e Renda no Brasil. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.

AMUPE – Anuário dos Municípios Pernambucanos 2011, Internet: http://www.mp.pe.gov.br/index.pl/caop_cons_oroco?op=makePrintable.

BAGAÇO, M. L.; SILVA, E. S. Cenário e Tendências do Cooperativismo Brasileiro. Recife: Bagaço, 2004. COOPEVASF – Cooperativa dos Pequenos Produtores Rurais do Vale do São Francisco. Internet: http://coopevasf.blogspot.com.br

CERVO, A. L.; BERVIAN P. A.; SILVA, R. Metodologia científica. 6 Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

CRÚZIO, Helnon de Oliveira. Como Organizar e Administrar uma Cooperativa: uma Alternativa para o Desemprego. 2. Ed. Rio de Janeiro: FGV, 2001.

CRÚZIO, Helnon de Oliveira. Cooperativas em Rede e Auto Gestão do Conhecimento: o trabalho flexível em torno de processos, sobre habilidades e equipes. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho. Manual de Gestão das Cooperativas uma Abordagem Prática. São Paulo: Atlas, 2001.

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Referências

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