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Presença das empresas portuguesas nas redes sociais

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Academic year: 2021

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PRESENÇA DAS EMPRESAS PORTUGUESAS NAS REDES

SOCIAIS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADO POR

SUSANA MARIA SEIXAS TEIXEIRA

Sob Orientação do Prof. Doutor Ramiro Gonçalves

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Escola de Ciências e Tecnologias

Vila Real, Janeiro de 2013

(2)
(3)

III

Dissertação

apresentada

por

Susana

Maria

Seixas

Teixeira

à

Universidade de Trás-os-Montes e Alto

Douro para cumprimento dos requisitos

necessários à obtenção do grau de

Mestre em Tecnologias da Informação e

Comunicação,

elaborada

sob

a

orientação do Prof. Doutor Ramiro

Manuel Ramos Moreira Gonçalves.

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V

DEDICATÓRIA

Dedico esta obra ao meu namorado e à minha família, que me ensinaram a ser forte e a nunca desistir, sempre estiveram presentes nos bons e maus momentos da minha vida e que me apoiaram em todas as minhas escolhas.

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VII

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais pelo amor que me dedicaram, os valores que me transmitiram ao longo da vida e por lutarem sempre pelo meu bem-estar.

Ao meu namorado pelo amor e carinho, pela compreensão e dedicação que teve nestes últimos anos e por estar sempre disponível para me ajudar.

As minhas irmãs e irmão que sempre estiveram presentes na minha vida, que foram os meus confidentes, mesmo quando ausentes.

A minha sobrinha que mesmo nos momentos de tristeza sempre conseguiu fazer-me sorrir e pela sua sinceridade e inocência de criança. E também aos meus cunhados que sempre pude contar com eles para tudo.

Ao professor Ramiro Gonçalves, pela sua paciência e disponibilidade para me orientar, por nunca deixar de me ajudar mesmo nos maus momentos que tive ao longo deste trabalho.

A todos os professores que passaram pela minha vida académica, agradeço pelos conhecimentos que me transmitiram, pelo apoio e tempo despendido quando precisei, principalmente ao professor Leonel Morgado, professor Ramiro Gonçalves, professor Benjamim Ribeiro da Fonseca, professor Paulo Martins e professor Hugo Paredes.

E todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para que fosse possível a realização deste trabalho.

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IX

RESUMO

A palavra “Rede” foi utilizada pela primeira vez como fonte de uma abordagem científica pelo matemático Euler em que publicou um artigo sobre o enigma das Pontes de Königsberg, o objetivo era resolver o dilema de atravessar a cidade pelas sete pontes cruzando apenas uma vez. O matemático mostrou que seria impraticável, através da ligação dos nós com as sete pontes, mostrando a ausência do trajeto e produzindo o primeiro teorema da teoria dos grafos.

Pode-se afirmar que, uma Rede Social é uma estrutura social formada por pessoas ou organizações, ligadas por um ou vários tipos de relações, que partilham informação e interesses comuns, ou seja, são plataformas que proporcionam aos utilizadores comunicarem entre eles, partilharem conhecimento sobre interesses idênticos, debaterem assuntos de interesse, avaliarem produtos e serviços, entre outros. Estas plataformas tornaram-se numa fonte poderosa no sentido de “manusear” a opinião pública nas comunidades virtuais. Existem vários tipos de Redes Sociais, como por exemplo, redes de relacionamentos (Facebook, Orkut, Myspace, Twitter), redes profissionais (LinkedIn), redes comunitárias, redes políticas.

As redes sociais desde a sua existência que tem vindo a conquistarem um lugar de destaque na sociedade. Com o passar do tempo vai aumentando o número de pessoas que aderem a estas plataformas, houve um enorme progresso na comunicação entre os utilizadores e partilha de experiências e opiniões. Este crescimento leva a que as empresas tenham a necessidade de apostarem nestas plataformas e criarem uma estratégia de interação com os seus consumidores. Apesar das empresas apostarem cada vez mais nas Redes Sociais e mostrarem uma maior preocupação no seu desempenho, ainda se verifica um número inferior do que seria desejado, particularmente pelas empresas portuguesas que é o tema de estudo.

O principal objetivo deste trabalho foi analisar as maiores empresas de Portugal na utilização das Redes Sociais, tendo como principais critérios: presença/ausência das empresas nas várias plataformas, frequência de atualizações das empresas nas suas respetivas páginas, interação com os utilizadores e ainda se possuíam ou não presença de outros países/idiomas. Para o estudo optou-se somente por uma amostra de 400 maiores empresas de Portugal, considerando-se um valor suficiente para chegar aos resultados pretendidos e escolheu-se simplesmente 5 Redes Sociais (Facebook, Google Plus, Twitter, LinkedIn e YouTube), sendo das mais populares neste momento.

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XI

ABSTRACT

The word "network" was first used as a source of a scientific approach by the mathematician Euler in a published article about the enigma of the Bridges of Königsberg, the goal was to solve the dilemma of crossing seven bridges, crossing only once. The mathematical showed that it would be impractical, by linking nodes with seven bridges, showing the absence of the first path and producing the theorem of graph theory.

It can be affirmed that a social network is a social structure made up of people or organizations connected by one or more types of relationships, sharing information and common interests, i.e., are platforms that enable users to communicate between them, share knowledge about similar interests, discuss topics of interest, evaluate products and services, among others. These platforms have become a powerful source in order to "handle" the public in virtual communities. There are various types of social networks, such as social networks (Facebook, Orkut, Myspace and Twitter), professional networks (LinkedIn), community networks, political networks.

Social networks have conquered a prominent place in society since their existence. With the passage of time the number of people who joins to these platforms have increase, there has been tremendous progress in communication between users and sharing of experiences and opinions. This growth means that the companies have a need to bet on these platforms and create a strategy to interact with their consumers. Although companies increasingly bet on Social Networks and show greater concern in performance, there is still a smaller number than would be desired, particularly by Portuguese companies that are the subject of study.

The main objective of this study was to analyze the largest companies in Portugal and their use of social networks, with the main criteria: presence / absence of the companies on various platforms, updating frequency of the companies in their respective pages, interact with users and still had presence or not of other countries / languages. For the study a sample of the 400 largest companies in Portugal were sdelected, considering a value sufficient to reach the desired results and picked up just 5 Social Networks (Facebook, Google Plus, Twitter, LinkedIn and YouTube), being of the most popular at the moment.

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XIII

ÍNDICE GERAL

Dedicatória ... V Agradecimentos ... VII Resumo ... IX Abstract... XI Índice de Figuras ... XV Índice de Tabelas ... XVII Índice de Anexos ... XIX Siglas e Acrónimos ... XXI

Introdução ... 1

Capítulo 1 – Redes Sociais ... 3

1.1 Introdução ... 3

1.2 Definição... 4

1.3 História ...18

Capítulo 2 – Exemplos de Redes Sociais ...25

2.1 Introdução ...25 2.2 Facebook ...27 2.3 Google Plus ...34 2.4 Twitter ...40 2.5 LinkedIn ...45 2.6 YouTube ...48 2.7 Myspace ...54 2.8 Hi5 ...58 2.9 Orkut ...59 2.10 Conclusão ...64

Capítulo 3 – As Empresas e as Redes Sociais ...67

3.1 Introdução ...67

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XIV

3.3 Prós e contras da presença das empresas nas Redes Sociais ...75

3.4 Empresas que fizeram boa/má utilização das Redes Sociais ...76

3.4.1 Starbucks ...76

3.4.2 Ensitel ...79

3.4.3 EDP e o seu Código de Conduta ...80

3.4.4 Samsung ...82

Capítulo 4 – Estudo da Utilização das Empresas nas Redes Sociais ...87

4.1 Introdução ...87

4.2 Desenvolvimento do Estudo ...88

Capítulo 5 – Considerações Finais...99

Referências ... 101

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XV

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Pontes de Königsberg e sua correspondência em vértices e arestas

(Neves, 2011). ...18

Figura 2 - Várias Redes Sociais existentes na internet (Pimentel, 2011). ...27

Figura 3 - Perfil do Starbucks no Twitter (Pimentel, 2011). ...77

Figura 4 - Página da Ensitel no Facebook (Pimentel, 2011). ...80

Figura 5 - Presença/ausência das empresas nas redes Sociais (em %) ...89

Figura 6 - Frequência das empresas nas atualizações do Facebook ...91

Figura 7 - Frequência das empresas nas atualizações do Google Plus ...92

Figura 8 - Frequência das empresas nas atualizações do Twitter ...92

Figura 9 - Frequência das empresas nas atualizações do YouTube ...93

Figura 10 - Interação das empresas com os utilizadores no Facebook. ...95

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XVII

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Redes Sociais Online ...65

Tabela 2 - Presença das empresas nas Redes Sociais ...89

Tabela 3 - Frequência das empresas nas Redes Sociais ...93

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XIX

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1 - Tabela de Resultados do Facebook ... 109

Anexo 2 - Tabela de Resultados do Google Plus ... 121

Anexo 3 - Tabela de Resultados do LinkedIn ... 133

Anexo 4 – Tabela de Resultados do Twitter ... 146

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XXI

SIGLAS E ACRÓNIMOS

TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação Email – Correio Eletrónico

Posts – Publicações, Comentários www – World Wide Web

Apps – Aplicações

EUA – Estados Unidos da América

API – Interface de Programação de Aplicativos USD – Dólar dos Estados Unidos

Ads – Publicidade

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1

INTRODUÇÃO

A palavra “Rede” tem, atualmente, uma “popularidade gradual” (Mercklé, 2004), é frequentemente empregado na linguagem presente, académica ou politica e representa uma imensa diversidade de propósitos e fenómenos. A palavra é antiga e a cronologia da sua utilização relata um extenso trajeto desde o século XVII (Mercklé, 2004; Ruivo, 2000). Hoje, pronuncia-se a palavra redes em todos os âmbitos: nas empresas, no Estado, no mercado, na sociedade civil, nas universidades, na pesquisa, na prestação de serviços. O seu êxito na maneira como estruturamos e refletimos o mundo leva, até, certos autores a falar da existência de uma “racionalidade reticular” (Parrochia, 2001). Os motivos deste êxito foram, principalmente, a evolução excecional das comunicações, que proporciona a presença de ligações onde anteriormente tinha isolamento, a valorização das relações entre as pessoas comparativamente às ligações entre as pessoas e as coisas. Estes dados esclarecem a relevância que, em particular, as Redes Sociais adotaram, tanto ao nível do conhecimento, como ao nível da pratica(Lemieux, 2000).

O êxito do conceito rede e a identificação das suas aptidões descritivas e elucidativas superam, atualmente, os limites dos conhecimentos coletivos e alarga-se, cada vez mais, a outras especialidades científicas. Desde os finais da década de 90 que diversas obras vêm defendendo a ocorrência de uma “nova ciência das redes” (Watts, 2003), que usa o ideia como forma de deter as interconexões do mundo atual. Autores como Duncan J. Watts, Mark Buchan ou Albert-László Barabási têm intersectado sabedorias das ciências sociais, da matemática, física, da engenharia, da medicina, da biologia, como justificação para a visão do mundo “em que tudo está relacionado”. Incutidos pelo “estudo do mundo pequeno” do psicólogo Stanley Milgram na década de 60, estes autores investigam “modelos e normalidades na arquitetura de diversos géneros de redes” (Buchanan, 2002). Desde a word wide web, aos mercados financeiros, às epidemias, passando pela investigação científica e o terrorismo, estes autores apresentam a sociedade presente “como uma rede complexa” e simultaneamente mostram a “pequenez do grande mundo onde habitamos” (Barabási, 2003).

As empresas ao criarem uma página nas Redes Sociais precisam de ter uma estratégia, o que normalmente não acontece, simplesmente acreditam que basta criar a página. A presença nas redes sociais pode ajudar a ampliar a notoriedade da marca, oferecer um melhor serviço ao cliente, aumentar receitas, melhorar os rankings nos motores de busca ou apenas aumentar o tráfego para o site da empresa. Implementar estratégias para qualquer um destes objetivos leva tempo e pode levar a um grande investimento. Verifica-se que rara é a empresa que está preparada gerir todas as respostas que as Redes

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2 Sociais requerem e ainda no que se refere a aptidão das decisões para dar respostas adequadas, podem levar ao comprometimento da sua imagem e mesmo nas suas obrigações. Devem se preparar de forma adequada, planificar minuciosamente os procedimentos, modelos de ação idênticos às situações previsíveis, abrangendo os mais complicados, como quem deve interagir, de quanto em quanto tempo, o papel de cada um, um plano em caso de algo correr mal, entre outros fatores. É importante numa primeira interação com os utilizadores provocar uma boa impressão pois é nesse ponto que pode começar o seu sucesso ou fracasso nas Redes Sociais, não esquecendo que também o mais relevante é as empresas trocarem de ideias e conhecimento com os seus clientes para poderem melhorar o seu funcionamento e crescerem no mundo empresarial.

O objetivo deste trabalho foi compreender como as maiores empresas de Portugal se comportam nas várias Redes Sociais existentes. Para este estudo foi selecionado uma amostra de 400 empresas (retirada da base de dados do INE - Instituto Nacional de Estatística) e 5 Redes Sociais (Facebook, Twitter, LinkedIn, YouTube e Google Plus), que foram escolhidas por serem das mais populares e bastante distintas no seu funcionamento, exceto o Facebook e Google Plus que são idênticas. Foi analisada cada empresa em cada Rede Social, inicialmente averiguava-se se possuía o próprio site (tendo, verificava-se se nela indicava a hiperligação das suas páginas nas redes, não tendo realizava-se a pesquisa diretamente nas Redes Sociais). Analisava-se se tinha ou não presença nas várias plataformas, se realmente tivesse logo examinava-se a página quanto a frequências das atualizações, o tipo de interação que tinha com os seus seguidores e ainda se possuía outras páginas relacionadas com a empresa estudada. Para o estudo deste trabalho, os principais critérios para obter resultados e a sua conclusão foram, ao nível de presenças/ausências das empresas nas Redes Sociais, ao nível de frequências de atualizações e ao nível de interação com os utilizadores (possíveis clientes).

No primeiro capítulo aborda-se o tema fundamental deste trabalho, ou seja, as Redes Sociais. Com uma pequena introdução ao tema e a sua respetiva definição, com o objetivo de compreender melhor o conceito. Também se procurou analisar a sua história desde o seu aparecimento até ao atual.

No segundo capítulo apresenta-se num universo com mais de 200 Redes Sociais, algumas que existem atualmente.

No terceiro capítulo introduz-se o principal assunto para o estudo efetuado neste trabalho, ou seja, as empresas e as Redes Sociais.

No quarto capítulo, apresenta-se o estudo produzido neste trabalho, finalizando com os respetivos resultados e a sua conclusão.

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3

CAPÍTULO 1 – REDES SOCIAIS

1.1 Introdução

A palavra “rede” de origem latina representa um conjunto entrelaçado de fios, cordas, cordões, arames, etc., que ligados dão origem a uma rede. Manuel Castells (2000) fala-nos do conceito de sociedade em rede e de uma “cultura da virtualidade real” referindo a inexistência da separação entre a “realidade” e a representação simbólica. As redes sociais são um exemplo dessa “cultura da virtualidade real” possibilitando a criação de um perfil e de uma outra “vivência” que nos permite viver em simultâneo em um mundo real e virtual (A. Ribeiro, 2011).

Inicialmente este conceito estava relacionado, sobretudo à sociologia, à psicologia social e à antropologia, mas rapidamente, pelas suas características diversas e interdisciplinares, foi ampliado a Serviço Social, a Psiquiatria, a Física, a Biologia, a Medicina, entre outras áreas. Primeiramente, os autores ligados à sociologia e à antropologia usavam este termo em sentido hipotético, ou seja, não identificando atributos morfológicos, não as empregando para descrever situações exatas ou criarem relações entre as redes e os indivíduos que dela faziam parte (Machado, 2004).

Posteriormente, através de duas correntes distintas presencia-se a elaboração de um sentido analítico para o conceito de Rede Social, viabilizando a concessão de conteúdos e significados concretos ao conceito indicado. Uma dessas correntes nasce da antropologia britânica, dos pós II Guerra Mundial, enquanto a outra é proveniente da América. A primeira preocupa-se fundamentalmente com a “análise situacional de grupos restritos” e a segunda com o “desenvolvimento da análise quantitativa, no quadro de uma abordagem estrutural” (Silva, Santos, & Guedes, 2011).

O objetivo fundamental dos antropólogos britânicos para iniciarem o uso do termo residiu na determinação de corrigir a inutilidade das rígidas teorias até então, para analisar sociológica e antropologicamente a importância das realidades empíricas. Uma dessas teorias era o estrutural-funcionalismo que se preocupava com a “normatividade dos sistemas culturais”, situação que dificultava a análise de vínculos mais complicados que poderiam exceder a simples organização social. Logo, muitos destes autores tiveram que desviar a sua atenção dos sistemas culturais tradicionalmente estudados e utilizados, para se focarem nos sistemas de redes de relações sociais, desenvolvendo desta maneira o conceito de Rede Social de uma forma sistemática e considerada como uma variável de extrema importância para o entendimento da sociedade e das relações estabelecidas (Silva, et al., 2011).

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4 Com o passar do tempo a palavra rede ocupou vários formatos no mundo académico. Na biologia onde nos anos de 1920 e 1930 sugeriu que a rede é o único modelo de organização idêntica a quaisquer sistemas vivos, fundamentando-se em teias alimentares e ciclos de vida. Seguindo por diversos significados acabou se consagrando o significado de modelo de organização distribuída, constituída por pessoas. E no contexto aqui aplicado a palavra rede representa sistema organizacional apta de interligar indivíduos e instituições de forma participativa, criando a interação entre elas (Resende, Sato, Teixeira, Pereira, & Freitas, 2011).

1.2 Definição

As pessoas estão inseridas na sociedade por meio das relações que desenvolvem durante toda sua vida, no âmbito familiar, na escola, na comunidade em que vivem e no trabalho, as relações que as pessoas desenvolvem e mantêm é que fortalecem a esfera social. A própria natureza humana nos liga a outras pessoas e estrutura a sociedade em rede. Nas redes sociais, cada indivíduo tem sua função e identidade cultural. Sua relação com outros indivíduos vai formando um todo coeso que representa a rede. De acordo com a temática da organização da rede, é possível a formação de configurações diferenciadas e mutantes(Tomaél, Alcará, & Chiara, 2005).

Podemos afirmar que as redes sociais são web sites que possibilitam que os utilizadores comuniquem, partilhem conhecimento sobre interesses semelhantes, debatam questões de interesse, avaliem produtos e serviços, entre outros. Estes Web Sites tornaram-se numa fonte poderosa no sentido de “manipular” a opinião pública nas comunidades virtuais.

As redes sociais resultam da evolução da Web 2.0, Tim O’Reilly, no artigo “What is new Web 2.0”, fala-nos da Web 2.0 como uma: “Mudança na forma como a web é encarada por utilizadores e programadores. A regra mais importante é desenvolver aplicações que aproveitem os efeitos de rede para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência coletiva” (A. Ribeiro, 2011).

A Web 2.0, popularizada em 2004 pela O’Reilly Media, conduziu para inúmeras mudanças na forma de comunicar. Possibilitou-nos uma participação ativa, concedeu um maior acesso à informação, mas, também, proporcionou que os utilizadores fossem criadores dessa mesma informação. Partilhar será a palavra primordial da Web 2.0, abandonando a individualidade para se virar para a comunidade. Relacionamo-nos com grupos perante uma rede de relacionamento que vamos determinando.

É a J. A. Barnes (1977) que se atribui o primeiro estudo que realmente procura relacionar as redes com os fenómenos sociais. O autor aborda os laços de parentesco, de

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5 amizade e de conhecimento numa comunidade piscatória norueguesa e chama-lhe rede de relações, onde os diferentes intervenientes podem ou não conhecer-se e que interagem entre si.

Em 1957, Elisabeth Bott publica um livro designado Família e Rede Social que decididamente fascina a atenção dos cientistas para o conceito de Rede Social. A autora defende este conceito como o mais correto para se descreverem as relações sociais. A explicação que a autora apresenta para o uso do conceito de rede prende-se com o facto de este descrever uma configuração onde nem todos os indivíduos que a constituem mantêm relações entre si. Insere assim, a noção de conectividade, relacionando-a com o nível com que as pessoas se conhecem entre si, independentemente da família que as conhece ou a que pertencem. Evidentemente pertencerem a um determinado grupo estruturado, não implica forçosamente que conheçam todos os elementos que o formam nem tem de estar ligados e uma forma direta com todos eles. O conceito de rede torna-se, por isso, uma forma mais apropriada para conseguir esclarecer a realidade do nosso dia-a-dia. A autora faz, também, a distinção entre redes de “malha estreita” (close-knit), as quais define como aquelas onde as relações entre os membros que a compõe são numerosas e redes de “malha larga” (loose-knit) onde, por sua vez, os relacionamentos, embora existentes, são escassos(Silva, et al., 2011).

Segundo Wellman (2001), a tradição dos estudos norte-americanos, principalmente nas universidades de Harvard e Chicago, tem por base questões que dizem fundamentalmente respeito à forma das redes.

Simmel foi dos primeiros autores norte-americanos a debruçar-se sobre esta questão e a explicar o domínio dos atores a diferentes sistemas sociais e a importância da dimensão destes últimos. Esta extrema importância dada pelos autores americanos à morfologia dos sistemas sociais levou a investigação para a conceção de procedimentos quantitativos de análise de redes, desleixando a aptidão de aprofundar os estudos acerca da sua importância e da avaliação do seu impacto em termos qualitativos nas interações sociais (Portugal, 1995).

Edward Jay, outro autor norte-americano, remete a definição deste conceito para a totalidade das partes ligadas por uma relação (Motta, 1986). Já Elton Mayo, através dos seus estudos em Hawthorne (realizado entre 1927 e 1932), tenta provar a relação existente entre os pequenos grupos e o sistema de relações laborais. Warner por sua vez, estuda as comunidades, “introduzindo as matrizes de afiliação como inovação metodológica para aferir a complexa rede de relações” (Guadalupe, 2009). Wellman (2001) estuda o conceito de Rede Social à luz de uma análise estrutural, onde se define a relação como unidade básica de toda a estrutura social. Assim, segundo este autor, as estruturas sociais podem ser

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6 exibidas como redes, conjuntos de nós e conjuntos de laços que retratam as suas interconexões. Orienta a visão dos analistas para as relações sociais, deixando de olharem os sistemas sociais como grupos de indivíduos, díades, grupos restritos ou simples categorias (Assunção, 2012).

Normalmente os estruturalistas unem “nós” a pessoas, mas podem igualmente representar grupos, companhias, aglomerados domésticos ou outras associações. Os “laços” são utilizados para representar fluxos de recursos, relações simétricas de amizade, transferências ou relações estruturais entre “nós” (Silva, et al., 2011). Além desta procura de conceptualização genericamente aceite, procura-se ainda perceber o seu real impacto nas sociedades modernas. Como afirmam Degenne e Forsé (Portugal, 2007), a análise das redes proporciona ainda passar das “categorias” às “relações”. A análise feita com recurso a esta teoria, permite um esclarecimento dos comportamentos em interação, em detrimento dos resultados independentes de atributos individuais dos atores sociais. Esta vertente conhecida com a Análise de Redes Sociais (ARS) estuda “relações específicas entre uma série definida de elementos”, isto é, “visa compreender ligações entre (…) entidades sociais elementares [como] os atores ou unidades heterogéneas constituídas por subgrupos de atores, e as implicações dessas ligações para a estrutura e dinâmica do sistema (…), [sendo os atores] quaisquer elementos de um sistema social finito interconectados entre si por um qualquer padrão relacional em que haja fluxos informativos (…) verificáveis” (Guadalupe, 2009). Esta análise não é uma simples análise qualitativa da estrutura ou da dinâmica de um grupo. Reside numa autêntica análise matemática em ciências sociais contemplando três tradições: a análise fundamentada na teoria dos grafos, a sociometria estatística e a modelação algébrica.

Atualmente e após as tentativas de atribuir às redes sociais uma justificação conceptual, as recentes maneiras de interação social, com o recurso as TIC, conduziram determinados autores, como Wellman (2001), a estudar o impacto destas tecnologias na coletividade e na própria mudança social. Conclui-se que esta pesquisa demonstra que as TIC fortalecem as relações sociais, não obtendo nem desejando, contudo, alterar as ligações face-a-face, mas o oposto, complementando-as e conseguindo mesmo motivar o seu esforço(Silva, et al., 2011).

Bucklin, Pauwels e Trusov (2009) afirmam que a característica mais importante das redes sociais é o fato de serem os utilizadores a produzirem os conteúdos. Segundo Boyd e Ellison (2007) acrescentam ainda a hipótese de consultar a lista de amigos e respetivas ligações, assim como aquelas feitas pelos outros utilizadores. É um Web Site que simplifica a comunicação peer-to-peer dentro de um grupo ou entre indivíduos através de mecanismos

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7 que admitem que seja o utilizador a produzir conteúdos e que possa trocar mensagens e comentários entre outros utilizadores (Mota, 2011).

Bhattacharjee et al. (2007) declaram que, ao contrário da Web que permanece maioritariamente estruturada em volta do conteúdo, as redes sociais estão estruturadas em volta dos utilizadores, na medida em que os participantes se ligam a uma rede, publicam o seu perfil e os conteúdos respetivos e partilham links com outros utilizadores.

Conforme o dicionário Aurélio a palavra social significa “que tende a viver em grupo, em sociedade”. Logo as redes sociais têm a intenção de agrupar pessoas com um objetivo semelhante a fim de existir uma interação entre elas (Resende, et al., 2011).

As redes sociais, para Marteleto (2001), representam “[...] um conjunto de participantes autónomos, unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados”. Nas últimas décadas o trabalho pessoal em redes de conexões passou a ser percebido como um instrumento organizacional, apesar de o envolvimento das pessoas em redes existir desde a história da humanidade. A rede, que é uma estrutura não-linear, descentralizada, flexível, dinâmica, sem limites definidos, estabelece-se por relações horizontais de cooperação (Tomaél, et al., 2005). Costa et al. (2003) afirmam que a rede “é uma forma de organização caracterizada fundamentalmente pela sua horizontalidade, isto é, pelo modo de inter-relacionar os elementos sem hierarquia”.

As redes sociais são constituídas por pessoas ou organizações, que interagem entre si, por meio de plataformas virtuais. Neste tipo de interações surgem vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns. Estes tipos de relacionamentos estabelecem-se numa ordem horizontal sem algum tipo de relação hierárquica (A. Ribeiro, 2011).

“Uma estrutura em rede (...) corresponde, também, ao que seu próprio nome indica: seus integrantes se ligam horizontalmente a todos os demais, diretamente ou através dos que os rodeiam. O conjunto resultante é como uma malha de múltiplos fios, que pode se espalhar indefinidamente para todos os lados, sem que nenhum dos seus nós possa ser considerado principal ou central, nem representante dos demais. Não há um “chefe”, o que há é uma vontade coletiva de realizar determinado objetivo” (Whitaker, 1998).

Degenne e Forsé (1999) referiram que: “os indivíduos não podem ser estudados independentemente de suas relações com os outros, nem podem as díades ser isoladas de suas estruturas afiliadas”, por isso o termo de Rede Social. Os indivíduos ou nós, só fazem parte de uma rede, se houver uma conexão, ligação, com outros indivíduos, nós (Resende, et al., 2011).

Muitos estudos empíricos mostram a relevância da proximidade geográfica na criação das fronteiras das redes sociais, sendo concedidas diferentes razões para esta

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8 situação (Fornahl, 2005): a probabilidade de dois atores formarem laços sociais é maior quando eles interagem de forma frequente. Como a proximidade geográfica está positivamente relacionada com a frequência da interação (cara-a-cara) a probabilidade de formação de laços sociais duradouros e de redes diminui quando a distância geográfica aumenta, muitas vezes na origem das redes sociais estão contactos acidentais (nas lojas, nas ruas, etc.) que, repetidos várias vezes, podem causar laços sociais. A manutenção das redes sociais exige a interação face-a-face, pelo menos de forma regular, sendo que com a proximidade geográfica a frequência e a facilidade destas interações são maiores, enquanto que o custo é menor. Portanto, a proximidade geográfica tem um forte impacto na duração dos laços sociais, a formação e o funcionamento das redes estão embebidos no contexto social e cultural da região. A proximidade social e cultural não estão diretamente associadas à proximidade geográfica, contudo é possível assumir que o contexto local influencia parcialmente o aparecimento de aspetos socioculturais específicos (Sousa, 2008).

Entretanto, muitos autores têm mencionado e demonstrado que, em muitas situações, a partilha da mesma localização entre os atores é um requisito indispensável, mas não satisfatório, para a ocorrência de processos de aprendizagem e de inovação (Boschma, 2005). Com efeito, são múltiplos os estudos que mostram como as redes longínquas podem ser tão ou mais importantes do que as regionais.

Alguns autores acham que mais relevante do que a distância geográfica entre os atores da rede é a distância social. Esta está relacionada com a existência de laços sociais entre os atores ao nível micro, resultantes da partilha de uma origem ou filiação ou de determinados atributos sociais, evidenciando-se dois aspetos (Casson & Giusta, 2007): facilidade de comunicação, idioma e culturas comuns, canais eficazes de troca de informação, confiança baseada na amizade, laços familiares e outros laços sociais.

Deste modo, a proximidade social funciona através da conexão dos diversos atores ajudando a comunicação entre os membros do grupo ou da rede e logo a troca de conhecimento. Por seu lado, a confiança pode revelar-se fundamental na troca e partilha de conhecimento e de outros recursos.

A ponderação da proximidade social é necessária se estivermos a observar redes sociais, contudo é possível combinar a análise da proximidade social com a geográfica. Como é importante as redes sociais no processo de empreendedorismo, as empresas aparecem muitas vezes aglomeradas no espaço, mesmo quando o compartilhamento de localização mostra desvantagens económicas. Devido ao carácter local da Rede Social, o empreendedor terá maior acesso a informação sobre oportunidades sectoriais se estiver localizado num cluster regional. Neste sentido, a Rede Social do indivíduo pode determinar a grandeza da informação a que ele tem acesso. Paralelamente, alguns autores defendem

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9 que o desenvolvimento e a manutenção de laços sociais, principalmente de laços fortes, precisam de uma interação constante e forte que é usualmente beneficiada pela proximidade espacial (Sorensen & Sorenson, 2003; Sousa, 2008).

Breschi e Lissoni (2003) verificam como na inexistência de ligações sociais, a proximidade geográfica não esclarece os padrões de citação entre cientistas e que, de forma contrária, a proximidade social fortalece a geográfica. Também a esta conclusão chegam Balconi et al. (2004), para quem o valor da proximidade geográfica (e igualmente da cognitiva) está no facto de consentir a diminuição da distância social.

No cruzamento entre as proximidades cognitiva e social temos as “Comunidades Epistémicas”, ou seja, grupos de cientistas que partilham uma base de conhecimento, uma linguagem e outros códigos de comunicação e procedimentos de investigação e teste, e no seio dos quais o conhecimento codificado pode ser considerado um bem público. Breschi e Lissoni (2001) defendem que o fato de o conhecimento ser tácito, pode funcionar como forma de exclusão usada para impossibilitar o acesso de certos atores ao conhecimento, ao mesmo tempo, as mensagens tácitas podem ser enviadas para locais longínquos, podendo ser partilhadas pelas “comunidades epistémicas” geograficamente dispersas. Para estes autores, se os membros destas comunidades não divulgarem os seus códigos comuns de linguagem, estes podem funcionar como mecanismos de exclusão, mesmo para os atores locais, que não conseguem descodificar as mensagens abertamente trocadas (Sousa, 2008).

Por outro lado, de acordo com Sorenson (2005), como as redes sociais são mais importantes para a transmissão de conhecimento quando este é complexo (o conhecimento complexo é mais difícil de replicar e a sua transmissão está mais sujeita à ocorrência de erros), as indústrias com uma base de conhecimento mais complexa tendem a estar geograficamente concentradas.

Existem múltiplos géneros de redes sociais, as redes de relacionamento, redes profissionais, redes comunitárias, redes políticas, etc. Este tipo de relacionamento permite a partilha de informação, conhecimento, interesse e esforços em busca de objetivos comuns. Com as redes sociais estamos perante uma participação mais democrática. Todos temos lugar e voz nas redes sociais (A. Ribeiro, 2011).

As redes sociais podem adotar várias formas segundo Wasserman e Faust (1994). É possível diferenciar entre (Sousa, 2008):

 Redes transitórias e redes persistentes: estão associadas a um acontecimento singular (uma festa, um seminário, etc.), podem ser úteis para fazer contactos, mas a sua importância individual é comummente baixa. No entanto, se o acontecimento se repetir várias vezes, pode existir um resultado

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10 combinado considerável. As redes persistentes mantêm-se por um período considerável de tempo. Geralmente, a persistência aparece associada a elevados níveis de compromisso entre os membros, sendo os laços familiares o caso mais exemplar (Granovetter, 1985). A persistência insere questões de renovação através da inclusão de novos membros.

 Redes estruturadas e redes não estruturadas: nas redes estruturadas existe distinção entre os papéis executados pelos diversos atores na rede, enquanto que nas redes não estruturadas todos os membros têm papéis semelhantes. A literatura menciona que quanto maior a rede maior a necessidade de estruturação, por exemplo através do aparecimento de um líder.

 Redes formais e redes não formais: as redes formais envolvem uma constituição codificada (e um sistema de autoridade), sendo frequentemente nomeadas por organizações. As redes não formais têm uma natureza mais espontânea, podendo surgir, por exemplo, em torno de um indivíduo. Apesar desta diferenciação, a literatura referencia que por detrás de redes formais (por exemplo dos acordos formais de cooperação entre empresas) estão as relações informais (as redes formais estão embebidas nas informais), onde fluem informações e surgem transações (Pryke & Lee, 1995; Uzzi, 1999).  Redes voluntárias e redes compulsivas: nas redes voluntárias os indivíduos

determinam se ambicionam ou não pertencer à rede, enquanto que nas redes compulsivas são obrigados a pertencer à rede.

 Redes hierárquicas e redes não hierárquicas: as redes hierárquicas são formadas por outras redes, havendo redes de maior e de menor nível hierárquico, em que as redes de maior nível organizam as relações das de menor nível.

 Redes verticais e redes horizontais: nas redes verticais os fluxos envolvem atores colocados em diversas etapas de um processo (por exemplo uma cadeia de produção). Nas redes horizontais os fluxos dão-se entre atores que estão envolvidos no mesmo nível de ação.

 Redes intencionais e redes não intencionais: as redes intencionais são compostas de maneira propositada pois os seus membros pretendem alcançar um objetivo específico (redes direcionadas para um objetivo) ou beneficiar dos efeitos positivos das redes. A criação das redes “não intencionais” não tem subjacente qualquer objetivo específico ou lógica económica, porém surge da vivência pessoal, académica e profissional dos atores. Podem estar associadas a laços de família, amizade, vizinhança, ou

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11 emergir da interação na escola, universidade, local de trabalho ou em parcerias.

As redes podem ser pessoais (ou individuais), sempre que são constituídas pelas pessoas que um sujeito conhece e com o qual interage, ou quando residem nas redes que uma organização determina com outras organizações como por exemplo, associadas às relações que uma empresa cria com outras organizações: clientes, fornecedores, organismos públicos, universidades e institutos de investigação, etc. Nas redes pessoais podem ser incluídos atores com vários tipos de afinidade: família, amigos, colegas, superiores hierárquicos, empregados, parceiros de negócios. No caso das redes organizacionais por vezes é aliciante considerar as características institucionais dos nós (empresas, universidades, instituições de investigação, organizações de apoio, etc.) (Barnes, 1972; Wellman, 2007).

Na caracterização das relações é comum diferenciar os laços diretos (relação direta entre dois atores de uma rede) dos laços indiretos (ligação de dois nós por intermédio de outros nós) (Sousa, 2008). Os laços podem ainda ser qualificados em função do tipo de interação. Por exemplo, Hausmann (1996) considera três tipos de interações: interações formais (que sucedem sem contacto a-face), as interações sociais (com contacto face-a-face) e interações virtuais (por meio eletrónico ou documental, mas sem que os atores se conheçam).

Por seu lado, Milardo (1988) distingue entre laços ativos e laços passivos. Os primeiros estão associados a interações habituais face-a-face envolvendo ajudas diretas, conselhos, apoio, críticas e interferência; os segundos têm um carácter irregular e afetivo, sendo muito relevantes do ponto de vista da segurança individual (o indivíduo sabe que eles existem e que pode contar com eles quando é necessário).

Uma rede consegue incorporar somente laços de um tipo ou laços de vários tipos. Sempre que o relacionamento entre dois atores envolve mais do que um tipo de interação, de troca, ou de recurso diz-se que existe multiplicidade. Essas ligações são determinadas através de comunicação. Com os progressos da tecnologia, cada vez mais essa comunicação é feita através da internet, onde não existem limites, sejam geográficas ou culturais. Esse progresso tecnológico trouxe facilidades não só em comunicação, como também novas formas de relação na sociedade moderna, além de organização das atividades humanas (Resende, et al., 2011).

Essas redes sociais não se restringem só a comunicação entre amigos, família, também no campo económico, como na rede. Grandes empresas veem como grandes capitais sociais, investindo em marketing para promover produtos e serviços, além das relações entre os potenciais consumidores. No âmbito cultural, as redes sociais podem e

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12 são utilizadas como instrumento de comunicação para a mobilização de movimentos sociais e culturais. Na área da educação, percebe-se um futuro auspicioso na adesão das redes sociais como uma nova método de ensino.

Mesmo que apenas uma percentagem da população faça parte das redes sociais, estas recebem e transferem infindos fluxos de informações diariamente, criam vínculos, valores, promovem discursos sociais, que quebram as barreiras territoriais e promovem o cruzamento de culturas e idiomas. A adesão a este tipo de redes aumenta diariamente, proporcional ao número de pessoas ligadas à internet, o uso das redes sociais já faz parte do dia-a-dia da maioria das pessoas, descrevendo as mesmas como nova forma de relação no mundo atual. Fritjof Capra (2002, p. 85) afirma que: "redes sociais são redes de comunicação que envolvem a linguagem simbólica os limites culturais e as relações de poder".

As redes sociais possibilitam uma mobilização social, podemos expor as nossas ideias, valores, pensamentos e atitudes. Nós somos autores da própria informação e não ficamos subordinados de qualquer outro meio para termos voz como sucedia com a Web 1.0. A pergunta instala-se: estamos perante um fenómeno social de inteligência coletiva, onde produzimos e partilhamos a informação, ou unicamente numa plataforma em que facilmente nos apropriamos do conhecimento dos outros. (A. Ribeiro, 2011).

Vivemos numa cultura que apela à participação, situação que só sucede graças ao progresso das tecnologias de comunicação e informação, que mudou o mundo numa “aldeia global”. A massificação das tecnologias de comunicação e as redes sociais poderão ser a solução para a construção de uma sociedade aberta e criativa e que em circunstâncias de igualdade participa na construção do conhecimento e da informação.

As redes sociais possibilitaram uma evolução excecional das comunicações, verificamos que as empresas já não se contentam unicamente com o seu próprio Web Site, procuram estar mais próximas aos consumidores. Nesta nova plataforma, proporciona uma forma de comunicação mais eficiente, que dá voz aos dois lados. Uma aposta na simplicidade da mensagem que permite chegar a um máximo número de pessoas. Serviços, produtos e empresas são expostos diretamente ao consumidor. Trata-se de um meio de promoção e propagação nunca antes visto.

Em síntese, com as redes sociais e a chegada da internet a maneira como as pessoas se relacionam sofreu uma enorme mudança. O mundo está submetido a uma vasta cobertura mediática, com milhares de utilizadores a participarem ativamente na vida política, económica e social do país. As fronteiras físicas reais foram dissolvidas pelo mundo virtual, não pertencemos a este ou aquele país, mas a uma comunidade virtual, ou seja, há uma desterritorialização do conhecimento (A. Ribeiro, 2011).

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13 O conceito de rede remete primitivamente à noção de capturar a caça. “Por transposição, a rede é assim um instrumento de captura de informações”. E essa mesma abordagem é salientada por Capra (2002, p. 267), quando delineia a relevância das redes organizacionais: “[...] na era da informação - na qual vivemos - as funções e processos sociais organizam-se cada vez mais em torno de redes. Quer se trate das grandes empresas, do mercado financeiro, dos meios de comunicação ou das novas ONGs globais, constatamos que a organização em rede tornou-se um fenómeno social importante e uma fonte crítica de poder”.

Com base em seu dinamismo, as redes, dentro do ambiente organizacional, funcionam como espaços para o compartilhamento de informação e do conhecimento. Espaços que podem ser tanto presenciais quanto virtuais, em que pessoas com os mesmos objetivos trocam experiências, criando bases e produzindo informações importantes para o sector em que operam. A formação de redes nas organizações ocorre por meios e formas diferentes, desde uma conversa informal com um colega de trabalho na hora do café, encontro com os amigos depois do expediente, em reuniões, congressos, listas de discussões, portais corporativos, até situações formalmente produzidas com o objetivo de alcançar resultados característicos. Krackhardt e Hanson, apud Macedo (1999), subdividiram essas redes em redes de confiança, redes de trabalho ou consulta e redes de comunicação. As redes de confiança são aquelas que compartilham “informações politicamente delicadas” e limitadas a certo número de pessoas. Já as redes de trabalho ou consulta utilizam estruturas informais e proporcionam o contacto entre pessoas que possuem informações que simplifiquem o trabalho, ao passo que as redes de comunicação são as que proporcionam a troca de informações de trabalho com normalidade, ou seja, as chamadas “amizades de escritório”, que costumam ter um papel importante no desempenho das funções formais(Tomaél, et al., 2005).

Todos os géneros expostos estão em concordância com a afirmação de Krogh, Ichijo e Nonaka (2001, p. 159), quando afirmam: as conversas nas organizações de negócios normalmente expõem dois objetivos básicos: confirmar a existência e conteúdo do conhecimento ou criar novos conhecimentos [...] o intercâmbio de ideias, opiniões e crenças propiciado pelas conversas possibilita o primeiro e o mais importante passo para a criação do conhecimento: o compartilhamento do conhecimento tácito dentro da comunidade da rede.

O conhecimento, na visão desses autores, requere ser alterado, desenvolvido e trabalhado dentro das organizações, senão, será unicamente um conjunto de informações sem pertinência. Esse é o maior desafio da Era da Informação: criar uma organização capaz de compartilhar o conhecimento. É nessa abordagem que as redes são mais apreciadas, ao

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14 mesmo tempo que colaboram para o aperfeiçoamento dos ativos organizacionais, proporcionam que as organizações, diferenciando as características das redes e valendo-se delas, tornem o compartilhamento mais proveitoso.

Redes constantemente presumem agrupamentos, são fenómenos coletivos, sua dinâmica implica relacionamento de grupos, pessoas, organizações ou comunidades, designados atores. Proporcionam diferentes tipos de relações, apesar de raramente se verificarem. Redes, geralmente, são estruturas ocultas, informais, tácitas. Elas incorporam os momentos da vida social, mas praticamente não se vê - são o conjunto de “conexões ocultas”, como diria Capra (2001), ou a “estrutura submersa”, nas palavras de Alberto Melucci (2001). A noção de horizonte refere-se a essa incapacidade de se saber a dimensão da rede para além de um certo ponto. Na prática social, cada uma das pessoas usufrui de muitos círculos de relacionamento, mas não tem noção de quantos eles são ou como identificá-los. Na realidade, as pessoas, de modo geral, só veem a rede quando necessitam dela.

Como um espaço de interação, a rede proporciona, a cada ligação, contactos que oferecem diversas informações, inesperadas e determinadas por um interesse que naquela ocasião move a rede, contribuindo para a construção da sociedade e direcionando-a. Castells (1999, p. 498), um dos nomes mais eminentes no estudo de redes, faz uma relação direta das redes com a sociedade na Era da Informação e as define como “um conjunto de nós interconectados. Concretamente, o que um nó é depende do tipo de redes concretas de que falamos”. Podem ser organizações de qualquer tipo, tanto formal quanto informal, tanto lícita quanto ilícita e os nós podem também ser representados por indivíduos ou grupos de indivíduos(Tomaél, et al., 2005).

O contexto em que estamos inseridos desencadeia uma série de mudanças na rotina dos indivíduos e uma delas demonstra as redes como ponto de convergência da informação e do conhecimento. Para Sodré (2002, p. 14), rede é “onde as conexões e as intersecções tomam o lugar do que seria antes pura linearidade”. Essas ligações e interações no âmbito das redes sociais sucedem pelo contacto direto (face a face) e pelo contacto indireto - utilizando-se um meio intermediário, como a Internet, o telefone ou outro meio. Enfim, podemos afirmar que redes sociais envolvem um conjunto de atores que mantêm ligações entre si.

A partir da evolução dos meios de comunicação, particularmente depois da Internet, as relações sociais dispensam do espaço físico e do geográfico, elas sucedem independentes do tempo e/ou do espaço. E, mesmo assim, as relações em uma rede espelham a verdade à sua volta e a influência. Devido a essa proporção, Wellman (1996) verifica, na rede, sua identidade singular em determinada situação, isto é, a representação e

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15 a interpretação das relações em rede estão fortemente ligadas à realidade que a rodeia, a rede é influenciada pelo seu contexto e esse por ela.

A interação constante proporciona alterações estruturais e, em relação às interações em que a troca é a informação, a alteração estrutural que pode ser entendida é a do conhecimento, quanto mais informação trocamos com o ambiente que nos rodeia, com os atores da nossa rede, maior será o nosso conhecimento, maior será o nosso armazenamento de informação e é nesse conjunto de significados que introduzimos as redes sociais.

As redes sociais superam o âmbito académico/científico, conquistando e alcançando espaço em outras esferas. É possível analisar a chegada desse movimento à Internet e a forma como capta cada vez mais adeptos, aglomerando pessoas com objetivos específicos ou apenas pelo prazer de fazer sobressair ou desenvolver uma rede de relacionamentos. É proporcionado por um software social que, com uma interface amigável, incorpora recursos além dos da tecnologia da informação. A utilização desses recursos concebe uma rede em que os membros convidam seus amigos, conhecidos, sócios, clientes, fornecedores e outras pessoas de seus contactos para participar de sua rede, criando uma rede de contactos profissional e pessoal, que seguramente terá pontos de contactos com outras redes. Enfim, são meios que simplificam a criação de grupos de temas que interagem por meio de relacionamentos comuns.

A noção de redes nas ciências sociais é empregada à sociedade como um conjunto de relações e funções desempenhado pelas pessoas, umas em relação às outras. “Como característica das sociedades complexas, cada associação de seres humanos funciona de maneira muito específica, o que cria uma dependência funcional entre os indivíduos”. Os laços entre estas pessoas se fazem sucessivamente, são ligações invisíveis, porém reais (Tomaél, et al., 2005).

O empreendedor usa as redes sociais para, de forma direta ou indireta, encontrar potenciais parceiros. Lechner e Dowling (2003) mencionam que as redes sociais funcionam como um bilhete de entrada rápida na indústria. Parece que se pode extrapolar e afirmar que as relações sociais funcionam como um bilhete de entrada rápida no mercado externo. Câmara e Simões (2006) identificaram três mecanismos através dos quais as redes sociais influenciam a internacionalização das empresas: fornecimento de informação, legitimação e mobilização de atores específicos.

O primeiro mecanismo inclui informação sobre oportunidades exteriores e a informação sobre potenciais parceiros. As redes podem igualmente ser uma grande fonte de informação, no que se refere a potenciais mercados para os produtos, inovação e práticas negociais distintas, auxiliando o empreendedor a encontrar novas oportunidades. Podem

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16 fornecer informações tecnológicas, modificações em tendências de consumo e novas formas de gestão que, eventualmente, terão enormes impactos no posicionamento dos produtos da empresa mesmo a nível externo. Acresce ainda que esta informação alcançada através das redes de contactos pessoais é privilegiada, visto não estar à disposição de todos. A troca de informação é, mesmo, o benefício mais mencionado das redes.

O segundo mecanismo, a legitimação, está intimamente ligado ao capital social, isto é, a ideia de reputação, credibilidade e estatuto associada ao empreendedor. Esta não é uma característica interna, mas sim um reflexo e como tal só existe se for reconhecido pelos outros atores, ou seja, só tem significado através dos relacionamentos. Entretanto, o facto de pertencer a determinada rede transmite, desde logo, capital social ao empreendedor, necessário para determinadas relações internacionais.

O terceiro ponto é igualmente muito importante. As redes sociais podem ser utilizadas para estabelecer relações com determinados agentes específicos, ou seja, ajudam na apresentação a parceiros significativos, reduzindo o tempo de busca do parceiro, os recursos essenciais à sua avaliação e o risco inerente a um parceiro não mencionado, o que está em linha com a ideia que “fazer negócios sabendo com quem” é tão importante como “saber fazer negócios”. Também Birley et al. (1991) e Cromie (1994) mencionam o valor das redes no aumento do número de contactos indiretos. Shane e Khurana (2003) falam dos vínculos estáveis estabelecidos pelos empreendedores, que auxiliam para a aquisição de recursos e de financiamento. Há, ainda, quem diga que ajudam a criar motivação, suporte e estímulo, que transferem segurança e ainda ajudam a lançar ideias para novos produtos e/ou serviços.

É a partir da sua rede de contactos que se podem identificar oportunidades e conhecer parceiros ou, ainda, podem ser vistos como potenciais parceiros. Sendo assim, as redes produzidas pelos empreendedores não serão somente um potencial estímulo da internacionalização, mas também, uma fonte de conhecimento alargada que poderá ter um resultado colossal na direção seguida pela empresa. Ripolles et al. (2002) verificam que a dimensão da Rede Social e a frequência com que interagem durante o período de conceção da empresa afetam de forma positiva e considerável a obtenção de recursos (tangíveis e intangíveis) imprescindíveis à internacionalização (Moutinho, 2010).

Um estudo efetuado pela empresa de marketing comScore relata que no uso da Internet as mulheres permanecem em inferioridade em relação aos homens com uma utilização de 45.7% contra 54.3%. Porém, comparativamente à utilização das redes sociais as mulheres estão em vantagem com uma utilização de 75.8% contra uma utilização por parte dos homens de 69.7%, correspondendo a uma utilização média de 5,5 horas por mês pelas mulheres e 4 horas mensais pelos homens. No que diz respeito à distribuição

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17 geográfica, são as sul-americanas, seguidas das norte-americanas e em terceiro lugar as europeias as maiores utilizadoras das redes sociais online. Este estudo conclui ainda, que é na Rede Social Twitter, que há uma distribuição mais equilibrada na utilização por homens e mulheres. Evidencia-se assim, que há um forte entendimento entre as mulheres e as redes sociais online (Gomes, 2011).

Existem redes sociais que são bastante populares em certos países, como o Orkut no Brasil, rede social que jamais teve algum destaque em outros países, como em Portugal e existem outras redes que têm bastante êxito dentro de uma faixa etária, não tendo qualquer importância em outras faixas etárias. Na infinidade das redes sociais, em Portugal, existem algumas que tiveram e continuam a ter muito êxito e outras que nem se quer são conhecidas.

Conforme o Alexa.com, o Facebook, Hi5, LinkedIn e Twitter encontram-se no Top 20 dos web sites mais visitados em Portugal. O Facebook (2º site mais visitado), o LinkedIn (15º site mais visitado) e o Twitter (16º site mais visitado) são redes que possuem um êxito global. No entanto, o Hi5 globalmente mostra uma relevância insignificante, encontrando-se na posição 200, segundo Alexa.com. Já em Portugal, encontra-se na 14ª posição, sendo Portugal o 5º país que mais acede ao Hi5, após a Tailândia, México, Roménia e Peru, conforme o Google Trends (Duarte, 2011).

A propensão do uso das redes sociais online, tendo em conta o género e a faixa etária, foi ainda observado no contexto português, num estudo produzido pelo LINI – Lisbon Internet and Networks International Research Programme. Neste estudo concluiu-se relativamente a (Gomes, 2011) (Simões, 2011):

1. Homens/Mulheres

a) Orkut e Hi5 têm uma utilização maioritariamente feminina;

b) Facebook tem uma utilização mais uniforme, sendo entretanto, a utilização maior por mulheres;

c) Twitter e MySpace têm uma utilização maioritariamente masculina; 2. Idade

a) Quanto maior for a idade menor é a utilização das redes sociais online;

b) MySpace, Twitter, Hi5 e Facebook com metade dos utilizadores com idade inferior a 25 anos.

3. Identificação do perfil

a) Maioria dos utilizadores identifica-se pelo nome e data de nascimento; b) Mais de metade dos utilizadores adiciona fotografia no perfil;

c) São as mulheres que divulgam mais dados pessoais. 4. Funcionalidades

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18 a) O envio de mensagens lidera;

b) Menos de metade dos utilizadores utiliza o chat;

c) Menos de metade utiliza as redes sociais para a partilha de fotografias.

1.3 História

Mesmo que o conceito de rede tenha ganho repercussão no contexto atual, sobretudo desde a expansão do uso das TICs, a análise de Redes Sociais remonta a estudos dos anos 30 e 40, marcadamente da antropologia, psicologia, sociologia e matemática. Nos anos 70 e 80, segundo Lozares (1996), com o desenvolvimento da base matemática da teoria dos grafos, que serão propostas e consolidadas metodologias de análise de redes sociais. Ugarte também refere a origem da análise de redes, remetendo-a a “uma forma particular de análise topológico: a descrição das distintas estruturas que pode tomar uma rede e o estudo das propriedades inerentes a cada uma (2007, p. 3)” que, posteriormente, vai refletir no desenvolvimento dos estudos de redes sociais através da apropriação de uma linguagem descritiva da teoria dos grafos como base para a identificação de qualquer rede (Cogo & Brignol, 2010).

Em 1736, o matemático suíço Leonard Euler interessou-se pela questão das pontes Königsberg na Rússia (situadas na cidade Königsberg, hoje conhecida por Kaliningard) banhada pelo rio Pregal (que se ramifica e forma uma ilha, a de Kneiphof) que se encontra ligada à cidade por sete pontes como é possível verificar pela Figura 1 (Neves, 2011).

Figura 1 - Pontes de Königsberg e sua correspondência em vértices e arestas (Neves, 2011).

Um popular quebra-cabeças da época questionava se era possível atravessar as sete pontes apenas uma vez, sendo que os habitantes passaram horas a tentar resolver o problema sem sucesso, mas Euler confirmou que era impossível existir uma solução para percorrer somente uma vez as sete pontes que ligavam a cidade(Neves, 2011).

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19 A confirmação faz uso dos “grafos”, um modelo matemático que mostra de forma abstrata problemas reais, usando vértices ou nós e linhas, também chamadas de arestas ou ligações que formam uma rede.

Um grafo é uma representação de um conjunto de nós conectados por arestas que, em conjunto, formam uma rede. Em cima dessa nova ideia, vários estudiosos dedicaram-se ao trabalho de compreender quais eram as características dos vários tipos de grafos e como se dava o processo de sua construção, ou seja, como seus nós se agrupavam (Barabási, 2003; Buchanan, 2002; Watts, 1999, 2003). A abordagem das redes percebe sua natureza através de três princípios fundamentais (Thacher, 2004, p. 5): a conectividade (“tudo está conectado, nada acontece isoladamente”), a ubiquidade (“conectividade acontece em todos os lugares, e é uma propriedade geral do mundo”) e a universalidade (“redes são universais e suas propriedades abstratas gerais podem explicar, descrever e analisar uma grande variedade de fenómenos”). Através da proposição de modelos de análise (como o modelo de “redes igualitárias” de Ërdos e Reyni(1960); modelo de “mundos pequenos” de Watts e Strogatz (1998); ou o modelo de “redes sem escalas” de Barabási e Albert (1999), por exemplo), seus teóricos clamam pela aplicabilidade destes em todos os campos da ciência, como as formas de compreender os “padrões de rede”, de um modo especial, à própria Internet e às redes sociais que ali se constituem.

No grafo da Figura 1, estão figuradas pelos vértices as quatro partes de terra separadas pelo rio Pregal e as sete pontes, as arestas que os unem. Como é possível observar pelo desenho de Euler, uma vez que cada aresta teria de passar duas vezes por cada vértice, à exceção do caminho de entrada e de saída, não seria possível atravessar apenas uma vez cada ponto. Existiria sempre um vértice com pelo menos mais de uma aresta ligando-o a outro vértice. Assim, seria impraticável passar uma única vez pelas sete pontes. A prova do matemático é considerada o primeiro teorema do sistema de grafos e grande parte da terminologia empregue na análise de redes sociais foi tomada de empréstimo ou ajustada desta teoria(Neves, 2011).

A noção sobre o que entendemos por rede, definida genericamente como um conjunto de nós interconectados, caracterizada pela flexibilidade e adaptabilidade, supõe concebê-la como produto da intervenção e interação humanas sobre a materialidade tecnológica. Para Manuel Castells (2003a), as redes configuram as lógicas da organização social contemporânea, caracterizando-se pela geração, processamento e transmissão da informação como fontes fundamentais de produtividade e poder. Para o investigador, os aspetos principais da constituição dessa organização social condicionam ou impactam de alguma forma dimensões tão distintas quanto a economia, o conhecimento, o poder, a comunicação e a tecnologia, sugerindo que a sociedade seria a estrutura social dominante

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20 do planeta. Castells (2002, p. 605) pensa na sociedade em rede em uma abrangência transversal, a partir da análise de aspetos económicos, culturais, políticos e sociais, ao mesmo tempo global, não substitui outras estruturas sociais, mais centralizadas e hierárquicas.

Em 1958, Ithiel Pool (cientista politico) e Manfred Koochen (matemático) escreveram “Contactos e influências”, publicado apenas em 1978, apesar de ter circulado antes da impressão. Neste texto, formulam algumas das mais importantes questões relativas ao estudo das redes sociais, como por exemplo: quantas pessoas conhecem o mesmo individuo? Que tipos de pessoas têm mais contactos? São essas as pessoas com mais influência numa rede? Qual a probabilidade de duas pessoas escolhidas à sorte se conhecerem? Qual a hipótese de terem um amigo em comum? Pool e Kochen iniciaram por observar o problema que consistia em determinar o número de contactos que cada pessoa obtém (Koochen & Pool, 1978).

Surgiu então a incerteza sobre o que era e em que consistia exatamente um contacto social. E mesmo quando se tornou clara a definição de “conhecimento”, de “contacto”, enfrentaram a circunstância de as pessoas não conseguirem prever com facilidade o número de indivíduos que conhecem. Por norma, subestima-se o número de pessoas que conhecemos. Assim, ficou determinado como critério para “conhecer alguém” (Koochen & Pool, 1978, p. 10): Quando A vê B reconhece-o, sabe o nome pelo qual o tratar e normalmente acharia apropriado cumprimentá-lo. Essa definição exclui, tal como notamos, reconhecimento de pessoas famosas, uma vez que são estranhos logo não sentimos a necessidade de os cumprimentar. Também exclui pessoas que vemos frequentemente mas cujo nome nunca aprendemos, por exemplo, o policial na esquina.

O trabalho debate pela primeira vez em termos científicos o fenómeno chamado “efeito de mundo-pequeno” e como os próprios autores declaram, no início do seu texto «Este ensaio levanta mais questões do que respostas (Koochen & Pool, 1978, p. 5)». Ithiel Pool e Manfred Kochen calcularam que, se cada individuo tiver cerca de 1000 conhecimentos, a maioria de pares de pessoas no planeta podem estar ligadas apenas por dois ou três intermediários, no máximo quatro (Koochen & Pool, 1978, p. 10). Alguns dos seus argumentos são lembranças do conto de Karinthy, atrás descritos.

Num estudo aos habitantes de Toronto em 1978, Wellman (1996), descobriu que 42% dos contactos de uma rede acontece entre vizinhos com menos de 1 milha de distância. Guest e Lee (1983) fizeram uma análise idêntica para a cidade de Seattle, e descobriram que para 35% das pessoas alvo do estudo, a grande parte dos seus amigos estariam na vizinhança. Otani (1999) usou dados do General Social Survey de 1986 (EUA) e

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Figura 1 - Pontes de Königsberg e sua correspondência em vértices e arestas (Neves, 2011)
Figura 3 - Perfil do Starbucks no Twitter (Pimentel, 2011).
Figura 4 - Página da Ensitel no Facebook (Pimentel, 2011).
Tabela 2 - Presença das empresas nas Redes Sociais  Rede Social  Presença  Ausência
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Referências

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