• Nenhum resultado encontrado

Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Engenho e no Hospital Dr. Nélio Mendonça

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Engenho e no Hospital Dr. Nélio Mendonça"

Copied!
134
0
0

Texto

(1)
(2)

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia do Engenho

Novembro de 2015 a Fevereiro de 2016

Ana Isabel de Freitas Gomes

Orientador: Dra. Joana Patrícia Alves Cunha Gonçalves

____________________________________________________________

Tutor FFUP: Prof. Doutora Maria Beatriz Vasques Neves Quinaz Garcia

Guerra Junqueiro

___________________________________________________________

(3)

ii

Declaração de Integridade

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº __________, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________de______

(4)

iii

Índice

Agradecimentos ... vi

Resumo ... vii

Índice de Figuras ... viii

Índice de Tabelas ... viii

Lista de Abreviaturas ... viii

Parte I – Estágio Farmácia do Engenho ... 1

1. Introdução ... 1

2. Apresentação da Farmácia do Engenho ... 2

2.1 Localização e horário de funcionamento ... 2

2.2. Composição e função dos recursos humanos ... 2

2.3. Organização física e espacial ... 2

2.4. Sistema Informático ... 4

3. Gestão de Produtos Farmacêuticos na Farmácia do Engenho ... 5

3.1. Gestão de Stocks ... 5 3.2. Encomendas ... 5 3.3. Receção ... 6 3.4. Marcação de preços ... 7 3.5. Armazenamento ... 7 3.6. Devoluções ... 7 3.7. Reclamações ... 8 4. Dispensa de medicamentos ... 8

4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) ... 9

4.1.1. Estupefacientes e Psicotrópicos... 9

4.1.2. Dispensa de Medicamentos Manipulados (MM) ... 10

4.1.3. Comparticipação de Medicamentos ... 10

4.1.3.1. Regime Geral de Comparticipação ... 11

4.1.3.2. Regime Especial de Comparticipação ... 11

4.2. Entrega de Receituário ... 12

4.2.1. Verificação do Receituário ... 12

4.2.2. Envio do Receituário ... 13

4.3. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) ... 13

4.3.1.Produtos Cosméticos ... 13

4.3.2. Dispositivos Médicos (DM) ... 14

(5)

iv

4.3.4. Medicamentos Homeopáticos (MH) ... 15

4.3.5. Produtos Dietéticos e para Alimentação Especial ... 15

4.4. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva em Farmácia (MNSRM-DEF) ... 16

5. Parâmetros Bioquímicos ... 16

5.1. Avaliação do Peso e Índice de Massa Corporal (IMC) ... 16

5.2. Avaliação da Pressão Arterial ... 17

5.3. Determinação da Glicémia ... 17

5.4. Determinação dos níveis de Colesterol Total ... 18

6. Farmacovigilância ... 18

7. VALORMED ... 19

8. Outras Atividades ... 19

Parte II ... 20

9. Introdução ... 20

10. Homeopatia e Medicamentos Homeopáticos ... 20

10.1. Perspetiva Histórica... 20

10.2. Noção de Medicamento Homeopático ... 21

10.3. Princípios da Homeopatia ... 21

10.3.1. Princípio da Similitude ... 21

10.3.2. Princípio da Totalidade ... 21

10.3.3. Princípio da Infinitesimalidade ... 22

10.4. Preparação de Medicamentos Homeopáticos ... 22

10.5. Patologias passíveis de tratar através da Homeopatia ... 23

10.6. Diagnóstico e Aconselhamento Homeopático ... 24

10.7. Segurança ... 24

10.8. Associação com outras Terapêuticas ... 25

10.9. Homeopatia no Mundo ... 25 10.10. Homeopatia em Portugal ... 27 10.11. Aconselhamento Farmacêutico ... 28 10.12. Atividades desenvolvidas ... 29 11. Diarreia ... 29 11.1. Definição ... 29 11.2. Causas ... 30 11.3. Classificação Clínica ... 30 11.4. Fisiopatologia ... 30

(6)

v

11.5. Diarreia Aguda ... 31

11.5.1. Tratamento ... 32

11.5.1.1. Medidas não Farmacológicas ... 32

11.5.1.2. Medidas Farmacológicas ... 32

11.6. Diarreia na Criança... 33

11.7. Diarreia do Viajante ... 33

11.8. Diarreia Crónica ... 34

11.8.1. Síndrome do Intestino Irritável... 34

11.8.2. Doença de Crohn ... 35 11.9. Epidemiologia ... 35 11.10. Aconselhamento Farmacêutico ... 35 11.11. Atividades desenvolvidas ... 36 12. Conclusão ... 38 13. Bibliografia ... 39 13. Anexos... 43

Anexo 1: Fichas de preparação ... 43

Anexo 2: Lista de MNSRM-EF ... 47

Anexo 2: Panfleto “Homeopatia, uma alternativa segura e eficaz” ... 48

Anexo 3: Inquérito “Homeopatia, uma alternativa segura e eficaz” ... 49

Anexo 4: Resultados dos inquéritos ... 50

(7)

vi

Agradecimentos

Para a realização deste estágio curricular em Farmácia Comunitária, foi fundamental o apoio e disponibilidade de vários intervenientes, aos quais gostaria de agradecer, especialmente:

 À Farmácia do Engenho, por me receber e me proporcionar todas as condições para a realização deste estágio;

 À Dra. Joana Gonçalves, pela disponibilidade, profissionalismo e simpatia e por me ter aceite para a realização deste estágio;

 A toda a equipa da Farmácia do Engenho, em especial à proprietária Dra. Zita Gonçalves por todo o apoio, disponibilidade e todo o carinho, à restante equipa Dra. Cristina, Dr. Lino, Dr. Luís, Dra. Catarina, Técnico António e à Técnica Teresa, à senhora Madalena, um muito obrigado pela simpatia pela disponibilidade e por estarem sempre dispostos a ajudar-me;

 À Comissão de Estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, pela oportunidade de realização deste estágio, uma experiência enriquecedora a nível pessoal e académico;

 À Professora Dra. Beatriz Quinaz pelo apoio, disponibilidade e profissionalismo.  Em especial aos meus pais e irmã, sem eles nada disto seria possível, à restante família,

ao Danilo que ao longo destes anos sempre me ajudou a superar os maus momentos, aos amigos madeirenses que foram a minha família durante a minha estadia no Porto, e àquelas que comigo embarcaram nesta aventura (Andreína, Isabel, Joana, Carolina, Filipa e Catarina).

(8)

vii

Resumo

No âmbito da unidade curricular Estágio, pertencente ao plano de estudos do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, do 5º ano, excecionalmente no 1º semestre, é proposta a realização de um relatório descritivo das atividades, conhecimentos e competências adquiridas durante o estágio em farmácia comunitária.

Este estágio decorreu entre Novembro de 2015 e Fevereiro de 2016 e foi realizado na Farmácia do Engenho sob a orientação da Dra. Joana Gonçalves.

Após cinco anos do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, adquiri variados conceitos práticos e teóricos que foram de extrema importância para a realização deste estágio.

A realização deste estágio foi sem dúvida uma mais-valia, tanto a nível pessoal como a nível profissional e acredito que me irá ajudar muito no futuro.

O presente relatório está dividido em duas partes. A primeira parte é referente à funcionalidade da farmácia e à descrição das atividades praticadas ao longo deste estágio. O conhecimento de todas estas atividades é fundamental para o bom funcionamento da farmácia, que se reflete no bom atendimento ao público sempre com ética farmacêutica.

A segunda parte deste relatório consiste no desenvolvimento de dois temas escolhidos ao longo deste estágio, o primeiro tema é sobre Homeopatia, esta terapêutica tão debatida na atualidade, o segundo é referente a uma patologia bem presente nos dias de hoje, a diarreia.

(9)

viii

Índice de Figuras

Figura 1 – Farmácia do Engenho

Figura 2 - Exemplo de preparação de medicamento homeopático

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio na Farmácia do Engenho Tabela 2 - Formações assistidas durante o estágio na Farmácia do Engenho

Lista de Abreviaturas

ACSS - Administração Central dos Sistemas de Saúde AIM - Autorização de Introdução no Mercado

ANF – Associação Nacional de Farmácias cAMP – Monofosfato de Adenosina Cíclico CCF – Centro de Conferência de Faturas CEE - Comunidade Económica Europeia CH - Diluição Centésimal de Hahnemann DC – Doença de Crohn

DCI – Denominação Comum Internacional DM – Dispositivos Médicos

DT – Diretora Técnica FE – Farmácia do Engenho FEFO - First expired, First Out

IA-Saúde - Instituto de Administração de Saúde e Assuntos Sociais ID – Intestino Delgado

IMC – Índice de Massa Corporal

INFARMED- Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento IVA – Imposto de Valor Acrescentado

MH – Medicamentos Homeopáticos MM – Medicamentos Manipulados

MNSRM – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MNSRM-DED – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva em

Farmácia

(10)

ix

PA – Pressão Arterial PV – Prazo de Validade

PVP – Preço de Venda ao Público OMS - Organização Mundial de Saúde RA – Reação Adversa Medicamentosa RAM – Região Autónoma da Madeira SII – Síndrome do Intestino Irritável

SNF – Sistema Nacional de Farmacovigilância SNS – Sistema Nacional de Saúde

(11)
(12)

1

Parte I – Estágio Farmácia do Engenho

1. Introdução

Durante a realização deste estágio é proposta a elaboração de um relatório descritivo das atividades, conhecimentos e competências adquiridas em Farmácia Comunitária.

A Farmácia Comunitária é a principal área de intervenção do farmacêutico, sendo que esta é responsável por constituir uma base na manutenção do bem-estar e saúde da população.

O farmacêutico é assim o principal elo de ligação entre o utente e os serviços de saúde, assumindo um papel muito importante. Como agente da saúde pública e especialista do medicamento o farmacêutico tem a função de promover uma adesão correta à terapêutica bem como disponibilizar toda a informação necessária para o correto uso do medicamento.

Por todos os motivos referidos acima, o farmacêutico deve estar atualizado durante toda a sua vida profissional, de modo a transmitir a informação correta ao utente, bem como estar a par de toda a evolução da indústria farmacêutica uma vez que esta está a atingir proporções elevadas surgindo cada vez mais novos medicamentos no mercado.

Todos os farmacêuticos regem-se por um Código Deontológico que enquadra ética e disciplina na sua atividade profissional, sob a avaliação da Ordem dos Farmacêuticos.

Tabela 2: Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio na Farmácia do Engenho

Semanas/ Atividades

Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Armazenamento/requisição de produtos Receção e conferência de encomendas Organização do receituário

Controlo de prazos de validade e verificação física de stoks

Preparação de medicamentos manipulados

Medição de parâmetros fisiológicos e bioquímicos

(13)

2

2. Apresentação da Farmácia do Engenho

2.1 Localização e horário de funcionamento

A Farmácia do Engenho (FE) situa-se no Caminho do Engenho - Edifício. Flor do Engenho, 23, na cidade de Machico, ilha da Madeira.

A atividade desta farmácia iniciou-se no ano de 1987. Inicialmente denominada Farmácia Banda d’Além devido à sua anterior localização, esta farmácia foi uma das primeiras no concelho de Machico. Em 2005 a transferência para outro edifício denominou esta farmácia de Farmácia do Engenho, onde perdura até hoje. O horário de funcionamento é quinzenal sendo das 9:00h às 24:00h na semana de serviço e na semana seguinte das 8:00 às 21:00h, intercalando com a outra farmácia do concelho. A atribuição das escalas de turnos é da responsabilidade do Instituto de Administração de Saúde e Assuntos Sociais (IA-Saúde).

Nos dois primeiros meses de estágio o meu horário foi das 14:00h às 21:00h de segunda a sexta-feira e nos restantes meses foi das 9:00h às 17h de segunda a sexta-sexta-feira, sendo que também estagiei em feriados e fins-de-semana quando necessário.

Figura 1 – Farmácia do Engenho

2.2. Composição e função dos recursos humanos

A equipa da FE é constituída por nove elementos: a proprietária da Farmácia, Dra. Zita Gonçalves; a Diretora Técnica (DT), Dra. Joana Gonçalves; quatro farmacêuticos; dois técnicos e uma auxiliar de limpeza.

2.3. Organização física e espacial

A FE é uma farmácia que se destaca pelo seu amplo espaço de atendimento ao público em que a zona de atendimento propriamente dita é constituída por cinco balcões individualizados onde se

(14)

3 realiza o contacto entre o utente e o farmacêutico. Ainda na zona de receção ao público existe uma série de expositores onde se encontra um leque de produtos, tais como produtos cosméticos, suplementos alimentares, produtos de higiene, produtos de puericultura e grávida, facilitando deste modo o contacto entre o cliente e determinados produtos.

Para além da zona de atendimento, a FE possui um grande espaço destinado a diferentes atividades, nomeadamente uma zona onde se encontram os armários compostos por gavetas que permitem uma organização exemplar da medicação estando esta dividida por genéricos (comprimidos), marcas (comprimidos), pomadas, xaropes, granulados, produtos de uso externo, transdérmicos, supositórios, injetáveis, gotas e inaladores, estupefacientes/psicotrópicos e pós, tudo isto organizado por ordem alfabética dentro de cada classe. O gabinete da DT e a sala de preparação de manipulados são outras áreas que englobam a FE, que tem também a particularidade de possuir um espaço onde são dadas consultas de nutrição, podologia e onde se fazem tratamentos estéticos. O armazém espaçoso é uma mais-valia para o bom funcionamento da farmácia, uma vez que permite uma boa visualização de toda a medicação que quando não cabe nos armários exteriores fica armazenada em prateleiras, por ordem alfabética de forma bem visível para ser mais fácil o seu acesso. É ainda neste espaço que são recebidas as encomendas por uma técnica destacada para tal efeito e também responsável por dar entrada das mesmas. A medicação de frio é colocada no frigorífico cuja temperatura é rigorosamente controlada, devendo variar entre os 2ºC-8ºC. Para além do controlo da temperatura do frigorífico existem sensores ao longo de todo o espaço principalmente onde é guardada a medicação que permitem fazer o controlo da humidade, garantindo assim a conformidade de todos os medicamentos dispensados na FE.

Possui ainda um gabinete de utente onde são administradas as vacinas, feitos testes de forma a avaliar vários parâmetros bioquímicos e ainda o furo de orelhas para colocação de brincos. A organização da FE segue um modelo pouco habitual, tendo esta feito parte de um projeto-piloto de consultoria de gestão às farmácias intitulado “Kaizen” (Kai=Mudar, Zen=Melhor, KAIZEN= Melhoria Contínua).

A organização dos espaços de trabalho, segundo a metodologia Kaizen, baseia-se na aplicação de cinco passos simples intitulado de ferramenta “5S”, uma vez que os cinco passos utilizados na organização corresponderem a cinco palavras japonesas iniciadas pela letra “S”.

1º Triagem – Seiri – Segregação dos itens desnecessários. A organização segundo o

Kaizen defende que o que é desnecessário muitas vezes impede-nos de encontrar o que

(15)

4  2º Arrumação – Seiton – Defende a necessidade de encontrar o layout ideal da área de trabalho e encontrar o local ideal para cada material, “um local para cada coisa, cada coisa no seu local”;

3º Limpeza – Seiso – Além da limpeza do ponto de vista higiénico é necessário repor as condições originais de funcionamento do espaço e equipamentos;

4º Normalização – Seiketsu – Defende a implementação de normas visuais que permitem com que os espaços se mantenham nas condições de arrumação definidos.  5º Disciplina – Shitsuke – Cumprimento das normas e treino da equipa para a aplicação

e melhoria dessas mesmas normas.

A normalização e a disciplina são fatores fundamentais para garantir o bom funcionamento da equipa e rentabilização do trabalho. A implementação do Kaizen diário visa a obtenção de alguns resultados, nomeadamente:

Diminuir o tempo de procura de stocks e utensílios;

 Aumentar a produtividade dos colaboradores, bem como a sua motivação devido a uma melhor organização e normalização do espaço de trabalho;

Implementar layouts para reduzir as deslocações desnecessárias de pessoas e mercadorias;

 Diminuir o desperdício organizando os postos de trabalho;

 Tornar as anomalias visíveis de forma a que estas possam ser corrigidas.

2.4. Sistema Informático

O sistema informático utilizado, como na maior parte das farmácias portuguesas, é o SIFARMA2000®, um programa multifuncional que permite fazer uma série de atividades nomeadamente verificar e gerir stocks, fazer encomendas que são enviadas diretamente aos fornecedores, dar entradas, fazer devoluções e aceder a uma lista de todos os produtos autorizados para venda em Portugal. No ato da dispensa este permite que a medicação seja dispensada de forma segura, uma vez que possibilita a verificação de uma série de aspetos importantes tal como as indicações terapêuticas e a posologia e possíveis efeitos adversos. Foi durante a realização deste estágio que pela primeira vez tive contacto com este sistema informático, que no meu ponto de vista é uma mais-valia para um bom funcionamento de qualquer farmácia devido ao seu vasto leque de funcionalidades.

(16)

5

3. Gestão de Produtos Farmacêuticos na Farmácia do Engenho

3.1. Gestão de Stocks

A gestão de stocks é um processo muito importante para o bom funcionamento de qualquer farmácia pois permite que haja um equilíbrio entre o que é encomendado e o que é dispensado, contribuindo deste modo para uma melhor viabilidade financeira. A FE não é exceção, por isso através do SIFARMA2000® é possível verificar as quantidades em stock e consultar as vendas realizadas através do acesso à ficha do produto, ficha essa que contém o stock mínimo e máximo do produto. Sempre que a quantidade de um produto se encontra abaixo do stock mínimo é feita uma proposta de encomenda automática de forma a garantir o stock mínimo do produto em questão.

3.2. Encomendas

As encomendas na FE são feitas diariamente, duas vezes ao dia, e são realizadas informaticamente a partir do SIFARMA®, ou em caso de urgência podem ser feitas por telefone ou fax. As encomendas são realizadas duas vezes ao dia sendo a primeira à hora de almoço de forma a garantir medicação para a tarde e uma realizada ao final do dia de forma a garantir medicação para o dia seguinte. O programa gera automaticamente uma série de encomendas para os diferentes fornecedores de forma a garantir a existência de pelo menos a quantidade do

stock mínimo de cada produto, podendo o farmacêutico ajustar as quantidades se necessário. Na

Região Autónoma da Madeira (RAM) existe uma série de fornecedores, sendo os mais importantes a C-Farma, Farmadeira, Entregafarma, e Gmed. A existência destes fornecedores são uma mais-valia para todas as farmácias da RAM, pois permitem a obtenção da maioria dos produtos atempadamente evitando assim roturas nas farmácias.

A Alliance Healthcare é um fornecedor que só existe em Portugal continental, no entanto são feitas encomendas duas vezes por semana, garantindo que possíveis medicamentos esgotados ou de disponibilidade reduzida na RAM estejam disponíveis na farmácia para dispensa aos utentes. No decorrer destes quatro meses de estágio foram diversas as encomendas que realizei, diariamente, para os diferentes fornecedores, sendo possível ficar com uma noção das quantidades de produtos/medicamentos gastos diariamente/mensalmente.

(17)

6

3.3. Receção

A receção de encomendas é feita em local apropriado, no caso da FE esta receção é feita no armazém onde existe um espaço devidamente assinalado para o efeito. As encomendas diárias são entregues duas vezes por dia e a sua entrada é dada informaticamente através do SIFARMA 2000®. A receção de encomendas foi uma das primeiras tarefas que me foi atribuída durante o estágio e que realizei em todo o seu decorrer. Considero esta tarefa de extrema importância uma vez que me permitiu o contacto com os medicamentos, os seus nomes comerciais, formas farmacêuticas, formas de acondicionamento e também muito importante para o controlo de preços e margens.

A medicação quando chega à farmácia é acompanhada de uma série de documentos, como é exemplo o guia de remessa ou fatura, sempre com o documento em duplicado. Neste documento vem implícito uma série de informações tais como: identificação da farmácia e do fornecedor; número da fatura; quantidades pedidas e as que foram enviadas para a farmácia; o preço líquido; o Preço de Venda ao Público (PVP); descontos adicionais e o valor total da encomenda.

Todos os produtos são entregues na farmácia em contentores apropriados, estando a medicação de frio acondicionada em contentores próprios de modo a garantir a viabilidade do produto até a chegada à farmácia. Estes são entregues em mão logo que a encomenda chega à farmácia e seguem diretamente para o frigorífico.

As faturas referentes a psicotrópicos e estupefacientes vêm acompanhadas com as respetivas guias de requisição e número correspondente devidamente assinada e autenticada. As guias de requisição devem ser arquivadas na farmácia pelo menos durante 3 anos.1

De forma simplificada, a receção das encomendas é feita da seguinte forma:  1º A encomenda chega à farmácia;

2º Confirmação da receção que consiste em rubricar as folhas de entrega do fornecedor; 3º Colocar a medicação de frio no frigorífico;

4º Receção de encomendas pelo SIFARMA2000® (colocar nº de fatura e valor total da encomenda);

5º Após leitura ótica do produto confirmar o PVP, margens, o preço líquido, as quantidades e o prazo de validade;

6º Comparar o valor obtido pelo SIFARMA2000® com o que é indicado na fatura; 7º Confirmar a receção da encomenda e validar a operação;

8º Verificar o PVP dos produtos de venda livre e proceder à marcação do preço dos mesmos.

(18)

7

3.4. Marcação de preços

Os produtos sem PVP inscrito na embalagem, ou seja, medicamentos de venda livre estão sujeitos a marcação de preços. Consiste no cálculo do preço com base nas margens estipuladas pelas farmácias associadas ao Imposto de Valor Acrescentado (IVA) em vigor. Diariamente fiquei responsável por realizar a marcação do preço de todos os produtos cujo PVP era calculado consoante as margens da farmácia associadas ao IVA com auxílio de uma tabela estipulada pela direção técnica.

3.5. Armazenamento

Após a receção das encomendas é muito importante armazená-las de forma correta de modo a minimizar possíveis erros aquando da dispensa. Vacinas, insulinas e outros medicamentos que necessitem de ser acondicionados no frio para manter a sua qualidade e viabilidade, devem ser armazenados imediatamente após a sua receção no frigorífico (2ºC – 8ºC) como já referido anteriormente. Estupefacientes e psicotrópicos devem também ser arrumados em local apropriado o mais rápido possível. Quando a medicação é arrumada nas gavetas é necessário ter em atenção os Prazos de Validade (PV), garantindo que o que possui o PV mais curto será o primeiro a ser dispensado “Primeiro a expirar, Primeiro a sair” ou “First expired, First Out (FEFO)”, que permite assim a rotação de stocks e controlo mais eficaz do PV. A arrumação de toda a medicação é uma tarefa da responsabilidade de qualquer funcionário na FE, por conseguinte desempenhei-a durante a primeira semana de estágio levando-me a concluir que se trata de uma tarefa de extrema importância pois permitiu-me de forma rápida ter uma maior noção de onde se encontrava a medicação, levando assim a que haja uma menor perda de tempo quando estamos a dispensar medicação ao utente.

Atrás de cada balcão de atendimento, existe uma série de gavetas denominadas de cockpit, que consiste numa série de medicamentos de elevada rotação. Essas gavetas estão todas numeradas e com a ajuda do SIFARMA2000® acede-se à ficha do produto que nos indica o número da gaveta onde está a medicação que queremos dispensar, garantindo deste modo uma melhor qualidade e rapidez no atendimento ao utente, a reposição do cockpit foi mais uma das tarefas que realizei diariamente na farmácia.

3.6. Devoluções

O SIFARMA2000® também permite efetuar rapidamente devoluções através da leitura ótica do produto e através do preenchimento de alguns campos. Na FE são efetuadas devoluções de

(19)

8 produtos nas seguintes situações: produtos que chegam à farmácia em más condições, nomeadamente ampolas que chegam partidas ou caixas de medicamentos danificadas; quando a medicação chega em quantidades superiores às pedidas pela farmácia e sempre que forem recebidas circulares do Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (INFARMED) ou mesmo dos próprios laboratórios que têm Autorização de Introdução no Mercado (AIM) do medicamento devido a possíveis irregularidades. Para além dos motivos anteriormente referidos, alguns fornecedores permitem ainda a devolução de produtos cujo PV está a terminar, tornando-se uma mais-valia para a farmácia pois evita perdas de dinheiro. Todos estes procedimentos são feitos através da emissão de uma nota de devolução por parte do SIFARMA2000®, devendo esta ser carimbada e assinada por um farmacêutico e posteriormente anexada à medicação que se pretende devolver. Durante este estágio realizei diversas vezes devoluções, principalmente de produtos cujo PVP estava a terminar e também devido a circulares que chegavam à farmácia pelo INFARMED para recolha de diversos lotes de podutos que não estavam conformes, como foi o caso do Primperam® de 20 e 60 comprimidos.

3.7. Reclamações

Aquando da receção das encomendas, se for detetado alguma divergência entre o preço faturado e o que consta na embalagem ou se houver falta de algum produto que foi faturado deve ser realizada uma reclamação. Estas reclamações são efetuadas via telefónica diretamente para o fornecedor, ficando registado o número da reclamação, o motivo, a data e número da fatura. Posto isto, irá ser feita uma regularização por um farmacêutico incumbido de tal função.

4. Dispensa de medicamentos

A dispensa de medicamentos consiste na cedência de medicamentos ou substâncias medicamentosas aos doentes mediante prescrição médica, em regime de automedicação ou indicação farmacêutica. Para além da cedência do próprio medicamento, é igualmente importante ceder ao utente toda a informação necessária para o correto uso do medicamento. O farmacêutico é responsável por garantir a avaliação da medicação dispensada com o objetivo de identificar e resolver problemas relacionados com os medicamentos, protegendo assim o doente de possíveis resultados negativos associados à medicação.2

(20)

9

4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM)

Existe uma série de medicamentos em Portugal abrangidos por uma legislação competente, que exige que estes estejam sujeitos a receita médica por preencherem pelo menos uma das seguintes condições:3,4

 Que podem constituir risco para a saúde do doente direta ou indiretamente, caso sejam utilizados sem qualquer vigilância médica;

 Que possam constituir um risco quando utilizados com frequência ou em quantidades consideráveis para fins diferentes do que se destinam;

 Que possuam substâncias ou mesmo preparações à base dessas substâncias cuja atividade e reações adversas seja indispensável aprofundar;

 Que se destinem a administração por via parentérica.

A dispensa de MSRM é uma das principais funções na atividade farmacêutica em Farmácia Comunitária em todo o mundo. Apesar de não ser o farmacêutico a prescrever esta medicação este possui uma função muito importante, uma vez que tem que garantir a dispensa da medicação correta com a dose adequada de forma a garantir qualidade no tratamento do utente e evitar complicações. Para além disto, deve sempre relembrar o modo de administração, a posologia e toda uma série de informações necessárias de maneira a garantir o uso correto do medicamento dispensado.

4.1.1. Estupefacientes e Psicotrópicos

Estes medicamentos estão sujeitos a receita médica especial pois possuem substâncias classificadas como estupefacientes ou psicotrópicos nos termos do Decreto-Lei nº15/93, de 22 de janeiro.5 Estes têm de ser prescritos isoladamente, ou seja, a receita médica não pode conter outros medicamentos. Este tipo de medicação segue as mesmas regras em relação aos outros, nomeadamente no número de embalagens prescritas por receita.6

Aquando da dispensa deste tipo de medicação, o SIFARMA2000® emite automaticamente um campo de preenchimento que deve conter uma série de informações, tais como:

 Nome do médico prescritor;

 Nome do doente e respetiva morada;  Tipo de patologia;

 Nome da pessoa que levantou a medicação e respetiva morada;  Número de cartão único;

(21)

10 A farmácia tem que enviar ao IA-Saúde trimestralmente a listagem de todas as receitas aviadas da qual constem os dados do adquirente.7 As cópias destas receitas devem ser mantidas na farmácia pelo menos durante três anos. Na FE existe um dossier de forma a arquivar toda a documentação necessária relacionada com a dispensa deste tipo de medicação. Para tal é necessário duas cópias da receita acompanhadas dos respetivos talões de dispensa que devem ser arquivados no respetivo dossier. As receitas originais são inseridas nos lotes dos organismos a que respeitam sendo enviadas normalmente com o receituário no final do mês.

A dispensa de medicamentos estupefacientes e psicotrópicos foi uma tarefa que apesar de não ser diária era frequente na farmácia e tive várias vezes oportunidade de dispensar este tipo de medicação que se destinava na maior parte dos casos à dor crónica e dor oncológica.

4.1.2. Dispensa de Medicamentos Manipulados (MM)

A preparação de MM na FE é uma mais-valia para os utentes uma vez que evita o deslocamento destes para farmácias fora da localidade para obtenção destes produtos. A FE é dotada de um pequeno laboratório equipado com tudo o que é necessário de forma a garantir a preparação de MM com qualidade. São preparados uma série de medicamentos tais como pomadas, cremes, gotas para uso auricular, papéis medicamentosos entre outros.

Os medicamentos manipulados comparticipados estão presentes no Anexo do Despacho n.º 18694/2010, de 18 de novembro.8

Todos os medicamentos manipulados têm que ser prescritos isoladamente, ou seja, a receita médica não pode conter outros medicamentos/produtos.

Durante a realização deste estágio tive a oportunidade de preparar uma série de MM bem como realizar o preenchimento das respetivas fichas de preparação (Anexo 1). Durante a preparação deste tipo de medicação apesar de ter autonomia era sempre supervisionada por um farmacêutico responsável, em média realizei entre três a cinco preparações mensais. Foram realizadas cerca de três vaselinas saliciladas, cinco soluções saturadas de ácido bórico, uma preparação de ácido acético a 2% e ainda um xarope de trimetropim.

4.1.3. Comparticipação de Medicamentos

A legislação atual prevê a possibilidade de existência de comparticipações de medicamentos através de um regime geral ou de um regime especial onde se aplicam situações especiais que abrangem algumas patologias ou grupos de doentes. Existe ainda uma legislação específica de comparticipação pelo Sistema Nacional de Saúde (SNS).

(22)

11

4.1.3.1. Regime Geral de Comparticipação

No regime geral de comparticipação o Estado é responsável por pagar uma percentagem do PVP do medicamento de acordo com os seguintes escalões:

 Escalão A – 90%  Escalão B – 69%  Escalão C – 37%  Escalão D – 15%

Os diferentes escalões de comparticipação no regime geral estão relacionados com as indicações terapêuticas do medicamento bem como a sua utilização, o médico prescritor e as patologias a que se destinam, podendo assim existir portarias que vão condicionar um escalão de comparticipação diferente para o mesmo medicamento.9

4.1.3.2. Regime Especial de Comparticipação

Este tipo de comparticipação pode ser efetuada em função dos beneficiários ou em função de patologias ou grupos especiais de utentes.

Em relação aos beneficiários, a comparticipação do Estado no preço dos medicamentos integrados é acrescida de 5% no escalão A (95%), 15% nos escalões B (84%), C (52%) e D (30%) para os pensionistas do regime especial. Para pensionistas a comparticipação é de 95% para todos os escalões e para os medicamentos cujo PVP sejam iguais ou inferiores ao 5º preço mais baixo do preço homogéneo em que se inserem.

A comparticipação do Estado no preço dos medicamentos utilizados em diversas patologias ou grupos especiais de utentes é definida por um despacho do membro do Governo que é responsável pela área da Saúde. A comparticipação destes medicamentos pode ser restringida a determinadas indicações terapêuticas que são assim fixadas no diploma que estabelece a comparticipação. Existem uma série de diplomas legais que conferem estas comparticipações especiais a certos medicamentos. Podemos referir alguns medicamentos tais como insulinas e os antidiabéticos orais no escalão A, com uma comparticipação de 100% e 95% respetivamente, os antibióticos no escalão B comparticipados a 69% ou os anti-inflamatórios no escalão C, com 37% do seu valor comparticipado.10 Os medicamentos manipulados são comparticipados em 30% do seu PVP.

(23)

12

4.2. Entrega de Receituário

Na FE e nas restantes farmácias o documento de faturação é impresso no verso da receita. Neste está identificado o nome da farmácia, o nome da DT, o número de identificação fiscal da empresa, a data de aviamento, o nome dos medicamentos, a quantidade aviada e os preços (PVP), a comparticipação e o preço a pagar pelo utente. O organismo responsável pelo pagamento também lá consta, bem como o número e lote, letra de série do mês, número da receita, número da venda e ainda o código de trabalho de quem a dispensou.

4.2.1. Verificação do Receituário

Todos os dias é realizada a verificação do receituário. Um farmacêutico com disponibilidade responsabiliza-se pela recolha das receitas de todos os operadores e procede à verificação das mesmas. As datas de validade, as vinhetas no caso das receitas manuais, a correspondência do que foi prescrito com o que foi efetivamente cedido, a quantidade de embalagens aviadas e a aplicação do organismo correto para obtenção de comparticipações são alguns dos principais fatores a ter em atenção quando se confere o receituário.

Cada lote é constituído por trinta receitas e após cada um estar completo procede-se à emissão do verbete de identificação do mesmo. Este verbete possui uma série de informações tais como: a identificação da farmácia; o respetivo código de Associação Nacional das Farmácias (ANF); o carimbo da farmácia; o código e sigla da respetiva entidade/organismo de comparticipação; a série e o número sequencial de lote; o mês e ano correspondente; a quantidade de receitas e etiquetas; o valor total do lote correspondente ao PVP; o valor pago pelos utentes e o valor a pagar pela entidade de comparticipação. Após a emissão de todos os verbetes, todas as receitas voltam a ser conferidas de forma a minimizar ainda mais os erros do receituário. Logo que tudo esteja verificado, as receitas são agrupadas consoante o organismo, posto isto, uma Relação de Resumo de todos os lotes de cada organismo também é impressa para cada entidade de comparticipação. A Relação de Resumo contém a mesma informação que o verbete, no entanto agrupa todos os lotes de cada organismo. A fatura mensal é emitida para todos os organismos e contém a identificação da farmácia e código da ANF, o número da fatura, mês e ano a que respeita, organismo e número de lotes, valor total de PVP, comparticipação dos utentes, comparticipação do organismo em causa, número de contribuinte das entidades recetora e emissora, carimbo da farmácia e assinatura da DT.11

Durante este estágio foram várias as vezes que fiquei responsável pela recolha de todas as receitas dos diferentes operadores, bem como proceder à verificação das mesmas. Esta tarefa

(24)

13 contribuiu para a obtenção de um maior conhecimento acerca das diferentes entidades de comparticipação assim como dos seus valores.

4.2.2. Envio do Receituário

No início do meu estágio curricular o receituário correspondente ao IA-Saúde era enviado para um centro na RAM. A partir do mês de janeiro do ano de 2016 este passou a ser enviado para Centro de Conferência de Faturas (CCF) da Administração Central dos Sistemas de Saúde (ACSS) na Maia. O envio do receituário é realizado até ao dia dois de cada mês, via CTT para o CCF. Após o CCF validar toda a documentação, a farmácia poderá ou não receber receitas devolvidas. Se isto acontecer a FE terá que emitir uma nota de crédito. O receituário dos outros subsistemas tem requisitos idênticos aos do IA-Saúde e devem ser enviados por correio até ao dia dez de cada mês à ANF, ficando esta responsável por distribuir os diferentes organismos.

4.3. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM)

Os MNSRM são todos aqueles que não possuem qualquer condição para serem referidos para os MSRM. A utilização de MNSRM traduz-se na automedicação, ou seja, uso de MNSRM de forma responsável e que se destina ao alívio e ao tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a assistência ou aconselhamento de um profissional de saúde. A utilização de MNSRM deverá ser limitada de acordo com as informações dadas no folheto informativo.12 Existe ainda uma série de MNSRM que não são comparticipados e podem ser adquiridos tanto em farmácias como em locais de venda apropriados, sendo o PVP sujeito ao regime de preços livres. De acordo com o Despacho n.º 17690/2007 (2ª série), de 10 de agosto, que revoga o anexo ao Despacho n.º 2245/2003, existe uma lista de situações passíveis de automedicação.13

4.3.1.Produtos Cosméticos

Produto Cosmético é definido como “qualquer substância ou mistura destinada a ser posta em contacto com as partes externas do corpo humano (epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos) ou com os dentes e as mucosas bucais, tendo em vista exclusiva ou principalmente, limpá-los, perfumá-los, modificar-lhes o aspeto, protegê-los, mantê-los em bom estado ou de corrigir os odores corporais.”14

O Regulamento (CE) N.º 1223/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho de 30 de novembro de 2009, relativo aos produtos cosméticos, Deliberação n.º 15/CD/2013, disposições do Decreto-Lei 189/2008 de 24 de setembro, estabelece uma série de requisitos que devem ser

(25)

14 cumpridos aquando da colocação de produtos cosméticos no mercado português.14 O INFARMED é assim responsável por supervisionar o mercado português de produtos de cosmética garantindo assim elevados padrões de proteção e qualidade.

Na FE existe um vasto leque de produtos de cosmética o que garante ao cliente uma maior opção de escolha. É uma área muito complexa, pois existem várias marcas e diferentes gamas com características particulares que diferem de produto para produto. A procura destes produtos é elevada, o que obriga o farmacêutico a estar a par de todas as características dos diferentes produtos de forma a fazer um aconselhamento adequado e eficaz. Os produtos para uso capilar, os cremes hidratantes e os produtos de higiene de bebé são a principal procura dos utentes na FE. Durante este estágio tive a oportunidade de aconselhar e tentar garantir a escolha adequada do produto para cada tipo de situação, os aconselhamentos que prestei foram vastos, no entanto destaca-se a procura pelos protetores solares, os cremes anti envelhecimento e anti manchas.

4.3.2. Dispositivos Médicos (DM)

Os DM em conformidade com o Decreto-Lei nº 145/2009, de 17 de junho, são instrumentos de saúde muito importantes pois englobam um vasto conjunto de produtos que se destinam a fins comuns aos dos medicamentos tais como: prevenir, diagnosticar ou mesmo tratar uma patologia. A diferença entre estes e os medicamentos está relacionado com o seu mecanismo, visto que estes não se traduzem em ações farmacológicas, metabólicas ou imunológicas.15 Na FE os DM mais procurados pelos utentes são: pensos, compressas, adesivos, canetas de insulina, lancetas, termómetros, seringas e aparelhos de medição da Pressão Arterial (PA).

4.3.3. Medicamentos de Uso Veterinário

De acordo com o Decreto-Lei n.º 148/2008 de 29 julho, alterado pelo Decreto-Lei n.º 314/2009 de 28 de outubro, “Medicamento Veterinário é definido como toda a substância ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas.”16

O Ministério da Agricultura é a entidade responsável por garantir a qualidade e pela farmacovigilância deste tipo de medicação.

A FE possui um stock considerável deste tipo de medicação sendo que o aconselhamento que prestei nestes produtos passa por perguntar a que tipo de animal se destina, o peso, bem como se

(26)

15 necessário apresentar a prescrição de antibiótico dada pelo veterinário. Na FE os produtos mais vendidos são: antiparasitários e as pílulas contracepcionais.

Segundo Decreto-Lei n.º 148/2008 de 29 julho, alterado pelo Decreto-Lei n.º 314/2009 de 28 de outubro, referido acima, é ainda necessário manter os registos durante cinco anos à disposição das autoridades para efeitos de controlo e fiscalização de todas as transações de medicamentos veterinários fornecidos mediante receita médico-veterinária.17

4.3.4. Medicamentos Homeopáticos (MH)

De acordo com o Decreto-Lei n.º 94/95, de 9 de maio, MH definem-se como “medicamento obtido a partir de substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia, ou na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado Membro e que pode ter vários princípios.”18

Na FE a procura por MH é considerável e os utentes cada vez mais se mostram recetivos a outro tipo de medicação, nomeadamente terapêuticas alternativas como é o caso da homeopatia que tem vindo a ganhar destaque ao longo dos anos. O aconselhamento de MH na FE também é comum principalmente em prevenção de estados gripais e no tratamento da rouquidão.

Na 2ª parte deste relatório irei aprofundar este tema por ser uma área pela qual nutro especial interesse e curiosidade.

4.3.5. Produtos Dietéticos e para Alimentação Especial

Em concordância com o Decreto-Lei nº 227/99 de 22 de junho define-se géneros alimentícios destinados a alimentação especial “os produtos alimentares que devido à sua composição ou a processos especiais de fabrico, se distinguem claramente dos géneros alimentícios de consumo corrente, são adequados ao objetivo nutricional pretendido e são comercializados com a indicação de que correspondem a esse objetivo.”19

O stock da FE deste tipo de produtos tem vindo a crescer consideravelmente de ano para ano, pois a FE tem vindo a apostar nestes produtos por serem cada vez mais procurados pelos utentes. Devido ao aumento das patologias oncológicas, os suplementos hipercalóricos têm tido uma maior procura, bem como os leites de 1ª, 2ª e 3ª etapa destinados a crianças, leites especiais anti regurgitantes, anti obstipantes, anticólicas, antidiarreicos e hipoalergénicos, assim como papas com e sem glúten. Os chás destinados a crianças também são alvo de uma grande procura. O aconselhamento de bebidas com eletrólitos e glucose torna-se diária na FE devido principalmente ao aparecimento de viroses.

(27)

16 Devido à elevada procura deste tipo de produtos tive várias oportunidades de fazer aconselhamento neste sentido, nomeadamente em relação aos leites uma vez que as mães recorriam à farmácia em busca de leites que satisfizessem as necessidades dos recém-nascidos assim como para crianças com necessidades especiais, em casos de obstipação, cólicas e regurgitação.

Outros produtos que tive a possibilidade de aconselhar foram os espessantes para pessoas com dificuldades de deglutição bem como soluções de reidratação oral.

4.4. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva em Farmácia (MNSRM-DEF)

Esta nova categoria de medicamentos foi criada no âmbito do Decreto-Lei nº128/2013, a 5 de setembro de 2013, que veio introduzir no Estatuto do Medicamento a figura dos MNSRM-DEF. A 26 de fevereiro de 2014 foi publicada a Deliberação nº.24/CD/2014 que veio deste modo aprovar o regulamento dos MNSRM bem como os protocolos de dispensa.

No âmbito deste regulamento foram aprovadas dez Denominações Comuns Internacionais (DCI), as respetivas indicações terapêuticas e outras condições de dispensa exclusiva em farmácia (Anexo 2).

MSRM cujo AIM já esteja autorizado e cuja composição se encontre na lista de DCI podem a pedido do titular da respetiva AIM ser reclassificados em MNSRM-DEF.20

Esta nova classificação de dispensa exige uma intervenção ativa do farmacêutico, sendo assim um reconhecimento da importância da farmácia na garantia da segurança e efetividade no uso dos medicamentos.21

A ANF publicou a 11 de março, a Circular n.º 517-2015 - MNSRM de Dispensa Exclusiva em Farmácia (MNSRM-DEF). Assim sendo, podem ser dispensados em farmácia, independentemente de apresentação de receita médica, os MSRM cuja composição das substâncias ativas conste da lista de DCIs deste Regulamento.

5. Parâmetros Bioquímicos

5.1. Avaliação do Peso e Índice de Massa Corporal (IMC)

A FE é detentora de uma balança sofisticada que possui a capacidade de realizar a medição do peso e da altura. Após a medição destes dois parâmetros o utente pode ainda realizar a medição da percentagem de gordura corporal bem como o IMC. Neste estágio foram várias as oportunidades que tive de ajudar os utentes a realizar corretamente a medição destes parâmetros.

(28)

17 Quando estes parâmetros não estão conforme, é necessário o farmacêutico aconselhar uma série de medidas não farmacológicas para evitar o aparecimento de determinadas patologias associadas ao excesso de peso.

5.2. Avaliação da Pressão Arterial

A medição da PA é um dos parâmetros bioquímicos mais requeridos pelos utentes na FE. Cada vez mais as pessoas estão cientes das complicações associadas à hipertensão arterial, por isso confiam em nós farmacêuticos para fazermos uma avaliação da sua PA regularmente. A FE possui uma máquina automática de medição da PA que visa uma avaliação quase perfeita deste parâmetro garantindo assim a qualidade do serviço e o bem-estar do utente.

No entanto, se o utente preferir, a FE é dotada de um gabinete denominado de “gabinete do utente’’ onde poderá ser realizada a medição da PA também com um tensiómetro digital. Sempre que um utente apresenta valores que não se encontram dentro dos parâmetros, o farmacêutico tem a obrigação de alertar e aconselhar com medidas não farmacológicas tais como evitar o sedentarismo e o tabagismo, a adoção de uma alimentação equilibrada de modo a que haja uma melhoria destes parâmetros. De certa forma, também pode esclarecer o assunto acerca de medidas farmacológicas que após um diagnóstico médico podem ser adotadas de forma a minimizar os efeitos associados a uma PA elevada.

A hipertensão arterial carateriza-se por valores de pressão arterial sistólica superiores ou iguais a 140 mm Hg (milímetros de mercúrio) e/ou valores de pressão arterial diastólica superiores a 90 mm Hg.22 Durante o meu estágio na FE tive a oportunidade de ajudar os utentes a realizar a medição deste parâmetro bem como aconselhar quando se verificavam valores que não estavam conformes.

5.3. Determinação da Glicémia

A diabetes tem sido uma patologia cujas estatísticas têm vindo a aumentar gradualmente. Em jejum os valores normais de glicemia devem situar-se entre os 70 e os 100 mg/dl, sendo que a partir dos 126 mg/dl já se consideram valores altos. Em situação pós prandial, os valores de referência situam-se entre os 70 e os 140 mg/dl e a partir de 200 mg/dl o risco de complicação da diabetes é acentuado.23 Na FE procede-se à medição deste parâmetro de modo a alertar os utentes para os perigos associados a glicémias altas bem como realizar o controlo dos doentes já diagnosticados com diabetes mellitus. A medição da glicémia é realizada com aparelho digital em que primeiramente se desinfeta com álcool o local onde realizamos a picada com a lanceta de forma a obter a quantidade necessária para uma medição correta dos níveis de glicémia.

(29)

18 Durante o estágio realizei a avaliação deste parâmetro bioquímico com bastante regularidade, alertando o utente para a procura do médico se os valores se encontrassem fora dos parâmetros normais assim como medidas não farmacológicas no sentido de regularizar os mesmos.

5.4. Determinação dos níveis de Colesterol Total

Cada vez mais as pessoas estão sensibilizadas com os riscos associados à hipercolesterolemia, o que faz com que uma série de utentes recorram com alguma frequência à FE para proceder à determinação deste parâmetro bioquímico através de um aparelho de medição do colesterol. Em primeiro lugar procede-se à desinfeção do local onde irá ser feita a picada com a lanceta tal como na medição dos níveis de glicemia, com a particularidade de ser necessário recolher uma quantidade de sangue superior de forma a garantir o enchimento do capilar. Após o enchimento do capilar com o sangue do utente este é colocado numa cuvete que possui uma solução específica. Depois de agitar muito bem e constatar que todo o sangue foi passado para a solução esta é colocada no aparelho para realizar a leitura do “branco” e posteriormente é adicionado à cuvete duas gotas de uma enzima. Após a adição da enzima voltamos a colocar a cuvete no aparelho que nos irá dar com alguma precisão os valores de colesterol total do utente.

Os valores de colesterol total devem normalmente estar sempre abaixo de 200 mg/dl.24

Também em relação a este parâmetro tive a oportunidade de fazer medições dos níveis de colesterol assim como aconselhamento caso os valores não estivessem conformes.

Estes são os principais parâmetros bioquímicos medidos na FE, no entanto, a FE é ainda possuidora de material que permite fazer a medição dos níveis de triglicerídeos, fazer testes de gravidez e ainda realizar um teste para detetar possíveis infeções urinárias.

6. Farmacovigilância

A farmacovigilância tem como objetivo melhorar a qualidade e a segurança dos medicamentos defendendo assim o utente e a Saúde Pública, sendo também responsável por realizar a deteção, a avaliação e prevenção de Reações Adversas Medicamentosas (RA). O Sistema Nacional de Farmacovigilância (SNF) foi criado em 1992 e é constituído pela Direção de Gestão do Risco de Medicamentos do INFARMED, I.P., que o coordena, e por quatro Unidades Regionais de Farmacovigilância (URF): Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, e Sul.25

O farmacêutico é responsável por fazer a comunicação das suspeitas de RA que tiver conhecimento. Sempre que é detetada uma RA a um medicamento específico, esta é registada através do preenchimento de um formulário que deve ser enviado às autoridades de saúde. Este

(30)

19 formulário deve conter a descrição da reação adversa, a identificação do medicamento que terá dado origem à reação, a informação acerca da pessoa que sofreu a reação e fornecer o seu contacto enquanto notificador da reação adversa.

Após ter sido submetida, é enviado um e-mail de confirmação da submissão. Quando a notificação é validada é enviado novamente um e-mail com o número que lhe foi atribuído. Após ser concluída a avaliação recebe-se a informação relativa ao respetivo resultado.25

7. VALORMED

A VALORMED, criada em 1999, é uma sociedade sem fins lucrativos que se responsabiliza pela gestão dos resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso. Tudo começou com a colaboração entre a indústria farmacêutica, distribuidores e farmácias devido à sua consciencialização para a especificidade do medicamento enquanto resíduo.26

A VALORMED disponibiliza contentores aos cidadãos que se encontram instalados nas farmácias e permite aos utentes se libertarem das embalagens vazias e de medicamentos fora de prazo de forma cómoda e segura.27

Após o enchimento dos contentores estes são selados e entregues aos distribuidores de medicamentos que são responsáveis por fazer o transporte destes para as suas instalações. Posto isto, são depois transportados para um centro de triagem por um operador de gestão de resíduos. Nos centros de triagem estes resíduos são separados e classificados para finalmente serem entregues aos gestores de resíduos autorizados que procedem ao seu tratamento.27

A FE possui o contentor da VALORMED e são muitas as pessoas que já se encontram sensibilizadas para esta causa, deixando diariamente sacos com medicação que já não utilizam ou mesmo medicamentos fora de prazo.

8. Outras Atividades

Tabela 2: Formações assistidas durante o estágio na Farmácia do Engenho

Formação Local Data/Horário Boiron Hotel Four Views 5 de Novembro

20:00h às 22:30h

Pharma Nord Hotel Porto Mare 12 de Novembro 14:00h às 18:00h

Caudalie Hotel The Vine 25 de Fevereiro 14:00h às 19:00h

(31)

20

Parte II

9. Introdução

O primeiro tema escolhido para desenvolver um projeto na farmácia foi a homeopatia, uma vez que esta medicina alternativa me despertou interesse desde que frequentei a cadeira opcional de Homeopatia e Medicamentos Homeopáticos, acrescentando a este facto a primeira formação que presenciei desde que cheguei à farmácia foi dirigida por uma das maiores empresas de medicamentos homeopáticos do mundo, a Boiron. Além disso, em conjunto com os restantes membros da farmácia concluímos que a abordagem deste tema seria uma mais-valia, uma vez que esta temática ainda se revela desconhecida para a maioria da população e levanta algumas questões pertinentes que poderiam ser esclarecidas com o desenvolvimento deste projeto. Estes fatores, acrescentados ao facto de se tratar de uma temática polémica que me desperta interesse e curiosidade, levaram-me a desenvolver um dos meus projetos nesta área.

O segundo tema escolhido, a diarreia, deveu-se à grande afluência de utentes à farmácia com pedidos de esclarecimento e aconselhamento farmacêutico para o tratamento desta patologia. São imensas as medidas, tanto farmacológicas como não farmacológicas, que nós farmacêuticos podemos dispensar aos utentes, pois a diarreia se não devidamente tratada pode acarretar problemas sérios, principalmente em faixas etárias mais suscetíveis como crianças e idosos.

10. Homeopatia e Medicamentos Homeopáticos

10.1. Perspetiva Histórica

Christian Friedrich Samuel Hahnemann nasceu no dia 10 de abril de 1755 em Meissen, no Estado da Saxônia, leste da Alemanha e seria este o homem que iria revolucionar os métodos terapêuticos.28 Apesar de ser considerado um excelente médico, Hahnemann desde cedo demonstrou a sua desilusão com a pouca eficácia dos métodos terapêuticos que eram usados na altura pois não davam resposta às inúmeras doenças que existiam. Hahnemann interrompeu a carreira de médico para dedicar-se à experimentação química e investigação farmacológica.29 Durante este período traduziu muitas obras científicas, especialmente nas áreas de química e medicina, como foi o exemplo do tratado “Matéria Médica”, escrito por Willian Cullen, que descrevia as propriedades terapêuticas da Chinchona officinalis contra a malária. Ao traduzir esta obra e por ser cético em relação aos métodos terapêuticos praticados na altura, Hahnemann testou em si mesmo a Chinchona officinalis e verificou que havia desenvolvido sintomas semelhantes aos dos doentes com malária. Após esta descoberta, experimentou outras drogas

(32)

21 como a beladona, o mercúrio, ópio, arsénio que confirmaram a sua teoria, ou seja, todas as substâncias provocavam uma doença similar àquela para a qual era receitado “Similia similibus

curentur” ou “Semelhante cura semelhante”. Hahnemman desvendava assim o princípio base da

homeopatia e deu-o a conhecer ao mundo através da publicação de inúmeros tratados científicos sendo o mais importante deles o “Organon da arte de curar”.29

Hipócrates, pai da medicina, no séc. V a.C. já defendia que uma doença podia ser tratada com a substância que causava sintomas semelhantes quando administrada a pessoas sãs. Paracelso, no séc. XVI também afirmava que venenos administrados em pequenas doses podiam curar enfermidades.28

Admirador dos trabalhos de Hipócrates e Paracelso, Hahnemann confirmava com a prática a ideia de ambos e dedicou o resto da sua vida a desvendar a cura pelo semelhante e a aprofundar esta premissa.

10.2. Noção de Medicamento Homeopático

Segundo a alínea pp), do artigo 3º do Decreto-Lei [DL] 176/06, de 30 de agosto, um medicamento homeopático é definido como “Medicamento obtido a partir de substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia ou, na sua falta, em farmacopeia utilizada de um modo oficial num Estado Membro, e que pode conter vários princípios;”30

10.3. Princípios da Homeopatia 10.3.1. Princípio da Similitude

O princípio dos similares, usado em Homeopatia, baseia-se nas evidências observadas. Defende que a substância medicinal quando administrada a pessoas saudáveis provoca uma série de sinais e sintomas a nível cognitivo, emocional e físico, semelhante aos observados em pessoas doentes. A eficácia terapêutica da substância é maior quanto maior for a semelhança entre sinais e sintomas.31

10.3.2. Princípio da Totalidade

A homeopatia é uma arte holística que avalia o quadro sintomático de uma pessoa de forma integral e inclui todo um leque de informações acerca do seu estado emocional, físico e

(33)

22 psicológico. Desta forma, todas as preparações utilizadas em homeopatia agem sobre o doente como um todo, sendo este tratado na totalidade e não apenas para uma certa doença.31

10.3.3. Princípio da Infinitesimalidade

A utilização de doses extremamente diluídas é uma das principais características dos medicamentos homeopáticos. A sua preparação é feita por diluições a 10-15, 10-30, 10-60, ou mesmo superiores seguidas de intensa agitação. Muitas vezes ultrapassa-se o número de Avogrado (6 x 1023 mol-1), que significa que não existe nenhuma molécula presente em teoria. Este facto constitui uma das principais causas das dúvidas acerca da eficácia da homeopatia. A crença de que os princípios ativos têm a sua ação potencializada com a diluição é o principal motivo do uso de diluições infinitesimais em homeopatia. Muitos investigadores homeopáticos defendem que estas preparações veiculam, pela diluição e informações ao organismo, especialmente a nível imunológico. Acredita-se ainda na possibilidade de se tratar de sinais eletromagnéticos de intensidade muito reduzida.31

10.4. Preparação de Medicamentos Homeopáticos

A produção de medicamentos homeopáticos está sujeita a critérios tão rigorosos como os de quaisquer outros medicamentos e é supervisionada pelas autoridades competentes, neste caso o INFARMED.18

As matérias-primas utilizadas para a preparação de medicamentos homeopáticos podem ser de origem vegetal, animal, mineral ou compostos químicos.

A preparação da tintura mãe é o principal passo na preparação de medicamentos homeopáticos, esta consiste numa solução obtida através da maceração das matérias-primas em álcool.32 Na maior parte dos casos, as plantas depois de colhidas são embebidas e misturadas em frascos de vidro ou aço inoxidável durante cerca de dez dias a três semanas. Minerais e compostos químicos que não são solúveis em água ou álcool, têm de ser primeiramente triturados e misturados com lactose.

Após a preparação da tintura-mãe esta pode ser usada de forma independente, no entanto, a maior parte dos medicamentos são obtidos através de diluições desta tintura. Este processo de diluição visa a diminuição gradual da toxicidade, mantendo o efeito terapêutico específico.32 São vários os métodos de diluição utilizados para a preparação de medicamentos homeopáticos. O método mais utilizado na preparação de medicamentos homeopáticos em Portugal é a diluição Centesimal de Hahnemann (CH), em que o seu fundamento se baseia na diluição da substância base, denominada tintura-mãe de acordo com uma proporção de 1:100 (diluição

(34)

23 centesimal), seguindo-se de uma agitação vigorosa repetindo-se este processo até a obtenção da diluição pretendida. 1CH corresponde à primeira diluição, e obtém-se por exemplo o 15CH quando repetimos o processo quinze vezes.

Após a obtenção da diluição pretendida, o medicamento homeopático na maior parte das vezes é impregnado em pequenas bolas, denominadas de grânulos, que são uma mistura de lactose e sacarose, para a realização desta impregnação recorre-se a máquinas especializadas para o efeito. Apesar de muitos medicamentos homeopáticos se encontrarem na forma de grânulos, existem medicamentos homeopáticos que se apresentam em outras formas farmacêuticas, como pomadas, xarope ou mesmo em comprimidos.33

Figura 2: Exemplo de preparação de medicamento homeopático.

10.5. Patologias passíveis de tratar através da Homeopatia

O principal objetivo dos tratamentos homeopáticos é prolongar a saúde, tentando evitar assim qualquer processo de doença ou suscetibilidade para as vir a desenvolver. Posto isto, a homeopatia tem efeito sobre um leque de doenças e pode vir a ser utilizada em casos onde a medicina convencional não é suficiente, ou quando esta não está indicada, sendo recomendada a todas as faixas etárias sem exceção.34

A homeopatia pode ser utilizada num vasto leque de doenças mais comuns tais como constipações, tosse, estados gripais, enjôo e dor de garganta, podendo também oferecer soluções para doenças crónicas ou recorrentes como alergias, eczemas, asma ou mesmo perturbações do sono e ansiedade. Além disso esta terapêutica pode ainda ser utilizada como um tratamento complementar após lesões ou cirurgias e poderá ainda constituir uma alternativa para ajudar a tratar alguns efeitos adversos resultantes da quimioterapia ou radioterapia.34

(35)

24

10.6. Diagnóstico e Aconselhamento Homeopático

A homeopatia diverge das outras terapêuticas, uma vez que ao médico homeopata interessa além dos sintomas comuns os sintomas particulares de cada paciente. A homeopatia trata o doente e não apenas as suas doenças.35

O médico homeopata interessa-se por sintomas mentais, comportamentos do paciente em família, as suas angústias, medos, ansiedades, tristezas, alegrias e sensações. Para um diagnóstico correto e consequente prescrição do medicamento mais indicado é necessário conhecer as características físicas e psíquicas de determinado paciente.35

Após a prescrição do medicamento, o homeopata segue o progresso do doente e tem em atenção o desenvolvimento de sintomas e dependendo do que observa a prescrição pode ser ou não ajustada ou até mesmo alterada.

10.7. Segurança

Uma das principais vantagens da homeopatia está relacionada com a segurança. A segurança e a qualidade de todos os medicamentos são uma grande preocupação para as autoridades de saúde, para as indústrias farmacêuticas bem como para os consumidores.

O facto dos produtos homeopáticos serem normalmente administrados com diluições muito elevadas reduz fortemente a probabilidade do aparecimento de efeitos adversos.36 Em comparação com a medicina convencional, o risco associado ao uso destes produtos é quase nula. No entanto existem alguns aspetos relacionados com a produção destes medicamentos que podem constituir alguns riscos que poderão estar relacionados com o facto de nem todos os medicamentos homeopáticos serem administrados com diluições elevadas. A qualidade de um medicamento homeopático depende tanto da qualidade do procedimento usado para a sua preparação bem como da qualidade das matérias-primas.

Existe uma série de requisitos e métodos de controlo de qualidade que são severamente rigorosos quando se refere à produção de medicamentos homeopáticos, em especial para produtos homeopáticos misturados ou combinados.18

Embora a homeopatia seja considerada uma terapêutica com elevada segurança é necessário ter em consideração que a homeopatia não está indicada em todas as situações. Um dos maiores riscos da adoção da homeopatia verifica-se quando doentes com patologias graves abandonam os seus tratamentos convencionais para substituírem por medicamentos homeopáticos. Um desses exemplos foi relatado pelo jornal The Times em 1993, quando um casal foi acusado de homicídio da própria filha diabética por substituição da insulina por produtos homeopáticos.

Referências

Documentos relacionados

As anastomoses do BP de veia são realizadas proximalmente na aorta e distalmente de modo termino-lateral na artéria coronária distalmente ao local da lesão (18). Após cirurgia

The concentration and harmonization of data in a single System, in accordance with the models implemented, facilitates their treatment, the collaboration and availability of

We focused the network analysis on proteins never described to interact with or regulate CFTR and show that this approach is a valid strategy for finding novel regulators of

numa actividade meramente especulativa, pois de acordo com as suas palavras, «a Filosofia como órgão da Liberdade é pesquisa teórica e mais ainda, atitude prática: a libertação

Embora tenham sido realizados diversos estudos sobre o posicionamento de destinos turísticos, a maior parte dos estudos de posicionamento de cidades referem-se a cidades de

Os dados dos problemas usados para aplica¸ c˜ ao da metodologia foram, mesmo antes da manipula¸ c˜ ao dos resultados obtidos da otimiza¸ c˜ ao topol´ ogica por meio de um programa

Conclusões: O diagnóstico de autismo em familiares próximos e nomeadamente nos irmãos, a idade parental avançada, a imigração materna, a prematuridade e o baixo peso

Assim, a PNP resultará da interacção entre determinadas características do temperamento (biogénicas, que funcionarão como predisponentes) e experiências de