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Currículo e profissionalidade docente: bons ventos e bons casamentos?

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Academic year: 2021

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(1)

Filipa Seabra

CURRÍCULO E

PROFISSIONALIDADE

DOCENTE:

Bons ventos, e bons

casamentos?

(2)

“a possibilidade de a escola se (re)afirmar

como um espaço de referência social

depende (…), da capacidade de os

professores construírem uma verdadeira

autonomia curricular

(…), que não pode

dissociar-se de três componentes que

consideramos basilares: a

competência

profissional

, a identidade profissional

e a

profissionalidade docente

(Morgado, 2011, p. 795).

(3)

INTRODUÇÃO

Contexto

Tendências atuais

Profissionalidade

Autonomia

Competência

Currículo

(4)

. Movimento associado à exigência de uma

formação superior para o exercício da

docência.

. Universitarização (prós e contras)

Nesta aceção, seria, em Portugal – uma

batalha ganha.

Mas o grau superior será condição suficiente?

MOVIMENTO DE

(5)

Reconhecimento de que se trata de um

processo contínuo, ao longo de toda a

carreira.

Nesta lógica, a profissionalização seria

apenas um primeiro momento, associado

à

certificação

de competência para o

desempenho da atividade docente. A este

momento, deveria seguir-se um

trabalho

contínuo

de formação (Direta, na Escola,

Fora da Escola e na Sala de Aula)

(6)

1) obrigação de prestação de um serviço específico à

sociedade.

2) corpo de saberes específicos de natureza académica

imprescindível ao bom exercício da função.

(

Conhecimento profissional

)

3) domínio de competências específicas de natureza

prática. (

Competência

)

4) exercício de juízo em relação às incertezas.

(

Autonomia

)

5) experiência como geradora de conhecimento.

(

Desenvolvimento Profissional

)

6) comunidade profissional responsável pelo controle da

qualidade. (

Prestação de contas

)(Alves & André, 2013)

(7)

Roldão (2005):

reconhecimento social

da

especificidade da função ,

existência de um saber específico ,

poder de decisão sobre o trabalho

desenvolvido

pertença a um corpo coletivo

.

(8)

PROPOSTA DE EIXOS PARA O

CONCEITO DE PROFISSIONALIDADE

DOCENTE

Competência

e

conhecimento

Formação e

Desenvolvime

nto

Autonomia

Estabilidade

Carreira e

Prestação de

Contas/

Supervisão

Reconhecime

(9)

“Todas as profissões que construíram ao longo

do tempo o reconhecimento de um estatuto de

profissionalidade plena se reconhecem, se

afirmam e são distinguidas, na representação

social, pela posse de um saber próprio, distinto

e exclusivo do grupo que o partilha, produz e

faz circular, conhecimento esse que lhe

legitima o exercício da função profissional em

causa” (Roldão, 2007, p. 96).

CONHECIMENTO E COMPETÊNCIA

PROFISSIONAL

(10)

Tardiff (2000) refere algumas características do saber

profissional:

conhecimento formal e especializado associado às disciplinas

científicas;

adquirido por um longo período de formação (universitária ou

equivalente);

diploma como requisito de acesso à profissão;

com uma dimensão voltada para a resolução de problemas

concretos;

acesso exclusivo dos profissionais ao conhecimento

necessário ao exercício da profissão (em contraponto com

leigos);

avaliação por pares;

autonomia e discernimento;

conhecimento evolutivo – requer formação inicial e contínua;

responsabilidade deontológica e controlo.

CONHECIMENTO E COMPETÊNCIA

PROFISSIONAL

(11)

No caso da profissão docente, esta

competência corresponde ao saber

profissional especializado sobre o ato de

ensinar.

Este ato, requer, por um lado, o

conhecimento especializado sobre aquilo que

se ensina (área científica), e por outro, sobre

como fazer que alguém aprenda (domínio das

Ciências da Educação) (Roldão, 2005)

incluindo assim conhecimentos “pedagógicos

(didáticos, metodológicos), disciplinares,

curriculares e experienciais” (Alves & André,

2013).

CONHECIMENTO E COMPETÊNCIA

PROFISSIONAL

(12)

No caso da Profissão Docente:

- Dificuldade ao nível do reconhecimento social desta

especificidade (todos são ‘peritos em educação’) –

linha pouco definida face ao senso comum.

Dificuldade geral de legitimação pela posse do

conhecimento

Borges (2014) salienta a dimensão pessoal e

experiencial deste saber e desta competência. Nesse

sentido, a relevância conferida à prática docente na

formação inicial de professores assume, como adiante

veremos, relevância particular.

CONHECIMENTO E COMPETÊNCIA

PROFISSIONAL

(13)

“O acto educativo deve ser, essencialmente, um acto

de criação” (Morgado, 2005)

Ora, apenas se reconhecermos os professores como

profissionais dotados de um conjunto especializado de

saberes científicos, pedagógicos e profissionais

específicos, competências, capazes de atualizar-se ao

longo da sua profissão e (re)construir de modo

contínuo os saberes e competências requeridos pela

sua profissão, num contexto social mutável, podemos

confiar aos professores a capacidade de exercer uma

profissão complexa com grande margem de

autonomia.

AUTONOMIA – CONTROLO -

PRESTAÇÃO DE

(14)

Autonomia curricular – relaciona-se com o

reconhecimento de que as escolas e os professores são

atores curriculares por excelência, que não se limitam

a implementar currículo, mas que o reconfiguram,

contextualizam, apropriam, traduzem, transformam,

num conjunto de relações complexas com a

comunidade em que se integram e as populações a

quem servem.

Isso requer flexibilidade, e confiança. A lógica de

projeto, que em certa medida se tem esvaziado na

prática das escolas (veja-se o caso dos PCT), é disso

exemplo.

Relação difícil e instável com as formas de regulação –

sejam elas a montante, ou a jusante.

AUTONOMIA – CONTROLO -

PRESTAÇÃO DE

(15)

Le i tura de te ndênc i as a tuai s a par ti r da pro po st a de e i xos par a o c on c e i to de pro fi s s i o na l i d a de

«VENTOS E

CASAMENTOS»?

(16)

Bolonha – grau exigido, mestrado

Tempo e lugar do saber profissional – como ensinar, e

da socialização profissional associada ao

estágio/prática pedagógica (saber em contexto).

Ex.: Licenciado em Educação Básica – C) iniciação à

prática profissional 15 a 20 créditos; D) Formação na

área de docência 120 a 135 créditos. A) Formação

educacional geral – 15 a 20 créditos; b) Didáticas

específicas – 15 a 20 créditos. Já no mestrado, a

percentagem dedicada à prática supervisionada

corresponde, no mínimo, a 40% do total de créditos

(para as áreas específicas).

A - COMPETÊNCIA E

(17)

“o saber profissional tem de ser construído – e

refiro-me à formação – assente no princípio da teorização,

prévia e posterior, tutorizada e discutida, da acção

profissional docente, sua e observada noutros” (Roldão,

2007, 101).

Movimento social – papel do professor enquanto

transmissor de conhecimentos em crise – competição

com muitos outros modos e fontes de ter acesso ao

conhecimento.

(quer o conhecimento científico, quer o conhecimento

pedagógico, enquanto modos de legitimação

profissional, sofrem alguns abalos).

Conhecimento relacional e emocional.

A - COMPETÊNCIA E

(18)

“A crise a respeito do valor dos saberes profissionais,

das formações profissionais, da ética profissional e da

confiança do público nas profissões e nos

profissionais constitui o pano de fundo do movimento

de profissionalização do ensino e da formação para o

magistério” (Tardif, 2000, 9).

Novas competências – para além do papel tradicional

do professor

O lugar das tecnologias – força, fraqueza, ameaça,

desafio?

Entre a difusão e a tecnicização (Roldão, 2007).

A - COMPETÊNCIA E

(19)

Evidente precarização – prestígio, poder aquisitivo,

satisfação (Ludke & Boing, 2004)

Acesso dos professores contratados à carreira?

Prova de acesso?

Avaliação do desempenho docente – melhoria/qualidade

vs escrutínio e prestação de contas? Como e por quem?

Progressão na carreira?

“A profissionalidade docente ainda é afetada pelas

condições de trabalho, os meios técnicos, o respeito, a

remuneração, o prestígio e a atração exercida pela

profissão, os quais constituem um conjunto heterogêneo

de condições na maioria dos países e em geral oscilam

de acordo com suas condições de desenvolvimento

econômico, social e histórico” (Alves & André, 2013).

(20)

Supervisão/ responsabilidade/ desenvolvimento

profissional

CFAE

Condições para aceder à profissão

O professor investigador (investigador-ator) (Sousa,

2013) e a cientifização da sua prática.

A prática reflexiva

C – FORMAÇÃO E

(21)

A imagem dos professores nos media

Crise do valor social da educação na perceção social

Imagem negativa da escola (sobretudo a pública) e dos

professores (Morgado, 2005)

Terá havido alguma melhoria?

Discursos sobre os professores

«Resistência a mudança» - vs. Atores e autores da mudança

Hiper-responsabilização dos professores pelos resultados e

a qualidade do ensino.

(22)

Ao mesmo tempo –(Re)valorização da Educação?

Grande exigência face à escola e aos professores – multiplicação das

funções da educação e da escola; papel na formação de cidadãos críticos

e interventivos, e não apenas de transmissão de conhecimento: Educação

para a paz/ contra o radicalismo; Educação Ambiental; Educação para os

valores, para «viver juntos»; Educação para a Aprendizagem ao Longo da

Vida (Aprender a Aprender); Educação para selecionar e interpretar

informação (num tempo de factos e notícias «Alternativos»)…

consenso alargado quanto ao papel fundamental da educação para o

desenvolvimento dos indivíduos e das sociedades.

Direito humano à Educação – acesso a conhecimento poderoso e

transformador vs. Acesso à escolarização (Equidade no sucesso, e não

apenas no acesso).

Ou, por outro lado: Valorização de uma educação tecnocrática –

a que se repercute em resultados mensuráveis e ganhos

económicos? (Economia do Conhecimento?) (Escola Sem

Partido?)

(23)

Professor da Contemporaneidade

Ressurgimento de lógicas técnicas e burocráticas

Movimentos da pós-modernidade

Negação de um conhecimento verdadeiro/ fundamental/ universal

Desconstrução

Hibridismo

Perda da fé no progresso

Pragmatismo…

Sociedade em rede, da informação e do

conhecimento(Morgado, 2005)

Self-media (Sousa, 2013)

Fortes desafios ao currículo, ao professor e à escola

Professor, agente de reprodução ou de

transformação social? (Sousa, 2013).

E - AUTONOMIA

(24)

Até aos anos 60/70 – educação fortemente centralizada

e controlada – professor funcionário/Professor como

profissional técnico (Morgado, 2005).

Necessidade crescente de adequar a oferta educativa a

contextos e necessidades diversas – Maior

preponderância do papel da escola e do professor e

Estado Regulador. – (Re) profissionalização dos

professores.

Professor – Decisor curricular.

Currículo – mais do que um plano a ser implementado…

… uma construção participada, que acontece nos vários

níveis de decisão curricular.

… embora constrangido por uma pluralidade de decisões

e contextos envolventes, que constituem limites à

autonomia (Ludke & Boing, 2004)

(25)

Tempos e espaços de decisão curricular

Contexto meso – a escola – a colegialidade

Contexto micro – a sala de aula

Papel fundamental da relação individualizada com cada

estudante

Currículo oculto

Novos currículos à prova de professores? As metas

curriculares como dispositivo de controlo.

Flexibilidade curricular vs. Avaliação

Performatividade

O lugar dos projetos

Autonomia vs. Regulação

Benchmarking, Boas-práticas e educação como mercado

(Figueiredo, 2015)

(26)

CONCLUSÃO

Profissionalidade

Autonomia

Competência

Currículo

Carreira

Formação e

Desenvolviment

o Profissional

Supervisão e

prestação de

contas

Reconhecimen

to Social

(27)

 A l v e s , C . S. & A nd ré , M . E . D . A. ( 2 0 1 3 ) . A c o n s t i t ui ç ã o da p ro fi s s i o n a l i d a d e d o c e n t e : o s e f e i t o s do c a m po d e t e ns ã o do c o n t ext o e s c o l a r s o b re o s pro f e s s o re s . 3 6 ª Re u ni ã o N a c i o na l da AN P E d – 2 9 de s e t e m bro a 0 2 d e o u t ub ro d e 2 0 1 3 , G o i â n i a - G O  B o rge s , M . L . ( 2 0 1 4 ) . Pro fi s s i o n a l i d a d e do c e n te : d a p r á t i c a à p r a x i s . I nv e s t i ga r e m E du c a ç ã o , I I ( 2 ) , p p. 3 9 - 5 3 .  Fi g u e i re d o , M . P. ( 2 0 1 4 ) . A f o rm a ç ã o d e pro fi s s i o na i s p a r a a e du c a ç ã o b á s i c a no c o n t ex to d o e ns i n o s u pe r i o r e u ro p e u . I n G . Po r t ug a l , A. I . An dr a d e , C . To m a z , F. M a r ti n s , J . A. C o s t a , M . R. M i g u e i s , R. N e v e s & R. M . Vi e i r a ( O rg s . ) , F o r m a ç ã o I ni c i a l d e P r o f e s s o r e s e E d u c a do r e s : E xp e r i ê nc i a s e m c o nt e xt o po r t ug u ê s ( pp . 1 9 - 3 6 ) . Ave i ro : U A E d i t o r a . D i s p o n í v e l e m : ht t p : / /c i d t ff . w e b . u a . p t / pd f / ATAS _ I I IE N E B . pd f  Lud ke , M . , & B o i n g, L . A. ( 2 0 0 4 ) . C a m i nh o s d a p ro fi s s ã o e d a p ro fi s s i o na l i da d e d o c e n t e s . E d uc a ç ã o & S o c i e d a d e , 2 5 ( 8 9 ) , 1 1 5 9 - 1 1 8 0 .  M o rg a d o , J . C . ( 2 0 0 5 ) . C u r r í c ul o e P r o fi s s i o na l i da de D o c e n t e . Po r t o : Po r t o E d i to r a .M o rg a d o , J . C . ( 2 0 1 1 ) . I d e n ti d a de e Pro fi s s i o n a l i da d e D o c e nt e : S e n ti d o s e ( i m ) p o s s i b i l i d a d e s . E n s a i o : Av a l . P o l . P ub l . , 1 9 ( 7 3 ) , 7 9 3 - 8 1 2 .  Ro l d ã o , M . C . ( 2 0 0 7 ) . Fun ç ã o D o c e n t e : N a t u re z a e c o n s t r u ç ã o do c o n h e c i m e nt o p ro fi s s i o na l . R e vi s t a B r a s i l e i r a de E du c a ç ã o , 1 2 ( 3 4 ) , 9 4 - 1 0 3 . D i s p o ní v e l e m : ht t p : / / w w w. s c i e l o. b r / pd f / r b e d u/ v 1 2 n3 4 / a 0 8 v1 2 3 4 . p d f  S o us a , J . M . ( 2 0 1 3 ) . Pro f e s s o r de o u tro r a e p ro f e s s o r d e a g o r a . Ru m o à p ro fi s s i o na l i d a de d o c e nt e . E LO, Re v i s t a d o C e nt r o d e F o r m a ç ã o F r a n c i s c o de H o l a n da , 2 0 , 1 2 5 - 1 3 5 .  Ta r fi ff , M . ( 2 0 0 0 ) . Sa b e re s pro fi s s i o na i s d o s pro f e s s o re s e c o n he c i m e n t o s u ni v e r s i t á r i o s . E l e m e n t o s pa r a um a e p i s t e m o l o g i a da p r á t i c a p ro fi s s i o n a l d o s p ro f e s s o re s e s u a s c o n s e qu ê n c i a s e m re l a ç ã o à f o rm a ç ã o pa r a o m a g i s t é r i o. R e v i s t a B r a s i l e i r a d e E du c a ç ã o , 1 3 , 5 - 2 4 .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(28)

MUITO OBRIGADA

FILIPA SEABRA

FSEABRA@UAB.PT

Referências

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