À. F
E
E
ii
¡ii
E
ví
-E
A
ii
I u-_.. .UMA
EXPERIÊNCIA
EM
AGRICUL TURA SUSTENTÁVEL
¡- 450' 283
O
UFSC HUUNIVERSIDADE
FEDERAL DE SANTA CATARINA
A r * Í
CENTRO DE
CIENCIAS
AGRARIAS
DEPARTA1\/IENTO
DE ZOOTECNIA
u
.z
SANDRA
SIMONE
RIGOTTI
Florianópolis-
SC
1995
SANDRA
SIMONE
RIGOTTI
UMA
EXPERIÊNCIA
EM
AGRI
C
UL
T
URA
SUSTENTVEL
Orientador:
LUIZ
CARLOS
PINHEIRO
MACHADO
ARelatório
de
estágioapresentado para
obtenção de
graduação
no
cursode
Agronomia
da
Universidade
Federalde
Santa
Catarina.Florianópolis-
SC
SANDRA
SIMONE
RIGOTTI
Relatório de estágio apresentado
como
requisito parcialpara obtenção
do
título de EngenheiroAgrônomo
para a comissão
formada
por:Prof.
Luiz
Carlos
PinheiroMachado
Prof.
Antônio
Carlos
Machado
da
Rosa
Prof.
Paulo Emílio
Lovato
Supervisor
Dr.Wilson
Newton
Alano
Florianópolis-
SC
àqueles
que souberam
esabem
ser e estarpresentes esausentes
nas horas
certas;àqueles
que
me
possibilitamo
acesso
ao
conhecimento
e à sabedoria universais;à luz,
ao
amor
e à vida,ao
meu
orientador ea
todos
que
me
auxiliaramna execuçao do
estágio,Deixa o
mato
crescerem
paz
Escuta o
mato
crescendo
em
paz
Escuta
o
mato
crescendo
Escuta
o
mato
Escuta
Escuta o vento cantando
no
arvoredo
Passarim,
passarão
no
passaredo
E vem
dançar
E
vem
dançar
Borzeguim-
A.
C.Jobim
Entre
as múltiplas virtudesde
Chuang-Tsê
estava a habilidadepara
desenhar.O
reipediu-lhe
que
desenhasse
um
caranguejo.Chuang-Tsê
disseque
para
fazê-lo precisariade
cincoanos
euma
casacom
doze
empregados. Passados
cinco anos,não
havia sequer
começado
o
desenho.
“Precisode
outros cinco anos”, disseChuang-Tsê.
O
reiconcordou.
Ao
completar-se
o décimo
ano,Chuang-Tsê pegou
o
pincel enum
instante,com
um
único
gesto,desenhou
um
caranguejo,o
mais
perfeito
caranguejo
que
jamais
se viu.SUMÁRIO
... ... ..v¡LISTA
DE
FIGURAS
... ... ..viiiLISTA
DE
ABREVIATURAS,
SIGLAS E
SÍMBOLOS
... ..ixRESUMO/.
... ..xINTRODUÇÃO
... ... ..xir ' r I.
DIAGNOSTICO
DA
UNIDADE
AGRICOLA
... ..1Q\o\o\o\ooooo\1\lO\O\bzuzu›l×Jl×J›-- 1.1.
IDENTIFICAÇÃO
DA
COOPERATIVA
... ... .. 1.2.CARACTERÍSTICAS
DA
ÁREA
... .. 1.3.DADOS
ECONÔMICOS
APURADOS
No
BALANÇO DE
31/12/94
... _. 1.4.FORMA
DE COMERCIALIZAÇÃO
... .. 1.5.Os
SETORES
DE
PRODUÇÃO
... .. 1.5.1.O
laticínio ... .. 1.5.2A
padaria.... ... .. 1.5.3.A
agricultura ... .. 1.5.3.1. Culturas anuais ... .. ' l.5.3.2.Culturasperenes
... .. 1.5.3.3.Açudes
... .. 1.5.3.4.Animais
... .. 1.5.4.Manutenção
técnica ... .. 1.5.5.Estoque
de
produção
ede produtos
para consumo
... .. 1.5.6.Cozinha
e refeitório ... _. 1.5. 7. Secretaria ... .. 1.5.8.Comercialização
... .. II.PROCESSOS
PRODUTIVOS
... ..11
2.1.
SISTEMA
DE
PRODUÇÃO
... _. 13 ' 2.1.1. Policultura ... ..13
2. l . 1.1.
Uso
de
policulturacom
espéciesperenes
... ..14
2.1.1.1.1. Florestamento,
reflorestamento
ecordão
vegetalpermanente
14
2.1.l.l.2.Pastagem
... ._ 152.1.l.1.3.POmareS
... ..- ... ..152.1.2.
Manejo do
solo ede
plantas
... ... ._18
2.1.2.1. Cultivo
mínimo
... .. 182.1.2.2.
Cobertura
do
solo ... ._ 19 2.1.2.2.1.Cobertura
morta
comjomal
... .. 192.1.2.2.2. Plantas
de
cobertura ... ..212.1.2.2.3. Alternância
de
capinas ... ._22
2.1.2.3.Adubação
orgânica
... ._22
2.1.2.3.1.Adubo
orgânico
de
origem bovina
... ..232.l.2.3.2.
Adubo
orgânico
de
origem
suína ede aves
... ..242.1.2.3.3.
O
ciclo etileno ... ..24III.
IDENTIFICAÇÃO DAS FIGURAS
... ..27Iv.
A
ORGANIZAÇÃO DA
UNIDADE
AGRÍCOLA
... ..30V.
AVALIAÇÃO
DA
FORMAÇÃO
ACADÊMICA
... ..325.1.
FORMACAO
ECLÉTICA
... .. ... ..32
5.2.CONSIDERAÇÃO
HOLÍSTICA
... _.33
5.3.FORMAÇAO
BÁSICA
... _.33
5.4.VISÃO
ADMINISTRATIVA
... ..33
VI.
CONCLUSÃO
... ..3ó VII.ANEXOS
... ..3s VIII.BIBLIOGRAFIA
... ..47LISTA
DE
FIGURAS
l-
Sementeira de
espécies olerícolasem
estufa,com
utilizaçãode bandejas de
isopor ... ... ..2- Cultivo
de
alfaceem
estufacom
a técnicade
jomal
... ..3-
A
técnicade
coberturado
solocom
jornal,em
canteirosde
alface ... ._4-
Cultura
da
alfaceem
túneisde
polietileno,com
irrigação e solocoberto
com
jornal ... ..5- Policultura
de
pimentão (Capsícum
annuum)
ecouve-folha
(Brassica sp.) ... ._
6-
Composição
básicada
cestados
assinantes;produtos
opcionaisde
laticínio e padaria ... _. . . . - . . . z . - zz » z ú z ¢ z z z . z Q . ¢ ¢ - -- ... ..28 .28 ..28 ..29 ..2929
~
Adapt.-
Adaptaçao
Ca2+- Íon cálcio
CCA-
Centro de Ciências Agráriascfa- ,
Clima
mesotérrnicoúmido
com
verão quente(classificação de
Kõppen)
cm-
CentímetroCTC-
Capacidade de troca catiônicaDepto.-
Departamento
~ed.- Edição
Fe2+- Ferro reduzido Fe3+- Ferro oxidado
Fig.- Figurado
g-
Grama
_
Hi
Íon hidrogênio ha- Hectareibid.- Ibidem-
na
mesma
obra ~id.-
Idem- do
mesmo
autor` kg-
Quilograma
' 'km-
,Quilômetro l- Litro _. Ltda- ~ Limitadam-
Metro
m2-
Metro
quadradoME-
Microempresa
mm-
Milímetro p.- Página ' ii passim- VAqui
e alipH-
Potencial hidrogeniônico Prof.- Professor VPTA-
Projeto Tecnologias Altemativasrev. e aum.- `
\ Revista e
aumentada
R$-
z Real'
RS-
Rio Grande do
SulSC-
Santa Catarina s.d.-Sem
data sp- Espécie ii t-Tonelada
Trad.-Tradução
de . * -UFSC-
`Universidade Federal .de Santa Catarina «
%-
'Porcentagem
,A ..
RESUMO
O
estágio foi realizadona
cooperativade
trabalho SítioPé na
Terra,
em
Lomba
Grande,
Novo
Hamburgo-
RS,
entre15/02
e23/03/1995.
A
unidade
agrícola
possui
área totalde
52
ha,com
uso
efetivode
20 ha
para
culturas anuais e perenes.O
campo
de estudo
escolhido foiagricultura
sustentável,entendida
como
a agriculturaque
protege,recupera
ou
criacondições de
produção
em
uma
unidade
agrícola,exigindo
o
mínimo
de
insumo
externo eredução de
custosde
produção. Objetivou-se
adiagnose
da
unidade
agrícola produtiva,enquanto
praticante
de
agriculturacom
princípiosde qualidade
vegetal e animal,ao encontro
dos processos de proteção
da
natureza,sua
diversidade eciclagem de
nutrientes.As
atividadesdesenvolvidas
consistiramna
participaçãono
trabalhode
rotinaem
quatro setores.
Foram
cinco
diasno
setorde
laticínio, três diasna
panificadora,
.cinco diasno
setorde
comercialização, e10
diasno
setorde
agricultura.O
estágiopossibilitou a
vivência
profissional e ressaltou as exigênciasda formação
agronômica
para
a práticade
agricultura sustentável, poiso
conhecimento
do
agrônomo
deve
ser eclético eintegrado,
eo estudo
deve
ser contínuo.Ao
agrônomo
cabe
aadministração
desseconhecimento
dentroda
unidade
agrícola,considerando
as particularidadesde
talunidade
e os princípiosde
produção
O
tema
escolhidopara
o
estágio éjustificado
pelanecessidade
que
tivede
entender
o que
éagricultura
sustentável,uma
vez
que o termo passou
àvulgarização
de
forma muito
rápida,o que
pressupõe
um
consumo
de
idéias e,possivelmente, a falta
de
conhecimento
de
objetivos._
Ecologicamente
amparada,
a agricultura sustentável está dentrodo
agroecossistema
respeitantede
princípiosde reciclagem de
nutrientes ebalanço
energético,
o mais
similarmente
possívelaos ecossistemas
que
obtêm
sua
energia
do
sol ereciclam
seus nutrientesde
forma
eficiente ecom
o
mínimo
de
perdas.
A
diferença principal entreum
ecossistema
natural eo agroecossistema
é a
atuação determinante
do
agente
homem.
Quebrado
0
equilíbrio estabelecidopela
sucessão
ecológicaao longo
do
tempo, ao
homem
cabe
aadministração
da
área
tomada,
segundo
objetivos pré-detenninados.Uma
vez
que
esses objetivosdependem
de
interesses diversos, tratarei aquido
interessede
fazer-seagricultura
de
forma
continuada,com
o
mínimo
de
dependência
energéticaexterna, e
estabelecimento
do
equilíbriosolo-planta-animal-homem,
a partirdo
controle
humano.
A
minimização da
dependência
externa àunidade
agrícola étomada
como
primordial
para
aeconomia do
agroecossistema,embora
aunidade
mantenha
troca energética
com
o
sistema externo.Essa
troca energética entre sistemasagrícolas
de
produção
sustentável,ou
não, existena
relaçãoprodução-consumo
mantida
com
o
sistemaextemo,
e é diferenciadana
agricultura sustentávelpelo
uso
de
técnicasde proteção
àqualidade
biológicados
produtos,ao ambiente
e àvida
que mantém,
inclusive ado
homem,
buscando, por
fim,
um
superáviteconômico,
atravésde
maior
independência
da
agroindústriade
insumos
eredução dos
custosde produção.
-Pretendeu-se
realizarum
estágiode
forma
integrada,observando
as inter-relações
dos
setoresdo
Sítio,tomando
o
modelo
holísticode
sustentabilidadede
um
ecossistema
como
praticávelem
sistemasgerenciados pelo
homem.
Esterelatório é resultado
dessa
experiência eda
dificuldade de
racionalizar e usarde
síntese-análise-síntese
na concepção
produtiva de unidade
para,num
primeiro
momento,
compreender
as interdependências; analisar aatuação específica
sobre agentes e fatores
num
segundo
momento
e,por
fim,
fazeruso
de
síntesepara
estimar os efeitosde
fatores, agentesou
ações
humanas
num
sistemaO
estágio foi, pois,uma
experiênciapara
testaro
grau de
conhecimento
exigido
para
a práticade
uma
agricultura contínua, e possibilitouo
confronto
entre a
formação dada
pelafaculdade
de
Agronomia
e as exigênciasde
um
sistema
produtivo administrado pelo
homem,
dentrode
princípiosde proteção
do
meio
ambiente
equalidade de
vida.Embora
tenha
participadode
váriasatividades durante
o
estágio,considerada
aimportância de cada
uma,
tomei
como
ponto de
maior
interesseo manejo do
solo e plantas,uma
vez
que
o
solo éo
complexo
de atuação
diretano
ciclode nascimento, desenvolvimento
edecomposição da
biota, cicloque
atua,por
fim,
na
relaçãode
equilíbrio entreo
solo-planta-animal-homem.
O
conteúdo apresentado
neste relatóriopretende
darum
diagnósticoda
unidade produtiva
SítioPé na Terra
e,mais
importante
do que
aparticularidade, fazer
observar
o
processo produtivo nas
mãos
do
homem,
onde
a
necessidade
de
conhecimento
transcende
ao
meramente
técnico, eonde
a1.1. Identificação
da
Cooperativa
A
Cooperativa
SítioPé
na Terra Ltda-
ME
éuma
cooperativade
trabalho,fundada
em
31/03/1992.Tem
sedeem Lomba
Grande,
Novo
Hamburgo-
RS.
É
uma
unidade
produtiva agrícolacom
princípiosde
produção
orgânica, estabelecida sobreurna área
arrendada de 52
ha,com
uso
efetivode
20 ha
para aprodução de
culturas anuais, perenes,açudes
e animais.'
A
Cooperativa
mantém
seis casasgeminadas,
possibilitandoque
os20
sóciosresidam
no
Sítio, inclusive suas famílias,no
casodos
sóciosserem
casados
eterem
filhos.
Além
disso,há
uma
sedeque
comporta
o refeitório, a cozinha,o
salão social ede
diversão,o
laticínio, a padaria, a secretaria, a oficina, amarcenaria
e o estábulo.Há
um
espaço de
lazercom
campo
de
futebol,quadra de
areiade
vôlei,quadra de
bocha
eparque para
as crianças.Os
sóciosda
cooperativa são trabalhadoresautônomos
eexecutam
trabalhosem
um
dos
oito setoresde produção,
trabalhandonove
horas diárias.O
trabalhono
sábado
vespertino eno domingo
éde
responsabilidadedos
plantonistas, e inclui osserviços
de
rotina essenciais(como
irrigação, alimentaçãodos
animais),atendimento
aos visitantes
do
Sítio e comercializaçãodos produtos
no
Sítio.Os
sóciosdesenvolvem
atividadesem
oito setoresassim
distribuídos:de
produção
(laticínio;panificadora;
agricultura);de
manutenção
intema (manutenção
técmca;
estoquede produção
ede
produtospara
consumo;
cozinha
e refeitório;secretaria) e setor
de
comercialização.À
exceção dos
cooperativados responsáveis pela horta, os outros sócios sãoresponsáveis
por
atividades específicas dentrode
seus setores.Houve
tentativade
especializar a
mão-de-obra da
horta,mas
o
sistemanão
foi aceito pela maioria envolvidanas
atividades.A
justificativa utilizadapara
a especialização é ade
eficiência
na
produção.
Tal eficiência seria resultadoda
responsabilidadeassumida
na
produção de determinadas
culturas, eque
proporcionariamais
iniciativaao
responsável pela cultura,
como
ocorre hojecom
aprodução de
alface(Lactuca
sativa).
Todo
oprocesso
produtivoda
alface é realizadopor
uma
pessoa,da
sementeira a colheita.
A
críticaque
se faz à especialização equanto
àdependência
criadaao
agenteou
fator específico responsável pelo resultadodesejado.
A
práticade
uma
agricultura sustentávelquer
evitar,ou
diminuir, asdependências
do
processo
de produção,
ebusca mais formas de
obter omesmo
resultado.
Para
evitar-se adependência da produção
àmão-de-obra
especializada,o
Sítio
deve
considerarque o processo
produtivonecessariamente
tem
que
serconhecido por mais de
uma
pessoa. Issonão
fere aautonomia do
sócio,nem
restringe a eficiência
do
responsávelpor determinado
trabalho,mas
exige aparticipação
de
outros cooperativadosna
execução da
atividade e assegura aprodução
em
casosde
ausênciado
responsável pelo setor.Outra
questão a serconsiderada
é anecessidade de
fazer-se rodízionos
plantõesnos
finaisde
semana
eno
sistemade
comercialização. Isso exigedos
sócios oconhecimento
do
processo
produtivo
como
um
todo.Quanto
à problemáticade
faltade
interesse, responsabilidade e iniciativa, épossivelmente
inerente a outros fatores, enão
à faltade
especialidade.1.2. Características
da
áreaSolo
podzólico
vermelho amarelo
distrófico,jovem,
texturaarenosa
ou
média,
acentuadamente drenado
e forte suscetibilidade a erosão,com
baixa toxicidezde
alumínio,
mas
quimicamente
pobre,com
baixacapacidade de
troca catiônica(CTC)
e estabilidadede
agregados.O
relevo ésuave
e forte ondulado. Altitudede
60 m.
O
clima é
bem
definido,com
geadas
no
inverno everao
quente,sem
estaçao secadefmida
(cfa).O
manejo do
solo e a aplicaçãode
adubação
orgânica possibilitaram significativamelhora
nas
suas condições.Ver
no anexo
1 aevolução dos
índicesde
fertilidade.
Pode-se
observar, inclusive,um
fenômeno
raro eque
se igualaao
ocorrido
em
algims paísesda
Europa, que
“construíram” a fertilidadede
seus solosno
decorrerde
vários anos,formando
oschamados
solos antrópicos,com
níveisde
fósforo superiores a
250
ppm.1
No
caso
do
SítioPe na
Terra, a quantidade originalde
fósforonão
ultrapassaria 4,5ppm,
eem
algumas
áreaso
aumento
dos
níveisde
fósforo atingiu250
ppm
em
menos
de
10 anos.1
1.3.
Dados
econômicos
apurados
no
balanço de
31/12/94a) Patrimônio:
R$
38.869,84.Ver
demais dados
no anexo
2.b)
Renda
bruta anual:R$
100.000,00
c)
Sobra
líquida anual:R$
18.600,00d)
Ganho
mensal por
sócio:depende
da
sobra líquida mensal, eque
varianos
meses
do
ano.Não
fica
abaixode
um
saláriomínimo,
com
média
de
dois salários.A
capitalizaçãoda
sobra liquida anual é feitasegundo
os dias trabalhadospor
cada
sócio,tomando-se
os diasdo
sócioque mais
trabalhoucomo
fator 1.O
totalde
cotas
acumulado
servecomo
um
fimdo
de
garantia para o trabalhador.1.4.
Forma
de
comercialização
A
comercializaçãodos produtos
é feitano
próprio Sítio,em
feirasem
PortoAlegre
eNovo
Hamburgo,
em
lojas especializadasem
produtos
naturais, e entregadomiciliar
dos produtos
em
cesta.O
atendimento ao
consumidor no
Sítio é feito durantetodos
os diasda
semana, mclusive
aossábados
edomingos.
Os
produtos
comercializados são osproduzidos
pelo Sítio etambém
osprodutos de
terceiros,como
suco de
uva, mel,arroz integral.
A
A
feiraem
PortoAlegre
acontece aossábados de
manhã.
O
Sítio é sócioda
C0operativa'Co0lmeia,
que agrupa
produtores ecologistasdo Rio Grande do
Sul econstmiidores
de produtos
orgânicos.Além
de
comercializar diretamente seusprodutos
aosconsumidores
na
feira,o
Sítiofomece
iogurtepara
aCoohneia.
A
feiraem Novo
Hamburgo
não
éde
produtores orgânicos, e e realizada às terças-feiras à tarde.'
O
fornecimento para
lojas especializadasem
produtos
naturais seresume
ao
iogurte, à granola e aos queijos.
`
O
Sítiotem
uma
proposta
de
comercialização iniciadaem
1988
edenominada
receber
semanalmente
em
sua casauma
variedadede produtos
do
setorde
agricultura, laticinio e panificadora.
O
número
médio
de consumidores
assinantesda
cesta é 200.
O
sistemade
assinaturade
cestas émais
do
que
uma
forma
de
escoar aprodução.
Sob
aspecto
do
produtor, a assinaturamensal
éuma
garantiade
entregado
produto, eque
setoma
ao longo
do
tempo
uma
garantiade mercado.
Isso ébem
perceptívelno
caso
do
Sítio,que
construiu Lunaboa
imagem
a partirda
produção
orgânica
de
iogurte natural.Com
a entradano mercado
potencialmenteconsumidor
de produtos
orgânicos, pretendeu-se estabelecer Luna relação direta produtor-consumidor,
atravesda
entrega domiciliarde produtos
orgânicos.Além
do
atendimento
domiciliar possibilitar essa relação,o
Sítiobusca
aatenção
dos
assinantescom
a publicaçãode
Lun informativo mensal.Ver anexo
3.Eventuahnente,
também
é realizadauma
pesquisa entre osconsumidores para
determinar
o
graude
satisfaçãoquanto
àcomposição da
cesta, quantidade equalidade
de produtos
edo
atendimento
dado
pelo Sítio. 'A
pesquisa
de
opiniãopode
determinar,segundo
as necessidades e desejosda
maioria
dos
assinantes edependendo da
possibilidade e viabilidadede produção,
os~
produtos
de
composição da
cesta.A
composiçao
básicada
cesta é a seguinte: '-
nove
espéciesde
hortaliças, entre folhosas, tubérculos, raízes, frutos e flores,escolhidas dentre cerca
de 30
variedadesde
hortaliças;- dois
produtos de
laticinio:um
kg
de
iogurte natural eum
potede
240
g de
nataou
kaschmier, altemadamente,
ou
um
queijominas
de
300
g; .- dois
produtos
de
padaria,obedecendo
àordem:
- la
semana do
mês:
pão
integral simples e granola;- 2a
semana do
mês: cuca
integral e biscoito integral salgado;_
- 38
semana do
mês:
pão-de-leite integral e pão-de-queijo;- 4a
semana do
mês:
pão
integral especial (de iogurte,de
amêndoa,
misto, cenoura,de
gergelim); ç ` V _ _ ^ 3- 58
semana do
mes:
repete a 2semana.
._ .
i
O
valor básicoda
mensalidade
da
cesta, àépoca
doestágio, erade
R$
50,00.Deste
valor,o
assinantetem
créditode
R$
25,00 para consurno de
produtosde
O
créditode
padaria e laticínio permiteao
consumidor
escolher entre osprodutos
fornecidos, inclusive entre osprodutos que
aCooperativa
comercializa eque
sãoproduzidos por
outros produtores orgânicos,como
é ocaso dos
ovos, mel,suco de
uva
e arroz integral.O
sistemade
comercializaçãodo
Sítiotambém
se diferencia pelapossibilidade
de
fazercomércio
com
outros produtores orgânicos, sóciosda
Cooperativa Coolmeia.
Isso atende à eventualidadede
faltade produto
no
Sítio,como
aconteceu
com
a cenoura, e às exigênciasde
consumo
de produtos que
não
são
produzidos
pelo Sítio,caso
do
tomate (Lycopersicum
esculentum), batatainglesa
(Solanum
tuberosum),
batata-doce(lpomoea
batatas), feijão(Phaseolus
vulgaris), cebola (Allium cepa),
maçã
(Malus
sp.) e laranja (Citrus sp.). Estesprodutos
sãoaltemados
na composição da
cesta.A
compra
de produtos
orgânicos pelo Sítio é,também,
uma
forma
que
outrosprodutores
têm
de
comercializar seus próprios produtos, pois o Sítio já dispõede
um
mercado
abertode
cercade
200
cestas semanais.Esse comércio
interno entre os sóciosda Coohneia
éuma
forma
de
sustentaro processo
produção-consumo
ede
fortificar a
produção
orgânica.1.5.
Os
setores
de
produção
1.5.1.
O
laticínioHá
duas pessoas
no
laticínio industrializandouma
média
de
250
1de
leitediários. -
O
leite é adquiridode
três produtoresda
região,com
animaisde
raçaHolandês
e Jersey.O
manejo
alimentardo gado
é feitocom
pastagens ~e outrosvegetais
produzidos nas
propriedades,como
abóboras (Cucurbita
sp.),mandioca
(Manihot
esculenta) e batata-doce(lpomoea
batatas),além
de milho (Zea
mays)
e ração.Não
há
garantiade
produção
orgânica ede
isençãode contaminantes
no
leite,e
que
sãopontos
importantes a considerar-se a favorda
produção
leiteirano
próprioSítio.
A
produção semanal
do
laticínio é de:-
45
kg
de
queijominas
-
45
kg
de
queijo tipoport
salut -20
kg
de
queijo colonial-
20
kg
de
nata- 5
kg
de
manteiga
-
4
kg
de
ricota- 3
kg
de
kaschmier
A
produção
totaldo
laticíniodepende da
produção
leiteirados
fornecedoresde
leite, eque
variacom
aépoca do
ano,em
função
da
alimentação edo
'manejode
reprodução
do gado
leiteiro.Quanto
à quantidadede
um
produto
específico,depende da
demanda
nas
feiras, nas lojas especializadas
em
produtos
integrais eda
composição
semanal
da
cesta entregue aos
consumidores
assinantes.1.5.2
A
padariaO
trabalhoda
padaria é realizadopor duas
pessoas.Fabricam
pães
integrais, biscoitos integrais, pão-de-queijo, epreparam
a granola.A
matéria-prima écomprada
de
distribuidoresde
comprovada
produção
orgânica (casodo
trigo,açúcar
mascavo,
ovos,mel)
ede
produtores convencionais(flocos de
cereais, passasde
uva, Óleo vegetal, castanhas, gergelim).
A
produção semanal da
padaria é de:-
450
pães
ecucas
integraisde
600
g;-
200
pacotesde
biscoito integraldoce de
200
g;
-
200
pacotesde
biscoito integral salgadode
200
g;
-
350
pacotesde
granolade
200
g
(nasemana
em
que
a granolacompõe
a cesta)ou; ,
-
150
pacotesde
granolade
200
g
(apenaspara
distribuiçãoem
lojas especializadasem
produtos
integrais).1.5.3.
A
agricultura- 9
ha
de
culturas anuais- 10
ha
de
culturasperenes
- 1
ha
de açudes
(12 açudes)- ll
cabeças de
gado
bovino
- 6
cabeças de
suínos-
60
aves (galinhas e patos)1.5.3.1. Culturas anuais
As
culturas anuaiscompreendem
principalmente as espécies olerícolas.São
cerca
de 30
espécies cultivadas.Dentre
as produzidas, acenoura
(Daucus
careta) ea alface
(Lactuca
sativa) são constituintes essenciaisda
cesta.Ver
no anexo
4
a relação das espécies cultivadas.A
produção de
culturas anuais contacom
quatro estufasde 180
m2. Trêsestufas
possuem
canteiros irrigadospor
aspersão, e a outra é a estufa-sementeira,com
sistemade
irrigaçãopor imersão de
bandejas.A
áreade
horta é irrigadapor
aspersão e possui alguns canteiros-estufas (túneis
de
polietileno),para
culturasmais
sensíveis.
2
A
produção
olerícolado
Sítiodeve
atender principalmente àdemanda
de
cestas semanais, e
que
variaem
decorrênciada
época
do
ano,diminuindo nas
fériasde
verão.Durante
o estágio faltou cenoura,um
dos produtos
tidoscomo
essenciaisna composição
da
cesta.A
insuficiênciade produção de
cenoura, eeventuahnente
>de outras culturas, foi atribuída às
condições
adversasda
estação, à faltade
um
planejamento de
produção
e a incorreçãode
práticas culturaisde
plantio; desbaste econtrole
de
ervas; e colheita.No
casodo
plantio, perde-se pelaprofundidade de
cobertura das sementes.
Quanto
ao
desbaste e controlede
ervas, é necessárioque
seconheça o
comportamento
fisiológico das plantas, tirando-as especificamen-tenas
épocas de
interferência, pois as plantas nativasajudam
a proteger o solodo
ressecamento, pela atuação das raízes sobre a rede
de poros
e,também,
sua áreafoliar evita
o impacto
da chuva
sobre o solo,protegendo-o da
erosão.Outro
fatorde
perda de produção
é respeitante à colheita, pelodesconhecimento
do
comportamento
de reprodução
vegetativade
algumas
espéciesou do
ponto de
colheita e maturidade.
O
plantio das cultivares hortícolas é feitoatendendo
a urnamargem
de
segurança de
30%
da necessidade de
consumo.
O
atual chefeda
.horta está1.5.3.2.Culturas perenes
O
Sítiotem
projetode implantação de
associaçãode
culturasperenes
com
culturas anuais e
que
estásendo implantado
aos poucos. Pretende-seocupar
as áreasde
divisas, contornosde
açudes, beirasde
estradas, contornosda
mata, pastagens, e áreasde
lazer e jardins,com
espécies úteis,não
apenas
decorativas.Além
disso, asespécies vegetais
obedecerão
à diversidade eocuparão
diferentes estratos,objetivando
ao
aumento
de complexidade
do
ambiente.A
constituiçãodos
pomares
já aplica a diversidadede
espécies.As
frutas utilizadas e associadasem
quatropomares,
utilizando 1,5 ha, são: laranja (Citrussp.),
figo
(Ficus carica),mamão
(Caríca papaya),
banana
(Musa
sp.),goiaba
(Psídium
guajava),pêssego
eameixa
(Prunus
sp.).As
condições
do
soloonde
estãoos
pomares
sãomuito
precárias, apresentando, inclusive,afloramento
de rocha
na
área
de
encostaonde
estão implantados.1.5.3.3.
Açuúes
i
Há
12 açudes, dois deles seprestam ao abastecimento de água para
irrigação.No
entanto, pretende-se consorciar a criaçãode
peixescom
suínos e estabelecerum
sistema
de
recreaçãopesque-pague,
no
qual acomunidade
poderá
visitar o Sítio e teroportunidade de
pescar ecomprar
os peixes pescados.1.5.3.4.
Animais
O
Sítio desativouo
tambo
que
possuía e comercializou asvacas
com
um
dos
atuais fornecedores
de
leiteao
laticínio.Permanecem
na
propriedadeduas
juntasde
bois,
para
tração animal, e setevacas
leiteiras Jersey eHolandês.
Há
um
projetode
construção
de tambo,
quando
entãoo
sistemade produção
leiteira será otimizado.O
manejo do gado
inclui alimentação àbase de
pastoem
potreiros durante odia e recolhimento
em
estábulo à noite,com
fornecimento de forragem
no
cocho.A
justificativa desse
procedimento
é a coletada
bostado gado
pelamanhã, quando
seprocede
àlimpeza
do
estábulocom
água
earmazenagem
em
tanquesde
captação,para
posterioruso
como
adubo
orgânico. _As
avesnão
têm
um
programa
de
alimentação, postura e reprodução.O
ruminal.
Esta
associação aves-esterco penniteque
se façaum
controlede
larvasde
moscas.
A
alimentação é feita àbase
de milho
e restosde
hortaliças.-
Os
suínos existentesno
Sítio são criadoscom
restos alimentaresda
cozinha
erefeitório, e totalizam oito cabeças.
Normalmente
são trocadospor
outros leitõesquando
atingem peso
suficientepara
o
abate.O
manejo
dos
dejetos é feitoem
~tanque
de captaçao
e decantação, para posterioruso
no
solo.1.5.4.
Manutenção
técnicaÉ
da
responsabilidadede
um
dos
sócios amanutenção
de
máquinas
e instalações.O
Sítiomantém
além
de
uma
oficina mecânica,
uma
marcenaria.Para
alguns trabalhos
de
construçãoou
reparoshá
a contrataçãode
diaristas.1.5.5. Estoque de produção e de produtos para
consumo
O
estoque é responsável peloempacotamento
earmazenagem
de produtos de
padaria,
bem
como
da
distribuiçãode produtos
adquiridos pelaCooperativa
ou
de
fabricação própria, a
preço de
custo, aos sóciosda
Cooperativa.1
1.5.6. Cozinha e refeitório
O
setor cozinha-refeitório é administradopor
uma
cozinheira euma
auxiliar.É
responsável
por
três refeiçõesdos
cooperativados (caféda
manhã, almoço
e caféda
tarde), durante os cinco dias
da
semana
enos sábados
oferece caféda
manhã
ealmoço.
.São
atendidos todos os sócios e seusfilhos
gratuitamente, totalizando26
refeições.A
alimentação servida exclui qualquer tipode
came.
Além
do
atendimento
aos sócios, o setor cozinha-refeitóriopode
servir refeições a visitantesou
grupos de
visitantes,cobrando,
nesse caso, urna taxa.1.5.7. Secretaria
A
secretaria é responsável pelo controlede
cestas,cadastramento
de
assinantes e pela parte administrativo-financeirada
Cooperativa.Além
da
secretária,as
funções
neste setor são exercidas pelo presidenteda Cooperativa
e pelo vice- presidente.1.5.8. Comercialização
O
setorde
comercialização échefiado
por
um
dos
sócios.Porém,
aparticipação
nas
feiras é exigidana forma
de
rodízio, possibilitandoque
amaior
parte
dos
sócios vivencie a relaçãoprodução-venda-consumo,
estabelecendo contatodireto entre produtor e
consumidor.
Este setor faz entregas
de
200
cestassemanais
aosconsumidores
assinantes; é responsável pelavenda
dos produtos nas
feirasde
PortoAlegre
eNovo
Hamburgo;
pela entregados produtos
em
casas especializadas; e pelacompra
de
produtos de
outros produtores orgânicos,para
consumo
dos
sóciosda
cooperativaou,
para
venda
nas
cestasdos
assinantes.A
entrega é realizadade
terça à sexta ,no
período
da
manhã,
exceção
à terça-feira.A
agricultura praticadano
SítioPé na
Terrasegue
princípiosde
produção
sustentável.
Esse
tipode produção
éo
objetivode
várias correntesde
uma
agricultura
que
hoje é tidacomo
alternativa,para
a agricultura praticadacom
base
no
uso
intensivode insumos
industriais eque
provocou
acontaminação
do
solo,água, ar e
organismos
vivos, inclusive ohomem.
De
forma
bastante ampla,uma
produção
sustentável implicaem
ter-seuma
visãoorgânica,
isto é,uma
visãoque
considera a
vida
possível atravésda dinâmica
da
Natureza, peloprocesso de
composição
edecomposição da
matéria.A
agricultura sustentável,mais
do
que
a“modema
agricultura”, é a aplicaçãodo
conhecimento
básicoque
setem
de
processos
produtivosda
Natureza
em
sistemas locaisde
agricultura.Segundo Eugene
P.Odum,
o
processo
vital ocorre dentrode
um
sistemaecológico
ou
ecossistema,definido
como
qualquertmidade
(biossistema)que
abranja todos os
organismos que
funcionam
em
conjunto (acomunidade
biótica)numa
dada
área, interagindocom
oambiente
fisicode
talforma que
um
fluxo
de
energia
produza
estruturas bióticas claramente definidas euma
ciclagem
de
materiais entre as partes vivas e não-vivas.2Para
omesmo
autor,um
biossistema agrícola échamado
agroecossistema,
e é caracterizado peloemprego
de
outras fontesde
energia
além
da
solar eonde há
redução
da
diversidadede organismos
pela seleçãoartificial,
visando
otimizar aprodução de
alimentosde origem animal
e vegetal.3No
entanto, adefinição
acima
para agroecossistema
toma
como
base
um
modelo
europeu
enoite-americano de
consumo
intensivode
combustíveis fósseis eprodutos químicos
sintéticos.Esse
tipode
agricultura,chamada
convencional,tem
feito seleções e
reduções
nas paisagensda
Natureza
dasformas mais
variadas,privando
tais paisagensde elementos
participantesno
ciclode
composição
edecomposição da
matéria.Além
dos
prejuízosao
meio
ambiente
e àsaúde dos
produtores e
consumidores,
essa agriculturaprovocou
em
paísespobres dos
trópicosluna
dependência
econômica
e tecnológicamuito
forte,aumentando
as diferenças sociaisno
nívelde desenvolvimento
dentrodos
países e entre os países.2
Odum,
Eugene P. Ecologia. Trad.: Christopher J. Tribe. Rio de Janeiro, DiscosCBS,
1985. p. 9.3
Por
outro lado, há- sistemasde
produção
agrícola, particularmentenos
trópicos,
que
mantêm
a diversidadede
espécies eonde
interagem
plantas e animaissemidomesticados,
eque
servem
de
modelo
para a agriculturaque busca maior
equilíbrio solo-planta-animal-homem.4
A
necessidade de
mudar
omodelo
de produção
agrícola surge, ironicamente,nos
paísesque disseminaram o
modelo
químico
e altamenteconsumidor
de
energia.Os
Estados
Unidos
enfrentam
graveproblema
de
contaminação de
lençol freático ede
alimentoscom
nitratos e pesticidas, erosãode
solos, resistênciade
pragas aosagrotóxicos.
Os
gastoscom
insumos
setomaram
uma
significativa partedos
custostotais
de operação
das lavouras, e impeliu os produtores amodificarem
suas técnicasde produção.
As
“alternativas” encontradas são derivadasde
praticas convencionaise, a esse sistema “alternativo”
de produção,
chamam
Agricultura Alternativas
No
entanto, o
termo
“alternativa”pressupõe
uma
agriculturaque
inexistia, eque
surgeagora
como
solução. Isto éequivocado,
poiso que
chamam
de
“altemativas” hojesão técnicas
de
um
processo
realde produção,
utilizadasem
épocas
anteriores àimposição
do
modelo
de
produção
“modema”
Agricultura sustentável, portanto, 'é
um
sistemade
produção
de
alimentosou
fibras
que busca
sistematicamente atingir as seguintes metas:- incorporação
mais profunda de processos
naturaisde ciclagem de
nutrientes,fixação
de
nitrogênio e relação entre pragas e predadores, dentrodo
processo de
produção
agrícola,-
redução
do
uso de insumos
externos, responsáveispor
danos ao
meio
ambiente
e àsaúde
de
produtores econsumidores,
-
aumento do
uso
do
potencial genético e biológicode
espécies vegetais e animais,~
-
melhorar
a relação entremodelo
de produção,
potencial produtivo e limitaçoesfisicas
de
terras agrícolas,para
assegurar a sustentabilidadepor mais
tempo
dos
níveis
de
produção
atual, e4
Altieri, Miguel A. Agroecologia. Trad.: Patrícia Vaz. Rio de Janeiro,
PTA/FASE,
1989. p. 105.5
National Research Council- Committee on the role of Alternative Farming
Methods
inModern
Production Agriculture. Alternative agriculture. Washington, D. C., National
Academy
Press,-
produção
eficiente e rentável,com
ênfase àmelhoria de
administraçãoda
unidade,~
proteçao
do
solo, água, energia e recursos naturaisóA
necessidade de
fazer-se agriculturade
forma
sustentável é sentidatambém
em
países pobres.Mais
ainda,porque
a faixa tropical possuicondições
ambientaismuito
diferentesde
regiões temperadas.Tomando-se
a disponibilidadede
energiasolar, o nível
de
precipitação e a diversidadede
espécies vegetais e animaisda
região tropical,
pode-se perceber que
um
agroecossistema
tropical sustentáveldeve
ser, necessariamente, diversificado.
A
diversidadede
um
ecossistema eagroecossistema
é dependente,além da
energia solar,
do
agente solo,complexo
biótico e dinâmico,onde
interagem
fatores físicos equímicos
e agentes bióticos e abióticos.Da
complexidade mantida
no
solo esobre ele,
com
espéciesda
microbiota, vegetais e animais,há
a garantiade
fertilidade e disponibilidade
de
nutrientespara
odesenvolvimento da
biota interna eextema
ao
solo.Partindo-se
da
importância dascondições
do
solo,da
diversidadede
espéciese
da
complexidade
estabelecida entre os agentes e fatoresem
um
agroecossistema
de
produção
sustentável, isto é,continuada
ao longo
do
tempo,
os sistemasde
produção
e as práticas culturaisdo
SítioPé na
Terravisam
proteger, estabelecer erecuperar
condições
do
solo, favoráveisao pleno desenvolvimento de
sua biota, eestabelecimento
de
equilíbrio entre omeio
biótico e abiótico.Para
que
essacondição
de
equilíbrioaconteça
dentrode
características tropicais e subtropicais, a diversidade éconseguida
com
a policultura.2.1.
Sistema de
produçao
2.1.1. PoliculturaA
policultura é a associaçãode
espécies vegetais e animais. Existeem
ecossistemas naturais,onde
o desenvolvimento
das espécies e asmudanças
ocorrem
ao longo
do
tempo,
em uma
sucessão.Cada
estágiodo
desenvolvimento
evolui ecria
condições para que
outras espécies se estabeleçam.Para
agroecossistemasde
agricultura sustentável, o
processo de sucessão
pode
ser acelerado, utilizando-seespécies úteis e valorizando a
vegetação
existenteem
determinada
área.A
escolha6
National Research Council- Committee on the role of Alternative Farming Methods in
Modern
Production Agriculture. Alternative agriculture. Washington, D. C., National
Academy
Press,das espécies e a
ocupação da
área agrícoladepende da
aptidãode
uso
das glebas.É
muito
desejável a utilizaçãode
espécies arbóreas nativasou
adaptadas,principalmente as
fixadoras de
nitrogênio,que
podem
fornecer lenha, madeira, forragem,adubação
verde, alimentaçãohumana
e animal, cercas-vivas, quebra-vento,
produtos
medicinais e aromáticos, etc.Segundo
Mollison,o planejamento de
uma
policultura, para atingir-seo clímax
em
menos
tempo, segue
alguns princípios:- usar a
vegetação que
já existena
área a serocupada;
- introduzir plantas
de
fácil sobrevivência eque
ajudem na
fertilizaçãodo
solo,valendo-se
de
associações entre plantasperenes
e anuais;- substituição
de
espécies pioneiraspor
espéciesmais
úteis.7A
diversidadede
espécies é essencialna
policultura e válida para culturasperenes, anuais e associações destas
com
animais.As
vantagens
primáriasda
diversificação vegetal
incluem
aredução
da
erosão;melhoria
da
fertilidadedo
solo;aumento
de produção,
como
resultadodo
efeitode
rotação;diminuição da
necessidade
do
uso de
nitrogênio(quando
a rotação inclui leguminosas);diminuição
dos
riscos financeiros, resultadoda
mudança
de
preços.É
importante ter claroque
as técnicas
usadas
no
processo de
irnplantaçãoou manejo
de
qualquer culturaou
associação
de
culturas influencia diretamente outros fatores e agentes constituintesde
um
sistemacomplexo.
Portanto, pretenderum
sistema sustentável, exigeconsiderar, simultaneamente, as partes
do
todo.2.1.1.1.
Uso
de policulturacom
espécies perenes2.1.1.1.1. Florestamento, reflorestamento e cordão vegetal permanente
Para
áreas marginais ecom
baixacapacidade de produção,
com
uso de
espécies
perenes
úteis, preferenciahnente nativas, fornecedorasde
madeira, lenha, frutos, forragem.A
coberturaproporcionada
pelavegetação de florestamento
protege
o
soloda ação da água de
chuva
edo
sol, possibilitando amelhoria
de
condições
microclimáticas ede
solo.A
copa
das árvoresmaiores
intercepta aradiação solar, a precipitação e
o
movimento
de
ar,enquanto o
sistema radicularexplora
grande
volume
de
solo,proporcionando
urna redistribuiçãode
água
e nutrientes,quando da
caída edecomposição
das folhasno
solo.8Além
disso,o
consórcio
de
culturas possibilitamaior
controlede
plantas invasoras, evita a erosão, possibilita afixação
de
nitrogêniono
casode
leguminosas, diminuio
ataquede
7Mollison, Bill. Introduction to permaculture. Tagari Publications, 1991. p. 1 15.
8
insetos,
proporciona
áreassombreadas
e cria paisagens esteticamente equilibradas ebiologicamente diversificadas.
Há
um
projetono
Sítioque
estásendo implantado
eque
objetiva usara
associação
de
espéciesnas
áreasde
limitesgeográficos,
margens
de
açudes,margens
de
estradas,contomos
de
áreas cultivadas,nas
pastagens, jardins e áreasde
lazer. Pretende-se
uma
estratificação,para
ocupação do
espaço
horizontal e vertical.Espécies
utilizadas:guandu
(Cajanus
sp.), leucena(Leucaena
sp.),amoreira
(Rubus
sp.), capim-cidró
(Cymbopogon
citratus),cinamomo
(Melia
azedarach), cravo-de-defunto
(T
agetes sp.).2.1.1.1.2.
Pastagem
O
Sítio trabalhavacom
o
sistemade
PastoreioRacional Voisin
até 1993.No
entanto, pela
necessidade
de
deslocaro
tambo do
localonde
estava e peladificuldade de
encontrarum
sócioque
se responsabilizassepor
ele, asvacas
leiteirasforam
vendidas
e otambo
desativado.Atualmente,
asvacas
que
restaram sãomanejadas
de
forma
extensiva e a distribuiçãoda
bostanas
áreas cultivadas é feitacom
trator.O
Sítio pretende reimplantar esse sistema e acrescentar àpastagem
espécies
leguminosas
arbóreas perenes.2.1.1.1.3.
Pomares
A
associaçãode
espéciesem
pomares pode
incluir fiutíferas, não-frutíferas e culturas anuais.É
importanteque
seobserve
a distribuiçãoda
vegetação
tantono
plano
horizontalquanto
no
vertical,para
que
acompetição por
luz,água
e nutrientesesteja dentro
de
limites toleráveis.É
importantetambém
evitarconcentração de
espécies, preferindo espalhá-las para
melhor
controlar asdoenças
e possibilitar adistribuição
de
abelhas.Para
decidir sobre a associaçãoem
um
pomar, deve
observar-se
o
seguinte: '- a estrutura potencial das árvores
quando
perfeitamente desenvolvidas;-tolerância as
condições de
sombreamento;
- altura
que
as árvores atingem;-
necessidade
de umidade;
- alelopatia entre as espécies;
-tipo
de
polinização e sistemade reprodução
(plantasmonóicas
ou
diÓicas).99
No
caso dos
pomares do
Sítio,háassociação
de
espéciesperenes
entre si edestas
com
culturas anuais,como
o feijão(Phaseolus
vulgaris).As
plantas utilizadas sãode
Citrus sp., rosáceas(Prunus
sp.), bananeira(Musa
sp.), figueira(Ficus carica), goiabeira
(Psidium guajava)
emainoeiro (Carica
sp.).Não
há
uma
preocupação
com
o
controleda
vegetação
sucessional, principalmenteporque
ospomares foram
implantados
em
áreaspobres
de
nutrientes, rasos,com
baixaatividade
microbiana
e reduzidaumidade.
A
presença de vegetação
nativa possibilitauma
atividademaior de microrganismos
junto à sua rizosfera, e acomplexidade
biótica
pode
seraumentada,
apesar das limitações originais.Por
época
de
plantiodo
feijãohá
um
preparo
minimo
do
solo, para evitar a competição.2.1.1.2. Associação de espécies
em
áreas de cultivo anual2.1.1.2.1. Rotação de culturas
É
um
sistemade
rodíziode
culturasem
uma mesma
área,seguindo
um
plano
definido.
A
escolha das culturasdeve
levarem
consideração ascondições
do
solo, a topografia, o clima eo mercado.
Não
há
necessidade de
serem
anuais, epodem
ter ciclosmais
longos,como
éo caso
da
mandioca
(Manihot
esculenta), cana-de-açúcar(Saccharum
sp) emesmo
aspastagens.”
A
rotaçãode
culturas éuma
práticaque
influenciaintimamente
o
ambiente, afetando a fertilidadedo
solo e a erosão, o controlede
patógenos,de
insetos ede
plantas invasoras.
Além
disso,há melhor
organização
da produção
e distribuiçãodas
culturas
na
unidade
agricola.Conseqüentemente,
odesenvolvimento
das plantas estáintimamente
ligada a essa prática.A
seqüênciade
culturasna
rotação éum
fator importante, poisalgumas
culturas
podem
produzirmais
ou
menos
dependendo
da
cultura anterior, pelo efeito alelopático, doenças, exigênciade
fertilidade.Nesse
caso, deve-se evitar plantarno
mesmo
local espéciesde
mesma
família,mesmo
tipo radicular e aquelasde ação
mibidora
sobreo
crescimentoda
planta posterior.A
área agrícolade uso mais
intensono
Sítio é ade
produção
de
olerícolas,que
nonnalmente
têm
um
ciclo entre dois a quatromeses.
O
rápidodesenvolvimento
e
o
repetido cultivo das espéciespode
gerar desequilíbriona
relação solo-planta,tomando-as
suscetíveisao
.ataquede
patógenos.Por
outro lado, a diversidadede
1°