TO
llílljROSA
FIÚZA
LINFOMA
DE
VULVA
RELATO
DE
CASO
E
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, para a conclusão no Curso de Graduação
em
Medicina.FLORIANÓPOLIS
ROSA
FIÚZA
¿§Í>
O
LINF
OMA
DE
VULVA
RELATO
DE CASO
E
®<\@
REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, para a conclusão no Curso de Graduação
em
Medicina.Coordenador do Curso: Prof. Edson José Cardoso
Orientador: Prof. Edison Natal Fedrizzi
~
FLORIANÓPOLIS
~AGRADECIMENTO
Ao
Orientador deste trabalho ProfessorEdison Natal
Fedrizzipela
atenção
dedicada
com
tamanha
sensibilidade ehumanismo.
. 'À
minha
queridamãe
que
atravésde sua
simplicidade e sabedoriasoube
conduzir-me
a
um bom
caminho.A
todos que,de maneira
diretaou
indiretamente contribuirampara a
1.
1NTRoDUÇÃo
... _.2.
RELATO DE CASO
... ..2.1 - Anamnese e
Exame
Físico _.2.2 - Exames Complementares e Estadiamento 2.3 - Tratamento Cirúrgico ... .. 2.4 - Evolução ... .. 2.5 - Anatomia-Patológica ... ._ 3.
DISCUSSÃO
... .. 4.coNcLUSÃo
... ._ 5.REFERÊNCIA
BrBL1oG1LÁF1cA...RESUMO
... ..ABSTRACT
... ..ÍNDICE
1.
INTRODUÇÃO
O
linfomanão hodgkin
(LIÍIH) éuma
neoplasiamaligna
caracterizada pelaproliferação de células originárias dos tecidos linfóides (linfócitos, histiócitos e
seus precurssores).
Geralmente
deorigem monoclonal
linfonodal, 1/3 dos casospode
terorigem
em
outros locaisonde
existe tecido linfóidecomo
intestino,medula
Óssea e pele.lNos
EstadosUnidos (EUA),
em
junho' de 1995, estimou-seque
o linfomamaligno
atingiria,no
finaldo
mesmo
ano, 50.900 americanos, dentre os quais 21.400 seriam mulheres e destes *A de todos os casos teriam sítiosextranodais
com
quase2%
origináriosdo
trato genital inferior.2Recentemente
tem-sedado
importância aos linfomas deorigem
extranodal,porém
o
diagnóstico preciso é dificil e a literatura
não chega
aum
consenso.3Em
Israel, dos linfomas,36%
eram
extranodais,na
Finlândia28%,
lesteda
Alemanha
47%
e
48%
na
Itália.3A
distribuiçãodo
tumor, por ser difuso, dificultao
reconhecimento
do
seu sítio primário,na
grande maioria das vezes. 3No
tratogenital feminino esta neoplasia é rara e
quando
presente atinge o ovárioem
49%,
útero11%,
vagina7%
e vulva 4%.4”5A
taxa de crescimentoda
mortalidade por linfoma pélvico,em
mulheres
americanas brancas nos
EUA
só é superada pela taxa decarcinoma
pulmonar.6 Acredita-seque
hajaum
crescimento logaritmocom
o avançarda
idade. 6A
frequênciacom
que
um
ginecologista se depara clinicamentecom
um
linfoma
pélvicomaligno
é rara,7 entretanto estudos de autópsiasmostraram que
aproximadamente
40%
das mulheresque
morrem
deLNH
tinham
comprometimento
tumoraldo
trato genital,6 e amá
interpretação histológica de6
A
revisão bibliográfica revelapoucos
casos publicadosde
LNH
deorigem
primária vulvar, tendo sido descrito até o
momento
16 casosem
todoo
mundo.
(TAUSSIG,
-1937;BUCKINGHAM,
et al, 1955,WESELEY,
et a1;, 1958;ILIYA,
et al, 1968;SCHILLER,
et al, 1973;SNEDDON,
ct al, 1972;SWANSON,
et al, 1987; TOL/IE, 'et al, 1987;BAGELLA
et al, 1990;FERRANDO
-
MARCO,
et al, 1992;MARCOS
C., et al, 1992;NAM,
et al,1992;
TUDER,
1992;KAPLAN,
et al, 1993;KAPLAN'et
al, 1996)1'2”4”5'7'8”9”1°'lU2”13”14”15”16°l7
TUDER
em
1991 publicou
2
casos encontradosH
no
Brasil. 8 Este relato é
o
17° caso de linfoma de vulva descritono
mundo,
o 3°no
Brasil e 1°
em
nosso Serviço.A `
Autoridades
chamam
a atenção parao
fato deque o
linfoma pélvicopoder
mimetizar sintomas de
doença
ginecológica primária, daí a necessidadede
uma
maior
acuráciano
diagnóstico e estadiamento clínico e histopatológico afim
de
se delinear
uma
terapêutica adequada. 6 »Por
tratar-se deum
tumor
raroou
talvezmau
diagnosticado, relatamosum
caso de linfoma primárioem
vulva,com
revisãoda
literatura, tendocomo
2.
RELATO
DE
CASO
2.1 -
Anamnese
eExame
Físico:TG,
ólanos, branca, solteira, lavradora, natural deCampos Novos
e procedente de Fraiburgo-
SC.Nenhuma
internação anterior.Há
i
3meses
daintemação
(24/06/96) a pacientenotou
um
nódulo
em
região vulvar esquerda
com
aumento
progressivo esem
sintomas associadoscomo
dor, pmrido,sangramento ou
perda de peso. Procurou auxíliomédico
em
sua cidade
onde
fez biópsia e tratamento local através de curativos.Com
diagnóstico de
carcinoma
vulvar foiencaminhada
aoCEPON
(Centrode
Pesquisa Oncológica) de Florianópolis, para avaliação,
que
indicou tratamento radioterápicono
HC
(Hospital de Caridade).Após
a avaliação clínicada
paciente neste serviço e impossibilidade de tratamentocom
radioterapia, amesma
foiencaminhada
ao Serviço deOncologia
Genitaldo
HU
(Hospital Universitário-
UFSC)
para avaliação cirúrgica.V
Nos
antecedentes ginecológicos e obstétricos apresentavamenarca
aos 14 anos,menopausa
aos49
anos, 6 gestaçõescom
partonormal
(GVI,
P
VI), inícioda
atividade sexual aos 21 anos, último coitohá
i
20
anos.Nunca
fez usode
ACO
(anticoncepcional oral) enão
fazia terapiade
reposição hormonal.Nunca
havia realizadoexame
ginecológico antes.Ao
exame
fisico geralnão
apresentava particularidades e aoexame
ginecológico, genitália
extema
com
pilificaçãonormal
para a idade, apresentando lesão vegetante, ulcerada,ocupando pequeno
e grande lábio8
Fig.1:
Aspecto
clínicoda
lesão.Região
inguinal bilateralcom
linfonodosaumentados de
volume
com
características inflamatórias.
O
restanteda vulva
e região inguinal apresentava hiperemia,descamação
e infiltração neoplásica.Toque
vaginalcom
colo atrófico e anexosnão
palpáveis.Toque
retal normal, paramétrios livres.9
2.2
-Exames
Complementares
eEstadiamento:
A
paciente foiencaminhada
com
resultado da biópsiada
lesão realizadaem
sua cidade (Fraiburgo)com
diagnóstico de“Adenocarcinoma
de Vulva”.Como
a localização da lesão era incompatívelcom
o diagnóstico, foi realizadouma
segunda
biópsia,no
HU,
que mostrou “Carcinoma
pouco
diferenciado”.Os
resultados dosexames
complementares
e de estadiamentoforam
osseguintes:
Biópsia
de
Vulva: (22/O5/96)Carcinoma
pouco
diferenciadoRx
Tórax:
(21/05/96).
Pulmão
com
transparência e vascularização normais.
Coração
e vasos da base deconfiguração
anatômica edimensões
nos limitesda
normalidade
_
Demais
estruturasdo
mediastinosem
alterações radiográficas. Seios costo
-
frênicos livres.
Arcabouço
costalsem
alteraçõesECG:
(23/05/96) Dentro dos limitesda
normalidadeUSG
Abdominal
total: (27/O5/96) Colelitíase , ausência deimagem
sugestiva delinfonodomegalia retroperitoniais e
demais
Órgãos dentro dos limitesda
normalidade.
Laboratório:
(27/05/96)Hemograma:
_
Hemácias
=
4,55milhões/mm3
10
Hematócrito
=
38,3%
Leucócitos
=
5.900p/mm3; segmentados
=
61%
Linfócitos=
19%
Plaquetas=
374.000p/mm3
Eletrólitos
=
Sódio: 141mEg/l
Potássio: 4,5
mEg/l
Função
Renal
=
Uréia:28 mg/dl
Creatinina: 0,43
mg/dl
EQU:
normal
Urocultura: negativa
Além
destesexames
a paciente realizou avaliação endocrinológica (queevidenciou Diabetes Mellitus
descompensado)
e cardiológico, apresentando provável Válvula Aóitica Bicúspidecom
estenose clinicamente insignificante.Estadiamento:
Carcinoma
deVulva
-
Estadio II (T2No
Mo)
2.3
-Tratamento
Cirúrgico:
O
tratamento proposto à paciente foi deuma
vulvectomia radicalcom
linfadenectomia inguinal superficial e profilnda bilateral e reconstrução imediata
ll
Na
data de 26/O6/96 a paciente foi submetidaao
tratamento cirúrgico. Iniciou-secom uma
incisão de peleem
“Asa
de Borboleta” e a linfadenectomia inguinal superficial e profundacom
dissecção desde o ligamento inguinal até a pube, tendocomo
limite lateralo músculo
sartório e medial o adutor longo.Os
mesmos
apresentavam-seaumentados
devolume,
mas
aparentementesem
comprometimento
neoplásico.(F ig. 2)'
.H ' 'A1'-T!"§z“ .-1 'ía
"'z_;-_›z " ; ge ~^^._‹-w{§_z'¿¬v šãf.-izígšàâ z-fi. ‹¿z~z~.- -ij;-i z›.f_1fz%›z-2‹~f¿'=§;z=... Í; -f , .=~_¬z
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A ›Fig.2:
Demarcação
da incisão cirúrgica.A
veia safenamagna
foi preservada bilateralmente e todo o tecido celularsubcutâneo
com
as cadeias linfonodaisforam
dissecados até o limite inferior12
*fl\
Fig.3: Detalhe
da
linfadenectomia inguinal esquerdacom
preservaçãoda
veia safenamagna.
Em
seguida iniciou-se a vulvectomiacom
uma
margem
de segurança de 3cm.O
tecido foi dissecado até plano muscular.O
tumor comprometia o
músculo
grácil na sua porção proximal esquerda tendo sido ressecado.A
uretra ea vagina
foram
preservadas.Não
foi possível utilizar omúsculo
grácil pararetalho
miocutâneo
como
planejado, devido ao seucomprometimento
tumoral.13
Fig.4:
Aspecto
finalda
ressecçãodo
tumor.Como
a paciente apresentava flacidez e excesso de peleabdominal
foirealizado rebaixamento de retalho
dermocutâneo abdominal
parafechamento da
área cruenta abdomino-perineal
com
fio
inabsorvível e pontos separados.A
ferida operatória (F.O) foi lavadacom
soro fisiológico(SF 0,9%)
e fechadacom
pontos subcuticularescom
fio de absorção lenta (Vicryl 4-O) e pontos separadoscom
fio
inabsorvível(mononylon
3-O) e drenadacom
aspiraçao contínua (Porto-Vac)no
localda
linfadenectoinia, bilateralmente. (Fig. 5)l-l
F
ig.5:Aspecto
finaldo
rebaixamentodermocutâneo
com
drenos de aspiração continua bilateral.A
peça foi retirada einmonobloco
eencaminhada
para o Serviço de15 23- 2.. 21- 20- 19 18
-Q
2:
.t=f-=f==‹>-=2M~~~""
I
Fig.6:
Peça
cirúrgicacom
linfadenectomia inguinal bilateral e terço proximaldo
músculo
grácil (reparo).2.4
-Evolução
A
paciente evoluiubem
no
pós-operatório,com
drenos de aspiração contínua eliminando secreção sero-sanguinolentaem
pequena
quantidade,sonda
vesical de
demora
com
diurese mantida, niveis pressóricos e glicêmicos dentro da normalidade, afebril, aceitandobem
toda a dieta.Permaneceu no
leito recebendo cuidados de higiene emudança
de decúbito nos cincos (5) primeirosdias e curativos diários (3 vezes ao dia)
com
gaze epomada
de fibrinolisinacom
desoxirribonuclease e cloranfenicol namucosa
genital.No
5° dia P.O. evoluiucom
eliminação de secreção sero-sanguinolentaem
16
glicêmicos
tomaram-se
elevados, tendo-se iniciado o usode
insulinahumana
conforme
glicemia capilar.No
10° dia P.O. a região vulvar passou a apresentar deiscênciade
suturaem
área supra uretralcom
eliminaçao de secreção esverdeadaem
média
quantidade e epidermólise
na
porção inferiordo
retalho. (Fig.7)ez. \z j'¡¿. ,_ ' 'az :sf ` x _ É ;= P .z . _.. F __;
Fig.7: 10° dia P_O.
com
epidermólise inguinal bilateral e deiscência de suturaem
região supra uretral.17
No
12° dia P.O. a ferida passou a apresentar pontos necróticosna porção
inferior
da
região inguinal, tendo sido realizado debridamento.No
13° dia P.O. a ferida operatória (F.O.) apresentavabom
aspecto decicatrização
na
região vulvarcom
presença de tecido de granulação,porém
deiscência de suturaem
região inguinal inferiorcom
progressãoda
necrose eeliminação de secreção sero-sanguinolenta
em
média
quantidade. (Fig. 8)Fig.8: 13° dia P.O.
com
necrose supra uretralcom
tecido de granulação.Nos
dias seguintes realizou-sedebridamento da
lesão (área necrosadada
região inguinal bilateral), curativo
com
gaze epomada
de fibrinolisinacom
desoxirribonuclease e cloranfenicol.18
No
19° P.O. a paciente apresentava-secom
níveis pressóricos, térmicos e glicêmicos dentroda
normalidade.Permanecia
a eliminação de secreção, agoramais
serosaem
média
quantidade de região inguinal direita.No
dia seguinteretirou-se os pontos cirúrgicos e fez-se limpeza
com
sorofisiológico
e antisséptico. Neste período a F.O. já apresentava tecido de granulação epouca
secreção.No
23° dia P.O., recebeu alta hospitalarem bom
estado geral, F.O.em
fase final de cicatrização, afebril, níveis glicêmicos e pressóricos normais.(Fig.9)19
Foi orientada quanto a dieta para Diabetes Mellitus, curativo e sintomáticos e
encaminhada
paraacompanhamento
ambulatorialem
sua cidade e retornoperiódico ao
HU.
p
Após
oconhecimento
do
laudo anatomo-patológico definitivo (linfomanão
hodgkin) a paciente foiencaminhada
parao
Serviço deOncologia
Clínica(CEPON)
para reestadiamentodo
linfoma, tendo sido consideradocomo
primário
da
vulva e orientada paranova
avaliação após cicatrizaçãocompleta
da
F.O..
Após
3meses
da
cirurgia realizou tratamentocomplementar
com
radioterapia
em
região vulvar e inguinal bilateral,com
dose total de 4.400cGy.
A
pacientenão retomou
para revisão e-foi à óbitoem
março
de 1997 (9meses
após tratamento cirúrgico)
em
sua cidade por metástase cerebral.2.5
-Anatomia
Patológica-: (so/07/96)Macroscopia:
“Vulva
e pele perivulvarcom
15x
15x
3cm,
exibindo lesão ulceradacastanha
com
9,5x
7cm
nos maiores eixos,que acomete
grandes epequenos
lábios e
que
aos cortes é brancacenta, atingindoo
tecido adiposo subjacente. Observa-se aindasegmento
demúsculo
marcado.com
fio
de sutura, castanho escuro,que
aos cortes mostra área esbranquiçada.Foram
isolados ll linfonodos,sete (7) à esquerda e quatro (4) à direita.”
Microscopia:
“Cortes de pele exibindo neoplasia ulcerada
fonnada
pela proliferação de20
moderadamente
no
tamanho
ena
forma, dispostosem
maciços.A
neoplasiaultrapassa a
margem
profunda e atingeo
músculo
subjacente.Margem
anterior eposterior livres.
Dos
sete linfonodos isolados à esquerda e quatro à direita,nenhum
exibiacomprometimento
neoplásico. 4Foi realizado estudo
imuno
-
histoquímicoque
evidenciou:- Citoqueratina
=
negativo,¬`_
-
LCA
=
positivo, forte e difuso(+++)
-
Vimentina
=
negativa-
S
-
100
=
negativo”Conclusão:
“Vulva
+
linfonodos (vulvectomia+
linfadenectomia inguinal bilateral)=
LINFOMA
NÃO
HODGKIN
de grande células, padrão anaplásico.Margem
profunda
comprometida.
Sem
comprometimento
neoplásico nos onze linfonodosisolados.”
“No
estudocomplementar
para avaliar alinhagem
celulardo
linfoma, foirealizado
no
setor de patologiado
CEPON
outros estudos imuno-histoquímicoscom
os seguintes resultados:V
CITOQUERATINA:
Negativo
(diagnóstico diferencialcom
carcinoma)LCA:
Positivo (antígeno leoco_citáriocomum)
lPAN
B: Positivo (linhagemB)
CD30_:
Negativo (marcador
dePAN
B)
PAN
T: Positivo reacional (linhagem T)O
diagnóstico definitivo, então, trata-se deum
Linfoma
Não
Hodgkin
de
3.
DIscUssÃo
O
linfomanão hodgkin
(LNH)
inclui diversos grupos dedoenças
que
variam
seucomportamento
desdemuito
agressivo e rapidamente fatal adoença
indolente e de malignidade
bem
tolerada pelohomem.l8
A
himunohistoquímiça'possibilita identificar sua
origem sendo
a maioriade linhagem de
célulasB
4, 19, 20 "
(medula
óssea).O
LNH
de grande célulastem
alto grau de malignidade e frequentemente /.aparece
como
massa
localizada, de rápido crescimento, o qual geralmenteprovém
deum
linfonodo periférico e raramenteacomete
o trato genital inferior.1,2,4,s,ó,7,s,1sg1,zz,23,24 j
Durante
as últimas décadas tem-se tentado chegar aum
consenso
arespeito
da
classificaçãodo
linfomanão
Hodgkin
(classificaçãode
RAPPAPORT,
LUKES
&
COLLINS,
KIEL,
DORFMAN,
WORKING
FORMULATION,
HARRIS
&
ASCULLY,
entre outras)com
objetivode
delinear
um
método
prognósticocom
base nas características clínicas e histopatológicasdo
tumor.”8”24”25”26°27*28”29”3°Recomendar
um
manejo
dos
- ~
pacientes
com
LNH
toma-se
difícilnão
só pelamudança
constanteda
nomenclatura,
mas
também
pela problemáticaem
definir ossubgrupos
histológicos. Critérios variáveis de investigação diagnóstica relatam resultados
~
terapêuticos
em
termos de remissao e sobrevida,em
geral,sem
uma
prova
decontrole (seguimento clínico). 3”18”19'24'25°26'27”28”29°3°
A
mais
recente tentativa, talvez hoje amais
usada é a classificação de Harris criadaem
Berlinem
abrilde
1993 .24
De
acordocom
este autoro
tipo histológicodo
caso que apresentamos éclassificado
como LINF
OMA
DIFUSO
DE
GRANDES
CÉLULAS
(origemde
22
células
B)
ou
LINFOMA ANAPLÁs1co DE
GRANDES
CÉLULAS
(célulasT).
No
estudo imuno-lilistoqtiímico realizadocom
apeça
cirúrgicado
caso,o
resultado foi deorigem
das células B). AA
associação de determinados agentescom
oLNH
pode
levar aum
estímulomaior
para a progressão deste tumor. 2'19'.31° 32° 3334” 3136É
sabidoque o
HIV
eLNH
estão associadosem
múltiplas lesõesque
envolvem
tanto o proto-oncogen
quanto 0gen supressor do tumor
epodem
aceleraro desenvolvimento
da
AIDS
(síndromeda imunodeficiência
adquirida),além
do
linfoma.2'l9”33'34”35”36”37”
Outros agentes específicos
do
trato genital inferiorpodem
servircomo
estímulo carcinogênico nessa região, taiscomo:
vírus simples tipo II,HPV
(Papiloma Vírus
Humano)
e asdemais
Doenças
sexualmente transmissíveis.A
própria quimioterapia e radioterapia
têm
sido associadas aocarcinoma
de vaginae vulva.8° 31 -
A
real incidênciado
linfomamaligno
com
sítio primáriono
trato genital inferiornão
é claramente definida, muitos autorescolocam
como
sendo
entre 4e30%,
e destes,26%
são extranodais. 13 ”5”7”8”19”38Em
homens
a incidência deLNH
extranodal, excetuando-se a tireóide, émaior
ou
igual as taxas encontradasem
mulheres.O
sítio maiscomum
nos
homem
é a pele (0,8/ 100.000), duas vezesmais que
nas mulheres (0,4/ 100.000)que
têm
oestômago
como
sítiomais
frequente. 1'19°23 -Dentre os LNI-I extranodais o de grandes células
com
comportamento
difuso é o
mais
frequente;2”5 '19em
idosos (>65 anos)compreende
50%
doslinfomas.
A
incidênciaem
negros é68%
maior que
em
brancos.Nos homens
a incidência é 1,4 vezesmaior que
nas mulheres, sendoque
em
homens
brancos é 2 vezesmais que
em
mulheres negras.Aumenta
com
a idade de 0,3 (3 5-39 anos) para26,6%
(80-84 anos).A
média
de idade é de66
anos e a sobrevidaem
5anos
-23
'Nos
pacientescom
AIDS
a maioria dos linfomas sãode
alto grau e esteteve
um
crescimento dramático durante os anos 80, principalmenteem
homens
de idade
20
e49
anos.32” 34 Entretanto sua associaçãocom
aAIDS
refletiu-seem
1985
em
homens
com
média
de idade entre 35 e44
anos. 33” 34. ,. . ~ . 19,33 _
A
maioria dos linfomas de alto grau sao extranodais eem
pacientescom AIDS
éo
3°mais
frequente, 19' 32onde
num
estudo publicadoem
1991constatou-se
que
a presençado
LNH
em
pacientes americanos portadoresdo
HIV
chegou
a60
vezesmais
frequentedo que
apopulação
americanaem
geral.”A
vulva por ser mais facilmente examinada' tanto pela paciente quanto pelo ginecologista,tem
suas chancesaumentadas
deum
diagnóstico precoce.No
casodo
LNH
primário de vulva deorigem
extranodal,o
interessante éque
issoocorra antes
do
envolvimento linfático, 2porém
os
sinais e sintomas iniciais sãoinespecíficos. 2”4”5”6°7°21'26
A
pele é o sítiomais
comum
de apresentação extranodaldesse tipo de linfoma
(40%
dos casos)3°37que
geralmente manifesta-secomo
um
nódulo que
se projeta centrifugamenteformando
posteriormenteuma
úlceraúnica
que
já foi, inclusive, confundidocom
uma
DST
(doençasexualmente
transmissível), processo inflamatório inespecífico, abcesso,
tumor maligno
indiferenciado, etc.4'5°6°7”21”26
O
que
mais fortemente leva ao questionamento quanto a possibilidade de erro diagnóstico é a persistênciada
lesãomesmo
após
tratamento convencional para doenças benignas,
podendo
acompanhar-se de
sangramento
persistente, úlcera de dificil cicatrização, alastramento e infiltraçãotumoral.5
Em
termos neoplás-icos é, a primeira vista, indistingüíveldo carcinoma
ou
de outros tipos de sarcomas.2”7 Outro agravante é o despreparo, deum
modo
eral, dos intemistas 7 oncolo istas e radiotera eutas ara a avalia
ão
élvica e diagnóstico desta área?É
preciso darmais
ênfase aos sinais clínicos e envolvimento anatômicodo
trato genital i11Í`erior.l°2*3”4”5”7”8°9” 1°” 11” 12” 13” 14° 15” 16” 1724
autópsias
sugerem
incidência -maior e assimmesmo
a lesão precisa sermuito
grosseira para despertar tal hipótese diagnosticada. 7” 39
Fatores
como
uma
boa
relaçãomédico
paciente,examefisico
rigoroso,boa
história clínica, questionando inclusive quanto a possibilidadeda
associação de sintomatologia específicado
linfoma (febre, perda de peso e prurido notumo),4° presença demassa
pélvica de rápido crescimentoou
líquido ascíticoleitoso, resultado prévio e/ou atual de citologia de esfregaço cérvico-vaginal compatível
com
processo inflamatório crônicocom
muitos linfócitos,podem
facilitar O raciocínio clínica 1,2,3,4,s,ó,7,s,9,1o,11,1z,13,14,1s,1ó,17,1s,2s,2ó,4o
Na
suspeita clínica de linfoma
do
trato genital deve-se solicitar citologiacéwico
vaginal, realizar vulvoscopia, vaginoscopia e colposcopia,além
de biópsiada
lesão e
USG
pélvica eabdominal
total. 1”M,
5” 6” 8° 26* 31° 38Há
relatos de casosem
que
atravésda
citologia céwico-vaginal chegou-se a diagnóstico de linfoma.7” 26A
vulvoscopia (“colposcopia vulvar”) é útil para se avaliaruma
lesão inicial e direcionar a biópsia,programar maior
margem
de segurançaquando da
cirurgiaou
excluir presença de outros focosem
períneo.”A
biópsia,quando
bem
conduzida
tem
grande valia,porém
amaneira
com
que o
material de biópsia,de
peça
cirúrgicaou
necrópsia é preparadopode
induzir a erro diagnóstico.7O
LNH
extranodál, outrora introduzido
como
pseudo
linfomatem
sidomelhor
estudado~
em
consequênciada
aplicaçao demétodos
diagnósticos maismodernos
que
pennitem
a análise tantodo
genótipo quantodo
fenótipo tumoral, possibilitandoum
seguimento mais
apuradodo
tumor.19” 38 Atravésdo
USG
procura-se rastrearse
há
ou não
metástasesem
órgãoscomo
o figado, baço
e linfonodos. . . . 1
retroperltoniais,
comuns
nesse tipo de tumor. 1” 2”4” 6° 8' 9° 0” U' 12” 13' 15” 16” 23° 26” 38' 41” 43O
SNC
(SistemaNervoso
Cental)também
pode
estar envolvido e namedida
do
possível deve-se realizar
uma
TC
(tomografia computadorizada) ou»RNM
25
local necessita ser diferenciada de
um
comprometimento
sistêmico, a aspiraçãor 1 ' 8 4
i
i
da
medula
ossea faz-se necessaria. 6° 7° 23° 3 ° -1Nos
poucos
casos registrados dosLNH
primário de vulva tem-se optadopelo tratamento cirúrgico,
o mais
conservador possível, seguido de quimioterapia-
CHOP
(QT-CHOP)
ealgumas
vezesde
radioterapia. Entretanto, a' ' ' l '
a2› 1 a 1 ›14› 51 › ~ ' '
quimioterapia parece ser
o
tratamento eletivo. 1 4 5 8 13 1 18 27Nao
ha, ainda,uma
rotina estabelecidaem
tennos demanejo
e prognóstico dessa doença._1°2°3°4°5, 7, s, 9, io, ii, is, is, is, 27, 31,38, 39, 42, 43
A
quimoterapiaCHOP
(primeira geração deum
regime de
quimioterápicos,
combinados que
consisteem:
ciclofosfamida, doxorubicina,vincristina e prednisona)
tem
curadoaproximadamente
30%
dos pacientescom
LNH
em
estágiosavançados
de alto e intermediários graus.6°18°27°38°42~
Nos
casos deLNH
deorigem
extranodal o tratamento atravésda
cirurgia radicalnão
tem
apresentado sucesso terapêutico, 1° 2° 3° 4° 5° 6° 8° 13° 14° 15 equando o
sítio primário se faz
em
região pélvica esse tipo de intervenção é contra- indicado. Entretanto nosLNH
extranodais indiferenciados e/ou de grandescélulas cuja
doença
seja localizada, indica-se cirurgia conservadora seguidade
QT-CHOP
como
fator resolutivo temporário,uma
vezque
77%
destes pacientes são responsivos e destes50%
são passíveis de cura.6 já nos casosde
LNH
nodular,
o
comportamento
neoplásico, segueum
curso variável, geralmentecom
boa
resposta quimioterápica inicial e pobre tardiamenteóA
paciente,do
caso aqui relatado, foi submetida primariamenteao
tratamento cirúrgico
em
razãodo
diagnóstico inicial decarcinoma
pouco
diferenciado. .
A
Qt-CHOP
como
intervenção primáriatem
sido o tratamento de escolha26
A
Rt
tem
sua indicaçãocomo
terapia neoadjuvanteem
casos deLNH
localizados, (nodal
ou
extranodal),mas
infelizmente esse tipo decomportamento
é
pouco
frequente eo
seuemprego
como
adjuvante de cirurgia conservadoranão
- - ,2,3, ,s,ó,'/,s, 14, is
'
tem
tido benefício comprovadoil 4Naqueles
casosem
que
adoença
tem
origemprimária
em
trato genitalinferior, o
acometimento
sistêmico se faz rapidamente viahematogênico
com
metásteses frequentes para
figado,
baço, linfonodos retroperitoniais,medula
' ~ ' ' '
az: a 1 1 : a a 1
ossea
(M.O.)
eSNC,
razao pelo qual resultaem
pior prognostico. 1 3- 4 5 6 7 8 910, 11,12, 13, 15, 16, 19,21, 38, 43
I
Com
o
intuito de prevenir a recidiva tumoral parao
SNC,
especialmentemeninge
e/ou cérebro, tem-se sugeridoo
uso de methotrexate intratecal,quimioterápicos associados
com
o
uso de interferon e anticorpos monoclonais,o
que
não
significa controle totalda
doença.1°4Num
diagnóstico de LN1-I pélvicoo enfoque
principal sugerido éde
se procurar definirum
estadiamento clínico-histopatológico eem
termos
prognóstico alguns fatores
devem
ser analisadoscomo:
- extensão
da
doença; - estado geralda
paciente; - sítio(s) envolvido(s);-
tamanho
ou
extensãodo
tumor;- sintomas tanto da
doença
localcomo
sistêmica;- possibilidade de complicação (obstrução uretral e envolvimento meningeal); - função
medula
óssea.-
tempo
de evoluçãoda
lesão.”Acredita-se
que
nos casos deLNH
difuso,onde
parece haverum
forteaspecto autoimune, o prognóstico seja ruim.3°4
Quando
no
trato genital adoença
27
ou
comprometimento
extranodal localizado) a taxa de sobrevidanão excede
a 2anos,1°4 diferente daqueles
que quando
têm
sítio primárioem
peletêm
melhor
prognósticocom
sobrevida de 5 anosem
75%
dos casos.”4.
CONCLUSÃO
O
linfomanão hodgkin
(LÊIH) extranodalcom
sítito primárioem
vulva éraro
(4%)
e destes,o linfoma
difusodegrandes
células éo
maisfiequente
(40%)
dos carcinomas vulvares,o
linfoma representamenos
de1%
dos casos.Quando
originário de célulasB
têm
melhor
prognósticorespondendo
bem
à quimioterapia, apesardo
seu alto grau de malignidade.A
dificuldade diagnóstica baseia-senão
sóna
dificil distinção clínicade
outras
doença
benignas,como
na
problemáticada
classificação clínica ehistopatológica, sobre a qual
não há
consenso.O
primeiro diagnóstico para biópsiada
lesãodo
caso descrito foi deadenocarcinoma
e o segundo,de
carcinoma
pouco
diferenciado tendoo
diagnóstico definitivode
linfoma,somente
após o tratamento cirúrgico.A
onerosidade de determinadosexames
necessários para
o
estadiamento éem
nossomeio
uma
barreira social, dificultando a avaliação completa e prejudicando seu manejo.Quanto
ao tratamento, a quimioterapia neoadjuvasntecom
cirurgiaconservadora
tem
sido preconizada.As
variações terapêuticasdependerão do
tempo
de
evolução, fenótipo celular, sítio primário, extensãoda
lesãoem
termos
locais e/ou sistêmicos,
além do
estado geralda
paciente. Possivelmente teríamosum
melhor
resultadocom
tratamento quimoterápico inicial se o diagnóstico pré-operatório tivesse sido de linfoma.
O
grau de malignidade destetumor
é alto emesmo com
uma
terapiaadequada
otempo
de sobrevidanão excede
a dois (2) anos.Após
acometimento
sistêmico adoença toma-se
de dificil controle, daí a necessidade deum
diagnóstico preciso e precoce.O
comprometimento do
SNC
29
descartam a possibilidade de tratamento curativo,
que
depende
dascaracterísticas tumorais e
da
própria paciente.A
associaçãocom
outrasdoenças
que
levam
a diminuiçãoda
imunidade, entre as quais aAIDS
(síndromeda
imunodeficiência
adquirida),tem
sido citadacomo
.fatorempobrecedor do
prognóstico. -
Apesar da
frustraçãoem
tentar entender essadoença
e curar essaspacientes a investigação clínica intensiva
deve
ser encorajada.Dessa maneira
estaremos
prolongando
a sobrevida e efetivando a cura demuito mais
pacientes5.
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treatedRESUMO
É
descritoum
caso de .linfomanão hodgkin
(LIÍIH) de vulva considerado raro entre os tumores primários vulvares,A
paciente apresentavauma
lesão vegetante e infiltrativaem
grande lábio esquerdocom
necrose de pele e tecido subcutâneoem
todo terço superiorda
vulva. Apresentava aindauma
adenopatia inguinal bilateral de característica inflamatória e infiltrado neoplásico à esquerda. primeiro diagnóstico,baseado
em
biópsia, foi de“carcinoma
pouco
diferenciado”, sendo realizado, então,
uma
vulvectomia radicalcom
linfadenectomia inguinal superficial e profunda bilateral,
com
radioterapiacomplementar
após a cicatrização.O
diagnóstico histológicoda peça
cirúrgicafoi de
“Linfoma
Não
Hodgkin”.
Com
este diagnóstico a paciente foisubmetida
areestadiamento,
não
sendo encontrado outro focodo
tumor.Nove
meses
apóso
tratamento a paciente foi à óbito por metástase cerebral. Realizou-se
uma
revisão bibliográfica sobre o assunto para discussãodo
caso.ABSTRACT
In this report
we
describe a case ofnon-hodgkin
lymphoma
of
the vulva,which
is considered rareamong
primarytumors of
the vulva.The
patienthad
aextensive infiltrated lesion in her left labium
major
with skin necrosisof
the vulva”s superior third part.She
alsohad
bilateral . inguinaladenopathy
withinflamatory
characteristics.The
first diagnosisof
.the case, basedon
a biopsy,was
“poorly diferenciated carcinoma”.The
treatment appliedwas
radicalvulvectomy
with inguinal superficialand deep lymphadenectomy.
Radiotherapywith ambulatory follow-up
was
indicated.The
final pathologic diagnosiswas
non-hodgkin
lymphoma.
After this diagnosis the patientwas
submitted to re-stadiament,
and no
othertumour
focuswere
found.Nine
months
afier surgery,the patient died of brain°s metastasis. In order to
enhance
the discussion, a through bibliographic revision about this subject is included.TCC
UFSC
TO
0047 Ex.l N-Charm TCC UFSCTO
0047Autor: Fiúza, Rosa
Título: Linfoma de vulva : relato de ca
Ex.1 UFSC BSCCSM