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UMA ANÁLISE DO COMPLEXO REGIONAL DE SEGURANÇA DA AMÉRICA DO SUL A PARTIR DA RELAÇÃO COM POTÊNCIAS EXTRARREGIONAIS: INTRUSÃO OU OVERLAY?

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REPATS, Brasília, V.6, nº 2, p 200-230, Jul-Dez, 2019

UMA ANÁLISE DO COMPLEXO REGIONAL DE

SEGURANÇA DA AMÉRICA DO SUL A PARTIR DA

RELAÇÃO COM POTÊNCIAS EXTRARREGIONAIS:

INTRUSÃO OU OVERLAY?

AN ANALYSIS OF THE REGIONAL SECURITY

COMPLEX OF SOUTH AMERICA FROM THE

RELATIONSHIP WITH EXTRA-REGIONAL POWERS:

INTRUSION OR OVERLAY?

Beder Ledezma Castillo

*

RESUMO: O atual momento conjuntural sul americano, produto das distintas dinâmicas próprias dos países que a integram sinaliza para o fato de que é necessário entender, por um lado, as relações internacionais quanto às interações entre diferentes atores e setores e, por outro lado, suas repercussões em termos de percepções de segurança. Para tal, optamos pelo arcabouço teórico-conceitual da Escola de Copenhague por esta aportar significativa contribuição com a Teoria dos Complexos Regionais de Segurança (TCRS), o que permite estudar a América do Sul a partir do nível regional de análise. Cumpre destacar que a TCRS, em sua versão mais recente, foi apresentada ao público em 2003, no livro Regions and Powers. Assim, esta pesquisa tomou como objetivo principal verificar, mais de 15 anos depois, o lócus ocupado pela América do Sul nesta estrutura conceitual a partir de uma das variáveis que definem este modelo conceitual: a relação com potências externas à região enquanto - nos termos da Escola de Copenhague - uma dinâmica de intrusão ou overlay. Em busca de inferências, este estudo de caso, gerador de hipóteses, utilizou, no levantamento de dados, pesquisa bibliográfica e documental.

Palavras-chave: Escola de Copenhague. Complexos Regionais de Segurança, Intrusão/ Overlay, América do Sul.

ABSTRACTS: The current South American conjuncture, the product of the distinct dynamics of its member countries, points to the fact that it is necessary to understand, on the one hand, the dynamics in international relations regarding the interactions between different actors and sectors, and, on the other, their repercussions in terms of security perceptions. To this end, we opted for the theoretical-conceptual framework of the Copenhagen School because it makes a significant contribution to the Regional Security Complex Theory (TCRS), which allows us to study America from the regional level of analysis. It should be noted that TCRS, in its most recent version, was presented to the public in 2003 in the book Regions and Powers. Thus, this research aimed to verify, more than 15

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years later, the locus occupied by South America in this structure. from one of the variables that define this conceptual model: the relationship with powers outside the region while, under the Copenhagen School, a dynamic of intrusion or overlay. This case study generated from hypotheses used, in the data collection, bibliographic, documentary research.

Keywords: Copenhagen School. Regional Security Complexes, Intrusion / Overlay, South America.

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INTRODUÇÃO

Após a Guerra Fria, o mundo viveu um momento de mudança paradigmática, em poucas palavras, na área de segurança, observou-se a um processo de ruptura com os padrões vigentes desde a Paz de Vestfália1 (1648). Enquanto que tal modelo, dito clássico, em linhas gerais, privilegiava a dimensão militar e a primazia do Estado, o que observamos no pós-Guerra Fria é o fato de as ameaças se tornarem mais difusas em um cenário de geometria variável de poder, onde o Estado já não é protagonista único.

Assim, nesse mesmo contexto de ideias, pode-se dizer que “o sistema internacional já não era exclusivamente estatocêntrico, e sim cada vez mais multicêntrico no nível de atores e, consequentemente, mais imprevisível quanto a suas estruturas e dinâmicas” (DEL ARENAL, 1993, p. 79-80).

Nesse sentido, encarregada de identificar e estudar as novas ameaças que poderiam emergir no mundo que despontava foi criada por iniciativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas, ainda em 1983, como um prenúncio das mudanças em gestação, a “Comissão Palme” que, em linhas gerais, pressupunha ser a natureza das dinâmicas em segurança multidimensional, ou seja, reflexo de ameaças que iam muito além do tradicional escopo político-militar. (SAINT-PIERRE, 2011).

Igualmente nesse contexto, Barry Buzan, um dos exponentes da chamada Escola de Copenhague, trouxe contribuições teóricas relevantes e inovadoras, um marco nos estudos de segurança. Para os propósitos deste artigo, destacamos entre as contribuições mais relevantes da Escola de Copenhague: a) a ampliação do conceito de segurança e a concomitante Teoria de Securitização e; b) a Teoria dos Complexos Regionais de Segurança - Regional Security Complex Theory (RSCT); (GUEDES, 2009).

É tendo como marco teórico-conceitual as contribuições da Escola de Copenhagen que o presente artigo delineou como objetivo propor uma revisão

1 A Paz de Vestfália, composta por um conjunto de onze tratados, pôs fim à Guerra dos Trinta

Anos (1618-48). Com o fim do conflito, lançou-se as bases para o nascimento do moderno sistema estatocêntrico na Raison d’ État que primava por uma lógica pragmática na qual os interesses individuais das unidades políticas soberanas deveriam prevalecer sobre qualquer motivação religiosa. (QUEIROZ, 2013)

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da tipologia desenvolvida na versão mais recente da Teoria dos Complexos Regionais de Segurança - apresentada ao público em 2003, no livro Regions and Powers - com relação a um de seus elementos definidores, a variável “Intrusão/ Overlay”, no caso da América do Sul.

Para tanto, cabe, portanto, fazer um estudo sobre as interações do citado Complexo com a super potência e/ou grandes potências no contexto conjuntural atual que vive a região, produto das distintas dinâmicas próprias dos países que a integram, tal como emerge das declarações de alto nível político e de outros instrumentos de política internacional a serem analisadas, em maiores detalhes, nos tópicos seguintes.

Assim, com relação à variável “Intrusão/Overlay” no escopo do universo de análise selecionado, partiremos da seguinte pergunta de pesquisa: como se encontra atualmente o Complexo Regional de Segurança da América do Sul com relação à presença da superpotência e/ou das grandes potências? Para responder a esta pergunta o artigo encontra-se assim estruturado.

Na primeira parte faz-se uma exposição acerca das contribuições da Escola de Copenhague, com foco na Teoria dos Complexos Regionais de Segurança. Na segunda parte, analisaremos o Complexo Regional de Segurança da América do Sul pós-Guerra Fria, tal qual originalmente concebido. Na terceira parte, discorremos sobre a evolução do Complexo Regional de Segurança da América do Sul, a partir da variável “Intrusão/Overlay”, de 2003 até os dias atuais, abordando, nesta análise, conceitos como o de segurança multidimensional, bem como alguns aspectos relacionados à UNASUL e ao Plano Colômbia vis-à-vis a presença de atores externos à região.

2. A ESCOLA DE COPENHAGE E A TEORIA DOS COMPLEXOS REGIONAIS DE SEGURANÇA.

A conjuntura política internacional que se apresentou ao final da Guerra Fria gerou grandes mudanças nos estudos estratégicos e de segurança internacional, já que colocou em cheque o paradigma predominante do

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Realismo2, que, concomitantemente, originou novas pesquisas sobre mudanças de cenários nas dinâmicas entre os diversos atores das relações internacionais a partir de interpretações concorrentes como o Construtivismo3 social, a base teórica predominante na contribuição conceitual apresentada pela Escola de Copenhague (GUEDES, 2009).

A Escola de Copenhague, criada em 1985, com a finalidade de promover estudos para a paz, é referência na área de segurança internacional. No desenho de seus constructos teóricos, a Escola concedeu fluidez ao diálogo entre os estudos sobre segurança, de origem estadunidense, e aos estudos para a paz, de origem europeia. Ole Waever, um dos principais colaboradores da Escola de Copenhagen, participou do estudo desde o início, em parceria com Barry Buzan, seu mais destacado expoente. O trabalho anterior do grupo, no entanto, já refletia um impacto considerável das concepções realistas que estavam na base do pensamento de Buzan. (Ibidem).

Os estudos de segurança internacional no marco da Guerra Fria basearam-se, principalmente, no aspecto militar que traz consigo a dissuasão nuclear por meio de avanços tecnológicos nos sistemas e meios militares como fator chave. Em um estudo posterior, Barry Buzan e Eric Herry (1998) consideravam que deveriam realizar uma abordagem mais ampla da agenda militar nos estudos de segurança, na qual deveriam também incluir outras categorias que antes não eram analisadas, como a relação entre as tecnologias civis e militares. (TEIXEIRA, 2011).

A ampliação da agenda militar nos estudos de segurança internacional tomou um novo rumo no mundo contemporâneo, no sentido de que há uma nova variedade de temas relacionados a diferentes cenários. Assim, para Buzan et al

2 O Estado é o principal ator nas Relações Internacionais, a prioridade é a soberania (assim como

o poder político e a violência legítima) para sua sobrevivência. O Estado é considerado uma unidade absoluta e independente e baseia sua atividade em uma lógica totalmente autônoma.

3 O Estado continua sendo um ator importante, mas com uma percepção sociológica, entende

as relações como conceitos sociais em constante interação uma vez que as associações humanas seriam determinadas por ideias compartilhadas e não necessariamente por forças materiais.

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(1998) são considerados cinco setores principais, a saber4: militar, ambiental, societal, político e econômico.

Outro tema trabalhado por Buzan e colaboradores, nos Estudos Estratégicos desenvolvidos no âmbito da Escola, foi o debate sobre distribuição de poder global. É importante acrescentar que a Escola de Copenhague afirma a inexistência de correlação entre a capacidade militar e os sucessos dos processos de securitização5. É importante destacar que na divisão proposta cada setor possui uma dinâmica própria, reflexo das peculiaridades ontológicas características dos atores que os integram (TANNO, 2003).

2.1 Regionalização das dinâmicas em segurança:

As décadas de 1980 e 1990 assistiram à emergência e à consolidação da Escola de Copenhague nos estudos sobre segurança internacional no campo teórico com novas perspectivas (1983, 1998). Um dos pressupostos analíticos defendidos por Buzan e Waever (2003) era o de que a estrutura internacional de segurança estava em transformação e que o nível regional era uma das chaves para compreender o sentido dessas mudanças. (TEIXEIRA, 2011).

Nessa mesma ordem de ideias, a Escola de Copenhague traz dentro de suas inovações a Teoria dos Complexos Regionais de Segurança que, em sua versão mais completa, advogava que o colapso da ordem bipolar atenuou os incentivos que levavam Washington e Moscou a globalizar a agenda sistêmica de segurança o que, por conseguinte, ensejou maior autonomia e espaço para as dinâmicas e atores locais (QUEIROZ, 2013), o que, por sua vez, implicaria na regionalização dos conflitos, resultando, portanto, na formação de Complexos Regionais de Segurança. (TANNO, 2003)

A perspectiva da Escola de Copenhague propõe a análise da segurança em quatro níveis básicos: local, regional, inter-regional e global. Para diferenciá-los, é necessário entender como a Escola definiu a distribuição de poder a partir

4 Ver Buzan, Weaver e Wilde, op. cit., pp. 1-10 y 49-193.

5 Processo intersubjetivo pelo qual um problema é apresentado como uma ameaça à existência

de um determinado objeto referencial e que requer, para sua solução, medidas emergenciais ou até mesmo ações fora dos limites convencionais do procedimento político (BUZAN et al. 1998; p.23-4)

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de três categorias, afinal, a polaridade é uma variável muito influente nas teorias que buscam explicar o funcionamento do sistema internacional, como veremos em pormenores adiante, no item 2.2.1. Assim, temos superpotências, grandes potências e potências regionais. Os dois primeiros operam em escala global, sendo que o terceiro se desenvolve no espectro regional.

De acordo com esta tipologia, a única superpotência existente, após a queda da União Soviética, são os Estados Unidos da América, uma vez que possuem os recursos que lhes permitem transpor com maior facilidade a lógica da adjacência ou os constrangimentos geográficos em suas relações de segurança.

2.2 A Teoria do complexo de segurança regional (regional segurity complex theory - RSCT)

Conforme mencionado no item anterior, o conceito de RSCT tem evoluído desde sua formulação, de modo que tomaremos o mais recente, de 2003, que o define como um conjunto de unidades cujos processos principais de securitização e dessecuritização são entrelaçados de tal forma que seus problemas de segurança não podem ser analisados nem resolvidos separadamente (BUZAN; WAEVER, 2003, p. 44). Esta definição contém uma série de elementos substanciais para compreender as dinâmicas regionais.

São estas dinâmicas regionais que de alguma maneira determinam o RSCT e para entendê-las faz-se necessário avaliar as interações entre as unidades nos diferentes níveis de análise, as quais podem alterar e determinar mudança ou continuidade do Complexo de Segurança estudado. Quanto às dinâmicas oriundas destas inter-relações destacamos a) manutenção do status quo (quando a estrutura do Complexo permanece intacta); b) transformação interna, quando a estrutura essencial se modifica pelas forças dentro do Complexo; c) transformação externa, em que há uma modificação da distribuição do poder ou dos padrões de amizade e inimizade por adição ou subtração de um Estado ao subsistema; d) Intrusão/Overlay, com imposição dos interesses de potências externas sobre o Complexo de forma tão intensa a impactar, em grau variado, as dinâmicas próprias daquela região.

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Cabe destacar que a RSCT pode ser usada para gerar cenários e, assim, estruturar o estudo de predições e possibilidades de mudanças, uma vez que se tem identificada a estrutura do Complexo, esta pode reduzir as opções possíveis de mudanças6. Ademais, como previamente dito, o modelo anuncia a existência de quatro âmbitos de estudo (global, inter-regional, regional e local) que cobrem a capacidade e a extensão da atuação dos atores no âmbito da relação agente-estrutura. No que se refere à pertinência da teoria, cabe dizer que se coaduna às condições do mundo contemporâneo e dos processos de segurança dele derivados. (OTÁLVARO, 2004)

Verifica-se, portanto, como uma das características distintivas de um CRS o fato de que os processos de securitização/dessecuritização e, por isso, o grau de interdependência em segurança é notadamente mais intenso entre as unidades que o compõem do que entre estas e os atores externos ao Complexo (QUEIROZ, 2012).

2.2.1 Polaridade segundo a Escola de Copenhague

Na perspectiva apresentada por Buzan e Waever (2003), a interdependência em segurança numa dada região é influenciada pelo poder das Unidades (Estados) que a integram. Essa percepção os leva a considerar que as distintas dinâmicas em um Complexo Regional de Segurança são definidas, principalmente por diferenças na distribuição de poder7. Como influência realista, a polaridade desempenha um papel central na definição das potências na RSCT.

Outro fator relevante, encontra-se a construção social no interior do Complexo, isto é, na percepção da amizade e inimizade dos distintos atores das unidades do Complexo nos setores militar, político, societal, econômico e/ou ambiental. Por último, e o fator mais relevante para os propósitos deste trabalho, a configuração do Complexo depende da relação externa com a super potência e/ou as grandes potências.

6 Barry Buzan, Jaap de Wilde & Ole Waever. Security: A New Framework for Amnlysis, Boudel

CO, Lynne Rienner. 1998.

7 Ao lado desse determinante, fatores como a identidade regional, auto percepção e padrões

históricos de amizade/inimizade operam conjuntamente na definição das dinâmicas de segurança regional.

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Outra das condições do CSR é a proximidade os graus de interdependência em temas de segurança entre as unidades que integram o Complexo. Assim, muitos problemas nacionais e ameaças de caráter mais amplo podem, quando combinados, alcançar proporções transnacionais e produzir dinâmicas de segurança com conotações específicas para cada Complexo Regional de Segurança. (OTÁLVARO, 2004). A partir das diferentes estruturas e da evolução das dinâmicas de segurança, pode-se citar vários tipos de CSR, como se segue adiante.

2.2.2 Tipologia dos CSR.

Com base no padrão de relacionamento entre unidades de uma região é possível identificar diferentes tipos de Complexos Regionais, variando entre ambientes conflituosos, em que a possibilidade de escala de tensão é iminente, a cenários de relativa paz onde vislumbra-se a formação de Comunidades de Segurança, situação em que os atores param de se perceber como ameaça em nome de um convívio pacífico baseado em valores compartilhados. Assim, dependendo das características de relacionamento entre os países da região – padrão de amizade e/ou inimizade –, os CSR são classificados em três diferentes tipos: 1) formações conflitivas; 2) regimes de segurança; e 3) comunidades de segurança (BUZAN; WAEVER, 2003), como sintetizado na tabela abaixo:

Tabela1: Classificação dos CRS a partir das relações de amizade-inimizade

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Quanto à variável polaridade, os CRS podem ser, igualmente, tipificados. O CSR dito padrão (standard) corresponde ao típico conjunto de Estados vestfalianos, comumente imersos em uma estrutura anárquica. É importante identificar os poderes regionais neste tipo de Complexos, já que são estes os que vão definir as principais dinâmicas em matéria de segurança com os demais atores do Complexo (OTÁLVARO, 2004).

Por sua vez, nos CRS centrados encontramos três configurações principais, todas elas tendo como princípio a existência de um centro de poder. Nos dois primeiros casos as dinâmicas giram em torno ou da presença de uma grande potência ou de uma superpotência. Nestas duas configurações prevalece, por conseguinte, uma estrutura unipolar já que as potências regionais, dada a incontestável proeminência de seus vizinhos, não dispõem dos recursos de poder necessários para se estabelecerem como polos alternativos.

O terceiro caso de um CRS do tipo centrado ocorre quando a região assume elevado grau de institucionalização, a ponto de reconhecidamente atuar com as qualidades de um agente unitário. A União Europeia é um caso emblemático (QUEIROZ, 2012).

3 COMPLEXO REGIONAL DE SEGURANÇA DA AMÉRICA DO SUL

3.1 Caracterização do Complexo Regional de Segurança da América do Sul.

Tal qual apontado por Queiroz (2012), baseado em Buzan e Waever (2003), de acordo com a tipologia originalmente proposta pela Escola de Copenhague, a América do Sul é um CRS do tipo padrão, marcado pela presença de mais de uma potência regional. Ademais, faz-se importante ressaltar que este CRS é composto por duas estruturas sub-regionais: o Subcomplexo de Segurança do Cone Sul formado por Argentina, Bolívia, Brasil,

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Chile, Paraguai e Uruguai, e o Subcomplexo de Segurança do Norte Andino que reúne Peru, Equador, Colômbia, Venezuela e Guiana.8

Cabe destacar que a América do Norte e a do Sul têm diferentes dinâmicas e conexões de segurança, e são altamente assimétricas, contudo, a interferência dos EUA na América Latina é um caso clássico de um Complexo que contém um grande poder colidindo com um outro Complexo vizinho, o qual não possui grandes potências (BUZAN E WAEVER, 2003) sugerindo, pois, uma relação de intrusão de uma potência externa no CRS da América do Sul

Figura 1: Os CRS da América do Norte e do Sul

Fonte: (BUZAN e WAEVER, 2003, p.266)

8 Alguns CRS, geralmente aqueles em que há um grande número de atores, contêm arranjos

intermediários denominados Subcomplexos. Estas estruturas sub-regionais apresentam essencialmente os mesmos atributos que definem um CRS, entretanto seus padrões de interdependência em segurança diferem uns dos outros. Ainda assim, tais dinâmicas estabelecem entre os Subcomplexos correlações e sobreposições intensas a ponto de não permitir que os mesmos sejam desassociados daquela estrutura mais ampla da qual são partes integrantes: o Complexo Regional de Segurança.

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Nesse sentido, é relevante pontuar que a Guerra Fria permitiu que os Estados Unidos mantivessem sua hegemonia na América do Norte e, até certo ponto, aumentassem sua penetração no CRS Sul-Americano enquanto uma arena de baixo custo na lógica de contenção da divisão Leste-Oeste. Apesar de ficar além do esperado, e sem envolver base significativa das forças militares dos EUA, a política anticomunista, compartilhada por Washington e pela maioria dos governos sul-americanos, aproximou mais o CRS do Norte com a América do Sul. (BUZAN E WAEVER, 2003).

Mais especificamente quanto às dinâmicas em segurança na América do Sul, essa região é definida como um CRS padrão marcado por tensões sociais domésticas, instabilidade política, rivalidades regionais, repercussões transnacionais e grande poder, principalmente americano, baseado em intrusões nos assuntos regionais ao longo da história. (BUZAN E WAEVER, 2003).

A região tem muitas controvérsias entre suas unidades, como por exemplo os conflitos que ocorreram durante o século XX, particularmente entre Peru e Equador (com uma breve guerra em 1995), Venezuela e Colômbia, e Argentina e Chile. Além disso, por volta de 1980, havia o crucial relacionamento argentino-brasileiro que apontava para uma crescente rivalidade (incluindo a nuclearização). (BUZAN E WAEVER, 2003).

Não obstante os problemas, o CRS não é homogêneo quanto a tais dinâmicas. Historicamente, na parte norte da região, há registros de disputas de longa data que se tornam mais manifestas, enquanto o Cone Sul se moveu na direção oposta, rumo a consolidar-se como uma Comunidade de Segurança. Assim, apesar das assimetrias, a virada para a cooperação regional pode ser vista como uma realização gradual, especialmente pela Argentina, das vantagens de reconhecer e reforçar a escolha do Brasil no papel de potência regional (KACOWICZ, 1998, p. 90-91).

Outro ponto a destacar-se é que a segurança coletiva nunca se fortaleceu na estrutura sul-americana. A Guerra Fria alterou a base das relações interamericanas, elevando o conceito de ‘segurança nacional’ ao topo da agenda

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dos EUA e transformando a América Latina (e outras áreas do mundo em desenvolvimento) em um campo de batalha e um prêmio no conflito" (SAINT-PIERRE, 2011).

Dominguez (1999) argumentou que a Guerra Fria deve ser reconhecida como realidade ideológica para explicar a estratégia intervencionista dos EUA. Ocasionalmente, isso significa liderança no estabelecimento de uma ação americana conjunta o que fortalece, por exemplo, a capacidade da OEA de agir e lidar com conflitos. No entanto, o envolvimento dos EUA, unilateralmente, também tem sido fonte de insegurança para os estados latino-americanos. Em suma, os principais fatores em jogo na segurança da América do Sul na Guerra Fria foram:

(1) instabilidade doméstica;

(2) fronteiras contestadas e especulação geopolítica bi/multilateral;

(3) considerações sobre equilíbrio/hegemonia regional, envolvendo principalmente o Brasil e a Argentina; e

(4) envolvimento dos EUA nos assuntos da região.

Estabelecidas as principais características definidoras de um CRS, sobre a América do Sul podemos apontar que durante a Guerra Fria, esta era um CRS do tipo padrão, quanto às dinâmicas principais era regime de segurança e, com penetração significativa dos EUA. (BUZAN E WAEVER, 2003).

3.2 Complexo regional de segurança da América do Sul pós-Guerra Fria. No nível doméstico, três desenvolvimentos interligados marcam o período "pós-Guerra Fria", embora todos tenham começado nos anos 1980: redemocratização, redução da influência das forças armadas na política, e reforma neoliberal, com a internacionalização das economias e a reestruturação dos Estados. (BUZAN; WAEVER, 2003)

As mudanças mais dramáticas no CRS sul-americano ocorreram no Subcomplexo do Cone Sul, dentre elas o adensamento da integração econômica que apontou para a formação de uma Comunidade de Segurança (BUZAN; WAEVER, 2003).

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O Tratado de Assunção, marco institucional do Mercosul, foi fundamental no arrefecimento das rivalidades geopolíticas entre os dois polos do subsistema platino – Brasil e Argentina - ao incrementar o intercâmbio comercial entre eles bem como com os outros dois integrantes originários do bloco, Uruguai e Paraguai, contribuindo, assim, para diminuir a importância relativa das forças armadas neste novo contexto das relações internacionais no Cone Sul (QUEIROZ, 2012). No norte andino, um quadro de formação conflituosa ainda prevaleceu. Com o conflito Peru-Equador de 1995, a guerra direta retornou após uma pausa regional. A Venezuela voltou a reivindicar a maioria do território da Guiana.

A democracia estava sob pressão em todos os estados andinos (WHITEHEAD, 2001; NAÍM, 2001; HOSKIN; MURILLO, 2001; CALDERÓN, 2001; LUCERO, 2001). E, não menos importante, a dinâmica relacionada às drogas, agricultura, produção, contrabando e contramedidas acelerou e se misturou a uma desestabilização e fragmentação geral da Colômbia, principalmente com o aumento da interferência dos EUA. (BUZAN; WAEVER, 2003).

No nível inter-regional e global, destacam-se questões como drogas, liberalização econômica e integração regional, que remodelaram as relações da América do Sul com os EUA. A preocupação com drogas e migração, naturalmente se concentrou nas partes mais próximas da América Latina: América Central, Caribe e Norte andino da América do Sul. (BUZAN; WAEVER, 2003).

A intrusão estadunidense nos assuntos sub-regionais é outra importante variável a ser considerada na estrutura deste Subcomplexo. Como veremos adiante, ao financiar com grande aporte financeiro, técnico e militar iniciativas contra o narcotráfico, principalmente na Colômbia, a presença norte-americana fomenta, por um lado, a securitização do tema a partir da dimensão militar e, por outro, percepções de insegurança em parte da vizinhança andina (QUEIROZ, 2012).

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De forma geral, a região tem sido compreendida nos estudos de segurança internacional como um grupo de Estados interdependentes que, por imperativos geográficos de proximidade ou vizinhança, compartilha ameaças e preocupações militares, independentemente de seus interesses (MEDEIROS FILHO, 2005).

No caso da América do Sul, Medeiros Filho (2005) explica a existência de cinco fatores que podem ser apontados como possíveis causas do padrão anômalo da região no sistema internacional, ao longo do último século.

O primeiro diz respeito à localização periférica da região em relação aos grandes conflitos mundiais. O fato de os países da região Sul-Americana registrarem os menores índices do mundo de gastos com defesa (a exceção do Brasil), tem relação com a posição periférica e geográfica que ocupam em relação aos interesses de poder das grandes potências. (MEDEIROS FILHO, 2005). O segundo fator, oriundo do primeiro, refere-se ao poder bélico relativamente pequeno dos países da região.

Continuando, o terceiro fator corresponde à presença hegemônica dos Estados Unidos como elemento de estabilidade regional. Sob tal perspectiva, os Estados Unidos teriam a capacidade de constranger qualquer tentativa de aventura bélica entre os países da região. Além disso, em vários momentos do século XX, foi possível perceber esforços norte-americanos no sentido de implementar uma arquitetura hemisférica de defesa e segurança, por meio, por exemplo: de um sistema de defesa hemisférico (pós-Segunda Guerra Mundial); da doutrina de segurança nacional (Guerra Fria); e de um sistema de segurança hemisférica (pós-Guerra Fria). (MEDEIROS FILHO, 2005).

O quarto fator refere-se à prioridade dada aos problemas domésticos (inimigo interno) em detrimento dos interesses externos. Ao longo dos dois últimos séculos, a instabilidade política e a fragilidade institucional dos Estados Nacionais acabaram por provocar o uso recorrente ao aparelho militar na repressão a conflitos internos. E por último, como quinto fator, sob uma perspectiva liberal, pode-se destacar o papel das normas nas relações internacionais. Observa-se que, desde o período de independências no século XIX, os países da região têm gradualmente construído uma espécie de

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“sociedade internacional”. O impacto das normas no comportamento dos Estados da região e em suas relações externas poderia ser evidenciado no considerável número de pendências territoriais resolvidas de forma pacífica. (MEDEIROS FILHO, 2005).

De uma forma geral, a irregularidade espacial do processo de integração regional na América do Sul aponta para níveis de estabilidade/instabilidade também espacialmente irregulares. Enquanto o Cone Sul apresenta considerável êxito, as porções da Amazônia e Andes apresentam níveis de integração bem mais modestos. É exatamente nestas porções, onde o processo de integração é mais escasso, que se localizam áreas de potenciais conflitos territoriais, entre as quais se destacam as fronteiras entre Chile, Peru e Bolívia (a situação mediterrânea da Bolívia se constitui hoje na maior ameaça latente de conflito territorial no subcontinente), as cercanias do lago Maracaibo (Colômbia-Venezuela) e a região de Essequibo (Venezuela-Guiana). (MEDEIROS FILHO, 2005).

Pode-se dizer que, até a década de 1970, as relações entre Estados na América do Sul ocorriam sob o pano de fundo de uma geopolítica de contenção, caracterizada pela desconfiança mútua entre vizinhos – vistos como ameaças latentes e inimigos em potencial e pela percepção de fronteiras enquanto instrumentos de separação (MEDEIROS FILHO, 2005). Este clima de desconfiança mútua contribuiu para o “distanciamento” entre os países sul-americanos, representado pelo baixo volume de comércio intrarregional e, consequentemente, a escassa integração regional.

Apesar de, em todas as porções analisadas, coexistirem simultaneamente movimentos de integração e de fragmentação, pode-se, de forma geral, dividir a região em dois grandes arcos: o da estabilidade e o da instabilidade. Enquanto o primeiro corresponde à faixa atlântica do Mercosul estendido, o segundo refere-se à porção onde persistem zonas potenciais de conflitos armados, notadamente Amazônia e Andes. (MEDEIROS FILHO:2005).

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Figura 2 Arcos de instabilidade/estabilidade da América do Sul

Fonte: Medeiro Filho 2009

De acordo com SAINT-PIERRE (2011), em relação às novas ameaças, eram contabilizadas algumas velhas questões que agora se tornaram complexas pela transnacionalização e as múltiplas conexões entre elas, como as migrações forçadas por guerras ou a miséria, as crônicas diferenças sociais, o crescente desemprego, a pobreza extrema, o tráfico de drogas ilícitas, de armas, munições e de pessoas, o crime organizado transnacional etc.

Esta nova versão da “multidimensionalidade” reaparece no continente americano como parte do pacote apresentado pela confluência de, por um lado, o Consenso de Washington, com sua preocupação por diminuir o tamanho do Estado e, por outro lado, o intento norte-americano de recompor doutrinariamente o continente americano como sua área de segurança nacional. (SAINT-PIERRE, 2011).

Com esse objetivo, foram convocadas as Conferências de Ministros de Defesa das Américas (CMDAs), como foro para discutir as questões da área e, especialmente, tratar de aprovar uma agenda hemisférica de segurança na qual é proposta uma lista comum de ameaças para todo o continente. A lista de ameaças proposta respeitava, mais ou menos, aquelas levantadas pela Comissão Palme, todavia, a ordem de prioridade ou de “periculosidade”

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respondia basicamente às necessidades norte-americanas. (SAINT-PIERRE, 2011).

A filosofia que fundamentou esta proposta se baseava principalmente em nove aspetos, mas se fará menção aos seguintes princípios: as Forças Armadas nacionais, que já não seriam necessárias para defender a soberania nacional, poderiam ser empregadas para enfrentar os problemas de segurança pública (as novas ameaças), atribuindo-lhes novas missões e economizando forças e deixando as questões relativas à defesa para uma cobertura continental por parte dos Estados Unidos, com apoio (se forem necessárias) das Forças Armadas dos respectivos países ameaçados.

Os processos de segurança hemisférica puderam ser percebidos à medida em que a Organização dos Estados Americanos (OEA) começou a demonstrar preocupação por esses assuntos. A preocupação da OEA com a segurança hemisférica talvez tenha sido considerada insuficiente, e o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), desenhado para as exigências da Guerra Fria, naufragou no rochoso arquipélago do Atlântico Sul. A insuficiência ficou claramente manifestada na sua Assembleia Geral, realizada em Santiago do Chile em 1991. Posteriormente, em 1992, a Assembleia Geral substituiu esse grupo pela Comissão Especial de Segurança Hemisférica, que finalmente se tornaria permanente em 1995, com o nome de Comissão de Segurança Hemisférica.

Depois de uma série de encontros, finalmente, em 2002, os ministros de relações exteriores, representando os Estados-membros na OEA, reconheceram a multidimensionalidade das ameaças, muitas delas de caráter transnacional e que requerem uma cooperação internacional adequada para anulá-las. Essa multidimensionalidade exige respostas de aspectos múltiplos exercidas por parte de distintas organizações nacionais, e a percepção das ameaças responde às diferenças e às características regionais. (SAINT-PIERRE, 2011).

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4 PRESENÇA DE POTÊNCIAS EXTERNAS NO COMPLEXO REGIONAL DE SEGURANÇA DA AMÉRICA DO SUL: INTRUSÃO ou OVERLAY?

4.1 Intrusão e overlay

Quando um Complexo Regional de Segurança sofre a influência de potências, estas podem penetrar em outros CRS e exercer o efeito de transbordamento (spillover effect), impactando dinâmicas de segurança de outras regiões. Este movimento pode ser entendido como o processo pelo qual se torna possível que Estados extra regionais intervenham, ou até determinarem as dinâmicas de outros Complexos Regionais de Segurança. (TEIXEIRA, 2015). Quando isto acontece, a autonomia de potências regionais é ameaçada. Do ponto de vista da lógica interna da teoria aqui discutida, o efeito de transbordamento resulta em problemas, visto que a RSCT considera que os Complexos Regionais de Segurança são mutualmente excludentes, ou seja, um país só pode participar de um complexo regional. (TEIXEIRA, 2015).

No entanto, Arlene Tickner e Ann Mason (2003) mostraram que, além dessas dinâmicas na região estudada, há também o efeito de overlay (sobreposição), que é caracterizado pelas ações de uma potência estrangeira no complexo, que altera ou determina, como resultado da imposição de seus interesses, a agenda dos países da região. É interessante notar que, nesses casos de sobreposição, a securitização é um fato óbvio, uma vez que os meios, bem como os objetivos perseguidos, são graças ao recurso de segurança e à tomada de medidas ou imposições extraordinárias por meios militares. (TEIXEIRA, 2015).

Sendo a Overlay uma das variáveis a serem analisadas na área de estudo, vale a pena colocar em conceito de acordo com Buzan-Waever. Assim, tem-se tal situação quando:

Os interesses das grandes potências externas transcendem a mera penetração e passam a dominar tão fortemente uma região que a dinâmica local da interdependência da segurança praticamente deixa de operar. Geralmente resulta no posicionamento a longo prazo de grandes forças

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armadas de poder na região e no alinhamento dos estados locais de acordo com os padrões de rivalidade do grande poder. (BUZAN; WAEVER, 2003)

Nesse sentido, a legitimidade global dos Estados Unidos depende da credibilidade e aprovação de suas atividades nos países afetados. As grandes potências são caracterizadas por possuir importantes recursos e potências de poder, no entanto, esses atributos não correspondem aos da superpotência. Portanto, as grandes potências não influenciam os diferentes processos de dessecuritização de quase todas as regiões do mundo, embora participem de algumas regiões onde, por razões históricas ou de curto prazo, têm interesses atuais(OTÁLVARO, 2004).

Assim, os Estados Unidos, ao longo do século XX, elaboraram uma série de estratégias de intervenção, que Juan Gabriel Tokatlián (1997) chamou de intervenção por imposição, intervenção por consentimento ou intervenção por convite. A primeira, dentro de uma visão realista da política, promove a interferência militar unilateral dentro de um Estado que constitui uma ameaça aos seus interesses e é executada sem a intervenção do país; o segundo é feito com o consentimento do Estado interposto, devido a graves crises humanitárias ou conflitos civis como o caso do Haiti. E o terceiro, por intervenção por convite, é feito solicitando assistência de um país, no qual um governo solicita ajuda para resolver um conflito interno. O caso colombiano é um dos mais relevantes a esse respeito e será abordado com maior profundidade nas próximas seções bem como, em sentido inverso, a UNASUL como contraponto a este movimento.

(YEPES, 2013).

4.2 União de Nações Sul-americanas (UNASUL): contraponto à intrusão/overlay

Na América do Sul, no início do século XXI, os processos de integração ocorreram com a criação da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL). Em 23 de maio de 2008, foi aprovado o Tratado Constitutivo da UNASUL, onde foi designada a sede permanente da Secretaria-Geral, na cidade de Quito, capital

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do Equador, e do Parlamento, na cidade de Cochabamba, Bolívia. A UNASUL teve por objetivo construir um espaço de integração cultural, econômico, social e político, respeitando a realidade de cada nação9. Em Salvador, no dia 16 de dezembro de 2008, foi criado o Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS), em harmonia com as disposições do Tratado Constitutivo da UNASUL, como uma instância de consulta, cooperação e coordenação em matéria de Defesa10.

Dois objetivos principais eram apresentados em seus discursos: a construção de uma identidade regional de defesa; e a criação de uma indústria bélica sul-americana. No primeiro semestre de 2008, dois acontecimentos deram relevância à discussão do tema: o conflito envolvendo Colômbia, Equador e Venezuela; e a reativação da Quarta Frota norte-americana (MEDEIRO FILHO, 2005). Tomando como referência as considerações antes mencionadas, a continuação se colocaram alguns acontecimentos dentro do Complexo de Segurança da América do Sul, que a juízo o autor equiparou a uma penetração por parte os EUA, por meio da presença militar em alguns Estados tendo, como principal exemplo desta dinâmica, o Plano Colômbia.

4.3 Plano Colômbia

O Plano Colômbia foi desenhado como um pacote de “ajuda” internacional para a busca pela paz e pela consecução de um novo modelo de administração pública local num âmbito de colaboração multilateral. Contudo, numa segunda e definitiva versão, o plano concentrou seus objetivos na luta contra o tráfico de drogas no ano 2000.

Ou seja, com este pacote de recursos, a Colômbia recebeu dos Estados Unidos mais “ajuda” militar do que a América Latina e o Caribe juntos, e substituiu a Turquia como principal destinatária da ajuda americana, depois de Israel e Egito (YEPES, 2013).

Ao analisar este cenário, PROCÓPIO (2005, p.08) adverte que a ajuda dos Estados Unidos à Colômbia trouxe consigo a ameaça potencial de que

9Disponível em: https://www.unasursg.org/es/historia. Acesso em:22 de abril 2019

10Disponível em: http://www.unasursg.org/es/consejo-defensa-suramericano-unasur. Acesso

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aquele país passasse a dispor de um mecanismo muito mais efetivo para influenciar as decisões do governo colombiano, especialmente no que concerne à segurança sub-regional. Ademais, nestas condições, infere-se ser difícil levar a cabo uma estratégia de segurança com algum grau substancial de distanciamento da influência norte-americana, não apenas no caso da Colômbia, mas, também, do Peru, igualmente alinhado com os EUA que, inclusive, com ele mantém acordos especiais de livre comércio (QUEIROZ, 2012).

Esse modelo de política externa, intitulada Diplomacia Transformacional (DT), pressupõe a utilização de incentivos como acordos preferenciais de livre-comércio, promoção de instituições democráticas e de setores da sociedade civil e o fornecimento de recursos por meio de investimentos e programas assistenciais com o propósito central de promover mudanças endógenas, a partir de dentro dos países.

Da mesma forma, podemos dizer que a ajuda militar dos EUA ao Plano Colômbia aportou: 600 milhões de dólares em equipamentos e treinamento para dois novos batalhões antinarcóticos do exército nacional; (30) helicópteros Black Hawk UH-60; (15) helicópteros Huey UH-1H; (341) milhões de dólares para radares e equipamentos aéreos; (96) milhões de dólares para modernizar a frota aeronáutica; (145) milhões de dólares destinados a servir os plantadores de coca; (93) milhões de dólares para a proteção dos direitos humanos e do sistema judicial; entre (80 e 90) pilotos civis americanos encarregados de fumigação em dispositivos T-65 e OV-1011.

Vê-se, assim, na perspectiva estadunidense de promover o combate aos ilícitos transnacionais, a economia de mercado e a democracia representativa como pilares da ordem internacional pós-Guerra Fria, a instrumentalização dos interesses nacionais norte-americanos em regiões como a América Latina, considerada um espaço de risco por estar vulnerável a ameaças como ações terroristas, proliferação de armas nucleares e crimes transnacionais (AYERBE, 2009, p.116; 122; 125).

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Por outro lado, a Venezuela, que defendia uma solução regional para o conflito colombiano, optou por iniciar um processo de modernização do sistema de armas, adquirindo equipamentos de origem russa (sistema de defesa antiaérea) e chinês para FANB, essas aquisições incluíram consultoria técnica, manutenção e treinamento.

Nesse sentido, o plano Colômbia e a iniciativa andina sobre drogas (Conselho de Relações Exteriores, 2004) representariam a maior estratégia de intervenção dos EUA na América Latina, a fim de manter o controle e configurar a agenda regional de acordo com seus objetivos geoestratégicos. (YEPES: 2013)

Ambas as tendências podem fazer parte do mesmo fenômeno, o de intrusão de uma potência externa nos assuntos de um Complexo de Segurança marcado por instabilidade política e rivalidades regionais. (BUZAN; WAEVER, 2003).

4.4 Presença militar hodierna dos Estados Unidos no CRS da América do Sul

As condições de securitização de um problema correspondem não apenas a uma questão fundamental, mas também à prática discursiva assumida por um governo em um determinado momento, de acordo com seus interesses, suas estratégias de desenvolvimento e às alianças internacionais que decide estabelecer. Nesse sentido, o caso dos países andinos é uma evidência de como os problemas estruturais, que historicamente constituíram fortes ameaças à segurança regional e nacional, são discursivamente modificados de acordo com os interesses políticos do governo em exercício. Assim, em muitos casos, a ideia de segurança não provém de avaliações objetivas ou construções analíticas sobre ameaças à segurança, mas é uma consequência de estruturas e processos históricos, a luta pelo poder e pelo conflito.(YEPES: 2013).

Nessa direção, desde a implementação do Plano Colômbia (2000) até o ano de 2019, é possível observar-se a um incremento sistemático da presença militar na região por parte dos EUA, em diferentes países, tais com: Colômbia,

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Peru e Paraguai12. Além disso, em uma conferência de imprensa no início de junho de 2019, o Ministro da Defesa equatoriano Oswaldo Jarrin disse que as Ilhas Galápagos, localizadas a cerca de mil quilômetros do continente, funcionavam como um "porta-aviões natural do país". O Exército dos EUA usaria San Cristóbal principalmente para reabastecer aeronaves envolvidas em operações antinarcóticos e pagaria as melhorias para o pequeno aeroporto funcionasse na ilha13.Destacam-se a instalação de bases americanas em Ushuaia - Tierra del Fuego - e em região da tríplice fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina) (DIAS, 2017).

Esse incremento da presença militar norte-americana na região é ratificado quando o Comando Sul Norte-Americano, em março do 2018, fez pública uma informação sobre sua estratégia para a América do Sul para os próximos dez anos. O atual Comandante do Comando Sul, Almirante Kurt Tidd, em fevereiro do 2018, expôs no Congresso estadunidense os objetivos, os meios e as estratégias planejadas para o continente, conforme a Estratégia de Defesa Nacional (2018) e a Estratégia de Segurança Nacional (2017-2018)14

Dentre as declarações efetuadas pelo Almirante Kurt, destacou-se a possibilidade de instalação de uma Base Militar dos EUA em Neuquén, Argentina15. De igual forma, servidores públicos do Governo argentino reuniram-se nos EUA com diretores do Comando Sul com a finalidade de autorizar a instalação de uma base militar dentro de seu território, nas proximidades da Triple Fronteira (Argentina, Brasil e Paraguai), como também um acordo para criar um Centro de Inteligência na Região em Usuhaia (Patagonia argentina)16.

12Disponível em:

http://www.granma.cu/mundo/2018-08-09/bases-militares-de-eeuu-en-america-latina-y-el-caribe-el-plan-suramerica-09-08-2018-17-08-04, Acesso em: 22 de abril 2019

13Disponível em:

https://cnnespanol.cnn.com/2019/06/18/polemica-en-ecuador-por-plan-para-que-el-ejercito-de-ee-uu-use-la-pista-de-aterrizaje-de-galapagos, Acesso em: 24 de junho 2019

14Disponível em: www.southcom.mil/Portals/7/Documents/Posture%20Statements/SOUTHCO,

Acesso em: 22 de abril 2019

15 Idem.

16Disponível em:

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4.5 Cooperação militar russa e chinesa no CRS da América do Sul. A cooperação militar russa na Venezuela começa no ano 2000, impulsionada pela necessidade de Caracas em renovar alguns dos equipamentos e sistemas de armas do país. Neste sentido, tal qual indicado em fontes de consulta abertas, o Ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López e o Embaixador da Rússia em Caracas, Vladimir Zaemski, reuniram-se em 26 de julho de 2019 para fortalecer e consolidar a cooperação técnico-militar entre as duas nações.

Nessa mesma ordem de ideias, pode ser verificado nas declarações em 5 de julho, por parte do Vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Riabkov, que Moscou continuaria a fortalecer as capacidades das Forças Armadas da Venezuela. A narrativa oficial, enfatizada repetidamente pelo governo russo, é de que não se trata da presença militar dessa nação em Caracas, mas que faz parte do cumprimento dos contratos de serviço acordados entre os dois países.

Caracas e Moscou também abriram um centro de helicópteros de treinamento com a participação de especialistas desses dois países, no estado de Yaracuy (oeste). O centro, que oferecerá treinamento para pilotar os helicópteros Mi-17V-5, Mi-35M e Mi-26T, foi construído sob um contrato da Rosoboronexport e da Companhia Anônima Venezuelana de Indústrias Militares. Os helicópteros russos comprados pela Venezuela podem ser utilizados tanto em operações de contrabando quanto em resgate, evacuação ou entrega de carga humanitária em áreas remotas do país. Destacamos o fato de que a cooperação técnica militar entre Venezuela e Rússia se baseia em um acordo intergovernamental assinado em maio de 2001, durante a visita a Moscou do ex-presidente Hugo Chávez (1998-2013).

Igualmente interessante é o caso boliviano onde, com os russos, analisam-se novos projetos de cooperação militar, tal qual ocorrido em uma reunião realizada na cidade de La Paz, na Bolívia, no âmbito da cooperação técnica militar bilateral em benefício das Forças Armadas da Bolívia, nos dias 4 e 5 de julho de 2019, nas instalações da Escola Militar de Engenharia. Embora as autoridades não tenham fornecido mais detalhes sobre os assuntos

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discutidos, ficou evidenciado que durante o encontro foram assinados vários acordos de cooperação técnica militar, relacionados à aquisição de material militar russo pelas Forças Armadas bolivianas17.

Dentro do escopo dos contratos assinados, há um plano de modernização que inclui a aquisição de armas leves (rifles de assalto, metralhadoras etc.), veículos táticos, veículos blindados, artilharia, entre outros. Por fim, o governo boliviano demonstrou interesse na aquisição de aeronaves de combate, indicando que dentre os modelos considerados está o avançado tipo de instrutor/ataque leve Lead in Finter Trainer (Lift) Yakolev Yak-130, enquanto que para completar a frota de helicópteros houve negociações sobre o Mi-17V-5, de acordo com a empresa estatal russa Rosoboroexport.

No que diz respeito à participação da China na cooperação militar e econômica na Bolívia e na Venezuela, é muito ampla e diversificada. Um exemplo disso foi a declaração do presidente venezuelano, Nicolás Maduro Moros, em 28 de junho de 2019, onde ele afirmou que "entre os dois países existe uma Parceria Estratégica Abrangente, pois ressalto que no campo militar a cooperação entre as duas nações é perfeita e continua cada vez melhor”.

Os dados apresentados podem ser visualizados no mapa abaixo que ilustra os pontos que sinalizam, nos termos da Escola de Copenhague, para a hipóteses de que a intrusão militar na região aponta, pois, para o risco de que as dinâmicas securitárias próprias do arco andino - tradicionalmente a área de penetração da potência hemisférica na região – se desloquem para o Cone Sul, um movimento que, se consolidado, poderia converter o CRS da América do Sul em um perímetro de instabilidade.

17Disponível em:

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Figura 3 Presença dos EUA no complexo regional sul-americano

Fonte: Teixeira Júnior18 (2019).

Assim, conforme apresentado no mapa, é possível constatar a crescente presença dos EUA no Complexo Regional da América do Sul, iniciada no Subcomplexo do norte andino, com o Plano Colômbia, e se expandindo para o Cone sul. Da mesma forma, observa-se a inédita presença de duas grandes potências na região, Rússia e China na Venezuela e Bolívia, respectivamente, o que parece ser um contrapeso à intrusão norte-americana evitando que esta crescente intrusão se converta, pelo menos no curto e médio prazos, em um soft overlay.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tomando como referência o aporte teórico-conceitual da Escola de Copenhague, destaca-se a importância do nível de análise regional como base para a compreensão das dinâmicas, interações e processos entre as unidades que compõem os chamados Complexos Regionais de Segurança.

18 Palestra proferida pelo Prof. Dr. Augusto W. M. Teixeira Júnior na Escola Superior de Guerra,

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Mais especificamente com relação ao objeto de análise deste trabalho – a variável intrusão/overlay - foi possível constatar a crescente presença dos EUA no Complexo Regional, iniciada no Subcomplexo do norte andino, com o Plano Colômbia, com tendência à expansão para o Cone Sul, tornando o Arco de Instabilidade Andino, no longo prazo, em um potencial Perímetro de Instabilidade Sul-Americano.

Essa intrusão, apesar de expansiva, tende a ser contrabalanceada pela presença de duas grandes potências: China e Rússia, o que contribui, paradoxalmente à primeira vista, para que não se encaminhe para a indesejável situação de overlay, mas, sim, para um balanceamento que, espera-se, mantenha o status quo, pelo menos no curto e médio prazos, como sugere a ilustração abaixo:

Em suma, foi possível constatar que no Complexo de Segurança da América do Sul há a presença da superpotência e duas grandes potências, algo inédito e que traz novas configurações gerando, assim, uma crescente intrusão dos EUA em grande parte da região, bem como um contrabalanceamento a este fenômeno materializado pela presença da Rússia e da China. Por último, mas não menos importante, revisitando uma terminologia tão presente nos tempos

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da Guerra Fria, mas que assume contornos palpáveis na atual conjuntura, é possível que no jogo de poder internacional em curso, o CRS da América do Sul figure como uma arena de baixo custo, onde as potências busquem a consecução de seus interesses sem um enfrentamento direto.

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Referências

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