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A animação sociocultural e os cuidados continuados integrados: estudo de caso na Santa Casa da Misericórdia de Paços de Ferreira

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A Animação Sociocultural e os Cuidados

Continuados Integrados:

Estudo de Caso na Santa Casa da Misericórdia de Paços de

Ferreira

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM

CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO EM ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL

Leonilde Alexandra Lopes Silva Ribeiro

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Dissertação de Mestrado 2º Ciclo em Ciências da Educação Especialização em Animação Sociocultural

Mestranda: Leonilde Alexandra Lopes Silva Ribeiro Orientador:Prof. Doutor Jacinto Jardim Co-Orientador:Prof. Doutor Marcelino Lopes

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Tese de Mestrado para obtenção do grau de Mestre em Ciências da Educação – Especialização em Animação Sociocultural na Universidade de Trás osMontes e Alto Douro, pela candidata Leonilde Alexandra Lopes Silva Ribeiro, sob a orientação do Professor Doutor Jacinto Jardim e co-orientaçãodo Professor Doutor Marcelino Lopes.

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Dedico este trabalho às minhas filhas, ao meu marido e aos meus pais, pelo seu amor, carinho, compreensão ecolaboração na concretização de mais uma etapa importante no meu e nosso futuro.

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Quero agradecer a todos os que contribuiram para esta Investigação:

Ao Professor Doutor Marcelino Lopes, meu Co-Orientador, que através do seu profissionalismo me incentivou a dar continuidade à vida académica, obtendo assim o grau de Mestre.

Ao Professor Doutor Jacinto Jardim pela orientação desta tese, pelo seu empenho, motivação e disponibilidade ao longo de todo o processo desta investigação.

O meu muito obrigado, em especial, á minha amiga de longa data Mónica Cardoso, que tem sido, ao longo dos anos, um grande apoio no meu percurso pessoal e académico, assim como à minha colega Sofia Campos.

A toda a minha família, que me incentivou sempre, mesmo perante as dificuldades da vida, a dar mais este passo.

Obrigado a todos, pelo incentivoe apoio incondicional que me transmitiram no decorrer desta dissertação, pois só com o apoio de todos ela foi possível .

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Com o presente projeto pretende-se, a partir de um contexto relacionado com a animação sociocultural e tendo como premissa a observância da garantia da qualidade de vida que fundamenta os Cuidados Continuados Integrados, construir uma proposta de atuação baseada em técnicas de animação socioculturais, direcionadas a doentes continuados, tendo em vista a promoção da qualidade de vida numa perspetiva holística da pessoa idosa.

Os Cuidados Continuados Integrados, tutelados pelos Ministérios da Saúde e da Solidariedade e da Segurança Social e geridos pela Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), são alvo da atenção e do interesse de diversos setores políticos e sociais pois que assumem um papel preponderante no que toca aos cuidados a prestar a pessoas com algum tipo de carência e inferem diretamente nas dinâmicas adotadas pelo Governo Português para fazer face a este problema.

Entendidos como um conjunto de intervenções ativas e contínuas ao nível da saúde e do apoio social, os Cuidados Continuados têm por finalidade a recuperação global de um indivíduo fragilizado, visando a sua reintegração no seio familiar e social bem como a melhoria progressiva das suas condições de saúde. Para dar prosseguimento a tais ambições os Cuidados Continuados compreendem um vasto leque de incumbências onde se inserem também as práticas de animação sociocultural, devidamente fundamentadas do ponto de vista legal mas ainda não completamente praticadas seja pela falta de técnicos, de meios ou até mesmo pela inadequação das práticas da disciplina às características especificas dos utentes de Cuidados Continuados.

Tendo em vista a verificação da utilidade da animação sociocultural para a melhoria da qualidade de vida dos utentes de Cuidados Continuados pretende-se, através desta investigação, identificar as práticas de animação que melhor se adaptam às condições específicas dos idosos, levando a cabo a aplicação de um questionário junto dos utentes de uma valência de Cuidados Continuados. Nesse sentido, conclui-se que mais do que um acompanhamento

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de voluntários que promovam atividades do seu agrado, … práticas que são de animação sociocultural.

O principal objetivo é contribuir para o enriquecimento da animação sociocultural enquanto prática integrada nos Cuidados Continuados capaz de promover a saúde, a felicidade e a qualidade de vida daqueles que, por algum motivo, integram o conjunto de utentes da Rede Nacional de Cuidados Continuados.

Palavras-chave: Envelhecimento, Animação Sociocultural, Cuidados Continuados Integrados, Qualidade de Vida, Saúde

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With this project it is intended, from a context related to sociocultural and compliance with the premise of ensuring the quality of life that underlies the integrated care, build a proposal for action based on techniques of sociocultural animation, directed the patients continued with a view to promoting the quality of life in a holistic perspective of the elderly.

The integrated care, overseen by the Ministries of Health and Solidarity and Social Security and administered by the National Network of Integrated Continuous Care (RNCCI), are the focus of attention and interest of various political and social sectors because they assume a leading role in relation to the care of people with some kind of grace and infer directly the dynamics adopted by the Portuguese government to tackle this problem.

Understood as a set of active and continuous interventions at the level of health and social support, Continuing Care aiming at the overall recovery of a frail person, with a view to their reintegration within the family and social as well as the gradual improvement of their conditions Health.

To proceed to such ambitions Continuing Care include a wide range of tasks which fall also the sociocultural practices and their justification of the legal point of view but not yet fully committed due to lack of technical means or even by the inadequacy practices of the discipline specific characteristics of the users of Continuing Care.

In order to verify the usefulness of social and cultural activities to improve the quality of life of users of Continuing Care is intended, through this research, identify the practices of animation that best suit the specific conditions of the elderly, carrying out the application a survey among users of a valence of Continuing Care.

In this sense, it is concluded that more than one monitoring group, people in situation of integrated care, require a personal service (including spiritual),

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The main objective is to contribute to the enrichment of social and cultural activities as integrated practice in Continuing Care that promotes health, happiness and quality of life of those who, for some reason, comprise the set of users of the National Continuing Care.

Keywords: Aging, Sociocultural Animation, Continuous Care, Quality of Life,

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Resumo ... I Summary ... III INTRODUÇÃO ... 1 REVISÃO DA LITERATURA 1. Envelhecimento ... 7 1.1.Envelhecer em Portugal ... 11

1.2.O envelhecimento, saúde e autonomia ... 13

1.3.Critérios de fragilidade dos idosos ... 18

2. Cuidados Continuados Integrados ... 21

2.1.Apresentação da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) ... 22

2.2.Recursos humanos afetos à RNCCI ... 29

2.3.O processo de internamento na RNCCI ... 32

2.4.A prestação de cuidados continuados integrados ... 33

2.5.O papel do cuidador nos cuidados continuados integrados ... 35

3. Animação Sociocultural ... 37

3.1.A importância da animação sociocultural nas UCCI ... 40

3.2.O papel do animador sociocultural nas UCCI ... 41

3.3.Boas práticas de animação nas UCCI ... 43

4. Qualidade de Vida na Pessoa Idosa ... 45

METODOLOGIA GERAL 1. Metodologia... 54 1.1.Método ... 55 1.2.Estudo de Caso ... 58 1.3.Papel do Investigador ... 60 1.4.Procedimentos ... 61

1.5.Amostragem do Estudo de Caso ... 62

1.6.Limitações do Estudo de Caso ... 64

2. O Caso Estudado ... 65

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2.2.1. Unidade de Cuidados Continuados Integrados

não certificada ... 67

2.2.2. Os utentes ... 67

2.3. Definição da amostra do estudo de caso ... 68

ESTUDO EMPÍRICO 1. Análise aos questionários... 71

2. Discussãos dos resultados ... 81

CONCLUSÃO INTEGRATIVA GERAL ... 85

BIBLIOGRAFIA ... 91

ANEXOS………..103 Anexo I – Carta de pedido de autorização, à instituição escolhida, para a realização do estudo empírico

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Índice de Diagramas

Diagrama 1 – Tipologias da RNCCI ... 26 Diagrama 2 – Desenho de pesquisa ... 60

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Índice de Quadros

Quadro 1 –Recursos Humanos afetos à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados( RNCCI) ... 29 Quadro 2 –Perfil Profissional………..…...…31

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Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Estrutura da população residente em Portugal, por grupos

etários, e Gráfico 2 – Razão de internamento ... 71

Gráfico 2 Idosos por resposta Social na Santa Casa Misericórdia de Paços de Ferreira ... 11

Gráfico 3 – Razão de internamento ... 71

Gráfico 4 – Motivo de incapacidade ... 72

Gráfico 5 – Grau de dependência apresentada... 72

Gráfico 6 – Com quem ocupava o tempo livre ... 73

Gráfico 7 – Atividades que gostava mais de fazer no tempo livre ... 74

Gráfico 8 – Motivo de saudades ... 75

Gráfico 9– Satisfação com a vida... 76

Gráfico 9 – Sente que a sua vida é vazia? ... 77

Gráfico 10 – Medos ... 78

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RNCCI – Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados UCCI – Unidade de Cuidados Continuados Integrados

INE – Instituto Nacional de Estatística OMS – Organização Mundial de Saúde PII – Plano Individual de Intervenção

QCIA-Questionário das Capacidades em Idade Avançada ECL- Equipas de Coordenação Local

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O presente trabalho foi elaborado no âmbito do Projeto de Mestrado em

Ciências da Educação – Especialização em Animação Sociocultural da

Universidade de Trás os Montes e Alto Douro. Esta investigação foi desenvolvida com base na temática dos Cuidados Continuados Integrados e o papel da Animação Sociocultural nesta área, que está ainda em expansão em Portugal.

A escolha deste tema baseou-se na conveniência e na atualidade que o caraterizam, assim como no facto de se considerar que o mesmo poderá ser muito benéfico para a qualidade de vida das pessoas que dele beneficiam, quando utilizadas técnicas adequadas de Animação Sociocultural.

A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados(RNCCI) é um projeto inovador e bastante pertinente, que já se encontra em desenvolvimento em vários países, e que, desde 2006, se iniciou em Portugal.

Em quase seis anos de existência, a RNCCI expandiu-se pelo país, com diversas tipologias de resposta. Tem sido crescente o seu contributo no combate à inexistência de cuidados de proximidade e de continuidade dos mesmos a pessoas dependentes. Para além disso tem permitido que haja uma redução bastante acentuada da ocupação de camas hospitalares, quando as pessoas que as ocupavam precisavam de apenas cuidados continuados. Até à sua criação, as respostas existentes para a pós-alta hospitalar, de pessoas com necessidade de continuação de cuidados, eram muito reduzidas.

O número de UCCIs tem crescido de forma considerável, até que atualmente, de acordo com a informação disponibilizada no site da RNCCI, existem cerca de 174 unidades de internamento e 150 equipas domiciliárias de Cuidados Continuados Integrados.

De acordo com a mesma fonte, prevê-se que em 2016 a rede esteja totalmente implementada e a responder às necessidades existentes no país. Neste

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sentido, apesar do curto tempo de existência deste serviço, são inúmeros os benefícios que se denotam, e por isso continuam a ser aprovadas mais candidaturas a Unidades, e assim se poderão diminuir o número de camas hospitalares que, segundo o Governo Português, existem em demasia e assumem um encargo elevadíssimo de despesas (comunicação do Ministro da Saúde, a 25/26 de Novembro de 2011, no 2.º Congresso Nacional de Cuidados Continuados - União das Misericórdias Portuguesa).

A RNCCI surge como uma forma de responder às exigências promovidas pelas alterações demográficas que têm vindo a acentuar-se por todo o mundo e vai de encontro ao proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que já em 1998 avançara uma primeira definição para o conceito dos Cuidados Continuados, dizendo deles que são “uma abordagem que aprimora a qualidade de vida dos pacientes e famílias que enfrentam problemas associados a doenças ameaçadoras de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento, por meios de identificação precoce, avaliação correcta e tratamento da dor e outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual”.

Atendendo a esta definição, consensualmente aceite por um amplo leque de países, os cuidados continuados não devem estar dependentes apenas dos serviços de saúde, que indiscutivelmente são um dos seus suportes basilares, mas sim interligados a outras áreas, nomeadamente às sociais.

No entanto, do ponto de vista prático resultante da análise dos serviços programados e levados a cabo pela RNCCI, não estão ainda a ser implementadas práticas de animação sociocultural junto dos doentes internados nestas unidades.

Tendo em conta que a problemática dos Cuidados Continuados Integrados não diz respeito apenas ao doente mas a todas as pessoas que com ele se relacionam, nomeadamente os seus familiares, propõe-se, no presente trabalho, a integração de práticas de animação sociocultural como via para a promoção da qualidade de vida da pessoa doente, sobretudo ao nível emocional e psicossocial e no alívio da tensão psicológica dos familiares.

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Pretende-se demonstrar que a inserção de práticas de animação sociocultural contribuem para o retardar da hospitalização, podem prevenir situações de dependência e promover a autonomia e o bem-estar do doente e das famílias, criar condições que permitam preservar e incentivar as relações inter pessoais e, sobretudo, garantir ao utente a valorização das emoções em suplantação da dor física, que o acompanha constantemente.

É aqui que cabe o fundamento da presente proposta de tese.Neste sentido e tendo em conta a definição e plano de atuação da Animação Sociocultural, crê-se que a metodologia e as atividades de Animação podem vir a decrê-sempenhar um papel determinante na evolução do estado holístico do doente, não só do ponto de vista da melhoria do bem-estar e da qualidade de vida mas também enquanto ferramenta capaz de aliviar a carga de responsabilidade, que atualmente recai na equipa multidisciplinar das Unidades e sobre os outros agentes sociais já envolvidos na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, como Centros de Saúde, Instituições Particulares de Solidariedade Social.

A Animação Sociocultural tem como principal preocupação os interesses e aspirações dos indivíduos, levando a cabo um conjunto de ações que visam potenciar o desenvolvimento e que pretendem contribuir para o aumento da autonomia individual,e das comunidades,(Jardim,2003;Lopes,2008;Serrano, 2008). Assim, considerando os doentes necessitados de cuidados continuados, uma comunidade concreta, com necessidades reais que vão para além do alívio físico da dor, supõe-se que o desenvolvimento de práticas de Animação Sociocultural possa vir a desenvolver e favorecer os estados emocionais e psicológicos dos doentes.

Sendo que a Animação Sociocultural poderá ser vista como um “antídoto” eficaz contra as modernas patologias sociais, que resultaram das ruturas comunicacionais, do alheamento individual e de outros fatores, ela pode também constituir remédio a muitos dos sintomas associados à doença continuada como o alheamento social e cultural e sobretudo a solidão, (Vecch et al.,2005. Partindo da mais generalizada definição existente para a animação sociocultural, aquela que a UNESCO (1982) veicula como sendo “(…) um

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conjunto de práticas sociais que têm como finalidade estimular a iniciativa, bem como a participação das comunidades no processo do seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida sociopolítica em que estão integrados”, pode-se interpretar esta disciplina como um processo deliberado e constante que visa estimular as pessoas e os grupos ao auto-desenvolvimento, através da mobilização de todas as suas faculdades no sentido da resolução dos seus problemas reais e efetivos. Pode ainda dizer-se que a animação sociocultural é um estimular para a descoberta e desenvolvimento das potencialidades e capacidades de cada comunidade, e daí a importância de integrar a animação sociocultural na temática dos cuidados continuados.

Tendo em conta o papel interventivo e funcional da animação sociocultural, e considerando o suporte que a psicologia, enquanto ciência, vem trazendo para esta matéria, acredita-se que esta disciplina reúne potencialidades e capacidades capazes de minimizar, ou ajudar a ultrapassar, toda a carga emocional negativa que a doença crónica poderá acarretar, valorizando os cuidados continuados integrados.

Como forma de dar conta dessa preemência atuativa da animação sociocultural nos Cuidados Continuados Integrados, recorreu-se a uma instituição sénior, com clientes detentores de perfil para estarem em UCCI (dado que não foi possível fazer o estudo numa UCCI) com o objetivo de perceber qual a relevância da prática da Animação Sociocultural nas Unidades de Internamento (CCI ou, neste caso, lar) como estratégia de promoção de qualidade de vida dos utentes internados, uma vez que a maioria são idosos e é necessário considerar que devem encarar o envelhecimento de forma ativa, atendendo ao seu percurso de vida.

Desta forma, a Animação Sociocultural permite contribuir para a construção da felicidade nos respetivos utentes,dando mais vida aos anos em vez de dar mais anos à sua vida. (Lopes & Pereira, 2009).

Para concretizar o objetivo desta investigação aplicou-se um questionário a uma amostra dos idosos hospedados nessa instituição que tem uma valência a funcionar nos moldes exatos de uma Unidade de Cuidados Continuados, de

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modo a conhecer a sua realidade e opinião acerca dos serviços prestados ao nível da Animação Sociocultural.

O resultado das respostas obtidas vai permitir aferir da necessidade, ou não, da aplicação concreta de práticas de animação sociocultural em ambiente de UCCI e mais: permitira também aferir quais as práticas adequadas a esta situação concreta pois, como sabemos, a animação sociocultural é uma disciplina ampla capaz de se integrar nos mais diversos cenários, sendo que as suas atividades não são mapeadas em concreto mas antes em função dos cenários e dos personagens com que se depara no dia-a-dia.

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REVISÃO DA

LITERATURA

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1. Envelhecimento

O processo de envelhecimento refere-se a um conjunto de processos, mais do que um processo singular, ele ocorre nos organismos vivos e tem por principal caraterística a perda da adaptabilidade, que se denota em todos eles com o passar dos anos. A referida perda de adaptabilidade traduz-se no progressivo aparecimento de danos funcionais, sendo a extensão lógica dos processos fisiológicos de crescimento e de desenvolvimento (Spidurso,1995).

Tendo em conta o conceito apresentado anteriormente pode se considerar o envelhecimento como um conjunto de processos que envolve aspetos biopsicossociais e que tem uma base hereditária, pois são conhecidas famílias cujos componentes tendem à longevidade, e outras que apresentam certas doenças com muita frequência (Spidurso, 1995).

Por sua vez , Shepard (1997) aponta para o envelhecimento como o declínio capaz de ser quantificado em números que representem o consumo de O2

(oxigénio), que meçam a capacidade muscular, a flexibilidade e o equilíbrio dos organismos vivos. Esta opinião não é, no entanto, partilhada por Wilmore & Costill (2001) já que, segundo estes, o processo de envelhecimento não pode ser totalmente conhecido, sendo que dele a única certeza.

O facto de se tratar de uma situação inexorável e de ser um processo biossocial de regressão observável em todos os seres vivos, e com expressão particular na perda de capacidades ao longo da vida devida à influência de diferentes variáveis como a genética, danos acumulados, condições de vida e fatores nutricionais, entre outros”, (Barros,2005).

Certos de que a genética está intimamente ligada ao processo de envelhecimento e indo de encontro à definição primeiramente avançada por Spidurso, Wilmore e Costil (2007), o facto dos genes de cada sujeito serem herdados pelos dos familiares, desde a primeira fase da existência, justificam as diferenças que se verificam de individuo para indivíduo ao longo do

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processo de envelhecimento. Sublinham também a incapacidade humana para se contornarem esses traços genéticos.

O processo de envelhecimento começa desde o momento da conceção. A velhice pode então ser definida como um processo dinâmico e progressivo onde há modificações tanto morfológicas como funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam a progressiva perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que culminam na morte. Este declínio pode começar em diferentes idades para diferentes indivíduos com uma tendência geral que exibe enormes variações, quer em grupos, quer individuais” (Biirren e Sachaie, 2001). Tal como já foi visto anteriormente, para a OMS a idade em que estas consequências do processo de envelhecimento mais se começam a notar é a partir dos 65 anos.

Sendo que o processo de envelhecimento se considera então como um conjunto de processos que inclui alterações fisiológicas, morfológicas, bioquímicas e psicossociais, tem-se que a idade não pode ser considerada apenas na sua perspetiva cronológica mas que, em fase do processo de envelhecimento, ela também deve ser observada sob o plano da biologia, tanto mais que, como sustentaram Wilmore & Costill (2001), citados por LLano (2003), o envelhecimento não acontece num paralelo quantificável com a idade cronológica, pelo que se torna mais fácil de identificar o envelhecimento tendo em conta algumas caraterísticas biológicas do que, propriamente, os anos de vida que o indivíduo conta.

Assim, para avaliar o processo de envelhecimento é necessário ter em conta também a idade biológica e esta sai evidenciada, quando se começam a notar as seguintes alterações no corpo humano (Séniores ativos,CME):

 O tecido conjuntivo do organismo aumenta;  A quantidade de gordura aumenta;

 Verificação uma diminuição no consumo de oxigénio;

 As propriedades elásticas dos tecidos conjuntivos perdem força;  O coração passa a bombear menos sangue;

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 Os músculos vão perdendo a força;

 As capacidades de coordenação vão diminuindo;  As fibras musculares vão diminuindo.

O decurso do envelhecimento que se descreve biológicamente com as caraterísticas que acima se referem e que Shephard (1997) descreve como sendo um processo caraterizado por “transformações progressivas e irreversíveis em função do tempo, caminhando lentamente para a morte, representando uma etapa do desenvolvimento individual, onde o catabolismo é maior que o anabolismo” (citado por Séniores Ativos, CME), não explica por si só o envelhecimento, uma vez que ele é também um acumular de fatores psicológicos e sociais.

O envelhecimento psicológico é como disse Shephard (1997:7), citado pela fonte anterior, “evidenciado por um processo dinâmico e extremamente complexo, muito influenciado por fatores individuais que se iniciam com um declínio lento e depois acentuado das habilidades que o indivíduo desenvolvia anteriormente”. Neste processo os sintomas identificados por (Séniores Ativos, CME) são:

 A aceitação ou a recusa da condição de velho;

 A aceitação ou a recusa dessa condição por parte dos outros;

 A diminuição da vontade, dos desejos e sonhos em relação ao futuro;  A diminuição da atenção e da capacidade de concentração;

 O enfraquecimento da consciência;

 O apego às rotinas e aos valores tradicionais.

Também do ponto de vista sociológico, o processo de envelhecimento tem várias implicações. Para este aspeto do conjunto processual que conduz o ser humano a uma nova situação face a si mesmo e aos outros, Shephard (1997), citado pela fonte anterior, adianta que a idade não significa apenas um espaço de tempo, mas que ela é também a imagem de uma categoria social porque a cada idade está associado um modo de vida, caraterísticas individuais que se manifestam em determinada fase do crescimento do individuo, objetivos de

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vida, conflitos e sentimentos que não se reproduzem noutras etapas de uma mesma vida.

Para além destas contingências sociais inerentes ao envelhecimento humano, sob o ponto de vista sociológico, há ainda que ponderar o facto de “as influencias que atuam sobre o segmento da terceira idade dependerem do tipo de grupo social ao qual cada um pertence. Em sociedades de pouca cultura, onde as informações são de transmissão oral, o idoso tem muita respeitabilidade, e o seu conhecimento é considerado valioso”. No entanto, noutras sociedades, a pespetiva que se tem sobre as pessoas desta faixa etária é bem diferente:

“A inaptidão física do idoso é um fator negativo que se reflete na capacidade produtiva, o que é traduzido em números: baixo número de oportunidades de empregos disponíveis, poucos benefícios no emprego, difícil acesso à tecnologia nova, que requer um treino especial e educação, etc., exceção feita na área política, onde se encontram pessoas mais velhas e que frequentemente se destacam”. A idade da reforma não é sempre bem recebida porque a situação financeira é uma preocupação da sociedade bem como os cuidados médicos e outras questões relacionadas à terceira idade. As mudanças dos valores e da educação evoluem de forma muito rápida principalmente nos países industrializados. Este é um potencial fator gerador de conflitos com as gerações mais novas, prejudicando a qualidade de vida na terceira idade. O idoso, em geral, tem dificuldade em aceitar as “novidades” refere (Fernández, 2000).

A face mais visível do processo de envelhecimento é a que está ligada às caraterísticas biológicas das pessoas, particularmente os pormenores fisiológicos que têm início logo após o fim da fase de desenvolvimento e estabilização. Muitas dessas alterações fisiológicas afetam a capacidade de fazer exercício e de realizar atividades, por isso quando elas se começam a evidenciar, os indivíduos deixam de lado as suas atividades profissionais (Lourenço & Neto, 1996).

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Com o evoluir dessas alterações fisiológicas, psicológicas e sociais os sujeitos começam a sentir “implicações diversas na sua qualidade de vida, tornando-o gradualmente menos ativo, menos autónomo, mais dependente”(Papalia,1998).

1.1. Envelhecer em Portugal

Portugal não fica alheio ao processo de evolução demográfica que se tem vivenciado, um pouco por todo o mundo, e que se traduz no crescente envelhecimento demográfico da população. Envelhecimento demográfico que, no dizer de Maia (1984:456) significa “aumento da proporção de pessoas com 65 e mais anos na população total.”

Apesar do nível de envelhecimento demográfico português não atingir o de outros países europeus, a redução do número de jovens e o aumento significativo de idosos tem vindo a acontecer de forma bastante rápida, tal como se pode verificar no gráfico seguinte:

Gráfico 1: Estrutura da população residente em Portugal, por grupos etários,

em 1981, 1991, 2001, 2011

(Resultados provisórios dos censos 2011 (INE, 2011)

Outro aspeto a considerar, de acordo com a mesma fonte, é que nos grupos etários mais jovens (até aos 24 anos de idade), o número de homens é

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superior ao das mulheres, sendo 13,1% contra 12,6%, o mesmo não acontece em idades mais avançadas, pois aqui tem-se 28,5% de percentagem de mulheres contrariamente a 26,6% de homens (dos 25 aos 64 anos) e uma percentagem de 11% de mulheres face a 8% dos homens, com idades a partir dos 65 anos.

De acordo com o que é defendido por Stella (2001), é possível identificar três razões específicas para o envelhecimento demográfico a que se assiste em Portugal, sendo elas, o envelhecimento natural de topo, o envelhecimento artificial do topo e o envelhecimento natural na base.

No que concerne ao envelhecimento natural do topo, este diz respeito ao aumento da percentagem de população idosa, ou seja, representa a consequência direta da diminuição da taxa de mortalidade (10,8 mortes/1.000 habitantes, em Julho de 2011), da taxa de mortalidade infantil, que no mesmo ano apresentava o valor de 4,66 mortes/1.000 nascimentos, tal como o aumento da esperança média de vida, que no triénio 2006/2008 foi de 75,49 anos para os homens, 81,74 para as mulheres e 78,70 para ambos os sexos (INE, citado por Jornal Público, 2009).

Esta diminuição das taxas de mortalidade e o efetivo aumento da esperança média de vida, resultam diretamente das melhores condições sociais e tecnológicas, assim como dos progressos da medicina. Melhorias estas que promoveram maior qualidade de vida.

Relativamente ao envelhecimento artificial do topo, este deriva da concentração de idosos em regiões particularmente atraentes devido a aspetos como o clima e a oferta de serviços especializados.

Por sua vez, o envelhecimento natural na base, é fruto da diminuição da taxa de natalidade, que em 2007 representava uma taxa de cerca de 9,7%, o que tem consequência direta no reduzido número de jovens que existe no total da população.

A alteração do papel da mulher (maior participação no mercado de trabalho), os avanços científicos (métodos contracetivos), e a melhoria das condições de

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vida são alguns dos fatores que originaram esta diminuição da taxa de natalidade. De acordo com as projeções da União Europeia, em 2030 a taxa média do número de filhos por mulher será de 1,6 considerando que o limiar de renovação das gerações é de 2,1 filhos por mulher, o que comprova que as gerações não se vão modernizar e que a população continuará a envelhecer cada vez mais.

1.2. O envelhecimento, saúde e autonomia

A saúde surge como um bem precioso que não tem preço e que permite ter maior ou menor qualidade de vida. Não estando obrigatoriamente associada à idade, frequentemente as alterações na saúde, estão diretamente ligadas ao passar dos anos.

Dada a sua importância, a saúde está contemplada em vários documentos como tema de referência. A Carta Social Europeia (revista e retificada por Portugal, em 2001), no Artigo 23º “ reconhece que todas as pessoas têm o direito de beneficiar de todas as medidas que lhes permitam gozar do melhor estado de saúde que possam atingir. “

Por sua vez, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Artigo 25º refere-se à saúde como sendo “um direito humano fundamental e inscrito na Constituição e em leis específicas em diferentes países”.

A Organização Mundial de Saúde, no seu preâmbulo afirma que é “um dos direitos fundamentais de todo o ser humano, gozar do melhor estado de saúde que é possível atingir, sem distinção de raça, religião, de credo político, de condição económica ou social”. Mais ainda, assevera que a saúde de todos os povos é essencial para conseguir a paz e a segurança, e depende da mais estreita cooperação dos indivíduos e dos Estados.

Neste sentido, fica clara a importância e a convição de que a saúde constitui um direito fundamental de todos os indivíduos, e que para ela contribui não só cada pessoa individualmente, mas também o Estado enquanto órgão produtor

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de condições que promovam o desenvolvimento da saúde em cada país, garantido a universalidade e a equidade no acesso aos Serviços de Saúde. Contudo, associado ao envelhecimento populacional há um aumento da prevalência de doenças crónicas e incapacitantes e uma mudança de paradigma na saúde pública, o que obriga a repensar a forma como se podem prevenir a acompanhar este tipo de situações, de forma a minimizar sequelas que possam comprometer uma vida autónoma e independente, durante o maior número de anos possível, garantido assim maior qualidade de vida a cada indivíduo , segundo (Fermández ,2009).

A saúde não se avalia apenas pela existência ou não de doenças, porque estas inevitavelmente vão surgir sempre na vida de cada pessoa, mas estima-se também pelo grau de preservação da capacidade funcional dos indivíduos, ou seja, a questão da saúde atualmente não passa simplesmente por propiciar uma vida longa, mas sim prolongar a duração de uma vida com qualidade. E a qualidade de vida deve incluir aspetos que garantam saúde, conforto, auto-estima, autonomia e bem-estar físico e psíquico (OMS, s/d). Assim, o conceito de saúde não se pode definir como um fenómeno isolado, pois deve ser relacionado com o contexto sócio-cultural, uma vez que a percepção da saúde varia de acordo com os padrões culturais, não sendo por isso um conceito universal.

Ainda de acordo com a Organização Mundial de Saúde, a saúde surge definida como o estado de alguém que se encontra bem, daquele que se sente bem. Segundo esta conceção, a saúde reflete-se como um estado positivo para o qual contribuem o bem-estar físico, o equilíbrio mental e a vida social de um indivíduo. Desta forma, pode-se entender que a saúde engloba a noção de desenvolvimento pessoal, bem como os valores de identidade, liberdade, participação e utilidade. No seguimento desta ideia, a OMS afirma que a saúde “é um estado de equilíbrio e completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”. Embora esta seja a definição mais difundida, não é consensual e tem levantado inúmeras críticas. Existem autores que questionam o que é o referido “completo bem-estar” e se atualmente ainda faz sentido fazer destaque entre o “físico, o mental e o social.” De qualquer forma,

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o Plano Nacional de Saúde (2004-2010) foca o entendimento abrangente do conceito de saúde, de acordo com a definição acima referenciada pela OMS, acrescentando apenas a ideia de “aptidão funcional”.

Associado à saúde e a um bom nível de qualidade de vida está o nível de autonomia que cada indivíduo possui. Por sua vez, a autonomia é indissociável da aptidão funcional mencionada no Plano Nacional de Saúde. A capacidade de fazer uma vida autónoma, sem precisar de auxílio para realizar as tarefas de vida diárias (AVD’s) revelam muito sobre o nível de qualidade de vida do indivíduo, por isso saúde e autonomia são dois conceitos que se complementam e evidenciam-se quando o indivíduo tem capacidade para desenvolver um comportamento em relação a si mesmo, sendo ele o autor das suas decisões, regras e escolhas. Ou seja, a autonomia pode ser encarada como uma condição de quem apela aos seus próprios meios para satisfazer as suas necessidades, sem necessitar da intervenção de outros para atingir essa satisfação.

Sendo que a autonomia está diretamente relacionada com a dependência, esta é, segundo o Artigo 3.º do Decreto – lei n.º 101/2006 de 6 de Junho, “a situação em que se encontra a pessoa que, por falta ou perda de autonomia física, psíquica ou inteletual, resultante ou agravada por doença crónica, demência orgânica, sequelas pós-traumáticas, deficiência, doença severa e ou incurável em fase avança, ausência ou escassez de apoio familiar ou de outra natureza, não consegue, por si só, as actividades de vida diária”.

Hernández e Gimenez (2000:131-139), classificam a autonomia das pessoas idosas em três grandes grupos:

Baixa Autonomia: “quando manifestam alta dependência para realizar as

actividades de vida diárias e com escassas relações sociais;”

Media Autonomia: “resolvem a maior parte dos seus problemas quotidianos,

mas contam com um importante apoio dos familiares, quando revelam perdas sensoriais e baixa actividade intelectual;”

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Autonomia Elevada: “ tem boa percepção de qualidade de vida, com atitudes

activas face à vida”.

Existem alguns instrumentos que permitem avaliar o grau de autonomia das pessoas AVD’s e nas atividades instrumentais de vida diária (AIVD), para assim possibilitar uma melhor adaptação dos cuidados e assim satisfazer as suas necessidades. Destam-se o Índice de Barthel e o Índice de Katz, para avaliar as AVD’s e as escalas de Lawton e de Pfeffer, para estimar a autonomia nas AIVD.

Resumindo, saúde, aptidão funcional, autonomia e independência são fatores que permitem ter uma vida mais longa e com maior nível de qualidade. Nos dias de hoje, envelhecer com qualidade durante o maior o maior número de anos possível, apresenta-se como um desafio de responsabilidade individual e coletiva, com consequências significativas no desenvolvimento económico do país.

Em contraposição aos conceitos de saúde e autonomia surgem os termos de doença e de dependência. Infelizmente, o envelhecimento não se consegue dissociar destes dois conceitos, pois com o passar dos anos as doenças surgem mais frequentemente, por norma com maior nível de gravidade e por isso mesmo, deixam sequelas, muitas vezes, irreversíveis e que têm consequências diretas nos níveis de dependência que possam delas advir. O termo doença deriva do latim dolentia (padecimento) e é uma condição anormal de um organismo que interfere nas funções corporais estando associada a sintomas específicos. Pode ser causada por fatores externos, como outros organismos no caso das infeções, ou por disfunções internas, como no caso das doenças auto-imunes. A ciência que estuda e procura entender as doenças é a Patologia (Infopédia).

A doença é um conceito complexo e multifacetado, podendo ser entendido por diversos pontos de vista (Perrez & Baumann, 2005). Segundo o chamado conceito médico, a doença é vista como algo localizado dentro do indivíduo, e é definifa como um fenómeno isolado, com causas biológicas, que normalmente é tratada com medicamentos.

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Contudo, várias ciências (Sociologia, Antropologia, Ciências de Saúde, etc.) têm vindo a levantar críticas sobre este conceito médico. Atualmente, entendesse que a doença não influencia somente o indivíduo, mas todas as pessoas que estão em contato com ele (família, amigos…). Para além disso, a doença não tem apenas consequências biológicas, mas também sociais (isolamento, preconceito…) e provoca muitas vezes mudanças neste sistema. É neste prisma que hoje se fala no conceito bio-psico-social, o que evidencia que a doença deve ser analisada sob diferentes pontos de vista, de acordo com os díspares fatores que a influenciam, sendo eles os fatores biológicos (predisposição genética e os processos de mutação que determinam o desenvolvimento corporal geral); os fatores psicológicos (preferências, expetativas, medos, reações emocionais…); e os fatores socioculturais (a presença de outras pessoas, expetativas da sociedade e do meio cultural, influência do círculo familiar, etc.) (Myers, 2007).

O binómio Saúde-Velhice tem suscitado interesse por parte de vários autores. Zimerman (2000) defende que a velhice não é uma doença, mas sim “uma fase na qual o ser humano fica mais susceptível a doenças”. A pessoa idosa adoece mais frequentemente, mais rapidamente e a sua recuperação é mais demorada.

Com o envelhecimento populacional vivenciam-se alterações nos padrões de doença nas sociedades modernas. Contemporaneamente, na sociedade portuguesa as pessoas vivem mais e sofrem predominantemente de doenças crónicas (que, por norma, são estas que deixam maiores sequelas e níveis de dependência mais elevados), e já não morrem de doenças agudas e infeciosas, como acontecia antigamente. Hoje em dia, a medicina tem a capacidade de aliviar a dor e o mal-estar associados a algumas doenças, o que em última análise, faz com que as pessoas tenham de se confrontar com a possibilidade de viver com a doença durante um longo período de tempo (Giddens, 2004). Todos as faixas etárias da população podem ser afetadas pela dependência, no entanto e com base na ideia anterior, a dependência surge com mais intensidade nas pessoas idosas. Quaresma (2004) afirma que “a problemática da dependência do idoso tem vindo a ocupar um lugar de destaque nas

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questões do envelhecimento, pois são os idosos que tendem a sofrer múltiplas doenças”.

1.3. Critérios de fragilidade dos idosos

O conceito “Idoso Frágil” foi usado pela primeira vez de um ponto de vista formal, na década de 70 do século passado, pelo Federal Council on Aging (FCA) nos Estados Unidos da América, com o propósito de descrever o idoso que, para além de viver em condições socioeconómicas desfavorecidas, também apresenta fraqueza física e défice cognitivo. Segundo esta organização americana, os idosos frágeis teriam idade igual ou superior a 75 anos e não seriam capazes de realizar tarefas do seu quotidiano sem ajuda de terceiros (Hooi & Bergman, 2005).

Mais tarde, em 1991, a expressão em causa voltou a ser alvo da atenção dos gerontolólogos, que ao definirem a mesma, incluíram critérios capazes de identificar as fragilidades do idoso. Winograd et al (1991) disseram que, para ser considerado frágil, um idoso deveria ter pelo menos um de vários critérios, sendo eles:

 doença crónica incapacitante,  estado de confusão mental,  depressão,

 elevado risco de quedas,  incontinência urinária,  desnutrição,

 úlcera de pressão,

 problemas sócio-económicos.

No mesmo ano, Speechley & Tinetti (1991) atestaram que a fragilidade só podia ser considerada se fossem registados, no mínimo, quatro critérios de entre os que identificaram:

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 idade igual ou superior a 80 anos,  estado depressivo,

 instabilidade no equilíbrio e na marcha,

 dependência do uso de medicamentos para minimizar estados de ansiedade,

 redução da força muscular dos ombros e dos joelhos,  instabilidade nos membros inferiores,

 capacidade de visão reduzida.

Certos de que a componente biológica é aquela que mais condiciona e provoca a fragilidade na Terceira Idade, Fried et al (2001) propuseram a existência de um fenómeno tipo para a questão da fragilidade, adiantando itens observáveis e capazes de ser medidos como: a perda não intencional de 4,5 Kg ou 5% do peso corporal, no espaço de um ano, bem como a exaustão, denunciada por relatos de fadiga, capaz de ser avaliada na Escala de Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos. Entre os cinco itens propostos por estes investigadores, figuram ainda a diminuição da força de preensão, medida com dinamómetro na mão dominante ajustada para o género e índice de massa corporal; o nível baixo de concretização de atividade física, capaz também de ser medido se se tiver em conta o dispêndio semanal de energia em kcal, atendendo ao autorrelato das atividades e exercícios físicos praticados e, por último, a lentidão que se pode medir através do ajuste feito entre o género e a altura com a velocidade de marcha, indicada em segundos (Fried et al, 2001). Apesar destes itens terem sido considerados, outros autores afirmaram que os mesmos não eram suficientes para explicar a fragilidade na velhice, pois que eram influenciados e podiam ser piorados mediante a influência de fatores sociais. Dentre estes, Morley, Perry & Miller (2002) destacaram a renda insuficiente, o baixo nível de escolaridade e a ausência de apoio social como fatores de fragilidade determinantes.

Na variedade argumentativa existente, Hogan, Macknight & Bergman (2003) sustentaram que, os critérios utilizados para caraterizar e definir a fragilidade no idoso, são muitos e variam conforme os objetivos dos estudos para que estão a ser utilizados. No estudo destes autores foram identificados bem mais

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critérios dos que até então tinham sido sugeridos, sendo que incluíam esses e apontavam outros, resultando numa apresentação de 30 critérios entre os quais se contava a desnutrição, a osteopenia, o declínio da capacidade funcional, a anemia, a institucionalização, a pneumonia e até mesmo os auto relatos de saúde precária.

De entre todas as teorias abordadas, ressalta-se o fato de que a fragilidade na terceira idade depende dos critérios usados na sua avaliação e salienta-se também a diversidade de critérios identificados pelos mais variados autores (Teixeira, 2008). E não há “concordância sobre quais seriam esses parâmetros” (Teixeira, 2008:128). No entanto a existência e o uso desses critérios é determinante porque ajuda a identificar os idosos que necessitam de ajuda e quais as medidas a adotar nas estratégias de apoio.

“Para os indivíduos que estão em estágios avançados de fragilidade, critérios específicos de avaliação influenciarão a conduta terapêutica a ser adotada pelos profissionais de saúde. Nesse caso, o objetivo consiste em adiar ou, em última instância, amenizar as consequências adversas, resultando em melhores prognósticos para a preservação da capacidade funcional dos idosos.” (Teixeira, 2008:128).

Apesar de toda esta diversidade criterial Hogan, Macknight & Bergman (2003), citados pelo autor anteriormente referido, apontam três critérios como mais importantes ou determinantes na definição de fragilidade:

1. Vulnerabilidade;

2. Dependência nas AVD’s; 3. Comorbidade.

Para além destes critérios três, Teixeira (2008) aponta ainda os seguintes critérios de fragilidade:

 Doenças;

 Dificuldade de controlo de afeções;  Incontinência Urinária;

 Sarcopenia;

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 Psicopatologias;  Demência;  Depressão;

 Sinais de défice cognitivo;  Perda de papéis sociais;

 Problemas nas relações familiares;  Redução das relações sociais;

 Dificuldade de suplantar perdas biológicas, sociais e psicológicas;  Redução do bem-estar subjetivo;

 Perda do sentido da vida;  Isolamento social;

 Perda de pessoas queridas;  Institucionalização.

Desta forma, atendendo a este grande grupo de critérios de fragilidade dos idosos, é possível afirmar que estes são, maioritariamente, frágeis, pois apresentam mais do que um destes critérios.

2. Cuidados Continuados Integrados

O aumento da esperança média de vida tem como consequência direta o aumento do número de idosos ou, por outras palavras, o envelhecimento populacional e com esse aumentam as situações de “cronicidade múltipla, de incapacidade, de pessoas com doença incurável em estado avançado e em fase final de vida” e propicia alterações na estrutura funcional e organizacional das famílias, elevando o risco de isolamento dos idosos (Plano Nacional de Saúde 2011 – 2016).

Este aumento substancial de pessoas idosas trouxe à luz novas necessidades sociais e de saúde, ao mesmo tempo que na população em geral, um aumento da expetativa da qualidade dos serviços conforme constatou o Comité da Comissão Europeia para a Política Económica (2006) e o Eurostat (2008). Segundo estes mesmos organismos, e também segundo o Plano Nacional de Saúde do Ministério da Saúde português, as respostas para este novo cenário

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social “consubstanciaram-se num novo tipo de cuidados situados entre o hospital e a comunidade” e assentam “num modelo de respostas intersectoriais, onde têm pontuado as respostas de saúde e sociais”. Este modelo a que se referem as autoridades responsáveis pela prestação de cuidados aos indivíduos séniores representam uma “tentativa de tratar e cuidar holísticamente do indivíduo”, assim como um “esforço que tem sido desenvolvido a partir da criação de respostas de proximidade sediadas na comunidade e segundo os princípios da garantia de acessibilidade, qualidade e sustentabilidade” (Plano Nacional de Saúde 2011 – 2016).

Assim, este modelo é designado de Cuidados Continuados Integrados que, segundo a descrição da Ordem dos Enfermeiros (2009), é um modelo de intervenção que possui “uma natureza simultaneamente preventiva, recuperadora e paliativa, não deixando de incluir abordagens em contexto familiar, como decorre dos objetivos específicos da Rede”.

2.1. Apresentação da Rede Nacional de Cuidados Continuados

A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) foi criada pelo Governo Português através do Decreto-Lei 101/2006 de 6 de Junho, para dar resposta à situação do envelhecimento populacional que afeta o país. Esta visa “a melhoria das condições de vida e de bem-estar das pessoas em situação de dependência, através da prestação de cuidados continuados de saúde ou de apoio social”, e pretende garantir “a manutenção das pessoas com perda de funcionalidade ou em risco de a perder, no domicílio, sempre que mediante o apoio domiciliário possam ser garantidos os cuidados terapêuticos e o apoio social necessário à provisão e manutenção de conforto e qualidade de vida”. Acrescem a estes objetivos ainda “o apoio, o acompanhamento e o internamento tecnicamente adequados à respetiva situação; a melhoria contínua da qualidade na prestação de cuidados continuados de saúde e de apoio social; o apoio aos familiares ou prestadores de cuidados informais, na respetiva qualificação e na prestação dos cuidados; a articulação e coordenação em rede dos cuidados em diferentes serviços, setores e níveis de diferenciação e a prevenção de lacunas em serviços e equipamentos pela progressiva cobertura a nível nacionbal, das necessidades das pessoas em

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situação de dependência em matéria de cuidados continuados integrados e de cuidados paliativos” (Ordem dos Enfermeiros, 2009). De acordo com o Decreto-Lei 101/2006 de 6 de Junho, este organismo resulta de uma parceria estabelecida entre os Ministérios da Saúde e da Solidariedade e da Segurança Social, de modo a reabilitar e promover a autonomia a pessoas dependentes, com a participação dos mesmos. Deste modo, a RNCCI é um conjunto instituições, públicas ou privadas, que prestam (ou virão a prestar) cuidados continuados, quer no domicílio do utente ou em instalações próprias.

Importa então perceber o que são Cuidados Continuados Integrados (CCI), que segundo o Plano Nacional de Saúde (2011-2016), “são o conjunto de intervenções sequenciais de saúde e ou de apoio social, decorrente de avaliação conjunta, centrado na recuperação global entendida como o processo terapêutico e de apoio social, ativo e contínuo, que visa promover a autonomia melhorando a funcionalidade da pessoa em situação de dependência, através da sua reabilitação, readaptação e reinserção familiar e social”. Assim, é um serviço que se inclui no serviço Nacional de Saúde e no Sistema Nacional de Segurança Social e são entendidos, pelos organismos que o levam a cabo, como um procedimento ativo e contínuo que se prolonga no tempo para além da fase de tratamento agudo da doença, compreendendo também a reabilitação, a readaptação e a reintegração social.

A prestação destes cuidados tem como missão reduzir o número de internamentos desnecessários e o recurso às urgências por falta de acompanhamento continuado, diminuir o reinternamento hospitalar ou internamento de convalescença dos idosos, baixar o número de altas hospitalares tardias (i.e. acima da média de internamento definida), aumentar a capacidade da intervenção dos serviços de saúde e apoio social ao nível da reabilitação integral e promoção da autonomia, disponibilizar melhores serviços para o apoio continuado às pessoas em situação de fragilidade ou com doença crónica e à recuperação da funcionalidade e continuidade de cuidados pós-internamento hospitalar, flexibilizar a organização e o planeamento dos recursos, através da identificação, pormenorizada, das necessidades de cuidados da população, a nível regional e melhorar a eficiência das respostas de cuidados agudos hospitalares (Decreto-Lei 101/2006 de 6 de Junho).

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De acordo com a mesma fonte, estes cuidados não são destinados a todas as pessoas. Eles têm como alvo pessoas dependentes, independentemente da sua idade que apresentem alguma das situações:Dependência funcional transitória decorrente de processo de convalescença ou outro;

 Dependência funcional prolongada;

 Idosos com critérios de fragilidade [idade avançada, dependente, com Síndromes Geriátricas (úlceras de pressão, quedas, deteorização cognitiva, desequilíbrio, iatrogenia, distúrbios do sono, disfunção sexual), institucionalizado ou hospitalizado, lenta recuperação, vive sozinho, fraqueza, fadiga, perda de peso);

 Incapacidade grave, com forte impacto psicossocial;  Doença severa, em fase avançada ou terminal.

São excluídos da prestação destes cuidados pessoas com necessidades exclusivamente de apoio social, episódios de doença em fase aguda, pessoas para fazerem diagnósticos e pessoas com necessidade de cuidados paliativos, quando não se trate de admissão em cuidados paliativos.

Como sugere a legislação da criação da RNCCI, o modelo de intervenção desta é baseado em diferentes tipos de unidades e equipas, que trabalham de forma integrada e articulada. Existe uma interceção dos cuidados de saúde com os serviços e equipamentos do sistema de segurança social e uma articulação, em rede, garantindo a flexibilidade e sequencialidade na utilização das unidades e equipas de cuidados. Há ainda uma coordenação entre os diferentes setores e recursos locais e uma intervenção fundamentada no plano individual de cuidados e no cumprimento de objetivos. Tudo isto para garantir a prestação de cuidados efetivos e eficazes, satisfazendo as necessidades, recorrendo preferencialmente a recursos locais.

A RNCCI tem três níveis de coordenação: a coordenação nacional, que até à pouco era assegurada pela Unidade de Missão dos Cuidados Continuados Integrados e que atualmente ainda não está definido, a coordenação regional

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garantida pelas equipas de coordenação regional (ECR) e a coordenação local, atestada pelas equipas de coordenação local (ECL).

A coordenação nacional tem como funções organizar e estruturar a nível nacional, a coordenação regional ocupa-se com a divulgação de informação à população sobre a RNCCI, analisa propostas para integrar a Rede, acompanha e controla a execução financeira, garante a qualidade dos cuidados prestados, monitoriza e controla a atividade prestada, garante a equidade e adequação no acesso à Rede, habilita profissionais, define o plano regional de implementação e faz a previsão orçamental e garante a articulação entre entidades e parceiros. A coordenação local tem a seu cargo apoiar e acompanhar o cumprimento dos contratos, assumir os fluxos de referência dos utentes na Rede, atualizar o sistema de informação da Rede, assegurar a preparação das altas, apoiar e acompanhar a utilização dos recursos na Rede, promover parcerias para a prestação de cuidados continuados integrados e assegurar a articulação das unidades e equipas ao nível local (Decreto-Lei 101/2006 de 6 de Junho).

Como já foi dito anteriormente, a RNCCI está organizada por tipologias. Existem as unidades que se subdividem em unidades de internamento e unidades de ambulatório e há as equipas que se ramificam em equipas hospitalares e equipas domiciliárias. Cada uma destas ainda se fragmenta como no diagrama que se segue:

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Diagrama 1: Tipologias da Rede Nacional de Cuidados Continuados

Integrados

Passa-se a apresentar brevemente cada tipologia da RNCCI exposta no diagrama anterior, de acordo com o Manual do Prestador: Recomendações para a Melhoria Contínua e o Decreto-Lei 101/2006 de 6 de Junho.

Unidades de Internamento

As unidades de internamento, tal como o nome indica, são unidades em que os doentes permecem por um período de tempo internados, que pode ser mais ou menos longo, dependendo da tipologia.

A unidade de convalescença é destinada a pessoas com perda transitória de autonomia potencialmente recuperável e que não necessitem de cuidados hospitalares de agudos por um período máximo de 30 dias. Nesta unidade pretende-se prestar tratamento e supervisão clínica, continuada e intensiva, e cuidados de reabilitação, na sequência de internamento hospitalar originado por situação clínica aguda, recorrência ou descompensação de processo

RNCCI

Unidades de Internamento

Convalescença

Média duração e reabilitação Longa duração e

manutenção Cuidados Paliativos Unidades de

Ambulatório

Centros de dia e promoção da autonomia

Equipas Hospitalares

Equipas de gestão de altas (EGA) Equipas de cuidados paliativos (ECP) Equipas Domiciliárias Equipas de cuidados continuados integrados (ECCI) Equipas comunitárias de suporte em cuidados paliativos

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crónico hospitalar originado por situação clínica aguda, recorrência ou descompensação de processo crónico.

A tipologia de média duração e reabilitação, destina-se a pessoas com perda transitória de autonomia potencialmente recuperável, por um período de tempo entre os 30 e 90 dias. Pretende-se pretar cuidados clínicos, de reabilitação e de apoio psicossocial, na sequência de situação clínica decorrente de recuperação de um processo agudo, recorrência ou descompensação de processo crónico. As unidades de longa duração e manutenção são para pessoas com doenças ou processos crónicos, com diferentes níveis de dependência e que não reúnam condições para serem cuidados no domicílio, por um período superior a 90 dias. Pode ainda destinar-se aos familiares que cuidam de pessoas dependentes e que necessitem de descanso do cuidador principal, até 90 dias por ano. Deseja-se conceder apoio social e cuidados de saúde de manutenção, de caráter temporário ou permanente, que previnam e retardem o agravamento da situação de dependência, favorecendo o conforto e a qualidade de vida. Uma outra tipologia de unidade de internamento são os paliativos que reserva-se para pessoas doentes que, cumulativamente, não têm perspetiva de tratamento curativo, com doença que progride rapidamente e cuja expetativa de vida é limitada, o seu sofrimento é intenso e têm problemas e necessidades de difícil resolução que exigem apoio específico, organizado e interdisciplinar, por tempo indeterminado. Faz-se um acompanhamento, tratamento e supervisão clínica a doentes em situação clínica complexa e de sofrimento, decorrentes de doença severa ou avançada, incurável e progressiva. Quando se fala em paliativos, convém distinguir cuidados paliativos de ações paliativas. O primeiro tem como objetivos promover bem-estar e qualidade de vida e aliviar os sintomas, apoio psicológico, espiritual e emocional ao doente, apoio à família e durante o luto; o segundo utiliza medidas terapêuticas sem intuito curativo de modo a minorar as repercussões negativas da doença no bem-estar do utente, ou seja, controlar os sintomas.

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Unidades de Ambulatório

As unidades de ambulatório que a RNCCI predispõe são as unidade de dia e promoção de autonomia, que até ao momento, não são conhecidas. Estas unidades têm como público-alvo pessoas com diferentes níveis de dependência, que não reúnam condições para serem cuidadas no domicílio. Este serviço funcionará 8h por dia, pelo menos nos dias úteis.

Na realidade, é uma resposta que se aproxima do tradicional centro de dia, mas com fins terapêuticos e de manutenção ao nível do estado de saúde da pessoa doente.

Equipas Domiciliárias

As equipas domiciliárias prestam serviços no domícilio da pessoa doente. A RNCCI distinguiu dois tipos de equipas: as equipas de cuidados continuados integrados, que são multidisciplinares, da responsabilidade dos cuidados de saúde primários e da rede de apoio social, que prestam apoio a pessoas em situação de dependência funcional, doença terminal ou processo de convalescença, que tenham rede de suporte social, cuja situação não requer internamento e as equipas comunitárias de suporte em cuidados paliativos, que também são multidisciplinares (pelo menos com um médico e um enfermeiro), da responsabilidade dos serviços de saúde com formação em cuidados paliativos, que prestam apoio e aconselhamento diferenciado em cuidados paliativos às equipas de cuidados integrados e às unidades de média e de longa duração.

Equipas Hospitalares

Uma outra tipologia da RNCCI respeita às equipas hospitalares, não menos importantes que as anteriores, mas talvez as menos reconhecidas. Estas equipas podem ser de gestão de altas, que são equipas hospitalares multidisciplinares (no mínimo, um médico, um enfermeiro e um assistente social), que preparam e gerem as altas hospitalares com outros serviços para os doentes que requerem seguimento dos seus problemas de saúde e sociais, quer no domicílio, quer em articulação com outras tipologias, ou equipas intra-hospitalares de suporte em cuidados paliativos, que são também

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multidisciplinares (no mínimo, um médico, um enfermeiro e um psicólogo), com formação em cuidados paliativos que fazem aconselhamento diferenciado em cuidados paliativos aos serviços do hospital, podendo prestar cuidados diretos e orientação do plano individual de intervenção aos doentes internados em estado avançado ou terminal

2.2 Recursos humanos afetos à RNCCI Quadro nº 1

A orientação da RNCCI relativamente aos recursos humanos é a seguinte:

Quadro Pessoal Perfil Profissional Horas semanais a) Frequência Unid a d e d e Con va lesce n ça Unid a d e d e M é d ia Dura çã o e Re a b ilita çã o Unid a d e d e L o n g a Dura çã o e M a n u te n çã o Unid a d e d e Cuid a d o s P a lia tivo s b) Médico (inclui Médico Fisiatra) 40 30 20 20 Presença diária c) Psicólogo 20 20 20 10 Presença ao longo da semana Enfermeiro (inclui Coordenador e Enfermeiro de Reabilitação) 480 360 240 320 Presença permanente

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Assistente Social 40 40 40 10 Presença ao longo da semana Terapeuta da Fala 8 8 0 0 Presença ao longo da semana Animador Sócio-Cultural 20 20 40 0 Presença ao longo da semana Nutricionista 5 5 4 4 Presença ao longo da semana Terapeuta Ocupacional 40 40 20 0 Presença ao longo da semana Pessoal Auxiliar 560 480 320 320 Presença permanente

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Quadro nº 2

A orientação da RNCCI relativamente aos recursos humanos é a seguinte:

Perfil Profissional

LEGENDA:

a) As horas semanais correspondem ao mínimo recomendado de horas contratadas por grupo profissional, sendo possível a flexibilidade das equipas, no caso de existir mais do que uma tipologia na mesma instalação.

b) Considerada a lotação de 15 camas. Excluída a necessidade de ter Fisiatra e Enfermeiro de Reabilitação.

Perfil Profissional Horas semanais a) Frequência Unidade de Dia e Promoção de Autonomia d)

Médico (inclui Médico

Fisiatra) 8

Presença dias úteis

Psicólogo 20 Presença dias

úteis

Enfermeiro 20 Presença dias úteis

Fisioterapeuta 20 Presença dias úteis

Assistente Social 20 Presença dias úteis

Animador

Sócio-Cultural 40

Presença dias úteis

Terapeuta Ocupacional 20 Presença dias úteis

Pessoal Auxiliar 120 e) Presença dias úteis

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c) Na Unidade de Longa Duração e Manutenção, deve considerar-se a presença de Médico ao longo da semana.

d) Dotação a reajustar em função da especificidade da Unidade. e) Inclui 20 horas semanais de Motorista.

É de realçar que estes são os recursos mínimos, podendo haver mais do que estes técnicos, mas não é aconselhável haver menos.

2.2. O processo de internamento na RNCCI

O processo de internamento na RNCCI sucede-se à referenciação de utentes, que é sempre feita pelas equipas de gestão de altas, quer sejam do hospital, quer sejam dos cuidados de saúde primários. Estas equipas efetuam o pedido à equipa coordenadora local da área de residência do utente, que valida a proposta. A proposta é feita para três unidades, sendo ordenadas de acordo com a proximidade da residência do utente ou da sua preferência e o utente deve fazer-se acompanhar de avaliação médica (incluindo a alta e medicação), de enfermagem e social, exames complementares de diagnóstico, marcações de próximas consultas e exames e nome do responsável pelo utente. Para ECCI o pedido é efetuado antes 48h da alta e para doentes seguidos em paliativos, ingressam diretamente em unidades de paliativos, sem validação prévia.

No caso de mobilidade dentro da RNCCI (transferências), em caso de necessidade de reinternamento hospitalar, utente beneficia de reserva de vaga durante 8 dias, se a ocupação for inferior a 85%. Se ultrapassar este tempo, perde a vaga, mas beneficia de prioridade na admissão. Além disso, para transferência de tipologia, a unidade/equipa deve apresentar à ECL a proposta, devidamente fundamentada e a transferência do utente dentro da Rede, é prioritária em relação aos utentes em lista de espera.

Quando um utente é admitido numa tipologia da Rede, é necessário prestar-lhe alguma informação:

Imagem

Gráfico 1: Estrutura da população residente em Portugal, por grupos etários,  em 1981, 1991, 2001, 2011
Gráfico 3 –(Pergunta nº 1) Razão de internamento
Gráfico 5 - (Pergunta nº 3) – Grau de dependência que apresentada
Gráfico 6 –(Pergunta nº 5) – Com quem ocupava os seus tempos livres
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Referências

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