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Uso da plataforma Arduino para automatizar coleta de dados físicos num arranjo hidropônico

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Academic year: 2022

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Uso da plataforma Arduino para automatizar coleta de dados físicos num arranjo hidropônico

Using Arduino platform to get physical data automatically in a hydroponic enviroment

João de Felipe Andrade1a, Marcelo Augusto V. Gomes2b, Sérgio Ferreira de Lima3c*

1 Colégio Pedro II, Campus Centro, Rio de Janeiro, Brasil

2 Departamento de Biologia, Colégio Pedro II, Campus Centro, Rio de Janeiro, Brasil

3 Departamento de Física, Colégio Pedro II, Campus Centro, Rio de Janeiro, Brasil

a) joaodefelipe@gmail.com; b) mvgomes@gmail.com; c) cp2@sergioflima.pro.br

Resumo:Com o intuito de experimentar novos arranjos para o ensino de ciências, organizou- se em colaboração com o departamento de biologia, um projeto de iniciação científica interdisciplinar (física e biologia) de prototipagem de culturas hidropônicas. Um dos objetivos do referido projeto, que é o objeto deste trabalho, foi coletar dados físicos para se avaliar as condições ambientais que melhor favorecem o desenvolvimento de tais culturas. Para isto, desenvolveu-se um sistema automatizado de coleta (medição e salvamento digital) de tais variáveis (temperatura, luminosidade e umidade relativa do ar) usando-se uma plataforma de hardware aberta e livre – Arduino. No momento o projeto se encontra em sua fase final de documentação e neste trabalho apresentamos seu desenvolvimento, assim como, os desafios encontrados em sua realização.

Palavras-Chaves:Arduino, Hidroponia, Padrões Abertos, Ensino de Ciências

Abstract: In order to experiment new arrangements for science teaching, an interdisciplinar scientific initiation project (physics and biology) of prototyping hydroponic cultures was organized in collaboration with the Biology’s Departament. One goal of this project was to collect physical data to evaluate the environmental conditions that best favor the development of such crops. So, an automated system of collecting (measuring and saving digital data) of such variables (temperature, luminosity and relative air humidity) was developed using an open and free hardware platform - Arduino. At the moment, the project is in final phase of documentation and in this work we present the development, as well as the challenges found in its accomplishment.

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Keywords: Arduino, Hidropony, Open Patterns, Science Teaching Introdução

O ensino de ciências no Brasil e, em particular, no Colégio Pedro II a despeito das inúmeras pesquisas no ensino de física (PENA, 2008) ainda é fortemente centrado na exposição teórica pelo Professor e com poucas atividades experimentais. Com o objetivo de experimentar novos arranjos para o processo de aprendizagem-ensino de ciências, aproveitamos a chamada interna 06/2016 do Colégio Pedro II, de iniciação científica júnior, para formatar um projeto interdisciplinar para o cultivo de alfaces em sistemas hidropônicos, que introduzisse a programação de computadores em conjunto com a experimentação investigativa.

Uma vantagem de se usar novos arranjos para aprendizagem de ciências, com um grupo menor de estudantes, é experimentar a construção de contra-hegemonias possíveis dentro da atual estrutura escolar, com o mínimo de ruídos nas atividades regulares da mesma.

Projetos de iniciação científica júnior se apresentam como projetos pedagógicos interessantes para a educação básica, uma vez que, se associam a ideia de ensinar os jovens a aprender (FERREIRA, 2003). Nesse sentido, Souza & Souza acrescentam que:

A pesquisa científica aguça a criticidade, a criatividade, promove a socialização e a formação de pesquisadores. A sua prática no ensino médio propicia aos alunos uma formação ética, assim como aguça a sua autonomia intelectual e desenvolve o pensamento crítico no ensino superior, dotando-os de conhecimentos metodológico- científicos para a pesquisa. (2010 p.48)

Três (3) alunos do ensino médio ficaram encarregados de desenvolver e protocolar um arranjo hidropônico de baixo custo de construção e manutenção que pudesse ser montado num espaço com algum controle das condições ambientais e com poucas flutuações nas variáveis físicas observáveis (temperatura, umidade relativa do ar e luminosidade) e um (1) aluno do ensino fundamental ficou encarregado no desenvolvimento da plataforma de aquisição de dados.

No presente trabalho, apresentamos a parte do projeto responsável por prototipar um ambiente de coleta de dados físicos de maneira automatizada usando, tanto quanto possível, tecnologias abertas e livres. A escolha desse paradigma tecnológico se deve ao seu potencial disruptivo dentro da Escola (LIMA, 2008).

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Cultivo Hidropônico

A hidroponia, cultivo de plantas sem uso direto do solo, usando água e sais minerais inorgânicos, tem um duplo potencial no processo de experimentar novas possibilidades no ensino de ciências. Por um lado, é de fácil manejo por ser possível cultivar em qualquer época do ano em espaços físicos limitados, como o da nossa escola em particular, o que facilita sua manipulação e replicação (CASTELLANE; ARAUJO, 1995).

No projeto em questão, optou-se por realizar cultivos hidropônicos em sistema de flutuação, onde as plantas são fixas a uma base de isopor que flutua sobre a solução nutritiva (Figura 1).

Figura – Arranjo hidropônico em funcionamento

Além disso, como discutido por Abrantes (2004), os cultivos hidropônicos podem servir como tema para trabalhos interdisciplinares entre as disciplinas escolares. Como o autor destaca: “É importante lembrar que, um dos grandes objetivos da interdisciplinaridade é fazer com que o aluno veja um mesmo problema sob diferentes ângulos, pois existem diferentes formas de conhecimento e diversas soluções para um mesmo problema. ” (2004, p. 20).

Arduino – uma plataforma aberta de prototipagem

Arduino é uma plataforma de prototipagem de circuitos eletrônicos de código e hardware abertos. A plataforma é composta pela placa Arduino (parte física) e pela interface de desenvolvimento - Arduino IDE (parte lógica).

A placa Arduino é composta, além de uma eletrônica embarcada, de um microcontrolador conectado com um conversor serial USB e alguns pinos para inserir componentes e fios. A

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placa Arduino pode se comunicar com outros circuitos e dispositivos utilizando os pinos de entrada e saída (analógicos e digitais) e o serial USB.

A Arduino IDE é uma interface de desenvolvimento, multiplataforma e de código aberto, feita para a programação dos dispositivos que interfaceiam a placa Arduino. A mesma utiliza uma variação da linguagem de programação C/C++, para determinar o que a placa Arduino deve fazer com as variáveis e pinos de entrada e saída. Com esses dois simples princípios, é possível criar desde um simples sistema para piscar um LED até operar um webserver totalmente funcional passando, obviamente, pelo nosso sistema de aquisição automatizada de dados físicos (Figura 2).

Figura – Placa Arduino numa etapa de montagem do sistema de aquisição de dados Desenvolvimento do protótipo

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Figura 3 – Diagrama Elétrico do Sistema de Aquisição de dados

O sistema de aquisição de dados físicos é composto por uma placa Arduino e cinco (05) componentes ligados a mesma, seu circuito é mostrado na Figura 3:

 Cartão de memória SD (para armazenar os dados coletados);

 LED tricolor (indica o correto funcionamento do sistema);

 Módulo de relógio (fornece data e hora);

 Sensor de temperatura e umidade (faz a leitura de temperatura e umidade);

 Resistor dependente de luz (LDR) (faz a leitura de luminosidade).

O cartão de memória SD é o dispositivo de armazenamento de dados no sistema. Ele é necessário porque a memória interna do Arduino não tem capacidade (apenas 1 kilobyte) para o armazenamento dos dados coletados. O resistor dependente de luz funciona como nosso sensor de luminosidade. Com pouca luz incidente, a resistência é da ordem de 30kΩ. Com muita luz incidente, a resistência é quase insignificante, em torno de alguns mΩ. A leitura de luminosidade foi calibrada usando-se um aplicativo de luxímetro para Android com o sensor de luminosidade do Android como calibrador. A função do LED tricolor era indicar o correto funcionamento do sistema de coleta de dados. Por exemplo, a ausência do cartão SD ou algum problema no mesmo era indicado pelo LED piscando em vermelho. O diagrama lógico de funcionamento do sistema é indicado na Figura 4.

Figura 4 – Diagrama Lógico de Funcionamento do Sistema e Aquisição de dados Funcionamento lógico

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O sistema passa a funcionar assim que a placa Arduino é ligada a uma fonte de alimentação. A primeira tarefa é checar se há um cartão de memória funcional e conectado. Se não houver nenhum, o LED tricolor pisca em vermelho e o sistema para. Se houver um cartão de memória, o sistema passa a capturar e armazenar continuamente os dados físicos. O LED tricolor pisca em azul, informando a correta leitura e gravação no cartão dos dados adquiridos.

Então, o sistema aguarda por 10 minutos e reinicia todo o processo.

Armazenamento de dados

Os dados gravados são armazenados em formato de tabela para posterior tratamento e análise.

A programação no Arduino usou um formato aberto e universal de modo que pudesse ser facilmente importado para aplicativos dedicados de análise, tratamento e apresentação dos dados. O formato escolhido foi o CSV.

CSV

CSV é um formato de arquivo digital de texto puro, sem formatação, aberto e livre. Neste arquivo cada leitura é gravada numa linha com cada valor separado por uma vírgula. Assim as várias linhas formam uma tabela com os dados brutos gravados que podem ser, posteriormente, importados por outros aplicativos.

Tratamento de dados

Depois de importar o arquivo CSV para dentro de um programa de planilhas eletrônicas (neste caso o Microsoft Excel®), foi feito o tratamento de dados, em formato de gráficos (Figura 5 a 7).

Algumas funções tiveram que ser adicionadas, para calibrar valores retornados pelos sensores.

Uma função importante para o tratamento e visualização dos dados foi a exibição dos mesmos em intervalos de 24 horas com as datas representadas no eixo horizontal do gráfico. Embora o sistema tenha feito os registros a cada 10 minutos, optou-se por esta representação para se ter uma melhor legibilidade dos dados mensurados.

A maior dificuldade nesse sistema foi o tratamento de dados: achar funções corretas e adequadas, pesquisar arquivos para serem usados como tabela, calibrar valores, configurar unidades nos gráficos (temperatura em ºC, umidade relativa do ar % e luminosidade em lux).

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Figura 5 – Variação da umidade do ar na sala de cultivo hidropônico

Figura 6 – Variação da luminosidade na sala de cultivo hidropônico

Figura 7 – Variação da temperatura na sala de cultivo hidropônico.

Como culminância deste projeto pretende-se fazer a documentação em formatos livres do desenvolvimento do projeto para que o mesmo possa ser remixado em outros contextos educacionais.

Por conta do tamanho do código fonte do sistema o mesmo não se encontra neste artigo mas pode ser acessado no blogue de desenvolvimento do projeto (ANDRADE, 2016).

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Considerações Finais

Levando-se em conta que este era um projeto de 2 horas semanais para ser desenvolvido em 8 meses, mas que foi encurtado para 6 meses por motivos alheios a nossa vontade consideramos que ele alcançou parcialmente seus objetivos.

Um dos objetivos não alcançados pelo projeto foi estabelecer a correlação entre os dados físicos-ambientais das culturas hidropônicas e o seu desenvolvimento. Isto se deu porque o Colégio Pedro II entrou em greve (outubro de 2016).

Entretanto, foi possível colocar os estudantes de uma escola básica numa situação em que experimentaram o método científico para formular, pesquisar e montar um arranjo experimental. O desenvolvimento do dispositivo mostrou que é possível se introduzir a programação de computadores na escola básica de modo satisfatório se optarmos por tecnologias abertas e livres que permitam a remixagem em outros contextos educacionais.

Este projeto pretende, assim que possível, documentar as etapas do projeto de modo mais sistemático, embora parte do seu desenvolvimento já esteja disponível no blogue de desenvolvimento do projeto (ANDRADE e LIMA, 2016).

Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer ao Colégio Pedro II que, através de sua Pró-Reitoria de Pós- Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura, lançou a chamada interna 06/2016 proporcionando apoio financeiro a este projeto através de bolsas de iniciação científica júnior, para os estudantes envolvidos no mesmo. Também gostaríamos de agradecer ao Professor Marcos Santos, coordenador do NEAD do campus Centro, por proporcionar o encontro do estudante João de Felipe Andrade com este projeto.

Referências

ABRANTES, J. A. Interdisciplinaridade no Ensino Médio. A Contextualização pela Hidroponia, Augustus, Rio de Janeiro, v. 09, n. 18, p. 16-31, jan/jun 2004.

ANDRADE, J. F. Código fonte do sistema de aquisição de dados automatizado com Arduino.

Disponível em <http://aprendendofisica.net/rede/ic-junior/codigo-fonte-do-sistema-de-aquisicao-dos- dados>. Acesso em 18 de novembro de 2016.

ANDRADE, J. F.; LIMA, S. F. Blogue da Iniciação Científica Júnior. Disponível em:

<http://aprendendofisica.net/rede/ic-junior>. Acesso em 18 de novembro de 2016.

BRASIL. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN). Ensino Médio. Brasília:

Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 1999.

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CASTELLANE, P. D.; ARAUJO, J. A. C. de. Cultivo sem solo: hidroponia. Jaboticabal: FUNEP.

1995. 43 p.

FERREIRA, C. A. Concepções da iniciação científica no ensino médio: uma proposta de pesquisa.

Trabalho, Educação e Saúde, v. 1, n. 1, p. 115-130, 2003.

LIMA, S. F. Uso de Ferramentas Livres Para Apoiar Comunidades de Aprendizagem em Física.

Dissertação Mestrado. Sc. Ensino de Física Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática, CEFET-RJ, Rio de Janeiro, Brasil, 2008

PENA, F.L. A. e FILHO, A.R. Relação entre a pesquisa em ensino de Física e a prática docente:

dificuldades assinaladas pela literatura nacional da área. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 5, n. 3, p. 424-438, dez 2008

SOUZA, Z. F.; Souza, C. H Medeiros. Iniciação Científica: uma análise da sua prática no ensino médio e seus reflexões no ensino superior. Inter Science Place. n. 17, p. 41-53, abr/maio 2011

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