Recapitulação
Base e superestrutura como “via de mão dupla”
Direito como parte da superestrutura
Forma e conteúdo do direito
Formulação convencional da teoria marxista do direito:
1. O direito é determinado, na sua forma e no seu conteúdo, por fatores materiais ou econômicos (fatores relativos aos modos de produção).
2. O direito é um instrumento de opressão de classe (sendo a burguesia
ou os capitalistas a classe opressora e o proletariado ou os trabalhadores a classe oprimida).
3. O “Estado de direito” é um ideal burguês suspeito, apesar de sua aparência benigna.
...
Aula 5
Direito, opressão e ideologia
“As ideias da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes, isto é, a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força espiritual dominante. A classe que tem à sua disposição os meios da produção material dispõe também dos meios da produção espiritual [...].”
Aula 4 (recapitulação):
O direito reforça e legitima as relações capitalistas de produção.
Dúvidas:
1) O direito sempre cumpre essa função?
2) Teoria da conspiração?
Dúvida 1
Obs1: Há áreas do direito que têm pouca relação com a luta de classes.
Obs2: Há áreas do direito que refletem conquistas dos trabalhadores.
Conquistas?
Limitação da jornada de trabalho Direitos do consumidor
Leis ambientais ...
Salário, preço e lucro (1865)
Devem os trabalhadores lutar por aumento salarial?
=> Argumento econômico
=> Argumento político
“Se em seus conflitos diários com o capital cedessem covardemente,
ficariam os operários, por certo, desclassificados para empreender outros movimentos de maior envergadura.”
“Ao mesmo tempo [...] a classe operária não deve exagerar a seus próprios olhos o resultado final destas lutas diárias. Não deve esquecer-se de que luta contra os efeitos, mas não contra as causas desses efeitos; que logra conter o movimento descendente, mas não o fazer mudar de direção; que aplica paliativos, mas não cura a enfermidade.”
Dúvida 2 (teoria da conspiração?) Ideologia
Conjunto de ideias falsas ou enviesadas que distorcem nossa forma de entender as relações sociais.
Ideias que apresentam os interesses das classes dominantes como se fossem interesses universais.
Um exemplo central: “Estado de Direito” (ED)
Obs1: Criticar ED não é defender o autoritarismo.
Obs2: Criticar é ED é problematizar as concepções de liberdade, igualdade e democracia associadas a esse ideal.
ED sintetiza um conjunto amplo de direitos e liberdades:
1. Igualdade, liberdade, segurança, propriedade (“direitos do homem”)
2.
Liberdade de expressão e de consciência religiosa, direito ao voto e à participação política
(“direitos do cidadão”)
Obs: a ilusão ideológica está em pensar que esses direitos atendem a
todos!
Há, em Marx, pelo menos 3 críticas distintas a ED a) A Questão Judaica (1843):
Alvo: a concepção burguesa de liberdade (negativa) b) Crítica do Programa de Gotha (1875):
Alvo: a concepção burguesa de igualdade (formal) c) Dispersa por toda a obra:
Alvo: a concepção burguesa de democracia (limitada à superestrutura)
a) Emancipação política x emancipação humana
“Não há dúvida que a emancipação política representa um grande progresso.
Embora não seja a última etapa da emancipação humana em geral, ela se caracteriza como a derradeira etapa da emancipação humana dentro do contexto do mundo atual.”
“Nenhum dos chamados direitos humanos ultrapassa [...] o egoísmo do
homem, do homem como membro da sociedade burguesa, isto é, do indivíduo voltado para si mesmo, para seu interesse particular, em sua arbitrariedade
privada e dissociado da comunidade.”
b) Princípio da contribuição x Princípio da necessidade
“Numa fase superior da sociedade comunista, [...] depois de o trabalho se ter tornado, não só meio de vida, mas, ele próprio, a primeira necessidade vital;
depois de, com o desenvolvimento [multifacetado] dos indivíduos, as suas forças produtivas terem também crescido e todas as fontes manantes da
riqueza cooperativa jorrarem com abundância – só então o horizonte estreito do direito burguês poderá ser totalmente ultrapassado e a sociedade poderá inscrever na sua bandeira: De cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades.”
