• Nenhum resultado encontrado

CLAREAMENTO DENTAL EM DENTES DECÍDUOS:

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "CLAREAMENTO DENTAL EM DENTES DECÍDUOS:"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

ISSN 2316-7262

CLAREAMENTO DENTAL EM DENTES DECÍDUOS: Revisão Sistemática de Literatura

Marcelle Kaline dos Santos Lopes¹, Thaís de Oliveira Silva², Karlla Almeida Vieira²

1 Professora do curso de Odontologia do Centro Universitário CESMAC.

² Cirurgiã-dentista formada pelo Centro Universitário CESMAC

Endereço correspondência Marcelle Kaline dos Santos Lopes

Rua Roberto Pontes Lima, 3996/706-I, Trapiche 57010-622, Maceió, Alagoas

marcellekaline@hotmail.com

Recebido em 25 de Janeiro (2018) | Aceito em 27 de Janeiro (2018)

RESUMO

O clareamento é considerado um procedimento conservador, simples e mais utilizado para a obtenção de um sorriso com estética agradável. O traumatismo dentário é a principal causa da mudança da coloração dos dentes na infância, sendo mais prevalente na dentição decídua. Este trabalho teve como objetivo avaliar os materiais utilizados para o clareamento de dentes decíduos, bem como, o resultado obtido após este tipo de tratamento. A pesquisa da literatura foi realizada nas bases de dados PubMed, BBO, Lilacs, Scielo, GOOGLE ESCOLAR e na plataforma Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os critérios de inclusão foram: artigos que identificassem o uso de agentes clareadores em dentes decíduos, estudo do tipo relato de caso, artigos nos idiomas português, inglês ou espanhol e artigos publicados nas referidas bases de dados no período de 2006 a 2017. Já os critérios de exclusão foram: estudos que não fossem relato de caso, uso de agentes clareadores em dentes permanentes e artigos não indexados nas bases de dados escolhidas para a referida revisão. As bases de dados foram pesquisadas para identificar relatos de casos que utilizassem agentes clareadores em dentes decíduos. A técnica de clareamento externo em consultório foi a mais utilizada, visto que o agente clareador peróxido de hidrogênio continua sendo o mais usado necessitando de um tempo de trabalho menor. Têm-se mencionado resultados satisfatórios quanto a aplicação de 1 a 2 sessões clinicas durante o clareamento. Em todos os estudos obteve-se um resultado satisfatório após o clareamento no elemento traumatizado, resultante de um correto diagnóstico, tratamento e material utilizado.

Palavras-chave: Odontopediatria; Clareamento Dental; Estética Dentária.

ABSTRACT

Bleaching is considered a conservative procedure, simple and more used to obtain a smile with pleasant aesthetics.

Dental trauma is the main cause of tooth color change in childhood, being more prevalent in the deciduous dentition.

The aim of this study was to evaluate the materials used to whiten primary teeth, as well as the results obtained after this type of treatment. Literature research was carried out in the databases PubMed, BBO, Lilacs, Scielo, GOOGLE ESCOLAR and in the Virtual Health Library (VHL) platform.

Inclusion criteria were: articles to identify the use of bleaching agents in primary teeth, study type case report, articles in Portuguese, English or Spanish, and articles published in these databases from 2006 to 2017. Already exclusion criteria were: studies that were not case report, use of bleaching agents in permanent teeth and articles not indexed in databases chosen for the review. The databases were searched to identify reports of cases that used bleaching agents in deciduous teeth. The technique of external bleaching in the office was the most used, since the whitening agent hydrogen peroxide continues being the most used needing a less time of work. Satisfactory results have been reported regarding the application of 1 to 2 clinical sessions during bleaching. In all the studies a satisfactory result was obtained after bleaching in the traumatized element, resulting from a correct diagnosis, treatment and material used.

Keyword: Pediatric dentistry; Tooth whitening; Aesthetic Dentistry.

1. INTRODUÇÃO

A procura pelo sorriso perfeito tem tornado fre- quente o procedimento de clareamento dentário na pop- ulação atual, tornando-se uma técnica bastante procurada.

O clareamento é considerado um procedimento conser-

(2)

vador, simples e mais utilizado para a obtenção de um sorriso com estética agradável [1]. No atendimento in- fantil, essa vontade estética também é comum, e a inter- venção está relacionada a fatores preventivos e estéti- co-funcionais, como também, para um adequado desen- volvimento psicoemocional da criança [2].

O clareamento dental foi inicialmente estudado em 1877 por Chapple e, a partir daí os estudos foram con- centrados para a dentição permanente. Por exibir uma cor naturalmente branca, poucos estudos são menciona- dos para a dentição decídua [3]. Todavia, a frequência de acidentes e quedas na infância, pode causar traumas, em especial na região anterior dos dentes, resultando em uma coroa escurecida [3].

O traumatismo dentário é a principal causa da mu- dança da coloração dos dentes na infância, sendo mais prevalente na dentição decídua. Tais alterações cromát- icas originam-se interiormente na câmara pulpar, tendo como causa principalmente a hemorragia interna e a ne- crose pulpar, onde a hemorragia pulpar é o motivo mais comum da mudança da cor após o trauma [4].O trauma com consequente alteração de cor dentária, pode causar além de danos no sentido físico, também danos psico- lógicos, como ansiedade e angústia nas crianças e nos pais, o que gera efeitos negativos no bem-estar dessas crianças/família [5]. Sendo assim, é necessária a ação do cirurgião-dentista, por meio de práticas clareadoras, não apenas para o restabelecimento da estética, mas também, para devolver a autoestima da criança [6-7].

Os agentes clareadores mais usados são o peróxido de hidrogênio e de carbamida em diversas concentrações [8-10]. O peróxido de hidrogênio, pode ser utilizado no consultório ou em casa [11], já o peróxido de carbamida, é utilizado principalmente no clareamento caseiro nas concentrações de 10 a 16% durante duas semanas.

Possui efeitos menos agressivos no esmalte dentário quando comparado a técnica de clareamento em con- sultório, devido a utilização de agentes clareadores em baixa concentração [12]. O clareamento dentário tem como benefício manter a estrutura do dente e tem uma boa associação custo-benefício. O clareamento dentário intrínseco/extrínseco de dentes decíduos com mudança de cor e que apresente tratamento endodôntico é uma alternativa de tratamento adequado e conservador [13].

As práticas do clareamento dental possuem van- tagens pelo alcance de bons resultados e preservação do elemento dentário, entretanto, podem ser limitadas e apresentar riscos. Com isso, é de grande importância para o profissional ter conhecimento dos diversos tipos

de mudanças de coloração que podem ocorrer nos dentes, para que seja possível escolher qual a forma adequada de tratamento [14]. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar os materiais utilizados para o clareamento de dentes decíduos, bem como, o resultado obtido após este tipo de tratamento.

2. Materiais e Métodos

Estratégia para busca dos artigos

A pesquisa da literatura foi realizada nas bases de dados PubMed, BBO, Lilacs, Scielo, GOOGLE ES- COLAR e na plataforma Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). As bases de dados foram pesquisadas para iden- tificar relatos de casos que utilizassem agentes clareado- res em dentes decíduos no tratamento da mudança de coloração do elemento dentário. As estratégias de busca foram estruturadas utilizando os seguintes descritores:

(Odontopediatria AND Clareamento dental AND Estéti- ca dentária); (Pediatric Dentistry AND Tooth Bleaching AND Esthetics dental); (Odontología Pediátrica AND Blanqueamiento de Dientes AND Estética Dental).

Inclusão e exclusão dos artigos

Para incluir-se ou não o artigo na revisão, anali- sou-se o título a fim de se relacionar com o tema estu- dado. Se o título tivesse relação com o tema, seguia-se a leitura do resumo. Tendo o resumo relação com a temá- tica, o artigo era elegido para leitura na íntegra. Os es- tudos selecionados foram obtidos, e de forma indepen- dente, analisados por dois pesquisadores (M. K.; T. O.) (Figura 1) para determinar se os mesmos preencheriam os critérios de inclusão, os quais foram os seguintes:

Artigos que identificassem o uso de agentes clareadores em dentes decíduos para o tratamento de alteração de cor;

 Estudo do tipo relato de caso;

 Artigos nos idiomas português, inglês ou espanhol;

 Artigos publicados nas referidas bases de dados no período de 2006 a 2017.

Os critérios de exclusão foram:

 Estudos que não fossem relato de caso;

 Uso de agentes clareadores em dentes permanentes;

(3)

 Artigos não indexados nas bases de dados escolhidas para a referida revisão.

Figura 1: Fluxograma da pesquisa e processo de seleção dos estu- dos

(4)

3. Revisão de Literatura

Em relação ao gênero, foi realizado o tratamento clareador em três crianças do gênero masculino [15-18]

e duas do gênero feminino [19-22]. Há uma prevalência de trauma dentário em crianças do gênero masculino [23-25] principalmente em época escolar e na fase de desenvolvimento [2], em decorrência de quedas, brigas ou lutas, acidentes esportivos, automobilísticos, trauma com objetos e maus tratos [4-8].

Idade

Segundo Macedo, Puig e Duarte“a busca pela melhora da imagem acomete não somente pacientes adultos, como também as crianças”. Entre todos os artigos analisados [25-32], a faixa etária exposta ao tratamento de clareamento em dentes decíduos foi em crianças de 03 a 05 anos. Na fase pré-escolar, o acontecimento de trauma é grande, sendo a queda a principal etiologia, em virtude de brincadeiras em que crianças dessa idade participam [31-33].

Durante essa fase, aspectos relacionados ao comportamento como inquietação e curiosidade, contribuem para a exploração do ambiente pela criança não apresentando coordenação motora suficiente para evitar quedas e oferecer autoproteção, justificando tais lesões [33-40].

Aspecto clínico da coroa quanto a coloração Nos aspectos clínicos da coroa quanto a coloração, notou-se predominância na mudança da cor do elemento dentário como consequência do trauma [2-12,14,18].

Segundo Losso et al (2011) mesmo diante de um trauma de baixa intensidade há um excesso de sangue na polpa sendo uma reação primária resultante desse traumatismo.

Durante a análise clínica, verifica-se frequentemente um acúmulo de sangue na região interna da câmara pulpar.

Em três estudos [3,15-19], não foram mencionados a coloração do elemento dentário após o trauma, porém os mesmos apresentavam como causa da mudança de cor necrose pulpar. Segundo Andrade et al (2003), a necrose da polpa pode apresentar-se de maneira assintomática.

Com a decomposição da polpa, ocorre uma produção de subprodutos que podem entrar nos canalículos dentinários provocando o escurecimento do elemento

dentário.

Em dois estudos [7-9], a coloração do elemento dentário após o trauma foi cinza e em um estudo [5], a causa do escurecimento dentário foi hemorragia interna.

Segundo Losso et al (2011), as cores acinzentadas ou azuladas que aparecem logo após o trauma são em virtude de hemorragia pulpar ocasionada pela ruptura dos capilares, o que resulta na liberação de eritrócitos, tendo como resultado a pigmentação.

Em nenhum dos estudos foi citado a cor amarelada.

Entretanto, cores amareladas ou brancos opacos, frequentemente estão associados a obliterações (calcificação) do canal pulpar, definido pela deposição de tecido mineralizado na parte interna do canal radicular [1-3]. É normal esse elemento dentário sofrer rizólise, ainda que se tenha obliteração do canal radicular [15].

Causa do trauma

Em quatro estudos [3,8-15] percebeu-se que a causa da lesão traumática foram quedas. Diversos tipos de quedas podem ocorrer em muitos lugares como piscinas, parques, ruas, escolas, praias, acontecendo principalmente em sua própria residência [3]. Nos estudos supracitados, não houve descrição de como foram as quedas.

Vitalidade

Em relação a vitalidade dos elementos dentários, em seis estudos foram realizados o tratamento clareador em dentes não vitais [5-12]. O tratamento clareador é indicado para dentes sem vitalidade e com pouco tempo escurecido. Segundo Berger (1981), casos que apresentem mudanças de coloração por um longo período, não apresenta um prognóstico favorável, devendo evitar a realização desse tratamento.

No estudo de Macedo, Puig e Duarte (2007a) o paciente havia sofrido o trauma há alguns meses, ocorrendo a perda da vitalidade e sendo necessário o tratamento endodôntico. Caso a mudança de cor continue por meses ou anos após o traumatismo, possivelmente a hemorragia evoluiu para uma necrose pulpar [16]. Segundo Issáo e Pinto (1999), devemos realizar a anamnese, verificando se o paciente apresenta dor, qual a duração e o que provoca essa dor. Deve-se realizar ainda uma inspeção física, em relação ao exame

(5)

bucal, é importante observar preferencialmente a mucosa, verificando a presença ou não de tumefação ou fístulas, dor espontânea, dores a palpação, podendo ser sugestão de infecção periapical, ou diagnosticado com pulpite irreversível ou necrose pulpar, sendo indicado o tratamento endodôntico [6].

No entanto, realizou-se o tratamento clareador em um elemento dentário vital [14]. Quando há a alteração da cor, separada de outros sinais[19] como fístula, reabsorção interna ou externa, inflamação periodontal não compatível com a gengivite ou periodontite, mobilidade não proveniente de trauma ou período de rizolise, são sugestivos como o diagnóstico de patologias pulpares [15], não é indicado o tratamento endodôntico.

Técnica

Em dois estudos foi realizada a técnica de clareamento interno [8-10]. Segundo Zorzo (2004), o clareamento interno tem como indicação, elementos dentários que apresentem uma leve destruição. Caso apresente pouca estrutura, há um risco de fraturar ao realizar o tratamento intracoronário. Segundo Baratieri et al (2004), não é indicado tratamento intracoronal em dentes sem vitalidade, caso exista um bloqueio da câmara pulpar pela restauração adesiva. Esse tipo de tratamento apresenta dois tipos de risco: diminuição da resistência mecânica do elemento dentário, aumentando a possibilidades de fraturas e chances de reabsorção radicular cervical externa (ZORZO, 2004).

Em seis estudos o tratamento clareador foi realizado em dentes desvitalizados [2,4,15,19]. É possível realizar três tipos de técnicas para o clareamento de dentes sem vitalidade: mediata (walking bleaching), associada (combinação da mediata com a imediata) e imediata (termocatalítica) [40].

No estudo de Macedo, Puig e Duarte (2007b), foi realizada a técnica de clareamento imediata (termocatalítica), onde foi utilizada uma associação de perborato de sódio e peróxido de hidrogênio, formando uma pasta que em seguida foi inserida na câmara pulpar e sobre ela, um pequeno algodão umedecido com peróxido de hidrogênio, que foi aquecido com um instrumental. Arikan, Sari e Sonmez (2009) em seu estudo, realizaram uma associação de perborato de sódio e água destilada, essa pasta foi colocada em uma bolinha de algodão e inserida na câmara pulpar, sendo realizado em seguida selamento com ionômero de vidro. Após sete dias, foi obtido um resultado satisfatório, sendo removido o selamento provisório e o material inserido na

câmara pulpar. Segundo Zorzo (2004), na técnica mediata (walking bleaching), o agente clareador é inserido na câmara pulpar do dente sem vitalidade, sendo preciso trocar semanalmente até que o resultado seja obtido ou até que seja alcançado o ponto de saturação.

Em nenhum dos estudos foi realizada a técnica mista. Entretanto, segundo Zorzo (2004), essa técnica consiste em uma associação da mediata e imediata. Na primeira sessão, são realizados procedimentos da técnica imediata, usando-se um clareador interno, como o perborato de sódio. Aproximadamente de três a sete dias depois a segunda sessão é marcada. Nesta, realiza-se outra vez a técnica imediata e aplica-se novamente o agente clareador como curativo de demora, caso não tenha obtido o resultado desejado. Em cinco estudos [19,22,26,29] a técnica realizada foi o clareamento externo em consultório.

Segundo Albuquerque et al (2002), nessa técnica utiliza-se o peróxido de hidrogênio e peróxido de carbamida nas concentrações de 35%. Tal técnica tem como característica, o uso de uma proteção gengival, sendo o isolamento absoluto o mais eficaz, pelo uso de substâncias cáusticas aos tecidos. Essa técnica apresenta vantagens como: não necessitar do uso de moldeiras diariamente; o agente clareador atua apenas no dente, além disso, apresenta uma menor quantidade de efeitos colaterais por não ter contato com os tecidos moles e não ser deglutido pelo paciente. Entretanto, apresenta risco de sensibilidade após o procedimento, devido ao uso de substâncias mais concentradas, além de ser necessário as vezes a ativação por calor, causando maior sensibilidade quando comparada a técnica caseira; tem ainda, um maior custo ao paciente, devido ao maior número de consultas com o profissional; sendo essas, algumas de suas desvantagens [4].

A técnica de clareamento externo em consultório, é indicada para pacientes que não apresentem sensibilidade dentária, elementos com canais tratados e pacientes que tenham o objetivo de ter um resultado mais rápido [15]. Além da técnica de clareamento externa em consultório, três estudos [6,9,15,19] aderiram a técnica clareadora com Peróxido de hidrogênio ativado com laser. As reações de clareamento são intensificadas com temperaturas mais elevada [40]. Segundo Falleiros e Aun (1990), a reação que decompõe o peróxido de hidrogênio, para liberar oxigênio, torna-se mais acelerada com a temperatura elevada, aumentando a potência desse agente clareador.

(6)

Material utilizado

Os agentes clareadores são a base de peróxido de hidrogênio nas concentrações de 1,5% a 10% ou ainda a base de peróxido de carbamida (sendo uma associação de peróxido de hidrogênio e uréia). A uréia além de funcionar como anticariogênico, atua também aumentando o PH do peróxido. Além de ser empregado na técnica de clareamento caseiro nas concentrações de 10% a 22%, são aplicados na técnica de clareamento caseira, podendo ainda ser utilizado no consultório na concentração de 35% [4].

O material utilizado em cinco estudos foi o Peróxido de hidrogênio a 35% [7,9,12]. Segundo Albuquerque e Vasconcellos (2002), o peroxido de hidrogênio é o componente fundamental dos agentes clareadores, sendo o principal responsável pelo clareamento. Pode ser aplicado por meio da utilização de calor, luz ou laser, sendo usado em consultório principalmente na concentração de 35%.

Este agente clareador é o mais usado no consultório, devido aos sistemas clareadores de tal substância, elevarem a quantidade de oxigênio nascente, quando estimulados por luz e/ou calor, sendo mais seguros e oferecendo conforto ao paciente, além de serem mais rápidos [16]. Segundo Bonifácio et al., (2008) o peróxido de hidrogênio atua por meio de suas propriedades oxidantes, uma vez que se decompõe através dos efeitos do calor, da luz e ativadores químicos. Além disso, sua concentração de 35% tem um alto poder em penetrar no esmalte e na dentina [15], o que é explicado pelo seu baixo peso molecular e pela sua capacidade de desnaturar proteínas [9].

O material utilizado em um estudo foi a associação do perborato de sódio e peróxido de hidrogênio [22].

Nessa técnica é produzida uma pasta composta por perborato de sódio e peróxido de hidrogênio, a qual é colocada na cavidade pulpar [35]. O elemento dentário em seguida é selado e o agente clareador é retido na cavidade pulpar durante sete dias. Deve ser repetido o processo até que se obtenha a cor desejada. Atualmente, é vista como a técnica que traz um risco menor de causar reabsorção externa [32].

Um estudo utilizou o Perborato de sódio com água destilada [7]. Segundo Lambrianidis, Kapalas e Mazinis (2002), o perborato de sódio quando associado à água destilada, demonstrou resultados parecidos aos encontrados quando se utiliza a associação perborato de sódio e peróxido de hidrogênio, diferindo por ser

necessário um maior número de sessões clínicas. No entanto, a associação (perborato de sódio + água destilada), tem como vantagem a ausência de relato de reabsorção radicular pós-clareamento interno [2].

O Processo de clareamento dentário, envolve oxidação. Por serem fortes agentes oxidantes, ocorre uma reação dos peróxidos com macromoléculas que ocasionam os pigmentos, sendo convertidas em dióxido de carbono e água. A redução ou eliminação desses pigmentos por difusão, acaba produzindo moléculas de peso menor, menos complexas e absorvendo menos luz.

Com isso, o elemento dentário é visto mais claro [12].

Resultado final

Em quatro estudos [12,16,19,22] após duas aplicações e em dois estudos [14,26] após três aplicações, obteve-se um resultado satisfatório. Têm-se mencionado resultados satisfatórios quanto a aplicação de 1 a 2 sessões clínicas durante o clareamento [25]. Há uma variação da quantidade de aplicações dos agentes clareadores, relacionado as orientações dos fabricantes e a resposta do paciente [38].

Em todos os estudos obteve-se um resultado satisfatório após o clareamento no elemento traumatizado [12-19], resultante de um correto diagnóstico, tratamento e material utilizado, onde os procedimentos revelaram-se seguros e viáveis na rotina odontopediátrica.

4. Conclusões

Dentro dos limites desta revisão de literatura, observou-se que nos últimos dez anos foram utilizadas técnicas e materiais que se mostraram eficientes no tratamento de dentes decíduos com mudança de coloração decorrentes de traumatismos dentários. O agente clareador peróxido de hidrogênio continua sendo o mais utilizado necessitando de um tempo de trabalho menor, já que sua concentração de 35% apresenta um elevado poder para penetrar no esmalte e na dentina, contribuindo para uma eficácia mais acelerada do agente clareador. Assim, os procedimentos foram viáveis e conservadores sem risco de danos ao elemento dentário e a criança, apresentando um resultado satisfatório. Pelo exposto, o ultrassom pode ser considerado de grande valia como um meio facilitador da prática clínica do cirurgião dentista no que tange aos aspectos da endodontia. Porém, há uma carência de estudos clínicos

(7)

randomizados que demonstrem evidência de melhora dos índices de sucesso alcançados devido ao emprego do mesmo.

REFERÊNCIAS

[1] Abbott, P. V. Aesthetic considerations in endodontics:

internal bleaching. Practical periodontics and aesthetic dentistry, v.9, n. 7, p. 833-840, 1997.

[2] Albuquerque, R. C. et al. Effects of a 10% carbamide peroxide bleaching agent on rat oral epithelium prolifera- tion. Brazilian Dental Journal, v. 13, p. 162-165, 2002.

[3] Amorim, L. F.; Costa, L. R. Estrela, C. Retrospective study of traumatic dental injuries in primary teeth in a Brazilian specialized pediatric practice. Dental trauma- tology, v.27, n.5, p. 368-373, 2011.

[4] Andrade A. K. M. et al. Clareamento de dentes não-vitais.

2013.

[5] Andreasen, J. O. et al. Traumatic dental injuries: a manu- al. 2003. 2. ed. Oxfordshire: Oxford, 2003.

[6] Arikan, V. Sari, S. Sonmez, H. Bleaching a de vital pri- mary tooth using sodium perborate with walking bleach technique: a case report. Oral Surgery, oral Medicine, oral pathology, oral radiology, and endodontology, v. 107, n. 5, p. 80-84, 2009.

[7] Assunção, L. R. S.; Cunha, R. F.; Ferelle, A. Análise dos traumatismos e suas sequelas na dentição decidua: uma revisão de literature. Pesquisa brasileira em odontopedi- atria e clínica integrada, v.7, n.2, p.173-179, 2007.

[8] Baratieri, L. N. et al. Clareamento dental. São Paulo:

Santos, 1993. p. 176.

[9] Baratieri, L. N. et al. Non vital tooth bleaching: guide- lines of the clinician. Quintessence International, v. 26, n.

9, p.597-608, 1995.

[10] Berger, C. R. Clareamento de dentes despolpados com alteração de cor. Odontólogo moderno, v.8, n. 8, p. 12-21, 1981.

[11] Bonifácio, C. C. et al. Clareamento em dente decíduo vitalizado: caso clínico. Revista gaúcha de odontologia, v.

56, n.1, p. 97-101, 2008.

[12] Bussadori, S. K. et al. Bleaching non vital primary teeth:

case report. Journal of clinical pediatric dentistry, v.30, n.

3, p. 179-182, 2006.

[13] Camp, J. Pediatric endodontics: Endodontie treatment fot the primary and young permanent dentition. Pathways of the pulp, 2002.

[14] Campos, S. F. F. et al. A avaliação de técnicas de es- curecimento de dentes decíduos por meio de fotorre- flectância. Brazilian dental science, v.8, n. 4, p. 49-55, 2005.

[15] Cunha, C. M. Efeito do peróxido de hidrogênio a 35% na resistência a união de diferentes sistemas adesivos ao esmalte dental em diferentes períodos de tempo após o clareamento. 107 f. Dissertação (Mestrado) - Univer-

sidade de odontologia, Universidade federal da Bahia, Salvador, 2004.

[16] Cahl J. E.; Pallesen, U. Tooth bleaching – a critical re- view of the biological aspects. Critical reviews in oral biology & medicine: sage journals, v. 14, n.4, p. 292-304, 2003.

[17] Deus, Q. D. Endodontia. Clareamento de dentes com alteração de cor, v.4, n. 20, p. 481-499, 1986.

[18] Falleiros, H. B. Aun, C. E. Clareamento dental:

clareamento de dentes despolpados. Revista da associ- ação paulista de cirurgiões dentistas, v. 44, n. 4, p.

217-220, 1990.

[19] Fausto, H. V. C.; Almeida, E. S.; Aras, W. M. F.

Clareamento dental: com ou sem fotoativação?. Revista de odontologia da Universidade de São Paulo, v. 26, n. 2, p. 150-154, 2014.

[20] Filho, M. X. et al. Blanqueamiento de un diente temporal traumatizado: a propósito de un caso. Odontología pediátrica, v. 20, n. 2, p. 146-151, 2012.

[21] Filho, M. X. P. et al. Estética em dentes decíduos trauma- tizados - clareamento e restauração. Full science, v. 26, n.

7, p. 123-126, 2016.

[22] Filho, P. M. O. et al. Association between dental trauma and alcohol use among adolescents. Dental traumatology, v. 29, n. 5, p. 372-377, 2013.

[23] Francci, C. et al. Clareamento dental – técnicas e con- ceitos atuais. Revista da associacão paulista de cirurgiões dentistas, v. 64, n.1, p. 78-89, 2010.

[24] Ganesh, R. Aruna, Joyson, M. Comparison of the bleaching efficacy of three different agents used for in- tracoronal bleaching of discolored primary teeth: an in vitro study. Journal of indian society of pedodontics and preventive dentistry, v. 31, n. 1, p. 17-21, 2013.

[25] Issáo, M. Pinto, A.C. G. Manual de odontopediatria. 9.

Ed. São Paulo: Pancast, 1994. P. 313.

[26] Jetro, V. et al. Traumatismo dentoalveolar: nível de conhecimento e conduta de urgência dos bombeiros do município de Caicó – RN. Revista de cirurgia e trauma- tologia buco-maxilo-facial, v. 13, n. 2, p. 101-108, 2013.

[27] Lambrianidis, T. Kapalas, A. Mazinis, M. Effect of cal- cium hydroxide during intracoronal bleaching. Interna- tional endodontic journal, v. 35, p. 985-990, 2002.

[28] Losso, E. M. et al. Traumatismo dentoalveolar na dentição decidua. Revista sul-brasileira de odontologia, v.

8, n. 1, p. 1-20, 2011.

[29] Macedo, A. F.; Puig, A. V. C.; Duarte, D. A. Clareamento dental em dentes decíduos. Revista da faculdade de odontologia, v.12, n. 2, p. 74-78, 2007.

[30] Meon, R. Study of traumatized permanent anterior teeth in a school population. Singapore dental journal, v.11, n.1, p.19-21, 1986.

[31] Netto, P. C. P. Clareamento de dentes desvitalizados:

relato de caso clínico. 2013. 31 f. TCC (Graduação).

Universidade estadual de Londrina, Londrina, 2013.

[32] Oikarinen, K.; Kassila, O. Causes and types of traumatic tooth injuries treated in a public dental health clinic. En-

(8)

dodontics e dental traumatology, v. 3, n. 4, p.172-177, 1987.

[33] Pasquali, E. L.; Bertazzo, C. A.; Anziliero, L. Estudo dos efeitos do clareamento dental sobre o esmalte: uma re- visão das evidências para a indicação clínica. Perspectiva, v.38, n.141, p. 99-108, 2014.

[34] Porto R. B. et al. Prevalence of dento-alveolar trauma- tisms in the urgency pediatric dental clinic of FO. Revista da faculdade de odontologia de Porto Alegre, v. 44, n.1, p.

52-6, 2003.

[35] Soares, F. F. et al. Clareamento em dentes vitais: uma revisão literária. Revista saúde, v. 1, n. 4, p. 72-84, 2008.

[36] Sossai, S.; Verdinelli, E. C.; Bassegio, W. Clareamento dental. Revista saúde e pesquisa, v. 4, n.3, p.425-436, 2011.

[37] Vasconcellos, R. J. H. et al. Trauma na dentição decidua:

enfoque atual. Revista de Cirurgia e Traumatologia Bu- co-Maxilo-Facial, v.3, n.2, p. 17-24, 2003.

[38] Viegas, C. M. et al. Influence of traumatic dental injury on quality of life o Brazilian preschool children and their families. Dental traumatology, v. 30, n. 5, p. 338-347, 2014.

[39] Zanin, F. et al. Clareamento de dentes vitais com a uti- lização de luz. Revista da associação paulista de ci- rurgiões dentistas, v. 64, n. 5, p. 338-345, 2010.

[40] Zorzo, M. I. Clareamento em dentes não vitais. 2004. 48 f. TCC (Especialização). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.

Referências

Documentos relacionados

Sendo assim, as definições de empreendedorismo defendidas por autores da corrente econômica envolvem a conceituação de prática de empreender com o ato de criação de uma

Essa questão se confirma quando analisamos os deslocamentos pendulares a partir dos municípios de destino, pois entre 2000 e 2010 passa de 41 para 181 o número de municípios fora

Mallen e Adams (2008) consideram que os eventos desportivos também se podem distinguir através da sua classificação como tradicionais ou de nicho. Segundo este

a) alertar para e demonstrar a importância da qualidade gené- tica dos propágulos utilizados, sensibilizando e apoiando as associações florestais ;.. b)

Os resquícios destas formas de pensamento ainda são enfrentadas de maneira ancestral por sujeitos negros e afrodescendentes em todas as partes do Globo, caracterizadas pela presença

Já em relação ao Fator 1 da Leiter-R (composto por Analogias, Sequências e Dobra de Papel), foram observadas correlações significativas e de baixa magnitude com os subtestes

permanentes, mas não são recomendados para dentes decíduos, em função de respostas não confiáveis. A pulpotomia em dentes decíduos está indicada quando a remoção de

Pesquisas são constante- mente desenvolvidas em busca de um sistema adesivo universal para esmalte e dentina, não só com o intuito de aumentar a retenção, mas também de