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Relação da Avaliação Funcional com Indicadores Antropométricos de Obesidade em Adolescentes de Teresina, PI

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Academic year: 2022

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Artigo Original

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1 Programa de Pós-graduação (Mestrado) em Educação Física - Universidade Católica de Brasília - Brasília, DF - Brasil

2 Departamento de Educação Física - Universidade Federal do Piauí - Teresina, PI - Brasil

3 Departamento de Educação Física - Universidade Católica de Brasília - Brasília, DF - Brasil Correspondência: Vânia Silva Macedo Orsano

E-mail: vania.orsano@hotmail.com

Campus Universitário Ministro Petrônio Portela - Departamento de Educação Física - Setor Esportivo - Bairro Ininga - 64049-550 - Teresina, PI - Brasil

Relação da Avaliação Funcional com Indicadores Antropométricos de Obesidade em Adolescentes de Teresina, PI

Relationship between Function Evaluation and Anthropometric Indicators of Obesity in Adolescents, Teresina, Piauí State

Vânia Silva Macedo Orsano1,2, Ramires Alsamir Tibana1, Jonato Prestes3

Resumo

Fundamentos: A baixa aptidão aeróbia em crianças e adolescentes está associada a maiores depósitos de gordura corporal e maior risco de doença cardiovascular na idade adulta. O aumento da aptidão aeróbia pode ser um meio para reduzir os riscos das comorbidades relacionadas à obesidade.

Objetivo: Analisar a influência da aptidão aeróbia sobre indicadores de obesidade em adolescentes, na cidade de Teresina (PI).

Métodos: Participaram do estudo 141 meninos (12,5±0,5 anos) que foram avaliados quanto a: massa corporal, índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura (CC), razão cintura-estatura (RCE) e as dobras cutâneas tricipital (DCT) e panturrilha (DCP). A aptidão aeróbia foi avaliada pelo teste de 1600 metros.

Resultados: Os adolescentes foram estratificados em três tercis. A aptidão aeróbia foi maior no tercil 1 comparado ao 2 e 3. Os voluntários do tercil 1 e 2 apresentaram menor massa corporal, IMC, CC, RCE, somatório da DCT e DCP, e percentual de gordura corporal comparado ao 3º tercil. Foram observadas correlações entre aptidão aeróbia e o IMC, CC, RCE e somatório da DCT e DCP.

Conclusão: Adolescentes com baixa aptidão aeróbia apresentam maior adiposidade corporal.

Palavras-chave: Aptidão física; Exercício; Adiposidade;

Obesidade abdominal; Pregas cutâneas

Abstract

Background: Poor aerobic fitness among children and adolescents is associated with larger body fat deposits and higher risks of cardiovascular disease as adults.

Increased aerobic fitness may be a way of lowering the risks of comorbidities related to obesity.

Objective: To analyze the influence of aerobic fitness on obesity indicators in among adolescents in Teresina, Piauí State.

Methods: This study encompassed 141 boys (12.5±0.5 years) who were evaluated by: body mass, body mass index (BMI), waist circumference (WC), waist-to- height ratio (WHR), and triceps (TSF) and calf (CSF) skin folds. Aerobic fitness was evaluated by the 1600 meters test.

Results: The adolescents were divided into three tertiles, with aerobic fitness rated higher in tertile 1 compared with tertiles 2 and 3. Volunteers from tertiles 1 and 2 presented lower body mass, BMI, WC, WHR, sum of TSF and CSF, and body fat percentages than those in tertile 3. Correlations were noted between aerobic fitness and the BMI, WC and WHR, and the sum of TSF and CSF.

Conclusion: Adolescents with poor aerobic fitness have higher body adiposity.

Keywords: Physical fitness; Exercise; Adiposity; Obesity, abdominal; Skinfold thickness

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Introdução

A prevalência de obesidade infantil vem aumentando consideravelmente nas últimas décadas em todo o mundo, sendo caracterizada uma verdadeira epidemia1. Diversos estudos apontam para o crescimento da prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes no Brasil2 e no mundo3, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, doenças coronarianas, dislipidemia, acidente vascular encefálico, osteoartrite do joelho e alguns tipos de câncer4. Nesse contexto, medidas preventivas devem ser tomadas para prevenir gastos com as comorbidades associadas e morte precoce, visto que crianças e adolescentes obesos enfrentam riscos maiores de serem adultos obesos5.

A aptidão física relacionada à saúde (AFRS) constitui aspecto importante do comportamento humano, estando diretamente relacionada ao estilo de vida e à redução dos riscos de desenvolvimento de várias doenças, de tal modo que a aptidão física é um importante marcador de saúde já na juventude6,7. Uma elevada aptidão física na infância e na adolescência está associada à diminuição de futuros riscos relacionados com o desenvolvimento de obesidade e doença cardiovascular, bem como à melhora na saúde musculoesquelética8.

Um dos componentes da AFRS é a aptidão aeróbia que está relacionada à prevenção de síndrome metabólica em adolescentes9. Adicionalmente, baixos níveis de aptidão aeróbia na infância e na adolescência relacionam-se com maiores riscos de doença cardiovascular na idade adulta10. Estudos11-13 têm demonstrado que crianças e adolescentes com baixa aptidão aeróbia apresentam maior adiposidade corporal quando comparado a adolescentes com maior aptidão aeróbia. Nesse sentido, a melhora da aptidão aeróbia pode ser um meio para reduzir os riscos de comorbidades relacionados à obesidade9. No entanto, ainda não há consenso sobre a relação aptidão aeróbia e obesidade em adolescentes brasileiros, principalmente da região Nordeste do Brasil. Portanto, o objetivo deste estudo foi analisar a influência da aptidão aeróbia sobre os indicadores de obesidade de adolescentes do ensino fundamental da cidade de Teresina (PI). A hipótese inicial era de que os adolescentes com menor aptidão aeróbia apresentariam piores escores nos indicadores de obesidade.

Metodologia

Estudo transversal, realizado no período de fevereiro a junho 2011. Para a realização do presente estudo foram selecionadas quatro escolas de diferentes regiões e classes socioeconômicas, escolhidas em cada dependência administrativa (particular, pública municipal ou pública estadual) da cidade de Teresina (PI) que atendiam aos critérios estabelecidos para o desenvolvimento dos testes a serem aplicados.

A população foi constituída por alunos matriculados nas escolas das redes públicas e privada, do sexo masculino, com idades entre 12 anos e 14 anos, totalizando 141 adolescentes. Houve adesão prévia e autorização dos pais, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para que eles participassem da pesquisa. Os critérios de inclusão foram: idade entre 12 anos e 14 anos; assinatura do Termo de Consentimento pelos pais e realização de todos os testes físicos e antropométricos. Os critérios de exclusão foram: presença de doenças cardiorrespiratórias e limitações físicas que comprometessem a saúde e o desempenho durante os testes. O trabalho foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Brasília sob o no 270/2010.

Foram avaliados: massa corporal, estatura, circunferência da cintura, bem como dobras cutâneas tricipital e panturrilha. A massa corporal foi aferida em balança antropométrica tipo plataforma (Britânia®, Brasil). A estatura foi determinada com a utilização de uma fita métrica fixada na parede a 1m do solo, considerando como valor final a média aritmética de três medidas consecutivas, estando os escolares sem sapatos e com roupas leves. Posteriormente, foi calculado o índice de massa corporal (IMC) a partir dos valores da massa corporal e estatura por meio da fórmula: IMC=massa corporal(kg)/estatura2(m). Com os indivíduos em pé e após expiração completa, a mensuração da circunferência da cintura foi realizada no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca por meio de uma fita milimétrica inextensiva e inelástica (Sanny®, Brasil). A razão cintura/estatura (RCE) foi medida pelo quociente da circunferência da cintura pela estatura em centímetros.

As dobras cutâneas tricipital (DCT) e panturrilha (DCP) foram mensuradas três vezes com adipômetro (CESCORF®, Brasil), no lado direito, considerando como resultado final a média aritmética das medidas (DCT obtida no ponto médio do comprimento do braço direito entre o acrômio e o olecrano; e DCP obtida no ponto da circunferência máxima, na porção

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medial da perna e com o joelho e quadril flexionados a 90°). O percentual de gordura foi estimado pela equação e pelos valores de referência propostos por Slaughter et al.14.

A aptidão aeróbia foi determinada pelo teste de 1600 metros que consiste em correr/caminhar no menor tempo possível a distância de 1600m. O teste foi realizado em espaço físico plano sem obstáculos ou, quando possível, em pista de atletismo ou quadra poliesportiva. Os indivíduos completaram uma única tentativa, sendo identificados por meio de um número para o registro do resultado e distribuídos em grupos para melhor aplicação do teste.

Posteriormente, registrou-se o tempo em minutos e segundos.

Os testes de Smirnov-Kolmogorov e Levene foram utilizados para verificar a normalidade e homogeneidade dos dados, respectivamente. Com base no valor da aptidão aeróbia, a amostra foi estratificada em tercis para efeito da comparação da massa corporal, IMC, circunferência da cintura, razão cintura/estatura, somatório de dobras cutâneas e percentual de gordura corporal por meio da ANOVA one-way, seguida do teste de Bonferroni, quando apropriado.

Foram realizadas correlações da aptidão aeróbia com a massa corporal, IMC, circunferência da cintura, razão cintura/estatura, somatório das dobras cutâneas tricipital e panturrilha, bem como com o % de gordura corporal por meio da correlação de Spearman (todos os dados agrupados foram não paramétricos) e regressão linear. O nível de significância para todas as variáveis estudadas foi p≤0,05. Os dados foram analisados por meio do programa SPSS v.19 (Chicago, IL, EUA).

Resultados

A Figura 1 apresenta os valores de aptidão aeróbia de acordo com os tercis. A aptidão aeróbia foi maior no tercil 1 comparado aos 2 e 3, bem como foi maior no tercil 2 comparado ao 3. A Tabela 1 apresenta as características antropométricas e composição corporal dos participantes, distribuídos nos três tercis. Não houve diferença na idade e na estatura entre os voluntários alocados nos três tercis. Contudo, os indivíduos do 1º e 2º tercis com menores tempos no teste de 1600m apresentaram menor massa corporal, IMC, circunferência da cintura, razão cintura-estatura, somatório das dobras cutâneas tricipital e panturrilha e percentual de gordura quando comparado com o 3º tercil (p<0,001; Tabela 1).

As correlações entre as variáveis do experimento estão sintetizadas na Tabela 2. Foram observadas correlações positivas da aptidão aeróbia com IMC, circunferência da cintura, razão cintura/estatura e somatório das dobras cutâneas tricipital e panturrilha (p<0,05).

Entretanto, para a massa corporal não foram encontradas correlações significativas.

Tabela 2

Coeficientes de correlação de Spearman entre a aptidão aeróbia e os índices de adiposidade corporal

Variáveis r p

Massa corporal (kg) 0,17 0,01

IMC (kg/m2) 0,25 <0,01

Circunferência da cintura (cm) 0,17 0,05

RCE 0,36 0,01

∑ DC (mm) 0,29 <0,01

Percentual de gordura 0,44 0,01 IMC=índice de massa corporal; RCE=razão cintura/estatura;

DC=somatório das dobras cutâneas tricipital e panturrilha Tabela 1

Características da população estratificada em tercis de acordo com o tempo do teste de 1600m Aptidão Cardiorrespiratória

Variáveis 1º Tercil 2º Tercil 3º Tercil

(n=48) (n=48) (n=46)

Idade (anos) 12,7 ±0,5 12,6 ±0,5 12,3 ±1,8

Massa corporal (kg) 47,4 ±8,6* 45,1 ±9,4* 51,9 ±13,9

Estatura (cm) 1,6±0,09 1,55 ±0,08 1,54 ±0,24

IMC (kg/m2) 18,8 ±2,4* 18,6 ±2,8* 20,7 ±5,1

CC(cm) 68,3 ±5,1* 67,5 ±7,6* 71,0 ±14,3

RCE 0,43 ±0,03* 0,44 ±0,0* 0,46 ±0,07

∑ DC (mm) 21,2 ±9,7* 22,8 ±10,9* 30,0 ±14,3

% de Gordura 15,1 ±5,1* 17,3 ±6,6* 24,3 ±10,1

1600m (minutos) 9,5 ±0,6* 11,2 ±0,6* 13,5 ±2,3*

p<0,05 vs 3º tercil; p<0,05 vs 2º tercil; IMC=índice de massa corporal; RCE=razão cintura/estatura; CC=circunferência da cintura;

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A regressão linear realizada entre a aptidão aeróbia e as variáveis antropométricas está apresentada na Figura 1. Observando-se os valores do coeficiente de determinação (R2) pode-se inferir que apesar de

Discussão

O objetivo do presente estudo foi comparar e relacionar os índices de adiposidade corporal em adolescentes com diferentes escores de aptidão aeróbia. Confirmando a hipótese inicial, adolescentes com menor tempo para o teste de 1600m apresentam menores valores de adiposidade corporal quando comparados aos adolescentes com maior tempo para o teste de 1600m, ou seja, menor aptidão aeróbia. Observou-se também correlação da aptidão aeróbia com os índices de adiposidade corporal (IMC, circunferência da cintura, razão cintura-estatura, somatório das dobras cutâneas tricipital e panturrilha e % de gordura corporal).

Figura 1

Regressão linear simples entre a aptidão aeróbia (minutos) e as variáveis antropométricas da circunferência da cintura, massa corporal, índice de massa corporal, percentual de gordura e ∑ das dobras cutâneas do tríceps e panturrilha.

significativos (p<0,05), os fatores antropométricos não apresentaram uma forte correlação em relação à aptidão aeróbia.

Diversos estudos apontam para o crescimento da prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes no Brasil2 e no mundo3. Nesse sentido, modificações no estilo de vida, especialmente referentes à atividade física podem auxiliar na prevenção e no tratamento da obesidade. Esse conceito é fundamentado por estudos epidemiológicos prospectivos que demonstram que a baixa aptidão aeróbia está associada a todas as causas de mortalidade, doenças cardiovasculares e a incidência de síndrome metabólica em adultos15. Já em crianças e adolescentes, uma boa aptidão aeróbia pode contribuir para a redução de fatores de risco cardiovascular16,17, bem como auxiliar no controle dos depósitos de gordura corporal11-13.

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No presente estudo, o IMC e a circunferência da cintura (CC) dos adolescentes foram significativamente menores naqueles que realizaram o teste de 1600m em menor tempo (1º e 2º tercis) quando comparados aos que realizaram o teste em maior tempo (3º tercil).

Portanto, fica evidente que a aptidão aeróbia influencia os valores de IMC e CC. Outros estudos também observaram que crianças com baixa aptidão aeróbia apresentavam maior IMC e maior circunferência da cintura9,18.

No estudo de DuBose et al.9 foram avaliadas 499 crianças entre 7 anos e 10 anos que participaram de um programa de intervenção com Educação Física, durante três anos. A inclusão da circunferência da cintura aumentou a correlação entre IMC e síndrome metabólica, porém a correlação entre aptidão aeróbia e síndrome metabólica foi similar com e sem a circunferência da cintura, demonstrando que a aptidão aeróbia atenua a influência da circunferência da cintura sobre o perfil de síndrome metabólica. A síndrome metabólica implica maior morbidade e mortalidade cardiovascular, embora não esteja estabelecido se os fatores de risco isolados induzem a maiores riscos para doença cardiovascular19. É importante destacar que nesse estudo foi utilizado teste em cicloergômetro para avaliar a aptidão aeróbia, diferente do presente estudo, no qual foi utilizado um teste de corrida (1600m). Apesar de Hermansen e Saltin20 comentarem que geralmente em testes com cicloergômetro os valores de VO2max são menores que nos testes de corrida, os dois estudos apresentaram resultados semelhantes.

A circunferência da cintura é importante indicador de adiposidade corporal, estando associada a vários fatores de risco para doenças cardiovasculares21 e perfil lipídico desfavorável22. Portanto torna-se importante estudar a correlação da circunferência da cintura com a aptidão aeróbia em crianças e adolescentes. Da mesma forma, o IMC e o percentual de gordura também apresentam relação com a aptidão aeróbia em adolescentes. Para Marques-Vidal et al.23, combinar IMC e percentual de gordura pode ser uma estratégia para melhorar a triagem de crianças e adolescentes com baixa aptidão aeróbia, ou seja, crianças obesas (IMC) e com elevado percentual de gordura devem ser orientadas como um grupo de risco mais elevado para o desenvolvimento de problemas de saúde.

O percentual de gordura dos adolescentes estudados foi menor nos grupos do 1º e 2º tercis (maior aptidão aeróbia) comparado ao grupo do 3º tercil. Marques- Vidal et al.23 avaliaram 4689 crianças e adolescentes (14,6 anos) de 25 escolas de Lisboa e observaram que o percentual de gordura foi inversamente relacionado

supracitado foram avaliados adolescentes de alto nível socioeconômico, enquanto no presente estudo foram também incluídos adolescentes de nível socioeconômico baixo. Os métodos também diferiram, visto que para aptidão aeróbia foi utilizado o teste de 20m suttle run;

já o percentual de gordura foi determinado por impedância bioelétrica de membros superiores.

Novamente, apesar das diferenças metodológicas, os resultados foram similares aos do presente estudo.

Klasson-Heggeb et al.24 avaliaram a aptidão aeróbia por meio de teste ergométrico em crianças e adolescentes europeus entre 9 anos (1066 meninas e 1042 meninos) e 15 anos (1038 meninas e 926 meninos).

Os autores demonstraram forte associação entre o aumento da aptidão aeróbia e a diminuição do somatório das dobras cutâneas, conforme também relatado neste estudo.

De acordo com os resultados do presente estudo e dos estudos analisados em relação aos indicadores de adiposidade corporal, maiores escores de aptidão aeróbia contribuem de alguma maneira para o controle dos estoques de gordura corporal em adolescentes do sexo masculino, mesmo que os métodos para avaliar aptidão aeróbia tenham sido diferentes, assim com o nível socioeconômico da população pesquisada.

Marques-Vidal et al.23 demonstraram que quanto mais elevado o IMC e o percentual de gordura, menor a aptidão aeróbia.

Outro indicador antropométrico de adiposidade corporal relacionado a fatores de risco cardiovascular25,26, porém pouco utilizado em crianças e adolescentes como discriminador de riscos à saúde27,28 é a razão cintura/estatura (RCE). No presente estudo a RCE também apresentou associação com a aptidão aeróbia.

Guimarães et al.27 pesquisaram 90 crianças e adolescentes de uma escola pública da cidade de Ponta Grossa (PR). Os autores encontraram uma relação entre a RCE com a glicemia e o HDL-c. Dumith et al.29 reportaram que, depois da circunferência da cintura, a RCE foi o indicador de maior associação com o percentual de gordura estimado por dobras cutâneas em homens.

Uma possível explicação para a influência da aptidão aeróbia sobre os indicadores de adiposidade corporal reside no fato de a atividade física constituir um importante fator de prevenção contra o acúmulo de adiposidade corporal em crianças e adolescentes29. Entretanto, no presente estudo, os mecanismos responsáveis por esta correlação não foram investigados.

Ainda assim, as correlações do presente estudo

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(menor tempo percorrido) está associado a menores valores dos indicadores de adiposidade corporal.

Jovens que durante a infância aumentam a aptidão aeróbia por meio da prática da atividade física apresentam menos adiposidade global e adiposidade abdominal30. Por conseguinte, a aptidão aeróbia é importante fator a ser considerado para a saúde global de crianças e adolescentes24, para o controle da adiposidade total e abdominal11, fatores de risco cardiovascular e síndrome metabólica16,31.

Outros estudos na região nordeste, Alagoas32 e Bahia33,34, demonstraram que crianças e adolescentes apresentam índices inferiores para uma boa aptidão física relacionada à saúde, inclusive aptidão aeróbia e composição corporal, mas esses estudos não relacionaram essas variáveis entre si. Após uma análise crítica desses estudos, fica clara a necessidade de estudos que investiguem a associação da aptidão aeróbia com diferentes variáveis antropométricas em crianças e adolescentes de diferentes regiões, bem como de diferentes classes socioeconômicas.

Adicionalmente, os testes utilizados para determinar a aptidão aeróbia e as variáveis antropométricas associadas apresentam grande divergência entre os estudos.

As interpretações deste estudo devem considerar algumas limitações metodológicas como o delineamento transversal, apesar de este tipo ser frequentemente utilizado para colher informações de grandes amostras em período curto de tempo. Assim, apenas oferece evidências sugestivas sobre a relação estudada. Além disso, a falta de informação sobre os hábitos alimentares e o nível de atividade física habitual dos sujeitos investigados e a utilização de um teste de campo para avaliar a aptidão aeróbia, já que este depende do estímulo individual para a realização adequada do teste e a falta de motivação nesse momento poderia comprometer os resultados. Vale ressaltar que os adolescentes foram estimulados e orientados em relação à importância e à realização do teste.

Conclusão

Em conclusão, adolescentes da região nordeste do Brasil, especificamente da cidade de Teresina (PI), com baixa aptidão aeróbia apresentam maiores valores de adiposidade corporal. Portanto, a aptidão aeróbia deve ser considerada componente importante para um programa de atividade física, cujo objetivo é a prevenção e o tratamento do excesso de gordura corporal. A avaliação e a identificação de grupos de risco por meio de testes simples e de baixo custo, como os do presente estudo, permitem a avaliação de

grandes populações e podem auxiliar no estabelecimento de estratégias públicas de saúde, especialmente nos locais com maior prevalência.

Potencial Conflito de Interesses

Declaro não haver conflito de interesses pertinentes Fontes de Financiamento

O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

Vinculação Acadêmica

Este artigo representa parte da dissertação de Mestrado de Vânia Silva Macedo Orsano pela Universidade Católica de Brasília – UCB.

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